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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA JURISDIÇÃO: PODER ATRIBUÍDO COM EXCLUSIVIDADE AO JUDICIÁRIO PARA DIRIMIR CONFLITOS E LITÍGIOS NA ORDEM PENAL E CIVIL. COMPETÊNCIA: LIMITA A JURISDIÇÃO. DETERMINA ATÉ ONDE PODE SER EXERCIDA A JURISDIÇÃO CONFERIDA A CADA ÓRGÃO DO PODER JUDICIÁRIO PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO Juiz Natural Investidura Inércia Indeclinabilidade Improrrogabilidade Idelegabilidade Irrecusabilidade Correlação CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO Órgão adequado: jurisdição deve ser exercida por autoridade integrante do Poder Judiciário. Contraditório: paridade de armas entre as partes, sendo que todas devem ser tratadas com igualdade, podendo apresentar suas postulações e contrapor os argumentos da parte adversa. Procedimento: deve ser obedecida a determinação legal que fixa as diferentes etapas do processo até a sentença definitiva – Regras do jogo CLASSIFICAÇÃO Quanto à graduação: Inferior e Superior Quanto à matéria: Penal, civil, eleitoral, entre outras. Quanto ao organismo jurisdicional: Estadual e Federal Quanto ao objeto: Contenciosa ou Voluntária Quanto à função: Ordinária ou Comum e Especial ou Extraordinária Quanto à competência: Plena ou Limitada e Exclusiva ou Cumulativa ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA RATIONE MATERIAE: natureza do fato criminoso. Absoluta e de ordem pública. RATIONE PERSONAE: concerne à condição funcional ou à qualidade da pessoa acusada. Absoluta. RATIONE LOCI: lugar onde ocorreu a infração penal. Relativa, pois normas são infraconstitucionais. Não pode ser declarada de ofício, dependendo de provocação – Súmula 33 do STJ. RATIONE MATERIE Primeiro critério a ser considerado na fixação/definição da competência. Deve verificar a natureza do crime investigado, estabelecendo se é de Jurisdição Especial ou Comum. JURISDIÇÃO ESPECIAL: Justiça Eleitoral, Militar (Estadual ou Federal) e Trabalhista. JURISDIÇÃO COMUM: Justiça Federal (arts. 108 e 109 CF/88) e Justiça Estadual (competência residual, abarcando o que não for da jurisdição especial ou comum federal) RATIONE PERSONAE Segundo critério a ser considerado na fixação/definição da competência. Verifica-se qual o órgão jurisdicional dentro da jurisdição comum ou especial (definida no primeiro critério) terá incumbência de processar e julgar a infração. Considera a condição pessoal do acusado. Na maioria dos casos é definida na CF/88 e nas Constituições Estaduais – arts. 69, VII, 84 a 87 CPP RATIONE LOCI Terceiro e último critério a ser considerado na fixação/definição da competência. Estabelece qual o Juízo ou Foro onde deve ser processada e julgada a ação penal. OBEDECE OS SEGUINTES CRITÉRIOS: O lugar do crime (art. 70, caput, do CPP); O domicílio do réu (arts. 72 e 73 do CPP); A prevenção (art. 83 do CPP); A distribuição (art. 75 do CPP). LUGAR DO CRIME TEORIA DO RESULTADO (art. 70 do CPP): competente Juízo do lugar onde infração se consumou, ou, na tentativa, onde foi praticado último ato de execução. TEORIA DA ATIVIDADE: competente Juízo onde se deu a conduta criminosa (atividade) e não onde resultado se produziu. TEORIA DA UBIQUIDADE (art. 70, §§1.º e 2.º do CPP e art. 6.º CP): conjuga as duas teorias anteriores – lugar do crime onde se processou a ação ou omissão como onde ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado. Crimes cometidos no Exterior: Extraterritorialidade – art. 7.º CP e art. 88 CPP (Capital do Estado ou República) LUGAR DO CRIME Crime qualificado pelo resultado: duas correntes Mesmo que o resultado que qualifica o crime ocorra em outro lugar, a competência será do local onde se deu a ação delituosa – arts. 4.º e 6.º CP A regra do art. 70 obriga o processo e julgamento no local em que se consumou o resultado que qualifica o crime – STJ. Crime ocorrido na divisa (art. 70, §3.º, CPP): Prevenção Crimes Plurilocais: Local da consumação. Crimes Permanentes e Continuados praticados em duas jurisdições: Prevenção (art. 71 do CPP) Crimes Falimentares: Juízo falimentar – art. 183 da Lei 11.101/2005 DOMICÍLIO DO RÉU Ocorre quando não for conhecido o lugar da infração (art. 72, caput, do CPP). Réu com mais de uma residência: competência por prevenção (art. 72, §1.º, CPP). Réu sem residência ou ignorado paradeiro: competência do juízo que primeiro tomar conhecimento do fato (art. 72, §2.º, CPP). Ação penal exclusivamente privada: querelante, mesmo sabendo local do crime, pode optar pelo foro de domicílio ou residência do réu/querelado – art. 73 CPP. PREVENÇÃO – Art. 83 CPP Ocorre quando concorrem dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, sendo que um antecede outro na prática de atos de jurisdição. É critério residual, quando não houver outra forma de determinar a competência. Inobservância leva à nulidade relativa – Súmula 706 do STF. Usada nos casos do art. 70, §3.º (crime em divisa), art. 71 (crime permanente e continuado), art. 72, §§1.º e 2.º (réu sem residência certa) e art. 78, II, c (conexão e continência), todos do CPP. DISTRIBUIÇÃO – Art. 75 do CPP Ocorre quando, no MESMO FORO, duas ou mais varas forem igualmente competentes. Não determina a Comarca, esta já está definida, mas sim o Juízo dentro daquela Comarca que é competente. A distribuição é igualitária. Decisão sobre fiança, prisão preventiva ou qualquer diligência anterior à denúncia torna o Juízo prevento para a ação penal. NATUREZA DA INFRAÇÃO Determinada pelas leis de organização judiciária, exceto Tribunal do Júri (competência privativa) – art. 74 CPP Maria da Penha, JECrim, entre outros. Júri: crimes dolosos contra a vida (homicídio, suicídio, infanticídio e aborto) – art. 74, § 1.º, CPP. Caso de desclassificação – remessa para Juízo competente – Latrocínio: Súmula 603 do STF Desclassificação pelo Juiz: remessa juiz singular – art. 74, § 3.º, art. 81, parágrafo único, e art. 419, todos do CPP. Desclassificação Plenário: Juiz presidente do Tribunal do Júri profere decisão – art. 74, § 3.º, c/c, 492, §§ 1.º e 2º,CPP. CONEXÃO E CONTINÊNCIA Hipóteses de modificação da competência nas condições previstas em lei – arts. 76 e 77 do CPP CONEXÃO: ocorre quando há nexo entre duas ou mais infrações, sendo aconselhável a união dos processos para melhor conhecimento dos fatos, provas e prestação jurisdicional. CONTINÊNCIA: quando uma causa está contida em outra, não sendo possível a cisão. Há concurso de pessoas e/ou unidade de conduta. Na conexão há pluralidade de condutas, na continência há uma só conduta, com um ou vários resultados. CLASSIFICAÇÃO DA CONEXÃO Conexão Intersubjetiva (art. 76, inc. I, CPP) Por simultaneidade ocasional (duas ou mais infrações praticadas aos mesmo tempo e por várias pessoas reunidas) – art. 76, inc. I, 1.ª parte, CPP Por concurso (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas em concurso, mesmo que diverso o tempo e lugar) - art. 76, inc. I, 2.ª parte, CPP Por reciprocidade (duas ou mais infrações praticadas por várias pessoas, umas contra a outras) - art. 76, inc. I, 3.ª parte, CPP CLASSIFICAÇÃO DA CONEXÃO Conexão Objetiva (art. 76, inc. II, CPP): ocorre quando um ou mais crimes são cometidos objetivando facilitar, ocultar ou conseguir a impunidade ou vantagem nos outros delitos. Devem ser cometidos por várias pessoas, pois há remissão ao art. 76, inc. I, do CPP (alguns aceitam com uma pessoa apenas) Ex.: Lesão em pais para sequestro de filho e ocultação de cadáver em caso de homicídio. Conexão Instrumental ou Probatória (art. 76, inc. III, CPP): quando a prova de uma infração é necessária e interfere na prova de outra. Ex.: Furto e receptação. CLASSIFICAÇÃO DA CONTINÊNCIA Continência concursal ou por cumulação subjetiva: quando duas ou mais pessoas são acusadas da mesma infração. Ex.: Um furto praticado por duas ou mais pessoas. Continência em concurso formal de crimes, aberratio ictus e aberratio delicti: Casos do art. 70, art. 73, 2.ª parte, e art. 74, 2.ª parte, todos do Código Penal. REGRAS APLICÁVEIS – ART. 78 CPP Conexão e continência implicam modificaçãoda competência, e por isso exercem vis attractiva sobre as demais ações. Podem tornar competente juízo que pelas regras normais (lugar do crime, domicílio, natureza da infração e distribuição) não seria competente. Art. 78, inc. I, CPP: Crimes conexos ou continentes aos dolosos contra a vida são julgados pelo Tribunal do Júri. Ver caso da Súmula 704 do STF (Exceção é competência constitucionalmente prevista) REGRAS APLICÁVEIS – ART. 78 CPP Jurisdições de mesma categoria (art. 78, II, CPP) Preponderância do lugar em que foi praticada a infração a que for cominada a pena mais grave (art. 78, II, “a”, CPP); Preponderância do lugar em que foi praticado o maior número de infrações, caso todas sejam da mesma gravidade (art. 78, II, “ b”, CPP); Prevenção (art. 78, inc. II, “c”, CPP). Ver caso da Súmula 122 do STJ em caso de crimes conexos, sendo um de competência da Justiça Estadual e outro da Justiça Federal. REGRAS APLICÁVEIS – ART. 78 CPP Jurisdições de categorias distintas (art. 78, III, CPP): Predomina a de maior graduação – ver Súmula 704 do STF e exceção quando regras constituci0nais definem a competência das infrações. Concurso entre jurisdição comum e especial (art. 78, inc. IV, CPP): Predomina a jurisdição especial – no caso de matéria criminal só tem interesse quando concorrer com Justiça Eleitoral. SEPARAÇÃO DE PROCESSOS Concurso entre Jurisdição comum e militar (art. 79, inc. I, CPP); Concurso entre Jurisdição comum e infância e juventude; Insanidade mental superveniente a prática criminal – art. 79, §1.º, c/c art. 152, ambos do CPP; Réus com defensores distintos e recusas incompatíveis de jurados – art. 79, §2.º, c/c art. 429 e art. 469, §1.º, todos do CPP). SEPARAÇÃO DE PROCESSOS Art. 80 do CPP: SEPARAÇÃO FACULTATIVA – ocorre para evitar tumulto processual e facilitar a busca da verdade real. Infrações praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes; Excessivo número de acusados; Para evitar prolongamento da prisão provisória (flagrante, preventiva ou temporária). PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO Ocorre na hipótese do art. 81 do CPP; Se dá quando a competência adquirida por um juiz, em razão da conexão, se perpetua/subsiste, mesmo que o motivo que atraiu sua jurisdição tenha desaparecido. Exceção no caso de desclassificação, impronúncia ou absolvição sumária no Júri – art. 81, parágrafo único, do CPP. Desclassificação pelo Magistrado: remessa juiz singular – art. 74, § 3.º, art. 81, parágrafo único, e art. 419, todos do CPP. Desclassificação Plenário: Juiz presidente do Tribunal do Júri profere decisão – art. 74, § 3.º, c/c, 492, §§ 1.º e 2.º,CPP. PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Competência RATIONE PERSONAE ou FORO PRIVILEGIADO – Art. 69, inc. VII, e 84 a 87 do CPP A função ou o cargo exercido por uma pessoa determina que ela seja julgada por órgãos jurisdicionais superiores A competência se determina em razão do cargo ou função exercida e não em razão da pessoa STF - HC 88.536/GO, 1.ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Dje 15/02/2008 STJ – CC 120.848/PE, 3.ª Seção, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 27/03/2012 PRERROGATIVA DE FUNÇÃO O foro privilegiado determinado pela CF/88 prevalece sobre a competência do Tribunal do Júri Competência do Tribunal do Júri prevalece sobre Constituições Estaduais CESSAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA E FORO PRIVILEGIADO Cessado o exercício funcional, não se mantém o foro privilegiado por prerrogativa de função, não importando se o ato praticado é um ilícito penal ou um ato decorrente do exercício funcional Inexiste foro privilegiado para ação de improbidade administrativa de que trata a Lei n.º 8.429/92 PRERROGATIVA DE FUNÇÃO STF Presidente da República e Vice Deputados Federais e Senadores Ministros do STF Procurador-Geral da República Ministros de Estado Membros dos Tribunais Superiores (STJ, TSE, TST, STM) Membros do TCU Chefes de missão diplomática de caráter permanente PRERROGATIVA DE FUNÇÃO STJ Governadores dos Estados e DF Desembargadores de TJ (e Procuradores de Justiça?) Membros dos TCE, TCDF e TCM; TRF, TRE e TRT Membros do MPU que oficiem perante tribunais TRF Juízes Federais (incluídos os da Justiça Militar Federal e Justiça do Trabalho) Membros do MPU que oficiem perante 1.ª instância TJ Prefeitos Juízes Estaduais (incluídos os da Justiça Militar Estadual, os de 1.ª instância e os auditores da Justiça Militar) Membros do MP Estadual (e Procuradores de Justiça?)