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Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !1 TEORIA GERAL DA EMPRESA A) NOTAS INTRODUTÓRIAS 1. HISTÓRICO O comércio, enquanto troca de mercadorias por mercadorias, encontra-se presente na história da humanidade desde tempos remotos. No entanto, nem sempre é possível se falar em troca de mercadorias por mercadorias em função de suas especificidades, sendo necessário o surgimento de uma mercadoria que pudesse ser trocada por qualquer outra. Diante desta necessidade, tem-se o surgimento e desenvolvimento da moeda. Ainda nesse contexto, surgiu a figura daquele que tinha como atividade a troca de mercadorias entre as pessoas, ou seja, o comerciante. Embora a atividade comercial remonte à Antiguidade Clássica, o surgimento do Direito Comercial, enquanto ramo autônomo do Direito, surge somente posteriormente. Embora o Direito Comercial só tenha surgido a partir da Idade Média, normas que tinham como objetivo a disciplina comercial já se encontravam presentes no Código de Manu, no Código de Hamurabi e no Corpus Juris Civilis, onde foram consagradas disposições mercantis das antigas civilizações, a exemplo da Lex Rodhia Jactu (alijamento) e Nauticum Foenus (mútuo e seguro marítimo). No entanto, conforme mencionado, é somente com as práticas mercantis medievais que se realizaram compilações estatutárias, como por exemplo Consuetudines (Genova, 1055), Constitutum Usus (Pisa, 1161) e o Liber Consuetudinum (Milão, 1216), além das súmulas marítimas de arbitragem. Já na Idade Moderna, no séc. XVII a França produziu duas ordenações, uma sobre comércio terrestre (Code Savary) e outra sobre comércio marítimo. Posteriormente, no ano de 1808, é promulgado o Code de Commerce, sendo marco do abandono do subjetivismo corporativista e a implantação da objetividade dos atos de comércio. Este diploma comercial foi base de vários outros ordenamentos jurídicos, inclusive o brasileiro – o Código Comercial de 1850. Tendo em vista a tradição romanística, pode-se afirmar que são dois os sistemas que regem a atividade econômica: o sistema francês e o sistema italiano (a partir de meados Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !2 do séc. XX, com a promulgação do Código Civil Italiano, em 1942, que estabeleceu a unificação do direito privado). Assim, tendo em vista o critério adotado para a identificação do destinatário desse ramo específico do Direito, qual seja, o Direito Comercial, sua evolução histórica pode ser dividida em três fases . 1 Vejamos cada qual. • Fase Subjetivista: de acordo com os ensinamentos de Ricardo Negrão, o Direito Comercial desenvolveu-se à margem do Direito Civil, sendo somente sistematizado e visto como ramo próprio do Direito a partir da Idade Média, com o florescimento do comércio e das cidades italianas, sobretudo. Nesse primeiro momento, surgem as corporações de ofício, as quais se constituíam em suas próprias jurisdições, cujas decisões se fundamentavam nos usos e costumes praticados por seus membros, sendo aplicado apenas aos comerciantes a elas associados. Durante a fase medieval, importantes presenciou-se o surgimento de importantes institutos, a exemplo da letra de câmbio, nota promissória, sociedades mercantis, bem como é característico dessa fase o caráter cosmopolita do Direito Comercial. Com o surgimento do mercantilismo (última metade do séc. XVI), as corporações de ofício passam a perder sua competência jurisdicional para os Tribunais do Estado nacional, sendo que, a partir de então, as normas jurídicas são promulgadas pelo Estado, continuando, todavia, a existir um direito fundamentado nos usos e costumes dos comerciantes. A partir da Idade Moderna, embora a produção do Direito emane do Estado, o Direito Comercial mantém seu perfil subjetivista. Destaca-se, nesse contexto histórico, o surgimento das primeiras Sociedades Anônimas. • Fase Objetivista: inicia-se com a Codificação Napoleônica (Código Comercial, 1808), sendo que, a partir de agora, o Direito Comercial apresenta-se como uma disciplina jurídica aplicável à prática de determinados atos e não aplicável à determinadas pessoas. Para tanto, adota-se a Teoria dos Atos de Comércio, ou seja, a Para alguns autores, a exemplo de Ricardo Negrão, a evolução histórica do Direito Comercial se divide em 1 quatro fases. Já para outros autores, a exemplo de André L. Santa Cruz Ramos e Marlon Tomazette, a evolução histórica do Direito Comercial se divide em três fases, sendo esse o recorte por nós utilizado. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !3 prática de determinados atos, quando exercidos habitualmente e com profissionalidade, terá a proteção da legislação especial. Para Tomazette: "O direito comercial passa a ser o direito dos atos de comércio, praticados por quem quer que seja, independentemente de qualquer qualificação profissional, ou participação em corporações. Tenta-se atingir a principal aspiração do direito mercantil, qual seja, a de disciplinar todos os atos constitutivos da atividade comercial”. (TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial - Vol. 1 - Teoria Geral e Direito Societário, 7ª edição. Atlas, 03/2016. VitalBook file). • Fase Subjetivista Moderna ou Empresarial: surge em 1942 com a promulgação do Código Civil Italiano. Nesta nova fase, o Direito Comercial é o ramo do direito privado que regula a atividade do antigo comerciante e do empresário moderno, bem como as relações jurídicas firmadas durante o exercício profissional das atividades mercantis e empresariais. Com a promulgação do Código Civil Italiano presencia-se a unificação do direito privado e a adoção da Teoria da Empresa em substituição à Teoria dos Atos de Comércio. Para a Teoria da Empresa, pode-se conceituar empresa como atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem a natureza jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento empresarial (coisa). 1.1 HISTÓRICO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL Somente com a vinda de D. João VI ao Brasil, em virtude do bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte à Inglaterra, e com a abertura dos portos brasileiros às nações amigas, é que se pode falar em um legítimo Direito Comercial brasileiro. Assim, em 1808 foi decretada a Carta Régia, “édito de caráter expressamente provisório, acabou, no entanto, criando condições econômicas de fato irreversíveis” (COELHO: 2006, 21), sendo que, no mesmo ano, três novos diplomas comerciais foram editados e que tiveram grande relevância no cenário econômico. Foram eles: o Alvará de 1º de abril, permitindo o livre estabelecimento de fábricas e manufaturas; o Alvará de 23 de agosto, instituindo, na cidade do Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !4 Rio de Janeiro, a Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações e; por fim, o Alvará de 12 de outubro, o qual criou o Banco do Brasil (FERREIRA: 2005, 6). De acordo com Coelho, a edição de tais Alvarás teve o intuito de propiciar as condições de vida exigidas pela corte portuguesa instaladas em solo brasileiro, bem como atender as exigências do imperialismo inglês. Posteriormente, com o retorno de D. João VI à Portugal, criam-se as condições políticas para a independência do Brasil. Foi neste contexto que, em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a independência brasileira. Para suprir a carência de uma legislação comercial própria, foi eleita no ano de 1823 a Assembléia Constituinte e Legislativa, determinando que continuam em vigor as leis portuguesas vigentes até 25 de abril de 1821. Deste modo, o direito comercial brasileirocontinua a ser regido pela “Lei da Boa Razão”, de 1769, a qual autorizava a invocar, subsidiariamente, nas questões mercantis, as normas legais de outras nações, como França, Espanha e mesmo Portugal, que passaram, sem a autoridade da Lei da Boa Razão, a constituir a verdadeira legislação mercantil nacional. No entanto, em virtude do crescimento econômico vivido pelo Brasil neste período, a utilização da Lei da Boa Razão mostrou-se insuficiente, constatando-se pela necessidade de se elaborar um verdadeiro Código Comercial nacional. Para tanto, no ano de 1832 foi nomeada pela Regência uma comissão de comerciantes para a elaboração do diploma legislativo. Em 1850, através da Lei n. 556, foi promulgado o “Código Comercial do Império Brasileiro”,fortemente influenciado pelo Código Comercial francês, adotando, assim, a Teoria dos Atos de Comércio, furtando-se, entretanto, de elencar os reputados atos comerciais, como fizera o código francês (COELHO: 2006, 22). O Regulamento n. 737, de 1850, o qual destinava-se, inicialmente, a regular o processo nas causas comerciais, mas que acabaria sendo a lei de regência de quase todo o direito processual civil, por expressivo espaço de tempo. O art. 19 do mencionado diploma legal, acaba elencando quais são os atos comerciais, definindo-se as atividades sujeitas à jurisdição dos Tribunais do Comércio. Art. 19: Consideram-se atos de mercancia: §1º A compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para os vender por ou a retalho, na mesma espécie manufaturados, ou para alugar seu uso; §2º As operações de câmbio, banco e corretagem; Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !5 §3º As empresas de fábrica, de comissões, de depósitos, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; §4º Os seguros, fretamentos, riscos e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; §5º A armação e expedição de navios. Mesmo com a extinção dos Tribunais do Comércio, o ordenamento jurídico pátrio continuou a disciplinar a atividade econômica a partir da teoria dos atos de comércio, distinguindo, assim, os atos civis dos comerciais. Em relação ao Código Comercial, Requião afirma que: Este diploma, até hoje elogiado pela precisa técnica de sua elaboração, teve como fontes próximas o Código francês de 1807, o espanhol de 1829 e o português de 1833. Foi compilado, como registram os autores, em grande parte do Código português, mas J. X. Carvalho de Mendonça acentua que não era cópia servil de nenhum deles, mas foi o primeiro trabalho original que, com feição nova, apareceu na América Latina. Com a promulgação do novo Código Civil, nosso ordenamento jurídico se aproxima do sistema italiano, passando a definir empresário como o profissional que exerce atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Exclui- se do conceito de empresário aquele que exerce atividade intelectual, de natureza cientifica, artística ou literária, ainda que conte com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constitui elemento de empresa. Este dispositivo (art. 966, p.u, CC) se refere, de um modo geral, ao profissional liberal (advogado, dentista, médico, engenheiro, etc.), que apenas se submete ao regime geral da atividade econômica se inserir sua atividade especifica a uma organização empresarial. Em situação diversa encontram-se os empresários rurais, que são dispensados de inscrição no registro de empresa e dos demais deveres impostos aos inscritos (art. 970 e art. 971) . 2 No entanto, ainda antes da entrada em vigor do novo Código, o direito pátrio já vinha adotando a teoria da empresa, uma vez que as ultimas inovações legislativas já não prestigiavam mais o sistema francês, como o Código de Defesa do Consumidor, onde todos os Deve-se ter cuidado especial para com o produtor rural pois, de acordo com atual sistema, ele se caracteriza 2 como empresário por equiparação, ou seja, só será destinatário do direito especial se se registrar no órgão competente, qual seja, Junta Comercial. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !6 fornecedores submetem-se ao mesmo sistema, independente de atuarem no ramo imobiliário, industrial ou prestador de serviço. 2. OBJETO A trajetória histórica do Direito Comercial pode ser concebida como um retrato dinâmico de diversos referenciais utilizados para diagnosticar o que é ou o que não é mercantil. Seu nascimento marginal explica a constante preocupação em diferenciar a matéria civil da comercial e identificar com precisão a relação jurídica mercantil. Matéria mercantil é um conceito que é diretamente afetado pelas circunstancias históricas, devendo ser compreendido através desta perspectiva. Como já visto, através da perspectiva histórica, podemos identificar três fases que correspondem aos três critérios determinadores do objeto do direito comercial. A relação jurídica mercantil definida pela qualidade do sujeito – onde o direito comercial era aplicado tendo em vista o critério subjetivo – aplicado somente aos comerciantes filiados às corporações de oficio; relação jurídica mercantil definida pelo critério objetivo, ou seja, definida pela natureza do objeto: teoria dos atos de comércio; Direito comercial como direito das relações decorrentes da atividade empresarial. Assim, recapitulando o histórico visto anteriormente, nos primeiros momentos de sua história, o Direito Comercial foi concebido subjetivamente, como sistema normativo regente da classe dos comerciantes. Era um ramo jurídico iniciado e desenvolvido por e para mercadores. As corporações de oficio e as decisões dos cônsules (juizes corporativos) criaram um direito classista: somente os matriculados nas corporações eram comerciantes com acesso aos tribunais consulares e aptidão para a falência e concordata. As transformações políticas, econômicas e sociais demonstraram a inviabilidade deste critério para se determinar a relação jurídica mercantil. Assim, este Direito Comercial de raiz medieval foi substituído pelo direito igualitário, abstrato e unitário calcado na prática de determinados atos definidos pelo ordenamento positivo como mercantis. Com a codificação napoleônica, o Direito Comercial passa a depender de um catálogo legal de atividades economias, ou seja, o casuísmo dos atos de comércio sem uma definição pontual do que seja ato de comércio. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !7 No Brasil, o Código Comercial de 1850 não elencou quais eram os atos de comércio, disposição esta que ficou por conta do Regulamento 737, em seu art. 19, como já visto anteriormente. Assim, o ato de comércio como conceito jurídico acabou sendo superestimado e deturpado, como se fosse o critério definidor do atributo da comercialidade. A terceira posição centra-se na figura do empresário com base no conceito de empresa, que ultrapassa do mero empreendimento, para envolver todas as atividades organizadas economicamente para a produção ou circulação de bens ou serviços. 3. CONCEITO De acordo com Carvalho de Mendonça, para se conceituar o direito comercial também deve-se considerar o seu período histórico. Assim, à época dos atos de comércio, podia se conceituar como: “a disciplina jurídica reguladora dos atos de comercio e, ao mesmo tempo, dos direitos e obrigações das pessoas que os exercem profissionalmente e dos seus auxiliares”. Já para Fran Martins, em um conceito mais atual, “é o conjunto de regras que regulam as atividades das empresas e empresários comerciais, bem como dos atos considerados comerciais, mesmo que estes atos não se relacionem com as atividades da empresa”. São algumasdiretrizes básicas: ✓A organização da atividade implica a distinção entre empresa (a própria atividade), o empresário ou a sociedade empresaria (sujeito de direito) e o estabelecimento empresarial (universalidade de fato instrumental do exercício da empresa); ✓A profissionalidade do exercício; ✓A condição produtiva ou circulatória de bens ou serviços; ✓O intuito lucrativo. 4. FONTES DO DIREITO COMERCIAL Fonte do Direito é o meio de realização do direito objetivo. Pode ser entendido em dois sentidos: quando se tratar de investigação da origem histórica de um instituto jurídico (fonte como local ou documento onde o pesquisador encontra os elementos de estudo). Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !8 Quando se tem em vista o direito atual, a palavra fonte designa as diferentes maneiras de realização do direito objetivo através das quais se estabelecem e se materializam regras jurídicas – são as chamadas fontes formais. De acordo com Plácido e Silva: "Fontes do Direito. Assim se diz do texto em que se funda o Direito ou dos elementos subsidiários que possam formular e esclarecer". As leis são suas fontes principais. Mas, como fontes subsidiárias do Direito, anotam-se a Jurisprudência, o Direito Costumeiro, o Direito Estrangeiro, o Direito Romano e a Doutrina. Entende-se, assim, como Fonte de Direito o texto ou o documento, elaborado a partir de certos princípios, que servirá de base para a formação de novos textos legislativos São fontes primárias ou imediata: a lei – fonte primordial de nosso ordenamento jurídico – tradição romano-germânica. Fontes secundárias: costume, analogia, princípios gerais de direito. Para o Direito Comercial são fontes primárias: • Código Civil • Código Comercial – parte não revogada: direito marítimo • Leis extravagantes • Tratados e convenções internacionais. São fontes secundárias as elencadas no art. 4, LINDB. São elas: • Jurisprudência; • Costumes; • Analogia; • Princípios gerais do direito. A principal fonte do direito comercial são as leis comerciais. Cite-se como exemplo de lei especial fonte do direito comercial a Lei n. 6404 (LSA). Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !9 Os usos e costumes também são muito utilizados no âmbito do direito comercial, uma vez que este ramo do direito surgiu, basicamente, dos usos e costumes . 3 O Direito Comercial é um dos ramos do direito privado, tendo íntima vinculação com o direito das obrigações. A partir da promulgação do Novo Código Civil, há disposições que ordenam normas comuns aos empresários e aos não empresários. Deste modo, empresários ou não empresários, ao exercerem atividade econômica organizada, em nome próprio, praticam atos jurídicos, ou seja, atos que visam adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. Assim, são fontes do direito comercial: fontes primarias (Constituição, códigos civil e comercial e legislação especial); fontes secundarias (analogia, costumes e princípios gerais do direito – ex.: tratamento paritário entre os credores na execução falimentar facultativa). Mas como se caracteriza o costume comercial ? Devem ser praticados entre comerciantes, constante e uniformemente, serem conformes aos princípios da boa-fé e as máximas comerciais, não serem contrários às disposições das legislações comerciais. Registre-se que o Novo CPC determina, em seu art. 376, que “a parte que alegar direito (…) consuetudinário 3 provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar”. Nesse ponto, é importante destacar que compete às Juntas Comerciais, conforme disposto no art. 8.º, inciso VI, da Lei 8.934/1994, “o assentamento dos usos e práticas mercantis”, após análise jurídica feita pela sua Procuradoria, devendo o juiz comunicar à Junta Comercial da região os costumes comerciais invocados e aplicados em juízo, para fins de registro em livro próprio. (RAMOS, André Luiz Cruz. Direito Empresarial, 7ª edição. Método, 03/2017. VitalBook file). Obs.: no que se refere aos usos e costumes comerciais (de grande relevância), vide Resp. 877.074/STJ. De acordo com art. 8, VI, Lei n. 8934/94, incumbe às Juntas Comerciais o assentamento dos usos e práticas mercantis. Desta forma, quando se alega usos e costumes mercantis, tais usos e costumes devem ser uniformes e constantes, bem como ter seu assentamento na JC. Caso não tenha referido assentamento, é cabível prova testemunhal. Em regra, não há que se falar em costume contra legen (deve-se observar se a norma violada caracteriza-se como sendo de ordem pública ou não). Todavia, existem exceções - vide Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul TJ-MS - Apelação Cível : AC 74949 MS 1000.074949-9 Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !10 5. CARACTERISTICAS DO DIREITO COMERCIAL Pela sua natureza e estrutura de direito privado, o Direito Comercial caracteriza-se e diferencia-se dos outros ramos do direito, sobretudo do Direito Civil, pelos seguintes traços peculiares: cosmopolitismo, individualismo, onerosidade, informalismo, fragmentarismo e solidariedade presumida. • Cosmopolitismo: traço característico do Direito Comercial desde seu surgimento. Convenções internacionais regulam muitas leis do comércio, a exemplo das Leis Uniformes que regulam a Letra de Câmbio, Nota Promissória e Cheque. • Individualismo: as regras de Direito Comercial se caracterizam pelo individualismo por basearem-se no intuito lucrativo. • Onerosidade: decorre da característica do individualismo e intuito lucrativo. • Informalismo: em vista das especificidades do Direito Comercial, a celeridade nas relações se faz presente, o que impeliu que as relações comerciais deixassem o formalismo de lado. No entanto, a boa fé imperamos contratos comerciais, da mesmas forma que impera no Direito Civil. • Fragmentarismo: por não formar sistema complexo, caracterizando-se como conjunto de normas fragmentadas. • Solidariedade presumida: A tutela do crédito e a segurança na circulação dos bens, dada a celeridade das operações realizadas em massa, importa muitíssimo ao direito comercial. Mais ao direito comercial do que ao direito civil. A solidariedade das obrigações era implícita no direito comercial desde os seus primórdios (REQUIÃO: 1971, p. 22.). Assim, a tutela do crédito e a segurança na circulação de bens trazem a necessidade de uma maior proteção das relações comerciais. Entretanto, esta característica não se aplica ao ordenamento jurídico brasileiro em face do disposto no artigo 265 do CC, que estabelece que a solidariedade não se presume. Vide Enunciado 22 da I Jornada de Direito Comercial: “Não se presume solidariedade passiva (art. 265 do Código Civil) pelo simples fato de duas ou mais pessoas jurídicas integrarem o mesmo grupo econômico". Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !11 6. PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL 4 • Princípio da Função Social da Empresa : com a chamada Constitucionalização do Direito e consequente superação da dicotomia direito publico / direito privado, fala-se em função social do Direito Comercial, limitando-se o interesse privado em função do interesse público, evitando-se, assim, por exemplo, o abuso do poder econômico. De acordo com Chagas (2017, pag.53): “a função social da empresa não protege somente a pessoa jurídica contra os atos criminosos de seus sócios (impondo-se como poder-dever de uma condução dos objetivos sociais compatível com o interesse da coletividade), senão também impondo ao poder público a preservação da atividade empresarial, tão necessária ao desenvolvimento do poder econômico. A função social da empresa busca assegurar ainda a utilização dos bens de produção,segundo sua função social, de modo que deverá haver, sob pena de violação desse princípio, responsabilidade social na atividade empresarial”. 5 • Princípio da Preservação da Empresa: a continuidade da empresa, em vista da produção e circulação de bens ou serviços, é de extrema importância para o desenvolvimento da sociedade como um todo. Deste modo, nosso ordenamento jurídico traz dispositivos nesse sentido, a exemplo do art. 974, do Código Civil e art. 140, da Lei n. 11.101/2005. Embora referido princípio vise a preservação da empresa para que, em ultima instancia, se preserve o próprio mercado, ele não deve ser encarado como forma de se acobertar atividades espúrias. • Princípio da Livre Iniciativa: CF, art. 1º, IV e art. 170 - a livre iniciativa é fundamento da ordem econômica e deve ser visto, de forma concomitante, com o princípio da livre concorrência. De acordo com Mamede (2015, pags. 45/46): “O Direito Empresarial constrói-se sobre a sombra da liberdade de ação econômica. O empresário e a sociedade empresária desenvolvem suas atividades protegidos constitucionalmente, desde que sejam lícitos os seus objetos sociais, de direito (aquele que foi inscrito em seus atos constitutivos) e de fato (aqueles que são efetivamente realizados no cotidiano da empresa). Essa proteção constitucional, afirmada sob a forma de fundamento do Estado Democrático O PLC 1572/2011 e o PLS 487/2013 trazem a importância dos princípios do Direito Empresarial para referida 4 disciplina. Vide Enunciado n. 53, I Jornada de Direito Civil do CJF: “deve-se levar em consideração o princípio da função 5 social na interpretação das normas relativas à empresa, a despeito da falta de referência expressa”. Vide, ainda, Informativo 405, STF. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !12 de Direito (art. 1, IV) e da ordem econômica nacional (art. 170, caput), traduz a regularidade da finalidade econômica da empresa, ou seja, do fim genérico de todas as empresas, que é a produção do sobrevalor, de lucro, e, mais do que isso, a constitucionalidade do investimento de capital, mesmo sem desempenho de trabalho, com o fito de remunerar-se a partir do lucro legítima e licitamente verificado no exercício da empresa, por meio da respectiva distribuição de dividendos (…)”. 6 • Princípio da Livre Concorrência: princípio elencado no art. 170, IV, CF, e que preceitua que todos podem livremente concorrer, desde que não vise a dominação dos mercados, o abuso do poder econômico, bem como o aumento arbitrário dos preços e lucros . 7 • Princípio da Boa-Fé Objetiva: referido princípio atua de forma a alinhar os preceitos constitucionais ao direito obrigacional, configurando-se como cláusula geral no momento de se interpretar e de se executar os contratos empresariais, buscando, no caso concreto, a solução que mais se adeque, de forma legítima, à expectativa das partes, objetivando favorecer aquele que se encontra em situação vulnerável na respectiva relação jurídica. QUESTÕES: (MAGISTRATURA/MG – VUNESP – 2012) Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do art. 966, é correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a transição para a (A) “teoria da empresa”, de matriz francesa. (B) “teoria da empresa”, de matriz italiana. (C)“teoria dos atos de comércio”, de matriz francesa. (D) “teoria dos atos de comércio”, de matriz italiana. (CESPE – Promotor de Justiça – MPE/AC – 2014) Considerando a evolução histórica do direito empresarial, assinale a opção correta. (A) A teoria dos atos de comércio foi adotada, inicialmente, nas feiras medievais da Europa pelas corporações de comerciantes que então se formaram. (B) A edição do Código francês de 1807 é considerada o marco inicial do direito comercial no mundo. (C)Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de abertura dos portos, em 1808, por determinação do rei Dom João VI. Nesse quesito, de extrema importância a obra de Eros Grau - A Ordem Econômica na Constituição de 1988, Ed. 6 Malheiros. A Lei n. 12.529/2011 estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, dispondo sobre a prevenção às 7 infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais da liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico (art. 1º). Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !13 (D) É de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual Código Civil brasileiro. (E) O direito romano apresentou um corpo sistematizado de normas sobre atividade comercial. (CESPE-TJDFT/ANALISTA JUDICIÁRIO/2003) De acordo com a Teoria da Empresa adotada pelo Código Civil é correto afirmar: (A) A exploração profissional, individual, direta, habitual e com fins lucrativos de uma atividade econômica será, necessariamente, uma atividade empresarial. (B) O profissional liberal que exerce atividade intelectual de natureza científica e cuja atividade constituiu elemento de empresa será considerado empresário. (C) O exercente de atividade rural organizada, com mão-de-obra assalariada, será considerado empresário rural independentemente de registro. (D) As cooperativas, desde que explorem atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, submeter-se-ão ao regime jurídico-empresarial. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !14 B) EMPRESA / EMPRESÁRIO 1. DA EMPRESA Como visto anteriormente, o Código Civil brasileiro adotou a Teoria da Empresa, filiando-se, assim, ao sistema italiano, entendendo-se como empresa a atividade economicamente organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, sendo suas características essenciais: • atividade econômica - visa lucro; • organizada - organização dos fatores de produção (mão-de-obra, capital, insumos e tecnologia, de acordo com prof. Fábio Ulhoa Coelho); • com profissionalidade - nesse sentido vide Enunciado 28 da I Jornada de Direito Comercial: “ Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na experiência”; • para a produção ou circulação de bens ou serviços. Ressalte-se que a empresa, enquanto atividade organizada, não se confunde nem com o sujeito de Direito - que explora tal atividade, nem com o complexo de bens para tal fim destinado, ou seja, a empresa não se caracteriza nem como sujeito de Direito, tampouco como objeto de Direito. Nesta linha de raciocínio, pode-se concluir que empresa se enquadra na categoria de fato jurídico em sentido amplo, de acordo com os ensinamentos de Tomazette (2017, pag. 43). Assim, caracterizando-se a empresa como atividade, deve ser explorada por um sujeito - pessoa natural (empresario individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária), por meio de bens para tal fim destinado. No entanto, para uma melhor compreensão do fenômeno empresa, se faz necessária uma breve análise da Teoria Poliédrica, de Alberto Asquini. Para referido autor italiano, a empresa se apresenta como fenômeno poliédrico que se assenta em quatro perfis, quais sejam: perfil subjetivo, perfil objetivo, perfil funcional e perfil corporativo. A partir de tal perspectiva, Asquini conceitua a empresa como sendo: “o conceito de empresa é o conceito Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !15 de um fenômeno jurídico poliédrico, o qual tem sob o aspecto jurídico não um, mas diversos perfis em relação aos diversos elementos que ali concorrem” . 8 • Perfil Subjetivo: de acordo com Asquini, a empresa, pelo prisma do perfil subjetivo, se identificaria com o próprio empresário, sujeito que explora uma atividadeeconomicamente organizada . 9 • Perfil Objetivo: pelo perfil objetivo a empresa se identificaria com o complexo de bens destinados ao exercício da atividade empresarial . 10 • Perfil Funcional: empresa se identifica com a atividade organizada por um empresario a partir de um complexo de bens por ele reunidos . De acordo com CC/2002, 11 percebe-se que, para a conceituação de empresa, nosso legislador se valeu do perfil funcional. PROFILI DELL’IMPRESA, ALBERTO ASQUINI. Disponível em: www.docentilex.uniba.it/docenti-1/8 eustachio...i.../file. Acesso em 16/01/2018. 5. — A) Profilo soggettivo: l’impresa come imprenditore. — Il codice civile e le leggi speciali considerano 9 spesso l’organizzazione economica dell’impresa dal suo vertice, usando la parola in senso soggettivo come sinonimo di imprenditore (cod. civ. 2070, 2188, 2570; legge fall. art. 1, 2, 195, 166, 202, 205, ecc.; T. d. 1 luglio 1926, n. 1130, art. 8; T. d. 6 maggio, art. 2; d. m. 11 gennaio 1931 sull’inquadramento sindacale, ecc.). Alcune leggi usano come sinonimo di imprenditore anche la parola azienda : es. r. d. 16 agosto 1934, n. 1386 sull’inquadramento delle aziende esercenti il credito e l’assicurazione. Si tratta di metonimie giustificate dalla considerazione che l’imprenditore, non solo sta nell’impresa (in senso economico), ma ne `e il capo e l’anima. Ci`o non toglie che nel linguaggio giuridico l’uso della parola impresa per imprenditore `e un traslato che pu`o essere evitato, anche se l’imprenditore `e una persona giuridica (cos`ı anche il codice, art. 2221). 6. — La definizione di imprenditore secondo il codice, risulta dall’art. 2082: ´E imprenditore chi esercita professionalmente un’attivit`a economica organizzata al fine della produzione e dello scambio di beni o di servizi . Emerge da questa definizione (malgrado qualche imperfezione, inevitabile come in tutte le definizioni) il puntuale riferimento della nozione giuridica d’imprenditore alla nozione economica di impresa, come sopra delineata. l’impresa come patrimonio aziendale e come azienda. — Poich´e l’esercizio dell’attivit`a imprenditrice d`a 10 luogo al formarsi d’un complesso di rapporti giuridici che fanno capo all’imprenditore (diritto sui beni di cui l’imprenditore si serve, rapporti coi prestatori di lavoro, coi fornitori di merci e di capitali, con la clientela), il fenomeno economico dell’impresa, proiettato sul terreno patrimoniale, d`a luogo ad un patrimonio speciale distinto per il suo scopo dal rimanente patrimonio dell’imprenditore (tranne se l’imprenditore `e una persona giuridica, costituita per l’esercizio di una determinata attivit`a imprenditrice, nel quale caso l’intero patrimonio della persona giuridica serve quello scopo). l’impresa come attivit`a imprenditrice. Poich´e l’impresa economica `e un’organizzazione produttiva che 11 opera per definizione nel tempo, guidata dall’attivit`a dell’imprenditore, dal punto di vista funzionale o dinamico l’impresa appare come quella particolare forza in movimento che `e l’attivit`a imprenditrice diretta a un determinato scopo produttivo. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !16 • Perfil Corporativo: entende a empresa como uma instituição, onde se visualiza a conjugação de esforços para que se atinja um objetivo maior . De acordo com 12 entendimento de Fábio Ulhoa Coelho (2002, pag. 19), o perfil corporativo somente vinha refletir os ideais fascistas então vigentes. Como anteriormente visto, conclui-se que, para o ordenamento jurídico brasileiro, a empresa é vista a partir de seu perfil institucional por conceituar-se como “atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços”, não confundindo-se, assim, nem com sujeito de Direito, tampouco com objeto de Direito. 2. EMPRESÁRIO : 13 De acordo com o art. 966, CC, considera-se empresário aquele que exerce 14 profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, excluindo-se do conceito de empresário aquele que exerce profissão intelectual, de natureza artística, científica ou literária (parágrafo único, art. 966). Deste conceito retiram-se os elementos caracterizadores da condição de empresário, quais sejam: a) exercício de atividade - o exercício de referida atividade deve ser reiterado, constante e voltados para finalidade empresarial. b) intuito lucrativo Ho lasciato per ultima la considerazione dell’impresa come istituzione, secondo il nostro ordinamento 12 corporativo e il nuovo codice civile. Mentre secondo i diversi profili sopra esaminati (impresa come imprenditore, impresa come attivit`a imprenditrice, impresa come patrimonio aziendale e come azienda), l’impresa `e considerata dal punto di vista individualistico dell’imprenditore, secondo il profilo corporativo l’impresa viene considerata come quella speciale organizzazione di persone che `e formata dall’imprenditore e dai prestatori d’opera, suoi collaboratori. L’imprenditore e i suoi collaboratori — dirigenti, impiegati, operai — non sono infatti semplicemente una pluralit`a di persone legate fra di loro da una somma di rapporti individuali di lavoro, con fini individuali; ma formano un nucleo sociale organizzato, in funzione di un fine economico comune, in cui si fondano i fini individuali dell’imprenditore e dei singoli collaboratori: il raggiungimento del migliore risultato economico nella produzione. L’organizzazione si realizza attraverso la gerarchia dei rapporti tra l’imprenditore — dotato di un potere di comando — e i collaboratori, tenuti all’obbligo di fedelt`a e di obbedienza nell’interesse comune. Para melhor compreensão do tema, vide Enunciados 193 a 198, I Jornada de Direito Civil, CJF13 A empresa pode ser explorada tanto por pessoa natural (empresário individual - art. 966) quanto por pessoa 14 jurídica (sociedade empresária - art. 983). Neste quesito, importante não confundir empresário (sujeito que explora a empresa) com sócios de uma sociedade empresária (no caso de sociedade empresária, quem explora a empresa é a pessoa jurídica, e não os seus sócios). Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !17 c) organização da atividade - não basta exploração de atividade econômica; deve haver, para caracterização do empresário, a organização da atividade, ou seja, organização dos fatores de produção, quais sejam: capital, mão-de-obra , insumos 15 tecnologia. d) profissionalismo do exercício de tal atividade: habitualidade na exploração da atividade econômica organizada. e) destinação ao mercado, e não para consumo próprio. f) assunção de riscos, técnicos e econômicos, não podendo repassá-los a terceiros, a exemplo de empregados e consumidores. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL INDIVIDUAL COLETIVO Art. 966: Emp. Individual Art. 983: Soc. Empresária Alvo de críticas por parte da doutrina. Doutrinadores como André Luiz Santa Cruz Ramos e Edilson Enedino 15 das Chagas entendem que há sim que se falar em atividade economicamente organizada ainda que não se encontre presente a mão-de-obra assalariada (posicionamento defendido por Fábio Ulhoa Coelho). Assim, para Ramos (2017, pag.45): "Fábio Ulhoa Coelho, ao analisar o requisito da organização para a caracterização da empresa, chega a afirmar que não se deve considerar como empresário aquele que não organiza nenhum dos fatores de produção. Parece-nos que essa ideia fechada de que a organização dos fatores de produção é absolutamente imprescindível para a caracterização do empresário vem perdendo força no atual contexto da economia capitalista. Com efeito, basta citar o caso dos microempresários, os quais, não raro, exercem atividade empresarial única ou preponderantemente com trabalho próprio. Pode-se citar também o caso dos empresários virtuais, que muitas vezes atuam completamentesozinhos, resumindo-se sua atividade à intermediação de produtos ou serviços por meio da internet”. Chagas (2017, pág. 78), por sua vez, “Com o devido respeito aos que defendem tese diversa, a exploração da mais-valia (trabalho alheio) não é elemento essencial da organização da atividade. Noutras palavras, não é necessário o concurso do trabalho de outras pessoas, além do empresário para que uma atividade seja considerada organizada”. Nós, particularmente, partilhamos de tal posicionamento. Registre-se, por oportuno, que algumas atividades estão excluídas do conceito de empresário, quais sejam: a) sociedades cooperativas (arts. 982 a 984, CC); b) produtor rural (art. 971, CC); c) sociedades simples (art. 966, parágrafo único, CC). Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !18 EXERCÍCIO DE ATIVIDADE NAO EMPRESARIAL 2.1 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL: Empresário Individual é a pessoa natural que, em seu próprio nome, por sua conta e risco, explora atividade econômica organizada, respondendo, de forma ilimitada, com seu patrimônio pelas dívidas contraídas para o exercício da empresa. Desta forma, não há previsão legal para a limitação de responsabilidade. No entanto, diverso é o entendimento expresso no Enunciado n. 5 da I Jornada de Direito Comercial do CJF - “Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário individual tipificado no art. 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do Código Civil”. Sendo o empresário individual pessoa natural que explora, em seu próprio nome, atividade econômica organizada, deve, em princípio, em pleno gozo de sua capacidade civil e não ter impedimentos legais (art. 972, CC). 2.1.1 Capacidade Jurídica: Todo ato, para que seja válido, deve ter sido praticado por um agente capaz. Assim como ocorre no âmbito civil, no âmbito comercial só serão válidos os atos praticados por agente capaz. De acordo com art. 5º, CC, a capacidade plena se adquire aos 18 anos de idade. Todavia, de acordo com parágrafo único do referido artigo, com a emancipação, sendo uma de suas causas, o exercício de atividade empresarial, nos termos do V, p.u., art. 5º (“pelo INDIVIDUAL COLETIVO Profissional (autônomo): a t i v i d a d e s n ã o e m p r e s a r i a i s . E x . : intelectuais, cientificas, etc. Associações; fundações e sociedade simples. ATENÇÃO: quando devidamente registrado, o empresário individual possui CNPJ, o que não altera sua natureza jurídica de pessoa natural. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !19 estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria”. Deste modo, via de regra, para ser empresário, por força do disposto no art. 972, CC, deve-se estar em pleno gozo de sua capacidade civil. No entanto, o próprio Código Civil excepciona referida regra, de acordo com o art. 974, do mesmo diploma legal, o qual prevê: "Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. Ressalte-se que as exceções trazidas por tal artigo se referem à continuidade da empresa, e não ao seu início. Neste sentindo, tem-se o Enunciado 203 do CJF, aprovado na III Jornada de Direito Civil: “o exercício de empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte”. Para que haja autorização judicial para a continuidade da empresa, observa-se o rito previsto no art. 178, CPC, sendo que, de acordo com disposto no §1º , art. 974, deverá o 16 juiz analisar a conveniência na continuidade da empresa. Sendo concedida a autorização para a continuidade da empresa, será nomeado representante legal, devendo o mesmo, além de capaz, não ser impedido (art. 975, CC). Regra interessante é a contida no §2º do art. 974, segundo o qual: "não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização”. Deste modo, os bens que o incapaz possuía antes da interdição não se sujeitarão aos resultados da empresa, ou seja, se caracterizarão como um patrimônio de afetação. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, e a eventual revogação destas, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis (art. 976). No caso de menor emancipado que exerce atividade economicamente organizada, portanto, civilmente capaz, somente poderá ser condenado penalmente pela prática de crime falimentar ao completar 18 anos. Importante observar o teor do Enunciado n. 197 da III Jornada de Direito Civil do CJF: "A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é Art. 974, § 1.º, do CC: “nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e 16 dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros”. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !20 reputada empresário regular se satisfizer os requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata preventiva , por não exercer regularmente a atividade por mais de dois 17 anos”. Como anteriormente visto, empresário é o sujeito que explora a empresa, não se confundindo, assim, com os sócios que integram a sociedade empresaria. Deste modo, o(s) sócio(s) de uma determinada sociedade empresária poderão ser incapazes, desde que observem os requisitos exigidos em lei, quais sejam: estar devidamente assistido ou representado; estar o capital social totalmente integralizado e; não exercer atos de administração (§3º, art. 974, CC). 2.1.2 Ausência de impedimentos legais: Embora algumas pessoas estejam em pleno gozo de sua capacidade civil, encontram-se impedidas de exercer atividade economicamente organizada em nome próprio ou como administrador de sociedade empresária, por determinação legal. Ressalte-se que, caso o impedido exerça atividade empresarial responderá pelas obrigações contraídas, sendo tais obrigações plenamente válidas perante os terceiros de boa- fé, de acordo com disposto no art. 973 São legalmente impedidos, por força de lei: • art. 1011, §1º, CC - os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. • art. 117, X, Lei n. 8112/1990 - servidores públicos federais. • art. 36, I, LC n. 35/1979 - LOMAN - magistrados (art. 95, p.u., I, CF). O instituto da concordata foi extinto de nosso ordenamento jurídico com a promulgação da Lei n. 11.101/2005, 17 que revogou o Decreto n. 7661/1945. Neste sentido, leia-se Recuperação Judicial. ATENÇÃO ! Os impedimentos se referem ao exercício da atividade economicamente organizada em nome próprio ou como administradores de sociedades empresárias, não havendo, assim, nenhum óbice para que o impedido, por força de lei, seja sócio de Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !21 • art. 44, III, Lei n. 8625/1993 - membros do Ministério Público (art. 128, §5º,II, c, CF). • art. 29, Lei n. 6880/1990 - militares. • arts. 54 e 55, CF - deputados e senadores . 18 2.1.3 Empresário casado: De acordo com o art. 978 do Código Civil, “o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. Sobre esse dispositivo legal, foi aprovado o Enunciado 6, da I Jornada de Direito Comercial do CJF, o qual foi substituído na II Jornada pelo Enunciado 58, com o seguinte teor: “O empresário individual casado é o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis”. (RAMOS: 2017, 75) O art. 979 determina que "além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade”, para que sejam oponíveis a terceiros. Atenção. Aqui o impedimento não se mostra de forma absoluta pois, de acordo com art. 54, II, a: os deputados 18 e senadores não poderão, desde a posse, ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada. CUIDADO !!! Examinador cobra muito este artigo em prova. Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !22 3. EIRELI: Lei n. 12441/2011 19 A EIRELI teve como objetivo, em princípio, retirar da irregularidade grande número de empresários irregulares e desestimular a constituição de sociedades com sócios fictícios, a exemplo daquelas onde um dos sócios possui 99% das cotas e o outro apenas 1%. No entanto, houve equivoco por parte do legislador o qual poderia ter optado entre duas figuras jurídicas: a) empresário individual de responsabilidade limitada ou b) sociedade limitada unipessoal. No entanto, optou-se pela criação da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, o que, por sua imprecisão técnica, gerou diversas críticas por parte da doutrina especializada, afinal, como se sabe, empresa é atividade. Para a constituição da EIRELI exige-se um capital social mínimo de 100 salários- mínimos vigentes à época de sua constituição. No entanto, de acordo com entendimento do CJF (Enunciado n. 4, I Jornada de Direito Comercial), integralizado o capital ele não mais sofrerá interferências de acordo com as atualizações sofridas pelo salário-mínimo. Referida exigência legal é alvo de críticas, tendo sido, inclusive, objeto da ADI n. 4637. Embora alguns autores entendam que, pelo teor do caput do art. 980-A pessoas físicas e jurídicas possam ser titulares de EIRELI (“a empresa individual de responsabilidade individual será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social Enunciados nas Jornadas de Direito Civil e nas Jornadas de Direito Comercial, ambas realizadas pelo CJF: 19 Jornadas de Direito Civil: 468) Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada só poderá ser constituída por pessoa natural. 469) Arts. 44 e 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado. 470) Art. 980-A. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. 471) Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente. 472) Art. 980-A. É inadequada a utilização da expressão “social” para as empresas individuais de responsabilidade limitada. 473) Art. 980-A, § 5.º. A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização do capital da EIRELI. Jornada de Direito Comercial 3) A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não é sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade empresária. 4) Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da empresa individual de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de ulteriores alterações no salário mínimo. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !23 (…)”) , esse não é o entendimento majoritário, por força do disposto no §2º, art. 980-A e 20 entendimento do CJF, por meio de seu Enunciado n. 468 das Jornadas de Direito Civil. A EIELI adota, como nome empresarial, firma ou denominação (art. 980-A, §6º), sendo vedada a possibilidade de uma mesma pessoa ser titular de mais de uma EIRELI. QUESTÕES (FCC – TJGO – Juiz Substituto – 2015) Thiago, titular de uma empresa individual do ramo de padaria, veio ser interditado judicialmente e declarado absolutamente incapaz para os atos da vida civil por conta de uma doença mental que lhe sobreveio. A Thiago, nesse caso, é (A) permitido continuar a empresa por meio de representante, mediante prévia autorização judicial, que não é passível de revogação. (B) vedado continuar a empresa, ainda que por meio de representante. (C)permitido continuar a empresa por meio de representante, mediante prévia autorização judicial, que poderá ser revogada, também judicialmente, sem prejuízo dos direitos de terceiros. (D) permitido continuar a empresa por meio de representante, independentemente de prévia autorização judicial. (E) permitido continuar a empresa por meio de representante, caso em que todos os bens que já possuía ao tempo da sua interdição ficarão sujeitos ao resultado da empresa, ainda que estranhos ao acervo desta. (CESPE – TJPB – Juiz Substituto – 2015) No que se refere ao direito de empresa, assinale a opção correta. (A) Conforme entendimento dominante do STJ, a finalidade lucrativa não é requisito para que determinada atividade seja considerada empresária. (B) A pessoa legalmente impedida de exercer atividade empresarial não responde pelas obrigações contraídas. Para Tomazette: "Todavia, diante da positivação da EIRELI no Brasil não vemos qualquer impedimento. 20 Embora normalmente ligada a pessoas físicas, nada impede no nosso ordenamento jurídico que a EIRELI seja constituída também por pessoas jurídicas,59 inclusive as de fins não empresariais para exercício de atividades lucrativas subsidiárias.60 Isso é o que se depreende do próprio caput do artigo 980A que diz que a EIRELI “será constituída por uma única pessoa” sem especificar ou delimitar. Outrossim, a restrição constante do § 2o segundo do mesmo artigo 980-A dirigida especificamente a pessoas físicas, mostra que essa não é a única possibilidade de constituição da EIRELI. Ademais, reitere-se que a aplicação das regras atinentes às sociedades limitadas, corrobora a possibilidade de titularidade por uma pessoa jurídica. Apesar disso, reconhecemos que tal expediente será muito mais útil às pessoas físicas”. (2016, pág. 64) ATENÇÃO. IN n. 38/2017 - DREI, em seu Anexo V, admite a constituição de EIRELI tendo como titular pessoa jurídica. Direito Empresarial Profa. Dra.Fernanda Moi !24 (C) O empresário individual não dependerá de outorga conjugal para alienar imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia autorização do cônjuge referente à destinação do imóvel ao patrimônio empresarial. (D) De acordo com entendimento sumulado pelo STJ, é vedada a penhora da sede do estabelecimento comercial. (E) A inscrição no registro público de empresas mercantis é obrigatória ao empresário cuja atividade rural constitua sua principal profissão. (CESPE – TJ-DFT – Juiz – 2016) A respeito da empresa individual de responsabilidade limitada, assinale a opção correta. (A) A empresa individual de responsabilidade limitada não pode resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária em um único sócio. (B) A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada pode figurar em outras pessoas dessa espécie. (C)A expressão “EIRELI” deve compor o nome empresarial, devendo constar após a firma ou denominação social da empresa. (D) O capital social desse tipo de empresa não pode ser superior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no País. (E) Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades simples. (FAURGS – TJRS – Juiz de Direito Substituto – 2016) Sobre a disciplina jurídica da atividade empresarial no Brasil, assinale a alternativa correta. (A) A definição de empresa pelo Código Civil adota seu perfil subjetivo, como sujeito de direitos. (B) O exercício de atividade empresarial por sociedade não inscrita no registro de empresas implica a ineficácia dos negócios celebrados em relação à própria sociedade e a terceiros. (C) A participação de uma mesma pessoa como sócia em mais de uma empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI) pode caracterizar a formação de grupo econômico. (D) Pessoa que desempenhe atividade rural e esteja matriculada no registro de empresa pode requerer recuperação judicial. (E) O tratamento diferenciado assegurado às microempresas e empresas de pequeno porte não as dispensa da publicação dos atos societários, ainda que de forma resumida. (FCC - TRT - 23º Região - MT - Juiz Substituto do Trabalho - 2015) Antônio é empresário individual, como tal inscrito no Registro de Empresas e o CNPJ há mais de dez anos. Com exceção daqueles legalmente impenhoráveis, respondem pelas dívidas contraídas por Antônio no exercício da atividade empresarial (A)somente os seus bens afetados à atividade empresarial, mas limitadamente ao valor do capital da empresa. (B)todos os seus bens, inclusive os não afetados à atividade empresarial, desde que deferida judicialmente a desconsideração da personalidade jurídica da empresa. (C)todos os seus bens. (D)todos os seus bens, mas limitadamente ao valor do capital da empresa. (E)somente os seus bens afetados à atividade empresarial. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !25 (TJMT - Juiz - 2014) Quanto ao incapaz, é correto dizer que, se for sócio de sociedade empresária, (A)só poderá exercer a administração por meio de seu representante legal. (B)esta deverá ter seu capital social totalmente integralizado. (C)esta deverá ter sempre um gerente nomeado com aprovação de um juiz. (D)a sua participação depende de autorização judicial. (E)esta deverá sempre ter a forma de sociedade anônima. (CESPE - TJMA - Juiz - 2013) Assinale a opção correta em relação ao direito de empresa. (A) O adquirente de um estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferencia do bem, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente responsável, pelo prazo de seis meses, a pagar os créditos vencidos a partir da publicação, e os demais a partir do seu vencimento. (B) De acordo com a disposição expressa pelo Código Civil, o incapaz não pode exercer atividade empresarial. (C) De acordo com o Código Civil, considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Segundo a doutrina, organização é entendida como a cumulação necessária de capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia. (D) O Código Civil reconhece a figura da empresa individual de responsabilidade limitada, constituída por uma única pessoa natural titular da totalidade do capital subscrito, que deverá ser igual ou superior a cem vezes o maior salário mínimo vigente no país. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !26 C) REGISTRO 21 De acordo com o art. 967, CC, deve o empresário registrar-se antes do início da exploração da atividade economicamente organizada, sendo, portanto, uma das obrigações a ser observada pelo empresário, pois uma das finalidades do registro é dar publicidade aos atos praticados pelos empresários . Ressalte-se, por oportuno, que o registro não tem o condão de 22 caracterizar o empresário enquanto tal (aquele que não se registra, de acordo com determinação legal, será empresário irregular, ou seja, não gozará de determinados benefícios legais, a exemplo da recuperação judicial), mas simplesmente de lhe conferir regularidade . 23 Esse posicionamento encontra respaldo nos Enunciados de n. 198 e 199 das Jornadas de Direito Civil do CJF. Assim, Enunciado 198 do CJF, III Jornada de Direito Civil: “A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário” Enunciado 199 do CJF, III Jornada de Direito Civil: “A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização”. Para realizar seu registro junto ao Registro Público de Empresas Mercantis, o empresário deverá observar as determinações do art. 968, CC, sendo que aquele que instituir sucursal, filial ou agencia em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste também deverá inscrevê-la, com prova da inscrição originária (art. 969,CC). Ramos (2017, pág. 77) nos diferencia os termos usados no artigo citado. Vejamos, Pode-se definir filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção e administração de outra, chamada de matriz, mas arts. 1.150 a 1.154 do Código Civil e Lei n. 8934/199421 Por isso que se pode afirmar que, em regra, a natureza do registro é declaratória, sendo constitutiva somente 22 em casos excepcionais. Como veremos a seguir, há que se ter atenção especial para o caso do produtor rural. Nesse caso, estamos 23 diante da situação de um empresário por equiparação, e não por natureza. Sendo assim, para o produtor rural, de acordo com art. 971, CC, para o produtor rural, o registro tem natureza jurídica constitutiva. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !27 mantém sua personalidade jurídica e o seu patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por sua vez, pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que atua especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado administrativamente. 1. LEI N. 8934/1994: O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com as seguintes finalidades: I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidosa registro na forma desta lei; II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento. No Brasil, de acordo com o art. 3º (Lei n. 8934), os serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades afins são exercidos pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), composto pelos seguintes órgãos: • DREI (Departamento de Registro Empresarial e Integração): O DREI é um órgão federal, que integra a estrutura da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, cuja competência é normativa, e de supervisão e controle do registro de empresas. Suas atribuições são de normatização, disciplina, supervisão No que se refere ao domicílio do empresário, aquele definido em seus atos constitutivos, há que se observar a Súmula 363, STF: “A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !28 controle dos atos de registro efetuados pelas Juntas Comerciais, dentre outras, de acordo com disposto no art. 4º, Lei n. 8934 . 24 • JC (Juntas Comerciais): possuem funções executivas, cabendo-lhes a prática dos atos de registro (art. 32), como matricula de leiloeiro, arquivamento de sociedade, autenticação de livros, etc. É de sua competência, ainda, a expedição de carteira de exercício profissional, o assentamento de usos e práticas dos comerciantes e a habilitação e nomeação de tradutores públicos e interpretes. Em matéria de direito comercial e no que se refere ao registro de comércio, ela se encontra subordinada ao DREI; nas demais matérias (direito financeiro e administrativo) vínculo de subordinação se estabelece com o governo da unidade federativa que integra . 25 Do Departamento Nacional de Registro do Comércio 24 Art. 4º O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), criado pelos arts. 17, II, e 20 da Lei nº 4.048, de 29 de dezembro de 1961, órgão integrante do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, tem por finalidade: I - supervisionar e coordenar, no plano técnico, os órgãos incumbidos da execução dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; II - estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretrizes gerais do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; III - solucionar dúvidas ocorrentes na interpretação das leis, regulamentos e demais normas relacionadas com o registro de empresas mercantis, baixando instruções para esse fim; IV - prestar orientação às Juntas Comerciais, com vistas à solução de consultas e à observância das normas legais e regulamentares do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; V - exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, representando para os devidos fins às autoridades administrativas contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigurar necessário ao cumprimento dessas normas; VI - estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis individuais e sociedades mercantis de qualquer natureza; VII promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir ou corrigir as ausências, falhas ou deficiências dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; VIII - prestar colaboração técnica e financeira às juntas comerciais para a melhoria dos serviços pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; IX - organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no País, com a cooperação das juntas comerciais; X - instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo, inclusive os pedidos de autorização para nacionalização ou instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no País, por sociedade estrangeira, sem prejuízo da competência de outros órgãos federais; XI - promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins. Art. 5º Haverá uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na área da 25 circunscrição territorial respectiva. Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se administrativamente ao governo da unidade federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao DNRC, nos termos desta lei. Parágrafo único. A Junta Comercial do Distrito Federal é subordinada administrativa e tecnicamente ao DNRC. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !29 Quanto à competência para apreciar as questões que envolvem as juntas comerciais, o STJ tem decidido (STJ, REsp 678.405/RJ; CC90338/RO; CC 31.357/MG; CC 37.386/PR): a) Competência da Jus2ça Federal: somente nos casos em que: i) se discute a regularidade dos atos e registros praRcados pela Junta Comercial; e ii) nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do arRgo 109, VIII, da ConsRtuição Federal, em razão de sua atuação delegada (as juntas efetuam o registro do comércio por delegação federal). b) Competência da Jus2ça Estadual: i) quando parRculares liRgam acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários pode produzir apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do ato administraRvo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração; ii) causas em que se discute anulação de registros por fraude; iii) abstenção de uso de nome comercial; iv) se apenas por via reflexa será aRngido o registro da Junta Comercial, não há interesse da União, e por isso a competência será do juízo estadual, como, por exemplo, discussão sobre nome comercial, sobre idoneidade de documentos usados em alteração contratual, sobre o direito de preferência de sócio. Atenção: Conforme o STJ, em matéria criminal, no que tange aos delitos de falsidade ideológica que afetem exclusivamente a junta comercial, sem lesão direta a bens, interesses ou serviços da União, a competência é da jus2ça estadual. (STJ, CC 130.516/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 05/03/2014). Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !30 Vide, também, REsp 678.405/RJ, 3.ª Turma, Rel. Min. Castro Filho . 26 1.1 ATOS DE REGISTRO: De acordo com art. 32, Lei n. 8934, são atos de registro a cargo das Juntas Comerciais: I. matrícula; II. arquivamento ; III. autenticação. 27 MODALIDADE A QUE SE DESTNA MATRICULA Matricula e cancelamento de: leiloeiros, t radutores púb l i cos e in terpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. ARQUIVAMENTO Constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais, sociedades e cooperativas; atos relat ivos a consórcios e grupos de sociedades; atos r e l a t i v o s a e m p r e s a s m e r c a n t i s estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; declarações de microempresas; atos e documentos que possam interessar ao empresário ou sociedade empresaria. AUTENTICAÇÃO Instrumentos de escr i turação das empresas (livros mercantis) e as copias dos documentos assentados. RECURSO ESPECIAL. LITÍGIO ENTRE SÓCIOS. ANULAÇÃO DE REGISTRO PERANTE A JUNTA 26 COMERCIAL. CONTRATO SOCIAL. INTERESSEDA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA. AÇÃO DE PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECEDENTES DA SEGUNDA SEÇÃO. 1. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem decidido pela competência da Justiça Federal, nos processos em que figuram como parte a Junta Comercial do Estado, somente nos casos em que se discute a lisura do ato praticado pelo órgão, bem como nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada. 2. Em casos em que particulares litigam acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competência da justiça comum estadual, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários, almejada pelos sócios litigantes, produziria apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração e, conseqüentemente, a competência da Justiça Federal para julgamento da causa. Precedentes. Recurso especial não conhecido. STJ - REsp: 678405 RJ 2004/0081659-5, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 16/03/2006, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 10.04.2006 p. 179. As sociedade cooperativas são consideradas sociedades simples por determinação legal (art. 982, parágrafo 27 único, do Código Civil), devendo, todavia, serem registradas nas Juntas Comerciais - de acordo com o art. 18 da Lei 5.764/1971 (Lei do Cooperativismo) e a regra citada no II, art. 32, Lei 8934. vide art. 1150 do Código Civil de 2002, bem como o Enunciado 69 do CJF: “as sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas Juntas Comerciais”. Na prática, é assim que tem prevalecido. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !31 1.2 ESTRUTURA DAS JUNTAS COMERCIAIS: De acordo com o disposto no art. 9.º da Lei 8.934/1994, a Junta Comercial se organiza da seguinte forma: “I – a Presidência, como órgão diretivo e representativo; II – o Plenário, como órgão deliberativo superior; III – as Turmas, como órgãos deliberativos inferiores; IV – a Secretaria-Geral, como órgão administrativo; V – a Procuradoria, como órgão de fiscalização e de consulta jurídica”. São chamados de vogais os membros da Junta Comercial que decidem sobre os atos de registro e que compõem as Turmas e o Plenário, sendo escolhidos de acordo com disposto no art. art. 11, caput, da referida lei, “os vogais e respectivos suplentes serão nomeados, no Distrito Federal, pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e nos Estados, salvo disposição em contrário, pelos governos dessas circunscrições (…)”. O vogal e seu suplente têm mandato de 04 (quatro) anos, permitida apenas uma recondução (art. 16 da Lei 8.934/1994). As Turmas são compostas de 03 (três) vogais, não participando o Presidente e o Vice-Presidente da Junta Comercial, que possuem atribuições específicas, previstas, respectivamente, nos arts. 23 e 24 da Lei 8.934/1994 (RAMOS: 2017, pág. 83). De acordo com arts. 25 e 26, compõe, ainda, a estrutura das Juntas Comerciais Há Secretaria-Geral, cujo titular, o Secretário-Geral, “será nomeado, em comissão, no Distrito Federal, pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo [atual Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior], e, nos Estados, pelos respectivos governadores, dentre brasileiros de notória idoneidade moral e especializados em direito comercial”, e possuirá a atribuição de executar os serviços de registro e administração da Junta. Por fim, de acordo com Ramos (2017, pág. 84) “há a Procuradoria, composta de um ou mais procuradores e chefiada pelo procurador que for designado pelo governador do Estado, à qual cabe fiscalizar e promover o fiel cumprimento das normas legais e executivas, oficiando, internamente, por sua iniciativa ou mediante solicitação da presidência, do plenário e das turmas; e, externamente, em atos ou feitos de natureza jurídica, inclusive os judiciais, que envolvam matéria do interesse da junta (arts. 27 e 28 da Lei 8.934/1994)”. Direito Empresarial Profa. Dra. Fernanda Moi !32 1.3 PROCESSO DECISÓRIO 28 A matrícula, o arquivamento e a autenticação de atos pela Junta submetem-se à a dois regimentos distintos: a decisão colegiada e a decisão singular. Decisão colegiada: reservada para tramitação de atos de maior complexidade. Submetem-se à decisão colegiada: arquivamento de atos relacionados às S/A, consórcios e grupos de sociedades, fusões, incorporações e cisões. Também se submete à decisão colegiada julgamento de recursos administrativos interpostos contra atos praticados pelos demais órgãos da Junta (art. 41, Lei n. 8934). Já o regime da decisão singular é reservado aos atos de registro menos complexos, a todos os demais atos. Ex.: alteração do contrato da limitada. Neste caso, a analise do atendimento às formalidades legais é feita individualmente por um vogal ou mesmo por funcionário da Junta com comprovados conhecimentos de direito comercial e registro de empresa, devendo, em ambos os casos ser designado pelo Presidente (art. 42, Lei 8934). De acordo com o disposto no art. 43 da Lei 8.934/1994, os pedidos de arquivamento submetidos a regime de decisão colegiada devem ser decididos no prazo Enunciado 209 da III Jornada de Direito Civil - O art. 986 deve ser interpretado em sintonia com os arts. 28 985 e 1.150, de modo a ser considerada em comum a sociedade que não tiver seu ato constitutivo inscrito no registro próprio ou em desacordo com as normas legais previstas para esse registro (art. 1.150), ressalvadas as hipóteses de registros efetuados de boa-fé. Enunciado 483 da V Jornada de Direito Civil - Admite-se a transformação do registro da sociedade anônima, na hipótese do art. 206, I, d, da Lei n. 6.404/1976, em empresário individual ou empresa individual de responsabilidade limitada. Enunciado 465 da V Jornada de Direito Civil - A "transformação de registro" prevista no art. 968, § 3º, e no art. 1.033, parágrafo único, do Código Civil não se confunde com a figura da transformação de pessoa jurídica. Enunciado 466 da V Jornada de Direito Civil - Para fins do Direito Falimentar, o local do principal estabelecimento é aquele de onde partem as decisões empresariais, e não necessariamente a sede indicada no registro público. Enunciado 476 da V Jornada de Direito Civil - Eventuais classificações conferidas pela lei tributária às sociedades não influem para sua caracterização como empresárias ou simples, especialmente no que se refere ao registro dos atos constitutivos e à submissão ou não aos dispositivos da Lei n. 11.101/2005. 17 Enunciado 489 da V Jornada de Direito Civil - No caso da microempresa, da empresa de pequeno porte e do microempreendedor individual, dispensados de publicação dos seus atos (art. 71 da Lei Complementar n. 123/2006), os prazos estabelecidos no Código Civil contam-se da data do arquivamento do documento (termo inicial) no registro próprio. Em 2015, o Enunciado 6 da I Jornada de Direito Comercial foi alterado pelo Enunciado 58 da II Jornada de Direito Comercial do CJF. Enunciado 6 da I Jornada de Direito Comercial - O empresário individual regularmente inscrito é o destinatário da norma do art. 978 do Código Civil, que permite alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa, desde que exista, se for o caso, prévio registro de autorização conjugal no Cartório de Imóveis, devendo tais requisitos constar do instrumento de alienação ou de instituição do ônus real, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. Enunciado
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