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Teoria Geral da Empresa e Direito Societário (Apostila)

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Aula do dia 23/02/2022
Direito Empresarial- Arts. 966 a 1195 do Código Civil
Quem contrata e demite é o empresário
Sócio é diferente de administrador
Empresário (sujeito), exerce a empresa (atividade) no ponto comercial (o ponto é o
“lugar” bem imaterial).
Nem toda pessoa que tem CNPJ é pessoa jurídica.
Conceitua-se empresa como sendo atividade, cuja marca essencial é a obtenção de
lucros com o oferecimento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes mediante a
organização dos fatores de produção (força de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia)
(Bulgarelli,1985: 175/199)
Sendo uma atividade a empresa não tem natureza jurídica de sujeito de direito nem
de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito) nem com o
estabelecimento empresarial (coisa).
Anotações do livro- Lições preliminares de Direito, Miguel Reale
Espécies de Relações Jurídicas- O negócio jurídico
A forma comercial não dará o caráter de comercialidade às relações, se o seu
conteúdo e a sua natureza social forem do tipo civil, salvo no caso das sociedades
anônimas, que são sempre comerciais.
O Negócio Jurídico, possui dois elementos que nem sempre são claramente
distintos:
- Uma declaração de vontade que instaura uma situação jurídica capaz de
produzir efeitos externos ao seu autor;
- A subordinação dos efeitos dessa situação às cláusulas e condições constantes
da declaração por ele feita.
Negócio Jurídico é o ato jurídico pelo qual uma ou mais pessoas, em virtude de
declaração de vontade, instauram uma relação jurídica, cujos efeitos, quanto a elas e às
demais, se subordinam à vontade declarada, nos limites consentidos pela lei.
Os Negócios Jurídicos exigem sujeito capaz legitimado para o ato, manifestação
expressa da vontade, objeto lícito e forma prescrita ou não vedada em lei, além desses
requisitos gerais há outros que variam de acordo com a natureza de cada modelo
negocial.
- Sujeitos de Direito e Personalidade Jurídica
As pessoas, às quais as regras jurídicas se destinam, chamam-se de sujeitos de
direitos, podem ser tanto pessoa física, quanto pessoa jurídica.
Em toda relação jurídica, duas ou mais pessoas ficam ligadas entre si por um
laço que lhes atribui, de maneira proporcional ou objetiva, poderes para agir e deveres
a cumprir.
O titular é aquele a quem cabe o dever a cumprir ou o poder de exigir ou ambos.
Segundo o art. 2° do Código Civil a personalidade civil começa do nascimento
com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Quando se protege um animal, não lhe reconhece um direito, mas apenas se
respeita os valores de afetividade, essa proteção dispendida aos animais visa à
salvaguarda de certos princípios de ordem moral, pois sem esses os homens se
reduziram aos próprios irracionais. O mesmo acontece com as normas legais que mandam
que se respeite as plantas, monumentos e paisagens.
Pessoa é a qualificação do indivíduo como ser social, enquanto se afirma e se
correlaciona no seio da convivência através de laços éticos-jurídicos.
No plano jurídico a personalidade é a capacidade genérica de ser sujeito de direitos,
o que é expressão de sua autonomia moral.
A personalidade é a capacidade in abstrato de ser sujeito de direitos ou obrigações,
decorrentes da convivência em sociedade.
“Capacidade” indica uma extensão do exercício da personalidade.
Personalidade todos os homens têm, mas nem todos dispõem de igual capacidade
jurídica, ou seja, não possuem a possibilidade de exercer certos atos e por eles serem
responsáveis.
Capacidade de fato: refere-se às condições materiais do exercício;
Capacidade de direito: é concernente à aptidão legal para prática dos atos.
A personalidade sempre é protegida, mas às vezes, a proteção é feita por outrem.
- Das Pessoas Jurídicas
Segundo Kelsen o Estado é, em suma, a personificação da totalidade do sistema de regras
que têm força coercitiva nos limites de um território. O Estado Brasileiro é o conjunto unitário
das regras de direito que vigem no território nacional.
Dessa forma Kelsen afirma que as pessoas jurídicas, ditas privadas, não representam senão
sistemas parciais de regras segundo distintos prismas de imputabilidade normativa.
Assim como o Estado é a pessoa jurídica geral, à qual se refere logicamente a totalidade do
sistema normativo, as pessoas jurídicas menores são “conjuntos normativos” referidos a
sujeitos particulares.
- Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno
A união é efetivamente um dos aspectos internos do Estado Brasileiro. Existe apenas e
tão-somente a pessoa jurídica unitária do Estado Brasileiro.
O legislador constituinte em 1988, manteve a forma federativa e deu a cada um
dos elementos formadores do Estado Brasileiro uma esfera privativa de ação e uma outra
complementar, onde as competências são concorrentes.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação
dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas
jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento,
pelas normas deste Código.
Cabe à União representar o Brasil no Exterior, falar em nome da totalidade do Estado
Brasileiro.
As Pessoas Jurídicas podem ser, em primeiro lugar, de Direito Externo e de Direito
Interno e em segundo lugar, soberanas ou autônomas.
Pessoa Jurídica Soberana é aquela que possui de maneira eminente e originária, o
poder de declaração ou de legitimação do Direito Positivo.
Desmembrou-se certas porções de serviços públicos para lhes dar uma
personalidade jurídica própria, a fim de que pudessem funcionar como serviços públicos
autônomos.
Ao lado das autarquias e fundações de Direito Público, outros modelos ou tipos de
entidades públicas já apareceram, tais como as sociedades de economia mista, que se
caracterizam por serem serviços públicos organizados sob a forma de sociedades
anônimas, o que leva os juristas a erroneamente a considerá-las de Direito Privado.
As empresas públicas, segundo Miguel Reale, embora se sujeitem ao regime jurídico
próprio das empresas privadas, nem por isso perdem sua personalidade de Direito Público.
- Pessoas Jurídicas de Direito Privado
No Código de 2002, conforme enumera o art. 44, são três as modalidades de
pessoas jurídicas de Direito Privado: as associações, as sociedades e as fundações,
cada uma delas com seu objeto próprio.
Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fim
não-econômico, não havendo entre os associados direitos e obrigações recíprocas (art.
53).
Já as sociedades, como dispõe o art. 981, são constituídas por pessoas que
tenham em vista realizar fins econômicos, obrigando-se a contribuir com bens ou
serviços para alcançar os resultados a serem partilhados entre si.
Há certas sociedades de fins econômicos que não são empresas, como as
constituídas para exercer atividades de ensino, a advocacia, medicina, etc.
Em regra, é o conteúdo, ou o tipo de atividade que dá qualificação jurídica a uma
entidade e, não a sua forma.
Nem sempre é o conteúdo que qualifica a entidade, há casos em que a lei liga o
problema da formação da caracterização jurídica, como é o caso das sociedades
anônimas que são sempre de natureza comercial, não importando qual seja seu objeto.
Nos modelos de sociedades empresárias, podemos verificar que algumas guardam
ainda o caráter pessoal próprio das associações civis. Os seus sócios acham-se vinculados
por laços jurídicos que pressupõem uma atividade direta, uma participação pessoal, como
instrumento essencial dos fins objetivados.
A distinção entre pessoa jurídica e a pessoa do sócio existe, mas é muito
tênue, uma vez que a responsabilidade subsidiária do sócio envolve todos os seus bens
particulares disponíveis. As deste tipo são denominadassociedade de pessoas ou
corporativas.
A sociedade de responsabilidade limitada, os sócios só respondem pelos
resultados negativos da sociedade até o limite das quotas que se subscreveram.
As sociedades anônimas, quando não são meras organizações familiares, são
formas de organização do capital ou estruturas de investimentos, sobretudo quando as
ações forem transferíveis de uma pessoa a outra sem maiores formalidades.
A existência das fundações implica uma outra distinção entre as pessoas
jurídicas de caráter pessoal e pessoas jurídicas de caráter real.
As pessoas jurídicas de caráter pessoal, também chamadas corporações, são
aquelas em que o elemento pessoal dos sócios é prevalecente, nelas pode-se dizer que o
que importa é a pessoa dos sócios, em razão dos quais a entidade surge.
Há casos em que o direito considera certas entidades que não existem, em razão
desta ou daquela pessoa, mas segundo a destinação de uma patrimônio para realizar
certos fins. Às chamadas fundações que o CC de 2002 disciplina nos arts. 62 e 69
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a
maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência.
Há fundações de Direito Público, assim como fundações de Direito Privado.
Enquanto a pessoa natural começa com o nascimento com vida, dependendo,
portanto de mero fato natural, as associações e sociedades dependem, para a sua
existência plena no mundo do direito, de certas formalidades de registro.
No código civil de 2002 o art. 45:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por
que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do
ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.
A personalidade, conferida às sociedades, não pode ser convertida em cobertura
para enriquecimento ilícito, desviando as pessoas jurídicas de seus objetivos sociais.
As pessoas jurídicas têm por pressuposto a boa fé e por fim a satisfação de reais
interesses privados e coletivos.
Aula do dia 24/02
- Princípios
- Teoria de Empresa
- Empresário
- Nome X Marca
- Ponto (ação renovatória)
- Estabelecimento (Trespasse)
- Escrituração
- Preposto
- Princípio da separação patrimonial
- Eireli
- 2º etapa do curso:
- Sociedades
- Capital Social
- Distribuição de Lucro
- Assembléia
- Limites e obrigações dos sócios
- SA e cooperativa
- Desconsideração da personalidade jurídica
- Organização societária
03/03/2022
Princípios: De acordo com o critério de abrangência, os princípios podem ser gerais
(aplicáveis a todas as relações jurídicas regidas pelo direito comercial) ou podem ser
especiais (todos os destinados à disciplina de relações regidas por desdobramentos da
disciplina). Também se classificam como constitucionais (conforme estejam abrigados na CF
ou na lei ordinária) e explícitos ou implícitos (caso estejam expressamente previstos na
norma de direito positivo ou decorram desta.
● Livre iniciativa
No capitalismo, os trabalhadores são donos de sua força de trabalho, mas,
vendem-na aos detentores dos bens de produção.
A livre iniciativa é elemento essencial do capitalismo. É necessária para a
eficiência do modo de produção. No entanto, a livre iniciativa está entre as causas de muitas
injustiças. A quantidade e a qualidade da produção são definidas, pelas perspectivas de
lucratividade de sua exploração econômica, bens essenciais podem não ser produzidos na
escala necessária ao atendimento de todos, enquanto a produção de bens inteiramente
fúteis, consomem não pouca “energia social”.
★ O princípio da livre iniciativa é inerente ao modo de produção capitalista em
que os bens ou serviços de que necessitam ou querem as pessoas são
fornecidos quase que exclusivamente por empresas privadas.
Há dois vetores no princípio da liberdade de iniciativa. De um lado antepõe um
freio à intervenção do Estado na economia; de outro coíbe determinadas práticas
empresariais. O primeiro vetor liga-se a questões estudadas pelo direito público, às
atividades econômicas constitucionalmente reservadas à União.
O direito comercial ocupa-se do segundo vetor, da coibição das práticas
empresariais incompatíveis com a liberdade de iniciativa.
O poder de mercado não está necessariamente associado ao poder econômico. O
empresário de grande porte, com extenso poder econômico, não terá poder de
mercado se atuar em segmento da economia altamente competitivo, marcado pela
presença de outros empresários igualmente poderosos.
Ao assegurar a liberdade de iniciativa , a CF atribui a todos os brasileiros e
residentes no Brasil um direito, o de se estabelecer como empresário.
No primeiro vetor a liberdade de iniciativa é garantida pela obrigação imposta ao
Estado de não interferir na economia, dificultando ou impedindo a formação e o
desenvolvimento de empresas privadas. No segundo vetor, esse princípio é garantido
pela obrigação imposta aos demais empresários, no sentido de concorrerem
licitamente.
A liberdade de iniciativa, causa anarquia na produção e injustiças na sociedade, para
atenuar seus efeitos, o Estado intervém em alguma medida na economia. O Estado
capitalista deve ser maior ou menor, conforme as necessidades ditadas pelas crises
periódicas ou pelas injustiças permanentes. A liberdade de iniciativa não pode ser
absoluta.
Para assegurar os interesses legítimos dos consumidores, o Estado por meio
das leis define os direitos destes, mas também os organismos que os defendem.
Sem perspectiva de lucro, ninguém se dispõe a empreender (ou mesmo investir). Ao
proteger o investimento, está necessariamente protegendo interesses que não se reduzem
aos do investidor.
★ Quando conflitam os interesses individuais dos empresários voltados à
obtenção de lucro e os meta individuais que se espalham pela
sociedade, não há a menor dúvida que esses últimos devem sempre
prevalecer.
Quatro desdobramentos podem ser extraídos do princípio da liberdade de iniciativa:
- A imprescindibilidade, no capitalismo, da empresa privada para o
atendimento das necessidades de cada um e de todos;
- Reconhecimento do lucro como principal fator de motivação da iniciativa
privada;
- Importância para toda a sociedade da proteção jurídica do investimento;
- Importância da empresa na geração de postos de trabalho e tributos,
bem como no fomento da riqueza local, regional, nacional e global.
● Livre Concorrência (atuação estatal)
Garante o fornecimento, ao mercado de produtos ou serviços com qualidade
crescente e preços decrescentes. Ao competirem pela preferência do consumidor, os
empresários se empenham em aparelhar suas empresas visando à melhoria da qualidade,
dos produtos ou serviços, bem como em ajustá-los com o objetivo de economias nos
custos e possibilitar redução dos preços, tendo em vista potencializar o volume de
vendas e obter mais lucros.
No direito comercial, o princípio constitucional da liberdade de concorrência implica
na coibição de determinadas práticas empresariais, incompatíveis com sua afirmação. Essas
práticas são a de concorrência ilícita que classificam-se em 2 categorias:
- As que implicam risco ao regular funcionamento da economia de livre
mercado e são coibidas como infração da ordem econômica;
- As que não implicam tal risco, restringindo-se aos efeitos da prática
anticoncorrencial à lesão dos interesses individuais dos empresários
diretamente envolvidos e configuram concorrência desleal.
Ao limitar acentuadamente as possibilidades de revisão dos contratos entre
empresários, o direito comercial também está prestigiando este princípio constitucional.★ A regra básica da competição empresarial que decorre do princípio constitucional da
livre concorrência, implica a premiação das decisões empresarialmente
“acertadas” (com lucro) e a penalização das “equivocadas” (com prejuízo), ou
se o caso, a falência.
★ Esta regra não pode ser neutralizada por nenhuma norma jurídica, para que
assim todos possam se beneficiar dos resultados esperados da livre concorrência:
melhoria da qualidade e redução dos preços de produtos e serviços.
Em razão da ocorrência deste princípio constitucional, a lesão por inexperiência
não pode ser motivo para a revisão dos contratos empresariais, nem para sua
invalidação. Quando se trata de um empresário, a figura da lesão por inexperiência,
significa uma verdadeira distorção da regra básica da competição empresarial. Sendo
profissional, o empresário não pode alegar pouca experiência para tentar se poupar de
seus erros à frente da empresa.
● Princípio da Preservação da Empresa
O que se tem como objetivo é a proteção da atividade econômica. Não se confunde
com o seu titular, “empresário”, nem com o lugar em que é explorada, “estabelecimento
empresarial”, o que se busca é preservar a atividade, empreendimento.
A dissolução parcial da sociedade empresária procura conciliar, de um lado, a
solução do conflito societário, e de outro a permanência da atividade empresarial,
evitando-se que os problemas entre os sócios prejudiquem o interesse de
trabalhadores, consumidores, do fisco, da comunidade, etc.
A desconsideração da personalidade jurídica ao estabelecer os critérios a partir
dos quais a fraude na manipulação da autonomia patrimonial possa ser coibida, sem o
comprometimento da atividade explorada pela pessoa jurídica instrumentalizada no ilícito.
No campo do direito falimentar, o instituto da recuperação judicial se fundamenta
no princípio de que pode interessar à coletividade a preservação de determinada atividade
empresarial, mesmo quando o empresário não se mostra suficientemente capaz de dirigi-la.
★ O princípio da preservação da empresa reconhece que, em torno do
funcionamento regular e desenvolvimento de cada empresa, não gravitam apenas os
interesses individuais dos empresários e empreendedores, mas também os
metaindividuais de trabalhadores, consumidores e outras pessoas; são estes últimos
interesses que devem ser considerados e protegidos na aplicação de qualquer
norma de direito comercial.
● Propriedade Privada (Respeito)
O Estado tem propriedade privada.
Patente (exclusividade de exploração comercial).
Este princípio está previsto na Constituição no inciso II do art. 170. A propriedade
embora tenha sua garantia e defesa como um princípio constitucional, também
precisa ter uma função social. Além disso, é previsto que as limitações de direitos
autorais estabelecidas nos arts. 46, 47 e 48 da Lei de Direitos Autorais, devem ser
interpretadas extensivamente, em conformidade com os direitos fundamentais
e a função social da propriedade estabelecidos no art. 5°, XXIII, da CF/88.
● Cosmopolita
Ambiente de atuação (possibilidade de ser o mundo inteiro) - unidade de regras
O direito comercial tem a capacidade de tratar de questões comerciais abrangentes,
trata de questões comerciais independentemente da nacionalidade das partes.
O comércio é uma atividade que com o tempo tende a se intensificar e ganhar
proporções muito maiores. O direito precisa acompanhar, tornando-se mais amplo e
universal, conforme as atividades empresariais ficam mais complexas.
● Princípio da Função Social da Empresa: cumpre a função social ao gerar
empregos, tributos e riqueza, ao contribuir para o desenvolvimento econômico, social
e cultural da comunidade em que atua, de sua região ou do país, ao adotar práticas
empresariais sustentáveis visando à proteção do meio ambiente e ao respeitar
os direitos dos consumidores , desde que com estrita obediência às leis a que
se encontra sujeita.
● Princípio da Liberdade de Associação: A liberdade de associação é irrestrita no
momento da constituição da sociedade empresária ou do ingresso na
constituída, não podendo ninguém ser obrigado a se tornar sócio de sociedade
contratual contra a vontade. Uma vez, porém ingressando na sociedade empresária,
o sócio não poderá dela se desligar, senão nas hipóteses previstas em lei.
Entre as condições estabelecidas pelo direito societário para o exercício da
liberdade constitucional da associação, estão as ligadas à dissidência. Em
decorrência do princípio majoritário, os sócios minoritários que discordam de
decisões adotadas pela maioria, quando alteram significativamente a estrutura
ou o objetivo da sociedade empresária, podem reclamar o reembolso do capital e
dela se dissociarem.
● Princípio da Autonomia Patrimonial da Sociedade Empresária: Considera-se a
sociedade empresária, por ser pessoa jurídica , um sujeito de direito diferente
dos sócios que a compõem. Entre outras consequências, este princípio implica que
a responsabilização pelas obrigações sociais cabe à sociedade, e não aos sócios.
Apenas depois de executados os bens da sociedade e mesmo assim observando-se
eventuais limitações impostas por lei, os credores podem pretender a
responsabilização dos sócios.
● Princípio da Subsidiariedade da Responsabilidade dos Sócios pelas
Obrigações Sociais: Apenas depois de exaurido o ativo patrimônio social,
justifica-se satisfazer os direitos do credor mediante a execução dos bens de sócio.
Princípio aplicável a todas as sociedades, independentemente de eventual
limitação da responsabilização dos sócios, ou de parte deles.
● Princípio da Limitação da Responsabilidade dos Sócios pelas Obrigações
Sociais: Os sócios respondem pelas obrigações sempre subsidiariamente e,
em alguns casos (limitada e anônima, entre eles), apenas até o limite fixado em
lei.
A limitação da responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais, é
princípio jurídico que atende apenas aos interesses dos trabalhadores e
consumidores brasileiros. Os empresários e investidores, nacionais ou estrangeiros,
não são propriamente os beneficiados por este princípio, porque podem, na
economia globalizada, escolher entre outros países para alocarem seus capitais.
Se o direito comercial brasileiro não protegesse o investimento pelo princípio
da limitação da responsabilidade dos sócios, o empresário continuaria em condições
de obter o mesmo lucro, redirecionando seu investimento a outro país.
● Princípio Majoritário nas Deliberações Sociais: As deliberações sociais são
adotadas, em princípio, pela vontade ou entendimento do sócio (ou sócios) que
mais investiu na empresa e consequentemente assumiu o maior risco.
A lei fixa o quorum de deliberação, definindo-o em alguns casos por
critério diferente.
Em geral, este princípio se expressa pela atribuição de poder deliberativo ao sócio
proporcionalmente às quotas ou ações (votantes) tituladas.
Quando o sócio majoritário é também administrador da sociedade e está em
pauta a votação de suas contas, o sócio minoritário, nesse caso, será chamado a
interpretar o que mais proveito traz ao desenvolvimento da empresa.
● Princípio da Proteção do Sócio Minoritário: O princípio da proteção do sócio
minoritário limita o princípio do sócio majoritário. Por meio de instrumentos
disponibilizados aos minoritários, como os direitos de fiscalização e de
recesso, a lei impede que o majoritário acabe se apropriando de ganhos que devem
ser repartidos entre todos os sócios.
● Princípio da Autonomia da Vontade: No contrato entre empresários (contratos
empresariais a autonomia da vontade ainda é bastante ampla, porque as partes
podem escolher entre contratar ou não, com quem contratar e negociar livremente as
cláusulas do contrato.
● Princípio da Vinculação dos Contratantes ao Contrato: Os empresários estão
vinculados aos contratos que celebram em maior grau do que os trabalhadores e
consumidores. A revisão judicial das cláusulas do contrato empresarial não
deve neutralizar a regra básica da competição, que premia com lucros o
empresário que adotou a decisão empresarialmenteacertada, e pune, com prejuízo
ou mesmo falência, o que adotou a decisão equivocada.
● Princípio da Proteção do Contratante Mais Fraco: No campo das relações
empresariais a assimetria deriva da dependência empresarial. Esta
dependência tem origem contratual, de modo que o empresário dependente
manifestou sua vontade no sentido de submeter-se à situação. A dependência
empresarial restringe a liberdade de organização da empresa. O leque de
alternativas que se abre às decisões do empresário dependente, na condução
de sua empresa, é reduzido pelas orientações do outro contratante, a quem
deve acatamento.
A assimetria, nos contratos empresariais, que justifica a proteção do
contratante mais fraco, decorre da obrigação contratual de organizar sua empresa
seguindo orientações emanadas do outro contratante.
O empresário mais fraco, assim, não está em estado de hipossuficiência
(necessidade de contratar) como o trabalhador, nem vulnerável ( no acesso às informações)
como o consumidor.
Se o franqueado é pessoa sem o devido trato com os empregados, e isto
atrapalha o significativamente o funcionamento da empresa, a ponto de comprometer
os lucros, é claro que não terá como responsabilizar o franqueador pelo insucesso da
franquia.
● Princípio da Eficácia dos Usos e Costumes: Dependente da crescente
padronização dos mercados, como meio de facilitar o trânsito global de mercadorias,
serviços e capitais, o direito comercial, por meio do princípio da eficácia dos usos e
costumes, reconhece como válidas e eficazes as cláusulas do contrato empresarial
em que as partes contraem obrigações de acordo com as práticas costumeiras, seja
no âmbito local ou internacional.
● Princípio da Inerência do Risco: O risco é inerente a qualquer atividade
empresarial. A inerência do risco da empresa, esclareça-se, não pode servir de
escusa para o empresário furtar-se às suas responsabilidades.
Pelo princípio da inerência do risco a qualquer atividade empresarial,
reconhece-se que a crise pode sobrevir à empresa mesmo nos casos em que o
empresário e o administrador agiram em cumprimento à lei e aos seus deveres,
e não tomaram nenhuma decisão precipitada, equivocada ou irregular.
Na medida em que, sendo o risco inerente a qualquer empreendimento, não
se pode imputar exclusivamente ao empresário a responsabilidade pelas crises da
empresa.
● Princípio do Impacto Social da Crise da Empresa: Em razão do impacto social da
empresa, sua prevenção e solução serão destinadas não somente à proteção
dos interesses do empresário, de seus credores e empregados, mas também
quando necessário, à proteção dos interesses metaindividuais relacionados à
continuidade da atividade empresarial.
Art. 47 da LF: Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a
superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a
manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo
à atividade econômica.
● Princípio da Transparência nos Processos Falimentares: A transparência dos
processos falimentares deve possibilitar que todos os credores que saíram
prejudicados possam se convencer razoavelmente de que não tiveram nenhum
prejuízo além do estritamente necessário para a realização dos objetivos da
falência ou da recuperação judicial.
Deve ser conciliado o princípio da transparência com a preservação das
informações estratégicas da empresa em crise, indispensáveis à manutenção
de sua competitividade.
● Princípio do Tratamento Paritário dos Credores: A par condictio creditorum. Já
que o empresário falido não terá recursos para honrar a totalidade de suas
obrigações, o justo e racional é que os credores mais necessitados sejam satisfeitos
antes dos demais e que entre os credores titulares de crédito da mesma natureza,
não sendo suficiente os recursos disponíveis para o pagamento da totalidade de
seus direitos, procede-se o rateio proporcional do valor destes.
● Princípio da Legalidade e a Exploração da Atividade Empresarial: A lei fixa, em
termos gerais e abstratos, as proibições, obrigações e permissões, a partir das quais
o empresário exercendo sua liberdade constitucional de iniciativa econômica,
organiza a empresa.
O princípio constitucional da legalidade cumpre, quando referido à
exploração da atividade empresarial, as funções de medida da organização
econômica e de balizamento da competição.
À medida que todos os empresários, competidores em determinado
segmento de mercado, sujeitem-se às mesmas obrigações, proibições e
permissões legais, a competição se dará, como deve ser, no plano da eficiência na
organização das empresas, desse modo, as vantagens e desvantagens competitivas
serão exclusivamente derivadas pelas características econômicas, comerciais,
administrativas e financeiras de cada empresa.
Evolução Histórica do Direito Comercial
Fases
➢ Corporação de ofício (período feudal)
○ Matrícula, quem tinha era considerado comerciante (fase subjetiva)
Doutrina: A partir da segunda metade do século XII, com os comerciantes e artesãos se
reunindo em corporações de artes e ofício, inicia-se o primeiro período histórico do direito
comercial.
As corporações de comerciantes constituem jurisdições próprias cujas decisões eram
fundamentadas principalmente nos usos e costumes praticados por seus membros.
O direito comercial se caracterizava pelo acento subjetivo e apenas se aplicava aos
comerciantes associados à corporação.
No segundo período de sua história (séculos XVI e XVIII), o direito comercial ainda é, na
Europa Continental, o direito dos membros da corporação dos comerciantes. Na Inglaterra o
desenvolvimento da Common Law (muito mais adequada aos empreendimentos mercantis
da expansão colonial, os quais demandavam vultosos aportes de capital e limitação de risco,
contribui para a superação dessa característica. O mais importante instituto do período é a
sociedade anônima.
➢ Atos de Comércio
○ Lista. Rompe com a ideia de matrícula e passa a ter uma espécie de livre
iniciativa, no entanto os serviços que não estavam na lista não eram
considerados atividades comerciais.
○ Serviço não era considerado atividade empresarial e tudo que envolvia
propriedade imobiliária (imóveis), também não era.
Doutrina: O sistema Francês antecede ao italiano. Seu surgimento ocorreu com a entrada
em vigor do Code de Commerce, em 1808, conhecido como código mercantil Napoleônico.
A teoria dos atos de comércio é vista como instrumento de objetivação do tratamento
jurídico da atividade mercantil. Com ela o direito comercial deixou de ser apenas o direito de
uma certa categoria de profissionais, organizados em corporações próprias, para se tornar a
disciplina de um conjunto de atos que poderiam ser praticados por qualquer cidadão.
O terceiro período ( séculos XIX e primeira metade do século XX) se caracteriza pela
superação do critério subjetivo de identificação do âmbito de incidência do direito comercial.
A partir do código Napoleônico de 1808, ele não é mais o direito dos comerciantes, mas dos
“atos de comércio”, no entanto, essa mudança não desnatura o direito comercial como
conjunto de normas protecionistas dos comerciantes.
A teoria dos atos de comércio alcançou o direito vigente em considerável parcela do
mundo ocidental.
Essa teoria resume-se a uma relação de atividades econômicas, sem que entre elas
se possa encontrar qualquer elemento interno de ligação, o que acarreta indefinições no
tocante à natureza mercantil de algumas delas.
A unidade dos atos mercantiles reside apenas em sua relação com as atividades
profissionais de uma classe social, a burguesia. A exclusão da negociação de imóveis no
âmbito de incidência do direito comercial pelo Code De Commerce de 1807 é, por vezes
relacionada a um caráter sacro de que se revestiria a propriedade imobiliária.
➢ Teoria da Empresa
○ O que vale é a empresa, atividade exercida
○ CC, art. 966- não tem mais rol de atividade empresarial.
Doutrina: O sistemaitaliano surge em 1942, passa a disciplinar tanto a matéria civil como a
comercial, quando é aprovado pelo Rei Vittorio Emanuele III, o Codice Civile.
Sua entrada em vigor inaugurou a última etapa evolutiva do direito comercial nos
países de tradição romanística.
O modelo italiano de regular o exercício da atividade econômica sob o prisma
privatístico, encontra a sua síntese na teoria da empresa, essa teoria, no entanto, apenas
desloca a fronteira entre os regimes civil e comercial.
Esse código reúne em uma única lei as normas de direito privado (civil, comercial e
trabalhista). Nesse período o núcleo conceitual do direito comercial deixa de ser o “ato de
comércio” e passa a ser “empresa”.
Conceitua-se empresa como sendo a atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem
natureza jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com
o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento empresarial (coisa).
A separação empresa e empresário é um conceito jurídico, destinado a melhor
compor os conflitos de interesses relacionados com a produção ou circulação de certos bens
e serviços. Muitos interesses gravitam em torno da empresa, muitas pessoas além de sócios
da sociedade empresária têm interesse no desenvolvimento da atividade empresarial.
Figura com crescente importância na atualidade o princípio da preservação da
empresa, isto é, do empreendimento, da atividade em si.
O sistema italiano de disciplina privada da atividade econômica, sintetizado pela
teoria da empresa, acabou superando o francês, as legislações de direito privado a partir de
meados do século XX, não têm mais dividido os empreendimentos em duas categorias (civis
e comerciais), para submetê-los a regimes distintos.
A teoria dos atos de comércio foi substituída pela da empresa.
➔ Filiação do direito brasileiro ao sistema Francês em 1850
O Código Comercial brasileiro inspirou-se diretamente no Code de Commerce, e
assim trouxe para o direito nacional o sistema francês de disciplina privada da atividade
econômica.
Somente a partir dos anos 1960, o direito brasileiro inicia o processo de aproximação
ao sistema italiano de disciplina privada da atividade econômica.
➔ Aproximação do direito brasileiro ao sistema italiano
O Brasil tem se aproximado do modelo italiano, isto é, o estabelecimento de
um regime geral de disciplina privada da atividade econômica, que apenas não
alcança certas modalidades de importância marginal.
O Código Civil inspira-se no Codice Civile e, adotando expressamente a
teoria da empresa, incorpora o modelo italiano de disciplina privada da atividade
econômica.
O Código Civil define empresário como profissional exercente de atividade
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços (art. 966),
sujeitando-os à disposição de lei referente à matéria mercantil (art. 2.037).
Este dispositivo alcança de grosso modo o profissional liberal que apenas se
submete ao regime geral da atividade econômica se inserir a sua atividade específica
numa organização empresarial, caso contrário, mesmo que empregue terceiros,
permanecerá sujeito somente ao regime próprio de sua categoria profissional.
Mesmo antes da entrada em vigor do Código Civil, pode-se afirmar que o
direito brasileiro já vinha adotando fundamentalmente a teoria da empresa.
No direito positivo, hoje, vigente no Brasil, são duas as importantes
consequências da configuração de certa atividade econômica como sujeita ao direito
comercial:
- Execução judicial concursal do patrimônio do empresário, por meio de
procedimento próprio, falência;
- Possibilidade de requerer a recuperação judicial da empresa ou homologação
da recuperação extrajudicial.
Ao contrário do que se verificava no passado, é cada vez mais dispensável, discernir a
natureza civil ou empresarial do exercente da atividade econômica para aplicar o direito em
vigor no Brasil.
★ O direito comercial brasileiro filia-se, desde o último quarto do século XX, à
teoria da empresa. Nos anos 1970, a doutrina comercialista estudava com
atenção o sistema italiano de disciplina privada da atividade econômica. Nos
anos 80, diversos julgados mostram-se guiados pela teoria da empresa para
alcançar soluções mais justas aos conflitos de interesse entre os
empresários. A partir dos anos 90, pelo menos três leis (Código de defesa do
Consumidor, Leis de Locações e Lei do Registro do Comércio), são editadas
sem nenhuma inspiração na teoria dos atos de comércio. O Código Civil de
2002 conclui a transição, ao disciplinar, no Livro II da Parte Especial, o direito
de empresa.
Aula do dia 17/03/2022
O Código Civil de 2002 adotou a teoria da empresa em substituição à antiga teoria dos atos de
comércio, suas regras não utilizam as expressões ato de comércio e comerciante, que foram
substituídas pelas expressões empresa e empresário.
De acordo com o art. 966 do Código Civil pode se extrair os principais elementos para a
caracterização do empresário:
a) Profissionalmente: Só será empresário aquele que exerce determinada atividade
econômica de forma profissional, fazendo do exercício dessa atividade sua
profissão habitual. Quem exerce determinada atividade econômica de forma
esporádica, não será considerado empresário, não sendo abrangido pelo regime
jurídico empresarial.
b) Atividade econômica: empresa é uma atividade exercida com intuito de lucro, é
característica intrínseca das relações empresariais a onerosidade. Mas além do
lucro, a expressão da atividade econômica também indica que o empresário em
função do intuito lucrativo de sua atividade assume os seus riscos técnicos e
econômicos.
c) Organizada: Empresário é aquele que articula os fatores de produção. O
exercício de empresa pressupõe a organização de pessoas e meios para o
alcance de uma finalidade almejada.
d) Produção ou circulação de bens ou de serviços: Para a Teoria da Empresa
qualquer atividade econômica em princípio poderá submeter-se ao regime jurídico
empresarial, bastando que seja exercida profissionalmente, de forma
organizada e com intuito lucrativo.
A expressão produção ou circulação de bens ou de serviços deixa claro
que nenhuma atividade econômica será excluída, a priori, do âmbito de incidência do
direito empresarial.
➢ A empresa
A empresa é uma atividade econômica organizada com a finalidade de fazer circular
ou produzir bens ou serviços.
Portanto, empresa é uma atividade, algo abstrato. Empresário é quem exerce a
empresa de modo profissional, é diferente de sociedade empresária (pessoa jurídica cujo
objeto social é o exercício de uma empresa, uma atividade econômica organizada).
Empresa e empresário são noções que se relacionam, mas não se confundem.
Já o estabelecimento empresarial é um complexo de bens que o empresário usa
para exercer a empresa , que é uma atividade econômica organizada.
Em resumo, empresa é uma atividade econômica organizada e empresário é a
pessoa física ou jurídica que exerce uma empresa profissionalmente.
Quando o empresário for pessoa física, nós o chamamos de empresário
individual, quando for pessoa jurídica estaremos diante de uma sociedade empresária
ou de uma EIRELI.
Empresário (pessoa física ou jurídica)
● Profissional;
● Conhecimento;
● Habitualidade;
● Animus lucrandi;
● Organizada (organiza fatores de produção, capital (nem sempre será dinheiro, pode
ser intelectual) e mão de obra estão sempre presentes. Quem organiza é o
empregador);
● Função social da empresa é o lucro;
● Circulação/Produção de bens e serviços;
○ Uber circula/atravessa serviços.
■ Atravessador padrão circula produtos, como o atravessador de
mercadorias que compra do fornecedor e revende; essa relação
não é de emprego.
■ Alguns modelos podem até mesmo ter um modelo empresarial,
mas se forem ilegais, não são empresários;
➔ É possível montar um negócio sem registro, mas ele funciona de fato, mas não
de direito.
➔ A Fundação não tem como fim o lucro, mas esta, pode dar, no entanto este lucro
não podeser distribuído;
➔ Dependendo da sociedade é possível integrar ela sem investir dinheiro, pode virar
sócio, integralizando com serviço.
➔ Profissional intelectual, atividade intelectual (advogado, médico), salvo algumas
exceções, ele não será considerado empresário, dessa forma, não pode pedir
recuperação judicial , nem falência.
★ Elemento de empresa (ato único), preciso analisar o caso concreto.
A ideia do parágrafo único do art. 966 do novo Código Civil é que a princípio a
profissão intelectual não é empresarial por características próprias, isto é, não compreende
a organização de fatores de produção. O parágrafo único do art. 966 diz que a profissão
intelectual, a despeito de ter conteúdo econômico (o parágrafo único usa a palavra
"profissão", o que denota o caráter econômico) não é empresarial, mesmo se existirem
auxiliares ou colaboradores.
Como vimos acima, de acordo com a teoria da empresa, não basta a contratação de
pessoas ("auxiliares ou colaboradores", no dizer do parágrafo único do art. 966) em uma
atividade econômica para a configuração da existência jurídica da empresa. É preciso um
elemento a mais, que é o estabelecimento, o conjunto de bens.
Assim, de acordo com o parágrafo único do art. 966 do novo Código Civil, embora a
princípio a profissão intelectual não seja empresarial, excepcionalmente pode ela
constituir elemento de empresa. Nesse caso, ela será empresarial.
O sentido do parágrafo único do art. 966, é diferenciar alguém que realiza atividade
econômica não organizada de alguém que realiza atividade econômica organizada.
Se um advogado contrata uma secretária e um office-boy para realizar as tarefas de
secretariado e de mensageiro, na hipótese de um grande escritório de advocacia, esse
advogado não é um empresário, mas apenas um profissional liberal, um trabalhador
autônomo, que pode ter auxiliares nas suas atividades. Isso não é vedado pela lei, nem
tampouco o transforma em empresário de acordo com a teoria da empresa.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.
A princípio, a atividade intelectual não é empresarial (primeira parte do parágrafo
único), mas se presente todos os elementos de uma empresa (previstos no caput do art.
966 do CC), ela será empresarial (segunda parte do parágrafo único).
Aula do dia 19/03/22
Empresário - Registro
● Sem registro o sujeito pode ser empresário, mas não é regular; art. 967 CC
● Registro serve como critério de regularidade, mas não de caracterização;
● Empresário/sociedade irregular, não podem pedir recuperação judicial.
○ Execução não é contra a pessoa e sim contra o patrimônio;
○ Sociedade limitada (LTDA): vai primeiro no patrimônio da PJ, não pode cobrar
dos sócios;
○ Sócios são tratados como empresários.
★ Nome empresarial (empresário)
○ Identifica o sujeito, pode ser dono da marca ou não;
○ Pode exercer direito de propriedade sobre a marca;
○ Registra o nome na junta comercial, proteção a partir do registro;
■ Abrangência estadual correspondente à circunscrição da Junta
comercial respectiva;
■ Sem limitação legal expressa quanto ao âmbito econômico da atividade,
embora muitas decisões apliquem tal restrição;
○ Se entrar ou sair gente o nome empresarial precisa ser alterado, como é o caso
da sociedade de advogados.
O nome empresarial é aquele utilizado pelo empresário (sociedade empresária ou
empresário individual) para se identificar, enquanto sujeito exercente de uma atividade econômica.
É o nome utilizado pelo empresário para se apresentar perante terceiros nas suas relações.
O nome que identifica o empresário é elemento do seu estabelecimento empresarial, é
bem de propriedade do titular da empresa;
O nome empresarial não pode ser objeto de alienação (art. 1.164 CC), mas o
estabelecimento pode ser objeto unitário de direitos e de negócio translativo (art. 1143, CC).
★ Marca
○ Identifica um produto ou serviço;
○ Propriedade;
○ Relacionada a comércio;
○ Precisa de registro;
■ Proteção a partir do registro do INPI;
■ Abrangência em todo o território nacional;
■ Limitação, como regra, à classe em que a marca foi registrada;
○ Pode ser vendida;
○ Você pode registrar se quiser, não é obrigatório.
★ Título de Estabelecimento (nome fantasia)
○ Apelido do dono;
○ Placa do estabelecimento contém o título;
■ Nome fantasia; Exemplos: Uma pessoa montar um negócio com o nome
“bar do baleia” em Brasília, pode montar um bar com o mesmo nome na
Bahia se não tiver nenhum lá com esse nome, na mesma localidade;
■ Tem o nome de “bar do baleia” pode fazer “pizzaria do baleia”, mesmo que
seja na mesma localidade.
O título de estabelecimento é a designação que o empresário empresta ao local
que desenvolve sua atividade, pode ser um nome e/ou símbolo para identificá-lo. Não
se confunde com nome empresarial adotado pela sociedade empresária ou empresário
individual.
Ex: Banco Itaú S.A. (nome empresarial) - Itaú (título de estabelecimento);
O título não precisa coincidir com o núcleo do nome empresarial, nem com a
marca, mas é comum que isso aconteça.
Embora não exista registro específico para títulos de estabelecimento
conferindo-lhes proteção, a usurpação de título alheio que prejudique o empresário
pode ser objeto de ação. Ex: Duas padarias com o mesmo título de estabelecimento, no
mesmo bairro.
A doutrina majoritária entende que o estabelecimento é uma universalidade de fato,
pois o empresário pode vender e comprar bens do estabelecimento separadamente. Alguns
doutrinadores, contudo, sustentam que é uma universalidade de direito por um simples
detalhe: o título do estabelecimento não pode ser vendido separadamente.
Doutrina:
Empresário é a pessoa que toma iniciativa de organizar uma atividade econômica de
produção ou circulação de bens ou serviços, pode ser tanto a física, que emprega seu
dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de
esforços de seus integrantes.
A empresa é a atividade e não a pessoa que a explora; empresário não é o sócio
da sociedade empresarial, mas a própria sociedade.
O integrante de uma sociedade empresária (o sócio) não é empresário; não está
sujeito às normas que definem os direitos e deveres do empresário. O direito também
disciplina a situação do sócio, garantindo-lhe direitos e imputando-lhe responsabilidades em
razão da exploração da atividade empresarial pela sociedade de que faz parte. Mas, não
são os direitos e as responsabilidades do empresário que cabem à pessoa jurídica.
★ A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No primeiro
caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário individual; no
segundo, sociedade empresária. Como é a pessoa jurídica que explora a atividade
empresarial, não é correto chamar de empresário o sócio da sociedade empresária.
❖ Sociedade empresária
➢ As pessoas jurídicas empresárias adotam a forma de sociedade limitada
(LTDA) ou de sociedade anônima (S/A).
A sociedade limitada, normalmente relacionada à exploração de atividades
econômicas de pequeno e médio porte, é constituída por um contrato celebrado entre os
sócios. O seu ato constitutivo é, o contrato social, eles assinam para ajustarem os seus
interesses recíprocos.
A sociedade anônima, “companhia”, se relaciona normalmente à exploração de
grandes atividades econômicas, e o documento básico de disciplina das relações entre os
sócios se denomina estatuto.
O capital social representa, a grosso modo, o montante de recursos que os sócios
disponibilizam para a constituição da sociedade. Não se confunde o capital social com o
patrimônio social. Este último é o conjunto de bens e direitos de titularidade da sociedade.
No exato momento da sua constituição a sociedade tem em seupatrimônio apenas os
recursos inicialmente fornecidos pelos sócios, mas se o negócio que ela explora revelar-se
frutífero, ocorrerá a ampliação desses recursos iniciais; caso contrário, a sociedade acabará
perdendo uma parte ou a totalidade de tais recursos, e seu patrimônio será menor que o
capital social.
A contribuição que o sócio dá ao capital social, lhe é atribuída uma participação
societária. Se a sociedade é limitada esta participação se chama quota, se anônima “ação”.
A participação societária é bem integrante do patrimônio de cada sócio, que
pode aliená-la ou onerá-la, se atendidas determinadas condições.
A quota ou ação não pertencem à sociedade. Se o sócio possui uma dívida, o credor
poderá, salvo em alguns casos, executá-la sobre a participação societária que ele titulariza;
já o credor da sociedade tem como garantia o patrimônio social, e nunca as partes
representativas do capital social.
As decisões dos sócios são tomadas pela maioria, computando-se está em função
da participação societária de cada um. Um sócio de sociedade limitada que titulariza
mais da metade do capital social, compõe sozinho a maioria societária. Ele poderá
decidir sozinho pela sociedade, mesmo contra a vontade dos demais sócios, exceto
nas hipóteses em que a lei estabelecer quorum qualificado para a deliberação.
O sócio titular da maioria das ações com direito a voto é normalmente o acionista
controlador da companhia.
A sociedade limitada tem como representante legal o administrador, que é escolhido
e substituído pela maioria societária qualificada. Nada impede que a administração seja
atribuída a mais de uma pessoa, que atuarão em conjunto ou isoladamente, segundo o
previsto no contrato social. Já na sociedade anônima, a representação legal cabe ao
diretor, eleito em assembleia geral ou pelo Conselho de Administração da companhia.
Tanto na limitada como na anônima o administrador não precisa ser sócio.
❖ Obrigações gerais dos empresários
➢ Registrar-se na junta comercial antes de dar início à exploração de sua
atividade;
➢ Manter escrituração regular de seus negócios;
➢ Levantar demonstrações contábeis periódica;
São obrigações de natureza formal, mas cujo desatendimento gera consequências
sérias, inclusive penais.
O empresário que não cumpre suas obrigações gerais, empresário irregular,
não consegue entabular e desenvolver negócios com empresários regulares, vender para a
Administração Pública, contrair empréstimos bancários, requerer a recuperação judicial, etc.
Sua empresa será informal, clandestina e sonegadora de tributos.
❖ Registro de empresas
As sociedades empresárias, independentemente do objeto a que se dedicam, devem
se registrar na Junta Comercial do Estado em que estão sediadas.
Apenas as sociedades empresárias devem ser atualmente registradas na Juntas,
as sociedades simples (sociedade civil), são registradas no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas e as voltadas à prestação de serviços de advocacia devem ter seus atos
constitutivos levados à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
★ Os órgãos de empresas são, em nível federal, o Departamento de Registro
Empresarial e Integração- DREI e, em nível estadual, as Juntas Comerciais. Ao
primeiro cabem funções de disciplina, supervisão e fiscalização do registro de
empresas; às juntas, compete executá-lo.
➢ Consequência da Falta do Registro: Sociedade Empresária Irregular
A principal sanção imposta à sociedade empresária que explora irregularmente sua
atividade econômica, isto é, funciona sem registro na Junta Comercial, é a
responsabilidade ilimitada dos sócios pelas obrigações da sociedade.
O arquivamento do ato constitutivo da pessoa jurídica no registro de empresas é a
condição para a limitação da responsabilidade dos sócios. A natureza desta
responsabilidade limitada, depende da posição adotada pelo sócio na gestão dos
negócios sociais. O sócio que se apresentou como representante da sociedade tem
responsabilidade direta, enquanto os demais subsidiária (art. 990, CC), a menos que
tenham tido a intenção de constituir uma sociedade anônima, hipótese que
responderão solidária, direta e ilimitadamente pelas obrigações nascidas da atividade
irregular.
A sociedade empresária irregular não tem legitimidade ativa para o pedido de
falência de outro comerciante e não pode requerer a recuperação judicial.
A falta do registro na Junta Comercial importa a aplicação de sanções de
natureza fiscal e administrativa. O descumprimento da obrigação comercial acarretará a
impossibilidade de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ), e nos cadastros estaduais e municipais, também impossibilita a matrícula do
empresário no Instituto Nacional da Seguridade Social. São simultâneos o registro na
Junta e a matrícula no INSS.
A falta do CNPJ, além de dar ensejo à incidência de multa pela inobservância da
obrigação tributária instrumental, impede o empresário de entabular negócios regulares; sua
atividade fica forçosamente restrita ao universo da economia informal.
➢ Empresário Rural e Pequeno Empresário
O Código Civil reservou para o exercício de atividade rural um tratamento
específico. Caso o empresário rural não requeira a inscrição no registro das empresas, não
se considera juridicamente empresário e seu regime será o do direito civil.
★ Estão dispensados da exigência de prévio registro na Junta Comercial imposta
aos empresários em geral, os pequenos empresários (isto é, os microempresários
e empresários de pequeno porte) e os empresários rurais. Estes últimos, se
quiserem, ( empresários rurais) podem requerer o registro na Junta Comercial,
mas ficarão sujeitos ao mesmo regime dos demais empresários: dever de
escrituração e levantamento de balanços anuais, decretação de falência e
requerimento da recuperação judicial.
O micro empresário e o empresário de pequeno porte, têm constitucionalmente
assegurado o direito a tratamento jurídico diferenciado, com o objetivo de
estimular-lhes o crescimento com a simplificação, redução ou eliminação de obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias.
“Atualmente, a lei define Microempresa como aquela cuja receita bruta anual é de até
R $240.000,00, e Empresa de Pequeno Porte, aquela que tem receita bruta anual entre esse
valor é R $2.400.000,00 (Estatuto, art. 3º). ”
➢ Empresário Individual
As atividades empresariais com expressão econômica costumam ser exploradas por
sociedades. O empresário individual, embora represente cerca de metade dos registros
nas Juntas Comerciais, têm importância relativa no universo do direito comercial.
Dedicado a negócios sem relevância econômica, acabam não se envolvendo em conflitos
de interesse expressivos.
➔ Exercício Individual da Empresa
No Brasil vigora o princípio da unicidade do patrimônio. Cada sujeito de direito
titular em regra, um único patrimônio, composto pelos bens de sua titularidade, incluindo
créditos e direitos (ativos) e pelas dívidas contraídas (passivos). O patrimônio é o conjunto
de ativos e passivos relacionados a um determinado sujeito de direito.
No patrimônio da pessoa natural que se dedica à exploração de uma atividade
empresarial individualmente, encontram-se indistinguíveis tanto os ativos e passivos,
relacionados à empresa como os não relacionados.
Como se trata de um só patrimônio, o credor pode pleitear a satisfação de seu
crédito mediante a expropriação de quaisquer bens do empresário individual, sendo
indiferente se estão ativo e passivo ligados à exploração da atividade empresarial.
● A lei o regula, estabelecendo um regime jurídico próprio para o empresário individual.
Há certas regras legais que somente se aplicam ao empresário individual.
Essas regras compõem o regime jurídico do exercício individual da empresa. São seguintes:
a) Capacidade do empresário: para ser empresário individual exige-se capacidade
civil. Estão legitimados apenas a continuar a empresa "antes exercida por ele
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança”, quando autorizados
pelo juiz.
b)Proibidos de explorarem a empresa: O médico está proibido de comercializar
medicamentos. O falido não pode ser empresário enquanto não for reabilitado. O
estrangeiro não pode titular empresa de assistência à saúde, etc. O descumprimento
de proibições dessa natureza não implica nenhuma consequência no âmbito do
direito comercial. As sanções legais relativas ao desrespeito da vedação, têm, em
geral, natureza administrativa.
c) Casamento: No regime jurídico do exercício individual da empresa, há regras
específicas sobre o empresário casado. Elas autorizam a alienação ou oneração
de imóveis relacionados ao exercício da atividade empresarial sem a necessidade de
outorga do cônjuge (CC, art. 978). Além disso, exigem o arquivamento no Registro
de Empresas de pactos e declarações antenupciais, bem como título de doação,
herança, ou legado de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade
(art. 979). Na hipótese de divórcio ou reconciliação, a plenitude dos efeitos
patrimoniais desses atos depende do arquivamento e averbação no Registro de
Empresas (art. 980).
➔ EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada)
Não pode ser confundida com o empresário individual. Trata-se de uma pessoa
jurídica, ela se classifica como uma espécie de sociedade limitada unipessoal.
★ A EIRELI não é um empresário individual porque foi definida na lei como uma pessoa
jurídica.
O instituidor da EIRELI deve ser uma pessoa natural. A pessoa física do instituidor é
sujeito distinto da pessoa jurídica da EIRELI, cada qual com seu próprio nome, patrimônio,
direitos e obrigações.
A EIRELI pode explorar atividade empresarial ou típica de sociedade simples. No
primeiro caso é ela, a pessoa jurídica, que será o empresário. No primeiro caso, é ela,
pessoa jurídica, que será o empresário. Por exemplo, se sobrevier à falência, falida será
apenas a pessoa jurídica empresária, em decorrência disso, serão arrecadados apenas os
bens da EIRELI.
➔ Transformação de Registro
O registro na Junta Comercial atribuído a um empresário individual pode ser
transformado em registro EIRELI ou de outra espécie de sociedade empresária e
vice-versa.
A transformação de registro também é possível no caso inverso, em que se
opera a dissolução da sociedade empresária ou da EIRELI e um dos sócio daquela ou o
sócio único desta decide prosseguir na exploração da mesma atividade empresarial,
mas agora, na condição de empresário individual.
★ A transformação de registro permite o aproveitamento da inscrição na Junta
Comercial e dos cadastros fiscais associados a determinada empresa (atividade
econômica) no caso de o empresário individual admitir sócios ou instituir uma EIRELI
ou vice-versa.
A transformação de registro não se confunde com a transformação de sociedades.
Os credores do empresário individual se tornam credores da sociedade
empresária ou da EIRELI que aproveitaram o registro daquele, em razão da aplicação
subsidiária do art. 1.115 do CC.
Aula do dia 23/03/22
➢ Registro de Marca: está sujeito a três condições
○ Novidade relativa: é exigida para que a marca cumpra a sua finalidade de identificar, direta ou
indiretamente, produtos e serviços, destacando-os dos seus concorrentes. Se a marca não
for nova, ela não atenderá essa finalidade.
A proteção da marca registrada é restrita ao segmento dos produtos ou serviços a que
pertence o objeto marcado (princípio da especificidade).
Duas marcas iguais ou semelhantes podem ser registradas na mesma classe, desde que
não se verifique possibilidade de confusão entre os produtos ou serviços que oferecem.
A única exceção a regra da especificidade diz respeito à marca de alto renome, cuja
proteção é extensiva a todos os ramos de atividade. Ex: Coca-Cola, Natura, Nike.
★ Pelo princípio da especificidade, a proteção da marca registrada é limitada aos produtos e
serviços a respeito dos quais podem os consumidores se confundir, salvo quando o INPI
reconhece sua natureza de “marca de alto renome”, nesta hipótese a proteção é
ampliada para todos os ramos da atividade econômica.
Uma marca de alto renome recebe proteção especial mesmo em relação aos signos
de uso comum.
O registro da marca tem duração de 10 anos, a partir da sua concessão. É prorrogável
por períodos iguais e sucessivos devendo o interessado pleitear a prorrogação sempre no
último ano de vigência do registro.
O registro da marca caduca, salvo força maior, se a sua exploração econômica não
tiver início no Brasil em 5 anos a partir da sua concessão, na hipótese de interrupção desta
exploração, por período de 5 anos consecutivos, ou na de alteração substancial da marca.
○ Não colidência com notoriamente conhecida: O art. 126 da LPI, atribui ao INPI poderes para
indeferir de ofício pedido de registro de marca, que reproduza ou imite, ainda que de forma
parcial, uma outra marca, que notoriamente não pertence ao solicitante.
Brasil cumpre compromisso internacional, assumido com sua adesão à Convenção
da União de Paris, na qual os países unionistas se comprometem a recusar e invalidar
registro, bem como proibir o uso de marca que constitua reprodução, imitação ou tradução
de uma outra, que se saiba pertencer à pessoa diversa, nascida ou domiciliado em outro país
unionista.
O principal objetivo desse requisito é a repressão à contrafação de marcas, pirataria.
○ Desimpedimento: O art. 124 da LPI apresenta extensa lista de signos que não são
registráveis como marca. O impedimento legal obsta o registro do signo como marca, mas não
sua utilização na identificação de produtos ou serviços. Ex: Um empresário pode adotar a
bandeira nacional estilizada para identificar suas mercadorias ou atividade, mas não pode
exercer nenhum direito de exclusividade sobre ela.
➔ Nome empresarial: Se a marca identifica, direta ou indiretamente, os produtos e serviços, o nome
empresarial irá identificar o sujeito de direito que os fornece ao mercado.
A reputação do empresário entre fornecedores e financiadores, têm como referência o nome que
se faz muito importante no meio empresarial, mais do que no mercado de consumo.
O art. 1.164 do CC, proíbe a alienação do nome empresarial, deve ser interpretado em consonância
com o art. 16 que inclui ao nome entre os da personalidade, que são, por definição, intransmissíveis.
O mercado de fato atribui ao nome empresarial um valor, como intangível da empresa. Há quem, em
determinadas circunstâncias, pague pela utilização do nome empresarial, criado pelo exercente de
atividade econômica.
◆ Espécies de nome empresarial: Duas são as espécies: firma e denominação. Diferenciam-se
quanto à estrutura e função.
● Em termos de estrutura, a firma tem necessariamente como base um nome civil, seja do
próprio empresário individual, seja de sócio da sociedade empresária.
● A denominação por sua vez deve designar o objeto da empresa e pode tomar por base
qualquer expressão linguística (elemento fantasia), seja ou não o nome civil de sócio da
sociedade empresária.
Tanto a firma como a denominação podem se basear em nomes civis, mas no caso da sociedade
anônima, sabe-se que trata de denominação, porque esse tipo não pode adotar firma. No entanto, a
sociedade limitada pode optar entre essas duas modalidades, a espécie de nome empresarial
será definida por sua função.
A firma possui uma função que a denominação não tem, ela serve como assinatura do
empresário.
Assim a distinção entre a firma e denominação, para a sociedade limitada, acaba se reduzindo a
uma questão formal de importância nenhuma: se na última página do contrato social encontra-se o
campo “firmar por que de direito”, com as assinaturas dos gerentes, então o nome empresarial é
do tipo firma, caso não se encontre esse campo será denominação.
❖ Formação e proteção do nome empresarial: A formação do nome empresarial deve atender a dois
princípios: a veracidade e a novidade.
➢ O princípio da veracidade proíbe a adoção de nome que veicule informação falsa sobre o empresário
a que se refere.
Em razão do princípio da veracidade, a retirada, expulsão ou mortede sócio de sociedade
limitada impõe a alteração da firma, quando o dissidente, expulso ou falecido havia emprestado seu
nome civil à composição do nome empresarial. Seja o nome empresarial firma, seja o
denominação.
A denominação da sociedade anônima pode constar nome civil de quem não é, nunca foi ou
deixou de ser sócio, desde que ele a tenha fundado ou contribuído para o seu êxito.
➢ O da novidade impede a adoção de nome igual ou semelhante ao de outro empresário;
Esse princípio, representa a garantia de exclusividade do nome empresarial (CC. art. 1.166). O
primeiro empresário que arquivar firma ou denominação, na Junta Comercial, tem o direito de
impedir que outro adote nome igual ou semelhante, já que isso importaria desrespeito à novidade.
O uso indevido de nome empresarial caracteriza crime de concorrência desleal (LPI, art. 195, V),
cabendo a responsabilização civil do usurpador, pelos danos derivados do desvio de clientela
(LPI, art. 209).
➢ Os dois parâmetros se justificam na coibição da concorrência desleal e na preservação da reputação
dos empresários, junto aos seus fornecedores e financiadores.
O nome empresarial não pode dar ensejos a confusões e deve ser suficientemente distinto.
➢ Diferenças entre nome empresarial e marca: O nome identifica o sujeito de direito e a marca identifica,
direta ou indiretamente, produtos e serviços.
A proteção ao nome empresarial deriva da inscrição da firma individual, ou do arquivamento do ato
constitutivo da sociedade, na Junta Comercial. O da marca decorre do registro no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI). Um não substitui o outro, em nenhuma hipótese.
A proteção conferida pela Junta Comercial ao nome se exaure nos limites do Estado a que ela pertence,
enquanto os efeitos do registro da marca são nacionais (art. 1.166, CC).
Como o registro do nome empresarial tem abrangência estadual, seus efeitos são restritos aos
Estados em que o empresário tem sede ou filial. Para estender a tutela ao país todo, ele deve
providenciar o arquivamento do pedido de proteção ao nome empresarial, nas juntas dos demais
Estados.
O mesmo não ocorre com a marca que estando registrada no INPI, estará protegida em todo o
território brasileiro (até mesmo nos demais países unionistas, se presentes os requisitos).
A marca tem sua proteção restrita, em razão do princípio da especificidade, ao segmento dos produtos ou
serviços passíveis de confusão pelo consumidor, salvo marcas de alto renome, a proteção especial
abrange todas as classes.
Já o nome empresarial é protegido independentemente do ramo da atividade econômica a que se dedica
o empresário.
Aquele que primeiro registrar o nome na Junta Comercial pode impedir que outro adote, no Estado
correspondente, nome igual ou semelhante, ainda que as atividades não sejam concorrentes.
O direito de utilização exclusiva da marca extingue-se em dez anos, se não for solicitada pelo
interessado a prorrogação do nome empresarial vigora por tempo indeterminado.
Apenas a declaração de inatividade da empresa pode importar a extinção do direito ao nome
empresarial contra a vontade de seu titular.
★ Se o conflito for entre nome empresarial e marca? A jurisprudência normalmente tem
prestigiado a tutela da marca, em detrimento da do nome empresarial, mesmo quando o
registro deste, é anterior. Exige-se, contudo, que o titular da marca e do nome
colidentes operem no mesmo segmento de mercado (salvo marca de alto renome).
❖ Título de Estabelecimento: Trata-se da designação que o empresário empresta ao local em que
desenvolve sua atividade. A expressão linguística do título não precisa coincidir com o núcleo do nome
empresarial, nem com a marca.
Quando o título de estabelecimento apresenta expressão diversa da marca e não se
encontra registrado também como marca no INPI, o empresário somente pode impedir que alguém
imite ou reproduza, com base na repressão à concorrência desleal. A lei tipifica como crime desta
natureza o uso indevido de título de estabelecimento, que decorre também responsabilidade civil do
infrator, pelos danos decorrentes do desvio de clientela.
Como não existe registro do título de estabelecimento, a prova da anterioridade, do uso do
sinal distintivo, se dá por meio de testemunhas ou documentos de qualquer gênero.
Aula do dia 24/03
Nome empresarial
● Firma: nome civil (preferencialmente, responsabilidade ilimitada)
● Denominação: objeto
★ Sociedades anônimas e cooperativa, sempre o nome empresarial será na espécie denominação e
sempre será registrado em Junta Comercial;
★ Capital social não limita a sociedade;
★ Sociedade unipessoal, você é seu próprio sócio;
★ O nascimento da PJ se dá com o arquivamento constitutivo na Junta, neste caso passa-se a ter nome e
CNPJ e no caso da sociedade de advogados com o arquivamento constitutivo na OAB.
★ A denominação não precisa alterar nome caso haja alguma alteração nos sócios, por essa razão as
SA´s precisam ser denominação.
Exemplo possível de cair na prova: Juliana vende para um restaurante e passa a ser credora deles, o valor
que ela cobra é de 1 milhão de reais (foi o que ela vendeu), se a sociedade é limitada, ela só pode executar o
patrimônio da PJ, mas se não tiver nada a ser executado ela não pode avançar no patrimônio dos sócios
solidariamente. Para evitar esse problema ela poderia vender para o restaurante com os sócios sendo os
seus fiadores, assim eles teriam responsabilidade de fiador.
Se fosse uma sociedade ilimitada ela poderia executar primeiro o patrimônio da PJ e caso este não fosse
suficiente, poderia avançar no patrimônio dos sócios solidariamente.
Estabelecimento Comercial
O estabelecimento comercial é a junção dos elementos materiais, como móveis, imóveis e demais bens e
seus elementos imateriais, tais como a propriedade industrial, nome empresarial, ponto, etc.
Segundo o CC em seu art. 1.142: “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado,
para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que
poderá ser físico ou virtual.
§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para
fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou de um dos sócios
da sociedade empresária. “
Conjunto => Empresa
● Ponto: referência. É a localização onde é efetivamente realizado o caráter profissional
(habitual) do empresário, o local do empreendimento.
A proteção jurídica do ponto decorre da sua importância para o sucesso da empresa.
O comerciante e o industrial que locasse o imóvel para a exploração de sua atividade, por prazo de
no mínimo 5 anos, e não tivesse mudado de ramo nos últimos 3 anos, podia pleitear a renovação do vínculo
locatício. Com a entrada em vigor do CC, pode-se dizer que o direito à renovação compulsória do contrato
de locação envolve os empresários (individual ou sociedade empresária) e a sociedade simples.
● Trespasse: alienação do estabelecimento
O trespasse é o instrumento pelo qual o empresário aliena, a título oneroso, seu estabelecimento
empresarial. Segundo Miguel Pupo Correia, o trespasse é todo e qualquer negócio jurídico pelo qual seja
transmitido definitivamente, inter vivos, um estabelecimento comercial, como uma unidade.
No trespasse o estabelecimento comercial deixa de integrar o patrimônio de um empresário
(alienante) e passa para o outro (adquirente).
O objeto da venda é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos, envolvidos com a exploração de uma
atividade empresarial. O imóvel não integra o trespasse.
No caso de ser alienado conjuntamente o estabelecimento empresarial e ponto comercial locado, é
imprescindível ter a anuência do locador para que a cessão da locação aconteça e possibilite a continuidade
da atividade empresarial no local.
No trespasse, o estabelecimento empresarial alienante passa a não fazer mais parte do patrimônio da
sociedade o qual, passa a integrar o patrimônioda sociedade adquirente. A venda do estabelecimento pode
ser total ou parcial (algumas unidades produtivas). As partes deste contrato são os titulares do
estabelecimento (empresário ou sociedade empresária). Conclui-se que haverá trespasse sempre que o
conjunto vendido seja composto por elementos suficientes ao exercício da atividade empresarial.
Exemplo: João resolve vender a sua padaria montada (com todos os bens necessários para a continuação
da atividade empresária: ponto, maquinário, etc.). Então, ele pretende vender o estabelecimento, o que não
inclui o CNPJ. O que acontecerá é justamente a transferência de titularidade do estabelecimento.
● Quotas: pessoa jurídica na prática
Quota é a parcela constituída em bens ou dinheiro que cada sócio incorpora para a formação total do
capital social que por sua vez é o valor necessário para iniciar as atividades da empresa. As quotas
conferem ao sócio direitos em relação à sociedade.
A cessão de quotas da sociedade é feita pelo sócio e esta cessão deve ser objeto de alteração contratual
(mudança do quadro societário) que deve ser averbada na Junta Comercial competente. O cedente poderá
responder de forma solidária com o cessionário pelo período de 2 anos contados da averbação por
todas as obrigações que tinha até o momento.
As condições relativas à transferência de quotas são estipuladas em um contrato particular de cessão de
quotas.
Na cessão de quotas, o estabelecimento comercial não muda de titular, vai continuar pertencendo à
sociedade empresária, o que será alterado é o quadro societário. O novo sócio assume as atividades da
empresa vendida, como obrigações, estabelecimentos, empregados, colaboradores, equipamentos, dívidas,
carteira de clientes, etc.
★ Ponto é a referência. É o local em que está situado o estabelecimento e é para onde se dirige a clientela.
O ponto comercial não se confunde com o imóvel, ele integra o bem imóvel, acrescendo-lhe valor,
mas se o imóvel for de terceiro, o valor do ponto comercial atrela-se ao contrato de locação que tiver sido
firmado.
O estabelecimento empresarial engloba o ponto comercial (local onde o empresário exerce sua
atividade e desenvolve sua clientela).
★ Dá para integralizar capital com bem semovente
★ Patrimônio Social NÃO é sinônimo de estabelecimento; O patrimônio é o conjunto de bens, direitos
e obrigações vinculados à empresa, já o estabelecimento é o conjunto de bens que servem para a
atividade fim da empresa, logo, o estabelecimento compõe o patrimônio, mas não se confunde com ele.
★ Funcionário Público pode comprar todas as quotas, mas não pode administrar.
Artigos Código Civil sobre Estabelecimento
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que
poderá ser físico ou virtual.
§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para
fins de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou de um dos sócios da
sociedade empresária.
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de
funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei
nº 13.874, de 20 de setembro de 2019.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.- Possibilita transferência do estabelecimento
como unidade.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento,
só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da
sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
- Condiciona a produção dos efeitos perante terceiros à averbação do instrumento negocial na Junta
comercial, seguida de publicação na imprensa oficial.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da
alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes,
de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art3ii
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art3ii
- A operação será existente e válida, mas ineficaz perante terceiros, se isso não
ocorrer. Se o alienante devedor não saldar as suas obrigações ou não obtiver o
consentimento dos credores.
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da
data do vencimento.
- A responsabilidade do adquirente perdura até o pagamento de todas as obrigações e a do
alienante se restringe às obrigações existentes até a alienação.
Cessando, com ou sem pagamento, um ano após a publicação da averbação do negócio
quanto às dívidas vencidas. E, um anos após a data de vencimento quanto às vincendas.
Essa regra abrange exceções. Não é válida cláusula que exclua ou limite a
responsabilidade do adquirente pelas dívidas contabilizadas.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista
neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.
- Proíbe o desvio da clientela pelo alienante como regra geral, contudo possibilita
flexibilização pelas partes desde que cumprido alguns requisitos.
Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos
contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os
terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em
relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor
ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.
Estabelece a transferência dos créditos do estabelecimento empresarial.
Doutrina:
★ O estabelecimento empresarial é o conjunto de bens reunidos pelo empresário para o
desenvolvimento de sua atividade econômica. A proteção jurídica do estabelecimento
empresarial visa à preservação do investimento realizado na organização da
empresa.
O estabelecimento é um elemento indissociável à empresa. Não é possível dar início à exploração de
qualquer atividade empresarial, sem a organização de um estabelecimento. Além desses bens, o empresário
deve encontrar um ponto para o seu estabelecimento.
Ao organizar o estabelecimento, o empresário agrega aos bens reunidos um sobrevalor, o conjunto
alcança no mercado um valor superior à simples soma de cada um deles separado. Ao comprar o
estabelecimento já organizado, o empresário paga pelos bens nele integrados e também pela organização,
um “serviço” que o mercado valoriza.
O valor agregado ao estabelecimento é o fundo de empresa.
A sociedade empresária pode ser titular de mais de um estabelecimento, nesse caso aquele que ela
considerar o mais importante será sede, e o outro ou outros, as filiais ou sucursais. Em relação a cada um
desses estabelecimentos a sociedade empresária exerce os mesmos direitos.
Para os objetivos das regras de competência judicial, é necessário identificação da categoria própria do
estabelecimento, porque a ação contra a sociedade empresária deve ser proposta no foro do lugar de

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