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FACULDADE ADEMAR ROSADO
CURSO SERVIÇO SOCIAL
SAÚDE MENTAL, A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL E A FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DAS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA FAMÍLIA DOS USUÁRIOS DO HOSPITAL AREOLINO DE ABREU
FERNANDA GONÇALVES ALMEIDA
TERESINA – PI
2007
FERNANDA GONÇALVES ALMEIDA
SAÚDE MENTAL, A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL E A FAMÍLIA: UMA ANÁLISE DAS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELA FAMÍLIA DOS USUÁRIOS DO HOSPITAL AREOLINO DE ABREU
Projeto de Pesquisa apresentado a Disciplina Pesquisa Social III, do Curso de Serviço Social da Faculdade Ademar Rosado. Sob a orientação da Profª Msc. Iracilda Braga.
TERESINA – PI
2007
À Deus que está presente em cada segundo da nossa vida. Aos meus familiares, a eterna gratidão por terem me apoiado em todos os momentos. 
AGRADECIMENTOS
Embora esse trabalho seja fruto de todo um processo de aprendizagem, reflexão e esforços individuais a sua realização só foi possível graças à colaboração de muitos. Assim, agradeço:
À Deus que me revestiu de força e aperfeiçoou o meu caminho;
A professora Iracilda Braga, pela paciente orientação, incentivo, e ainda, pelo profundo respeito à minha criação, sem os quais não teria sido possível realizar este trabalho.
A Faculdade Ademar Rosado, por me oportunizar a realização desse curso.
Aos meus professores, pelos conhecimentos adquiridos ao longo do curso e pelo respeito a minha criação, assim como, pelo incentivo.
Aos meus familiares pelo companheirismo e confiança que deposita em mim.
O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo, pois estou longe de ser uma pessimista: sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está que tem saudades... sei lá de que!
(Florbela Espanca) 
SUMÁRIO
DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO………………………………………...07
OBJETIVOS………………………………………………………………………...08
2.1 – Objetivo Geral………………………………………………………………........08
2.2 – Objetivos Específicos…………………………………………………………....08
3 – HIPÓTESES………………………………………………………………………..09
4 – JUSTIFICATIVA…………………………………………………………………....10
5 – REFERENCIAL TEÓRICO………………………………………………………..12
6 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS……………………………………….22
6.1 Caracterização da área…………………………………………………………...22
6.2 Tipo da Pesquisa…………………………………………………………………..22
6.3 Universo…………………………………………………………………………..…22
6.4 O método…………………………………………………………………………....23
6.5 Recursos………………………………………………………………………….…23
6.5.1 Institucional……………………………………………………………………….23
6.52 Humanos…………………………………………………………………………..23
6.5.3 Materiais…………………………………………………………………………..23
7 – ORÇAMENTO………………………………………………………………………24
8- CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO…………………………………………………25
BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………………26
ANEXOS…………………………………………………………………………………27
 DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
TEMA:
Saúde Mental
DELIMITAÇÃO DO TEMA
A prática do Assistente Social e a família: uma análise das dificuldades enfrentadas pela família dos usuários do Hospital Areolino de Abreu.
OBJETIVOS:
Objetivo Geral:
Analisar a contribuição do Serviço Social junto a família dos usuários do Hospital Areolino de Abreu no enfrentamento das dificuldades.
Objetivos Específicos:
Identificar conceitos de Saúde Mental;
Conhecer os usuários do Hospital Areolino de Abreu;
Verificar como a família e o Assistente Social estão enfrentando as dificuldades no Hospital Areolino de Abreu.
Analisar as ações do Serviço Social voltadas para a família do usuário do Hospital Areolino de Abreu.
Analisar a relação da família com o usuário do Hospital Areolino de Abreu.
HIPÓTESES
Como é prática do Assistente Social e a família: uma análise das dificuldades enfrentadas pela família dos usuários do Hospital Areolino de Abreu, assim como quais são esses usuários, e a partir de um estudo mais aprofundado analisar a contribuição do Assistente social para com a família e o usuário.
JUSTIFICATIVA
O interesse pela temática é decorrente de uma curiosidade da pesquisadora no que tange as práticas e linguagens sociais adotadas em relação à loucura constituem códigos que funcionam discriminando comportamentos, atitudes, sentimentos e posições, desdobrando-se em códigos de valores, certo/errado, bem/mal, desejável/indesejável etc. 
Tais códigos sociais, que trazemos dentro de nós, regulam nossa interioridade e nossa relação com os outros. A loucura então se apresenta para a subjetividade humana como algo estranho que foge a nossa compreensão de conduta, como uma perda de sentido. A experiência da loucura é sentida como se algo nos escapasse algo que não conseguimos identificar como nosso. A experiência da loucura é, pois a perda ou ameaça de perda da própria identidade. Ela se apresenta então como algo que se passa em nossa subjetividade para o qual não conseguimos encontrar uma linguagem capaz de defini-lo. Dessa forma podemos dizer que essa experiência situa-se no plano da linguagem, linguagem enquanto sentido que damos aos códigos sociais por nós interiorizados. "Enlouquecer é ser submetido à angústia e ficar prisioneiro do universo do não sentido, em que nossa linguagem fica aquém da possibilidade de interpretar o que experimentamos." (Birman, 1983)
Assim a loucura é também uma experiência social, uma vez que é concebida de diferentes formas, tanto por grupos sociais como foi no decorrer da história. Da mais alta valorização e respeito atribuído ao louco na antigüidade, enquanto visto como a encarnação de manifestações divinas e demoníacas, à degradação e marginalização a qual o louco foi submetido nos asilos sujos de fezes e urina, nenhuma dessas concepções, talvez, seja mais grave do que a perda de nossa identidade humana, nosso crescente desrespeito com a vida: a loucura de nossos tempos atuais. É inadmissível que hoje, depois de avançarmos tanto no campo das ciências, da tecnologia e da informática, estamos tão aquém do autoconhecimento e ainda não sabemos onde procurar e nem o que é felicidade.
De todos os avanços e de todas as tentativas de se querer situar a loucura no campo das doenças orgânicas e de tentar concebê-la sob o prisma da subjetividade, nenhuma dessas visões foi suficiente para quebrar o estigma que acompanha o louco. Estigma este que o faz ser percebido como o insensato, como uma pessoa não merecedora de crédito. Estigma este que uma vez atribuído ao louco nos resguarda de confrontarmos com a verdade que ele, o louco, revela a nós. Sua insensatez, sua falta de coerência espelha a nossa realidade sem sentido, escondida em nosso desatino, realidade de um povo que corre sem saber pra onde, buscando não se sabe o quê.
É nesse contexto profissional, isto é, como Assistente Social, que queremos pesquisar sobre a Saúde Mental e a prática do Assistente Social e a família: uma análise das dificuldades enfrentadas pela família dos usuários do Hospital Areolino de Abreu.
REFERENCIAL TEÓRICO
Na antigüidade a loucura era considerada como uma manifestação divina. O ataque epiléptico, intitulado a doença sagrada, significava maus presságios quando ocorria durante os comícios. Se uma pessoa sofresse um ataque epiléptico durante a explanação de um dos oradores, tal evento era interpretado como sendo uma intervenção divina, como um sinal de que não se deveria acreditar no que dizia o orador.
Coexistindo com essa visão, na Grécia antiga, Aristófanes acreditava que a doença mental pudesse ter características específicas e uma causa definida. Ele justificava o pensamento da época, que atribuía à doença mental uma manifestação divina, à peculiaridade da doença que causava assombro aos demais.Por pensar na doença mental como orgânico Aristófanes defendia uma intervenção a base de banhos, purgativos e de alimentação especial.
Ao longo da história, os loucos foram concebidos sob vários visões. Na idade média as cidades escorraçavam os loucos (os de origem estrangeira), deixando-os correrem pelos campos distantes, quando não eram confiados a grupos de mercadores e peregrinos. Havia barcos que levavam os insanos de uma cidade para outra, e como errantes eles vagavam de cidade em cidade. Freqüentemente as cidades da Europa viam essas naus de loucos atracar em seus portos.
Alguns loucos eram protegidos pelas suas famílias, outros eram acorrentados, outros exorcizados, outros queimados (bruxos).
No século XVIII começaram a aparecer espécies de asilos, que, também, abrigavam de forma sub- humana os loucos, nesses lugares os loucos continuavam vagando e falando incoerentemente. Os mais alterados eram imobilizados com lençóis úmidos. Podemos citar como exemplo dessas "casas de detenção" o Hotel Dieu de Paris e a Torre dos Loucos de Caen na França.
Mais recentemente, do ponto de vista orgânico, vários estudos apontam para causas bioquímicas das doenças mentais. Como exemplo desses estudos citamos a paralisia geral progressiva, que apresenta em sua fase terminal um quadro semelhante ao da esquizofrenia.
Assim como a paralisia geral progressiva, a pelagra também apresenta , entre seus sintomas clínicos quadros psicóticos depressivos e demenciais também a fenilcetonúria, doença genética, era acompanhada de deficiência mental.
Essa correlação de doenças orgânicas com doenças mentais evidencia a existência de uma lesão bioquímica causadora de doença cerebral e psiquiátrica, o quê despertou grande interesse pelas bases neuronais do comportamento humano. Graças a esse interesse, os pesquisadores biológicos aprofundaram e, atualmente, sabemos da importante função dos neurotransmissores e receptores. por exemplo, sabemos que na doença de Parkinson há uma redução de dopamina nos núcleos da base o que provoca além dos tumores, alterações da fala, anormalia de marcha e postura e alterações psíquicas.
Apesar dessas descobertas recentes sobre a bioquímica do cérebro e das descobertas dos psicofarmacos representarem um grande avanço no campo das doenças mentais, ainda assim não respondem por completo sobre as causas das doenças mentais. Há outras doenças cujas causas orgânicas permanecem obscurecidas em alguns pontos, como no caso da esquizofrenia. Sabe-se que a genética estaria entre essas possíveis causas que contribuiriam para o aparecimento da esquizofrenia, o que foi demonstrado em trabalhos publicados em 1953, por F. Kallann no seu livro Hereditariedade na saúde e na doença mental.
Na esquizofrenia o indivíduo apresenta alterações motoras, de humor e de contato com a realidade. Apresenta alucinações auditivas e delírios que se manifestam na forma de idéias falsas e improváveis que o indivíduo acredita como sendo verdadeiras e lógicas e não há como convencê-lo do contrário.
Dentre as possíveis causas da esquizofrenia, resultados de experiências apontam para o excesso de dopamina nas sinapses dopaminérgicas na área tegmental-A10. Esse excesso seria o resultado de um aumento de liberação de dopamina, de receptores supersensíveis e/ou de uma reabsorção lenta desse neurotransmissor pelas células nervosas no estriato ventral, que atua no tálamo fechando a entrada de informações para o cortex forntal (Graeff e Brandão, 1993).
Outras substâncias neurotransmissoras também estariam envolvidas na esquizofrenia, bem como na psicose-maniaco-depressiva. (PMD) Indivíduos que sofrem de PMD apresentam períodos marcados por depressão e manias, seguidos por períodos de normalidade. O sujeito durante os períodos de crise se vê às voltas com sentimentos de tristeza profunda e pessimismo, podendo ocorrer idéias suicidas. O sujeito pode também apresentar como sintoma a mania que é o oposto da depressão. 
Como características dessa doença destacamos a elevação excessiva do humor e a euforia, com aumento da atividade motora e alterações psíquicas, manifestadas por aceleração do pensamento, fuga de idéias e até delírios, principalmente os de grandeza.
As aminas neurotransmissoras também estariam por trás de toda essa desordem. A hipótese aminérgica propõe que o déficit funcional de um ou mais amina estaria associado à depressão e o excesso de aminas, como norepinefrina, a serotonina e a dopamina estariam associadas à mania. Relaciona-se com áreas cerebrais de motivação e punição e da ação simpatominérgica das aminas.
O quê sabemos hoje advém de contribuições de estudos sobre os neurotransmisores, da análise dos metabólitos e da neuroendocrinologia.
Acerca desse pensamento, questões foram levantadas no sentido de se querer saber se esta "perda" de sentido constituía ou não uma enfermidade. Uma outra linguagem vai tentar abarcar o tema da loucura, buscando complementar o que a linguagem social não conseguiu por si só abranger. A linguagem médica, tida como a linguagem oficial, contribuiu não só para esclarecer sobre muitos aspectos da loucura, como também permitiu uma abertura em nossa compreensão social da loucura, mas também se burocratizou na rotina profissional. 
A História dos manicômios, Asile, madhouse, asylum, hospizio, são alguns dos nomes que denominam as instituições cujo fim é abrigar, recolher ou dar algum tipo de assistência aos "loucos". As denominações variam de acordo com os diferentes contextos históricos em que foram criados. O termo manicômio surge a partir do século XIX e designa mais especificamente o hospital psiquiátrico, já com a função de dar um atendimento médico sistemático e especializado. 
A prática de retirar os doentes mentais do convívio social para colocá-los em um lugar específico surge em um determinado período histórico. Segundo Michel Foucault, em A história da loucura na idade clássica, ela tem origem na cultura árabe, datando o primeiro hospício conhecido do século VII. 
Os primeiros hospícios europeus são criados no século XV, quando da ocupação árabe da Espanha. Na Itália eles datam do mesmo período, e surgem em Florença, Pádua e Bérgamo.
No século XVII os hospícios proliferam e abrigam juntamente os doentes mentais com marginalizados de outras espécies. O tratamento que essas pessoas recebiam nas instituições costumava ser desumano, sendo considerado pior do que o recebido nas prisões. Diversos depoimentos -- como o de Esquirol, um importante estudioso destas instituições no século XIX -- retratam este quadro: 
Eles são mais mal tratados que os criminosos; eu os vi nus, ou vestidos de trapos, estirados no chão, defendidos da umidade do pavimento apenas por um pouco de palha. Eu os vi privados de ar para respirar, de água para matar a sede, e das coisas indispensáveis à vida. Eu os vi entregues às mãos de verdadeiros carcereiros, abandonados à vigilância brutal destes. Eu os vi em ambientes estreitos, sujos, com falta de ar, de luz, acorrentados em lugares nos quais se hesitaria até em guardar bestas ferozes, que os governos, por luxo e com grandes despesas, mantêm nas capitais. (Esquirol, 1818, apud Ugolotti, 1949) 
Ao tentarmos enfatizar os dois aspectos da loucura, o biológico e o social, queremos chamar a atenção para não permitirmos que tenhamos uma visão míope do problema, em que uma perspectiva tente anular a outra.
O que escrevemos até o momento nos dá evidência do quanto foi importante a correlação doença orgânica X doença psíquica. A partir dessa correlação foi possível o desenvolvimento de novas práticas de tratamento das doenças psíquicas. 
A profissão de Assistente Social é disciplinada pela Lei 8662 de 07/06/93. A atuação do Assistente Social é mediatizada pela prestação de Serviços Sociais em Instituições Públicas e Privadas, Entidades e Organizações Populares que implementam políticas setoriais e assistenciais tais como: Educação, Saúde, Trabalho, Seguridade, Habitação, Assistência ao Idoso, Assistência à Criança e ao Adolescente.
Atua aindana administração dos Serviços Sociais, elaboração de projetos, diagnósticos e pesquisas na área de Serviço Social, Planejamento Social, orientações individuais e trabalhos comunitários.
Estudos sobre os neurotransmissores, avanços da farmacologia, da neuroendocrinologia e da descoberta de fatores biológico como possíveis causas das perturbações mentais, representaram um salto para a humanidade, pois aumentou o nível de compreensão da doença e possibilitou tratamentos mais humanos e eficazes, no sentido de controlar suas manifestações, além de um crescente interesse por essa área de estudo. Esse conhecimento contribuiu, diminuindo o número de internações nos "asilos", permitindo ao louco conviver de forma mais harmoniosa na sociedade dos ditos normais. Por outro lado, por maior que foi esse avanço não se conseguiu, até hoje, definir uma causa orgânica, unificada, para a loucura.
Apesar desses grandes avanços e da tentativa crescente de tentar situar a loucura no campo das doenças biológicas, sem ter a pretensão de negar este fator, devemos também estar atentos ao lugar do psíquico na experiência da loucura. Para tanto é necessário situar a loucura num contexto social.
As situações da sociedade moderna acabam gerando, com muita freqüência, ansiedades e alterações mentais, transitórias ou permanentes, suficientes em retirar de algumas pessoas a serenidade mental e ou a capacidade de decisão necessária aos atos da vida civil. Dependendo da extensão e do tempo da doença, é impossível ao acometido de transtornos mentais praticarem atos civis válidos ou inteiramente hábeis a gerar efeitos pessoais e patrimoniais diante de terceiros. Importante é saber, contudo, que a pessoa com transtornos mentais não é necessariamente uma pessoa portadora de deficiência. A gravidade do quadro clínico da pessoa portadora de transtornos mentais poderá acarretar internações involuntárias, passíveis de comunicação e fiscalização pelo Ministério Público, de acordo com a legislação (Lei no 10.216/01), e até a interdição para salvaguardar a saúde do doente e a sua adequada representação em atos jurídicos. 0 papel do promotor de justiça é assegurar, por meio de fiscalização das situações trazidas ao seu conhecimento, a proteção dessas pessoa acometidas de transtornos mentais.
A loucura é uma experiência social e psicológica. Dizemos que é uma experiência social, tendo em vista a maneira variada que os grupos sociais a concebem. O que nós caracterizamos como loucura pode não ser para um outro grupo. Os critérios segundo os quais é julgada esta experiência são variados. Os grupos sociais delimitam o campo da loucura de maneira distinta. A noção de loucura é diversificada e relativa, uma vez que cada grupo tem uma linguagem particular para defini-la. Segundo Joel Birman (1983) essas diversas linguagens sociais implicam também práticas sociais diversas.
Comparando as diferentes maneiras que grupos de regiões do interior e grupos dos grandes centros lidam com a doença, percebemos que, enquanto algumas regiões o louco participa do convívio familiar, desfrutando um espaço comum, nas grandes cidades modernas este convívio nem sempre é possível. A maneira de se perceber as perturbações emocionais também varia de grupo para grupo. Há pessoas que ao se depararem com estes tipos de problemas buscam soluções no âmbito da religião e preferem conversar sobre suas perturbações com padres ou pastores. Outros procuram a intervenção médica ou psicológica ou ambas.
Segundo Birman, (1983), as práticas e linguagens sociais adotadas em relação à loucura constituem códigos que funcionam discriminando comportamentos, atitudes, sentimentos e posições, desdobrando-se em códigos de valores, certo/errado, bem/mal, desejável/indesejável etc. 
Para Birman (1983), tais códigos sociais, que trazemos dentro de nós, regulam nossa interioridade e nossa relação com os outros. A loucura então se apresenta para a subjetividade humana como algo estranho que foge a nossa compreensão de conduta, como uma perda de sentido. A experiência da loucura é sentida como se algo nos escapasse algo que não conseguimos identificar como nosso. A experiência da loucura é, pois a perda ou ameaça de perda da própria identidade. Ela se apresenta então como algo que se passa em nossa subjetividade para o qual não conseguimos encontrar uma linguagem capaz de defini-lo. Dessa forma podemos dizer que essa experiência situa-se no plano da linguagem, linguagem enquanto sentido que damos aos códigos sociais por nós interiorizados. 
Enlouquecer é ser submetido à angústia e ficar prisioneiro do universo do não sentido, em que nossa linguagem fica aquém da possibilidade de interpretar o que experimentamos. (Birman, 1983)
Assim a loucura é também uma experiência social, uma vez que é concebida de diferentes formas, tanto por grupos sociais como foi no decorrer da história. Da mais alta valorização e respeito atribuído ao louco na antigüidade, enquanto visto como a encarnação de manifestações divinas e demoníacas, à degradação e marginalização a qual o louco foi submetido no asilos sujos de fezes e urina, nenhuma dessas concepções, talvez, seja mais grave do que a perda de nossa identidade humana, nosso crescente desrespeito com a vida: a loucura de nossos tempos atuais. É inadmissível que hoje, depois de avançarmos tanto no campo das ciências, da tecnologia e da informática, estamos tão aquém do autoconhecimento e ainda não sabemos onde procurar e nem o que é felicidade.
De todos os avanços e de todas as tentativas de se querer situar a loucura no campo das doenças orgânicas e de tentar concebê-la sob o prisma da subjetividade, nenhuma dessas visões foi suficiente para quebrar o estigma que acompanha o louco. Estigma este que o faz ser percebido como o insensato, como uma pessoa não merecedora de crédito. Estigma este que uma vez atribuído ao louco nos resguarda de confrontarmos com a verdade que ele, o louco, revela a nós. Sua insensatez, sua falta de coerência espelha a nossa realidade sem sentido, escondida em nosso desatino, realidade de um povo que corre sem saber pra onde, buscando não se sabe o quê.
Segundo Antonin Artaud, apud Cláudio Willer (2000), em seu texto sobre Van Gogh: o Suicidado pela Sociedade, escreveu que:
"E o que é um autêntico louco? É um homem que preferiu ficar louco, no sentido socialmente aceito, em vez de trair uma determinada idéia superior de honra humana. Assim, a sociedade mandou estrangular nos seus manicômios todos aqueles dos quais queria desembaraçar-se ou defender-se porque se recusaram a ser seus cúmplices em algumas imensas sujeiras. Pois o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis."
Este texto, escrito por um louco, um marginalizado e incompreendido, enquanto viveu, revela-nos a interpretação de quem assistiu ao mundo de um outro prisma, do lado dos que para nós perderam a identidade. Com todo seu devaneio, Antonin Artaud é hoje uma importante referência. 
"Tudo que aos olhos de seus contemporâneos pareceu mero delírio e sintoma de loucura é hoje reconhecido nas mais avançadas correntes do pensamento crítico e criação artística nas suas várias manifestações: teatro, arte de vanguarda e criações experimentais, manifestações coletivas e espontâneas, poesia, lingüística e semiologia, psicanálise e antipsiquiatria, cultura e contracultura." (Cláudio Willer- Escritos de Antonin Artaud).
Diante de tamanha expressividade indagamos o quê faz uma sociedade perceber como louco um homem, marginalizá-lo, afastá-lo do convívio social e em tão pouco tempo atribuir-lhe reconhecimento e glória. Que espécie de incomodo o louco causa em nós? Artaud foi propositadamente colocado em nosso trabalho com o objetivo de levantarmos uma reflexão:
"Os homens precisam saber de que nada mais além do cérebro vêm alegrias, tristezas, desesperanças e lamentações. E por isso, de uma maneira especial, nós adquirimos visão e conhecimento, nós vemos e ouvimos e pelo mesmo órgão nos tornamos loucos e delirantes,e medos e terrores nos assaltam, alguns de noite e outros de dia ... Todas essas coisas nós suportamos do cérebro, quando ele não é sadio." (Hipócrates , 460 - 335 a .C.) 
As situações da sociedade moderna acabam gerando, com muita freqüência, ansiedades e alterações mentais, transitórias ou permanentes, suficientes em retirar de algumas pessoas a serenidade mental e ou a capacidade de decisão necessária aos atos da vida civil. Dependendo da extensão e do tempo da doença, é impossível ao acometido de transtornos mentais praticarem atos civis válidos ou inteiramente hábeis a gerar efeitos pessoais e patrimoniais diante de terceiros. Importante é saber, contudo, que a pessoa com transtornos mentais não é necessariamente uma pessoa portadora de deficiência.
Vivemos um momento único no campo das Políticas Públicas de Saúde Mental no país. Finalmente, após mais de uma década tramitando no Congresso Nacional, a Lei no 3.657/89 foi aprovada e sancionada pelo Presidente da República, no dia 6 de abril de 2001. Esta lei dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. 
Paralelamente à aprovação da lei, comemoramos no dia 7 de abril o Dia Mundial da Saúde, este ano com o tema Cuidar Sim, Excluir Não. Este dia foi marcado por uma série de eventos em todo o país, como resultado do empenho de estados e municípios na construção de uma Política de Saúde Mental equânime, inclusiva, extra-hospitalar e de base comunitária. 
É neste contexto que surge um forte colegiado de coordenadores estaduais e municipais, comprometidos com a criação de condições técnicas e políticas que garantam o direito ao tratamento e à organização de uma rede de atenção integral à saúde, através de dispositivos sanitários e sócio-culturais que integram várias dimensões da vida do indivíduo. 
Um exemplo deste movimento é a construção da Política de Saúde Mental do Estado do Rio de Janeiro, que, desde março de 1999, tem como principal diretriz de ação a reorientação do modelo assistencial hospitalocêntrico, criando uma rede de serviços de pequena e média complexidade para atendimento psicossocial no território. 
Com base nos indicadores clínicos, epidemiológicos e de organização dos serviços, além dos indicadores sociais em geral, a Assessoria de Saúde Mental encaminhou aos gestores municipais o Plano de Implantação da Rede de Atendimento Psicossocial, centrado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) como dispositivo estratégico, capaz de funcionar como centro articulador, em uma lógica de rede, das instâncias de cuidados básicos em saúde, incluído o Programa de Saúde da Família, rede de ambulatórios, atendimento terciário (internações) e atividades de cuidado e suporte social como, por exemplo, lares abrigados, trabalho protegido, lazer, advocacia de direitos e de questões previdenciárias. Atualmente, mais de 90% dos municípios do Estado já apresentam seus Programas Municipais de Saúde Mental em funcionamento. 
Embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido, podemos afirmar que é inconteste o avanço obtido: surgem os primeiros CAPS em áreas historicamente desprovidas de bens e serviços, e está em curso a implantação de uma série de serviços tipo oficinas terapêuticas I e II em vários municípios de pequeno porte no interior do estado. As Residências Terapêuticas já estão em funcionamento em alguns municípios, e têm início várias ações que visam resgatar a contratualidade desta clientela. Outros estados como, por exemplo, São Paulo e Rio Grande do Sul, também estão em processo de implantação desse novo modelo assistencial. 
Verifica-se, também, a criação e implantação de mecanismos de controle e avaliação da rede hospitalar pública e contratada, e o estabelecimento de um diálogo permanente com a sociedade, a partir dos conselhos distritais e municipais de saúde, e, ainda, das diversas Associações. Pela primeira vez na história dos programas públicos de saúde mental do país, foi aprovada na Comissão Intergestores Bipartite, uma resolução que aprova a reorientação dos recursos financeiros gastos no sistema hospitalar (SIH) redirecionando-os para o sistema ambulatorial, com vistas a acelerar a implantação da rede de atenção psicossocial nos municípios.
Enfim, há um esforço em direção à implantação de uma política de saúde mental que, de fato, promova mudanças no uso e na gestão dos recursos e potencialidades dos territórios, afirmando coletivamente que a responsabilidade pelo cuidado é uma prática de vários agentes, instituições, sistema de saúde e sociedade. 
  
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracterização da área:
Hospital Areolino de Abreu, Rua Joe Soares Ferry, Nº 2420. Bairro Primavera Teresina – Piauí Telefone – 86 – 3222 2910
Tipo da Pesquisa
O pesquisador necessita estar provido de critérios científicos para a elaboração de um bom trabalho. Necessário se faz conhecer os métodos e sua característica para escolher o caminho adequado para a construção do pensamento cientifica e alcançar os objetivos desejados.
Este trabalho será realizado mediante uma pesquisa de campo e bibliográfica, é a que se efetua tentando resolver um problema ou adquirir novos conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares (catálogos, folhetos, artigos, etc). 
	 Realizamos um levantamento bibliográfico, visando argumentar sobre a motivação para a qualidade, e o método a ser utilizado é a pesquisa bibliográfica, visto que deseja identificar os conceitos e aplicações sobre o assunto descrevendo-os. Quando o pesquisador, em vez de utilizar questionários, se insere no ambiente a ser estudado para dessa forma colher as informações necessárias ao tema pesquisado a pesquisa de campo denomina-se participativa. Executamos o trabalho aplicando questionários com a finalidade de coletar dados que permitam responder ao problema, a pesquisa, portanto a pesquisa é denominada de campo.
 Universo
	O universo da pesquisa será com os Assistentes Sociais (03), a família (10) e os usuários( 10) do Hospital Areolino de Abreu. No Hospital Areolino de Abreu há sete unidades de internação: duas masculinas, duas femininas, uma de geriatria, uma particular e uma de desintoxicação. Na unidade de geriatria estão internados vinte idosos com problemas mentais. Na unidade eles recebem um tratamento direcionado e específico para cada caso. O Hospital Areolino de Abreu conta com 260 pacientes, sendo 30 no Hospital-Dia, pacientes que dormem em casa. Entre as prioridades, a direção do hospital relacionou uma reforma na estrutura, medicação e segurança.
O método
Segundo Trunnos (1987), podemos afirmar que se trata de uma pesquisa quantitativa, notadamente por desenvolver-se nas relações cotidianas dos sujeitos da pesquisa, ou seja, constituindo-se numa pesquisa participante, descritiva, preocupando-se mais com o processo do que com o produto, e evitando centrar a análise de dados em divisões ou categorias estanques. 
Recursos
 Institucional
Hospital Areolino de Abreu
Humanos
Pesquisadora: Fernanda Gonçalves Almeida
Professora: Iracilda Braga
Entrevistados: Assistentes Sociais (03), a família (10), e os usuários( 10) do Hospital Areolino de Abreu.
Materiais
O material abaixo relacionado caracteriza-se como uma previsão do que será necessário para a execução do projeto. Papel chamex, caneta, corretivo, grampo, régua, digitação, transporte, impressões, encadernação, livro.
ORÇAMENTO
	DISCRIMINAÇÃO
	QUANTIDADE
	R$
	1- Papel chamex
	2 Resmas
	30,00
	2-Caneta
	2 Unidades
	1,60
	3 –Corretivo
	1 Unidade
	1,00
	4-Grampo
	1 Caixa
	2,00
	5 Régua
	1 Unidade
	1,00
	Total
	
	35,60
	FINALIDADE
	IMPORTÂNCIA
	Digitação
	R$ 50,00
	Transporte
	R$ 100,00
	Encadernação
	R$ 3,00
	Livros
	R$ 150,00
	Impressões
	R$ 30,00
	Total
	R$ 333,00
CRONOGRAMA
	ATIVIDADES
	agost
	set
	out
	nov
	Escolha do Tema
	XEstudos sobre o assunto
	X
	X
	
	
	Coleta de dados
	
	X
	
	
	Análise dos dados
	
	X
	X
	
	Digitação do Projeto
	
	
	X
	X
	Revisão e correção com a orientadora
	
	
	X
	X
	Apresentação do Projeto
	
	
	
	X
BIBLIOGRAFIA
BARROS, Luiz Ferri de. Maníacos e Psicopatas. [online] Disponível na Internet via
WWW. URL: http://www.fenix.org.br/agenda/artigos/maniacospsi.htm. 15 de janeiro de 1999.
BASAGLIA, Franco (Coord.). A Instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985 [1968].
BATTAGLIA, Laura. A Portas Cerradas. Insight – Psicoterapia e Psicanálise, São Paulo: Ano IX, n. 97, p. 17-23, Jul. 1999.
BOSSEUR, Chantal. Introdução à antipsiquiatria. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976 [1974].
FREUD, Sigmund. Sobre o Narcisismo: Uma Introdução. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976 [1914]. Vol. XIV. p. 89-119.
FREUD, Sigmund. Neurose e Psicose. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976 [1924]. Vol. XIX. p. 189-193.
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FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. 3a. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991 [1972].
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ROSA, Lúcia. Transtorno mental e o cuidado na família. SP 2006.
SZASZ, Thomas. O Mito da Doença Mental. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.
 
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ANEXOS
QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS FAMILIARES DOS USUÁRIOS DO HOSPITAL AREOLINO DE ABREU
01 – Para Sr. Sra o que é saúde mental?
02 – Quem da sua família está internado no hospital?
03 – Quanto tempo de internação?
04 – Quais as principais dificuldades enfrentadas pelo Sr ou Sra?
05 – Como é o trabalho do Assistente social, aqui no Hospital Areolino de Abreu?
QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS ASSISTENTES SOCIAS NO HOSPITAL AREOLINO DE ABREU
Quanto tempo de trabalho o Sr ou a Sra tem no Hospital Areolino de Abreu?
O que saúde mental?
 Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos familiares? 
Como criar associação de familiares e usuários de Saúde Mental? 
Quais os projetos desenvolvidos com os familiares e os usuários do Hospital Areolino de Abreu?
QUESTIONÁRIO APLICADO COM OS USUÁRIOS DO HOSPITAL AREOLINO DE ABREU
01 – Há quanto tempo o Sr. Ou a Sra está internado neste hospital?
02 – Qual o dia de visita no hospital?
03 – O Sr.ou a Sra tem um bom relacionamento com os Assistentes sociais?
04 – Para o Sr. Sra o que é saúde mental?
05 – Quais as dificuldades enfrentadas pelo usuário do Hospital Areolino de Abreu?
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