Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Imunologia IMUNOGLOBULINAS I: LIGAÇÃO À ANTÍGENO 1 Sumário Introdução ........................................................................................................................ 2 Objetivo ............................................................................................................................ 2 1. Antígenos .................................................................................................................. 2 2. Imunoglobulinas............................................................................................................2 2.1. Interação molecular do Ig com o antígeno .......................................................... 3 2.2. Ligação das Ig a antígenos específicos ................................................................. 3 3. Memória imunológica adquirida..................................................................................5 3.1. Vacina.......................................................................................................................6 Exercícios ......................................................................................................................... 6 Gabarito ............................................................................................................................ 7 Resumo ............................................................................................................................. 7 2 Introdução Todos os dias somos expostos a milhares de patógenos em potencial. São vírus, bactérias e parasitas que acabam entrando em contato com o nosso organismo e se ele não fizer nada a respeito disso, essas visitas indesejadas podem nos deixar doentes. Além disso, esses microrganismos são capazes de desenvolver mecanismos de adaptação, e dessa forma escapar da nossa imunidade inata. É nesse ponto que entra em ação a imunidade adaptativa, que produz uma extensa variedade de defesas imunes específicas que são as imunoglobulinas (ou anticorpos). Nessa apostila vamos entender como as imunoglobulinas se ligam aos diversos antígenos que entram no nosso organismo diariamente. Objetivo • Relatar como funciona a adaptação molecular que leva a Ig a se ligar ao seu antígeno. 1. Antígenos Os antígenos são estruturas específicas reconhecidas pelo sistema imune. Eles podem ser proteínas, carboidratos, ácidos nucleicos, lipídeos ou pequenos agrupamentos químicos. O sistema imune pode reconhecer uma infinidade de coisas como antígeno, como componentes de bactérias, vírus, parasitas, alimentos, órgãos transplantados, ou até mesmo do nosso próprio organismo (o que pode causar uma série de patologias). 2. Imunoglobulinas As imunoglobulinas (Ig), também conhecidas como anticorpos são formadas a partir de linfócitos B ativados. As Ig são capazes não apenas de reconhecer uma extensa gama de antígenos, mas também são capazes de recrutar vários componentes do sistema imune para combater o patógeno invasor. As Ig possuem uma região constante, ou Fc, que se liga ao complemento, a fagócitos, células natural killers, ou outros elementos. Na outra extremidade elas possuem a região variável, também conhecida como Fab, capaz de se ligar a antígenos específicos. Existem milhões de moléculas de Ig com regiões de reconhecimento de antígeno diferentes. 3 2.1. Interação molecular do Ig com o antígeno As Ig reconhecem formas moleculares, também conhecidas como epítopos, dos antígenos. Quanto melhor um antígeno se encaixar numa Ig, tanto pela sua forma geométrica quanto por sua composição química, mais favorável será a ligação deles. Isso é importante porque se a afinidade da Ig e do antígeno for alta, mais eficaz será a defesa do organismo. IMPORTANTE! Os sítios de ligação da Ig podem ser de vários formatos e dimensões. As Ig que se ligam a proteínas têm superfície de reconhecimento maior quando comparadas àquelas que se ligam a carboidratos e peptídeos, esses por sua vez costumam conter mais fendas. Muitas vezes a Ig e o antígeno se encaixam perfeitamente, num modelo de chave e fechadura. Porém em outros casos tanto a Ig quanto o antígeno podem sofrer alterações localizadas de conformação para facilitar sua interação. 2.2. Ligação das Ig a antígenos específicos Cada célula B só é capaz de produzir um tipo específico de Ig. As células B expressam essa Ig na superfície da membrana plasmática para que haja reconhecimento do seu antígeno específico. Quando um antígeno entra em contato com o nosso organismo se depara com milhares de células B expressando Ig. Apenas a Ig específica será capaz de combinar-se perfeitamente ao antígeno. No momento que isso acontece os linfócitos B recebem um sinal ativador e se diferenciam em plasmócitos secretores de Ig, conforme representado na figura seguinte. Essa população clonal de Ig solúveis será capaz de ligar-se ao mesmo antígeno que o linfócito B que as originou. Dessa forma nosso organismo contará com um exército para combater esse patógeno em potencial. As Ig possuem regiões determinantes de complementaridade (CDR) que estabelecem contato com o epítopo. As CDR de cadeias pesadas contribuem mais expressivamente para a ligação ao antígeno. 4 Formação de Ig solúveis a partir da ativação de linfócitos B por ligação com antígeno 2.3. Expansão clonal Após o contato com o antígeno, os linfócitos B ativados se proliferam para formar vários clones de plasmócitos produtores das Ig específicas. A partir dessa seleção clonal são formadas Ig em concentrações suficientes para combater a infecção de maneira eficaz, conforme representado na figura a seguir. Expansão clonal de linfócito B ativado para produzir Ig específica para o antígeno 5 3. Memória imunológica adquirida Assim como acabamos de ver, após o primeiro contato de um patógeno com o organismo, onde uma Ig específica age como um receptor específico para o antígeno, são formados clones daquele linfócito B específico. Na próxima vez que nosso organismo entrar em contato com esse mesmo antígeno, o que faz sentido já que a tendência é entrarmos em contato várias vezes com bactérias, vírus e parasitas que nos cercam, alguns desses clones, vão se comportar como células de memória. Como podemos observar na prática, o sistema funciona dessa forma. É muito difícil que um mesmo indivíduo adquira duas vezes doenças como sarampo, catapora, caxumba, entre outras. Isso acontece justamente por causa dessa memória criada pelo organismo no primeiro contato com o antígeno. Quando nos deparamos com um patógeno, como um vírus por exemplo, pela primeira vez, é necessário um tempo até que uma população clonal de linfócitos B seja formada para finalmente se diferenciar em plasmócitos e gerar Ig específicas em quantidade suficiente para combater o vírus. Na próxima vez que nosso organismo encarar esse mesmo vírus, já contará com vários clones de linfócitos B específicos para o antígeno prontos para se diferenciar e produzir Ig. Esse processo é denominado resposta imunológica adquirida, e apresenta uma resposta à invasão pelo antígeno muito mais rápida que da primeira vez, conforme demonstrado na figura seguinte. 6 3.1. Vacina O conceito de memória imunológica adquirida é a base para o desenvolvimento de vacinas. A estratégia da vacina é preparar uma formainofensiva, incapaz de causar doença, de um agente infeccioso ou de sua toxina, mas que possua quantidades expressivas dos antígenos responsáveis pelo desenvolvimento das células de memória. Uma vacina pode ser feita a partir de microrganismos mortos ou vivos e atenuados, componentes microbianos purificados, ou antígenos modificados quimicamente. Exercícios 1. (Adaptado de UFMT, 2014) Todas as substâncias apresentadas a um organismo através das vias parenteral, cutânea, digestiva, aérea, ocular são capazes de estimular uma resposta específica dirigida à substância indutora. O trecho refere-se a: a. Anticorpo b. Células sanguíneas c. Antígeno d. Proteínas séricas e. Imunoglobulinas 2. (Autora, 2019) Sobre a interação do antígeno com as imunoglobulinas, assinale a alternativa incorreta: a. Quando um antígeno se liga à uma imunoglobulina na superfície de um linfócito B gera uma seleção clonal da imunoglobulina específica. b. As imunoglobulinas reconhecem epítopos dos antígenos. c. Uma imunoglobulina e um anticorpo são capazes de se ligar exclusivamente pelo modelo chave e fechadura. d. Os sítios de ligação das Ig possuem diferentes formatos e dimensões. e. Todas as alternativas estão corretas. 3. (Autora, 2019) Assinale a alternativa que completa a frase a seguir. Quando um indivíduo entra em contato com um vírus para o qual fez a vacina seu organismo gera ______________. a. Resposta imune inata b. Resposta imune adaptativa 7 Gabarito 1. Resposta correta: c. Os antígenos podem ser qualquer substância estranha ao organismo, que irá desencadear uma resposta imune. 2. Alternativa incorreta: c. O antígeno e a Ig podem sofrer alterações para facilitar a sua interação. 3. Resposta correta: b. Um indivíduo vacinado cria células de memória que serão ativadas da próxima vez que esse mesmo patógeno entrar em contato com o organismo. Resumo Uma das formas que o nosso organismo tem de combater patógenos em potencial é pela interação com as imunoglobulinas (Ig). As Ig se ligam à uma região específica do antígeno, denominada epítopo, através de complementaridade de estrutura geométrica e composição química. A ligação entre antígeno e Ig pode ser no modelo chave e fechadura, com um ótimo encaixe, mas também tanto o antígeno quanto a Ig podem sofrer alterações estruturais para melhorar sua interação. Quando um antígeno é reconhecido por uma Ig expressa na superfície de um linfócito B ocorre uma expansão clonal que gera inúmeras Ig idênticas àquela presente no linfócito original, além de células de memória. Como consequência disso, na próxima vez que o antígeno entrar em contato com o organismo a resposta imune será muito mais rápida e eficiente. 8 Referências bibliográficas DELVES, P. J. et al. Roitt - Fundamentos de Imunologia. Edição: 13a ed. [s.l.] Guanabara Koogan, 2018. ABBAS, A. Imunologia Celular e Molecular. Edição: Com Pin ed. [s.l.] Elsevier, 2015.
Compartilhar