Buscar

JORNALISMO LITERÁRIO E LIVRO-REPORTAGEM: ANÁLISE COMPARATIVA DAS OBRAS INSTINTO DE REPÓRTER, DE ELVIRA LOBATO E O RONCO DA POROROCA HISTÓRIAS DE UM REPÓRTER NA AMAZÔNIA, DE MARCOS LOSEKANN

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 61 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DE SINOP 
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO 
 
 
 
 
DAIANA CAROLINA SPIER 
 
 
 
 
 
JORNALISMO LITERÁRIO E LIVRO-REPORTAGEM: ANÁLISE 
COMPARATIVA DAS OBRAS INSTINTO DE REPÓRTER, DE ELVIRA 
LOBATO E O RONCO DA POROROCA – HISTÓRIAS DE UM 
REPÓRTER NA AMAZÔNIA, DE MARCOS LOSEKANN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sinop/MT 
2015
DAIANA CAROLINA SPIER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JORNALISMO LITERÁRIO E LIVRO-REPORTAGEM: ANÁLISE 
COMPARATIVA DAS OBRAS INSTINTO DE REPÓRTER, DE ELVIRA 
LOBATO E O RONCO DA POROROCA – HISTÓRIAS DE UM 
REPÓRTER NA AMAZÔNIA, DE MARCOS LOSEKANN 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Banca Avaliadora do Departamento de 
Jornalismo, da Faculdade de Sinop – FASIPE, 
como requisito para obtenção do título de 
Bacharel Comunicação Social – habilitação 
em Jornalismo. 
 
Orientadora: Professora Mestra Gabriela 
Scroczynski Fontes. 
 
 
 
Sinop/MT 
2015
 
 
II 
 
DAIANA CAROLINA SPIER 
 
 
JORNALISMO LITERÁRIO E LIVRO-REPORTAGEM: ANÁLISE 
COMPARATIVA DAS OBRAS INSTINTO DE REPÓRTER, DE ELVIRA 
LOBATO E O RONCO DA POROROCA – HISTÓRIAS DE UM 
REPÓRTER NA AMAZÔNIA, DE MARCOS LOSEKANN 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Comunicação 
Social - habilitação em Jornalismo – FASIPE, Faculdade de Sinop como requisito para 
obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social - habilitação em jornalismo. 
 
 
Aprovada em ___________________________________. 
 
_______________________________________ 
Professor Orientador 
Departamento de Jornalismo 
FASIPE – Faculdade de Sinop 
 
 
_______________________________________ 
Professor Avaliador 
Departamento de Jornalismo 
FASIPE – Faculdade de Sinop 
 
 
_______________________________________ 
Professor Avaliador 
Departamento de Jornalismo 
FASIPE – Faculdade de Sinop 
 
 
_______________________________________ 
Coordenador do Curso de Jornalismo 
FASIPE – Faculdade de Sinop 
 
 
 
 
 
 
Sinop-MT 
2015 
 
 
III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
À família, amigos e todos aqueles que se 
dispuseram a me ajudar, demonstrando 
paciência nesses meses difíceis e, que de 
alguma forma, estiveram perto de mim 
fazendo a vida valer a pena. Principalmente, a 
todos os professores do curso, que através de 
suas aulas obtive o conhecimento para o 
desenvolvimento deste trabalho de conclusão 
de curso. 
 
 
IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
- Acima de tudo a Deus, porque só por Ele 
cheguei até aqui. 
- Também, a Nossa Senhora Aparecida que me 
encaminhou na tomada de decisões me 
ajudando nessa caminhada. 
- Aos meus pais, Irene e Jolsemar pelo 
incentivo. 
- À professora orientadora, pois sem sua 
orientação não teria tido êxito neste trabalho. 
- Aos demais professores do curso, pois sem as 
aulas não teria sido possível adquirir o 
conhecimento necessário para realizar o 
trabalho. 
- Alguns colegas do curso, pelas palavras de 
apoio e sugestões durante o desenvolvimento 
do trabalho. 
- A todos que, de algum modo colaboraram 
com a pesquisa e a minha aprendizagem. 
 
 
V 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
 
“Por longa que seja a caminhada, o mais 
importante é dar o primeiro passo.” 
 
Vinícius de Moraes 
 
 
VI 
 
SPIER, Daiana Carolina. Jornalismo Literário e Livro-Reportagem: Análise Comparativa 
das Obras Instinto de Repórter, de Elvira Lobato e o Ronco da Pororoca – Histórias de 
um Repórter na Amazônia, de Marcos Losekann. 2015. 60 folhas. Monografia de 
Conclusão de Curso. FASIPE – Faculdade de Sinop. 
 
 
RESUMO 
 
 
A ideia de produzir este trabalho surgiu da curiosidade a respeito do jornalismo literário, mais 
precisamente, sobre livro-reportagem. Pois, apesar dos livros serem de uma mesma categoria, 
aparentemente existem muitas diferenças com relação ao conteúdo produzido. Por isso, a 
proposta é fazer uma análise comparativa entre duas obras deste gênero, sendo elas: Instinto 
de Repórter, da autora Elvira Lobato e O Ronco da Pororoca – Histórias de um Repórter na 
Amazônia, do autor Marcos Losekann. Por meio de pesquisa, foi possível adquirir 
informações sobre o surgimento e as caratectísticas dos livros-reportagens. Com a pesquisa 
bibliográfica, o trabalho adquiriu respaldo científico. Para facilitar a divisão, visão e 
compreensão dos dados analisados e previamente apresentados, foi construído um esquema 
comparativo dividido em tópicos. O motivo da escolha desses livros foi pelo fato dessas duas 
obras juntas não terem sido utilizadas em pesquisas e trabalhos científicos com a finalidade de 
comparação. 
 
Palavras-chave: Análise Comparativa. Jornalismo Literário. Livro-Reportagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII 
 
SPIER, Daiana Carolina. Literary Journalism and Book Report: Comparative Analysis of 
works Elvira Lobato’s Instinct reporter and Marcos Losekann The Ronco of Pororoca - 
Stories of a reporter in the Amazon. 2015. 60s. Monograph’s couse conclusion – FASIPE – 
College of Sinop. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The origin this work has arisen from the curiosity about the literary journalism, specifically 
about book report. Because for although the books were from the same category, apparently 
there are many differences from the produced content. Therefore, the proposal is to make a 
comparative analysis between two works of this genre, being them: Elvira Lobato’s Instinct 
reporter and Marcos Losekann The Ronco of Pororoca - Stories of a reporter in the Amazon. 
Through researches, it was possible to acquire information about the arisings and 
caratectisticas of books reportages. Through bibliografy researches the project acquired 
scientific support. To facilitate the division, vision and understanding of the data analyzed and 
previously presented a comparative scheme divided into topics was built. The reason for the 
choice this books was because of these two works together haven’t been used in research and 
scientific works for the purpose of comparison. 
 
Keywords: Analysis. Literary journalism. Book reporter. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
SUMÁRIO 
 
 
CAPÍTULO I ..................................................................................................................... 10 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 10 
1.1 Justificativa .................................................................................................................. 11 
1.2 Problematização........................................................................................................... 12 
1.3 Hipóteses ....................................................................................................................... 12 
1.4 Objetivos ....................................................................................................................... 131.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 13 
1.4.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 13 
CAPÍTULO II .................................................................................................................... 14 
REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 14 
2.1 O Conceito de Jornalismo ........................................................................................... 14 
2.2 O Conceito de Literatura ............................................................................................ 16 
2.3 História do Jornalismo Literário ............................................................................... 18 
2.3.1 New Journalism .......................................................................................................... 19 
2.3.2 Gonzo Journalism ....................................................................................................... 21 
2.4 O Jornalismo Literário no Brasil ............................................................................... 22 
2.5 As Ramificações do Jornalismo Literário ................................................................. 25 
2.5.1 Convergência Entre Jornalismo Literário e Jornalismo Cultural ............................... 26 
2.6 O Surgimento do Livro-Reportagem ......................................................................... 28 
2.6.1 Características do Livro-Reportagem ......................................................................... 29 
CAPÍTULO III .................................................................................................................. 34 
METODOLOGIA .............................................................................................................. 34 
CAPÍTULO IV ................................................................................................................... 37 
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .............................................................. 37 
4.1 Instinto de Repórter .................................................................................................... 37 
4.2 O Ronco da Pororoca – Histórias de um Repórter na Amzônia ............................. 40 
4.3 Análise Comparativa das Obras ................................................................................ 47 
4.3.1 Temática ................................................................................................................... 47 
4.3.2 Angulação ................................................................................................................. 48 
4.3.3 Demarcação Espaço-Temporal ................................................................................. 49 
 
 
IX 
 
4.3.4 Abordagem dos Fatos ............................................................................................... 50 
4.3.5 Angulação Propósito ................................................................................................ 52 
4.3.6 Angulação Linguagem .............................................................................................. 52 
CAPÍTULO V .................................................................................................................... 55 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 55 
REFERÊNCIA ................................................................................................................... 58 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Neste trabalho de conclusão de curso, o conteúdo proposto pela pesquisadora foi uma 
pesquisa sobre jornalismo literário e livro reportagem, com o objetivo de fazer uma análise 
comparativa das obras Instinto de Repórter, da autora Elvira Lobato e O ronco da Pororoca – 
Histórias de um repórter na Amazônia, do autor Marcos Losekann. Não é o mais correto 
intitular esta proposta como uma curiosidade, mas sim uma necessidade, com a finalidade de 
obter respostas acerca da maneira como os livros reportagem são produzidos. 
Para o desenvolvimento do trabalho não houve grandes dificuldades. Houve um 
longo período de tempo dedicado a leitura, pesquisa e produção desta monografia. Após o 
embasamento teórico necessário e a leituras dos exemplares das obras escolhidas, foi possível 
iniciar e concluir a pesquisa proposta. 
Durante o projeto foi possível contextualizar o jornalismo literário chegando a suas 
caraceteristicas atuais e objetivos. Também foi possível averiguar pontos em comum e pontos 
divergentes sobre os livros-reportagem. O aprofundamento da discussão foi feito com base em 
informações contidas em livros de diversos autores que abordam temas voltados a esse estilo 
de jornalismo, incluindo os dois livros analisados. 
Outro ponto importante neste trabalho é referente à linguagem e narrativa presente 
nas obras. Pelo fato de existirem diversos formas de classificação da linguagem, uma das 
propostas foi analisar qual a linguagem utilizada por cada autor e, se de alguma maneira, ela 
contribui para o desenvolver da história, qual a sua finalidade. 
Dessa forma, este trabalho está organizado em cinco parte. O capítulo I apresenta a 
problematização a ser resolvida, os objetivos a serem alcançados, hipóteses a serem 
comprovadas e uma justificativa do quão importante é realizar esta pesquisa. 
O capítulo II traz a parte teórica sobre a discussão de jornalismo literário e livro 
reportagem tendo como alicerce diversos autores dentre eles Edvaldo Pereira Lima (1998), e 
11 
 
 
 
Felipe Pena (2009). Uma vez que o foco é explicar quais elementos podem diferenciar as 
obras estudadas, foi necessário contextualizar diversos pontos para que a análise pudesse ser 
feita. 
O Capítulo III relata a metodologia utilizada, assim como os tipos de pesquisa para 
esclarecer as principais dúvidas em relação ao projeto, a população, neste caso foi todo o 
universo do livro-reportagem e a amostra escolhida foram os livros obras Instinto de Repórter 
de Elvira Lobato e O Ronco da Pororoca – Histórias de um Repórter na Amazônia de Marcos 
Losekann. 
O capítulo IV traz a pesquisa comparativa entre as obras divididas em seis tópicos 
com o intuito de facilitar a compreensão dos dados analisado, são eles: temática; angulação; 
demarcação espaço-temporal; abordagem dos fatos (relação entre o tema central e assuntos 
periféricos); propósito; e linguagem. 
E, por fim o capítulo V traz as considerações finais com as respostas encontradas 
mediante a pesquisa feita e pontuando os fatos relevantes deste trabalho de conculsão de 
curso. 
 
1.1 Justificativa 
O jornalismo literário vem ganhando destaque ao longo dos anos. É uma 
especialidade diferente das quais os veículos de comunicação estão acostumados a usar 
diariamente. É possível perceber que esses veículos optam por dar mais espaço a outras 
editorias e estilos, como política, policial, esporte que, aparentemente tem um número maior 
de público . 
Pode-se afirmar que a inserção da literatura na comunicação resultou em um 
jornalismo atrativo e mais leve, apesar de tratar de temas fortes como por exemplo o policial. 
Muitos jornais ainda não são adeptos e, por conta disso, destinam pouco espaço de suas 
edições a esse estilo. 
Alguns acadêmicos, jornalistas e especialistas buscam estudar o jornalismo literário. 
Prova disso são inúmeros trabalhos de conclusão de curso, reportagens, artigos científicos, 
entre outros. Entretanto, a maioria buscaesse jornalismo como uma alternativa para a solução 
da crise que o impresso enfrenta. 
Dentro do jornalismo literário existem diversas vertentes; uma delas, que 
dificilmente é abordada, é o livro-reportagem. Neste trabalho em específico, a proposta é 
fazer uma análise de obras que juntas não foram utilizadas em pesquisas e trabalhos 
12 
 
 
 
científicos com a finalidade de comparação. São elas: Instinto de Repórter, da autora Elvira 
Lobato e O Ronco da Pororoca – Histórias de um Repórter na Amazônia, de Marcos 
Losekann. 
Dentro dessa análise procura-se comparar os elementos presentes em ambos os 
livros, a fim de identificar aspectos de um livro-reportagem, assim como considerações a 
respeito das histórias retratadas. 
Na visão de pesquisadora, torna-se indispensável uma pesquisa que aborde essa área 
do jornalismo. Ainda surgem algumas dúvidas com relação a esse estilo e deve ficar bem 
claro que as notícias não podem ser ficção, elas obrigatoriamente devem ser verdadeiras. Por 
isso que o jornalismo literário também é conhecido como literatura da realidade. 
Por ser um estilo jornalístico bem diferente do tradicional, esse estilo tem a 
possibilidade de atrair um público diferente para o veículo, ou o autor que optar pelo uso da 
literatura no jornalismo. Afinal não é todo mundo que é fiel ao tradicional lead, utilizado na 
maioria das matérias. 
O jornalismo literário possibilita uma extensão maior, comparada às matérias 
publicadas diariamente, sem contar que dentro desse gênero existem outras possiblidades 
como, por exemplo, o livro-reportagem, que posssiblita uma matéria bem trabalhada com 
riqueza de detalhes. 
Sendo assim, é importante uma pesquisa tendo como objeto de análise duas obras 
que retratam fatos importante para todos aqueles que, como diz Elvira Lobato, “de um modo 
ou de outro, veem suas vidas afetadas pela atividade jornalística. Quer dizer: todos nós”. 
 
1.2 Problematização 
Quais elementos diferem uma obra da outra sendo que ambas pertencem a mesma 
categoria, livro-reportagem? 
 
1.3 Hipóteses 
 H1 – Existem pelo menos duas formas de contar uma história através de um livro-
reportagem; 
H2 – O livro-reportagem obrigatoriamente representa a abordagem de uma história 
real; 
H3 – Existem diferenças significativas na linguagem e na narrativa dos dois livros 
analisados; 
13 
 
 
 
H4 – Os livros-reportagem surgiram com o objetivo de mostrar assuntos de grande 
importância que devem permanecer disponíveis a todos os públicos por tempo indeterminado. 
 
1.4 Objetivos 
 
1.4.1 Objetivo Geral 
Mostrar em um estudo monográfico a análise comparativa das obras Instinto de 
Repórter, de Elvira Lobato, e O Ronco da Pororoca – Histórias de um Repórter na Amazônia, 
de Marcos Losekann, identificando quais elementos são utilizados em cada uma delas. 
 
1.4.2 Objetivos Específicos 
OBJ. 1 – Mostrar as diferentes formas de abordagem de histórias em um livro-
reportagem; 
OBJ. 2 – Identificar quais são os elementos obrigatórios para compor um livro-
reportagem; 
OBJ. 3 – Analisar o surgimento do gênero livro-reportagem, verificando se houve 
grande mudanças no gênero com o passar dos anos; 
OBJ. 4 – Diferenciar qual a linguagem e a narrativa utilizada em cada uma das obra. 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
Neste capítulo será apresentada toda a parte teórica deste trabalho de conclusão de 
curso. Com a subdivisão em tópicos, tratará com mais clareza sobre a análise comparativa das 
obras Instinto de repórter e O Ronco da Pororoca - Histórias de um Repórter na Amazônia. O 
conteúdo trata, desde os conceitos de jornalismo, literatura e jornalismo literário, até a 
estrutura de um livro reportagem e a comparação da linguagem, narração e abordagem de 
cada uma das obras. 
Pensando na qualidade da análise, foram adicionadas o máximo de informações a 
respeito do surgimento e da elaboração de um produto que faz parte do jornalismo literário: o 
livro reportagem. 
 
2.1 O Conceito de Jornalismo 
O jornalismo é um serviço profissional que tem como finalidade transformar uma 
informação em notícia e repassá-la para as demais pessoas. O jornalista é a pessoa 
responsável em selecionar essas informações úteis e procurar a melhor maneira, para que elas 
cheguem até o público. 
 
Jornalismo é a luta intensa pela conquista da atenção de seu alvo, a população, 
utilizando a imparcialidade para mostrar os acontecimentos mundiais para as mais 
distintas regiões populacionais, mundando o consentimento do mundo dia a dia, 
sempre de forma [...] e justa (NETO, 2013, p.9). 
 
A história do jornalismo é muito antiga. O primeiro jornal de que se tem registro é o 
Acta Diurna de 69 a.C., seu principal objetivo era informar os acontecimentos de Roma, 
conforme mandava o Júlio Cesar. No século VIII começa a aparecer os jornais escritos a mão 
15 
 
 
 
e no século XV, por volta do ano de 1446, Gutemberg criou a prensa, nascendo assim jornais 
mais modernos. 
Entretanto, alguns estudiosos afirmam que não existe certeza sobre a origem exata do 
jornalismo. 
 
Não há consenso sobre as origens do jornalismo. Para muitos pesquisadores, ele 
começa junto com a primeira comunicação humana, ainda na Pré-História. Mas 
outros localizam o início muito mais tarde, entre os séculos XVIII e XIX, quando 
suas características modernas já podem ser identificadas. [...] Para mim, a natureza 
do jornalismo está no medo. O medo do desconhecido, que leva o homem a querer 
exatamente o contrário, [...] E assim, ele acredita que pode administrar sua vida de 
forma mais estável e coerente, sentindo-se um pouco mais seguro para enfrentar o 
cotidiano aterrorizante de seu meio ambiente. Mas, para isso, é preciso transpor 
limites, superar barreiras, ousar. Entretanto, não basta produzir cientistas e filósofos, 
ou incentivar navegadores, astronautas e outros viajantes a desbravar o 
desconhecido. Também é preciso que eles façam relatos e reportem suas 
informações a outros membros da comunidade que buscam a segurança e a 
estabilidade do “conhecimento”. A isso, sob certas circunstâncias éticas e estéticas, 
posso chamar jornalismo. (PENA, 2007, p. 44) 
 
Independente da data que o jornalismo tenha começado ele é uma profissão muito 
importante para todos. Esse profissional é o responsável por ir em busca de informações, para 
que as demais pessoas também saibam o que está acontecendo. Nesse contexto, o termo 
jornalismo é misturado ao termo comunicador, o que deixa as pessoas um pouco confusas 
quanto ao significado. 
 
O jornalismo é tratado como uma profissão de comunicação. Mas o termo 
comunicador é frequentemente usado para definir toda a organização os meios de 
comunicação. Quem quer que passe informação opinião ou entretenimento aos 
receptores ou participe de alguma maneira em tal processo esta compreendido nessa 
categoria – que inclui tanto o chofer dos veículos e organização radiotelefônica 
quanto o vendedor porta a porta ou mesmo o jornaleiro (KUNCKZIK, 2002, p.15). 
 
Mario Erbolato, em seu livro, Técnicas de Codificação do jornalismo, afirma que 
dentro do jornalismo “há necessidade de separarmos os três aspectos da divulgação de um 
fato: informação, interpretação e opinião” (2008, p.34). Dessa forma, o jornalismo também 
está dividido nos mesmos três aspectos. 
 
a) jornalismo informativo: ênfase à notícia objetiva, à informação pura, imparcial, 
impessoal e direta; limita-se a narrar os fatos; 
b) jornalismo opinativo: representado atualmente pelos editoriais e em alguns 
artigos e crônicas, expressa a opinião do seu autor sob o pontode vista expresso, 
fazendo juízo sobre o assunto; 
c) jornalismo interpretativo: é o desdobramento e o aprofundamento da notícia, 
graças à investigação, cujo desenvolvimento se deve muito à tecnologia 
(HOHLFELDT; VALLES, 2008, p. 60). 
16 
 
 
 
Portanto, a profissão do jornalista requer muito mais responsabilidade, além de ter 
várias especializações, que a pessoa “comunicador” não precisa, necessariamente. Por isso, 
alguns autores consideram como profissão principal o jornalismo e não o comunicador. 
“Jornalismo [...], é uma [..] batalha geralmente sutil e que se usa uma arma de 
aparência extremamente inofensiva: a palavra [...]. Mas uma batalha nem por isso menos 
importante do ponto de vista político e social” (ROSSI, 2000, p.7). 
Sendo assim, independente do surgimento dessa atividade, o jornalismo consiste em 
relatar e apurar informações antes de transformá-la de maneira clara, imparcial e objetiva para 
o público. 
 
Em jornalismo, uma informação objetiva é uma informação fiel ao que relata, 
precisa no que diz. Em sentido mais amplo, objetividade significa apurar 
corretamente, ser fidedigno, registrar as várias versões de um acontecimento. É 
também ser criterioso, honesto e impessoal (BAHIA, 2009, p.23-24). 
 
Essas informações, obrigatoriamente devem ser verdadeiras, ou seja, as pessoas 
devem confiar e ter a certeza de que a notícia repassadas a elas não é algo de ficção. 
 
2.2 O Conceito de Literatura 
A palavra literatura é originária do latim, litteras, que significa a arte de dominar as 
letras. É uma manifestação artística que dentre suas finalidades está recriar uma realidade a 
partir da visão do autor. Neto (2013, p. 9), por exemplo descreve a literatura como “o espelho 
da humanidade e, suas histórias são transportadas a cada geração através das páginas de um 
livro, onde o autor pontua sobre a época em que vive”. Já o sociólogo Antônio Candido 
conceitua de maneira diferente. 
 
A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de 
uma estilização formal da linguagem, que propõe um tipo arbitrário de ordem para 
as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à 
realidade natural ou social, e um elemento de manipulação técnica, indispensável à 
sua configuração, e implicando em uma atitude de gratuidade (CANDIDO, 1972, p. 
53, apud PINTO, 2010, p. 451). 
 
A origem da literatura vem desde os primórdios da humanidade. Apesar de ainda não 
dominarem a escrita, essas informações eram passadas de forma oral como, por exemplo, 
canções e lendas. A partir da escrita começaram a surgir desenhos, pinturas, demonstrações 
de arte e outras formas de armazenarem essas informações, as escritas em papiros e 
17 
 
 
 
pergaminhos. Com a escrita é possível perceber a evolução da humanidade e a mudança das 
técnicas literárias. 
Talvez a literatura mais antiga e, que ao mesmo tempo está muito próxima, é a 
grego-romana que teve influência na Europa e posteriormente em todo o ocidente. 
 
As histórias [...] são [...] milenar espinha dorsal da civilização ocidental. Abarcando 
as principais raízes da mitologia antiga, [..] engloba a história da humanidade tal 
como ela era vista pelos antigos gregos e romanos: de onde surgiu o Universo, como 
apareceram os homens, a descoberta do fogo e variados estágios de desenvolvimento 
do ser humano. [...] As [...] lendas surgiram de maneira espontânea, da imaginação 
popular, quando os registros da linguagem verbal eram muito diferentes da escrita de 
hoje, a caneta ou a computador: o conhecimento de então era passado oralmente 
através de gerações, daí a matriz necessariamente flexível da mitologia 
(FRANCHINI, 2007, p. 9). 
 
No Brasil, a literatura nasceu com a chegada dos europeus que precisavam armazenar 
informações sobre a região que estava sendo colonizada. É nesse período que pode-se 
observar os primeiros sinais. A carta que Pero Vaz de Caminha enviou para o Rei de Portugal 
foi a primeira crônica considerada nacional. 
 
A carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel assinala o momento em que, 
pela primeira vez, a paisagem brasileira desperta o entusiasmo de um cronista, 
oferecendo-lhe matéria para o texto que seria considerado a nossa certidão de 
nascimento. Se a carta inaugura o nosso processo literário é bastante discutível. [...] 
Indiscutível, porém, é que o texto de Caminha é criação de um cronista no melhor 
sentido literário do termo, pois ele recria com engenho e arte tudo o que ele registra 
no contato direto com os índios e seus costumes naquele instante de confronto entre 
a cultura europeia e a cultura primitiva (SÁ, 1985, p. 5-6). 
 
Assim como no jornalismo encontra-se subvisões como matéria, reportagem, nota, na 
literatura também há essas divisões. São livros, poemas, crônicas, que vão sofrendo alteração 
ao longo dos anos. 
O conceito do que é literatura pode mudar de acordo com a época, isso quer dizer 
que a literatura está relacionada ao tempo histórico. Ela está dividida e organizada de maneira 
temporal com o estilo da época, conhecidos como Escolas Literárias. São elas: Barroco, 
Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-
Modernismo, Modernismo e Pós-Modernismo. 
 
 
 
 
18 
 
 
 
2.3 História do Jornalismo Literário 
Jornalismo literário é uma vertente do jornalismo em que é ultrapassado o limite dos 
acontecimentos do dia a dia e proporciona algo mais amplo que características da literatura. 
Para Pena, o conceito é mais amplo do que se acredita. 
 
Afinal, o que é jornalismo literário? Não se trata apenas de fugir das amarras da 
redação ou de exercitar a veia literária em um livro-reportagem. O conceito é muito 
mais amplo. Significa potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites 
dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer 
plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lide, evitar os 
definidores primários e, principalmente, garantir perenidade e profundidade aos 
relatos (PENA, 2007, p. 48-49). 
 
Esse jornalismo, pelo fato de ser escrito de uma forma mais leve proporciona ao 
público uma visão mais completa do assunto, isso porque, com a junção de dois tipos de texto 
aumenta a profundidade do assunto. Outra característica, é o fato de não ter tanta preocupação 
com o prazo de entrega das matérias. 
Muitos autores afirmam que a relação entre jornalismo e literatura vem de muito 
tempo. O conceito jornalismo literário no Brasil surgiu no século XX apesar de ser já 
utilizado há algum tempo. 
Pode-se afirmar que a influência da literatura no jornalismo se intensificou entre os 
séculos XVIII e XIX com a criação dos folhetins. Esse novo gênero literário trouxe a 
aproximação dos dois conceitos e aumentou a venda de jornais. 
 
Primeiro por causa da linguagem utilizada e, segundo, pela enorme presença de 
escritores na imprensa, seja como editores, repórteres e cronistas, seja como autores 
de folhetins, narrativas romanescas cujos capítulos eram publicados nos periódicos e 
atraíam um grande número de leitores (PENA, 2008, p.40). 
 
As construções textuais e narrativas do jornalismo e da literatura apresentam alguns 
pontos semelhantes enquanto outros diferem-se completamente, o que levanta uma série de 
discussões e questionamentos entre os estudiosos. 
Segundo Nicolato, Jornalismo e Literatura: 
 
[...] se confluem e divergem, numa contaminação incessante que se dá em maior ou 
menor grau, na medida em que cada um deles é ameaçado por crises de criatividade 
ou quando suas funções ou representatividades estão em xeque, numasociedade em 
contínuo processo de mudanças (NICOLATO, 2006, p. 2, apud ADAMY, 2008, p. 
8). 
 
19 
 
 
 
Apesar de estarem diretamente ligados, o jornalismo e a literatura estavam 
misturados até o início do século XX, isso porque os escritores também atuavam como 
repórteres. Porém, com o tempo eles foram se desenvolvendo de forma paralela, por isso 
alguns dos pontos são tão diferentes. 
Embora seja um tema amplo e bastante discutido não chegou-se a um consenso de 
quem foi o precursor do jornalismo literário, embora Pena afirme o contrário. Segundo o 
autor: 
 
[...] alguns historiadores consideram Daniel Defoe o primeiro jornalista literário 
moderno. Ele era um influente editor no começo do século XVIII, [...]. Ficou 
conhecido por seus romances, mas foi em 1725, por uma série de reportagens 
policiais em que misturou Literatura e Jornalismo, utilizando as técnicas narrativas 
de seus romances para tratar de fatos reais, que começou a atuar na imprensa 
(PENA, 2008, p. 52-53). 
 
Outro exemplo famoso de jornalismo literário é a obra europeia, Madame Bovary, 
que foi publicada em livro e não em jornais. 
 
Num primeiro movimento, o jornalismo bebe na fonte da literatura. Num segundo, é 
esta que descobre, no jornalismo, fonte para reciclar sua prática, enriquecendo-a 
com uma variante bifurcada em duas possibilidades: a de representação do real 
efetivo, uma espécie de reportagem- com sabor literário-dos episódios sociais, e a 
incorporação de estilo de expressão escrita que vai aos poucos diferenciando o 
jornalismo, com suas marcas distintas de precisão, clareza, simplicidade (LIMA, 
2004, p.178, apud OLIVEIRA; LEAL, 2013, p. 4). 
 
De um modo geral, essa vertente do jornalismo, a literatura da realidade possibilita 
que a notícia seja passada de uma forma menos mecânica e mais diversificadas. A união da 
técnica de escrito dos dois gêneros possibilita ao jornalista ser mais detalhista em suas 
reportagens. 
Uma linguagem que agrade, unida às técnicas jornalísticas e literárias possibilita 
grandes matérias, que desde os primeiros anos de uso tem agradado ao público brasileiro. 
 
2.3.1 New Journalism 
O New Journalism, ou simplesmente, Jornalismo Novo nasceu nos Estados Unidos 
na década de 1960 quando duas revistas Esquire e Herald Tribune, publicaram algumas 
reportagens especiais. Os jornalistas Gay Talese, Jimmy Breslin e Tom Wolfe assinaram 
essas matérias. Tom Wolfe é opontado por alguns estudiosos como o precursor do New 
20 
 
 
 
Journalism devido a sua declaração sobre as origem e as principais características desse 
gênero. A explicação foi a seguinte: 
 
Duvido que muitos dos que irei citar neste trabalho tenham se aproximado do 
jornalismo com a menor intenção de criar um novo jornalismo, um jornalismo 
melhor, ou uma variedade ligeiramente evoluída. Sei que jamais sonharam que nada 
do que escrevessem para jornais e revistas fosse causar tal estrago no mundo 
literário [...] provocar pânico, roubar da novela o trono de maior dos gêneros 
literários, dotar a literatura norte-americana de sua primeira orientação nova em 
meio século [...] (WOLFE, 1976, p. 9, apud NETO, 2013, p.13). 
 
No início dos anos 1960 existia uma divisão nas redações norte-americanas. A 
divisão era entre jornalistas que produziam as matérias “quentes” e os que produziam matérias 
“frias”. Os “furos de reportagem” tinham lugares privilegiados nos jornais, já as outras 
matérias ficavam nos demais espaços que sobravam. “Os jornais americanos da época davam 
mais ênfase ao jornalista que conseguia a notícia, ou o furo de reportagem, do que ao que se 
dedicava a fazer uma minuciosa reportagem” (NETO, 2013, p.13). 
Dessa forma, os "especialistas em reportagem", adquiriam um pouco de liberdade na 
escrita, com isso, aos poucos o new journalism foi colocado nos jornais, “afiando suas armas, 
mergulhando cada vez mais fundo na realidade em rápida transformação, sentindo de perto e 
por dentro, o pulsar da sociedade americana em conflito consigo mesma [...]” (LIMA, 2009, 
p.194, apud FERREIRA, 2010, p. 37). 
Logo de início, o novo jornalismo não agradou o público norte americano. “Foi 
preciso que uma tragédia acontecida no interior dos Estados Unidos para impulsionar o 
gênero” (NETO, 2013, p.13). Essa tragéda foi publicada em livro-reportagem com o nome de 
“A Sangre Frio”. 
Algum tempo depois, após a publicação do livro em feveiro de 1966, o gênero 
passou a fazer parte da cultura americana. 
 
Pela primeira vez um escritor de renome flertava com a até então "forma bastarda", 
o que não só conferiu ao gênero a legitimidade de que precisava como devolveu a 
Capote o prestígio que outrora teve, desta vez ainda mais pronunciado. [...] Para 
escrever A Sangue Frio, Capote passou cinco anos reconstituindo a história com o 
máximo de informações que pode obter. O trabalho começou em 1959 
(CZARNOBAI, 2003, p. 21). 
 
O new journalism trouxe uma nova forma de produção de notícia deixando de lado o 
lead, assim ganhando espaço e o público americano. 
21 
 
 
 
Tom Wolfe concorda que o movimento new journalism se deu mais por outros meios 
do que por uma teoria específica. “A reconstrução da história cena a cena, registra diálogos 
completos, apresenta as cenas pelo ponto de vista de diferentes personagens e registra hábitos, 
roupas, gestos e outras características simbólicas dos personagens”. (PENA, 2006, p.54, apud 
NETO, 2013, p.14). 
Diante disso é importante lembrar “que os new journalists abriram aos demais 
profissionais do campo jornalístico, uma porta de vastas possibilidades, tanto em publicações 
periódicas, quanto em livros” (FERREIRA, 2010, p. 38). As influências continuam presentes 
nas imprensas de várias partes do mundo. 
 
2.3.2 Gonzo Journalism 
O gonzo journalism é uma das vertentes do new journalism. Além de ser considerado 
versão mais radical, suas principais características são a falta de objetividade e parcialidade. 
Esse termo foi desenvolvido por Hunter S. Thompson, que o define como “um estilo de 
reportagem baseada na ideia de William Faulkner, de que a melhor ficção é muito mais 
verdadeira que qualquer tipo de jornalismo – e os melhores jornalistas sempre souberam 
disso” (THOMPSON, 2004, p.46, apud OLIVEIRA, 2014, p. 27). Thompson mudou a 
maneira de olhar as notícias e adotou um estilo diferente das regras tradicionais, assim o estilo 
Gonzo passou a ser divulgado em 1970. 
A origem da palavra Gonzo vem do francês gonzeaux, que significa via iluminada ou 
ainda caminho iluminado, como mostra a seguinte passagem. 
 
[...] Cardoso, que era jornalista, afirma que "gonzo" é na verdade uma corruptela de 
uma palavra francesa canadense ", gonzeaux", que significa "caminho brilhante [...] 
Enquanto a meu conhecimento tal palavra não existe, dicionários de gírias modernas 
especulam que é espanhol, talvez depois de gonzaga, que significa "bobo". Entanto, 
'gonzo' integrou um conjunto no volume 20 + do Dicionário Oxford de Inglês 
(OTHITIS, 1994, apud RODRIGUES, 2012, p. 31). 
 
Dentro desse estilo, pode-se afirmar que existem quatro caraceterísiticas muito 
importantes. São elas: 
 Captação participativa; 
 Dificuldade de discernir ficção da realidade; 
 Consumo de drogas; 
 Uso de narrador na primeira pessoa. 
 
22 
 
 
 
Mesmo com a linguagem frenética e o uso constante do humor-cínico e dos 
palavrões, o texto do autor se apresenta, dentro do jornalismo, como narrativo. No 
jornalismo gonzo algumas características estão presentes, como: narrativa em 
primeira pessoa, utilização do humor, opinião e uso de palavrões (OLIVEIRA, 
2014, p. 29). 
 
Alguns autorestêm uma percepção ampla do que venha a ser gonzo journalism, mas 
de acordo com Thompson esse estilo requer alguns detalhes, como o talento e o fato de não 
utilizar apenas uma técnica de escrita, é preciso que o jornalista participe da situação e utilize 
técnicas como a escrita e a gravação, caso seja necessário. 
 
Gonzo requer os talentos de um mestre do jornalismo, o olho de um artista/fotógrafo 
e os colhões firmes de um ator. Porque o escritor precisa participar da cena enquanto 
escreve sobre ela – ou pelo menos gravá-la, ou mesmo desenhá-la. Ou as três coisas. 
Provavelmente a analogia mais próxima do ideal seria um diretor/produtor de 
cinema que escreve seus próprios roteiros, faz seu próprio trabalho de câmara e de 
algum modo consegue filmar a si mesmo em ação, como protagonista ou pelo 
menos um dos personagens principais (THOMPSON, 2004, p. 47, apud GERSON; 
RITTER, 2012, p. 143). 
 
Desta maneira o Jornalismo Gonzo é composto por elementos que, na grande maioria 
das vezes não é utilizado para produzir uma reportagem. A narrativa na primeira pessoa e o 
fato de não prezar a imparcialidade, são as principais. 
 
2.4 O Jornalismo Literário no Brasil 
O jornalismo literário começou a se desenvolver no Brasil durante século XIX por 
meio dos folhetins. Um dos grandes responsáveis pela escrita com a união de jornalismo e 
literatura foi Euclides da Cunha, em um trabalho para o jornal O Estado de São Paulo, que 
originou a obra Os Sertões. 
Os primeiros jornalistas brasileiros eram escritores, por isso “para alguns autores, 
trata-se simplesmente do período da história do jornalismo em que os escritores assumiram as 
funções de editores, articulistas, cronistas e autores de folhetins, mais especificamente, o 
século XIX” (PENA, 2007, p. 56). 
Outro escritor que também é considerado um dos responsáveis, foi Machado de 
Assis, um grande escritor de folhetins, cronista e trabalhou para os jornais Gazeta e Notícias e 
Correio da Pena. Outro jornalista conhecido é Paulo Barreto, que utilizava o pseudônimo de 
João do Rio. Em seus textos foram retratados com riqueza de detalhes lugares simples, como 
por exemplo, as ruas pobres do subúrbio carioca. Também são lembradas outras produções 
23 
 
 
 
jornalísticas com cunho literário, como as do jornalista Lima Barreto, José de Alencar, 
Manuel Antônio de Almeida. 
 
Procuramos estabelecer duas datas para delimitar o período que definimos como o 
do jornalismo literário brasileiro. Podemos considerar o início dessa fase a 
publicação em folhetim do romance de Manuel Antonio de Almeida, Memórias de 
um Sargento de Milícia, no Correio Mercantil, entre 27 de junho de 1852 e 31 de 
julho de 1853, e a entrada de José de Alencar para o mesmo jornal (HÉRIS, 2002, p. 
53, apud NETO, 2013, p.16). 
 
Dentre os principais autores e obras do jornalismo literário também pode-se destacar: 
Zuenir Ventura com o livro “Cidade Partida”; Fernando Maris com os livros “Olga”, 
“Corações Sujos”, “O Mago” e Mário Sérgio Conti com as obras “Notícias do Planalto”, “A 
Imprensa” e “Fernando Collor”. 
Uma das primeiras revistas a utilizar o gênero literário foi a Revista O Cruzeiro. A 
revista foi lançada no dia 10 de novembro de 1928, fundada por Carlos Malheiros e publicada 
pelos Diários Associados, de propriedade de Assis Chateaubriend. A revista era apresentada 
como “contemporânea dos arranha-céus” (COELHO; RODRIGUES, 2002, p. 06). 
 
[...] a revista O Cruzeiro (sic) surgia com o compromisso de apresentar um Brasil 
moderno, sintonizado com os avanços tecnológicos de um mundo que se 
reorganizava após a Primeira Guerra Mundial.[...] a revista reflete as aspirações de 
um país que se preparava para uma nova era. As reportagens focavam o alcance da 
telefonia, a extensão do Correio Aéreo, o confronto do automóvel, as grandes 
construções, as estradas que facilitavam as comunicações entre os estados da 
Federação. [...] Cruzeiro era a cara do Rio. Um Rio que ditava modismos para todo o 
Brasil. Um Rio em que a febre da construção civil acelerava o mercado imobiliário e 
absorvia grande contingente de mão-de-obra. [...] Era, principalmente, a visão de um 
Rio alegre, cosmopolita, que aparecia nas páginas de Cruzeiro através do traço 
irônico dos seus humoristas, das belezas das “misses”, da moda, da música e do 
teatro. Mas era, também, o Rio capital da República, sede das grandes decisões 
políticas, econômicas e sociais. Um Rio que percebia e denunciava absurdos como a 
exploração dos nordestinos vindos nos “paus-de-arara” em busca de um sonho nunca 
realizado (MAIA, 2002, apud OLIVEIRA, 2014, p.36). 
 
Logo no início de 1930 pode-se perceber o destaque que a revista tinha e, aos poucos 
foi se tornando o maior veículo impresso do Brasil, símbolo de vendas por vários anos 
chegando a atingir a tiragem de mais de 700 mil exemplares semanais em 1950. 
 
A revista O Cruzeiro foi, durante algumas décadas, principalmente, nos primeiros 
anos de sua existência, uma espécie de espelho que refletia um Brasil diferente do 
que se conhecia e que se mostrava moderno, um Brasil exótico e desconhecido, além 
de novos valores e ideais, glórias e derrotas, origens e desdobramentos de fatos 
históricos de meados do século XX (LEAL, 2012, p. 39). 
 
24 
 
 
 
O auge do jornalismo literário foi no século XX. Durante essa época, o jornalismo 
literário estava presente na maioria dos veículos de comunicação, tanto que mais veículos a 
utilizar esse gênero, são eles: o Jornal da Tarde e a Revista Realidade em 1966, que em suas 
primeiras edições demostravam ser um concorrente à altura da Revista O Cruzeiro. 
 
A Revista Realidade foi uma das pioneiras desta modalidade jornalística no Brasil. 
Nascida em 1966, em pleno Grupo Abril, primava por reportagens muito bem 
produzidas, vindas à luz através de textos primorosos e atraentes. Ela foi inspirada 
no movimento corrente nos Estados Unidos entre os anos 60 e 70, o New 
Journalism, traduzido como Jornalismo Literário. Nomes de destaque brilharam 
nesta especialidade, além de Capote - Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer, 
Joseph Mitchel, entre outros. Esta prática do texto jornalístico mesclado com 
elementos da literatura também foi exercida quase involuntariamente por escritores 
talentosos como Euclides da Cunha, em sua obra-prima “Os Sertões”, João do Rio, 
jornalista e escritor, e o autor colombiano Gabriel García Márquez (SANTANA, 
Info Escola, 2011, apud PEREIRA; FENALTI, 2014, p. 23). 
 
A Revista Realidade era lançada mensalmente durante dez anos consecutivos. Desde 
sua primeira edição conseguiu atingir um grande número de público, pois sua proposta era 
abordar em profundidade diversos assuntos de maneira diferenciada. 
Apesar disso, na década de 1980, ocorreu justamente o contrário: o declínio do 
jornalismo literário, por conta da normatização do texto jornalístico. Foi nessa época que 
começou a modernização na produção jornalística , então o gênero jornalismo literário passou 
a ser menos utilizado. 
Segundo Peixoto, o fim da ditadura teve um papel importante na mudança do 
jornalismo brasileiro. 
 
Nunca é demais lembrar a importância crescente da imprensa brasileira no processo 
de consolidação democrática do país e na luta pelo alargamento dos direitos do 
cidadão. Seu desempenho junto a acontecimentos políticos de forte mobilização, 
popular com o movimento das Diretas-Já em 1984, ou o impeachment do presidente 
Collor em 1989. só para citar dois exemplos, confirma o papel central da mídia 
eletrônica e impressa, não apenas no acompanhamento dos fatos políticos mas 
fundamentalmente na deflagração dos processos (PEIXOTO, 1998, p. 31). 
 
Outro ponto marcanteé a obrigatoriedade do diploma de bacharel em jornalismo, que 
passou a ser obrigatório no fim dos anos de 1970. A partir de então os escritores não poderiam 
mais atuar como jornalistas sem o curso superior, consequentemente, ocorreram diversas 
mudanças nas redações. 
 
 
25 
 
 
 
O "velho" autodidata foi substituído de modo extremamente rápido pelo bacharel em 
Comunicação Social, sem nenhum a experiência profissional anterior. Se o "velho 
jornalista” não possuía formação especializada e, muitas vezes, encontrava-se 
abrigado nas redações por razões políticas, sobretudo nos anos 60 e 70, o "jornalista 
de hoje", mão-de-obra das grandes empresas jornalísticas, "aprendeu o ofício na 
escola, e não nas redações (PEIXOTO, 1998, p. 32). 
 
Com isso, o estilo da escrita passou a ter menos influência da literatura e passou a ter 
um estilo próprio, com matérias mais curtas e mais cadernos especializados. Desde então, o 
jornalismo literário não teve tanto auge no jornalismo diário como no início do século XX, 
mas continua sendo utilizado em outras áreas do jornalismo. 
 
2.5 As Ramificações do Jornalismo Literário 
Assim como no jornalismo existem diversas editorias, dentro do jornalismo literário 
existem muitos outros gêneros. Um dos primeiros e, talvez um dos mais famosos publicados 
nos folhetins foram os romances de não-ficção. 
 
Quando em 1965 Truman Capote denominou o seu A sangue frio de “romance de 
não-ficção” acabou sem querer estabelecendo uma distinção importante. Nem toda 
não-ficção é jornalismo, mas todo o jornalismo tem de ser, por princípio, não-
ficcional. [...] O que prevalece na comunicação jornalística do mundo ocidental de 
hoje é um pendor muito grande pela verdade, mesmo com toda a livre interpretação 
dos fatos (BELO, 2006, p.43, apud FONTANA, 2006, p.4). 
 
O desenvolvimento desses gêneros foi acontecendo de acordo com as possibilidades. 
Não existia uma técnica para a produção das matérias. Elas eram escritas com características 
literárias. 
 
Os gêneros e subgêneros do jornalismo literário se desenvolveram de acordo com as 
possibilidades e liberdades que os jornalistas tiveram na época em que a imprensa 
era basicamente constituída por escritores. Com a falta de técnicas próprias e de 
estruturação das matérias jornalísticas, os letrados podiam inovar sempre atribuindo 
às notícias valores literários, fazendo com que houve essa união entre os estilos 
(PEREIRA; FENALTI, 2014, p. 30). 
 
Dentro do jornalismo foram criados outros gêneros, para que fosse possível a 
diferenciação da escrita na forma informativa para a opinativa. Dessa forma, foram 
classificadas de acordo com as técnicas utilizadas assim como outras caratecteristicas. 
 
 
 
26 
 
 
 
No caso do texto (literário ou não), o objetivo fundamental da divisão de gêneros é 
fornecer um mapa para a análise de estratégias do discurso, tipologias, funções, 
utilidades e outras categorias. O seja, propor uma classificação a posteriori com 
base em critérios a priori. [...] Ou seja, tanto os critérios como as classificações terão 
múltiplas variações, pois esta é sua própria dinâmica (PENA, 2009, p.188). 
 
Talvez o gênero mais conhecido no jornalismo literário seja a Crônica. Essa palavra 
é de origem grega chronikós ou pelo latim, chronica significa tempo. Esse termo foi criado 
para nomear escritas que limitavam-se a relatar eventos, ou situações superficialmente, sem 
aprofundar no assunto ou buscar explicações. 
Estudos mostram que a crônica entrou nos jornais no século XIX como um pequeno 
texto explicando de maneira geral, os acontecimentos diários, antes a pertencer aos folhetins e 
de pertencer ao jornalismo e a literatura. 
 
Em tal acepção, a crônica atingiu o ápice depois do século XII, graças a Froissart, na 
França, Geoffrey of Monmouth, na Inglaterra, Fernão Lopes, em Portugal, Alfinso 
X, na Espanha, quando se aproximou estreitamente da historiografia, não sem 
ostentar traços de ficção literária. A partir da Renascença, o termo ‘crônica’ cedeu 
vez a ‘história’, finalizando, por conseguinte, o seu milenar sincretismo. A acepção 
moderna de crônica passou a ser empregada no século XIX, quando tal vocábulo 
revestiu-se de sentido estritamente literário. O autor Massaud Moisés explica que a 
ampla difusão da imprensa beneficiou o vocábulo que, então, rapidamente passou a 
ser uma “narrativa histórica” presente nos jornais impressos (TUZINO, 2009, p. 3). 
 
Outro gênero muito conhecido é o folhetim. Surgido na frança em 1836, o folhetim é 
um espaço no jornal indicado para publicações de vários gêneros, com o objetivo de 
entretenimento. Algumas publicações eram a única maneira de alguns escritores expressarem 
suas ideias, pois a publicação de livros era muito cara e público leitor era reduzido. 
 
Os jornalistas Émille Girardin, do jornal La Presse e Dutacq do jornal Le Siècle, 
logo perceberam que o fouilleton seria uma oportunidade de gerar lucros financeiros, 
por isso designaram-lhe um local de destaque no jornal. Para garantir a ampliação do 
público leitor, justificava-se que a propagação do jornal seria um empreendimento 
com a missão de civilizar o público alvo (ESTIMA; FLORES, 2010, p.74). 
 
Existem muitos outros gêneros que situam-se entre o jornalismo e a literatura que 
podem ser convergentes com o jornalismo cultural. 
 
2.5.1 Convergência Entre Jornalismo Literário e Jornalismo Cultural 
Apesar de serem dois gêneros diferentes, por algumas vezes, o jornalismo literário 
chega a ser confundido com o jornalismo cultural pelo fato de ambos apresentarem algumas 
características similares. 
27 
 
 
 
 
Literatura e jornalismo são dois territórios diferentes, mas não territórios separados 
por barreiras intransponíveis que impeçam as apropriações, os entrelaçamentos. Ao 
contrário, são tênues os limites entre eles, por vezes quase imperceptíveis. Não que a 
literatura ou o jornalismo possam se transfigurar um no outro. Mas que, com 
características bem marcadas e elementos distintos, em algumas manifestações têm a 
ousadia de usar os pontos de intersecção para construir uma narrativa quase híbrida. 
Se no passado esses domínios foram claramente demarcados, hoje se confundem, 
apesar da resistência dos mais conservadores que não admitem a possibilidade de 
que uma narrativa se avizinhe de outra. Elas parecem caminhar paralelas, apesar de 
na mesma direção (VICCHIATTI, 2005, p.84-85, apud SALES, 2011, p. 325). 
 
O jornalismo cultural é mais livre e tem mais fluência do que as matérias publicadas 
em jornais diários. Com o passar dos anos esse gênero vem ganhando mais espaço no 
mercado e difundindo-se em livros. “O jornalismo cultural tem esse papel simultâneo de 
orientar [...], de trazer novos ângulos para a mentalidade do leitor-cidadão. E, apesar das 
pressões de espaço e escala, esse olhar cultural tem, sim, ganhado terreno” (PIZA, 2003, p. 
117). Nesse meio, o jornalismo cultural se encontra com outro modelo jornalístico: o literário. 
Essa liberdade com relação a escrita é permitida no jornalismo literário quando se 
busca fomentar a linguagem jornalística, excedendo a escrita presente em veículos diários, 
como exemplo o lead. 
 
Potencializar os recursos do jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos 
cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a 
cidadania, romper as correntes burocráticas do lead, evitar os definidores primários 
e, principalmente, garantir perenidade e profundidade aos relatos (PENA, 2008, 
p.13). 
 
O modo pelo qual são desenvolvidas as atividades entre as duas especialidades do 
jornalismo há muito tempo, por exemplo, quando os escritoresliterários escreviam artigos e 
crônicas. 
Um modelo que pode ser caracterizado como pertencente aos dois tipos de 
jornalismo é o livro-reportagem. De acordo com alguns autores no caso da produção de um 
livro-reportagem, 
 
[...] parte-se de uma necessidade do Jornalismo Cultural de incorporar os elementos 
inerentes ao Jornalismo Literário. Esse processo não convencional pode ser 
resultado uma notícia que se desenvolve, transformando-se numa grande 
reportagem. Há duas causas prováveis para isso: o grande impacto da notícia no 
sistema social e uma provável falha na cobertura factual (SOUZA; LUÍNDIA, 2010, 
p. 2). 
 
28 
 
 
 
Assim, esse é um de muitos exemplos de como e onde o jornalismo cultural se une 
ao jornalismo literário. 
 
2.6 Surgimento do Livro-Reportagem 
O livro-reportagem surgiu nos anos 1960 com o New Jorunalism. Esse gênero vai 
além da literatura e do jornalismo, pois ele acrescenta muito à imprensa, ele complementa e 
passa a informação de maneira mais detalhada e ampliada para o público, assim é possível 
mais veracidade. 
 
[...] basicamente, a função que o livro-reportagem exerce, apesar de matizes 
particulares, procede essencialmente, do jornalismo como um todo. Os recursos 
técnicos com que essa função é desempenhada provêm do jornalismo. E o 
profissional que escreve o livro-reportagem é, quase sempre, um jornalista (LIMA, 
1995, p.20, apud PEREIRA, 2007, p. 40). 
 
Diferente dos grandes veículos de informação que têm como principal objetivo a 
instantaneidade da informação, o livro reportagem procura aprofundar-se em determinado fato 
e, faz uso de recursos literários para atingir seu objetivo. 
Alguns autores afimam que com isso é prolongado o acontecimento. Segundo Lima, 
o livro reportagem “ressuscita o passado recente e lhe concede uma sobrevida”. (1993, p.41, 
apud CUIAIS, 2010, p. 8). 
Os livros reportagens trazem liberdades como no tipo de narrativa, com relação as 
fontes e a linguagem, escrita atemporal e podem explorar do modo que melhor desejarem a 
situação, o ambiente ou os personagens da narrativa. 
Alguns autores afirmam que nos Estados Unidos e na Europa: 
 
[...] a tradição da reportagem abre espaço para explorar mais profundamente nos 
livros temas que não interessam a jornais e revistas ou que já tenham sido muito 
abordados pelos periódicos. É comum encontrar nas livrarias americanas livros com 
diferentes enfoques sobre um mesmo assunto (BELO, 2006, p. 40, apud ADAMY, 
2008, p. 25). 
 
No Brasil, a produção de livro-reportagens vem crescendo ao longo do tempo, 
mesmo com a falta de apoio, de verba, de tempo. Um bom exemplo de um autor brasileiro 
que produziu um livro reportagem, é Caco Barcellos, com a obra Rota 66. 
Mesmo com algumas dificuldades, essas produções têm se sobressaído e, é uma das 
formas de exercer o jornalismo literário, que não está presente em muitos veículos de 
comunicação. 
29 
 
 
 
2.6.1 Características do Livro-Reportagem 
Antes de caracterizar o livro-reportagem, faz se necessário entender que esse gênero 
do jornalismo literário busca informar o leitor com eficiência e profundidade. Tendo isso 
como base, primeiro é preciso compreender a diferença entre notícia e reportagem. 
Segundo Erbolato, durante o período do Império do Jornalismo, como ele mesmo 
classifica, ninguém conseguiu de fato definir o que é uma notícia. A maioria dos 
pesquisadores e teóricos “diziam como ela deve ser, mas não o que realmente é” (2008, p. 
53), então por mais comum que fosse uma determianda situação, era considerada notícia. 
Autores como Julian Harris e Stanley Johnson criaram algumas definições como: 
 
- Notícia é o relato de um fato recentemente ocorrido, que interessa aos leitores. 
- Notícia é o relato de um acontecimento publicado por um jornal, com a esperança 
de, divulgando-o, obter proveito. 
- Qualquer coisa que muitas pessoas queriam ler é notícia, sempre que ela seja 
apresentada dentro dos cânones do bom gosto e das leis de imprensa (ERBOLATO, 
2008, p. 53). 
 
Entretanto, essas definições ainda não são satisfatórias. Para Erbolato, “qualquer 
notícia deve responder a seis perguntas clássicas: Quem? Quê? Quando? Onde? Por quê? 
Como?” (ERBOLATO, 2008, p. 65). Essa técnica atrai a atenção dos leitores, mas não é a 
única. A escrita com informações em ordem decrescentre, apresentando primeiro os fatos de 
mais interesse é outro, chamado de pirâmide invertida. 
Na reportagem as informações não precisam ser escritas dessa forma. A reportagem 
pode ser escrita com técnicas de narrativa iguais às histórias, isso porque, as notícias abordam 
temas imediatos e a reportagem é algo mais elaborado, que permite preestabelecer os pontos a 
serem abordados. 
 
O texto da reportagem procura informar e aprofundar um tema. Mas se propõe a 
fazer isso de uma forma gostosa, envolvente, tentando satisfazer a um público de 
perfil variado. [...] Teoricamente, a reportagem visa oferecer uma mensagem de 
linguagem mais solta e dar um tratamento de profundidade aos acontecimentos 
(LIMA, 1998, p.11). 
 
Assim como a reportagem busca se aprofundar no tema, o livro-reportagem foge do 
jornalismo tradicional e das delimitações do jornalismo diário para oferecer uma leitura ampla 
e detalhista. Basicamente, o livro-reportagem serve: 
 
 
30 
 
 
 
[...] para estender o papel do jornalismo contemporâneo, fazendo avançar as 
barreiras de explicações para além do terreno onde estaciona a grande reportagem na 
imprensa convencional. Mais ainda, o livro-reportagem transcende as concepções 
norteadoras do jornalismo atual. Tem potencial para assumir posturas experimentais. 
Tem pique suficiente, se trabalhado de forma adequada, para fazer nascer a 
vanguarda de um jornalismo realmente afinado com as tendências mais avançadas 
do conhecimento humano contemporâneo (LIMA, 1998, p.16). 
 
Fazendo referência ao conteúdo, pode-se dizer que a pauta de livro-reportagem é 
extensa porque ela pode ser trabalhada com muita liberdade, que não poderiam ser encaixadas 
no jornalismo diário. São elas: 
 
 Liberdade temática 
Em um livro-reportagem existe a possibilidade de abordar um infinito número de 
temas que, dificilmente seriam publicados em jornais ou televisão por conta da falta de espaço 
e tempo. Ou então teriam um enfoque completamente diferente, sendo mais superficial se 
comparado com a possibilidade de ser tratado em um livo-reportagem. 
São ótimos exemplos de liberdade temática os seguintes livros-reportagem: The 
Great Railway Bazaar, CV_PCC e Abusado. 
The Great Railway Bazaar é “um retrato de povos, histórias e paisagens a partir de 
suas impressões numa longa viagem de trem, da Eurospa à Ásia” (LIMA, 1998, p. 35). 
CV_PCC é livro escrito por Carlom Amorim retratatando duas facções criminosas 
brasileiras denominadas Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital. 
 
O autor conversa com pessoas que fazem ou fizeram parte das organizações, 
autoridades que as investigam, [...], enfim, busca nas fontes mais variadas uma 
forma de reconstruir a história dessas organizações e tenta desvendar tudo o que 
acontece por trás dos nomes diretamente ligados à criminalidade no Rio e em São 
Paulo (MAIA, 2011, p. 27). 
 
Abusado é um obra de Caco Barcellos sobre a biografia de um dos ex-integrantes do 
Comando Vermelho. “No livro, os moradores da favela ganham voz e as opiniões e 
sentimentos dos homens por trás do tráfico ganham espaço” (MAIA, 2011 p. 28). 
 
 Liberdade de angulação 
No livro-reportagem o jornalista não precisa escrever sob ordens de donos dos 
veículos de comunicação, desse modo a presença do autor torna-se mais marcantee 
perceptível, dando assim uma forma mais pessoal diferente da objetividade presente nas 
notícias diárias. 
31 
 
 
 
O livro CV_PCC: A irmandade do Crime, por exemplo, a narração predominante é 
na terceira pessoa, porém há momentos em que o autor passa a fazer parte história e a 
interagir com o leitor. 
 
Quando me encontrei pela primeira vez com Olivério Medina, havia uma terceira 
pessoa, também da Colômbia, aquele tipo indígena bem-conhecido das regiões 
andinas. [...] Se você tivesse sido criado numa favela da Baixada Fluminense, sem 
lazer ou escola, como seria possível acessar algum meio de crescimento social? 
(AMORIM, 2008, p. 398-421, apud, MAIA, 2011, p. 28). 
 
No livro Abusado, a narração também é feita na terceira pessoa, porém há trechos 
que é possível perceber a participação do autor Caco Barcellos na história, por meio do uso de 
diálogos. 
 
Dois meses depois do lançamento, o cliclo de violência perversa continuava. Levei 
um susto quando soube da notícia em Londres, pelo telefone: 
- Mataram um Marcinho VP. Pode ser Juliano? – perguntou meu amigo. 
- Impossível. Ele não está preso? – retruquei. 
- Continuava preso, sim. 
- Mas como? Tentou fugir? 
- Não, foi morto pelos próprios companheiros da cadeia de bangu. (BARCELLOS, 
2009, p. 555, apud MAIA, 2011, p. 29). 
 
 Liberdade de fontes 
Geralmente, ao produzir um livro-reportagem o autor não se limita a um tempo. Pelo 
fato de não ter deadline, não há limites de fontes a serem entrevistadas. Desse modo, abre-se 
um leque de possibilidade para encontrar as fontes, a fim de atingir o objetivo que a produção 
do livro. 
Os livros Abusado e CV_PCC: A irmandade do Crime procuram não fazer uso das 
fontes oficiais e dar prioridade a ouvir a versão dos fatos daquelas pessoas que o jornalismo 
diário não se preocupa em entrevistar. 
Carlos Amorim, autor do livro CV_PCC: 
 
[...] usa a fala de um dos fundadores do CV para descrever o ambiente de um dos 
mais famosos presídios da história do país [...]. Esse tipo de relato é muito 
interessante por dar ao leitor uma noção da vivências de quem está do lado de dentro 
das grades. Conjugadas às versos oficiais e à própria visão do leitor e/ou expectador, 
a narrativa ds fatos torna-se mais verossímil e se aproxima do objetivo de apreender 
vários aspectos da realidade (MAIA, 2011, p. 30). 
 
Outro exemplo sobre a uso das fontes, está no livro Iberia, escrito por James 
Michener que reconstituiu “uma visão múltipla da realidade espanhola por meio de figuras tão 
32 
 
 
 
diversas quanto um médico, um policial, um toureiro, um plantador de olivas, uma escritora e 
outras” (LIMA, 2008, p. 36). 
 
 Liberdade temporal 
A preocupação de um jornal diário e um livro reportagem são diferentes. O livro-
reportagem não tem compromisso com a atualidade. Enquanto os jornais estão preocupados 
com notícias factuais para serem os primeiros a divulgarem tal informação, o livro-
reportagem não tem isso como prioridade. Um dos privilégios para um ator de livros-
reportagens é escrever sobre situações atuais e/ou contemporâneas. 
Pode-se ressaltar como exemplo, a narração do livro CV_PCC sobre a história do 
presídio da Ilha Grande na década de 1970. 
 
Carlos Amorim usa anotações sobre a situação do presídio feitas por Graciliano 
Ramos no passado para compará-la a do presente. Graciliano Ramos esteve na 
Colônia Correcional em 1936, acusado de crimes contra o Estado. Nunca foi a 
julgamento. Quando chegou à Colônia, foi recebido pelo encarregado da segurança 
do presídio. [...] Muito da brutalidade daqueles tempos, no entanto, resistiu ao 
progresso (AMORIM, 2008, p. 53, apud MAIA, 2011, p. 31). 
 
No livro Abusado isso também está presente, pois a narração é sobre a trajetória de 
vida de uma pessoa. Caco Barcellos faz o uso da liberdade temporal ao abordar sobre a guerra 
de 1987 no Rio de Janeiro. 
 
Tiroteio era coisa da noite ou da madrugada. Os disparos de rifle de Carlinha pela 
manhã no sopé do morro, respondidos lá do alto pelos guerreiros inimigos, levaram 
ao pânico os moradores de Santa Marta. [...] na hora, chamou sua atenção um grande 
movimento de carros de imprensa nas ruas de acesso. [...] Os combates de Zaca e 
Cabeludo viraram notícia no Brasil e no mundo (BARCELLOS, 2009, p. 113-114, 
apud MAIA, 2011, p. 32). 
 
 Liberdade do eixo de abordagem 
Junto com a liberdade temporal está o eixo de abordagem. O autor não preciso 
decidir por um tema único, extremamente específico. Dentro desse assunto é possível ir além, 
abordando outros elementos que fazem referência a ideia central. 
Tomando como exemplo um livro-reportagem que trata sobre o tráfico de drogas, 
pode escrever juntamente outras situações como “os motivos que levaram jovens a se 
enolverem com o tráfico, os conlitos pelos quais passaram durante infância, adolescência e 
fase adulta, quem foram os heróis deles [...]” (MAIA, 2011, p. 32). 
 
33 
 
 
 
 Liberdade de propósito 
A liberdade de propósito é a união das outras liberdades, pois o assunto é abordado 
de modo que o leitor tenha sido informado com profundidade sobre o assuntos. Diferente dos 
jornais diários, televisões e sites que divulgam inúmeras notícias diariamente, o livro-
reportagem apresenta apenas uma, mas com riqueza de detalhes que proporciona a 
compressão do assunto. 
 
O livro-reportagem procura é atingir uma harmonia entre duas qualidades: a 
eficiência e a fluência. A primeira cumpre a tarefa de informar e orientar com 
profundidade, de modo que o leitor obtenha uma compreensão ampliada da 
realidade. A segunda serve ao propósito de cumprir esta missão com elegância 
(LIMA, 1998, p. 42). 
 
Dessa forma, o livro-reportagem é uma maneira para o desenvolvimento do 
jornalismo que busca uma abordagem diferente e mais ampla. Com isso, aumenta a 
possibilidade de atingir um público seleto, que não é adepto as práticas do jornalismo diário 
realizado em jornais, rádios e televisões. 
 
34 
 
 
 
CAPÍTULO III 
METODOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para o desenvolvimento 
deste trabalho científico, assim como os tipos de pesquisa utilizadas para esclarecer as 
principais dúvidas em relação ao projeto. Foram utilizados diversos tipos de pesquisa de 
acordo com a necessidade, para que fosse possível verificar as hipóteses e objetivos descritos 
no início do projeto. 
Nesta pesquisa foi utilizada a Pesquisa Básica, pois o objetivo do trabalho é fazer 
uma análise comparativa das obras Instinto de Repórter de Elvira Lobato e O Ronco da 
Pororoca – Histórias de um Repórter na Amazônia de Marcos Losekann. Para isso, foi 
necessário pesquisar materiais como livros, sites, artigos e trabalhos de conclusão de curso 
para ter o entendimento e a confirmação a respeito do assunto pesquisado. “A pesquisa básica 
visa responder questões fundamentais sobre a natureza do comportamento. Os estudos são 
frequentemente planejados para examinar questões teóricas relativas a fenômenos como 
cognição e comportamento social” (COZBY, 2009, p. 23). 
Esta pesquisa também é de cunho qualitativo, pois para o desenvolvimento do 
trabalho não foi preciso utilizar métodos estatísticos e, sim, fazer uma análise descritiva. 
Dessa forma, os dois livros escolhidos foram as principais fonte de informação. 
 
Quando não emprega procedimentos e estatísticos ou não tem, como objetivo 
principal, abordar o problema a partir desses procedimentos. É utilizada para 
investigar problemas que os procedimentos estatísticos não podem alcançar ou 
representar, em virtude de sua complexidade. Entre esses problemas,podemos 
destacar aspectos psicológicos, opiniões, comportamentos, atitudes de indivíduos ou 
de grupos. Por meio da abordagem qualitativa, o pesquisador tenta descrever a 
complexidade de uma determinada hipótese, analisar a intenção entre as variáveis e 
a ainda interpretar os dados, fatos e teorias. (RODRIGUES, 2006, p. 90). 
 
Do ponto de vista dos objetivos, foi utilizada a pesquisa exploratória, pois ao optar 
pela análise comparativa de dois livros distintos, é possível adquirir mais familiaridade com o 
 
35 
 
 
 
tema. Envolve levantamento de bibliografia e demais exemplos que também possam 
contribuir. Dessa maneira, é possível confirmar as hipóteses levantadas no início deste 
trabalho científico. 
 
Pode se dizer que é uma pesquisa inicial, preliminar, cujo principal objetivo é 
aprimorar ideias, buscar informações sobre um determinado assunto ou descobrir um 
problema para estudo. Muitas vezes, por não ter clareza, sobre um determinado 
problema, o pesquisador vale-se inicialmente desse tipo de pesquisa, antes de um 
estudo mais profundo. Por meio desses tipos de pesquisa, é possível também 
delimitar um tema e definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa. 
Alguns autores a veem como um estudo inicial para a realização de outro tipo de 
pesquisa. (RODRIGUES, 2006, p. 90). 
 
A pesquisa também foi baseada em diversos autores, para que o trabalho seja 
reconhecido com credibilidade em relação ao tema escolhido, sendo que muitos autores 
desenvolveram pesquisas utilizando os temas que, por sua vez, também foram de escolha da 
pesquisadora. 
 
A pesquisa bibliográfica abrange toda a bibliografia já tornada pública em relação ao 
tema de estudo, desde publicações avulsas [...] até meios de comunicação oral. Sua 
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito, dito 
ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates 
que tenham sidos transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. [...] 
Dessa forma, a pesquisa bibliográfica [...] propicia o exame de um tema sob novo 
enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. (LAKATOS, 2010, 
p.166). 
 
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, utilizou-se a pesquisa experimental, 
pois foi determinado um objeto de estudo, a fim de ser feita uma análise identidicando quais 
os pontos comuns e divergentes. 
 
Experimentais – Consistem em investigações de pesquisa [...] cujo objetivo principal 
é o teste de hipóteses que dizem respeito a relações de tipo causa-efeito. [...] Os 
diversos tipos de estudos experimentais podem ser desenvolvidos tanto “em campo”, 
ou seja no ambiente natural, quanto em laboratório [...] (LAKATOS, 2010, p.172). 
 
Utilizou-se, ainda, o estudo de caso, pois ele envolve um estudo profundo de um 
único objeto, de uma maneira que seja permitido detalhar o seu amplo conhecimento. 
 
 
 
 
36 
 
 
 
Pesquisa que se concentra no estudo de caso particular, considerado representativo 
de um conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo. A 
coleta dos dados e sua análise se dão da mesma forma que nas pesquisas de campo, 
geral. O caso escolhido para a pesquisa deve ser significativo e bem representativo, 
de modo a ser apto a fundamentar uma generalização para situações análogas, 
autorizando inferências. Os dados devem ser coletados e registrados com o 
necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo. 
(SEVERINO, 2007, p. 121). 
 
A amostra escolhida para desenvolver o projeto foram os livros obras Instinto de 
Repórter de Elvira Lobato e O Ronco da Pororoca – Histórias de um Repórter na Amazônia 
de Marcos Losekann. A escolha desses livros deu-se pelo fato de ambos serem livros-
reportagem, gênero pertencente ao jornalismo literário, mas utilizarem linguagem e narração 
de maneira distinta. 
Nesse caso, a população seria todo o universo do livro-reportagem e a amostra as 
duas obras escolhidas, pois o assunto que foi abordado trata-se de uma análise comparativa 
entre elas. Isso porque cada uma faz a sua abordagem sobre um determinado assunto dentro 
do mesmo gênero. 
Dentro deste trabalho a coleta de dados foi feita por meio de pesquisas secundárias, 
sendo elas obras literárias, assim como artigos e trabalhos científicos para completar o que foi 
proposto desde o início. Sendo assim, poderá ser utilizado, também, como fonte para futuros 
trabalhos científicos. 
Nessa perspectiva, cabe salientar que a análise comparativa das obras foi realizada 
tendo como base as características do livro-reportagem, discutidas no Capítulo II deste 
trabalho. Para facilitar a divisão, visão e compreensão dos dados analisados e apresentados no 
capítulo IV, foi construído um esquema comparativo divididos em tópicos, sendo eles: 
temática; angulação; demarcação espaço-temporal; abordagem dos fatos (relação entre o tema 
central e assuntos periféricos); propósito; e linguagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 
 
 
 
 
 
 
 
No decorrer deste quarto capítulo serão apresentados os resultados obtidos por meio 
da comparação dos livros-reportagens: Instinto de Repórter, da autora Elvira Lobato, e O 
ronco da Pororoca – Histórias de um repórter na Amazônia, do autor Marcos Losekann, sendo 
o principal objetivo verificar as afirmações feitas nas hipóteses e objetivos apresentados no 
primeiro capítulo deste trabalho de conclusão de curso. 
 
4.1 Instinto de Repórter 
Instinto de Repórter é um livro-reportagem escrito pela jornalista Elvira Lobato. 
Formada em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Elvira 
trabalhou para o jornal Folha de S. Paulo por mais de 30 anos e, em 2005 escreveu o livro 
contando sobre os bastidores de suas reportagens, que foram um marco para o jornalismo 
investigativo brasileiro. 
Como a autora afirma, esse é um livro, “para jovens que se preparam para entrar no 
mercado de trabalho, Instinto de Repórter será um verdadeiro retrato da profissão. Também 
irá interessar a todos que, de um modo ou outro, veem suas vidas, hoje, afetadas pela 
atividade jornalística.” (LOBATO, 2005, p.1). 
Os 11 (onze) capítulos do livro são reportagens de jornalismo investigativo 
publicadas no jornal Folha de S. Paulo. Logo na introdução há uma explicação direcionada a 
quem acredita que jornalismo investigativo não é necessário porque a atividade jornalística 
não pode estar separada da apuração dos fatos. Elvira argumento que: 
 
[...] o que diferencia a apuração rotineira da investigação jornalística é o fato de que 
a segunda pressupõe, além de grande esforço de apuração, o furo da reportagem e a 
descoberta de fatos de interesse público que estavam ocultos. Não há nessa 
diferenciação nenhum juízo de valor quanto à qualidade do trabalho jornalístico. 
Existem reportagens com apurações brilhantes que não são investigativas 
(LOBATO, 2005, p. 8). 
 
38 
 
 
 
As reportagens publicadas, em forma de capítulos, no livro são: 
- Programa Nuclear da Serra do Cachimbo; 
- República dos Usineiros; 
- Uso de funcionários Públicos na Eleição de Collor; 
- Caso Bonespa; 
- O Golpe das Concessões de Rádio; 
- A TV Virou Cassino; 
- A Igreja Universal e os Paraísos Fiscais; 
- Os Evangélicos Que Queriam Comprar a Vasp; 
- O Dia Seguinte de uma Chacina; 
- Políticos Ganham TV na Gestão Tucana; 
- Uma TV Para Gugu Liberato. 
 
No decorrer dos capítulos, além das matérias publicadas no jornal, a autora aborda 
sobre os bastidores das reportagens, as ideias da pauta, a apuração das informações,

Continue navegando