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EXPERIÊNCIA 4 CALOR DE REAÇÃO E CALOR DE SOLIDIFICAÇÃO 1. OBJETIVOS No final desta prática o aluno deverá ser capaz de: Compreender o funcionamento de um calorímetro. Comparar o calor liberado na combustão de uma bela com o calor envolvido na mudança de estado de uma substância (cera). Aplicar a Lei de Hess para o cálculo do calor de reação (Entalpia de reação). 2. INTRODUÇÃO Nesta experiência você poderá comparar o calor liberado num processo físico ordinário como a so- lidificação da cera com o calor de combustão da vela. A energia potencial molecular diminui à me- dida que o calor de solidificação é removido. Nesse processo não ocorre o rompimento de ligações químicas, como é o caso da combustão da vela. Reações de combustão são reações de oxirredução com desprendimento de grandes quantidades de calor. Esse calor é então aproveitado para proporci- onar mais conforto para nossas vidas. Assim, o calor gerado na combustão do butano (gás de cozi- nha), da lenha e do carvão é utilizado para cozinhar alimentos, gerar vapor para movimentar as tur- binas de uma indústria ou de uma usina termoelétrica, etc. No caso de uma usina termoelétrica, o calor é utilizado para gerar energia elétrica. Esse calor liberado numa reação química provém do balanço energético da ruptura de ligações quí- micas e da formação de novas ligações. O rompimento de ligações químicas absorve energia. E a formação de ligações libera energia. Se o saldo for a liberação de calor para o meio ambiente, temos uma reação exotérmica. Caso contrário, será endotérmica. Quado uma transformação dá-se à pressão constante, e o único trabalho possível é o trabalho de expansão, o calor liberado é igual à variação de entalpia, (ΔH). Na queima do carbono com excesso de oxigênio à pressão constante forma-se dióxido de carbono e são liberados 393,5kJ de calor para cada mol de carbono consumido. C (s) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = - 393,5 kJ O sinal do ΔH é negativo porque houve liberação de calor. Logo, a entalpia final (Hf) é menor que a entalpia inicial (Hi). Essa reação pode ser conseguida em duas etapas: primeiro, o carbono pode ser queimado na presen- ça de uma quantidade limitada de oxigênio. C (s) + ½ O2 (g) → CO (g) ΔH = - 110,5 kJ Então o monóxido de carbono formado nesta reação poderá ser queimado com oxigênio adicional. CO (g) + ½ O2 (g) → CO2 (g) ΔH = - 283,0 kJ Quando as reações químicas são adicionadas como se fossem equações algébricas, os corresponden- tes ΔH podem ser adicionados da mesma maneira. C (s) + ½ O2 (g) → CO (g) ΔH = - 110,5 kJ CO (g) + ½ O2 (g) → CO2 (g) ΔH = - 283,0 kJ C (s) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = - 393,5 Kj Esta é uma ilustração da Lei de Hess. Ela estabelece que a variação da entalpia para qualquer reação depende somente da natureza dos reagentes e dos produtos. E não depende do nº de etapas ou do caminho que a conduz dos reagentes aos produtos. Uma equação, e o seu correspondente ΔH, podem ser multiplicados ou divididos pelo menos núme- ro. Exemplo: C (s) + ½ O2 (g) → CO (g) ΔH = - 110,5 kJ 2 C (s) + O2 (g) → 2 CO (g) ΔH = - 221,0 kJ O ΔH para uma reação pode ser expresso como a diferença das entalpias dos produtos e dos reagen- tes: ΔHreação = (Hprodutos) – (Hreagentes) Isto significa que o sinal de ΔH muda quando uma reação é invertida, porque os reagentes tornam- se produtos e vice-versa. Por exemplo, C (s) + O2 (g) → CO2 (g) ΔH = - 393,5 kJ CO2 (g)→ C (s) + O2 (g) ΔH = 393,5 kJ A Lei de Hess simplifica grandemente a tarefa de tabular variações de entalpia de reações. O calor de reação é igual à soma dos calores de formação dos produtos menos a soma dos calores de forma- ção dos reagentes, ΔHºreação = Σ(ΔHºf)produtos – Σ(ΔHºf)reagentes Tabela 1. Alguns calores de formação a 25ºC. Substância ΔHºf(kJ/mol) Substância ΔHºf(kJ/mol) CH4 (g) -74,8 H2O2 (l) -187,6 CH3OH (l) -239,0 H2S (g) -20,6 C2H2 (g) +226,0 H2SO4 (l) -814,0 C2H4 (g) +52,3 NH3 (g) -46,1 C2H6 (g) -84,6 NaCl (s) -412,1 CO (g) -110,5 Na2O (s) -415,9 CO2 (g) -393,5 O3 (g) +143,0 HCl (g) -92,3 SO2 (g) -296,8 H2O (g) -241,8 NH4Cl (s) -314,4 H2O (l) -285,8 SO3 (g) -395,7 Nota: ΔHºf de um elemento = 0 Exemplo: Calcule o calor de combustão do etanol C2H5OH, para formar dióxido de carbono e água. C2H5OH (l) + 3 O2 (g) → 2 CO2 (g) + 3 H2O (g) O etanol libera uma quantidade considerável de calor quando queima. Experimentalmente podemos medir a quantidade de calor liberada usando uma bomba calorimétrica (calorímetro). A bomba calorimétrica é um instrumento que mede o calor liberado ou absorvido por uma reação ocorrendo a volume constante. Neste tipo de calorímetro uma câmara de aço (a bomba) é imersa em um volume grande de água. O calor liberado da reação é então transferido para a água. Se a reação libera calor, a temperatura aumenta. Caso contrário, a temperatura diminui. Nenhum trabalho é realizado quando a reação ocorre dentro da bomba calorimétrica, mesmo quando gases forem envolvidos, pois o volume é constante e ΔV = 0, assim, ΔE = qv, onde qv = calor liberado a volume constante. Para as reações exotérmicas nós podemos escrever: [Calor liberado pelo sistema] = [Calor ganho pelo calorímetro] + [Calor ganho pela água] Para simplificar os cálculos, a quantidade de calor absorvida por um calorímetro é geralmente ex- pressa como o equivalente em água, que é a quantidade de calor que o calorímetro absorve por grau de temperatura. O equivalente em água do calorímetro é determinado queimando uma amostra que produz uma quantidade conhecida de calor, e medindo o aumento de temperatura do calorímetro. Por exemplo, a queima de 1,000 g de um composto produz 2,196 kcal de calor, que aumenta a tem- peratura do calorímetro e de suas 3.000 g de água por 0,629ºC, então; [Calor ganho pelo calorímetro] = [Calor liberado pela amostra] - [Calor ganho pela água] = 2196 cal – (3000 g) (1,000 cal/gºC) (0,629) = (2196) – (1887) = 309 cal Agora podemos determinar a quantidade de água que absorveria a mesma quantidade de calor cau- sando a mesma variação de temperatura. m c ΔT = Q m x 1,00 x 0,629 = 309 m = 491 g de H2O Assim, o equivalente em água do calorímetro é 491 g. Isso significa que a quantidade de calor ne- cessária para aumentar a temperatura das partes internas do calorímetro de 1,00 ºC é a mesma quan- tidade de calor necessária para aumentar a temperatura de 491 g de água de 1,00 ºC. Nesta experiência, você não utilizará este tipo de calorímetro. Você montará um calorímetro bem mais simples, como o que aparece na figura 1. Uma lata pequena com água será o calorímetro. Uma lata maior será usada para minimizar a perda de calor pelo movimento do ar. Figura 1. Representação da montagem de um calorímetro rústico. O calor liberado na combustão de uma vela será, então, transmitido para a água no calorímetro, au- mentando sua temperatura. Entretanto, uma pequena parte do calor se dissipa com os gases forma- dos na combustão e com o ar aquecido. 3. MATERIAL Balança Termômetro Garra Vela Bastão de Vidro Mufa Suporte para Vela Béquer de 150 mL Tubo de ensaio pesado e com cera Latas Chapa de aquecimento 4. PROCEDIMENTO A. Calor de combustão da vela. 1. Pese a vela com suporte e anote a massa na folha de dados. Pese também a lata vazia e encha-a com água até 2/3. Agora pese a lata com água. Vá anotando todas as massas e utilize sempre a mesma balança. Monte o calorímetro conforme a figura 1, e meça a temperatura da água. 2. Acenda a vela e deixe aquecer a água do calorímetro (a lata pequena) durante maisou menos 5 minutos. Após esse intervalo de tempo, apague a vela soprando-a cuidadosamente, para não perder massa. Agite a água devagar com o termômetro até que a temperatura pare de subir. Anote então a temperatura mais alta que o termômetro marcar e pese novamente a vela com o suporte. Anote os dados. B. Calor de solidificação da vela. Uma quantidade de cera contida em um tubo de ensaio é aquecida até a completa fusão, quando então, o tubo com cera é imerso em um béquer com água, O calor liberado durante a solidificação da vela será transmitido para a água do béquer, aumentando sua temperatura. 1. Pese o tubo com a cera dentro, com precisão de 0,01 g. O tubo de ensaio vazio já foi pesado e o seu peso está anotado no próprio tubo. Anote esses pesos na folha de dados. 2. Coloque o tubo com a cera dentro da lata pequena. A mesma do item A. Coloque água até que toda a cera fique imersa (figura). Aqueça-a até a sua completa fusão. Vá devagar, não aqueça de- mais. Figura 2. Tubo com cera imersa na água do calorímetro. 3. Pese um béquer vazio de 150 mL com precisão de 0,01 g. Esse béquer será o calorímetro da 2ª parte. Coloque 100 mL de água, suficiente para cobrir a cera do tubo (figura). Meça a temperatura da água e pese o béquer com a água. 4. Retire o tubo com a cera líquida do banho maria e espere até que o primeiro sinal de solidificação apareça (a cera começa a apresentar manchas opacas). Quando isso acontecer, coloque rapidamente o tubo com a cera no béquer de 150 mL, que serve de calorímetro, agitando levemente a água com o próprio tubo de ensaio até notar que a temperatura parou de subir. Anote então a temperatura má- xima. OBS: Nesta experiência não foram gerados resíduos químicos. 5. PRÉ-LABORATÓRIO 1. Calcule Hº para a combustão do acetileno, C2H2 a 25 ºC. Admita que são formados CO2 gasosos e H2O líquido. Utilize a tabela 1, calores de formação a 25 ºC. 2. O dióxido de enxofre, SO2, é um gás poluente existente em regiões industriais. Ele pode ser removido e oxidado a anidro sulfúrico, SO3, que tem importância comercial. Calcule o Hº por mol para a reação de SO2 com O2 (g): 2 SO2 (g) + O2 (g) 2 SO3 (g) 3. Calcule a variação de entalpia padrão a 25 ºC (Hº) que acompanha a reação de 39,2 g de SO3 com suficiente quantidade de água: SO3 (g) + H2O (l) H2SO4 (l) 4. A reação abaixo é uma das que ocorrem no processo de redução do ferro na produção de aço nos alto-fornos: Fe2O3 (s) + 3 CO (g) 2 Fe (s) + 3 CO2 (g) Determine ΔHº para esta reação a 298 K dados os valores de ΔHº para as reações abaixo: 3 Fe2O3 (s) + CO (g) 2 Fe3O4 (s) + CO2 (g) ΔHº = -46,6 kJ FeO (s) + CO (g) Fe (s) + CO2 (g) ΔHº = 9,0 kJ Fe3O4 (s) + CO (s) 3 FeO (s) + CO2 (g) ΔHº = - 41,0 kJ 5. A reação que ocorre durante a descarga de uma bateria típica de automóvel é: Pb (s) + PbO2 (s) + 2 H2SO4 (aq) 2 PbSO4 (s) + 2 H2O (l) Determine o ΔHº para a reação utilizando a seguinte informação: SO3 (g) + H2O (l) H2SO4 (aq) ΔHº = -133 kJ Pb (s) + PbO2 (s) + 2 SO3 (g) 2 PbSO4 (s) ΔHº = -775 kJ 6. A combustão de 1,048 g de benzeno, C6H6 (l) em uma bomba calorimétrica submersa em 826 g de água, aumentou a temperatura da água de 23,64 ºC para 33,70 ºC. O equivalente em água do calorímetro é 216g de água. 7. Nessa experiência você usa um calorímetro bem simples. Os resultados que você obterá se- rão maiores ou menores do que aqueles que obteria se utilizasse um calorímetro melhor? Por quê? EXPERIMENTO 4 EQUIPE: TURMA: DATA: Nº BANCADA: Parte A: Calor de combustão Massa da vela com suporte antes de queimar (g): _____ Massa da vela com suporte depois de queimar (g): _____ Massa da lata vazia (g): _____ Massa da lata com água (g): _____ Temperatura da água antes do aquecimento (ºC): _____ Temperatura da água depois do aquecimento (ºC): _____ Parte B: Calor de solidificação Massa do tubo de ensaio (g): _____ Massa do tubo de ensaio com cera (g): _____ Massa do béquer vazio (g): _____ Massa do béquer com água (g): _____ Temperatura da água antes do aquecimento (ºC): _____ Temperatura da água depois do aquecimento (ºC): _____ EXPERIMENTO 4 EQUIPE: TURMA: DATA: Nº BANCADA: Parte A: Calor de combustão Massa da vela com suporte antes de queimar (g): _____ Massa da vela com suporte depois de queimar (g): _____ Massa da lata vazia (g): _____ Massa da lata com água (g): _____ Temperatura da água antes do aquecimento (ºC): _____ Temperatura da água depois do aquecimento (ºC): _____ Parte B: Calor de solidificação Massa do tubo de ensaio (g): _____ Massa do tubo de ensaio com cera (g): _____ Massa do béquer vazio (g): _____ Massa do béquer com água (g): _____ Temperatura da água antes do aquecimento (ºC): _____ Temperatura da água depois do aquecimento (ºC): _____