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começar o trabalho, leia o Manual do Aluno e Manual do Plágio para compreender 
todos itens obrigatórios e os critérios utilizados na correção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Divinópolis 
2019 
ALESSANDRA GELAPE DINIZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PSICOPATA E O DIREITO PENAL 
 
Divinópolis 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALESSANDRA GELAPE DINIZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PSICOPATA E O DIREITO PENAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade Pitágoras, como requisito parcial 
para a obtenção do título de graduado em 
Direito. 
Orientador: Vitor Dorneli Rodrigues 
 
 
 
ALESSANDRA GELAPE DINIZ 
 
 
 
 
 
O PSICOPATA E O DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade Pitágoras, como requisito parcial 
para a obtenção do título de graduado em 
Direito. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Divinópolis, 16 de abril de 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a meus pais, Miguel e 
Helenice, por serem meus maiores 
exemplos. Obrigada por cada incentivo, 
orientação, correções e orações a meu 
favor. 
AGRADECIMENTOS 
 
Hoje não posso esquecer o papel que Deus teve ao longo do meu percurso. 
Dedico este trabalho ao Senhor pela força que colocou no meu coração para lutar até 
alcançar esta grande vitória em minha vida. 
 
DINIZ, Alessandra Gelape. O Psicopata e o Direito penal: 2018 (n° de folhas). 
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) - Faculdade Pitágoras, 
Divinópolis, 2019 
 
RESUMO 
 
O presente estudo tem como escopo delimitar o que é um indivíduo que possui o 
transtorno da psicopatia, em que consiste tal patologia, seus principais sinais e 
sintomas, bem como eventuais formas de tratamento. Serão abordadas as 
classificações dos psicopatas, bem como a capacidade de responsabilização dos 
criminosos psicopatas com relação à culpabilidade dos ilícitos que venham a cometer. 
A análise de imputação à culpabilidade é de suma importância para a correta 
delimitação da pena a ser aplicada, bem como a forma de seu cumprimento. Isso 
decorre do fato da culpabilidade ser requisito essencial para a imputabilidade, que, 
por sua vez, delimita o cumprimento de pena como tipificada na legislação penal pátria 
ou através de medida de segurança. Será analisado, ainda, à luz das normas vigentes, 
qual modo de cumprimento de pena seria o ideal para os psicopatas, bem como a 
existência de peculiaridades e especificidades para o correto deslindo do 
procedimento punitivo carcerário. 
 
Palavras-chave: psicopata, crime, culpa, pena 
 
DINIZ, Alessandra Gelape. The Psychopath and the Criminal Law: 2018 (n° de 
folhas). Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) - Faculdade 
Pitágoras, Divinópolis, 2019 
ABSTRACT 
 
The present study has as scope to delimit what is an individual that has the disorder 
of psychopathy, which consists of such pathology, its main signs and symptoms, as 
well as eventual forms of treatment. It will address the classifications of psychopaths 
as well as the accountability of psychopathic criminals to the culpability of the illicit acts 
they commit. The analysis of imputation to guilt is of paramount importance for the 
correct delimitation of the sentence to be applied, as well as the form of its fulfillment. 
This is due to the fact that guilt is an essential requirement for imputability, which, in 
turn, delimits compliance with punishment as typified in domestic criminal law or 
through a security measure. It will be analyzed, still, in the light of the current norms, 
which way of fulfillment of punishment would be the ideal for the psychopaths, as well 
as the existence of peculiarities and specificities for the correct departure from the 
punitive procedure of prison. 
 
Key-words: psychopath, crime, guilt, penalty 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ART – Artigo 
LEP – Lei de Execução Penal 
CC – Código Civil 
CF - Constituição Federal 
CID – Código Internacional de Doenças 
CP – Código Penal 
TPAS – Transtorno de Personalidade Antissocial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 
2. A PSICOPATIA: DOENÇA QUE GERA INIMPUTABILIDADE E SUAS 
MODALIDADES ........................................................................................................ 12 
2.1 Psicopatia: Conceito e definições ................................................................ 12 
2.2 sintomas e sinais do início da psicopatia ..................................................... 16 
2.3 A origem da psicopatia ................................................................................. 20 
2.4 Espécies de psicopatas ................................................................................ 24 
3. A CULPABILIDADE NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO – A 
IMPUTABILIDADE E A INIMPUTABILIDADE .......................................................... 30 
3.1 A medida de segurança ............................................................................... 33 
3.2 DA DESINTERNAÇÃO PROGRESSIVA ......................................................... 36 
4. A EXECUÇÃO DE PENA DO CONDENADO PSICOPATA .............................. 38 
4.2 o cumprimento de pena dos psicopatas ....................................................... 44 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 49 
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 51 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho aborta o tema do Psicopata e o Direito Penal, onde iremos 
abordar de modo objetivo a apreciação do psicopata a frente do Direito Penal vigente 
e da Psicologia Forense. Crimes absurdos e sem respostas para tamanha crueldade, 
para uma boa parte da população necessita-se de maior entendimento, principalmente 
na Compreensão do transtorno da psicopatia é imprescindível na hora de fixar a pena. 
Este estudo é de grande relevância, uma vez que a psicopatia está além do 
que nos mostram as mídias e quais as sanções adequadas a serem utilizadas, de 
acordo com a condição mental do criminoso. As medidas poderão ser utilizadas 
perante os níveis variados de gravidade que são caracterizados como leves, 
moderados e severos. 
O objetivo especifico é analisar as leis aplicadas e se são eficientes, e identificar 
qual a melhor forma de punir um psicopata desde o crime mais simples ao mais cruel. 
No capítulo inicial realiza-se um breve histórico de estudos sobre a criminologia e sua 
evolução. No segundo capítulo iremos abordar a culpabilidade, qual seria o 
julgamento ideal para esses indivíduos. E por último vamos abordar uma análise de 
como o Direito Penal de outros países tratam estes criminosos. 
A metodologia usada será de natureza qualificativa, uma que se baseia em 
vários documentos diversos, tais como livros, sites, artigos e até mesmo em outros 
trabalhos de conclusão de curso. Uma das referências bibliográficas utilizadas será a 
obra de Ana Beatriz Barbosa Silva 'Mentes perigosas, o psicopata mora ao lado'que 
nada mais é que uma referência na psicologia. 
Analisa-se que a pena é uma forma de ressocialização do indivíduo para voltar 
ao convívio em sociedade após ter cumprido a sanção imposta de acordo com o crime 
cometido, porém em muitos casos essa ressocialização não ocorre e estes indivíduos 
tornam-se criminosos reincidentes. Isso é o que ocorre quando o condenado é 
classificado como “psicopata”, não aprendem com a experiência e, por isso, não se 
beneficiam com a punição. Na concepção destes autores: O Brasil encontra-se numa 
encruzilhada. 
Uma parte da sociedade propõe o endurecimento das penas e a construção de 
presídios de segurança máxima, enquanto outra, vinculada à defesa dos direitos 
humanos, sugere a necessidade de novas práticas que ressocializem o preso e 
11 
 
 
humanizem as prisões. Psicopatas não produzem danos contra suas vítimas, mas sim 
para uma sociedade inteira. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
2. A PSICOPATIA: DOENÇA QUE GERA INIMPUTABILIDADE E SUAS 
MODALIDADES 
 
A psicopatia é definida como uma patologia cujo doente pode vir a atentar 
violentamente contra a vida ou integridade física contra pessoas que podem ou não 
circular entre seu convívio social, com o intuito de beneficiar-se, sem importar em 
causar dano ou prejuízo a outrem, haja vista que seu comportamento é ilustrado pela 
dificuldade de sentir empatia, de relacionar-se sentimentalmente com terceiros. 
Tal patologia pode se manifestar já na tenra idade, com sintomas tais como 
agressividade precoce, que pode aumentar na adolescência, e se mantém na fase 
adulta. 
É uma patologia já estudada pelo ramo da Psicologia, inclusive com o 
mapeamento de um perfil característico, que se notabiliza pela total aversão e desleixo 
com relação ao convívio social, de cunho permanente e, até então, sem cura. 
Todavia, o tratamento hoje empregado para controle de agressividade, bem 
como de tentativa de adequação social do psicopata tem se mostrado ainda com 
resultados inconstantes, sendo que alguns dos doentes não respondem ao 
tratamento, mantendo-se inadequados para a vida em sociedade durante toda a vida. 
 
2.1 PSICOPATIA: CONCEITO E DEFINIÇÕES 
 
Barthélemy Coclés, durante o século XVI, foi um estudioso francês que, àquela 
época, já tentava determinar a personalidade de uma pessoa, atra´ves da análise de 
suas características externas. 
Tal ideia, conceituada como fisiognomia utilizada também por Lombroso para 
determinar se uma pessoa poderia ser criminosa através de seu tipo físico, que gerou 
os estudos incipientes da Criminologia, foi aceita e difundida até que novos estudos 
se verteram para analisar o modo de pensar do infrator e das pessoas em geral, e, no 
ramo médico, tal objeto de estudo acabou por determinar a análise intrínseca da 
personalidade do cidadão como um estudo psicológico, primeira vez que o termo foi 
cunhado. O estudo da psicologia, portanto, visou, precípua e primeiramente, a 
aprofundar seu estudo no cérebro humano para contribuir com o entendimento da 
mente criminosa. 
13 
 
 
Ainda fazendo uma revisão histórica, ainda que superficial, sobre o tema, com 
o intento de se estudar anatomicamente ainda os crânios dos criminosos em busca 
de anomalias, sendo os criminosos estudados divididos em ocasionais, aqueles que 
cometeram um crime quase de forma fortuita e com motivações exclusivamente 
sociais; e os criminosos naturais, ou seja, aqueles que desde logo já cometiam crimes, 
sem motivo aparente, e assim permaneceram até o fim da vida. Esses últimos, aliás, 
vieram a ser os denominados psicopatas.1 
Desse modo, afere-se que desde sempre a mente dos criminosos se constitui 
em tema de fascínio e estudo para os profissionais médicos, policiais e antropólogos, 
em tentativa de compreender suas motivações, e se há algum tipo de padrão que os 
defina, que os diferenciem dos cidadãos médios comuns, que se notabilizam pela 
pacificidade. 
Em 1941, Hervey Cleckley, psiquiatra norte americano, publicou o primeiro 
trabalho sobre Psicopatas, cujo objetivo era de ajudar a detectar e diagnosticar o 
Psicopata e sua importância no âmbito das ciências jurídicas e sociais. 
Ficou estabelecido que os psicopatas, objeto do presente estudo, utilizam uma 
técnica denominada como máscara. É uma espécie de camuflagem, onde há uma 
ocultação das características da verdadeira personalidade do agente, que se 
sobressai em momentos específicos. Na maior parte do tempo, o que se vê é uma 
personalidade que tenta emular o que a sociedade entende como comum. 
Na realidade, a personalidade do psicopata é determinada por déficits afetivos 
que culminam em falta de empatia, em ausência de sensibilidade e completo desprezo 
com relação a terceiros, mesmo que lhe sejam próximos ou frequentes. Nesse sentido, 
Ana Beatriz Silva assevera que: 
 
O termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos 
loucos ou doentes mentais. A palavra psicopata literalmente significa doença 
da mente, no entanto, em termos médicos-psiquiátricos, a psicopatia não se 
encaixa nessa visão tradicional de doenças mentais. Os Psicopatas em geral, 
são indivíduos frios, calculistas, dissimulados, mentirosos, que visam apenas 
o benefício próprio. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, 
revelam-se agressivos e violentos.2 
 
1 INNES, Brian. Perfil de uma mente criminosa: a psicologia solucionando os crimes da vida real. São 
Paulo: Editora Escola, 2009, p. 5. 
2 SILVA, Ana Beatriz B. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. 2. ed. São Paulo: Globo, 2014, p. 
38. 
 
14 
 
 
 O psicopata, portanto, se apresenta com um caráter insuficiente para os 
padrões da sociedade. Tem ampla inabilidade e vontade de estabelecer 
relacionamentos e cultivar sentimentos, além de total falta de entendimento de 
aspectos éticos e morais, e, por este motivo, não encontra óbice para a prática de 
delitos, pois se apresenta e realiza condutas ética e moralmente questionáveis sem 
culpa, com o intuito de alcançar seu objetivo ou meta. Pode, para isso, inclusive, 
utilizar de sua máscara e se portar como uma personagem ora cativante, ora 
simpática, ora sedutora, com o intuito de alcançar seu intento. 
 Por não possui nenhum tipo de apego aos ditames sociais, a psicopatia 
também pode ser entendida como uma predisposição puramente biológica. Nesse 
sentido, o cérebro continua sendo o principal, talvez o único, elemento para a análise 
da patologia. Como já explanado, o psicopata tem como características principais três 
discrepâncias com relação ao comportamento normal de uma pessoa qualquer: a 
ausência de afetividade, a integração com outrem somente em concordância e 
necessidade de suprir seus interesses pessoais, utilizando de técnicas manipulativas 
para tal, e um comportamento solitário, predominantemente antissocial. 
 São encontrados em qualquer raça e povo, sociedade, envolto em qualquer 
tipo de ambiente cultural, e em vários meios sociais e profissionais. Tem como 
principal característica total ausência de afeto nas relações interpessoais. Segundo 
Hare, estudioso canadense, psicopatas possuem pleno discernimento de sua 
conduta, possuem ciência quando ultrapassam limites socialmente estabelecidos, 
mas não se importam com isso, veja-se: 
 
O padrão da personalidade do psicopata como um todo o distingue do 
criminoso comum. Sua agressividade é mais intensa, sua impulsividade é 
mais pronunciada, suas reações emocionais são mais “rasas”. Entretanto, a 
ausência de sentimento de culpa é a principal característica distintiva. O 
criminoso comum tem um conjunto de valores internalizado, embora 
distorcido; quando violaesses padrões, ele sente culpa.3 
 
Qualquer infração, delito ou conduta criminosa cometida pelo psicopata, de 
maior ou menor grau pode ser atribuída à psicopatia. Nem todos os psicopatas 
realizam atitudes extremadas, como o homicídio; na realidade, apenas uma minoria 
dos psicopatas assim age. O que ocorre é que são imbuídos de total desapego à 
 
3 HARE, Robert D. Sem consciência: o mundo perturbador dos Psicopatas que vivem entre nós. 
Tradução Denise Regina de Sales, revisão técnica José G. V. Taborda. Porto Alegre: Artmed, 2013, p. 
71. 
15 
 
 
afetividade, sendo certo que todos os psicopatas, em maior ou menor grau, quando 
interagem com o meio a que estão inseridos, o faz sempre em benefício próprio. 
Ao se traçar um perfil psicológico dos psicopatas, afere-se que não raras vezes 
eles se apresentam como espirituosos, articulados, galanteadores, capazes de 
interagir de forma agradável, ainda que fria. 
Tal fato decorre da maneira como os psicopatas conseguem se informar de 
assuntos diversos, com uma boa gama cultural, com facilidade para aprender e utilizar 
termos e conceitos técnicos, com o intuito de passar credibilidade e inteligência aos 
seus interlocutores. 
Diante de tantos comportamentos conflitantes, resta cristalino que o conceito 
de psicopatia não se trata de conceito fechado; ao contrário, é tema complexo, com 
muitas variantes, inclusive por dispor de diferentes definições comportamentais ao 
longo dos anos. 
Surgiram, com o tempo, diversas teorias acerca de eventual motivação do 
psicopata, de forma a aclarar seu conceito e tentar definir um padrão de 
comportamento. 
Não se pode confundir, entretanto, a psicopatia com uma espécie de doença 
mental. A palavra psicopata, por si só, significa doença da mente, do grego psyche = 
mente; e pathos igual doença. No entanto, não é um termo conceitual literal, e sim 
cunhado pelo ramo da medicina da psiquiatria, e, por isso, apesar do nome que indica, 
de forma não totalmente equivocada, uma patologia, a psicopatia não é diagnóstico 
de pessoa louca ou com déficit intelectual. 
O psicopata, portanto, é sujeito que não consegue entender o conceito de 
sociedade, moral, ética, costume, leis, culpa e limites; vive conforme conjunto de 
condutas próprias e particulares. Não seria errado afirmar que o psicopata habita um 
mundo todo próprio, interior que se exterioriza, para ele, onde a sua conduta não é 
reprovável, não é desonrosa e não há leis estabelecidas para que sejam seguidas sob 
pena de punição. O psicopata, portanto, não se sente como um transgressor quando 
ultrapassa a lei, e sim que realizou ato normal para sua sobrevivência ou vontade, e 
que, por si só, não constituiria crime. 
Os sinais de que um indivíduo seja psicopata, na realidade, já foram, ainda que 
de forma aberta, delimitados pela ciência, como será analisado. 
16 
 
 
2.2 SINTOMAS E SINAIS DO INÍCIO DA PSICOPATIA 
 
 A psicopatia é um estado comportamental que atinge de 3 a 5% da população 
mundial, possuindo, portanto, como principal sinal, a falta de senso ético ou moral. A 
principal característica do relacionamento social do psicopata é a presença de um 
sentido manipulativo cumulado com uma certa distância e completa frieza. Os 
psicopatas ao contrário dos doentes mentais de forma geral, conseguem discernir e 
verbalizar regras de conduta, ética e moral, bem como costumes observados na rotina 
da vida. Entretanto, discernir e verbalizar não quer dizer respeitar os limites éticos e 
morais socialmente delimitados. Apesar de sua capacidade cognitiva ser normal, 
análoga a de uma pessoa que não é psicopata, no âmbito do Direito Penal, tem-se 
entendido que o psicopata não deve ser punido com medida de segurança, e sim, com 
as penas previstas em lei. Ana Beatriz em seu livro diz: 
 
Sinal bastante característico do comportamento dos Psicopatas é a total falta 
de preocupação ou constrangimento que eles apresentam ao serem 
desmascarados como farsantes. Não demonstram a menor vergonha caso 
sejam descobertos. Esses tipos de Psicopatas são muito comuns no mercado 
de trabalho, muitas vezes, fingindo ser profissionais qualificados em áreas 
que nunca atuaram.4 
 
Os psicopatas, em virtude de seu senso de megalomania, como também de 
sua extrema arrogância e vaidade, os psicopatas não tem interesse na educação 
casual e normal da sociedade, nem mesmo busca uma profissão específica. Isso se 
dá pela sua personalidade peculiar que os fazem acreditar que a ausência de empatia 
é um dom, e não um problema, e, portanto, são pessoas superiores que não se 
prendem ao que é socialmente estabelecido. 
No Brasil, cerca de 20% de toda a população carcerária já foi diagnosticada 
como psicopata. Embora não seja a maioria da população presa, os psicopatas 
possuem grande influência nos presídios e não raras vezes influenciam os demais 
presos, seja pela sua alcunha, seja pelo seu pensamento niilista. 
 
 
 
 
4 SILVA, Ana Beatriz B. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. 2. ed. São Paulo: Globo, 2014, p. 
70. 
 
17 
 
 
Como alhures mencionado, até 5% da população mundial são psicopatas em 
potencial, ou seja, pelo menos 280 milhões de pessoas no mundo possuem o distúrbio 
da psicopatia. o órgão Americano Psycopathy Checklist, que trabalha em torno da 
avaliação dos psicopatas é um dos índices e parâmetros utilizado em todos os países 
como material de apoio e suporte traçando paralelos entre o comportamento psicopata 
e o que os diferencia dos criminosos comuns.5 
Robert Hare, um dos mais renomados estudioso sobre o tema, entende a 
psicopatia como um comportamento anômalo, que possui guarida em estudos 
clínicos, tendo grande importância e aplicabilidade no direito penal e no sistema 
prisional brasileiro e mundial. Nos estudos de Hare, há uma distinção entre o psicopata 
e o Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS). Seu argumento é que alguns 
psicopatas podem preencher os requisitos para diagnóstico de TPAS< mas nem todos 
os diagnosticados com o transtorno de personalidade antissocial são, de fato, 
psicopatas. 
Isso se dá principalmente ao desprezo dos psicopatas pelo regramento de 
condutas sociais. Enquanto os portadores de TPAS até podem cometer crimes, mas 
isso não é uma conduta que os tipifica, os psicopatas desde tenra idade se mostram 
aptos a cometerem infrações e as cometem, não tendo mudanças comportamentais 
significativas quando submetidos a programas de reabilitação, tendo alto índice de 
reincidência criminal. Relevante frisar que os psicopatas atualmente passam pelos 
mesmos programas de reabilitação e são submetidos aos mesmos procedimentos de 
progressão de regime dos detentos normais, entretanto, tal fato não deveria ocorrer, 
tendo os psicopatas, assim diagnosticados clinicamente, a necessidade de serem 
impostos regras próprias para benefícios penitenciários. Todavia, não há estudos 
suficientes para delimitar quais seriam os procedimentos alternativos e mais eficazes 
para a concessão de regalias e um programa de socialização ou de pelo menos que 
visem evitar sua reincidência. Seria de grande valia principalmente devido ao 
problema social que enfrenta o país atualmente, no que concerne ao número de 
penitenciárias e a superlotação a que estão submetidas. 
 
5 DAYNES, Kerry; FELLOWES, Jessica. Como identificar um psicopata: cuidado! ele pode estar mais 
perto do que você imagina. Tradução Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro São Paulo: Cultrix, 2012, p. 
30. 
18 
 
 
Trata-se de um problema não só do âmbito penal, mas, por que não dizer, de 
saúde pública,principalmente a se levar em consideração a periculosidade e a 
reincidência dos psicopatas ao cometimento de ilícitos. 
Dentre os sinais que o psicopata fornece para o diagnóstico desse desvio 
comportamental, que são poucos e muitas vezes deliberadamente simulados, pois, 
como já explanado, o psicopata geralmente se trata de pessoa competente, inteligente 
e que sabe ser articulada e simpática quando necessário, faz com que seja possível 
elencar os principais indícios de seu transtorno. Entre eles, sua mudança 
comportamental e social em determinado ambiente para se adaptar as demandas 
necessárias para alcançar o que almeja, seja para um ganho patrimonial seja para ter 
simplesmente paz e privacidade, que são sentimentos de bem estar que geralmente 
deseja. 
Para isso, são capazes de comportamento emotivos, frios, relutantes, efusivos, 
sempre em prol de atingir seus objetivos. Ademais, por ser pessoa egocêntrica e que 
sempre pensa possuir prerrogativas e habilidades que nem sempre correspondem à 
verdade, se utilizam de subterfúgios como mentiras ou camuflagens para tentar 
demonstrar habilidades ou experiências de vida que não necessariamente possui, 
apenas em prol de se adaptar ao lugar em que está ou ao que deseja alcançar, 
utilizando de técnicas de manipulação e sem demonstrar remorso ou culpa. 
Ademais, e principalmente ao serem fracassados em sua tentativa de conseguir 
o que almeja, demonstram certa confusão, descontrole, podendo gerar e praticar atos 
impulsivos e agressivos, sendo, quando desmascarados, incapazes de assumir sua 
conduta delituosa, agindo como se inocente fosse. 
Apesar da falta de empatia observada nos portadores de psicopatia, não se 
pode olvidar que os mesmos possuem alta gama de entendimento acerca da 
personalidade e sentimentos de terceiros, analisando isso de forma fria e pragmática, 
sendo habilidosos ao manipular pessoas, seja pelo sentimento, seja pela 
probabilidade de conduta, o que os tornam especialmente perigosos no trato com 
pessoas vulneráveis ou influenciáveis, que podem chegar a se prejudicar sob 
induzimento do psicopata. 
Nesse diapasão, frequentemente os psicopatas se tornam profissionais 
competentes e valorizados quando trabalham em áreas onde o relacionamento com 
cliente não é primordial e onde seja necessário grande concentração e frieza de 
raciocínio para atingir os objetivos. Direito, medicina, entre outras profissões são 
19 
 
 
propícias para psicopatas. Por mais que se argumente que medicina trata e protege 
vidas, o que seria num primeiro momento contraditório, entretanto, a medicina pode 
ser entendida como uma ciência humana que se apodera de muitos conceitos 
matemáticos, como estatísticas, dosagens, ´para seu correto desenrolar. A se 
considerar que a doença é algo que pode mecanicamente ser extirpado, sem se levar 
em conta o caráter social da profissão, a medicina se torna uma profissão bastante 
atrativa para os psicopatas, pois, além de tudo, traz retorno financeiro, social e de 
status, algo que os psicopatas tem muito apreço. 
A carreira militar, pela própria natureza do psicopata, sua falta de sentimentos 
e empatia, também se demonstra carreira profissional com alta probabilidade de 
sucesso. 
Biologicamente, também merece destaque o fato de que o psicopata não 
compreende o sentido da palavra stress, haja vista que os hormônios do stress 
sabidamente tem sua difusão no corpo do psicopata não relativizada ou diminuída, 
mas inócua, já que os psicopatas não reconhecem o sentido de pressão ou 
compromisso com outrem. Ademais, do mesmo modo, psicopatas não possuem 
cansaço mental derivado de pensamentos comportamentais, o que se consubstancia 
em uma vantagem com relação aos funcionários sem tal distúrbio, que se 
compadecem com as vicissitudes da vida. 
Por este motivo, os psicopatas possuem a vantagem de não se importar com 
carga de trabalho, carga horária, prazos, e, independentemente de problemas ou 
distrações, se mantém focados frente à sua atividade, calmos, o que facilita 
sobremaneira a tomada de decisões, motivo pela qual são, via de regra, profissionais 
competentes e de sucesso. 
Além do mais, por não gostarem de realizar tarefas mecânicas, buscam 
continuamente inovações e aprimoramentos, o que torna uma visão superficial de 
empregado proativo na verdade uma conduta egoísta que o leva a ficar com o m´inimo 
de conforto no cumprimento de suas atividades. Ana Beatriz Silva comenta: 
 
Segundo uma pesquisa feita com pessoas que ocupam cargos de maior 
autoridade e hierarquia operacional, ao menos 4% desses, são ocupados por 
Psicopatas, principalmente do sexo masculino. [...] sem contar, aqueles que 
são capazes de falsificar sentimentos e burlar vários tipos de testes, que são 
feitos quando suas mascaras caem.6 
 
6 SILVA, Ana Beatriz B. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. 2. ed. São Paulo: Globo, 2014, 
p. 89. 
20 
 
 
Por serem focados e concentrados, são também mais inteligentes que a média, 
embora tal requisito e característica não seja uma constante em 100% dos psicopatas 
já analisados, não sendo requisito imprescindível para seu diagnóstico. 
Um fato relevante, entretanto, é buscar a causa da psicopatia. Estudos 
mostram que nos Estados Unidos, aproximadamente 4% da população sofre com 
psicopatia. No Japão, tal patamar se encontra em 0,3% da população do país. A 
estatística apresentada pode ser um indicativo que a causa, para além de genética, 
também pode encontrar componentes sociais para seu aparecimento na sociedade.7 
 
2.3 A ORIGEM DA PSICOPATIA 
 
Um dos grandes sintomas da psicopatia se manifesta desde a tenra idade, com 
agressividade incontrolável, imotivada e exacerbada. Tal comportamento encontra 
uma certa estabilidade quando da adolescência e no decorrer da vida adulta, mas 
pode, da mesma maneira, continuar aparecendo já em idades avançadas. 
Sua conduta tem por objetivo precípuo sua satisfação pessoal, seja satisfação 
de cunho sexual, drogas, patrimônio, poder, status, utilizando-se inclusive de fraudes, 
dado seu comportamento niilista. Entretanto, também são capazes de realizar atos 
criminosos com alto grau de planejamento, inclusive com manipulação de outrem, que 
estejam em situações de fragilidade emocional e sob influência do psicopata, que, por 
sua vez, utiliza uma de suas máscaras, a da completa sanidade e simpatia, para ter o 
que pretende. 
Agem de forma premeditada, inteligente, com uma suposta presunção de 
veracidade, o que os diferencia do simples infrator, que geralmente não possui sequer 
intelecto para planejar algo mais elaborado. Ainda, diferentemente dos criminosos 
naturais, que geralmente agem por necessidade ou provocação, o psicopata age em 
busca de sua meta. Jorge Trindade alega: 
 
Psicopatas também são ávidos pela busca de emoções e de sensações. Essa 
atração pode se estender para o crime, especialmente para a violência 
sexual. A tração por emoções radicais coloca-os em constante situação de 
risco ou perigo e pode estar associada com uma maior probabilidade para 
agressão sexual e para exposição ao recidivismo. Psicopatas não suportam 
 
7 GOLEMAN, Daniel. Inteligência Social. Rio de Janeiro: ELSEVIER, 2016, p. 34. 
 
21 
 
 
uma vida simplesmente comum e normal, necessitam de estímulos 
frequentes para que a vida não lhes pareça aborrecida ou pacata demais.8 
 
O indivíduo psicopata não raras vezes se trata de ser que vive sem anseios 
sexuais, mas que, por algum motivo qualquer, satisfaz sua vontade e tédio através de 
ataques sexuais, realizados de forma coercitiva. Relatos já documentados pela 
ciência, atravésde estudos da psicologia clínica e da ciência forense. 
Por serem seres instáveis, impulsivos e agressivos, seus vínculos não são 
duradouros, motivo também por apresentarem impaciência e irritação que prejudica 
os jogos de sedução da nossa sociedade, o que os leva a coibir seus alvos a 
praticarem sexo sob ameaça ou coerção. Alguns psicopatas possuem transtornos 
sexuais que são potencializados pela psicopatia. 
Cleckley, estudioso pioneiro da psicopatia no século passado, afirmava que até 
30% dos presos condenados por crimes sexuais no mundo podem ser psicopatas. 
Dos reincidentes, metade possui tal diagnóstico. 
Podem apresentar cases de violência imotivada, agindo com excesso em todas 
as suas atividades, inclusive no ato infracional eventualmente praticado. Verifica-se 
que esse comportamento é também um sintoma da psicopatia, que pode sentir 
conforto ao causar privação ou sofrimento a outrem. Desse modo, para os psicopatas, 
a violência possui uma função, de cunho imediato, de satisfação do seu desejo. 
Alguns predicados importantes ainda devem ser observados. Estatisticamente, 
crianças com comportamento antissocial, na maioria das vezes, possuem 
ascendentes que padecem do mesmo mal; ademais, o padrão econômico familiar 
baixo, com pouco cuidado com relação aos costumes, que culmina com um 
comportamento atrevido, impulsivo e disperso podem contribuir para o 
desencadeamento da psicopatia. ou seja, um lar disfuncional, seja tal 
disfuncionalidade de âmbito social, familiar, econômico, ou todos, influem diretamente 
na formação do psicopata. 
A alienação parental é complicado fator que pode desencadear ainda a 
psicopatia. Sobre o tema, impende tecer um breve comentário acerca da 
 
8 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia: a Máscara da 
Justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 76. 
 
 
22 
 
 
responsabilidade civil acerca da alienação parental e como a teoria do desamor pode 
influenciar no diagnóstico do psicopata. 
O termo “responsabilidade” no senso comum, deriva-se da palavra em latim 
respondere, que significa “responder, prometer em troca”. Dessa forma, uma pessoa 
que seja considerada responsável, por alguma situação ou coisa, terá que responder 
pela prática de seus atos. 
No Direito Civil, o instituto da responsabilidade civil, gera muitas discussões 
polêmicas devido aos efeitos provenientes das relações humanas. Inevitavelmente 
todas as pessoas estão em interação a todo momento. Sendo assim, a atitude de uma 
pessoa pode interferir na vida de outra, e assim positiva ou negativamente, pode gerar 
a necessidade de reparar prejuízos ou restituir ganhos. 
O conceito de responsabilidade civil, conforme abordado de forma sucinta 
anteriormente, encontra dificuldades em sua definição na doutrina nacional e 
estrangeira, pois há autores que a definem a partir da culpa, enquanto outros, ao tratar 
deste assunto, conceituam de forma mais ampla, não restringindo a discussão a mera 
culpabilidade do autor, mas colocando em foco também a divisão dos prejuízos 
causados e ponderação de direitos e interesses. 
O doutrinador Caio Mário Pereira da Silva (2001, p.11), em sua obra 
“Responsabilidade Civil” define conceito de Responsabilidade Civil da seguinte 
maneira: 
 
A responsabilidade civil consiste na efetivação da reparabilidade abstrata do 
dano em relação a um sujeito passivo da relação jurídica que se forma. 
Reparação e sujeito passivo compõem o binômio responsabilidade civil, que 
então se enuncia como princípio que subordina a reparação à sua incidência 
na pessoa do causador do dano. Não importa se o fundamento é a culpa, ou 
se é independentemente desta. Em qualquer circunstância, onde houver a 
subordinação de um sujeito passivo à determinação de um dever de 
ressarcimento, aí estará a responsabilidade civil. 
 
 Dessa forma, a responsabilidade civil, é o emprego de medidas 
necessárias, que visam a obrigar uma pessoa a reparar através do dano moral ou 
material, causado a outrem em decorrência do próprio imputado, ou de fato, coisa sob 
sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou em decorrência de mera imposição legal 
(responsabilidade objetiva). 
 No caso da responsabilidade civil por abandono afetivo, trata-se de um 
ato de omissão por parte dos pais, que deveriam prover os cuidados e afetos 
23 
 
 
necessários para o desenvolvimento psíquico, moral, e afetivo e não o fazem. Para 
Carlos Roberto Gonçalves (2012, p.71) acerca da responsabilidade por omissão: 
 
Para que se configure a responsabilidade por omissão é necessário que 
exista o dever jurídico de praticar determinado fato (de não se omitir) e que 
se demonstre que, com a sua prática, o dano poderia ter sido evitado. O dever 
jurídico de agir (de não se omitir) pode ser imposto por lei (dever de prestar 
socorro às vítimas de acidente imposto a todo condutor de veículo pelo artigo 
176, I, do Código de Trânsito Brasileiro) ou resultar de convenção (dever de 
guarda, de vigilância, de custódia) e até da criação de alguma situação 
especial de perigo. 
 
A família é a base da sociedade, sendo a principal instituição reduto de 
convivência humana. Ao fazer parte de uma família, o indivíduo estará sujeito a 
diversas relações nas quais possui interesse direto, a exemplo do poder familiar, 
obrigação alimentar; casamento, união estável, parentesco, etc. 
A desunião, ou separação judicial, divórcio dos cônjuges não implicada na 
separação, ou desunião de seus descentes imediatos. Separam-se os pais, mas não 
os seus filhos menores de dezoito anos. A falta de convivência entre os pais, não 
implica a falta de convivência com seus filhos, mesmo que habitando em ambientes 
distintos. 
No artigo 1589 do Código Civil, assegura-se os direitos prioritários dos filhos, e 
garante que o genitor não guardião poderá visitar e ter o filho em sua companhia 
conforme o acordo estabelecido com o outro genitor ou conforme ofixado pelo juiz, 
assim como fiscalizar sua educação e manutenção. Tal premissa explicitada parte do 
princípio do melhor interesse das crianças e adolescentes. 
Nesse sentido, os dois fatores principais que costumeiramente deveriam existir 
em uma relação familiar que coíbe a psicopatia latente seria a supervisão e a disciplina 
parental, que também são uma manifestação de carinho. A falta de disciplina e 
autoridade pode ensejar o desencadeamento da psicopatia, pois auxilia no 
entendimento de ausência de limites e favorece o comportamento infrator. 
Ademais, a falta de limites fornece ao infante uam certa ausência de limites, ou 
seja, um dos sintomas principais da psicopatia. não se pode olvidar, ainda, que uma 
família disfuncional, sem um relacionamento afetivo natural, pode moldar um 
comportamento errático e sem amor da criança, o que pode incutir no infante uma 
normalização da violência 
24 
 
 
Hare, o estudioso da psicopatia, ainda elenca a baixa escolaridade e baixa 
educação como fatores preponderantes para o desencadeamento da psicopatia. 
Os sintomas e características do psicopata, entretanto, a agressividade, 
desonestidade, falta de empatia e a manipulação não perfazem diagnósticos 
restritivos. Nem todos que apresentam tal comportamento são psicopatas. E nem todo 
psicopata é um infrator, ainda que potencialmente o seja. Mas deve-se atentar que as 
características do psicopata devem ser avaliadas utilizando-se, ainda, os fatores 
psicossociais do indivíduo, para que seja traçado um panorama macro, para sua 
correta delimitação e diagnóstico.9 
Entretanto, há psicopatas que tiveram uma infância dentro dos padrões da 
normalidade e mesmo assim o são. Trata-sede diagnóstico complicado, portanto, mas 
já se pode delimitar algumas espécies de psicopatas conceituados clínica e 
cientificamente. 
 
2.4 ESPÉCIES DE PSICOPATAS 
 
Há uma grande gama de psicopatas já conceituados cientificamente através de 
exames clínicos. 
O Psicopata Social é talvez o mais virulento para a sociedade, pois comete 
várias infrações sem nenhum tipo de culpa com relação ao dano causado a outrem. 
Extremamente manipulador, não se importa de prejudicar diretamente o próximo para 
atingir sua meta. 
Pode surgir desde a infância, onde não raras vezes se passa por uma 
agressividade que deve ser observada. Pode ainda desenvolver-se na adolescência 
ou senão tão somente na fase adulta. 
A classificação de personalidades dissociais pode ser ranqueada por 
intensidade da patologia. Isso quer dizer que o psicopata social pode ter grau leve, 
moderado e grave. 
 Nesse sentido, os denominados psicopatas comunitários são os que 
encontram baixo grau de psicopatia, sendo que não estão nem mesmo 
 
9 BASÍLIO, Luiz Cavalieri; KRAMER, Sonia. Infância, educação e direitos humanos. 2. ed. São Paulo: 
Cortez, 2006, p. 158. 
 
25 
 
 
completamente conceituados no Relatório de Transtorno de Personalidade Antissocial 
(TPAS). 
Podem ser encontrados na maioria das classes e sociedades, sendo o tipo de 
psicopatia mais usual. O psicopata comunitário comete infrações, mas sempre de 
pouca complexidade, e dificilmente chegam a cometer homicídio. Possuem difícil 
diagnóstico, podendo passar vida inteira sem ser diagnosticado como tal. Quando 
condenados, mantém comportamento exemplar de forma dissimulada apenas para 
conquistar progressão de regime.10 
Já o psicopata diagnosticado como moderado ou grave, esses denominados 
como Psicopata Antissocial, é o indivíduo que, conforme conceituação do TPAS, 
compreende quase todos os requisitos da escala, inclusive podendo se enquadrar 
como serial killers, pois, além de não terem empatia, podem ter prazer ao causar dano 
a outrem. 
Por serem mais niilistas, têm mais dificuldade de se inserirem no convívio social 
sorrateiramente, sendo comumente encaminhados para a reclusão. Possuem as 
mesmas características do psicopata comunitário, como a ausência de empatia, o viés 
manipulador, arrogância, megalomania, entretanto, em grau exacerbado. 
São mais atrelados, devido ao alto grau de psicopatia, a crimes mais graves, 
como rebeliões, grandes golpes, assassinatos, entre outros. Ainda conseguem 
dissimular suas intenções e real comportamento, mas com menos cautela. 
Os psicopatas de grau moderado, em sua maioria, inserem-se no meio de 
usuários e tráfico de drogas e entorpecentes, vandalismo, cafetinagem, corretagem, 
jogos de azar, golpes, roubos, entre outros. Já os psicopatas de grau grave são 
sádicos, normalmente assassinos, não sendo raros transtornos de personalidade e de 
ansiedade concomitantes. São assassinos ou criminosos sexuais, em sua maioria. 
São fios e sentem prazer no sofrimento alheio, buscando o cometimento de crimes 
como uma forma de dar um sentido na vida, que para eles, é vazia de significado, 
dada sua amoralidade e total falta de empatia. 
Comumente se cansam de tudo e todos a seu redor, virando verdadeiros 
nômades. Majoritariamente sofreram abusos quando na infância, o que ajuda a 
explicar o comportamento errático, e um agravante da psicopatia. 
 
10 SILVA, Ana Beatriz B. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. 2. ed. São Paulo: Globo, 2014, 
p. 77. 
 
26 
 
 
Visto a latente disparidade no grau de psicopatia, que, como explanado, foram 
determinadas como leve, moderada e grave, alguns estudiosos e teóricos da área 
propuseram uma ramificação dessa classificação, que seria efetivada através de 
subclassificações, ou subtipos. Blackburn, por exemplo, delimitou os psicopatas ainda 
como primários e secundários. Karpman, trabalhando sobre a teoria de Blackburn, 
determinou como psicopata primário o indivíduo que deliberadamente age com 
psicopatia em proveito próprio. O psicopata secundário, por seu turno, manifestava 
sua psicopatia em caráter revanchista, reagindo de circunstâncias que 
desencadearam o distúrbio. 
Nesse sentido, importante sopesar que os psicopatas primários possuem a 
psicopatia com origem primordialmente genética, com deficiência biológica de 
discernimento acerca de ética, moral e sociedade. O psicopata secundário, por sua 
vez, se encontra no rol dos psicopatas de origem social, que tiveram em seu meio 
social disfunções e condutas anômalas que moldaram erroneamente seu conceito de 
vida em sociedade e respeito aos costumes sociais, principalmente oriunda uma 
infância problemática. 
Importante ainda ressaltar que quanto mais inteligentes, menos os psicopatas 
se valem de subterfúgios violentos para atingir o que pretendem, pois possuem mais 
recursos para tentar conseguir o almejado com artimanhas de menor potencial 
punitivo, ou de pelo menos menor chance de ser condenado. 
Nesse sentido, e explorando ainda mais as classificações, houve a 
sistematização da classificação dos psicopatas, cujos principais subtipos serão 
estudados. 
O Psicopata Carente de Princípios está associado a psicopatas com 
personalidade histérica e narcisista, totalmente egocêntricos e arrogantes. São 
individualistas e tentem a manter um estilo de vida mentiroso e fraudulento, seja para 
alcançar suas metas megalômanas ou para se provar como um superior entre a 
sociedade. Não raras vezes manipulam e exploram terceiros, estando classificado 
como dominante dentro do sistema primário e secundário de Blackburn.11 
O Carente de princípios é psicopata que possui poucos valores sociais, 
tendência para infringir leis, normas e costumes, sem culpa por eventual dano 
 
11 DAYNES, Kerry; FELLOWES, Jessica. Como identificar um psicopata: cuidado! ele pode estar mais 
perto do que você imagina. Tradução Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro São Paulo: Cultrix, 2012, p. 
25. 
27 
 
 
causado a terceiros. De um ponto de vista psicológico freudiano, possuem o superego 
ausente ou extremamente enfraquecido, sendo amorais e antissociais ao extremo, 
além de vingativos e extremamente persuasivo. Gosta de se arriscar e não leva em 
consideração para sua conduta eventual consequência punitiva. 
Suas relações sociais são pautadas em seus próprios interesses, começando 
e terminando conforme sua utilidade. Não possuem dificuldade em mentir quando lhes 
é conveniente, inclusive para se eximir de responsabilidade de práticas delituosas 
cometidas. Assume, portanto, uma máscara adequada para cada situação que tem 
que lidar, podendo modificar sua personalidade de acordo com necessidade e 
conveniência, podendo agir com educação ou não, inocência ou autoridade, vitimismo 
ou vilania, sempre com o intuito de conseguir o que pretende. Quando condenados 
ou punidos, buscam aperfeiçoar suas técnicas, para que não sejam pegos novamente. 
Não há redenção ou reabilitação. 
Já o Psicopata Malévolo se caracteriza como pessoa extremamente hostil, com 
forte impulso vingativo. Extremamente paranoico, não confia em ninguém de seu 
círculo social, o que alimenta a paranoia, o sentimento de injustiça e o sentimento de 
vingança. Tem semelhanças com os sádicos, e muitos dos psicopatas malévolos se 
apresentam como serial killers.12 
Punições e sanções penais não causam efeitos de reabilitação nessa classe 
de indivíduos, pelo contrário, apenas alimenta seu espectro vingativo. Em situação de 
superioridade, tornam-se tiranos e sádicos, agindo excessivamente para provar e 
comprovar seu statusde superioridade. Por terem comportamento tão errático, 
acabam por se tornarem párias, e esse é apenas mais um resultado que retroalimenta 
seu desejo de vingança. Sempre se encontra num ciclo de retroalimentação de ódio, 
o que os torna revoltados e fortalece a sua já natural ausência de empatia e de 
sentimento de culpa pelo cometimento de atos ilícitos. 
Tem pleno conhecimento dos limites éticos socialmente impostos, o que é de 
especial valia para transgredi-los sem perder o controle da situação ou se colocarem 
em situação de perigo de condenação ou reclusão. 
Essa noção do que é permitido, legal, e o que não é se torna uma vantagem 
para seu oportunismo e persuasão, de se fazerem por dissimulados para conquistar 
 
12 TENDLARZ, Silvia; GARCIA, Carlos. A quem o assassino mata? : O serial killer à luz da criminologia 
e da psicanálise. Tradução Rubens Correia Junior São Paulo: Atheneu, 2013, p. 131. 
28 
 
 
o que almejam com o mínimo de risco de punição, inclusive selecionando as pessoas 
que subjugará. 
O Psicopata Dissimulado é um indivíduo que utiliza seu discernimento acerca 
do regramento social para usar continuamente uma máscara de sociabilidade e 
amizade. Entretanto, possui tendências impulsivas e de alteração brusca de 
comportamento. Pode-se, inclusive, realizar um comparativo com o Transtorno de 
Personalidade, já que ambos os distúrbios caracterizam-se pela máscara usada para 
caracterizar um estilo de vida, com enfoque totalmente teatral. 
Se caracteriza por um comportamento imaturo, e, como todo psicopata, possui 
imensa facilidade de mentir, dissimular, planejar, conspirar, trair, manipular e se eximir 
da responsabilidade de seus atos, incutindo culpa sempre a um incauto próximo. 
Possui na dissimulação sua principal arma para conseguir o que almeja, não 
sendo violento fisicamente, mas extremamente manipulador. Seu prazer do psicopata 
dissimulado se encontra nesse jogo de máscaras que usa para conseguir o que 
almeja. Quando acuados, pode reagir de forma agressiva e impetuosa, ou tramar uma 
vingança posterior, não sendo sua conduta facilmente previsível. 
O Psicopata Ambicioso sofre por entender que não tem tudo da qual é 
merecedor, sempre invejando um terceiro que eventualmente tenha mais sucesso em 
determinada área, principalmente ligada ao âmbito material. Tende a ter desejo e 
cometimento de atos que visem destruir ou destituir, como forma de equiparar sua 
situação, sem se importar muito com violações e punições praticadas. 
Esse tipo de psicopata se notabiliza por realizar pequenas transgressões, 
sendo que poucas aquisições já se mostram suficientes para satisfazer sua sanha. 
Seu prazer é alcançado muito mais em prejudicar e roubar de outrem do que 
efetivamente possuir bens. Não possuem satisfação plena, e, nesse sentido, ainda 
que se pareçam com os Psicopatas Carentes de Princípios, o Psicopata ambicioso 
realiza uma exploração muito mais salientada, e sua motivação precípua é o 
sentimento de inveja, bem como o desejo de se apropriar e desapropriar outrem com 
algo que o ambicioso não possui e se julga merecedor. Há estudos que o vazio sentido 
pelo psicopata ambicioso pode ser ensejado por alienação parental na infância, sendo 
vítima do desamor.13 
 
13 SILVA, Ana Beatriz B. Mentes inquietas: TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Rio de 
Janeiro: OBJETIVA, 2009, p. 163. 
 
29 
 
 
Concluindo, o Psicopata explosivo se diferencia dos demais psicopatas pelo 
caráter de urgência e impetuosidade que imprime em suas condutas intempestivas e 
excessivamente agressivas ou arrojadas. Os Psicopatas Explosivos são acometidos 
por acessos de fúria, com investidas a outras pessoas, agredindo até mesmo 
membros de sua própria família. Os ataques explosivos vêm em forma de agressão, 
de supetão, o que faz com que a vítima seja pega de surpresa e sem capacidade de 
defender a contento. 
Os explosivos são psicopatas que não planejam sua conduta, muitas vezes 
infringindo a lei de forma impetuosa e de improviso, muitas vezes sem provocação, 
sendo esta sua principal característica e também sua principal diferença com relação 
a outros psicopatas. 
Entre os psicopatas de maior periculosidade, e a título de exemplificação, pode-
se citar o matador de massa, psicopata que mata várias pessoas ao mesmo tempo, 
geralmente um grupo que o instigou, provocou ou oprimiu; o serial killer, psicopata 
que mata várias pessoas de forma frequente, na modalidade dolosa, durante meses, 
anos, com intervalos que podem ser regulares ou não, na maioria dos casos 
escolhendo as vítimas com alguma característica em comum, como biótipo físico, 
idade, cor do cabelo, raça, entre outros. 
O spree killer trata-se de um matador impetuoso, que pratica seus crimes sem 
planejamento prévio nem uma vítima em específico. A pessoa que estiver próxima ao 
spree kileer quando em acesso de fúria torna-se uma vítima em potencial. Pode matar 
ou machucar várias pessoas em curto período, e cessar seus ataques tão 
bruscamente como começou. Os sociopatas não possuem animus assassino, apesar 
de também serem considerados psicopatas. 
A psicopatia não é um transtorno neurológico, e sim, dotade de personalidade 
antissocial, e, desse modo, pode responder judicialmente pelos seus atos, não sendo 
cabível a medida de segurança, ainda que o Código Penal Brasileiro caracterize o 
psicopata como inimputável. 
 
 
 
 
 
30 
 
 
3. A CULPABILIDADE NO SISTEMA PENAL BRASILEIRO – A 
IMPUTABILIDADE E A INIMPUTABILIDADE 
 
No âmbito do Direito Penal Pátrio, a culpabilidade é o grande gargalo que deve 
ser enfrentado quando na seara da Teoria do Delito. É necessário delimitar e 
conceituar o crime e a adoção da culpabilidade como caractere fundamental da 
formação do delito. Somente a partir desse estudo é possível haver condenação e 
responsabilidade penal quando o agente é imputável. 
Importante salientar que são conceitos diferentes a imputabilidade com a 
responsabilidade penal. Esta se consubstancia na série de fatos expressamente e 
legalmente exigidos para que o agente possa se submeter e estar sujeito a uma 
condenação, ao cumprimento de pena. Aquela, por sua vez, é elemento da própria 
culpabilidade, sendo antecedente à responsabilidade. Afinal, só há responsabilidade 
penal se o criminoso for imputável. 
Com relação à antijuridicidade, pode-se afirmar que tal fenômeno se encontra 
entre a ação e a lei, quando a conduta do criminoso vai contra o que está legalmente 
disposto como conduta jurídica. Logo, a antijuridicidade, em âmbito penal, é a 
contravenção ou o crime, que possui penalidade prevista. 
A culpabilidade, de outro turno, não se dá quando do cometimento de ato 
antijurídico, ou seja, no cometimento do delito, e sim, na reprovação do infrator que 
comete ato que viola o direito. A culpabilidade, portanto, encontra amparo no 
pensamento do agente que pode fazer de outra maneira, mas não o faz, e, por isso, 
age com culpa, ou seja, age sabendo que está violando direito, assumindo 
voluntariamente os riscos de sanção prevista no ordenamento jurídico brasileiro. 
Nesse sentido, entende-se que a culpabilidade decorre de um anterior juízo de 
censura, ou seja, o agente realiza um juízo da conduta delituosa, admite agir de forma 
a lhe ser imputado culpa pelo dano que comete. O juízo de censura é realizado pelo 
Juiz, a partir de critérios técnicos e racionais. 
Destarte, há a separação pela maioria dos doutrinadores da culpabilidade em 
três fundamentos distintos para a delimitação da culpabilidade: i. a imputabilidade, 
comoindicador de culpabilidade, ii. A inexistência de causa de absolvição, ou seja, a 
falta de elementos que possam retirar a responsabilidade do agente, e iii. O 
31 
 
 
conhecimento da ilicitude do ato, ou seja, a constatação que o agente tinha 
conhecimento da antijuridicidade da conduta. 
Nesse sentido a imputabilidade pode ser entendida como capacidade para ser 
culpado, ou seja, a capacidade do agente de ser responsável pelos seus atos. Como 
se vê, a imputabilidade se difere da responsabilidade, sendo àquela um meio para o 
surgimento desta. 
Logo, a imputabilidade é uma capacidade de culpabilidade, a capacidade de 
discernimento do agente reconhecer a ilicitude da conduta e mesmo assim praticá-la. 
Convém destacar que no ordenamento jurídico brasileiro, a imputabilidade não existe 
para menores de dezoito anos, sendo estes considerados presumidamente incapazes 
de ter culpa por sua conduta. 
Desse modo, o que se observa é que, a se considerar a culpabilidade como 
elemento formador do ilícito, ou seja, como um dos requisitos para a caracterização 
do crime, a ausência de culpabilidade inibe a formação de crime, ou seja, mesmo que 
o agente cometa ato ilícito, se a este não pode ser imputada a culpa, seja por 
delimitação legal, seja por incapacidade mental ou intelectual, este não responde pela 
conduta cometida, pois não se configura como crime, ausente a culpabilidade, um dos 
elementos essenciais para a formação do delito. 
Nesse sentido, deve-se salientar que o sistema penal pátrio, além do sistema 
biológico de indicação de imputabilidade, também adota o sistema biopsicológico, ou 
seja, também leva em consideração se o agente tem discernimento dos seus atos, e, 
não o tendo, é eximido de punibilidade. 
No Direito Penal Brasileiro, há inimputabilidade sempre que o infrator não 
possuir condições psíquicas mínimas para entender a ilicitude dos seus atos. Quando 
o agente possuir retardo mental, completo ou incompleto, ou doença mental que 
modifique seu discernimento, cabe à seara penal decidir se a esse agente pode ser 
imputada culpa. Ao imputar culpa, o agente cumprirá pena. Se não for possível imputar 
culpa ao agente, o mesmo não cumprirá a pena prevista no Código Penal, e sim, 
poderá cumprir medida de segurança. 
Na atualidade, a inimputabilidade requer dois elementos importantes, primeiro 
psicológico e segundo biológico, onde ambos já foram anteriormente explicados. A 
principal característica da inimputabilidade está relacionada à capacidade de 
conhecer e querer, pois o sujeito no momento que comente o crime, não está 
32 
 
 
consciente de seus atos. Para o reconhecimento da incapacidade de culpabilidade é 
suficiente que o agente não tenha uma das duas capacidades, de entendimento ou 
de autodeterminação. Faltando a capacidade de entendimento, ou seja, não ter a 
capacidade de avaliar seus próprios atos, de valorar sua conduta, positiva ou 
negativamente, o agente, consequentemente não sabe e não pode saber a natureza 
valorativa do ato que pratica.14 
Se o indivíduo não possuir tal capacidade, não ser capaz de auto avaliar-se ou 
de avaliar o que acontece ao seu redor, não possui, por corolário lógico, condições de 
autodeterminação. Esse fato, no Brasil, se trata da inimputabilidade, com previsão nos 
artigos 26, 27 e 28 do CP, que, dentre outros, determina como inimputável doente 
mental e o retardado, bem como em algumas hipóteses de desenvolvimento mental 
incompleto. Ademais, há a previsão no artigo 27 de ser inimputável o menor, bem 
como a inimputabilidade temporária, como em casos de embriaguez. 
No artigo 26, que delimita a inimputabilidade por doença mental, entre outros, 
encontra-se como doença mental as psicoses, que são patologias que obstam o 
portador, temporária ou permanentemente, de manter contato com a realidade à sua 
volta, seja por motivos de delírios ou alucinações. 
Dentre as psicoses aceitas clinicamente no país, estão a esquizofrenia, a 
paranoia, as epilepsias e a psicose exógena. A psicose exógena se trata de patologia 
que não possui cunho biológico, sendo deflagrada através de estímulos externos, 
como a psicose sifilítica, oriunda do avanço da doença da sífilis, as psicoses 
traumáticas, que se iniciam após a vivência de algum evento traumático, a psicose 
derivada de embriaguez contínua ou que tem como origem o uso de trogas 
alucinógenas, bem como transtornos bipolares e demência. 
A psicopatia tem caráter anormal, se constituindo em formação de 
personalidade diversa, anômala, anomalia esta caracterizada por má formação ou 
ausência de formação, ou ainda, formação equivocada de valores de personalidades 
como amor, afeto, vontade e inteligência, o que leva o psicopata a responder de forma 
diversa das pessoas normais a estímulos cotidianos.15 
 
14
 MIR PUIG, Santiago. Derecho Penal, Parte General. 6 ed. Barcelona: Reppertor, 2012, p. 551. 
15
 PALOMBA, Guido Arturo. Tratado de Psiquiatria Florense, Civil e Penal. São Paulo: Atheneu, 2003, 
p 42. 
33 
 
 
A psicopatia se encontra elencada dentro das neuroses pela corrente 
majoritária doutrinária nacional, o que pode ser entendido como um grande equívoco, 
pois a neurose é conceito amplo demais dentro do ramo da psiquiatria, pois a neurose 
pode ser a explicação pro toda a sorte de doenças ou problemas mentais, de 
personalidade ou associativos. Atualmente, as neuroses têm sido objeto de maior 
delimitação, com origem e fases, bem como diferenciação de uma espécie de neurose 
para outra. 
Pode-se afirmar que as neuroses possuem diferença em sua origem, mas que, 
ironicamente, sempre se encontra algum tipo de alienação parental na infância que 
desencadeia o aparecimento de neurose no indivíduo.16 
Contrariando o entendimento atual da psicopatia, para a doutrina pátria a 
psicopatia ainda é uma espécie de neurose, uma das espécies dos transtornos de 
comportamento antissocial. 
E, sendo considerada uma patologia, inclusive com previsão no CID – Código 
Internacional de Doenças, o psicopata, mesmo sendo capaz de discernir que sua 
conduta é delituosa, assumindo voluntariamente o risco de seu comportamento 
ocasionar sanções penais, e, portanto, passível de culpa, é considerado inimputável 
pelo nosso ordenamento jurídico, e, portanto, cumpre medida de segurança, e não 
pena, quando diagnosticado clinicamente como psicopata. 
Quando a pessoa é psicopata mas não diagnosticada por profissional 
competente, não é possível a aplicação de medida de segurança, tendo o infrator ter 
que cumprir as penas previstas no Código Penal. 
 
3.1 A MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
Há no Brasil, sistemática e constantemente, uma reforma no tocante ao 
entendimento do tratamento psiquiátrico, tanto dos meliantes inimputáveis quanto dos 
doentes em geral. 
É cediço que, de acordo com o entendimento do funcionamento procedimental 
das medidas de segurança, há algumas contradições e idéias opostas entre a reforma 
psiquiátrica e o que condiz o entendimento legislativo da medida de segurança. Um 
 
16 TRINDADE, Jorge; BEHEREGARAY, Andréa; CUNEO, Mônica Rodrigues. Psicopatia: a Máscara da 
Justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 110. 
34 
 
 
dos pontos controvertidos é a internação como regra, e a aparente cessação da 
periculosidade quando a internação tem seu fim. 
Considerando a legislação penal, em especial o artigo 97 do CP, temos que 
existem duas medidas de segurança previstas: internação propriamente dita e 
tratamento ambulatorial. 
Importante salientar que a internação é medida que, via de regra, virá a ser 
aplicada pelo juiz, enquanto o tratamentoambulatorial pode ser determinado, apenas 
quando observada a necessidade de apenas este tipo de tratamento, e quando o 
crime cometido foi punível com detenção. 
A internação, entretanto, na prática, não muda muito do simples 
encarceramento. Aliás, é imperioso salientar que, na realidade, a internação por 
tempo determinado pode até mesmo ser considerada um tipo de encarceramento, só 
que com terminologia diferente, apenas para se direcionar àqueles que sofrem de 
transtornos mentais. 
Mas, de forma concomitante, a internação funciona também como um 
dispositivo de exclusão social, já que, assim como a pena privativa de liberdade, não 
oferece mudanças positivas no tocante ao comportamento, nem em relação ao 
contexto em que o internado está inserido, mas acarreta, como no encarceramento, 
uma desculturação, uma “desadaptação às condições necessárias para a vida em 
liberdade” (GOFFMAN, 1974, p. 11). 
Não é equivocado afirmar que a medida de segurança sempre foi determinada 
não em face da necessidade do delinqüente inimputável, mas, sim, sobre a gravidade 
do delito. Segue, de certa forma, a mesma teoria da proporcionalidade prevista na 
dosimetria de pena. Com essa aproximação tão pugente do encarceramento e da 
medida de segurança, acaba-se por confundir e não haver diferença entre um e outro, 
no tocante à aplicabilidade ao doente mental. 
A extinção da medida de segurança, cabe dizer, é realizada através de exame 
para avaliar a cessação da periculosidade do agente, sendo que, via de regra, é 
realizado após transcorrido o prazo determinado pelo juízo da validade da medida de 
segurança. 
Se, acaso a periculosidade ainda é apontada em tal exame, a medida de 
segurança se mantém, o que acarreta que o agente pode ficar anos, décadas, até 
mesmo ad aeternum na instituição psiquiátrica. 
35 
 
 
Reconhece-se, nesse ponto, que a duração da medida de segurança, em seu 
cerne, ser indeterminada, é flagrantemente inconstitucional, pois viola o inciso XLVIII, 
alínea “b”, do artigo 5º de nossa Carta Magna, abaixo transcrito: 
 
“XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis;” (BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. 1988) 
 
Nesse diapasão, a medida de segurança, como é hoje aplicada, possui caráter 
perpétuo e cruel, o que, de plano, a torna totalmente contra nossos ditames 
constitucionais. 
O STF já se manifestou sobre o tema, indicando entender que o limite máximo 
de duração da medida de segurança não deve exceder 30 (trinta) anos, do mesmo 
modo que é regulamentada a pena privativa de liberdade, no artigo 75 do Código 
Penal, veja-se: 
 
“AÇÃO PENAL. Réu inimputável. Imposição de medida de segurança. Prazo 
indeterminado. Cumprimento que dura há vinte e sete anos. Prescrição. Não 
ocorrência. Precedente. Caso, porém, de desinternação progressiva. Melhora 
do quadro psiquiátrico do paciente. HC concedido, em parte, para esse fim, 
com observação sobre indulto. 1. A prescrição de medida de segurança deve 
calculada pelo máximo da pena cominada ao delito atribuído ao paciente, 
interrompendo-se-lhe o prazo com o início do seu cumprimento. 2. A medida 
de segurança deve perdurar enquanto não haja cessado a periculosidade do 
agente, limitada, contudo, ao período máximo de trinta anos. 3. A melhora do 
quadro psiquiátrico do paciente autoriza o juízo de execução a determinar 
procedimento de desinternação progressiva, em regime de semi-internação” 
(HC 97.621, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, Dje 26.6.2009). 
 
“PENAL. EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. RÉU INIMPUTÁVEL. 
MEDIDA DE SEGURANÇA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. EXTINÇÃO 
DA MEDIDA, TODAVIA, NOS TERMOS DO ART. 75 DO CP. 
PERICULOSIDADE DO PACIENTE SUBSISTENTE. TRANSFERÊNCIA 
PARA HOSPITAL PSIQUIÁTRICO, NOS TERMOS DA LEI 10.261/01. WRIT 
CONCEDIDO EM PARTE. I - Não há falar em extinção da punibilidade pela 
prescrição da medida de segurança uma vez que a internação do paciente 
interrompeu o curso do prazo prescricional (art. 117, V, do Código Penal). II - 
Esta Corte, todavia, já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo 
de duração da medida de segurança é o previsto no art. 75 do CP, ou seja, 
trinta anos. Precedente. III - Laudo psicológico que, no entanto, reconheceu 
a permanência da periculosidade do paciente, embora atenuada, o que torna 
cabível, no caso, a imposição de medida terapêutica em hospital psiquiátrico 
próprio. IV - Ordem concedida em parte para extinguir a medida de 
segurança, determinando-se a transferência do paciente para hospital 
psiquiátrico que disponha de estrutura adequada ao seu tratamento, nos 
36 
 
 
termos da Lei 10.261/01, sob a supervisão do Ministério Público e do órgão 
judicial competente” (HC 98.360, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira 
Turma, Dje 23.10.2009). 
 
Já o STJ entende que o limite da medida de segurança não deve ser maior que 
o máximo possível de pena, em eventual condenação, da análise abstrata em relação 
ao delito cometido, conforme entendimento da Súmula 527 do Colendo Tribunal, que 
orienta que “o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o 
limite máximo de pena, abstratamente cominada ao delito praticado.” 
O poder executivo, inclusive, através de decretos, como o 8.380/2014, concede 
sistematicamente indultos a quem possui internação via medida de segurança por 
mais de 30 (trinta) anos, em conformidade ao entendimento acima delineado. 
Entretanto, a nossa legislação ainda é omissa quanto ao assunto, o que causa 
celeuma e insegurança jurídicas, principalmente com as constantes mudanças de 
paradigmas no tratamento psiquiátrico atuais. 
 
3.2 DA DESINTERNAÇÃO PROGRESSIVA 
 
Talvez uma das soluções, pelo menos uma das soluções discutidas atualmente 
é o conceito de desinternação progressiva, instituto que não encontra amparo em 
nossa legislação. Impende sopesar que, com relação ao sistema de cumprimento de 
pena privativa de liberdade, já existe o sistema progressivo. 
Os inimputáveis condenados ao enclausuramento através de condenação via 
medida de segurança são encaminhados ao Hospital de Custódia e tratamento 
psiquiátrico. Neste local, ocorre a sua segregação da vida em sociedade. 
A lei de Execução Penal (Lei 7.210/84) prevê que o Hospital de Custódia é 
parte integrante de nosso sistema prisional, o que é incoerente, pois, se a medida de 
segurança é uma pena alternativa com o objetivo primevo e, teoricamente, exclusivo, 
de tratar o inimputável para readequação da vida em sociedade, o Hospital de 
Custódia deveria ser ligado aos sistemas de saúde governamentais, e não ao sistema 
que possui o encarceramento como plano base. 
Com esse entendimento, a portaria 001/2014 instituiu a “Política Nacional de 
Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional” 
(PNAISP), com o intuito de fazer com que o sistema de Saúde Governamental (SUS 
37 
 
 
e SUAS) estejam mais integrados a auxiliar os indivíduos que estejam privados de 
liberdade. 
Além desta portaria, as 94/2014 e 95/2014 também versam sobre o tema, 
principalmente com relação à primeira, que delimita a criação de um serviço de 
avaliação e acompanhamento de tratamento aplicável a pessoas com transtornos 
mentais, enquanto a segunda trata de financiamento desse serviço. 
38 
 
 
4. A EXECUÇÃO DE PENA DO CONDENADO PSICOPATA 
 
A execução da pena é tema que até a presente data gera enorme celeuma em 
nosso ordenamento jurídico, seja com relação à sua natureza, origem, seja por definir 
seu momento temporal, regramentos e normas, metodologia, eventuais limites. Em 
todo o mundo,a execução penal é motivo de contínuo debate, não sendo equivocado 
falar que praticamente existe um ramo autônomo do Direito, anexo ao Direito Penal, 
que a o Direito de Execução Penal. No Brasil, essa autonomia é ainda mais flagrante, 
eis que regido por lei especial própria, não possuindo nem mesmo previsão no Código 
de Processo Penal. 
Historicamente, a execução penal no Brasil teve seus primeiros registros no 
Código Penitenciário, em 1933. Memora-se que nessa época não havia ainda sido 
publicado o Código Penal, que só foi promulgado em 1940, e a execução penal não 
foi regulamentada no referido Códex. Desse modo, àquela época, nem o Código Penal 
nem o Código de Processo Penal possuíam previsão apta a regulamentar a execução 
penal, quando se fala em reclusão para cumprimento de pena privativa de liberdade.17 
A execução penal, como qualquer medida de execução, é o cumprimento da 
pena propriamente dita, seja pena privativa de liberdade, privativa de direitos, multa 
ou medida de segurança. Através do regramento a que a execução deve ser 
submetida é possível aferir que o delinquente, mesmo sendo condenado, possa 
cumprir a pena que lhe foi atribuída e não ter violados seus direitos fundamentais 
constitucionalmente protegidos. 
Salienta-se que, no decorrer da história, os criminosos foram tratados quando 
recolhidos pelo Estado como párias, animais, indignos de existência, judiados, e, por 
isso, a manutenção da dignidade da pessoa humana, mesmo que esse humano seja 
delinquente, é tema que continuamente tem se revelado objeto de estudo dos 
doutrinadores e do judiciário, quase que como modo de reparar os exageros 
cometidos no passado. 
Pode-se afirmar, portanto, que, atualmente, o processo criminal obedece a dois 
dogmas, o primeiro, proteger a sociedade do delinquente, tendo como responsável 
 
17 PENTEADO, Jaques de Camargo. A Coisa Julgada e Execução Penal. São Paulo: São Paulo, 1988, 
p. 65. 
 
39 
 
 
pela mantença da ordem o Estado, e, o segundo, garantir ao delinquente que, caso 
condenado, responda pelo seu crime, cumpra sua pena, mas que não tenha violado 
demais direitos que ainda mantém, mesmo com a condenação. 
Essa preocupação originou uma série de diretrizes a serem seguidos tanto na 
fase de inquérito e processo, bem como na execução de pena, sendo certo que 
algumas até se tornaram princípios. A título de exemplificação, pode-se citar o 
princípio do in dubio pro reu, ou seja, na falta de prova da culpabilidade, deve-se 
favorecer o acusado; a proibição da tortura como método de confissão, do homicídio 
permitido legalmente, a diretriz de que há a presunção de inocência, a manutenção e 
proteção do direito ao acusado da ampla defesa, devido processo legal e do 
contraditório, entre outros subterfúgios.18 
Nesse sentido, a lei de Execução Penal (LEP), Lei nº 7.210/84 foi publicada 
para delimitar o cumprimento de pena, acolhendo o sistema de progressão da mesma. 
Em outras palavras, a LEP admite que a pena seja abrandada no decorrer do tempo, 
de acordo com o comportamento do condenado e o tempo que o mesmo já cumpriu 
de sua pena. 
Como se pode perceber, a natureza jurídica da execução penal é matéria que 
enseja ainda maiores estudos, complexa, pois possui incidência tanto administrativa 
quanto penal. Alguns doutrinadores afirmam que a execução de pena é 
essencialmente jurisdicional, a se considerar apenas os incidentes, tais como indulto, 
livramento condicional, progressão e tipos de regime – aberto, semiaberto e fechado 
– além de seguir os dispostos na LEP e considerar a progressão do regime mediante 
obediência de requisitos específicos. 
Na mesma senda, afirmam outros doutrinadores a execução penal ter também 
natureza administrativa, quando se leva em consideração que a finalidade da 
execução penal é sempre tentar a reabilitação do condenado, sua integração social, 
bem como a contínua e necessária fiscalização dos institutos carcerários do país, bem 
como de registro de todos os trâmites do preso, como guia de recolhimento, histórico 
penal, entre outros. 
 
18 MESQUITA JÚNIOR, Sidio Rosa de. Execução Criminal: teoria e prática: doutrina, jurisprudência, 
modelos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 92. 
 
40 
 
 
Anda a se falar dos princípios que regem a execução penal, imperioso ressaltar 
o princípio da regularidade processual. O princípio da Ampla Defesa, do Devido 
Processo Legal e da Ampla Defesa são os princípios basilares, que, todavia, ainda 
são acompanhados e complementados pelos princípios da Legalidade, da 
Proporcionalidade, da Imparcialidade do Juiz, da Individualização da Pena, da 
Razoabilidade. 
Nesse sentido, o princípio da individualização da pena é decorrente e extensão 
do princípio da Isonomia, a ser considerado em seu sentido doutrinário, onde os 
desiguais devem ser tratados na medida de sua desigualdade. Em se falando de 
execução penal, deve-se atentar para o fato do indivíduo na aplicação da sanção 
condenatória, de modo que a mesma tenha sua função punitiva, mas também 
pedagógica, ou seja, que também se preste a buscar a reabilitação do condenado, 
devendo ser imposta com metodologias diferentes para cada condenado de modo a 
ser o mais efetiva possível.19 
Nesse sentido, a individualização da pena, além de seu conceito complementar 
ao Princípio da Isonomia, compreende também a satisfação da culpabilidade em sua 
exata medida mensurada através da capacidade do agente e da extensão do dano. 
Nesse sentido, deve-se considerar que a culpabilidade emerge como caractere de 
grande valia para a correta delimitação da pena e formação do ato penal, auxiliando 
na imposição de limites mínimos e máximos no tocante à condenação, dosimetria da 
pena e do modo de cumprimento de pena. Do mesmo modo, o estudo do agente 
infrator, seus antecedentes, situação econômica e social são igualmente levados em 
consideração para a fixação devida da condenação. 
Ainda nesse diapasão, o princípio da Individualização da Pena permite que se 
individualize a condenação, e são utilizados quatro tipos principais de individualização 
de pena no ordenamento jurídico pátrio, seja pela pena determinada na parte especial 
do Código Penal, proporcionando ao Magistrado realizar a dosimetria da pena, seja 
fixando a pena de forma parcialmente indeterminada, ou seja, fixando o máximo a ser 
cumprido, mas não o mínimo, ou quando se prevê duração mínima e máxima variável, 
a se considerar o comportamento do apenado quando em cumprimento da pena que 
 
19 NUCCI, Guilherme de Souza. Individualização da Pena. 2.ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2007, p. 343. 
 
41 
 
 
lhe foi aplicada. Por fim, a faculdade do magistrado quantificar como julgar devido a 
pena máxima e mínima a ser aplicada no aso concreto. 
Para isso, a determinação da pena pode ser realizada em três etapas distintas. 
De forma prefacial, o Magistrado fixa a pena máxima e mínima levando em conta o 
previsto e expresso no Códex Penal. Ato contínuo, ao se realizar a delimitação do ato 
penal cometido e como foi realizado, com todos agravantes a atenuantes, onde o Juiz 
determinará, baseado na pena prevista em lei e as peculiaridades do caso concreto, 
a condenação propriamente dita. Por terminante, o Juiz determina a modo que a 
execução penal será aplicada.20 
O juiz, ao realizar a individualização da pena, deve delimitar a forma de início 
da pena, e, acaso seja em regime fechado, a individualização da pena deve ser 
realizada através da Comissão Técnica de Classificação do presídio onde o agente 
cumprirá sua pena. Essa

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