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1 Biologia Aplicada a Ed. Física Organelas Citoplasmáticas Principais características O surgimento de células eucariontes provém da hipótese de que uma célula procariótica teria sofrido modificações evolutivas. Com a invaginação de membranas; acúmulo de enzimas em compartimentos individualizados, com diferentes composições químicas e funções químicas, surgiram as ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS. Enfim, a necessidade de adaptação a Terra primitiva fez com que surgissem seres mais especializados. Na célula, o ambiente geral de trabalho é conhecido como citoplasma. Nele ocorrem reações químicas vitais para a célula. O mesmo é constituído de: • Hialoplasma: H2O e substâncias dissolvidas (sais, enzimas, aminoácidos...) • Conjunto de organóides: põe a célula em funcionamento Citoesqueleto Quando se diz que o hialoplasma é um fluido viscoso, fica-se com a impressão de que a célula animal tem uma consistência amolecida e que se deforma a todo o momento. Não é assim. Um verdadeiro “esqueleto” formado por vários tipos de fibras de proteínas cruza a célula em diversas direções, dando-lhe consistência e firmeza. Essa “armação” é importante se lembrarmos que a célula animal é desprovida de uma membrana rígida, como acontece com a membrana celulósica dos vegetais. Entre as fibras protéicas componentes desse “citoesqueleto” podem ser citados os microfilamentos de actina, os microtúbulos e os filamentos intermediários. Os microfilamentos são os mais abundantes, constituídos da proteína contráctil actina e encontrados em todas as células eucarióticas. São extremamente finos e flexíveis, chegando a ter 3 a 6 nm (nanômetros) de diâmetro, cruzam a célula em diferentes direções, mas concentram-se em maior número na periferia, logo abaixo da membrana plasmática. Muitos movimentos executados por células animais e vegetais são possíveis graças aos microfilamentos de actina. Os microtúbulos, são filamentos mais grossos, de cerca de 20 a 25 nm de diâmetro, que funcionam como verdadeiros andaimes de todas as células eucarióticas. São tubulares, rígidos e constituídos por moléculas de proteínas conhecidas como tubulinas, dispostas helicoidalmente formando um cilindro. Um exemplo, desse tipo de filamento é o que organiza o chamado fuso de divisão celular. Nesse caso, inúmeros microtúbulos se originam e irradiam a partir de Estrutura metabólica 2 uma região da célula conhecida como centrossomo (ou centro celular) e desempenham papel extremamente importante na movimentação dos cromossomos durante a divisão de uma célula. Os microtúbulos são verdadeiras “esteiras” rolantes que permitem o deslocamento de substâncias, de vesículas e de organóides como as mitocôndrias e cloroplastos pelo interior da célula. Isso é possível a partir da associação com proteínas motoras. Essas proteínas se ligam de um lado dos microtúbulos e, do outro, à substância ou organóide que será transportado, promovendo o seu deslocamento. Por exemplo, ao longo do axônio (prolongamento) de um neurônio, as proteínas motoras conduzem diversas substâncias para as terminações do axônio e que terão importante participação no funcionamento da célula nervosa. Filamentos intermediários são assim chamados por terem um diâmetro intermediário – cerca de 10 nm – em relação aos outros dois tipos de filamentos protéicos. Nas células que revestem a camada mais externa da pele existe grande quantidade de um tipo de filamento intermediário chamado queratina. Um dos papeis desse filamento é impedir que as células desse tecido se separem ou rompam ao serem submetidas, por exemplo, a um estiramento. Além de estarem espalhadas pelo interior das células, armando-as, moléculas de queratina promovem uma “amarração” entre elas em determinados pontos, o que garante a estabilidade do tecido no caso da ação de algum agente externo que tente separá-las. Outras células possuem apreciável quantidade de outros filamentos intermediários, como componentes dos tecidos conjuntivos e dos neurofilamentos encontrados no interior das células nervosas. 3 As organelas podem ser divididas em: Organelas membranosas (de constituição lipoprotéica, como na membrana plasmática) Não membranosas Retículo endoplasmático (liso e rugoso), Complexo de Golgi, Lisossomos, Peroxissomos, Cloroplastos e vacúolos. Ribossomos e centríolos a) Organelas não membranosas: b) a) Centríolos São organelas não envolvidas por membrana e que participam do progresso de divisão celular. Nas células de fungos complexos, plantas superiores (gimnospermas e angiospermas) e nematóides não existem centríolos. Essas organelas estão presentes na maioria das células de animais, algas e vegetais inferiores como as briófitas (musgos) e pteridófitas (samambaias). Estruturalmente, são constituídos por um total de nove trios de microtúbulos protéicos, que se organizam em cilindro. São autoduplicáveis no período que precede a divisão celular, migrando, logo a seguir, para os pólos opostos da célula. Função dos Centríolos: - Orientar a Divisão Celular, pois origina uma estrutura denominada fuso mitótico, onde se prendem os cromossomos; - Originar Cílios e Flagelos. 4 Os Cílios e Flagelos São estruturas móveis, encontradas externamente em células de diversos seres vivos. Os cílios são curtos e podem ser relacionados à locomoção e a remoção de impurezas. Nas células que revestem a traquéia humana, por exemplo, os batimentos ciliares empurram impurezas provenientes do ar inspirado, trabalho facilitado pela mistura com o muco que, produzido pelas células da traquéia, lubrifica e protege a traquéia. Os flagelos são longos e também se relacionam a locomoção de certas células, como a de alguns protozoários (por exemplo, o tripanosssomo causador da doença de Chagas) e a do espermatozóide. Estruturalmente, cílios e flagelos são idênticos. Ambos são cilíndricos, exteriores as células e cobertos por membrana plasmática. Internamente, cada cílio ou flagelo é constituído por um conjunto de nove pares de microtúbulos periféricos de tubulina, circundando um par de microtúbulos centrais. É a chamada estrutura 9 + 2. Funções de Cílios e Flagelos: - Locomoção da Célula; - Movimentação de Líquido Extracelular; - Limpeza das Vias Respiratórias. c) d) b) Ribossomos Organelas responsáveis pela síntese de proteína. Eles não são limitados por membranas e portanto ocorrem tanto em procariontes quanto em eucariontes. Os ribossomos de eucariontes são ligeiramente maiores que os de procariontes. Estruturalmente, o ribossomo consiste em uma sub-unidade pequena e outra maior. Bioquimicamente, essa organela consiste em RNA ribossômico (RNAr) e umas 50 proteínas estruturais. a) 5 Organelas membranosas: b) a) Retículo Endoplasmático: Conjunto de membranas que delimitam cavidades das mais diversas formas formando CISTERNAS. Estende-se a partir do envoltório nuclear e percorre grande parte do citoplasma formando uma rede que se intercomunica. É uma rede de estruturas tubulares e vesiculares achatadas. Por outro lado, suas paredes são formadas por membranas de bicamadas lipídicas, contendo grandes quantidades de proteínas, de forma semelhante à membrana celular. Podemos distinguir dois tipos de retículo endoplasmático: o retículo endoplasmático rugoso, granular ou ergastoplasma (RER) e o retículo endoplasmáticos liso ou agranular (REL). - Retículo Endoplasmático Rugoso ou agranular ou Ergastoplasma: Possui ribossomos aderidos (acoplados) à face citoplasmáticade suas membranas. Encontra-se na forma de polirribossomos, unidos a RNAm em plena atividade de síntese protéica. As proteínas sintetizadas sobre o RER são jogadas para dentro das cisternas. Lá são reconhecidas e sofrem modificações para formação da conformação terciária e quartenária das proteínas. Algumas em especial, podem ter acréscimo de açúcares neste local, processo esse chamado de glicosilação. Proteínas sintetizadas no RER são aquelas destinadas a permanecer no próprio retículo, ser transportadas para o Complexo de Golgi para formação de lisossomos, formação da membrana plasmática ou simplesmente para serem secretadas. - Retículo Endoplasmático Liso: Não possui ribossomos aderidos a membrana. Podem ter continuidade com o RER. Está envolvido com o metabolismo de lipídeos. Vai sintetizar todos os lipídeos que constituem a membrana plasmática, incluindo fosfolipídios e colesterol. Alguns desses começam a ser produzidos no REL e serão completados no Complexo de Golgi. Armazenam substâncias importantes para contração muscular (como o cálcio - Ca +2 , por exemplo). É o principal reservatório de cálcio do citoplasma das células musculares e recebe o nome de retículo sarcoplasmático. Quanto a célula muscular recebe estímulo nervoso, o REL libera cálcio e essas moléculas se ligam a troponina, que movimenta os filamentos de tropomiosina, desbloqueando os sítios de ligação entre actina e miosina, ocorrendo a contração muscular. Além disso, essa organela está envolvida com a desintoxicação do indivíduo. O REL converte substâncias como herbicidas, álcool, corantes e medicamentos em substâncias de fácil excreção. Também tem participação na solubilização da bil. b) Complexo de Golgi: Possui localização e funções variadas. São organelas abundantes em células secretoras, constituídas por membranas semelhantes a sacos membranosos, achatados e empilhados. Cada pilha recebe o nome de dictiossomo. Algumas vezes o complexo de golgi não está associado ao retículo endoplasmático, então as substâncias enviadas pelos retículos chega até essa organela através de vesículas de transição. 6 Estrutura: é formado por compartimentos ordenados que constituem unidades chamadas de dictiossomo. Cada dictiossomo possui uma rede e uma cisterna Cis, uma cisterna média e uma rede e cisterna trans. A rede Cis do golgi é uma região voltada para o Retículo Endoplasmático - RE e de fusão das vesículas transportadoras provenientes do RE. A cisterna média é uma região de processamento e a rede trans é voltada para membrana celular. A rede trans é uma região de saída de vesículas transportadoras que carregam substâncias para outros compartimentos celulares ou para o meio extracelular. A função do complexo de Golgi está associada à recepção de proteínas vindas do ergastoplasma, empacotamento e secreção das mesmas. Produz muco (substância viscosa, constituída de proteínas + polissacarídeos). Dão origem às enzimas presentes no acrossoma do espermatozóide, para perfuração do ovócito na fecundação e originam os lisossomos. c) Lisossomos: São bolsas circundadas por típica membrana de bicamada lipídica e cheias com grande número de pequenos grânulos, que são agregados protéicos de enzimas hidrolíticas (digestivas) capazes de digerir diversas substâncias orgânicas. São originados no complexo de golgiense e estão presentes em praticamente todas as células eucariontes. Também podem realizar: - Digestão autofágica: quando digerem componentes da própria célula. - Autólise: quando ocorre a morte celular para contínua renovação celular. 7 d) Vacúolos Qualquer pedaço no citoplasma delimitado por um pedaço de membrana lipoprotéica. As variedades mais comuns são: "vacúolos relacionados com a digestão intracelular", vacúolos contráteis (ou pulsáteis), "vacúolos vegetais”. As inclusões são formações não vivas existentes no citoplasma, como grãos de amido ou gotas de óleo. A sequência das estruturas formadas durante a digestão intracelular é vacúolo alimentar, vacúolo digestivo e vacúolo residual. e) Peroxissomos São semelhantes aos lisossomos, mas diferem em dois aspectos importantes: - primeiro acredita-se que sejam formados por auto - replicação (ou talvez por brotamento do REL) e não pelo complexo de Golgi; segundo: contêm oxidases e não enzimas hridrolíticas. Além de conterem enzimas que degradam gorduras e aminoácidos, têm também grandes quantidades da enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) em água e gás oxigênio. Os peroxissomos estão presentes em grandes quantidades nas células de defesa como os macrófagos e também existem nas células vegetais, onde participam do processo da fotorespiração. A função dos peroxissomos no metabolismo celular ainda é pouco conhecida, mas acredita-se que participem dos processos de desintoxicação da célula f) Mitocôndrias (Condrioma) As mitocôndrias são formadas principalmente por duas bicamadas lipídicas: uma membrana externa e outra membrana interna. Enquanto a membrana externa é lisa, a membrana interna possui inúmeras pregas chamadas cristas mitocondriais, nas quais se fixam enzimas oxidativas. A cavidade interna das mitocôndrias é preenchida por um fluido denominado matriz mitocondrial contendo grande quantidade de enzimas dissolvidas, necessárias para a extração de energia dos nutrientes. As mitocôndrias são verdadeiras “casas de força” das células, pois produzem energia para todas as atividades celulares. Sua composição química é riquíssima, notando-se principalmente a presença de DNA, RNA, proteínas, carboidratos, enzimas, ATP (adenosina – trifosfato), ADP (adenosina – difosfato), etc. São encontradas exclusivamente nas células eucariontes. No interior das mitocôndrias ocorre a respiração celular, que é o processo em que moléculas orgânicas de alimento reagem com gás oxigênio, transformando- se em gás carbônico e água e liberando energia na forma de ATP. Toda mitocôndria surge da reprodução de uma outra mitocôndria, sendo que a divisão da mitocôndria denomina- se Condrocinese ou Condrogênese. Funções da Mitocôndria: - Produção de Energia; - Respiração Celular através do Ciclo de Krebs e da Cadeia Respiratória. Origem das Mitocôndrias (Teoria Endossimbionte): Durante os anos oitenta, Lynn Margulis propôs a teoria da endosimbiose para explicar a origem das mitocôndrias e cloroplastos de procariontes. De acordo com esta idéia, um procarionte maior “engoliu” um procarionte menor há uns 1.5 bilhão ou 700 milhões de anos atrás. Em vez de digerir o organismo menor, o grande e o pequeno entraram em um tipo de simbiose conhecido como mutualismo, em que ambos os organismos se beneficiam e nenhum é danificado. O organismo maior ganhou excesso de ATP fornecido pela "protomitocôndria" e açúcar em excesso fornecidos pelo 8 "protocloroplasto", enquanto fornecia um ambiente estável e as matérias-primas que o endosimbionte requeria. Esta relação é tão forte que agora células de eucarionte não podem sobreviver sem mitocôndria (igualmente eucariontes fotossintéticos não podem sobreviver sem cloroplastos), e os endosimbiontes não podem sobreviver fora dos anfitriões. Quase todos eucariontes têm mitocôndria! Respiração celular A equação química da respiração celular é: 6O2 + 30 ADP + 30Pi 6CO2 + 6H20 O processo é formado por três etapas: 1. Glicólise: ocorre no citoplasma das células. Há um gasto inicial de energia (duas moléculas de ATP são consumidas), mas ela será reposta, pois o resultado da glicólise é a formação de 2 moléculas de ácido pirúvico e 4 moléculas de ATP. Também ocorre liberação de elétrons energizados e íons H + , que são capturadospor moléculas de NAD + (nicotinamida adenina dinucleotídeo), formando duas moléculas de NADH2. As duas moléculas de ácido pirúvico passam, então, ao interior das mitocôndrias, onde ocorrem as etapas seguintes. A glicólise pode ser resumida da seguinte maneira: 2. Ciclo de Krebs: ocorre na matriz mitocondrial (solução aquosa no interior das mitocôndrias). O ácido pirúvico reage com a coenzima A, dando origem a duas moléculas de gás carbônico (CO2) e duas de acetil-coenzima A. Esta substância é totalmente degradada numa série de reações, cujos produtos são mais quatro moléculas de gás carbônico, além de elétrons energizados e íons H + , que serão capturados por NAD + e por outro aceptor de elétrons e de hidrogênio chamado FAD (flavina adenina dinucleotídeo), originando moléculas de NADH2 e FADH2. Durante esse processo, formam-se também duas moléculas de GTP (guanosina trifosfato - muito semelhante ao ATP). 3. Fosforilação oxidativa: ocorre nas cristas mitocondriais. As moléculas de NADH2 e FADH2 liberam os elétrons energizados e os íons H + . Esses elétrons (somados aos provenientes da glicólise) passam por proteínas transportadoras (citocromos e quinonas) presentes nas membranas internas da mitocôndria. Essa série de proteínas recebe o nome de cadeia respiratória. Nessa etapa, os elétrons perdem energia que é captada para a transformação do ADP + P em ATP. Ao final da cadeia respiratória, os elétrons menos energizados e os íons H + combinam-se com átomos provenientes do oxigênio, formando seis moléculas de água.
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