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Questões de gênero - Sociologia da educação

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violência suave, insensível, invisível a suas próprias vítimas, que se exerce
essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou
mais precisamente, do desconhecimento, do reconhecimento ou, em última instancia, do
sentimento. (1995:4)
Questões de gênero
ESSA AULA TEM COMO OBJETIVO APRESENTAR AS DISCUSSÕES ACERCA DA TEMÁTICA DE GÊNERO,
QUE INCLUI AS RELAÇÕES ENTRE HOMENS E MULHERES, BEM COMO AS DISCUSSÕES ACERCA DA
HOMOSSEXUALIDADE E HETEROSSEXUALIDADE, DEMONSTRANDO COMO ESSAS RELAÇÕES ENQUANTO
SOCIAIS/CULTURAIS APRESENTAM-SE NATURALIZADAS EM NOSSA SOCIEDADE.
AUTOR(A): PROF. RENE ESTEBAN ROJO
Ao pensar a sociedade brasileira remetemo-nos facilmente à algumas características típicas, algumas delas
já discutidas aqui, como o preconceito com o negro e com o indígena e outras que ainda discutiremos, como
a desigualdade social. Além disso, percebemos a sociedade brasileira como machista e sexista. O machismo
se faz presente nas relações entre homens e mulheres e nas relações que envolve a questão hétero-
homossexualidade.
O que possibilita essa ideia de superioridade do homem é a naturalização que essa tem em nosso
imaginário. Naturalizar significa tornar essa superioridade, que é socialmente e historicamente construída,
como um dado da natureza: os homens seriam naturalmente superiores às mulheres e, a condição
masculina heterossexual, também seria uma condição da natureza. Assim sendo, o contrário à essas
posturas é antinatural, é uma aberração da natureza, daí a formação do preconceito e a agressão aos
indivíduos que transgridem a ordem natural das coisas.
O machismo e as mulheres
Pierre BOURDIEU, no livro A Dominação Masculina (1995), trata a relação entre homem e mulher a partir
de uma violência simbólica, definida da seguinte maneira: 
Afirma ainda que essa relação social é da ordem do ordinário, ou seja, comum e cotidiano. Nesse sentido, a
oposição entre masculino e feminino opera de forma arbitrária assim como alto/baixo, na frente/atrás,
claro/escuro, etc. Arbitrariamente divididos em um esquema de pensamento que, entendidos como dados
naturais, contribuem para fazer existir ao mesmo tempo que as “naturalizam”, inscrevendo-as em um
sistema de diferenças, todas igualmente naturais em aparência(...) (BOURDIEU, 1995:13)
Mas, no universo da vida privada, ela consome horas decisivas no trabalho doméstico,
com o que possibilita (ao mesmo capital) a sua reprodução, nessa esfera do trabalho não-
diretamente mercantil, em que se criam as condições indispensáveis para a reprodução da
força de trabalho de seus maridos, filhos/as e de si própria. Sem essa esfera da reprodução
não-diretamente mercantil, as condições de reprodução do sistema de metabolismo social
do capital estariam bastante comprometidas, se não inviabilizadas. (ANTUNES, 1999)
Ao entendermos a dominação masculina dessa forma, seja em relação às mulheres ou em relação à
homofobia, encontramos inúmeras situações do cotidiano que confirmam a teoria do autor. Além disso,
precisamos pensar que o machismo não está presente apenas nas ações do dominador, elas são
reproduzidas pelos dominados, especialmente, pelas mulheres.
A busca pela independência econômica, que levaria à emancipação feminina, começou na segunda metade
do século XX, no entanto, análises sobre o papel da mulher no trabalho demonstram que, na ordem
capitalista a mulher é ainda mais explorada que o homem.
ANTUNES (1999) demonstra que boa parte do trabalho mais qualificadas ainda está nas mãos masculinas; o
trabalho intensivo, mais elementar, nas das mulheres, ou seja, as mulheres são mais exploradas pelo
capital. Em pesquisa realizada no Japão, França e Brasil essa divisão é visível e, uma vez demonstrado que
algumas funções eram melhor exercidas por mulheres, isso não foi enxergado como qualificação, caindo na
naturalização das funções.
Quando pensamos o papel dos sindicatos, nota-se a exclusão das mulheres trabalhadoras, bem como a
exclusão dos terceirizados e/ou precarizados.    Além disso, a mulher trabalhadora realiza o trabalho
duplamente, dentro e fora da fábrica ou dentro e fora da casa, sendo duplamente explorada. 
O problema da dominação masculina proveniente da violência simbólica, extrapola esse campo e chega à
violência psicológica e física. Ademais, essa dominação não guarda relação com classes sociais ou etnias,
ela perpassa todas essas outras categorizações sociais.
Quando observamos categorias de trabalhadores, percebemos uma clara divisão sexual. A formação de
professores para a educação infantil é uma especialidade que atrai as mulheres. Os cursos de Pedagogia tem
um percentual mínimo de homens, em razão da naturalização do cuidado com as crianças, função
entendida como feminina, por conta da maternidade.
Somando-se a reprodução nestes padrões na família, percebemos os estereótipos em livros didáticos, onde
as mulheres aparecem como sentimentais e aptas para a família, incompetentes para a ciência e para
exercer funções onde se exige a força física. (SOUZA, 2006)
A heterossexualidade e a homossexualidade
Também a homossexualidade é percebida pelo viés machista. Uma vez que o homem, culturalmente, é
percebido como o sexo forte e a heterossexualidade como norma. As características naturais da mulher,
como a sensibilidade, os passos curtos, o modo de sentar e falar e a delicadeza, quando vistos em um
homem, caracteriza-o como semelhante à mulher, portanto, deixa de ser homem. No entanto, todos os
atributos femininos acima, nada são além de uma construção social, desde o início da vida de uma menina.
Esta visão binária do mundo e das relações de gênero identifica o masculino e o feminino
como termos opostos, ainda que complementares: eles podem conviver um com o outro,
mas nunca um no outro. Os atributos considerados femininos são positivos se
encontrados em mulheres, mas desqualificam os homens que os possuem, o mesmo se
dando com a masculinidade em relação às mulheres. Neste caso, a natureza explica a
essência de cada sexo, e perverter esta distribuição de atributos é perverter a própria
natureza, sempre sábia em suas "decisões". Neste domínio do binário, as práticas e
comportamentos sexuais e afetivos que não obedecem esta distinção dual serão tomadas,
como desvio, perversão, "vão ser categorizadas para serem assim melhor excluídas da
norma, do 'normal'. (TORRÃO FILHO, 2005)
Às meninas são ensinados modos de sorrir, cor preferida, mundos ideais (da princesa, da mãe e da dona de
casa), brincadeiras de menina, enfim, um mundo da casa, da vida doméstica. Ações presentes nas atitudes
da mãe, da professora e dos homens, que assim enxergam tais ações. Aos meninos, revela-se o mundo da
rua, com as brincadeiras violentas, com a atitude racional, a audácia e a força física. (DAMATTA, 1996)
Um dado ainda mais arbitrário é o fato de atribuirmos cores ao mundo feminino e ao masculino. Desde a
mais tenra idade, a cor de rosa é a cor feminina, jamais encontrada nos brinquedos dos meninos.
Temos diante de nós, uma visão binária, que enxerga as características femininas e masculinas como as
corretas, características essas que são fruto de uma construção histórico-social e não, naturais como essa
visão determina.
Conhecimento para a igualdade social
Enquanto educadores, precisamos entender que o preconceito contra as mulheres e contra os homossexuais
parte de uma compreensão equivocada do que seja o feminino e masculino e as orientações sexuais, homo e
heterossexualidade. Além disso, é preciso salientar que, enquanto orientação sexual não estamos falando
de algo inato ou meramente influenciado por uma cor ou por uma brincadeira, e muito menos uma opção.
A busca pela igualdade social deve permear o entendimento do educador, uma vez que as pequenas atitudes
cotidianas em sala de aula,mostram-se eficientes promotores dessa igualdade social. Não diferenciar
atitudes de menina das dos meninos, bem como atividades, cores e orientações sexuais podem contribuir
com a formação de adultos menos machistas e menos preconceituosos.
A adoção de material didático e paradidático que leve em consideração a diversidade cultural (como
exemplos, a questão étnico-racial, a religiosa e a de gênero) é parte do caminho para a igualdade social.
ATIVIDADE FINAL
Pensando na dominação masculina debatida neste tópico, podemos
afirmar que: 
A. ela se dá simbolicamente apenas, onde a violência com as palavras
oferece a maior tortura de todas, que é a psicológica.
B. ela se dá simbolicamente e fisicamente, fruto de uma ausência de aceite
social por parte do universo masculino, que desfere tanto agressões
físicas, quanto psicológicas sobre o feminino.
C. ela se dá fisicamente apenas, pois a caracterização da violência sópode
ser feita quando existe uma comprovação visual do fato.
D. ela transparece através da insatisfação feminina que sem nenhum
motivo, quer compertir com o homem no mercado de trabalho.
REFERÊNCIA
BOURDIEU, Pierre – A Dominação Masculina. Tradução Maria Helena Kuhner, 2ª edição, Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2002.
DAMATTA, Roberto – O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1996.
SOUZA, Érica Renata de. Marcadores sociais da diferença e infância: relações de poder no contexto escolar.
Cad. Pagu,  Campinas ,  n. 26,  jun.  2006 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-83332006000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  21  out.  2013. 
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332006000100008.
TORRAO FILHO, Amílcar. Uma questão de gênero: onde o masculino e o feminino se cruzam. Cad. Pagu, 
Campinas ,  n. 24,  jun.  2005 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-83332005000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  21  out.  2013. 
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332005000100007.

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