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RAQUEL RAMOS PINTO DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTES DE TRABALHO NOS BOMBEIROS MILITARES: 
TIPOS, NATUREZA E ABSENTEÍSMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE/MS 
2012 
 
 
RAQUEL RAMOS PINTO DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ACIDENTES DE TRABALHO NOS BOMBEIROS MILITARES: 
TIPOS, NATUREZA E ABSENTEÍSMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPO GRANDE/MS 
2012 
Monografia apresentada ao Curso 
de Graduação em Enfermagem da 
Universidade Federal de Mato 
Grosso do Sul, UFMS, como 
requisito parcial para a obtenção do 
título de Bacharelado em 
Enfermagem. 
Orientadora: Profa. Dra. Luciana 
Contrera-Moreno. 
 
 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço primeiramente a Deus, por essa conquista, por estar sempre ao 
meu lado, me iluminado e me fazendo perseverar nos momentos mais difíceis desta 
trajetória. Obrigada Senhor, por tudo o que tenho e sou. 
 
 Em especial e de forma carinhosa a minha família. Aos meus pais e irmãos 
pela grande contribuição na minha formação intelectual e moral, enfatizando sempre 
a ética e os bons costumes. A Isabela Soares pelo apoio. 
 
 Ao meu esposo Gilson Nascimento por toda a sua compreensão, 
cumplicidade e apoio nos momentos de alegria e dificuldades, sempre me animando 
em seguir em frente e acreditando em mim, sempre ao meu lado. 
 
 Aos meus queridos filhos Matheus e Amanda pela compreensão mesmo na 
minha ausência. Obrigada serei sempre grata. 
 
 A minha admirável professora e orientadora Luciana Contrera Moreno, pela 
sua presença sincera e amiga, agradeço por ter dedicado seu tempo e sua 
experiência em toda a trajetória deste estudo sempre buscando soluções para as 
dificuldades desta caminhada. 
 
 A todos os professores do curso de graduação em enfermagem da UFMS que 
contribuíram para a minha formação profissional, meu carinho e gratidão. 
 
 Aos Bombeiros Militares do município de Campo Grande que foram 
essenciais na realização deste estudo e pelo aprendizado que obtive. 
 
 Aos meus amigos verdadeiros pelas demonstrações de carinho e lealdade, 
através de suas palavras encorajadoras e de fé e, particularmente a Samira Ayub, 
Silvana Rodrigues, Edilene Pelegrini, Patrícia Magalhães e Paula Wenzel. 
 
 Aos colegas de graduação e, em especial a Rafaela Penrabel e Vanessa 
Schettert que dividiram comigo nestes quatro anos momentos de muitos desafios, 
conquistas e companheirismo. 
 
Aos profissionais de saúde que conheci ao longo desta caminhada, por todo 
carinho, atenção e contribuição em meu aprendizado. Muitos dispostos a me ensinar 
o melhor, capacitando- me em minha formação, proporcionando o conhecimento 
teórico-prático. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ama e conserva como amigo aquele que não te abandona quando todos se afastam 
(Thomas a Kempis). 
 
 
RESUMO 
 
O objetivo do presente estudo é conhecer a ocorrência, os tipos dos acidentes de 
trabalho, que aconteceram nos bombeiros no período de 2006 a 2010, e o 
absenteísmo gerado por eles. Realizou-se um estudo descritivo com Bombeiros 
Militares do 1º e 6º grupamentos do município de Campo Grande, MS. Os dados 
foram obtidos através da análise de atestados sanitários de origem registrados em 
Boletins diários emitidos pela corporação do 1° e 6° grupamento de bombeiros do 
município de Campo Grande, MS. Estes atestados encontravam-se em um banco de 
dados no qual já foram previamente coletados na pesquisa intitulada: Condições de 
risco relacionadas à doenças infecciosas no trabalho operacional de bombeiros de 
Campo Grande-MS. A amostra foi composta originalmente por 56 atestados 
sanitários, com perda amostral de 6 atestados, totalizando 50 atestados de 
acidentes de trabalho. Do total de acidentes notificados, 74,0% ocorreram no sexo 
masculino, sendo os praças a categoria profissional mais atingida com 90,0% das 
notificações. Quanto ao tipo de acidente de trabalho notificado 46 (92,0%) foram 
típicos, ou seja, relacionados diretamente as funções laborais, 3 (6,0%) de trajeto e 1 
(2,0%) por doença profissional. Dos riscos ocupacionais encontrados, 80% foram 
relacionados à acidentes (típicos e trajeto), 10,0% à risco biológico, 8,0% à risco 
ergonômico e 2,0% à risco químico. Em relação ao absenteísmo ocorreram 491 dias 
de afastamento do trabalho. Os resultados deste estudo evidenciam a necessidade 
de trabalhar este tema continuamente, alertando os trabalhadores para todos os 
riscos de acidentes, propondo medidas para redução destes eventos. 
 
Palavras-chave: acidentes de trabalho, bombeiros, riscos ocupacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The aim of this study is to determine the occurrence, the types of accidents that 
occurred to firefighters from 2006 to 2010 and the absenteeism generated by them. It 
was conducted a descriptive study with the Military Firefighters from 1st and 6th 
groups from Campo Grande, MS. The data was obtained through analysis of sanitary 
certificates of origin recorded in daily bulletins issued by the corporation of the 1° and 
6° group of firefighters from the city of Campo Grande, MS. These certificates were in 
a database that had being previously collected in the survey: Conditions of risk 
related to infectious disease in the operational work of firefighters from Campo 
Grande-MS. The sample was composed originally for 56 health certificates with 
sample loss of 6 certificates, totaling 50 accidents certificates. Of the total reported 
accidents, 74.0% occurred in males, and the soldiers were the professional category 
most affected with 90.0% of notifications. Regarding the type of work accident 
reported 46 (92.0%) were typical, that is, the functions directly related labor, 3 (6.0%) 
of path and 1 (2.0%) for occupational disease. From the occupational hazards found, 
80% were related to accidents (and typical path), 10.0% to biological risk, 8.0% to 
ergonomic risk and 2,0 %o to chemical risk. Regarding to absenteeism occurred 491 
days away from work. The results of this study highlight the need to work this issue 
continuously, alerting workers to the risks of accidents, proposing measures to 
reduce these events. 
 
Key words: occupational accident; firefighters, occupational risk. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 1 Distribuição dos profissionais bombeiros quanto ao sexo, 
categoria profissional e grupamento do período de 2006-
2010. Campo Grande-MS. (n=50) 
24 
 
TABELA 2 Distribuição dos profissionais bombeiros que sofreram 
exposição a riscos ocupacionais, segundo sua classificação 
no período compreendido entre os anos de 2006-2010. 
Campo Grande, MS. (n =50) 
25 
 25 
TABELA 3 Distribuição dos tipos de acidentes de trabalho encontrados 
nas atividades laborais dos bombeiros militares durante os 
anos de 2006-2010. Campo Grande, MS. (n=50) 
 
 
TABELA 4 Relação do tipo de risco ocupacional, por dias de 
absenteísmo e descrição do evento acidentário sofrido pelo 
profissional, no período dos anos entre 2006-2010. Campo 
Grande, MS. (n=15) 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 9 
2 REVISÃO DE LITERATURA 11 
2.1 Características do Corpo de Bombeiros Militar 11 
2.2 Acidentes de Trabalho 12 
2.3 Riscos no Trabalho do Bombeiro Militar 14 
3 OBJETIVOS 20 
3.1 Objetivo geral 20 
3.2 Objetivos específicos 20 
4 MATERIAL E MÉTODOS 21 
4.1 População de estudoe amostra 21 
4.2 Critérios de inclusão 21 
4.3 Critérios de exclusão 21 
4.4 Período de investigação 21 
4.5 Coleta de dados 22 
4.6 Análise dos dados 
7 
 
 
 
 
 
22 
4.7 Aspectos éticos da pesquisa 
 
23 
 5 RESULTADOS 24 
5.1 Apresentação dos acidentes analisados e caracterização dos sujeitos 24 
da pesquisa 
5.2 Riscos ocupacionais no trabalho dos bombeiros militares 24 
5.3 Tipos de acidentes de trabalho e circunstâncias em que ocorreram 25 
5.4 Consequências advindas dos acidentes de trabalho 27 
6 DISCUSSÃO 29 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 33 
REFERÊNCIAS 35 
APÊNDICE A - Roteiro para coleta de informações dos atestados de origem 38 
ANEXO A - Carta de aprovação do comitê de ética para pesquisa com seres 39 
Humanos 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Durante a nossa caminhada como graduandos do curso de enfermagem com 
frequência fomos dirigidos para o ambiente hospitalar onde aconteciam nossas 
práticas específicas. Ao confrontarmo-nos com o estudo sobre acidentes de trabalho 
e suas consequências e observarmos o perigo invisível em nossas ações foi 
surgindo o interesse pelo tema. 
 A escolha dos profissionais bombeiros militares como foco do estudo se deu 
pelo fato de estarem continuamente expostos a riscos ocupacionais em seu 
ambiente de trabalho, sendo estes favorecedores para ocorrência de acidentes. 
Percebe-se na literatura a escassez de estudos sobre acidentes de trabalho 
relacionados ao atendimento pré-hospitalar móvel, sobretudo envolvendo 
bombeiros. Observa-se ainda o desconhecimento destes profissionais acerca dos 
riscos laborais e medidas preventivas em suas ações. Portanto, a identificação e 
prevenção dos acidentes ocupacionais é um fator que necessita de atenção. 
 Os profissionais bombeiros são capacitados para combater incêndios, e 
prestar assistência em atendimentos de emergências. Realizam intervenções 
operacionais de salvamento em acidentes ou situações de risco (MATO GROSSO 
DO SUL, [2012]). 
Juntamente com o serviço de atendimento móvel de urgências (SAMU), 
determinadas empresas privadas prestam atendimentos as vitimas de acidentes ou 
outros agravos a saúde que requeiram atendimento emergencial na fase pré-
hospitalar (SOERENSEN, 2009). 
Prestar os socorros de suporte básico de vida de forma a estabilizar, 
imobilizar e transportar adequadamente a vitima/paciente é uma atividade que 
requer ações rápidas e precisas, exigindo do profissional além do conhecimento 
técnico e cientifico alto controle emocional (ZAPPAROLI; MARZIALE, 2006). As 
peculiaridades do atendimento pré-hospitalar faz com que os profissionais vivenciem 
em seu ambiente de trabalho circunstâncias que podem gerar situações favoráveis à 
exposição aos acidentes. As características das ocorrências os sujeitam a uma 
variedade de riscos, sejam por fatores físicos, químicos, biológicos, psicossociais, 
ergonômicos, mecânicos e de acidentes (SOERENSEN, 2009). 
10 
 
O Ministério do Trabalho aprovou através da Portaria 3.214/78, as Normas 
Regulamentadoras (NR) relativas às condições de segurança e saúde no trabalho. 
Em conformidade com esta portaria o profissional está exposto aos agentes 
químicos, ao entrar em contato com produtos tóxicos, desinfetantes, poeiras, fumos, 
névoas, neblinas, gases ou vapores; aos físicos, devido aos ruídos como sirene da 
ambulância, vibrações, pressões anormais, altas temperaturas, radiações, exposição 
a agentes explosivos bem como o infra-som e o ultra-som; ergonômicos, decorrentes 
dos fatores que causem desconforto ou afetem a saúde como posições não 
ergonômicas representadas por movimentos bruscos, repetitivos, posições 
incômodas e prolongadas, peso excessivo e estresse; biológicos, ocasionados pelo 
contato com microrganismos patogênicos como bactérias, fungos, bacilos, parasitas, 
protozoários, vírus. 
Estão expostos aos fatores acidentais, ou seja, aqueles que colocam o 
trabalhador em situação vulnerável podendo afetar sua integridade, bem estar físico 
e psíquico. Os bombeiros militares estão expostos continuamente a riscos 
ocupacionais em seu ambiente de trabalho, que culminam muitas vezes com a 
ocorrência de acidentes de variadas naturezas. Alguns exemplos de risco de 
acidente: probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado da própria 
ambulância e espaço limitado, armazenamento inadequado, assistência a vítima 
com ambulância em movimento, socorro as margens das rodovias (BRASIL, 2012). 
Como consequência destes acidentes surge muitas vezes o absenteísmo 
entendido como o não comparecimento ao trabalho decorrente de inúmeros fatores. 
Esta ausência no trabalho, além do custo financeiro para as instituições, traz 
dificuldades ao trabalho em equipe, decorrente da sobrecarga dos presentes e 
prejuízo aos clientes (MARTINATO et al., 2010). 
Se identificados os acidentes de trabalho e a sua natureza, então pode-se 
oferecer subsídios para o planejamento e execução de medidas preventivas. 
Reconhecer os riscos, que envolvem o ambiente e processos de trabalho, é 
essencial, indispensável e obrigatório, conforme a legislação em saúde do 
trabalhador. 
Diante deste contexto, o presente estudo propõe-se a aproximar-se dos 
fatores que levam trabalhadores bombeiros militares a sofrerem acidentes de 
trabalho, e, a relação das doenças ocupacionais com o absenteísmo ao trabalho. 
 
11 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 Características do corpo de Bombeiros Militar 
 
O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul teve origem juntamente 
com o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, pois até o ano de 1977 ambos 
formavam um mesmo Estado. Tiveram origem dentro da Polícia Militar, destinados 
inicialmente ao serviço de extinção de incêndios e salvamentos. Até 1979 com a 
instalação do recém-criado Estado de Mato Grosso do Sul, o Corpo de Bombeiros 
Militar de Mato Grosso do Sul estava subordinado à Polícia Militar. Somente em 5 
de outubro de 1989, ocorreu a desvinculação das duas instituições. Atualmente o 
efetivo total de bombeiros no Estado é de 1.323 militares. E o corpo feminino da 
instituição é formado por 81 militares (MATO GROSSO DO SUL, [2012]). 
A portaria nº 814/GM de 1° de junho de 2001 explicita que o bombeiro militar 
atua na identificação de situações de risco e comando das ações de proteção 
ambiental, da vítima e dos profissionais envolvidos no seu atendimento, fazem o 
resgate de vítimas de locais ou situações que impossibilitam o acesso da equipe de 
saúde. Podem realizar suporte básico de vida, com ações não invasivas, sob 
supervisão médica direta ou à distância, obedecendo aos padrões de capacitação e 
atuação previstos nesta Portaria. 
Ainda em relação às atividades desenvolvidas pelos bombeiros militares, em 
conformidade com o Art. 50 da Constituição do Estado de Mato Grosso do Sul, ao 
Corpo de Bombeiro Militar, instituição permanente, regular e autônoma, além das 
atribuições definidas em lei, incube a execução de atividades de defesa civil, de 
prevenção e de combate a incêndios, de busca, de salvamento e de socorro público. 
 Portanto, realizam sua missão através de intervenções operacionais de 
salvamentos e/ou resgates a vítimas de acidentes ou situações de risco, combatem 
incêndios, orientam e prestam auxílios à comunidade. Atuam de maneira pró ativa 
fazendo vistorias técnicas estabelecidas em lei. Também participam do atendimento 
pré-hospitalar. O Salvamento é o conjunto de operações que inclui a remoção de 
pessoas ou bens de locais de risco para um lugar seguro. O atendimento pré 
hospitalar (APH) é o atendimento emergencial em eventos ocorridos fora do 
ambiente hospitalar realizadonas vítimas de acidentes de trânsito, industrial, 
12 
 
aéreos, agravos de saúde de natureza clínica e psiquiátrica, violência urbana 
visando o atendimento no local até a estabilização da vítima e sua remoção à uma 
unidade hospitalar. O Combate a Incêndio destina-se a extinção dos focos de 
incêndio em diversos ambientes. Vale destacar o tempo que uma viatura leva para 
chegar ao local solicitado, em condições normais este não ultrapassa 10 minutos 
em qualquer ponto da cidade (MATO GROSSO DO SUL, [2012]). 
Segundo Florêncio et al. (2003), os profissionais que trabalham no APH se 
expõem continuamente a inúmeros riscos, em consequência do trabalho. Ao 
manipular direta ou indiretamente materiais orgânicos excretados e secretados por 
clientes portadores de patologias desconhecidas, estão susceptíveis a adquirir 
doenças transmitidas por diversos microorganismos. 
 
2.2 Acidentes de Trabalho 
 
 Desde os tempos primitivos, da escravidão, da revolução industrial, até os 
dias de hoje o trabalho faz parte da vida do homem. 
 Através do trabalho o homem atinge metas, concretiza sonhos, conquista 
independência econômica e retira os elementos necessários para a sobrevivência 
pessoal e familiar. Por isso o trabalho constitui uma das práticas mais importantes na 
vida do ser humano. Conforme é oferecido pode trazer satisfação, ou não, refletindo 
nas questões materiais, psicológicas e sociais (MAURO et al., 2004). 
 O mesmo autor expõe que, a satisfação material deve garantir segurança e 
um salário digno que atenda as necessidades básicas para a sobrevivência e 
independência. No que se refere à satisfação psíquica, ser moralmente aceitável e 
sentir-se realizado. Enquanto a satisfação social aponta para o reconhecimento dos 
esforços, o respeito e laços de afeição. 
 Por outro lado, o trabalho está sujeito a múltiplos condicionantes, portanto 
deve ser organizado de maneira que não ocasione danos à saúde do trabalhador na 
execução de suas atividades. A forma como é oferecido pode trazer implicações 
direta ou indiretamente sobre o estado físico, mental e psíquico do homem 
determinando sensações de satisfação e conforto e/ou fadiga, estresse, doenças e 
acidentes de trabalho (ZAPPAROLI; MARZIALE, 2006). 
 Melo (2010), reforça que o meio ambiente do trabalho esta relacionado de 
forma direta e imediata com o ser humano trabalhador, cujo equilíbrio está baseado 
13 
 
na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometem a segurança 
físico-psíquica dos trabalhadores. 
 Um período de grande importância nas mudanças das condições de trabalho 
ocorreu durante a “Revolução Industrial”, 1760-1850, onde as condições de trabalho, 
eram péssimas, aconteciam muitos acidentes e doenças, ocasionadas 
principalmente pela elevada jornada de trabalho e falta de equipamentos de 
segurança. Além disso, doenças infectocontagiosas sobrevinham sobre os operários 
em consequência da falta de ventilação nos ambientes de trabalho (MENDES, 
1980). 
 Diante desta problemática começa haver preocupação com o acidentado. 
Então, normas jurídicas surgiram criando mecanismos de proteção ao trabalhador e 
seus dependentes para pelo menos remediar este grande problema social 
(MENDES, 1980). 
 No Brasil, vigora atualmente a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, que foi 
promulgada em harmonia com a Constituição de 1988. Em seu art. 1° mediante 
contribuição assegura aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, 
por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de 
serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam 
economicamente. 
 O conceito legal de acidente do trabalho encontra-se no art. 19 da Lei n. 
8.213 de 24 de julho de 1991, sendo aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a 
serviço da empresa no exercício de suas atividades, provocando lesão corporal ou 
perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, permanente ou 
temporária, da capacidade para o trabalho. 
 Ainda são considerados acidente de trabalho as doenças profissionais e as 
relacionadas às condições em que o trabalho é realizado e os acidentes de trajeto. 
Equiparam-se também a acidentes de trabalho a doença proveniente de 
contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade (BRASIL, 
1999). 
 O art. 20 da lei 8.213/91 traça uma diferenciação entre doença profissional e a 
doença do trabalho. A doença profissional é aquela produzida ou desencadeada 
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade. Por outro lado, a doença 
do trabalho é adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que 
o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. 
14 
 
 Acidentes típicos são aqueles que ocorrem no desenvolvimento do trabalho 
na própria empresa ou a serviço desta, enquanto os acidentes de trajeto são os que 
ocorrem no percurso entre a residência e o trabalho ou vice-versa, já as doenças 
ocupacionais são aquelas que estão relacionadas com o trabalho, que resultam das 
condições especiais do trabalho, bastando somente que haja nexo causal entre a 
doença e o trabalho executado (BRASIL, 1999). 
 Os acidentes de trabalho geram um custo social enorme, um prejuízo 
importante para a sociedade que paga seus impostos e perde investimentos na área 
da educação, saúde, lazer e segurança. Acrescenta-se a estes fatores econômicos a 
perda da mão de obra que compromete a produtividade das empresas e 
sobrecarregam os demais profissionais, além dos custos com assistência e 
indenizações. Igualmente o governo perde com pagamento de pensões. E, quem 
mais sofre com as consequências dos acidentes de trabalho é o próprio trabalhador 
e sua família. Além da dor física e psicológica, o acidente modifica a dinâmica 
familiar, seja na redução de renda ou interrupção do emprego do cuidador, entre 
outros gastos associados com acomodação no domicílio ou outras localidades para 
tratamento (SOARES, 2008). 
 De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social no ano de 2010 
ocorreu no Brasil 701.496 acidentes de trabalho. Destes, 47.374 aconteceram no 
Centro-Oeste, sendo 10.032 em todo o estado do Mato Grosso do Sul (BRASIL, 
2010). 
 
2.3 Riscos no trabalho do bombeiro militar 
 
 O profissional bombeiro atua num ambiente de trabalho com 
condições/situações que podem alterar seu estado de saúde. Estão expostos a 
ruídos, produtos químicos, temperaturas elevadas, turnos rotativos de trabalho e 
tarefas executadas sob tensão. Além de enfrentarem exigências físicas e 
psicológicas. Todos estes estressores podem diminuir a resistência do organismo 
diante das exposições aos riscos laborais favorecendo, portanto, a ocorrência de 
acidentes de trabalho (SOUZA; FIORINI; GUZMAN, 2009). 
 A temática em torno da prevenção de acidentes de trabalho remete ao estudo 
dos riscos ocupacionais a que estão expostos durante a jornada de trabalho. 
Identificá-los é de fundamental importância, pois permite o controle das causas dos 
15 
 
acidentes independentemente da sua natureza. O estado, por meio do Ministério do 
Trabalho e Emprego e de outros órgãos governamentais, é responsável pelo 
estabelecimento de normas de segurança, higiene e medicina do trabalho (Portaria 
n. 3.214/78) e pela fiscalização do seu cumprimento. 
 A Norma Regulamentadora NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes tem como objetivo: 
 
A prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, 
de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com 
a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. 
 
 A Norma Regulamentadora NR-9, estabelece: 
 
A obrigatoriedade de identificaros riscos à saúde humana no 
ambiente de trabalho. Para efeito desta NR, consideram-se 
riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos 
existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua 
natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, 
são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. 
 
 Consideram-se agentes físicos: 
 
 As diversas formas de energia a que possam estar expostos 
os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões 
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, 
radiações não ionizantes, bem como o infra-som e o ultra-som. 
 
 Consideram-se agentes químicos: 
 
 As substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar 
no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, 
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela 
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser 
absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. 
 
 Conforme a NR 9 (1978) “consideram-se agentes biológicos as bactérias, 
fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros”. 
 
 A Norma Regulamentadora NR 17, visa: 
 
Estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das 
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos 
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de 
conforto, segurança e desempenho eficiente. 
 
Essas Normas Regulamentadoras (NRs) passaram a ser elaboradas e 
revisadas de forma tripartite, com a participação do governo, dos trabalhadores e 
16 
 
dos empregadores. Este fato representa avanço e grande passo na busca da 
melhoria das condições de trabalho (MELO, 2010). 
O Bombeiro Militar coloca sua vida em risco para salvar a vida de outros e/ou 
defender bens públicos e privados da sociedade. Embora esta atividade profissional 
seja perigosa e estressante é frequentemente fonte de satisfação. Natividade (2009), 
em um estudo exploratório e descritivo com 266 bombeiros demonstrou o quanto 
estes se sentem realizados com sua profissão, apesar de referirem 
descontentamento em relação à falta de condições para exercê-la. Percebeu-se que 
mesmo fora do horário de trabalho o bombeiro vive sua profissão. Confirmando que 
o trabalho é um fator constituinte da identidade do sujeito. 
Com relação aos riscos biológicos, Contrera-Moreno et al. (2012) 
desenvolveram um estudo descritivo com 307 bombeiros da cidade de campo 
Grande – MS com o objetivo de analisar as condições do trabalho dos bombeiros 
com enfoque nas condições de risco da exposição a materiais biológicos. Os 
resultados apresentados evidenciam que a ocorrência de acidentes de trabalho é 
alta e a maioria está relacionada ao mau uso ou não uso de equipamentos de 
proteção individual. Além dos riscos biológicos, outros fatores estressantes como 
emergência, complexidade da decisão, alta responsabilidade em relação aos 
pacientes e meio ambiente e conflitos, foram identificados. 
Outra pesquisa realizada com 44 profissionais da equipe de resgate pré-
hospitalar do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás teve como objetivo identificar a 
compreensão destes profissionais acerca dos riscos de exposição a material 
biológico e a adesão às medidas de precauções padrão. O estudo demonstrou que 
apesar das equipes apresentarem competência técnica para os atendimentos de 
socorro a vítimas, necessitam de preparo para sua autoproteção, pois medidas de 
precauções padrão não são adotadas devido ao pouco conhecimento. Este fato 
expõe os profissionais a riscos biológicos pela não adoção de medidas preventivas. 
A utilização das luvas de procedimento foi a única medida de segurança adotada 
pela maioria dos entrevistados (FLORÊNCIO et al., 2003). 
 Em Campo Grande, MS foi desenvolvido um estudo com 308 bombeiros com 
o objetivo de investigar o perfil soroepidemiológico da infecção pelo HBV. Verificou-
se um percentual de soropositividade de infecção para hepatite B (HB) de 6,5% 
(n=20), sendo 1% para o HBsAg. A presença do marcador anti-HBs isolado, 
indicativo de imunidade vacinal foi encontrada em 66,9% e 28,2% dos indivíduos 
17 
 
estavam susceptíveis à infecção. O tempo de serviço foi referido como principal fator 
de risco para infecção pelo VHB (CONTRERA-MORENO et al., 2012). 
 Além da exposição aos riscos biológicos, bombeiros e outros profissionais 
que atuam frente a situações emergenciais estão expostos a riscos psicossociais e 
privação de sono devido à escala noturna de trabalho. Estes fatos favorecem o 
desenvolvimento de stress no trabalho e adicionalmente os expõe a fatores de risco 
para o desenvolvimento de doenças cardíacas, stress pós-traumático e burnout 
(MURTA; TRÓCCOLI, 2007). 
 Segundo Lima e Assunção (2011), as situações emergenciais enfrentadas no 
trabalho dos bombeiros e a exigência de tomadas de decisões rápidas constituem 
riscos não apenas para a vítima como também para o profissional. A exposição 
constante as adversidades podem influenciar negativamente a saúde mental. 
 O estresse ocupacional é um ponto importante a ser mencionado, pois é 
realidade na vida de alguns profissionais, especialmente quando lidam com doenças 
e morte. Um estudo envolvendo equipe de resgate pré-hospitalar móvel, aponta 
como fontes provocadoras de tensão e ansiedade, o temor do desconhecido, a 
violência das cenas e as exigências organizacionais e pessoais (AGUIAR et al., 
2000). 
 Em relação ao temor do desconhecido as fontes relacionadas foram o toque 
da sirene, o deslocamento para as ocorrências e o estar sempre em estado de 
alerta. Nas cenas dos acidentes, foram relacionadas à violência das cenas, 
sobretudo quando envolve crianças, idosos e familiares, e nas exigências 
organizacionais e pessoais, foram descritos o grande número de ocorrências, a 
extensa carga horária, obrigações de serem rápidos e seguros, insatisfação no 
trabalho e a busca do perfeccionismo (AGUIAR et al., 2000). 
 Murta e Tróccoli (2007) em seu estudo descrevem os efeitos de uma 
intervenção para o manejo do stress ocupacional, baseada em avaliação de 
necessidades junto a sete bombeiros. Baseando-se em evidências de que a 
população-alvo apresentava um repertório restrito de coping e muitos sintomas de 
stress, implementou-se uma intervenção com 12 sessões, contendo informação, 
relaxamento, treino assertivo, treino em solução de problemas, manejo de tempo e 
reestruturação cognitiva. Medidas pré e pós-teste foram obtidas para imunidade, 
pressão arterial e respostas verbais de stress, saúde geral e coping. A comparação 
18 
 
entre medidas pré e pós-intervenção evidenciou redução em stress e sintomas 
somáticos; aumento em auto-eficácia e em pressão arterial. 
 A literatura sugere que longas horas de trabalho podem aumentar a pressão 
arterial e levar a doenças cardíacas, independentemente de outras condições 
estressantes no trabalho. Estudos sugerem uma associação modesta entre o 
trabalho por turno e horas extras com doença cardíaca (THOMAS HALES, 2008). 
 Régis Filho (2002) reforça que o sistema de trabalho em turnos e noturno, traz 
prejuízos para a saúde do trabalhador tanto nos aspectos físicos e psíquicos, como 
emocionais e sociais. Com o objetivo de analisar a Síndrome da Má-adaptação ao 
Trabalho em Turnos e o Trabalho Noturno, o autor realizou um estudo de caso com 
trabalhadores de uma empresa do setor cerâmico de Santa Catarina que utiliza o 
sistema de trabalho em turnos não rodiziantes. 
 O estudo de caso revelou que em média 1 em cada 5 trabalhadores 
apresentaram pelo menos um dos sintomas de inadaptação ao trabalho em turnos e 
noturno e que pelo menos 10% dos trabalhadores manifestaram sintomatologia 
característica da Síndrome da Má-adaptação ao Trabalho em Turnos (RÉGIS 
FILHO,2002). 
 Essa sintomatologia na fase aguda se manifesta por meio de insônia, 
sonolência excessiva no trabalho, aumento de acidentes, distúrbios de humor e 
problemas familiares. Já a fase crônica é manifestada por desordens do sono, 
doenças cardiovasculares e gastrointestinais, separação e divórcio (RÉGIS FILHO, 
2002). 
 Em um estudo conduzido nos estados unidos sobre os acidentes de trabalho 
sofridos por bombeiros que realizavam trabalhos em turnos, foi constatado que os 
acidentes mais frequentes envolviam inalação de materiais perigosos e lacerações, 
sendo a fadiga e as alterações no metabolismo os fatores identificados como 
predisponentes para a ocorrência dos acidentes. Verificou-se que 92,0% dos 
acidentes ocorreram durante as atividades de resgate, demonstrando o risco de 
contaminação por doenças infecciosas (GLAZNER, 1996). 
 Com relação ao risco de acidentes, Batista (2009) desenvolveu um estudo 
com o objetivo de compreender um aumento do número de acidentes com veículos 
operacionais de bombeiros das unidades da Região Metropolitana de Belo 
Horizonte. O aumento percebido foi de 131,81% e relacionado a fatores como a 
longa jornada de trabalho, as precárias condições materiais que comprometem o 
19 
 
descanso e a rigidez das regras e da organização das atividades que afetam as 
estratégias de regulação e de enfrentamento dos desafios impostos pela atividade 
do bombeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 Objetivo geral 
 
 Conhecer a ocorrência e os tipos dos Acidentes de Trabalho que 
aconteceram nos bombeiros no período de 2006 a 2010. 
 
3.2 Objetivos específicos 
 
• Verificar a ocorrência dos acidentes de trabalho na corporação no período 
relacionado; 
• Caracterizar os tipos de acidentes ocorridos na corporação, bem como sua 
natureza; 
• Identificar o número de dias de afastamentos gerados devido aos 
acidentes de Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
A pesquisa propôs um estudo descritivo de caráter quantitativo, e foi realizado 
em Campo Grande, MS. A metodologia de pesquisa descritiva tem como 
particularidade o fato de expor dados ou fenômenos. Seus resultados oferecem 
subsídios para o delineamento de hipóteses que conduzem a outras pesquisas e 
servem de base para diferentes estudos descritivos (ANDRADE, 2012, p.81). 
 
4.1 População de estudo e amostra 
 
A população deste estudo foi composta por bombeiros do Serviço 
Operacional do 1° e 6° Grupamento do município de Campo Grande, pois são os 
locais, onde se concentram o maior número de Bombeiros do Estado de Mato 
Grosso do Sul, no qual ao final do ano de 2010 correspondiam a 325 sujeitos. Do 
total de 56 registros de acidentes foram analisados 50 registros que se mostraram 
compatíveis com os critérios de inclusão. 
 
4.2 Critérios de inclusão 
 
Para a estimativa do número de acidentes de trabalho a ser estudado, foram 
considerados os seguintes critérios de inclusão: Todo acidente de Trabalho 
registrado no período dos anos de 2006 a 2010. 
 
4.3 Critérios de exclusão 
 
Como critério de exclusão foram considerados: Acidentes que não foram 
devidamente registrados no período, fichas muito incompletas que não caracterizam 
acidente, sendo excluídos 6 registros. Portanto foram analisados ao todo 50 fichas 
de notificação de acidentes de trabalho. 
 
4.4 Período de investigação 
 
Os dados da pesquisa são referentes ao período compreendido entre os anos 
de 2006 a 2010. 
22 
 
4.5 Coleta de dados 
 
Dados secundários sobre acidentes de trabalho foram coletados dos 
atestados sanitários de origem registrados em Boletins diários emitidos pela 
corporação do 1° e 6° grupamento de bombeiros do município de Campo Grande, 
MS. Estes atestados encontravam-se em um banco de dados. 
Foram coletadas as informações registradas entre os anos de 2006 a 2010. 
Para a coleta de dados foram pesquisados todos os Boletins Gerais do 1° GB e 6° 
GB, sendo coletadas as informações dos Atestados Sanitários de Origem, no qual 
estes documentos encontravam-se todos digitalizados, separados por dia, mês e 
ano. 
Foram coletadas informações referentes a todos os acidentes de trabalho 
ocorridos no período, através de um roteiro elaborado pela própria autora (Apêndice 
A). As informações de interesse foram transcritas para o referido instrumento que 
analisou os acidentes de acordo com mês/ano em que ocorreu o acidente, 
grupamento, posto/graduação, sexo, tipo de ocorrência atendida e viatura, tipo de 
Acidente de trabalho, descrição do acidente de trabalho, circunstâncias em que 
ocorreu o acidente de trabalho, uso do equipamento de proteção individual, local de 
atendimento, profissional que atendeu e se houve afastamento do trabalho 
(absenteísmo), bem como o número de dias destes, visando atender os critérios de 
inclusão e exclusão apresentados anteriormente. 
 
 4.6 Análise dos dados 
 
As informações coletadas foram digitadas em banco de dados apropriado, 
criado a partir do programa MS- Office Excel. Após a alimentação deste banco de 
informações procedeu-se a sua análise. Os riscos ocupacionais foram levantados a 
partir das descrições dos atestados. O tratamento dos dados ocorreu através da 
estatística descritiva e os mesmos foram apresentados em tabelas. 
 
 
 
 
23 
 
4.7 Aspectos éticos da pesquisa 
 
O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em pesquisa de Seres 
Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, por atender a Resolução 
nº. 196/96 (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 2007) foi aprovado sob o n°86.644 
de 30 de agosto de 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
5 RESULTADOS 
 
5.1 Apresentação dos acidentes analisados e caracterização dos sujeitos da 
pesquisa 
 
 Os resultados do presente estudo evidenciaram que foram notificados em 
cinco anos 50 acidentes, cerca de 10 ao ano e/ou 0,8 a cada mês. A maioria dos 
acidentes de trabalho (74,0%) envolveu trabalhadores do sexo masculino. Quanto à 
categoria profissional, os praças (Soldado, Cabo, Sargento e Subtenente) 
contribuíram com 90% dos acidentes de trabalho, os oficiais (Tenente e Capitão) 
com 6,0% e 2,0% não informou posto/graduação. Em relação ao número de 
notificações por grupamento a Tabela 1 demonstra o resultado de 50,0% para 
ambos. O corpo de bombeiros militar em Campo-Grande, MS compreende dois 
grupamentos (1°GB e 6°GB). O 1°GB localiza-se na área Sul da cidade e abrange 
cinco quartéis, enquanto o 6°GB encontra-se na área Norte e inclui três quartéis. 
 
TABELA 1 - Distribuição dos profissionais bombeiros quanto ao sexo, categoria 
profissional e grupamento do período de 2006-2010. Campo Grande-MS. 
(n=50) 
 
Variáveis N° % 
 
SEXO 37 74,0 
Masculino 13 26,0 
Feminino 
 
POSTO/GRADUAÇAO 
Praças 45 90,0 
Oficiais 3 6,0 
Não informado 2 4,0 
 
GRUPAMENTO 
1ºGB 25 12,8 
6º GB 25 19,4 
 
 
5.2 Riscos ocupacionais no trabalho dos bombeiros militares 
 
 A exposição aos riscos ocupacionais durante as atividades laborais dos 
bombeiros militares estão apresentados na Tabela 2. 
 
25 
 
TABELA 2 - Distribuição dos profissionaisbombeiros que sofreram exposição a riscos 
ocupacionais, segundo sua classificação no período compreendido entre os 
anos de 2006-2010. Campo Grande, MS. (n =50) 
 
Riscos Ocupacionais N° % 
 
Acidentes 40 80,0 
Biológico 5 10,0 
Ergonômicos 4 8,0 
Químicos 1 2,0 
 
 
 Dos riscos ocupacionais encontrados, destacou-se, o risco de acidentes 
(típicos/trajeto) com exposição de 40 sujeitos (80,0%), sendo este o maior risco 
ocupacional encontrado. Seguido do risco biológico com cinco exposições (10,0%), 
do risco ergonômico com quatro relatos registrados (8,0%) e dos riscos químicos um 
(2,0%). 
 
5.3 Tipos de acidentes de trabalho e circunstâncias em que ocorreram 
 
 A classificação do risco de acidente apresenta-se formada por uma variedade 
de acontecimentos, dessa forma foram caracterizados os tipos de acidentes a fim de 
uma melhor análise da situação. 
 
TABELA 3 - Distribuição dos tipos de acidentes de trabalho encontrados nas atividades 
laborais dos bombeiros militares durante os anos de 2006-2010. Campo 
Grande, MS. (n=50) 
 
Tipos de acidentes N° % 
 
Distúrbios músculo esqueléticos 24 48,0 
Quedas 8 16,0 
Acidentes de trânsito 7 14,0 
Exposição a sangue e/ou fluídos corpóreos 5 10,0 
Outros 3 6,0 
Por fatores psicológicos e físicos 
Amputação 
 
 2 
 1 
 4,0 
 2,0 
 
 
 Dos 50 acidentes notificados, o mais prevalente com 24 registros (48%), foi 
relacionado a distúrbios musculoesqueléticos (lesões, fraturas, rupturas de 
ligamentos, algias e entorses em membros superiores e/ou membros inferiores), 
26 
 
sendo que 11 (22%) ocorreram durante as atividades desportivas e 13 (26%) em 
atividades que exigiam esforço físico. 
 As quedas e escorregões representaram 16,0% das notificações, ocorrendo 
durante acesso a escadaria do quartel, saída da base devido a poça d’água, 
descida da escadaria de sobrado em chamas, durante atendimento a ocorrência 
devido a calçada estar escorregadia pela chuva, queda de mureta ao recolher 
mangueiras de incêndio, queda abrupta de uma altura de três metros ao final da 
operação e quedas da própria altura. 
 Encontraram-se sete acidentes de trânsito (14,0%), sendo quatro colisões 
automobilísticas e três acidentes de percurso. Verificaram-se situações como a 
colisão da viatura com carros de passeio durante locomoção para ocorrências 
sendo uma em cruzamentos, outra situação foi a queda ao solo de um militar em 
atendimento a ocorrência, o mesmo perdeu o controle da motocicleta ao transpor o 
meio fio da calçada vindo a abalroar em um veiculo táxi. Nos acidentes de percurso, 
foram registradas duas quedas de motocicleta do profissional, em via urbana 
durante o trajeto (trabalho / residência), o terceiro acidente de trânsito não foi 
especificado, mas aconteceu no retorno para residência. 
 Em relação aos acidentes envolvendo o contato com sangue e/ou secreções, 
ocorreram cinco registros (11,0%), sendo que a maioria atingiu mucosa (olhos), 
seguida de pele íntegra. As situações que contribuíram para a ocorrência dos 
acidentes foram emergência e agressividade da vítima. A maior parte dos 
profissionais acidentados utilizava EPI com exceção de um pelo uso de óculos de 
grau que utiliza. 
 Na categoria outros, foram agrupados três acidentes típicos (6,0%). 
Detalhando estes eventos observaram-se lesão ocular provocado por cisco de 
serragem (pó de serra), devido à falha dos óculos de proteção; inalação de material 
perigoso durante combate a incêndio, onde a militar apesar de estar utilizando a 
máscara do equipamento de proteção respiratória, não proporcionou um ajuste 
necessário em seu rosto permitindo a entrada de gases tóxicos provenientes da 
queima dos produtos químicos presentes no local; e, um acidente ocasionado 
durante manutenção de viatura. Após colocar o veículo na rampa com todos os 
procedimentos de rotina o militar entrou em baixo da mesma para averiguar o 
problema quando esta começou a descer, vindo a pressionar a cintura e o braço do 
referido militar. 
27 
 
 Conforme pode ser observado na tabela 3 foi elencado um problema de 
ordem emocional e um por motivo de saúde, constituindo 4,0% dos registros. No 
primeiro o militar envolvido relatou não apresentar condições psicológicas para dirigir 
a viatura, sendo atendido pela psicóloga do setor de serviço social, a qual solicitou 
seu afastamento do serviço operacional e administrativo para acompanhamento. No 
outro a militar mencionada apresentou um mal súbito no interior da viatura ao 
retornar do atendimento. 
 E, por fim anotamos um caso de amputação de membro. Durante operação 
de corte de árvore, o militar que utilizava motosserra para realizar o corte, veio a 
sofrer um ferimento lacerante no pé esquerdo, do qual resultou a amputação da 
falange distal do hálux esquerdo. 
 
5.4 Consequências advindas dos acidentes de trabalho 
 
 Em relação ao absenteísmo ocorrido, os trabalhadores ausentaram-se 491 
dias por motivos variados, que foram relacionados aos riscos ocupacionais, de 
acordo com a tabela 4. O risco que mais propiciou afastamento foi o de acidente, 
responsável por 453 dias de absenteísmo em relação ao total de 491 dias. Este risco 
ocupacional ocasionou queimaduras, entorses de tornozelos e joelhos, rupturas de 
ligamentos, fraturas, amputações, dorsalgias entre outros problemas ocasionados 
por quedas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
TABELA 4 - Relação do tipo de risco ocupacional, por dias de absenteísmo e descrição do 
evento acidentário sofrido pelo profissional, no período dos anos entre 2006-
2010. Campo Grande, MS. (n=15) 
 
Absenteísmo 
Risco 
ocupacional 
Descrição do acidente sofrido 
 pelo profissional bombeiro 
 
< de 5 dias De acidente Queda da motocicleta 
 
De 5 a 15 dias Ergonômico Lesão no joelho/atendimento à PCR 
 De acidente Dorsalgia traumática – EFM 
 Queda da própria altura 
 Queimadura em MSD 
 Acidente de trânsito ao sair do trabalho 
 Entorse em tornozelo D 
 
De 16 a 30 dias De acidente Ruptura ligamento do joelho 
 Lesão em MID durante prática desportiva 
 
> de 30 dias De acidente Entorse de tornozelo esquerdo – EFM 
 Amputação da falange distal do hálux E 
 Entorse do tornozelo 
 Fratura de rádio e ulna 
 Lesão em MID durante EFM 
 Entorse no joelho 
 
Legenda: 
PCR = parada cardiorrespiratória. 
EFM = educação física militar. 
MSD = membro superior direito. 
MID = membro inferior direito. 
D = direito. 
E = esquerdo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
6 DISCUSSÃO 
 
 Neste estudo foram registrados, cerca de 10 notificações de acidentes de 
trabalho ao ano. Pode-se inferir que esse valor é baixo se comparado aos riscos 
que identificamos na execução do trabalho destes profissionais. Apesar da 
notificação dos acidentes do trabalho ser uma exigência legal a subnotificação 
destes podem ocorrer. Cordeiro et al. (2005) referem que o subregistro ocorre no 
Brasil e em outros países, constituindo problema que dificulta a implementação de 
estratégias para prevenir acidentes de trabalho. 
 Joia et al. (2009) mencionam que inúmeros estudos apontam como causas 
de subnotificações na área da saúde a desinformação dos acidentados ou dos 
profissionais que os tratam, o desconhecimento da necessidade da notificação, a 
justificativa de considerarem a lesão ocasionada pelo acidente como pequenae 
sem importância, a falta de tempo, e o medo da punição. 
 Foi encontrada maior frequência de acidentes de trabalho entre o sexo 
masculino. Um estudo peruano desenvolvido por Chacaltana e Espinoza (2008), 
demonstrou que dos 3343 militares estudados, 93,2% (3116), eram do sexo 
masculino. Tal prevalência também é relatada no Brasil em estudos similares 
envolvendo equipes de APH e motoristas de uma central de ambulâncias (TAKEDA, 
2002 (100%); ZAPAROLLI; MARZIALE, 2006 (67,5%). Este número pode estar 
relacionado com o fato deste serviço exigir maior força física, além do vinculo militar 
que possui. 
 Nos últimos anos mais mulheres tem ingressado no serviço militar. Antes os 
quartéis eram territórios masculinos e desconhecido pelas mulheres. Embora, 
fisiologicamente, o homem seja mais forte do que a mulher, elas vem conquistando 
seu espaço, provando perante a sociedade que são capazes de realizar qualquer 
tarefa. É uma superação diária (RIO DE JANEIRO, [2012]). A primeira turma de 
soldados femininos do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso do 
Sul ingressou na instituição no ano de 2004. Anteriormente o Corpo Feminino era 
composto apenas por duas oficiais que ingressaram em 1999. As mulheres são 
submetidas aos mesmos treinamentos que os homens, superando as dificuldades e 
demonstrando a capacidade necessária para desempenhar a atividade inerente ao 
Bombeiro Militar (MATO GROSSO DO SUL, [2012]). 
30 
 
 Neste estudo, a maior ocorrência de acidentes (90%), atingiram os praças 
(soldado, cabo e sargento), dados já esperados, devido ao maior contingente de 
trabalhadores desta categoria atuante nas guarnições. Eles são os profissionais que 
realizam com maior frequência as manobras de resgate e deparam-se com outras 
situações que favorecem a ocorrência de acidentes tornando-se, portanto, mais 
vulneráveis que os demais profissionais. 
 Em relação ao número de notificações de acidente de trabalho por 
grupamentos, ambos registraram 25 acidentes. Porém, proporcionalmente a área 
norte notificou mais, pois é menor. 
 Quanto aos fatores de risco ocupacionais destacaram-se os de acidentes, 
seguido pelo biológico, ergonômico e químico. 
 Considerando de suma importância que o trabalhador conheça os riscos a 
que estão expostos, estudos constatam que a maioria dos trabalhadores identifica 
os riscos no trabalho, no entanto, a minoria utiliza medidas adequadas de 
segurança, revelando a necessidade de intervenções (ZAPPAROLI; MARZIALE, 
2006). Tal fato é preocupante já que estes trabalhadores vivenciam situações 
emergenciais que envolve o manuseio de sangue e fluídos corpóreos no seu dia-a-
dia. As consequências de uma exposição ocupacional não se referem apenas às 
infecções, mas também a traumas psicológicos ocasionados pela espera do 
resultado de uma possível soroconversão, mudanças nas práticas sexuais, no 
relacionamento social e familiar, além de efeito das drogas profiláticas. Vários são 
os danos físicos e mentais causados por tais acidentes. É importante lembrar que 
um acidente não é obra do acaso e pode apresentar resultados indesejáveis. 
 O contato com material biológico ocorreu em 10% dos registros verificados 
nesta pesquisa, sendo que um acidente envolveu sangue em pele íntegra. O 
contato com material biológico em pele íntegra, equivocadamente, tem sido 
desprezado por muitos profissionais. A aparente pele íntegra poder conter 
microlesões, muitas vezes imperceptíveis, que podem servir de porta de entrada 
para vários tipos de agentes infecciosos (CANALLI; MORIYA, HAYASHIDA, 2010). 
Soerensen et al. (2009) em seu estudo sobre acidentes com material 
biológico em profissionais do atendimento pré-hospitalar móvel de uma empresa do 
interior paulista, mostrou que dos 50 trabalhadores entrevistados, 28 (56%) referiram 
ter sofrido algum tipo de acidente com material biológico potencialmente 
contaminado, perfazendo um total de 41 acidentes, sendo que houve profissionais 
31 
 
com mais de uma exposição. A maioria dos acidentes aconteceu em pele íntegra, 
seguida por percutâneo, mucosa e pele lesada. O agente contaminante que 
apareceu na maioria das exposições foi sangue. Como causas favorecedoras da 
ocorrência de acidentes foram referidas as situações de emergência, agitação do 
paciente e estresse do profissional. 
 É importante ressaltar que neste estudo não foram registrados riscos físicos, 
mas é relevante lembrar que os bombeiros estão constantemente expostos a este 
risco por estarem em contato com altas temperaturas como ocorre durante os 
incêndios e até mesmo os ruídos advindos das sirenes das ambulâncias durante 
ocorrências. 
 Souza; Fiorini e Guzman (2009), em um estudo epidemiológico transversal 
com o objetivo de identificar o incômodo causado pelo ruído e queixas relacionadas 
à saúde auditiva em uma corporação de bombeiros demonstrou maior ocorrência 
para o ruído urbano, seguido do ruído da viatura e ruído do telefone para o setor 
administrativo. Mais especificamente o ruído das sirenes durante a jornada de 
trabalho. Em relação às queixas foram relatados incômodo, intolerância, 
irritabilidade, dor de cabeça, diminuição da audição, alteração do sono, zumbido e 
tontura. 
 Além dos ruídos, os bombeiros também enfrentam temperaturas elevadas. De 
acordo com Couto (1980), os ambientes de alta temperatura representam pontos 
importantes no estudo da patologia ocupacional por implicar na saúde do 
trabalhador. As manifestações da fadiga devido ao calor incluem desidratação, 
câimbras, tonturas e desmaios causados pela tentativa do organismo em manter 
constante a temperatura corpórea. 
 Em relação ao tipo de acidente de trabalho notificado, observou-se uma 
predominância na educação física militar. 
 O treinamento físico para o bombeiro militar consiste em prepará-lo para atuar 
frente a condições adversas no desenvolvimento de seu trabalho. A extinção de 
incêndios e operações de salvamentos submete o profissional a condições 
estressantes que reduzem o nível do condicionamento físico, interferindo no 
desempenho de suas ações. A prática da educação física militar é fundamental, pois 
reflete na qualidade do trabalho. Além disso, inúmeros são os benefícios gerados 
através do treinamento físico, como: melhora do bem-estar físico; maior disposição; 
32 
 
controle dos fatores de riscos coronarianos; melhor aptidão física; circulação, entre 
outros (RIO DE JANEIRO, [2012]). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Em um contexto geral, o acidente de trabalho, torna-se um importante 
assunto de avaliação, devido à preocupação com os riscos ocupacionais que os 
bombeiros militares estão expostos. 
 Os dados investigados permitem concluir acerca dos objetivos que estes 
foram alcançados, pois de acordo com o objetivo geral foi possível conhecer a 
ocorrência e os tipos dos acidentes de trabalho que aconteceram nos bombeiros no 
período investigado. 
 No que diz respeito aos objetivos específicos da pesquisa foi possível verificar 
a ocorrência e caracterizar os tipos de acidentes que aconteceram na corporação, 
bem como sua natureza. 
 Considerando que estes profissionais atuam em situações de emergência e 
enfrentam situações imprevisíveis constatamos a ocorrência de acidentes em várias 
situações adversas como: incêndios, resgates, manutenções de viaturas, cortes de 
árvores, contato com materiais biológicos, acidentes, agressões, tarefas executadas 
sob tensão, treinamentos e atividades de exigência física. 
 A maioria dos acidentesde trabalho atingiu o sexo masculino (74,0%) o que já 
era esperado, por ser a maioria na corporação. Quanto a categoria profissional os 
praças (90,0%) foram os mais atingidos. Com relação ao número de notificações por 
grupamento foi encontrado 50,0% para ambos, sendo que proporcionalmente a área 
Sul notificou mais por ser menor. 
 Foram registradas 50 exposições aos riscos ocupacionais, destacando-se 
com 80,0% os riscos de acidente, seguido pelo risco biológico (10,0%), ergonômico 
(8,0%) e químico (2,0%). 
 Quanto ao tipo de acidente de trabalho notificado, 48% ocorreram em práticas 
desportivas ou atividades que exigiam esforço físico, provocando distúrbios 
musculoesqueléticos. 
 Em relação ao absenteísmo percebeu-se um número elevado de dias (491) 
de afastamento, acredita-se que este número deva ser bem maior e por algum 
motivo não foram mencionados em vista das características e gravidades de alguns 
acidentes analisados. 
 Considerando-se que os acidentes de trabalho podem ocorrer de maneira 
abrupta e insidiosa embora perceba-se antecipadamente pelas condições de 
34 
 
trabalho, os riscos a que os empregados estão expostos é importante destacar a 
necessidade de trabalhar este tema continuamente, alertando para todos os riscos 
de acidentes, propondo medidas para redução destes riscos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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38 
 
APÊNDICE A - Roteiro para coleta de informações dos atestados de origem 
 
1. Mês/ano em que ocorreu o acidente:___________ 
2. Grupamento:__________ 
3. Posto/graduação:_________ 
4. Sexo: M ( ) F ( ) 
5. Tipo de ocorrência atendida e viatura: ________________ 
6. Tipo de Acidente de trabalho:_______________________ 
7. Descrição do acidente de trabalho: __________________________________ 
8. Circunstâncias em que ocorreu o acidente de trabalho:__________________ 
9. Uso do equipamento de proteção individual: ( ) sim ( ) não ( ) não se aplica 
10. Local de atendimento:___________________ 
11. Profissional que atendeu:_________________ 
12. Afastamento do trabalho: ( ) sim ( ) não 
13. Quantos dias? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
ANEXO A – Carta de aprovação do comitê de ética para pesquisa com seres 
humanos 
 
40

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