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Estudo dirigido de processo civil 3

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1) Como se classificam as tutelas provisórias no CPC 2015 ?
Um processo judicial, no Brasil, demora em torno de dois anos para transitar em julgado[1] e, por conseguinte, começar a produzir seus efeitos definitivos.
Se a tutela jurisdicional definitiva é morosa, a tutela provisória ganha cada vez mais destaque nos tratados e artigos de Processo Civil, especialmente com as modificações trazidas com o advento da Lei nº 13.105/2015 (Código de Processo Civil de 2015 – CPC/2015).
Nesse sentido, tutela provisória visa a abrandar os efeitos perniciosos do tempo do processo (DIDIER, 2015, p. 567) e possui duas espécies: i) a tutela provisória de urgência; e ii) a tutela provisória de evidência (art. 294, caput, do CPC/2015). Comecemos pela primeira.
A tutela provisória de urgência é necessária quando a demora da prestação jurisdicional pode causar, de alguma forma, um dano a uma das partes ou ao próprio objeto da demanda. Exemplo clássico é a demanda cujo objeto é a obrigação de fazer uma cirurgia cardíaca em um paciente que enfartou. É evidente que o paciente não pode aguardar até a decisão final do processo, com todos os seus recursos e incidentes, sob a pena não mais precisar da cirurgia, por ter falecido. Tal espécie é dividida, ainda, em duas subespécies: i) a tutela provisória de urgência antecipada e ii) a tutela provisória de urgência cautelar (art. 294, p. u., do CPC/2015).
A tutela provisória de urgência antecipada busca, como o próprio nome diz, antecipar, provisoriamente, os efeitos do deferimento do pedido, que ainda não ocorreu. Por outro lado, a tutela provisória de urgência cautelar busca tomar medidas para assegurar os efeitos da decisão final na demanda. Supondo que o objeto da demanda seja um suculento bife de contrafilé, o possível pedido de uma tutela provisória de urgência antecipada seria que uma parte comesse um pedaço do bife, pois a mesma estaria na eminência de morrer de fome. Já a tutela cautelar poderia ser provocada para determinar o congelamento do bife, a fim de assegurar sua integridade até o fim da ação. Enquanto a primeira busca antecipar o efeito do pedido (a propriedade do bife) a segunda busca assegurar os efeitos da demanda (pois o processo perderia o objeto se o bife estragasse).
Ambas as subespécies possuem os requisitos da verossimilhança do direito alegado (fumus boni iuris) e do perigo causado pela demora na prestação jurisdicional (periculum in mora) (art. 300 do CPC/2015). Além disso, as duas podem ser pedidas em caráter incidente ou antecedente (art. 294, p. u., do CPC/2015).
O pedido incidente ocorre junto da inicial da demanda, em pedido próprio e indicando o cumprimento dos requisitos acima referidos, junto às demais razões de fato e direito que ordinariamente compõem uma peça vestibular. Já o pedido antecedente é ideal para as situações em que mesmo a confecção da inicial e a juntada da documentação comprobatória colocam em risco o interesse da parte. Nesse caso, faz-se o pedido de tutela de urgência na peça inicial que se limitará a introduzir, brevemente, a lide e seu fundamento e se limitará ao pedido da tutela provisória de urgência, tendo que ser aditada, no prazo de 15 (antecipada) ou 30 (cautelar) dias, para complementação de fundamentos, documentação e pedidos (art. 303, § 1º, I, e art. 308, caput, do CPC/2015).
Por fim, temos a tutela provisória de evidência. Tal instituto se diferencia do primeiro em razão de seus requisitos. A tutela provisória de evidência independe de periculum in mora, mas só pode ser concedida quando (art. 311, I a IV, do CPC/2015): i) ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; ii) as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; iii) se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; ou iv) a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Como visto em todas as situações elencadas, a tutela provisória de evidência, como o nome diz, entra em ação quando o direto alegado pela parte é tão cristalino que o sistema jurídico se sente à vontade de antecipar os efeitos do resultado que, provavelmente, ocorrerá.
À vista do exposto, é importante consignar a maneira mais adequada de nomear um pedido de tutela provisória, vejamos: Pedido de tutela provisória de (urgência ou evidência) (em caso de urgência, antecipada ou cautelar) (em caso de antecipada ou cautelar, antecedente ou incidente). Ex: Pedido de tutela provisória de urgência cautelar antecedente.
Tutela provisória
Tutela provisória é o mecanismo processual pelo qual o magistrado antecipa a uma das partes um provimento judicial de mérito ou acautelatório antes da prolação da decisão final, seja em virtude da urgência ou da plausibilidade do direito. No artigo 294 do CPC/2015, a tutela provisória encontra-se prevista como gênero que contempla as seguintes espécies: (i) tutelas de urgência; (ii) tutelas de evidência.
Tutela provisória de urgência
A tutela provisória de urgência é o instrumento processual que possibilita à parte pleitear a antecipação do pedido de mérito com fundamento na urgência. Essa espécie de tutela provisória se subdivide em duas subespécies: (i.1) tutela provisória de urgência antecipada; (i.2) tutela provisória de urgência cautelar, sendo que ambas podem ser requeridas de forma antecedente ou incidente.
Embora a versão promulgada do CPC/2015 não faça referência à distinção conceitual entre as subespécies das tutelas de urgência (antecipatórias e cautelares), Cássio Scarpinella Bueno[1] esclarece que a versão do anteprojeto do Senado trazia a questão de forma elucidativa no artigo 269, mais precisamente nos parágrafos 1º e 2º. Segundo o autor, cuja conclusão nos parece correta, as tutelas antecipadas têm por objeto assegurar e antecipar à parte autora o próprio direito material, enquanto as tutelas cautelares conferem à parte a possibilidade de obter, mediante provimento de urgência, ferramentas para assegurá-lo.
Nesse ponto, o CPC/2015 perdeu a oportunidade de encerrar, de uma vez por todas, a longa discussão acerca do que seria satisfazer (“antecipada”) e o que seria assegurar (“cautelar”), tendo em vista que o mais importante sempre foi o fato de que as tutelas, sejam elas antecipadas ou cautelares, possuem a urgência como o elemento principal para assegurar a pretensão da parte litigante. De todo modo, o próprio CPC/2015 reconhece que a distinção entre as tutelas é mais nominal do que prática e, por esta razão, estabeleceu a fungibilidade entre as medidas no parágrafo único do artigo 305.
Tutela provisória de urgência antecipada
É interessante notar que, com as alterações trazidas pelo CPC/2015, caso o risco seja contemporâneo à propositura da ação, a parte poderá preparar a inicial de forma simplificada, indicando como fundamento a tutela provisória de urgência antecipada em caráter antecedente (artigo 303, caput, CPC/2015). Nessa hipótese, concedida a tutela, caso a parte autora tenha optado pela petição simplificada, deverá aditá-la com a complementação dos fatos e fundamentos e a juntada de novos documentos, além de ratificar o pedido principal dentro do prazo mínimo de 15 dias (artigo 303, parágrafo 1º, inciso I, CPC/2015), sob pena de extinção da ação sem a apreciação do mérito. Caso a tutela seja indeferida, a parte autora será intimada para emendar a inicial, mas no prazo máximo de cinco dias (artigo 303, parágrafo 6º, CPC/2015).
Outro ponto de relevante destaque é a possibilidade de os efeitos da tutela de urgência antecipada se tornarem estáveis. Segundo o artigo 304 do CPC/2015, a tutela de urgência antecipada — seja ela em caráter antecedente ou incidente — deixará de ser provisória e se tornará estável caso não seja interpostoo respectivo recurso pela parte contrária, extinguindo-se o processo sem resolução do mérito e sem a formação da coisa julgada material (artigo 304, parágrafos 1º e 6º, do CPC/2015). A estabilidade da decisão poderá ser revista dentro de dois anos, mediante o ajuizamento de ação própria em que seja proferida decisão de mérito reformando ou anulando a tutela concedida anteriormente (artigo 304, parágrafo 2º ao 6º, do CPC/2015).
É interessante notar que essa estabilidade poderá gerar grande controvérsia doutrinária e jurisprudencial sobre os efeitos que a decisão concessiva da tutela terá quando houver a preclusão do direito da parte contrária de impugná-la. Isso porque, decorrido o prazo sem impugnação, as partes terão de conviver com uma decisão que, a despeito de não transitar em julgado (artigo 304, parágrafo 1º e 6º, do CPC/2015), não será suscetível de reforma por ato judicial.
Tutela de urgência cautelar
Trata-se do mecanismo que permite à parte obter um provimento acautelatório que preserve o direito material almejado. Em outras palavras, as tutelas de urgência cautelares têm caráter instrumental. Elas não recaem sobre o mérito em si, mas sobre os instrumentos que asseguram a efetividade do mérito e do processo. É o caso, por exemplo, do provimento jurisdicional que confere à parte o direito de acesso a provas documentais necessárias à discussão de mérito que estejam em poder de terceiros.
A tutela de urgência cautelar também poderá ser conferida em caráter antecedente ou incidente. Caso seja deferida na modalidade antecedente, a parte autora também poderá lançar mão da petição simplificada (artigo 305, do CPC/2015), mas deverá aditá-la dentro de 30 dias, de modo a indicar o pedido principal (artigo 308, do CPC/2015).
Tutela de evidência
Prevista no artigo 311 do CPC/2015, a tutela de evidência pode ser requerida independentemente da comprovação do perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, levando em consideração a evidência do direito. Nessa modalidade de tutela, o CPC/2015 privilegia a boa-fé processual e os casos em que a plausibilidade do direito é patente. São quatro hipóteses: (i) abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; (ii) alegações de fato passíveis de comprovação apenas documentalmente e se houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos (incluindo o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas) ou em súmula vinculante; (iii) pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob pena de multa; (iv) petição inicial instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Apenas as hipóteses (ii) e (iii) podem ser requeridas liminarmente (artigo 311, parágrafo único, CPC/2015). Nos demais casos, a concessão da tutela fica restrita a momento posterior à oitiva da parte contrária.
[1] BUENO. Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado / Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva. 2015.
2) Quais os requisitos para deferimento de liminares de tutelas cautelares, tutela antecipada e tutela de evidencia?
Liminar – Uma decisão judicial qualquer – não importa se provisória ou definitiva, ou se cautelar ou satisfativa – será uma decisão liminar quando proferida no limiar, no início da instalação de um determinado quadro processual. Observem: não necessariamente no início do processo, mas no início de uma determinada fase ou mesmo de um certo momento processual.
O vocábulo liminar, pois, está atrelado ao momento em que a decisão é proferida. Nesta linha, até uma sentença pode ser proferida liminarmente, se o caso for, por exemplo, de indeferimento da petição inicial (CPC, art. 295), de improcedência prima facie do pedido (CPC, art. 285-A) ou de rejeição liminar dos embargos opostos a uma execução fundada em título extrajudicial (CPC, art. 739). Do mesmo modo, o relator pode, liminarmente, converter o agravo por instrumento em agravo retido (CPC, art. 527, II, e seu parágrafo único).
Comumente, na vida forense, há uma tendência, equivocada, para confundir tutela provisória com tutela liminar, como se fossem a mesma coisa. Não são.
Basta lembrar que, como já vimos, há possibilidade de a tutela definitiva ser concedida liminarmente (ex.: por sentença, é indeferida liminarmente a petição inicial em razão da pronúncia de prescrição ou de decadência – CPC, arts. 269, I, e 295, IV).
Ao lado disso, a tutela provisória pode ser concedida por meio de uma decisão proferida liminarmente ou não. É só imaginar que há situações em que o juiz resolve ouvir primeiro a parte contrária para somente depois decidir a respeito do pleito de concessão de uma tutela provisória. A decisão que ele proferir depois de apresentada a defesa será uma decisão por meio da qual ele concederá uma tutela provisória, mas não será uma decisão liminar. Porém, se o juiz conceder a tutela provisória sem sequer ouvir a parte contrária, estaremos diante de uma tutela provisória concedida liminarmente.
Por sua vez, as tutelas da evidência não têm uma classificação formalizada em (sub) espécies. Porém, também é possível perceber que a sua concessão (disposta nos quatro incisos do artigo 311 do NCPC), ocorre segundo dois critérios básicos: (1) quando o direito (material) da parte que pleiteia a tutela é evidente, daí o nome e (2) quando uma das partes está manifestamente protelando o processo ou abusando do exercício do direito de defesa, caso em que a tutela da evidência está vinculada não necessariamente à evidência do direito material pleiteado, mas à evidência de que é preciso pôr um fim ao processo.
A Medida Liminar é um instituto jurídico que deriva do Poder Geral de Cautela do Judiciário e tem como finalidade principal a garantia de que o provimento jurisdicional derradeiro, seja ele qual for, estará garantido e será plenamente exequível a seu tempo.
Vicente Greco Filho ensina que "o poder geral de cautela atua como poder integrativo de eficácia global da atividade jurisdicional. Se esta tem por finalidade declarar o direito de quem tem razão e satisfazer esse direito, deve ser dotada de instrumentos para a garantia do direito enquanto não definitivamente julgado e satisfeito" (Direito Processual Civil Brasileiro, 3º Volume, Editora Saraiva, 14ª edição, 2000, p.154).
A medida liminar é, portanto, um provimento judicial de caráter meramente acautelador do direito agravado no instante do ajuizamento da respectiva ação, ou ameaçado com esse agravo, tomada sempre com o inafastável e exclusivo intuito de garantir a inteireza da sentença.
Desta feita, tem se que os requisitos para concessão da referida medida, embora certamente rígidos, tem em conta que esta visa, tão somente, a garantia de eficácia do provimento jurisdicional.
Instituto semelhante ao da Medida Liminar é o da TUTELA ANTECIPADA, que embora seja abordado por parte da doutrina como se Medida Liminar fosse, possui requisitos absolutamente mais rígidos por força da sua natureza ANTECIPATÓRIA DO PROVIMENTO JURISDICIONAL, explicamos:
Com a mudança do artigo 273 do CPC, concedeu-se, nas hipóteses por ele apontadas, a possibilidade de adiantamento total ou parcial do objeto da lide. Assim, com o novo expediente, o Juiz, sem sequer completar a instrução e o debate da causa, antecipa a decisão de mérito antes do momento processualmente reservado para tanto.
Desta feita, dada a importância de decisão desta natureza, o Legislador tratou de fixar requisitos mais sólidos para que tal provimento possa ser concedido, sendo pressupostos da Antecipação de Tutela a Prova Inequívoca, a Verossimilhança das Alegações e a Possibilidade de Reversibilidade da Medida, requisitos estes que passaremos a analisar:
Entende-se por prova inequívoca – na literalidade do dispositivo em comento –, aquela que é substancial, robusta, hábil a convencer o Juiz sobre as alegações do requerente, trazendo ao conhecimento do magistrado substratopara o seu suficiente convencimento acerca do direito material e processual posto em litígio.
Ordenamento Jurídico admite como sendo Prova Inequívoca, aquela que carrega os autos não só com a certeza material, mas também processual da legalidade da Tutela vindicada.
A prova apresentada para a antecipação da tutela deve possuir clareza e precisão tal, que autorize, desde logo, a acolhida do pedido pelo julgador, ou seja, deve conter em si todos os elementos que possibilitem a solução imediata da lide, o que obviamente não elide a possibilidade de, no decorrer do processo, a parte contrária oferecer contraprova que altere o entendimento do magistrado sobre o mérito da demanda, julgando, ao final, improcedente a ação.
Já a Verossimilhança é a aparência de realidade. O magistrado deve ser capaz, por meio da análise das provas apresentadas, de convencer-se de que os fatos ocorreram tal como narrados e comprovados, fazendo um juízo prévio da demanda.
Assim, tem-se que a fim de preencher tal requisito definido pela lei, para a concessão da tutela antecipatória deve o magistrado estar amplamente convencido do direito do demandante, posto que o fundamento da concessão de tal tutela é o adiantamento do provável, e não do duvidoso.
Por fim, há de se ter em conta a possibilidade de reversão da medida, posto que, como já ressaltado neste artigo, a Tutela Antecipada verdadeiramente adianta o provimento jurisdicional com base numa forte, porém não absoluta, certeza do direito.
Todas estas minúcias, embora sutis o bastante para parecerem caprichos dos operadores do direito, tornam a Medida Cautelar e a Tutela Antecipada institutos absolutamente distintos e cujo uso deve ser melhor observado tanto por advogados quanto por Juízes.
- Urgência: As tutelas preventivas/cautelares e satisfativas/antecipadas têm uma coisa em comum, seu gênero é a urgência. São tutelas de urgência, dentro dela tem as preventivas e satisfativas. As preventivas são as cautelares e as satisfativas são liminares. O que muda é a fundamentação. 
Que urgência é capaz de dar uma tutela satisfativa? Quem tem um direito e entra na justiça, tem que esperar todas as fases para ter seu direito, mas se o autor tem muitas evidências de seu direito, o tempo do processo pode correr a seu favor, a ideia desse tipo de tutela é inverter o ônus do tempo do processo. Eu autor tenho deferimento do meu provável direito desde o início do processo, e o réu que tem que suportar todo o processo, para provar sua defesa. 
A antecipação de tutela e a liminar satisfativa são a mesma coisa: decisão dada antes do momento/interlocutória, ambas têm a mesma natureza satisfativa. Ambas essas decisões são uma situação de urgência, na tutela cautelar a urgência é preventiva, na tutela satisfativa e na liminar satisfativa a urgência é fundada na evidência do direito (se há uma demora aqui eu tenho um prejuízo, e há grande evidência que eu tenho realmente o direito, a ideia é a inversão do ônus do tempo do processo). 
Estou pedindo uma medida urgente, porque a unimed não autorizou uma cirurgia, quero que pague, o objeto da ação principal é a condenação do plano de saúde a pagar a cirurgia, a antecipação dos efeitos do provimento é o mesmo, é a mesma coisa da execução, então é liminar satisfativa. 
Liminar é uma decisão na abertura do processo. Hoje em todo e qualquer processo eu posso ter uma liminar satisfativa que é conhecimento + execução. 
- Antecipação de tutela ≠ antecipação do provimento
A antecipação é dos efeitos da tutela pretendida, antecipa os efeitos do provimento, mas é diferente da antecipação do provimento, porque isso é julgamento antecipado da lide, aqui você vai antecipar o que eu só teria direito na execução.
Antecipar a tutela não é antecipação do provimento, antecipar o provimento é o julgamento antecipado da lide, quando tem uma matéria unicamente de direito, ou quando todas as provas já foram produzidas, aí posso dispensar todas as fases e julgar antes. Antecipação de tutela é antecipar o efeito do provimento, eu tenho a prova robusta do direito e peço a inversão do ônus do meu direito. 
- Requisitos da antecipação total ou parcial no art.273: 
* Fumus bom iuris (evidência do direito): Para ter antecipação de tutela você tem que ter a evidência. A evidência é um instituto do direito americano referente a produção de prova, se você não tem evidências para a produção da prova, você nem entra com o processo. É uma comprovação prévia a respeito de uma determinada circunstância. A evidência foi colocada como uma espécie de tutela, mas na verdade é um fundamento da antecipação de tutela. Para ter uma antecipação de tutela eu tenho que ter provas que são a evidência do meu direito. 
* Periculum in mora:
Além do fumus e periculum, tem mais requisitos para conceder a antecipação
* O requerimento da parte: autor ou réu? No entendimento majoritário apenas o autor pode pedir a antecipação de tutela ou o réu só nos casos de reconvenção. 
* Prova inequívoca da verossimilhança das alegações: frase contraditória, porque se eu tenho prova inequívoca eu posso julgar antecipadamente, mas o entendimento é que há uma prova robusta, elementos suficientes para provar que a prova está resistindo injustificadamente.
O fundamento da antecipação de tutela é a prova inequívoca, leia-se robusta, porque inequívoca não cabe contestação. A verossimilhança é que pode ser aquilo.
 - Fundamentação da decisão: No art.273 fala que o juiz pode antecipar total ou parcialmente o efeito do provimento. O juiz não defere antecipação de tutela de ofício e tem que comprovar os requisitos da antecipação de tutela, isso impõe que demonstre os requisitos. O juiz tem que fundamentar a decisão que conceder ou não a antecipação de tutela.
Como, onde, quando e porque são coisas básicas para uma PI. Quando faz um requerimento de antecipação de tutela, você tem que abrir um capítulo na PI para provar todos aqueles requisitos. 
Você pode pedir uma tutela satisfativa e para isso você precise de uma tutela preventiva.
- Prejuízo da outra parte
No artigo fala que se houver risco de conversão da decisão, ela não pode ser concedida.
No processo cautela do antigo código, não há o prejuízo para ninguém, porque a proteção de pessoas provas e bens não gera ônus, as vezes beneficia ambas as partes, mas no caso da tutela satisfativa, uma das partes é prejudicada, se ela for errada, cabe posteriormente uma indenização.
Se você defere a liminar e descobre depois que o autor não tinha razão, isso é um grande problema. A liminar satisfativa não deveria ser deferida antes de ouvir a outra parte. Na liminar satisfativa o objetivo é que você confirme a decisão na sentença, se tem uma liminar contra você, você terá que criar fato e trazer prova para reverter, mas a probabilidade de perder é muito maior. 
Eu tive uma liminar contra mim, houve uma situação de fato que é modificativa, eu peço a revisão da liminar. Se o juiz indeferir eu agravo e vai para o tribunal analisar. Peço a reversão. 
- Efeito executivo imediato
O juiz tem mais poderes na decisão interlocutória de antecipação de tutela do que na sentença, porque tem efeito executivo imediato. Na sentença a parte recorre e suspende os efeitos da tutela, aqui o efeito continua sendo produzido. Esta decisão que antecipou os efeitos do provimento é consolidada na sentença.
O que vigora quanto a liminar é que ela vai vigorar no processo, se não houver nenhuma decisão contra ela durante o processo, ela vai perdurar até a sentença. Se houver algo contra ela, ela pode ser cassada. Pode pedir a suspensão dos efeitos enquanto eu agravo aquela decisão, para que pare de produzir efeitos que estão me prejudicando.
Se você pediu antecipação de tutela, e o juiz deferiu essa liminar satisfativa, provavelmente você vai ganhar a causa. Aqui há uma tendência de a decisão satisfativa virar uma sentença. 
Ele vai aplicar subsidiariamente a execução provisória. A antecipação de tutela está ligada a execução provisória, porque é isso que ela é.
3) Quais as hipóteses de tutela de evidencia? Emquais delas cabe liminar?
TUTELA DA EVIDÊNCIA
A evidência é um instituto vinculado à prova para inverter o ônus da prova do processo. A diferença é que ela não precisa do periculum in mora. O fundamento é só o fumus. Há as hipóteses do deferimento. O contrato de depósito era um procedimento especial. O objeto da ação é a restituição da coisa colocada em depósito. Eu tenho um contrato de depósito e requeiro a restituição da coisa colocada em depósito.
Aqui só cabe a liminar em duas hipóteses. Se tratando do contrato de depósito com prova documental escrita, ou se for matéria objeto de incidente de demandas repetitivas ou matéria de súmula vinculante.
Eles desmembraram os requisitos da antecipação de tutela aqui. É muito mais fácil entrar com a antecipação de tutela em tudo, porque é a única que regulamenta a liminar. 
As tutelas jurisdicionais provisórias, como o próprio nome diz, são tutelas jurisdicionais não definitivas, concedidas pelo Poder Judiciário em juízo de cognição sumária, que exigem, necessariamente, confirmação posterior, através de sentença, proferida mediante cognição exauriente.
As tutelas provisórias são o gênero, dos quais derivam duas espécies: (1) tutela provisória de urgência e (2) tutela provisória da evidência. Uma, exige urgência na concessão do Direito. A outra, evidência.
A tutela de urgência exige demonstração de probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (artigo 300). A tutela da evidência independe de tais requisitos, porque ela é uma tutela “não urgente” (artigo 311). Portanto, uma primeira forma de distingui-las é pensar sempre que uma delas, a de urgência, depende da premência do tempo; já a outra, a da evidência, não.
Começando pelas tutelas de urgência (que são espécie do gênero tutelas provisórias), é preciso dizer que elas ainda são divididas em mais duas (sub) espécies: (1) tutela provisória de urgência antecipada (ou satisfativa, como a doutrina vem denominando) e (2) tutela provisória de urgência cautelar.
Para facilitar, sugiro que façamos a seguinte distinção: as tutelas provisórias antecipadas, asseguram a efetividade do direito material; as cautelares, do direito processual.
Nas tutelas antecipadas, eu preciso demonstrar para o juiz que, além da urgência, o meu direito material estará em risco se eu não obtiver a concessão da medida. Já nas cautelares, eu preciso demonstrar, além da emergência, que a efetividade de um futuro processo estará em risco se eu não obtiver a medida de imediato.
Nas tutelas antecipadas, se eu obtiver a concessão da medida, eu não precisarei de mais nada, além de sua mera confirmação, porque, em si, a tutela antecipada já me satisfaz (e garante o meu direito material).
Um bom exemplo é o pedido de internação para a realização de cirurgia emergencial. Nesse caso, eu preciso que o meu cliente seja internado imediatamente. Uma vez obtida a tutela cautelar, o direito material estará satisfeito, pois o cliente, que já foi internado e operado, sairá do hospital sem desejar nada além do que já obteve — a não ser, a confirmação da tutela, que deverá ser transformada de provisória em definitiva, a fim de evitar que a seguradora de saúde cobre dele os custos da internação e da cirurgia.
Já na tutela cautelar, o risco está na efetividade do processo futuro. Um bom exemplo: sou credora de uma dívida e pretendo ajuizar ação de cobrança contra o devedor. Antes de procurar o advogado que cuidará da ação de cobrança, verifico que o devedor, inadimplente, está vendendo os únicos bens que possui e que garantiriam o pagamento da dívida que pretendo cobrar. Ora, antes mesmo de um juiz vir a reconhecer o meu direito de crédito, preciso tomar alguma medida que garanta a efetividade da sentença que será prolatada na ação de cobrança, porque de nada adiantará vencer a ação de cobrança e não receber nada, por ausência de bens que garantam o pagamento. Proponho, então, uma tutela provisória de urgência cautelar, a fim de tornar indisponível o patrimônio do devedor e, com isso, garantir o futuro pagamento da ação de cobrança que ainda será proposta. Neste caso, a indisponibilidade do patrimônio visa a garantir o processo judicial de cobrança que ainda será ajuizado.
Como se vê, as tutelas cautelares não garantem a si mesmas, estando sempre condicionadas a assegurar o resultado útil de outro processo.
No exemplo que apresentei, verificamos a relação de interdependência entre o pedido cautelar e o pedido principal. De um lado, a tutela cautelar, que torna indisponíveis os bens do devedor, não me vale de nada se for considerada isoladamente (ao contrário da internação e da cirurgia). Porém, de outro lado, tampouco me valerá uma sentença condenatória em ação de cobrança promovida contra um devedor que não tem patrimônio.
Ou seja, as tutelas provisórias antecipadas e cautelares se distinguem pela função que têm no mundo do direito, servindo a propósitos diferenciados: uma, ao direito material, que é satisfeito com a própria concessão da tutela provisória; e outra, ao direito processual.
Por sua vez, as tutelas da evidência não têm uma classificação formalizada em (sub) espécies. Porém, também é possível perceber que a sua concessão (disposta nos quatro incisos do artigo 311 do NCPC), ocorre segundo dois critérios básicos: (1) quando o direito (material) da parte que pleiteia a tutela é evidente, daí o nome e (2) quando uma das partes está manifestamente protelando o processo ou abusando do exercício do direito de defesa, caso em que a tutela da evidência está vinculada não necessariamente à evidência do direito material pleiteado, mas à evidência de que é preciso pôr um fim ao processo.
De algum modo, também aparece, nas tutelas da evidência, a serventia que se faz ora ao direito material, ora ao direito processual (tal como nas cautelares).
Pois bem. Nas tutelas da evidência, eu preciso demonstrar para o juiz que, independentemente da urgência, o meu direito é tão evidente, que o caminho do processo pode ser encurtado. Ou então preciso demonstrar que o meu ex adverso está protelando tanto o processo, que a sua maior punição será adiantá-lo, apressando os atos processuais que ele está tentando retardar. Afinal, a maior sanção para quem obstaculiza o caminho do processo é justamente pegar atalhos que levem mais rápido ao fim da estrada — isto é, à sentença.
Exemplos de tutela da evidência: o autor propõe uma ação para obter a restituição de uma taxa que, em sede de recurso repetitivo, foi reconhecida como devida. Por que o processo deve tramitar segundo os rigores de todos os procedimentos, se já se sabe, de antemão, que o direito material é devido? Antecipa-se a tutela, que é evidente, em razão da tese firmada em recurso repetitivo.
Em outro caso, o réu, litigante habitual do Judiciário, apresenta defesa-padrão fundamentada em jurisprudência ultrapassada e em leis declaradas inconstitucionais, além de não apresentar impugnação específica, contestando pedidos que sequer constam da petição inicial e requerendo a produção de diversas provas. Por que o juiz precisa observar todos os procedimentos processuais e marcar audiência de instrução e julgamento, se, obviamente, a intenção da defesa e dos pedidos de provas representam abuso do réu? Em caráter sancionatório e diante do evidente propósito protelatório, o juiz pode antecipar a tutela.
Por fim, quanto ao momento em que são requeridas, vale dizer que a tutela de urgência pode ser pleiteada em caráter antecedente ou incidente; e a da evidência, apenas incidentalmente. Ou seja, é possível pleitear a tutela de urgência em caráter preparatório ou no curso de um processo que já esteja em andamento.
No exemplo da internação para a realização de cirurgia, o advogado vai fazer a petição inicial com pressa e depois vai aditá-la, não para agregar novos pedidos, como fazemos hoje, mas para melhorar a sua argumentação, que foi elaborada em situação emergencial, e para juntar novos documentos, requerendo, ao final, a confirmação da medida.
No exemplo da cautelar para arresto de bensdo devedor, o advogado vai elaborar a sua inicial de tutela de urgência, informando ao juiz o seu caráter assecuratório e, em 30 dias, protocolizará o pedido principal (no caso, o de cobrança).
Caso a urgência ocorra no curso de algum processo, o advogado vai peticionar informando ao juízo a emergência surgida e pleiteando, em caráter incidente, a tutela cautelar.
Na tutela da evidência não existe medida em caráter antecedente, pois, pela sua própria natureza, a pretensão está relacionada com a antecipação da sentença de forma que, desde o início do processo, a pretensão já foi elaborada com fins à obtenção de uma sentença de mérito e sem urgência.
É simples assim.
E se me permitem dizer, muito parecido, em essência, com a lógica dos sistemas processuais anteriores, seja o dos processos cautelares típicos e atípicos, seja o da tutela antecipada do artigo 273 do CPC de 1973.
Espero não ter sido superficial, uma vez que, na tentativa de simplificar, sempre corremos o risco de reduzir demais a complexidade.
Logicamente, haveria muito mais para complicar na análise de tão importantes institutos. Mas, propositalmente, conforme adverti desde o início desse texto, decidi abdicar da tarefa de falar difícil e de ser complicada.
O professor José Roberto dos Santos Bedaque, em palestra ministrada no Rio de Janeiro sobre este tema, tutelas provisórias, fez críticas muito interessantes sobre a forma como os processualistas transitam no mundo. Lembro-me de que me diverti bastante, quando ele disse que os juristas ficam muito preocupados com a sofisticação do direito processual, a tal ponto de torná-lo ininteligível e que, a seu ver, “os processualistas vivem em função dos problemas criados por eles próprios e, talvez, um meio de tornar os processos mais simples e mais ágeis, fosse, em vez de elaborar um novo código, eliminar 70% dos processualistas”.
Nessa linha, termino dizendo que simplifiquei porque acredito que existam muito mais processualistas tentando complicar do que descomplicar. Então, a eles cedo este lugar, esperando, honestamente, que tenha sido possível compreender, ao menos, a intenção do legislador processual ao tratar das tutelas provisórias, que, a meu ver, serão muito úteis na vida real como instrumentos de efetivação de direitos.
Dentre as duas espécies de tutela provisória[i][ii] está a tutela de evidência, prevista essencialmente no art. 311, do CPC/15 que, assim como a tutela de urgência, tem como finalidade inverter os ônus da demora do processo, retirando-os daquele que demonstra evidência do direito alegado.
Se a parte apresentar ao juiz qualquer das hipóteses previstas nos incisos do art. 311, ele deverá conceder a inversão requerida, seja antecipando a tutela satisfativa, seja, conforme o caso, determinando uma medida cautelar[iii].
Dito isso, em se tratando de requisitos para a concessão da tutela de evidência e antes de entrar nas hipóteses específicas do art. 311, é importante ressaltar que a ela se aplicam os requisitos genéricos para a concessão da tutela provisória, exigindo, portanto, o requerimento da parte, que pode ser do autor ou do réu[iv]. Não se admite a concessão de tutela provisória de ofício e, ainda nos casos de medidas cautelares, a atuação oficiosa do magistrado foi restringida pela lei, que não apenas extirpou do ordenamento a autorização expressa[v], como afirmou no art. 299 que a tutela provisória será requerida.
Ainda no que diz respeito aos requisitos genéricos para concessão de tutela provisória, é necessário que a parte apresente probabilidade do direito alegado. O art. 311 fala apenas que a tutela de evidência será concedida independentemente da demonstração de perigo, quando presentes as situações previstas em seus incisos, o que não exclui a necessidade de existência de probabilidade do direito. Muito embora seja possível afirmar, em um primeiro momento, que se o direito é evidente, por consequência lógica, a probabilidade está presente em seu “grau máximo”, tal premissa não se aplica a todas as hipóteses de tutela de evidência. O art. 311, I, por exemplo, exige apenas o abuso do direito ou manifesto propósito protelatório da parte requerida, todavia, nesses casos, o juiz somente poderá conceder a tutela de evidência se existir probabilidade do direito da parte que a requer.
Ora, se a parte não apresenta o mínimo de viabilidade de deferimento de seu pedido de tutela final, não importa quão abusiva seja a conduta de seu adversário; o juiz não estará autorizado a conceder a tutela de evidência.
Pode-se dizer que o direito autorizador da concessão da tutela de evidência, conforme expresso no CPC/15, é aquele provável (a mesma probabilidade necessária à concessão da tutela de urgência) que, por sua vez, encontra reforço em um dos incisos do art. 311. É justamente tal reforço, em situações específicas trazidas pelo código, que transforma o direito provável em direito evidente, passível de tutela provisória. Por certo, os incisos II, III e IV do art. 311 trazem em si característica de evidência do direito que logicamente dispensaria a existência do requisito 'probabilidade', uma vez que intrínseco; todavia, não posso refutar de plano a possibilidade de surgimento de novas hipóteses autorizadoras da concessão da tutela de evidência, as quais, a exemplo do inciso I, podem exigir a demonstração de probabilidade do direito.
Passando aos requisitos específicos, temos no inciso I a reprodução da tutela de evidência prevista no CPC/73 para os casos de abuso do direito de defesa e manifesto propósito protelatório da parte.
A doutrina insistentemente costuma tratar a hipótese prevista no inciso I como tutela de evidência sancionadora. Ela seria uma punição para o indivíduo que abusa do direito de defesa [exercido pelo autor e pelo réu] e que age com manifesto propósito protelatório. Não posso concordar com tal afirmativa e fazer isso seria ter que admitir, por coerência, a possibilidade de o juiz deferir tutela de evidência de ofício, uma vez que é seu dever “reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça” [art. 139, III] e sancionar condutas abusivas e de má-fé. A tutela de evidência, no meu entendimento, foge às sanções previstas em lei para as hipóteses de abuso do direito [e manifesto propósito protelatório, que nele está incluído], essas, sim, que podem ser deferidas de ofício.
O abuso do direito acarreta o surgimento de uma presunção de evidência. O indivíduo que tem razão não abusa, não busca atrasar o processo. O sujeito que acredita ser o titular do direito em discussão quer e luta por um processo célere, apresenta argumentos reais, adequados e fundamenta de forma coerente sua defesa. Daí por que, ao agir de forma diferente, criando incidentes inúteis, apresentando uma defesa risível e não fundamentada, trazendo aos autos debates vazios de significado [etc.], a parte indica ao juiz que não possui o direito questionado, levando, como um reflexo de suas atitudes abusivas, à conclusão de evidência do direito da parte contrária.
Não se trata, portanto, de sanção, mas sim de interpretação dos atos processuais da parte que conduz ao reforço da probabilidade do direito e à concessão da tutela de evidência.
A segunda hipótese para concessão da tutela de evidência é a comprovação apenas documental do direito e a existência de tese firmada em julgamento de casos repetitivos (definidos pelo art. 928) ou em súmula vinculante. Isto é, se a parte conseguir fazer a prova de seu direito já na inicial (ou contestação), por meio de documentos, prova emprestada ou, até mesmo, da produção antecipada de prova, e tiver, em seu favor, precedente vinculante, o juiz poderá conceder a tutela de evidência. O direito da parte, no caso, já está garantido pelo precedente e, sendo desnecessária a produção de qualquer prova, o juiz não poderá se esquivar de conceder a antecipação de sua satisfação.
Em se tratando de tutela de evidência fundamentada em precedente, é natural que, para requerê-la, a parte apresente o respectivo cotejo, indicando em quais pontos seu caso se assemelhaao paradigma, e justificando sua adequação à matéria outrora decidida. Não basta indicar o enunciado da súmula vinculante, nem a ementa do julgado; é preciso, desde logo, que a parte apresente adequadamente os motivos pelos quais entende que seu direito está tutelado pelo precedente proferido em julgamento de recursos repetitivos ou que gerou súmula vinculante. Isso é necessário até mesmo para o exercício do contraditório.
O inciso II admite mais uma consideração. Entendo que ele deve ser interpretado de forma mais ampla, não ficando restrito às hipóteses de julgamento repetitivo ou de súmula vinculante. Pode-se fazer um paralelo com as hipóteses para improcedência liminar do pedido, previstas no art. 332, que não deixam de ser situações nas quais é reconhecida a evidência do direito do réu, antes mesmo de sua citação, de tal forma que possa ser concedida a tutela de evidência – para o autor ou para o réu - sempre que, dispensada a fase instrutória, o pedido estiver de acordo com (i) enunciado de súmula do STF, vinculante ou não, e do STJ; (ii) entendimento firmado em julgamento de recursos repetitivos; (iii) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; e (iv) enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
Ressalte-se que todas as demais hipóteses estão previstas no art. 927, que trata dos precedentes, o que corrobora a vinculação do magistrado, bem como a evidência do direito do requerente. E nem se pode cogitar da inaplicabilidade de súmula de tribunal sobre direito local pela falta de identidade[vi], pois se trata de requisito menos amplo que o próprio inciso V do art. 927[vii].
Assim, tem-se por necessário, considerando que não há qualquer motivo plausível para que o art. 311, II tenha excluído de seu rol a totalidade dos precedentes enumerados no art. 927, que estes sejam aplicados à tutela de evidência, com amparo também no art. 332 (direito evidente do réu concedido liminarmente). Não há o que se falar, na hipótese, em lesão ao contraditório, uma vez que, intimado da tutela de evidência concedida (quando deferida liminarmente), a parte atingida poderá requerer a sua revogação, seja ao próprio juiz, seja por meio de recurso, demonstrando a existência de distinção e o não cabimento do precedente ao caso.
O inciso III do art. 311 trata da extinta ação de depósito e dispensa maiores ponderações. Sempre que a parte tenha prova documental adequada do contrato, o juiz determinará a entrega do objeto custodiado. A inclusão desse inciso serve, inclusive, como resposta à Súmula Vinculante nº 25 que, ao declarar a ilicitude da prisão do depositário infiel, retirou da ação de depósito boa parte de sua efetividade.
O último inciso prevê que se a petição inicial foi instruída com prova documental suficiente, que o réu não consiga refutar em sua defesa, o juiz poderá conceder a tutela de evidência. Em uma análise preliminar, pode-se concluir que, pelo menos em regra, o inciso IV inclui a hipótese de tutela de evidência concedida na sentença. Isso porque exige que o autor produza prova documental e que seja oportunizada ao réu a possibilidade de produzir prova para gerar dúvida razoável, o que implica, por certo, no exaurimento da instrução.
Veja-se que a lei fala em possibilidade de o réu opor prova capaz de gerar dúvida, o que implica a necessidade de conceder à parte a oportunidade de provar – por todos os meios previstos em lei - suas alegações. Requerida a prova e deferida, deve o juiz aguardar sua produção para, apenas após, avaliar se é caso de deferir a tutela provisória de evidência.
A necessidade de já ter sido superada a fase instrutória, leva à conclusão que a tutela provisória de evidência prevista no inciso IV, do art. 311 será deferida na sentença, uma vez que é o ato logicamente subsequente à instrução. Verificando, portanto, que o réu não foi capaz de gerar dúvida razoável, apesar das provas apresentadas, o juiz concederá, na sentença, a tutela de evidência.
Obviamente poderão existir hipóteses nas quais, por motivos externos, o juiz não possa sentenciar imediatamente após o término da instrução; nesses casos admite-se, até mesmo para sanar os efeitos de um prolongamento inesperado da atividade jurisdicional, a concessão de tutela de evidência, na forma do inciso IV, antes da sentença.
Ressalte-se que, nos casos em que a discussão for exclusivamente de direito ou que o réu não apresentar prova suficiente, a defesa adequada de seus interesses (que pode – sim – admitir como incontroversos os fatos) exclui a possibilidade da concessão da tutela de evidência. O réu pode, por exemplo, admitir a existência do contrato e da obrigação de pagar, todavia, afirmar a perda da pretensão pela prescrição. O debate não desperta pela produção ou não de determinadas provas, a questão é eminentemente jurídica e não se pode cogitar da concessão da tutela de evidencia nesse caso.
O inciso IV coíbe a defesa não séria. O réu, no caso, produziu provas, insistiu na instrução e, ainda assim, não foi capaz de sequer gerar dúvida razoável. Versa sobre debates exclusivamente de fatos, fatos estes que, apesar da instrução e das provas apresentadas pelo réu, foram comprovados com facilidade[viii].
Ele não se aplica, portanto, às hipóteses em que haja efetivo debate sobre questões de direito, as quais, salvo se estiverem respaldadas por precedente vinculante, excluem a possibilidade de concessão da tutela provisória de evidência.
O inciso IV tem sido tratado mais como um método de supressão do efeito suspensivo da apelação, do que propriamente uma das hipóteses para concessão de tutela de evidência, pois permite ao juiz, mediante requerimento, dar eficácia imediata à sentença, escapando da regra prevista no art. 1.012. Justamente por isso faz-se necessária uma leitura cautelosa da hipótese que autoriza a concessão da tutela de evidência, impondo-se que o inciso IV apenas seja aplicado quando o debate existente no processo versar exclusivamente sobre matéria fática e que, oferecida ao réu a oportunidade de provar o que alega, ele não se desincumbir de seu ônus que, aqui, é apenas e tão somente o de gerar dúvida razoável (e não o de efetivamente provar suas alegações). Dar interpretação diversa ao inciso, ampliando irrestritamente sua aplicabilidade, poderá levar à banalização do seu uso, com a concessão indistinta nas sentenças de procedência do pedido, desvirtuando a finalidade do instituto.
O CPC prevê a tutela de evidência também no art. 1012, § 4º, admitindo que, demonstrada a probabilidade de provimento do recurso, seja atribuído efeito suspensivo à apelação que originariamente não tenha. A lei pecou ao exigir apenas a probabilidade, sem identificar o grau de sua incidência ou a forma de sua avaliação, especialmente se considerarmos que todo e qualquer recurso sério possui alguma chance de ser provido.
Considerando que entender a probabilidade prevista no § 4º como aquela genérica para concessão da tutela provisória implicaria em, necessariamente, esvaziar a tutela de urgência recursal, o que não parece ter sido a intenção do legislador; entendo que para atribuir efeito suspensivo ao recurso de apelação que não o tenha, é necessário que essa probabilidade se apresente em grau máximo, representando a evidência do direito do recorrente.
A tutela de evidência, como posta no CPC/15, foi – sem dúvida – um grande avanço na busca pela efetividade da tutela jurisdicional, reduzindo os efeitos do tempo e mostrando-se um meio real de garantir um processo mais célere, justo e cooperativo, servindo como um método de inibição das defesas abusivas, não sérias e contrárias a precedentes obrigatórios.
TÍTULO III 
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente ehouver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
4) O que é estabilização dos efeitos da tutela? Onde foi criado o instituto e o que pode ser feito contra uma decisão estabilizada? E em qual prazo?
Apenas a tutela antecipada antecedente é apta a estabilizar-se
Como visto nos dois textos anteriores desta série, se o réu não interpuser recurso contra a decisão que, em primeiro grau, concede a tutela antecipada antecedente, essa estabilizar-se-á. O processo, uma vez efetivada integralmente a medida, será extinto. Todavia, a providência urgente manterá sua eficácia por tempo indeterminado. Sua extinção dependerá de uma decisão de mérito, em uma nova ação, que a reveja, reforme ou invalide (art. 304, caput e §§ 1.º e 3.º).
Agravo de instrumento é o recurso interposto, em regra, contra decisões interlocutórias. Só caberáagravo de instrumento, "quando se tratar de decisão susceptível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida". 
Prazo 15 dias
Estabilização da tutela provisória e a discussão de matérias residuais no novo Código de Processo Civil: em 18 de março de 2016 entrou em vigor o novo Código de Processo Civil. Nele o legislador instituiu algumas alterações acerca das tutelas antecipadas em comparação ao Código de Processo Civil de 1973, então revogado, dentre elas a possibilidade de requerimento antecedente da tutela com relação à lide principal, bem como, a possibilidade de estabilização da decisão que concede essa tutela e o prazo de dois anos para rediscussão do seu objeto. Neste caminho, considerando as inovações trazidas pela nova legislação processual, é relevante discutir a respeito das regras estabelecidas pelo novo Código de Processo Civil a respeito das tutelas provisórias, analisando inclusive a existência ou não da possibilidade de rediscussão da matéria objeto da decisão estabilizada e também das matérias residuais concernentes ao mesmo fato. Quando se fala em tutela antecipada ou antecipação de tutela, mostra- -se esclarecedor o início da abordagem pelo aspecto histórico, ainda que breve, acerca do surgimento deste instituto, as razões e as inspirações do legislador que observou a necessidade ou a possibilidade de inclusão deste instituto em nosso ordenamento pátrio. Com a reforma ocorrida em 1994 no Código de Processo Civil, espelhando-se numa situação já bem delineada no Direito Europeu, teve como um dos pontos mais relevantes a introdução do texto dado ao artigo 273, do referido instituto da antecipação de tutela. Pela história, é conhecido que países como a França, a Suiça e a Alemanha, já praticam a antecipação de tutela há cerca de 40 anos, não havendo dúvidas de que a sua prática não é nova em muitos países, porém, foi instituído. no Brasil muito após, com a reforma processual citada, em um trabalho exercido pela Comissão de Reforma do Código de Processo Civil, presidida pelo Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira. Kazuo Watanabe, membro da comissão que promoveu a referida reforma na legislação processual, considerava que toda recente remodelação de nosso ordenamento jurídico formal parte de uma consciência do que realmente deve ser o acesso à Justiça, estabelecido como garantia fundamental pela Constituição Federal, evidenciado que a principal preocupação dos membros da comissão foi a de promover um processo apto a realizar seus objetivos e melhor servir a sociedade, buscando o ideal de uma tutela proporcione, o mais rápido possível, exatamente àquele direito que a parte tenha o direito de obter. No Direito Comparado, evidenciam-se origens da antecipação de tutela junto ao Direito Italiano, onde em 1942, introduziu-se o sistema de antecipação de tutela em seu Códice de Precedure Civille. Outras raízes também são observadas no Código de Processo Civil Alemão (ZPO), especificamente nos § 935 e 940. É evidente, todavia, que o Direito Europeu norteia a matéria da tutela antecipatória pelo conceito do poder geral de cautela, cabendo aqui uma breve diferenciação apontada pelo direito comparado, ao admitir que o perigo extravasado pela tutela cautelar (periculum in mora) poderia afetar tanto o processo pendente quanto o direito material subjetivo da parte, não apontando ser uma diversidade entre a tutela cautelar e antecipatória, apenas reunindo-as como espécie de um gênero de tutela jurisdicional (FALCÃO, 2000).A história mostra que, antes do advento do instituto da tutela antecipatória, o processo em seu curso normal somente admitia a execução em momento posterior à sentença definitiva, protegendo qualquer invasão ao patrimônio do devedor enquanto não houvesse uma sentença definitiva de mérito, que presume uma análise exaustiva da lide proposta. O devido processo legal, analisando sob a ótica do pleno acesso à justiça, passou a exigir a construção de uma sistemática ampla e bem estruturada acerca da antecipação de tutela, tarefa essa atendida precisamente pela Lei 8.952/94, que disciplinou especificamente o instituto da antecipação de tutela, introduzindo-o na legislação processual brasileira.
5) Como é o procedimento de concessão de liminar cautelar antecipada?
Tutela de Urgência CAUTELAR LIMINARMENTE (300 par.2º., NCPC)
· Preserva, assegura um direito
· Requerida antes da citação do réu, ou em audiência de justificação
· Recolhem-se custas
· Pode ser concedida liminarmente uma tutela de urgência cautelar antecedente, ou a incidental
· Requisitos: probabilidade do direito e risco ao resultado útil do processo (fumus boni iuris e periculum in mora). Toda tutela de urgência de natureza antecipada (satisfativa) deve comprovar a reversibilidade da medida (300, par.3º., 305, par. Único, NCPC).
· Juiz pode determinar caução (300, par.1º, NCPC)
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
Tutela de Urgência CAUTELAR ANTECEDENTE (305, NCPC)
· Preserva, assegura um direito
· Requerida antes de formulado o pedido principal
· Recolhem-se custas
· Requisitos: Lide, fundamento, exposição sumária do direito que se quer assegurar mais o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 305, NCPC. Por ser antecipada (satisfativa) deve ser comprovada a reversibilidade da medida (300, parágrafo 3º., e 305, par. Único, NCPC). Concedida a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 dias, sem necessidade de novas custas (308, NCPC).
· Cessam os seus efeitos se o autor não deduzir em 30 dias o pedido principal, ou se a medida não for efetivada em 30 dias, ou se o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o feito sem resolução de mérito, sendo vedado renovar o pedido em outra ação, salvo novo fundamento. (309 e 309 par. Único, NCPC).
· Indeferida, pode a parte formular o pedido principal, salvo se o indeferimento for o reconhecimento de prescrição, ou decadência (310, NCPC).
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito quese objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303 .
Uma decisão judicial qualquer – não importa se provisória ou definitiva, ou se cautelar ou satisfativa – será uma decisão liminar quando proferida no limiar, no início da instalação de um determinado quadro processual. Observe-se: não necessariamente no início do processo, mas no início de uma determinada etapa processual.
O uso do vocábulo liminar, pois, está atrelado ao momento em que a decisão é proferida.
Nesta linha, até uma sentença pode ser proferida liminarmente, se o caso for, por exemplo, de indeferimento da petição inicial – CPC, art. 295 –, de improcedência prima facie do pedido – CPC, art. 285-A – ou de rejeição liminar dos embargos opostos a uma execução fundada em título extrajudicial – CPC, art. 739. Do mesmo modo, o relator pode, liminarmente, converter o agravo por instrumento em agravo retido – CPC, art. 527, II, e seu parágrafo único.
Assentada a ideia a respeito do que seja um provimento judicial liminar, vamos à tutela antecipada.
Aquele que pretende obter uma tutela antecipada quer que, antes do momento em que será concedida a tutela definitiva, lhe seja dado acesso, total ou parcialmente, ao mesmo bem da vida que é objeto do pedido principal.
Assim, a tutela antecipada é uma espécie de tutela provisória que se caracteriza pela circunstância de o provimento judicial antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela definitiva. Por ser provisória, será ela, depois, substituída, no mesmo processo, pela tutela definitiva e, também por ser provisória, pode ela ter natureza satisfativa ou cautelar, a depender de a tutela definitiva, que está sendo antecipada, ser satisfativa ou ser cautelar.
A tutela antecipada pode ser concedida liminarmente ou não.
Efetivamente, há situações em que o juiz resolve primeiro ouvir a parte contrária para somente depois decidir a respeito do pleito de concessão de uma tutela antecipada. Se, depois que a parte contrária se manifestar, o juiz deferir o pleito, terá ele proferido uma decisão por meio da qual antecipou a tutela, mas não se tratará de uma decisão liminar. Porém, se o juiz conceder a tutela antecipada sem sequer ouvir a parte contrária, estaremos – aí, sim! – diante de uma tutela antecipada concedida liminarmente.
6) Como se aplica o principio da fungibilidade na atual sistemática do CPC/15?
a fungibilidade consiste na possibilidade do julgador aproveitar um recurso interposto de forma equivocada pelo recurso adequado, ou seja, a substituição de um recurso por outro para evitar a sua inadmissibilidade. Para tanto, faz-se necessário que três requisitos estejam presentes:
· dúvida objetiva quanto à natureza jurídica da decisão a ser recorrida (divergência doutrinária ou jurisprudencial)
· Inexistência de erro grosseiro por parte do advogado, o qual não poderá interpor recurso pelo meio diverso da forma que a lei explicitamente determina;
· Interposição do recurso equivocado dentro do prazo do recurso correto para que seja atendido o pressuposto recursal da tempestividade.
A aplicação desse princípio no CPC de 73 ocorria de forma implícita quando presentes tais requisitos. Uma das hipóteses para a sua incidência estava na dúvida objetiva quanto à natureza jurídica da decisão que concedia ou confirmava a tutela antecipada no corpo da sentença e, diante desse impasse doutrinário e jurisprudencial, poderia haver a aplicação do Princípio da Fungibilidade entre o recurso de apelação e o recurso de agravo de instrumento. Nesse ponto, o NOVO CPC veio exterminar esse embate proclamando em seu artigo 1.013, par.5º, que o capítulo da sentença que concede, confirma ou revoga a tutela provisória (de urgência ou de evidência) será impugnável por meio de apelação. Dessa forma, não cabe mais, nesse caso, a aplicação do princípio da fungibilidade.
Por outro lado, o Novo CPC inova ao prever expressamente três hipóteses de aplicação do referido princípio nas seguintes situações:
· a transformação dos embargos de declaração em agravo interno (art. 1024, parágrafo 3º);
· A transformação do Recurso Especial em Recurso Extraordinário (art. 1.032, CPC) quando o ministro relator do STJ entender que a matéria tratada no recurso interposto versa sobre questão constitucional;
· a transformação do Recurso Extraordinário em Recurso Especial (art. 1.033, CPC), quando o ministro relator do STF entender que houve ofensa reflexa à CF.
Não se pode deixar de registrar que nas duas primeiras hipóteses, o legislador, em harmonia com o princípio da primazia da decisão de mérito, determina que o julgador conceda prazo legal para que o recorrente faça a adequação da peça para atender à finalidade e às formalidades do recurso adequado. Desse modo, evita-se a inadmissibilidade do recurso por falta de preenchimento das formalidades legais do recurso cabível no caso concreto. Por fim, na terceira hipótese, existe a aplicação dos princípios da finalidade e do aproveitamento dos atos processuais, já que a peça do recurso extraordinário é aproveitada para ser convertido em recurso especial, sem precisar a abertura de prazo para fazer a adequação formal.
Inobstante haver essas previsões legais no Novo CPC, a aplicação implícita do princípio da fungibilidade ainda será possível desde que presentes seus requisitos, os quais já foram expostos anteriormente, tendo em vista que ele está voltado para a garantia da função social do processo e a efetividade processual.
Seguem quadros sucintos sobre as hipóteses expressas do princípio da fungibilidade na fase recursal dentro da nova sistemática processual civil.
 
7) Quais as espécies de consignação em pagamento vigentes no sistema jurídico brasileiro?
A atuação do Poder Judiciário, em regra, é provocada por uma lide existente entre demandante e demandado, através da qual há pretensão resistida do demandado em se submeter aos pedidos do demandante para satisfação de seu direito.
É comum, por exemplo, que o credor ajuíze uma ação de cobrança em razão do inadimplemento contratual por parte do devedor, que não paga o débito no tempo ajustado pelas partes.
No entanto, existem situações em que aquele que seria provavelmente demandado, como o devedor do exemplo acima, se antecipa para impedir que a mora o atinja e aciona o Poder Judiciário com o fim de demonstrar seu interesse em quitar o débito existente, o qual ainda não foi pago porque o credor não quis ou não pode receber no prazo previsto em contrato.
Nesta esteira, a ação de consignação em pagamento é o instrumento utilizado para impedir a mora e demonstrar o interesse de satisfação da obrigação por parte daquele que ajuíza a demanda, conforme será detalhado neste pequeno ensaio.
2. O pagamento em consignação
O pagamento é considerado forma de extinção da obrigação, no entanto, quando não é possível fazê-lo diretamente ao credor, o Código Civil autoriza que o ato se dê através de depósito bancário (esfera extrajudicial) ou depósito judicial (art. 334, CC).
Segundo conceituação de Maria Helena Diniz é
o meio indireto de o devedor, em caso de mora do credor, exonerar-se do liame obrigacional, consistente no depósito judicial (consignação judicial) ou em estabelecimento bancário (consignação extrajudicial), da coisa devida, nos casos e formas da lei[1].
Depreende-se que se trata de instituto de natureza híbrida tendo em vista que é regulado pelo direito material (pagamento extrajudicial) e pelo direito processual (pagamento através do ajuizamento de ação de consignação em pagamento).
O pagamento em consignação está relacionado à obrigação de dar, que pode ser objeto móvel ou imóvel, e é comumente utilizado para o oferecimento de dinheiro. Através do pagamento, o devedor fica liberado do vínculo que estabelece a obrigação entre as partes e do pagamento de eventuais juros moratórios ou cláusula penal, afastando-se as regras aplicáveis ao inadimplemento.
O art. 335 do CC trazrol de hipóteses em que a consignação é possível, in verbis:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Para Flávio Tartuce tal rol é exemplificativo não excluindo outras situações em que seja possível a utilização do pagamento em consignação[2]. No entanto, Maria Helena Diniz ressalva o seguinte: “é preciso deixar bem claro que só há admissibilidade de consignação em pagamento nos casos previstos em lei”[3].
Observa-se ainda que os primeiros quatro incisos estão relacionado à mora accipiendi,  que é a mora no recebimento acarretada por causa subjetiva (relacionada ao credor ) e apenas o inciso V está relacionada a causa objetiva, relativa ao objeto do pagamento.
2.1. Requisitos objetivos para o uso da consignação[4]
O débito existente precisa ser líquido e certo, com o quantum apurado, o que não é impeditivo de que, posteriormente, o devedor ao perceber erro de cálculo o retifique.
O pagamento também deve corresponder à totalidade da prestação devida, na forma do art. 314 do CC, incluindo juros vencidos, quando estipulados ou legalmente devidos.
Para consignar é necessário ainda que a dívida esteja vencida, mas para ter força de pagamento, o devedor não poderá estar em mora. A consignação também deve se dar no local convencionado para o pagamento (art. 337 do CC). 
2.2. Requisitos subjetivos para o uso da consignação
O pagamento deverá ser dirigido a favor de quem tem obrigação de receber (credor) e pode conferir quitação capaz de exonerar o devedor da obrigação.
Além disso, precisa ser promovido por pessoa capaz de pagar, seja o próprio devedor, representante legal do mesmo ou até terceiro interessado ou não na extinção do débito.
3. A ação de consignação em pagamento
O Código de Processo Civil regula o procedimento para o uso desta modalidade de pagamento, exceto quanto ao pagamento de alugueres e seus acessórios que se encontra regulado pela Lei 8.245/91, contendo prazos mais exíguos.
Deteremo-nos aos procedimentos indicados no CPC, que se encontra em capítulo próprio, entre os artigos 539 e 549. As regras contemplam as hipóteses de consignação judicial e extrajudicial, que serão pormenorizadas a seguir.
3.1. Consignação por depósito em estabelecimento bancário
O devedor, em caso de obrigação pecuniária, tem a faculdade de optar pelo depósito em conta bancária, em instituição financeira situada no lugar do pagamento, cientificando o credor por carta com aviso de recebimento, com prazo de dez dias para manifestar recusa.
O credor deverá informar a recusa por escrito ao estabelecimento bancário dentro do prazo, o que trará para o devedor o direito de propor ação de consignação em pagamento perante o Poder Judiciário dentro de 1 mês, conforme estabelece o § 3º do artigo 539 do CPC. Destaca-se ainda que o prazo anterior previsto pelo CPC/73 era de 30 dias conforme o §3º do art. 890.
Propondo a ação própria dentro do prazo aventado, a mora fica afastada para o devedor bem como os juros e os riscos em relação ao negócio jurídico. Em caso de inércia, o depósito perderá efeito e poderá ser levantado pelo depositante, voltando a correr os valores referentes ao inadimplemento.
O art. 541 do CPC, em consonância com os princípios da celeridade e efetividade do processo, traz a orientação para os casos de prestações periódicas. Aqui, o autor/consignante depositará o valor devido todos os meses, enquanto a ação estiver em curso, até 5 dias após o vencimento, sendo desnecessário o ajuizamento de outra consignatória. 
Durante o processamento da demanda judicial, o juiz abrirá vista ao credor para que o contraditório seja estabelecido, julgando ao final, procedente a consignação em caso de ser o depósito subsistente, declarando a extinção da obrigação, ou improcedente caso o credor faça prova de alguma das alegações possíveis, na forma do art. 544, do CPC.
3.2. Consignação judicial
Nesta hipótese, o autor ajuíza a ação perante o juízo do lugar do pagamento competente, requerendo a expedição de guia para depósito do valor (obrigação de pagar quantia certa) ou da coisa (obrigação de entregar coisa), objeto do negócio pendente com o devedor, ora consignado, e ainda a citação do consignado para levantar o depósito ou oferecer resposta (art. 542 do CPC).
O trâmite da ação seguirá as mesmas disposições expostas na parte final do item anterior. Valendo ressaltar que quanto à legitimidade para propor a demanda consignatória é legitimado tanto o devedor quanto terceiros estranhos à relação jurídica. Em relação a estes, Daniel Assumpção traz a seguinte distinção:
(a) no caso de terceiro juridicamente interessado ocorrerá sub-rogação, de forma que esse terceiro, extinta a obrigação por consignação, assume os direitos e ações do credor satisfeito frente ao devedor; (b) no caso de terceiro não interessado, não ocorre sub-rogação, sendo entendida a consignação como mera liberalidade deste em favor do devedor.[5]
Ressalta-se que em caso de dúvida quanto o real destinatário da obrigação, ou seja, a quem pagar, o devedor estará desobrigado a partir do momento do efetivo depósito, devendo ser citados todos os possíveis legitimados que prosseguirão como partes da demanda a fim de que o juiz possa resolver a controvérsia existente (art. 547 do CPC).
Por outro lado, estabelece o art. 545 do CPC que se o credor alegar que o depósito não foi integral, o devedor terá dez dias para fazer a complementação do valor, caso o negócio existente entre eles não seja de rescisão imediata em caso de inadimplemento.
Em relação às custas, em regra, pelo princípio da causalidade serão pagas pelo autor, mas no caso de dúvida quanto a quem pagar e continuação do processo entre os possíveis legitimados, serão eles responsáveis solidariamente pelas despesas com o processo.
Acrescenta-se ainda que a demanda vem sendo utilizada para discussão dos valores estabelecidos em contrato, apesar de não ser esse o objeto originário da ação. Daniel Assumpção, inclusive, argumenta que
essa postura vem sendo incentivada por decisões judiciais, sendo pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de permitir a revisão incidental de cláusulas contratuais no âmbito da demanda de consignação em pagamento.[6] (grifos no original)
4. Conclusão
Conforme demonstrado a demanda consignatória tem o papel de possibilitar a extinção da obrigação nos casos em que o devedor não consegue realizá-la na forma estabelecida entre as partes quando da formação do vinculo obrigacional.
Em regra, pode ser utilizada pelo devedor para afastar a mora e as clausulas decorrentes do inadimplemento da obrigação, mas modernamente, em razão de princípios relacionados ao aproveitamento dos atos processuais e inafastabilidade de jurisdição, tem sido aceito seu uso para discussão dos valores contratuais, como uma espécie de ação revisional.
Assim, considera-se a utilização da medida extremamente salutar a fim de resguardar a boa-fé do devedor e a lisura no cumprimento dos deveres anexos de conduta, exigível em todas as relações sociais.
    INTRODUÇÃO
 O termo “consignar” é proveniente do latim consignatio, do verbo consignare, que significa registrar por escrito, depositar uma soma em dinheiro, assinalar, marcar. Possui como essência o sentido de prova escrita, documento assinado, ou depósito feito.
A consignação  em  pagamento  tem  origem  no Direito Romano  e  era  utilizada  pelo  devedor  quando  o  credor  não  podia  ou  se  recusava  a  receber o que lhe era devido. Promovia, assim, o devedor o depósito da quantia em um local designado pela autoridade competente. No contexto atual, a consignação em pagamento é tida como forma de extinção da obrigação,como pagamento indireto da prestação, sendo uma faculdade do devedor, e não um dever. O Novo Código Civil, em seu artigo 335, admite cinco possibilidades de pagamento em consignação, que podem ocorrer através de depósito judicial ou em estabelecimento bancário.
A primeira hipótese está em, se o credor não puder, ou, sem justa causa recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma (art.335, I).  Nesta situação o devedor não incorre em mora, eis que não se caracteriza sua culpa pelo não pagamento. Contudo, a Lei Civil permite que o devedor demonstre seu animus solvendi e a mora accipiendi do credor. A segunda hipótese, prevista no inciso II, trata de dívida quérable, na qual cabe ao credor buscar a prestação no lugar, tempo e condições acordados entre as partes. Portanto, na inércia do credor, pode o devedor valer-se do pagamento em consignação. O inciso III do mesmo artigo prevê outra hipótese de consignação em pagamento: se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado  ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil.
Havendo dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento, também poderá o devedor consignar o que for devido, com  fundamento no  artigo  335, IV,  do CC, evitando,  assim,  que  efetue  o  pagamento a quem não possui legitimidade para recebê-lo. Por fim, o inciso V estabelece que, se pender litígio sobre o objeto do pagamento, caberá a sua consignação. Ressalte-se que o litígio não envolve o credor e o devedor, mas sim o credor e um terceiro, devendo o devedor, para se exonerar de sua obrigação, efetuar a consignação, sem aguardar que o credor e o terceiro resolvam a pendência que envolve o bem objeto do  pagamento. Neste caso, deverão integrar o polo passivo da ação de consignação em pagamento todos aqueles que disputam o crédito.
Ocorrendo o pagamento a qualquer dos pretendidos credores e, tendo o devedor conhecimento do litígio, assume este o risco do pagamento, conforme dispõe o artigo 344 do CC, o que poderá acarretar sua não  exoneração da obrigação, caso efetue o pagamento a quem não for legitimado para recebê-lo.
A consignação em pagamento se efetiva em ação própria, cujo procedimento é regulado pelos artigos 890 a 900 do Código de Processo Civil e, para ter eficácia liberatória, devem concorrer, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo,  todos  os  requisitos  sem  os  quais  não  é  válido  o  pagamento (previsão no art.336, CC).
Com a reforma do Código de Processo Civil de 1994, três aspectos fundamentais foram inseridos na lei processual civil que rege o pagamento por consignação: a possibilidade de se efetuar consignação extrajudicial, a possibilidade de levantamento imediato do valor incontroverso depositado judicialmente e a eficácia executiva da sentença que concluir pela insuficiência do depósito, permitindo que o credor execute a diferença.
Neste estudo, serão analisados os principais aspectos da “consignação em pagamento”, incluindo sua efetivação por via extrajudicial e judicial. Ademais, tecer-se-á comentários acerca dos meios de resolução pela via em comento quando da existência de dúvida quanto à titularidade do crédito e sobre a consignatória de alugueres, exarando, por fim, as finais conclusões da abordagem.
 
2.                  ASPECTOS GERAIS SOBRE A CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
 
O meio normal para a extinção das obrigações no sistema processual cível brasileiro se dá com o pagamento das mesmas. Ocorre que, existem meios considerados anormais ou defectivos, em que se inclui a consignação em pagamento, objeto de estudo no presente trabalho.
Disciplinada nos artigos 890 e seguintes do CPC e nos artigos 334 e seguintes do CC, a consignação consiste no instrumento jurídico-processual indicado para o devedor ou terceiro de uma obrigação de dar coisa ou de pagar quantia em favor do credor, obtenha reconhecimento da sua liberação e, quitando-a, nas hipóteses previstas na lei civil que regula a matéria.
Demais disso, a ação consignatória, no bojo do Direito das Obrigações, possui o escopo de permitir que o devedor ou terceiro se exonere da qualidade de devedor quando, por exemplo, o credor se recusar ao recebimento da quantia ou da coisa. Não sendo, porém, esta a única hipótese. Pode assumir tal espécie forma judicial ou extrajudicial, tendo como pressupostos: a possibilidade de o devedor, antes da contestação, emitir declaração de vontade, revogando o ato da consignação; a mora do credor ou sua recusa em receber a obrigação (arts. 890 e 898 do CPC); a dúvida sobre quem deve legitimamente receber a obrigação (arts. 895 e 898 do CPC).
O autor da ação de consignação é chamado de consignante podendo depositar o valor ou a coisa, em razão da mora accipiendi, ou porque foi o devedor impedido de adimplir o pagamento por motivos alheios à sua vontade. Relevante mencionar que a reforma do CPC de 1994 através da Lei 8.951 trouxe a alternativa de se consumar a consignação por meio de depósito judicial ou extrajudicial em dinheiro.
Possui o devedor o direito de desvincular-se da obrigação, efetuando o pagamento. Sendo inviável a sua efetivação pela recusa do credor em aceitá-lo ou pela existência de obstáculos impeditivos, o devedor deverá valer-se da consignação, que tem lugar, de acordo com o art. 335 do CC.
Há outras hipóteses, além das constantes no artigo supramencionado, em leis extravagantes, em que admite a consignação como, por exemplo, o Decreto-Lei 58/37, art. 17, parágrafo único. A mais comum destas é da recusa injustificada do credor em receber o pagamento ou dar quitação. Não se acolhe a consignação se houver justo motivo para a recusa. Assim, se o valor ofertado pelo devedor é inferior ao devido, ninguém é obrigado a receber menos que lhe cabe.
Ainda que o devedor já esteja em mora, o credor não pode recusar-se a receber o pagamento, desde que prestação ainda lhe seja útil e venha acompanhada de todos os acréscimos e encargos decorrentes do atraso. Se, contudo, o credor já houver demandado o devedor, não caberá mais a purgação da mora, salvo se a ação proposta houver previsão dessa possibilidade, como ocorre no despejo por falta de pagamento.
O simples atraso do devedor-consignante não o impede de se valer de consignação, conforme entendimento do colendo Superior Tribunal de Justiça: “Tempo para consignar. Enquanto ao devedor é permitido pagar, admite-se requerer o depósito em consignação”. A consignação pode abranger inclusive os casos de mora debitoris pois servirá para purgá-la, irrelevante a questão do tempo, pela permanência na recusa”. (RSTJ, 11:319).
Por derradeiro pode consistir, a consignação, não apenas no pagamento em dinheiro, mas também na entrega de bens, móveis ou imóveis, cabendo consignatória caso o credor se recuse injustificadamente a receber a coisa. Deve, ademais, a coisa ou a prestação a ser consignada ser determinável. Até porque se padecer de indeterminação absoluta, acarretará a ausência da obrigação, sendo inviável cumpri-la, e por outro lado, sendo impossível ao credor cobrá-la ao devedor.
Poderá consignar ainda, se houver recusa do credor em dar a quitação devida pelo pagamento ou entrega do bem. Como a quitação é prova de pagamento e de exoneração do devedor, poderá o devedor exigi-la. É obrigação do credor fornecer o recibo, e em caso de recusa poderá o devedor valer-se da consignatória.
A segunda hipótese de consignação ocorre quando o credor não for, nem mandar receber a coisa no tempo, lugar e condições devidas. Salvo se o contrário houver sido estipulado, as dívidas são quesíveis (querables), o que significa que o credor deve ir buscar o pagamento com o devedor. Se este não o fizer, e nem mandar alguém que o faça, não está obrigado o devedor procurar o credor, bastando-lhe consignar o pagamento.
Igualmente terá vez a consignatória quando o credor for incapaz de receber, ou for desconhecido, estiver declarado ausente ou residir em local de acesso difícil ou perigoso. Não se trata, neste ponto, de recusa em receber, mas de obstáculo que impede a efetivação

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