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Geografia-Política AULA 37 GEOPOLÍTICA DA AMAZÔNIA 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Geopolítica e a região amazônica ........................................................................................ 2 1.1. Geopolítica: espaço e poder ........................................................................................ 2 1.2. Carlos de Meira Mattos e suas ações geopolíticas na Amazônia brasileira. ............... 4 Exercícios ...................................................................................................................................... 6 Gabarito ........................................................................................................................................ 7 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução Na apostila sobre geopolítica regional, vimos sobre regionalizações no território nacional no século XX. Aqui, vamos destacar sobre Geopolítica da Amazônia a partir das teorias e práticas de Carlos de Meira Mattos, sobretudo em meados do século XX, durante a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985). Carlos de Meira Mattos foi um dos formuladores de políticas nacionais quando se tratava defesa do território nacional na fronteira oeste do Brasil, bem como, em ações de defesa a Nação brasileira e formulações que buscavam a ocupação populacional na Amazônia brasileira objetivando uma economia mais representativa no âmbito nacional. A Amazônia compõe uma região com grande extensão territorial, localizada ao norte da América do Sul. Ocupa parte do território de seis países: Brasil, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e o departamento ultramarino francês Guiana Francesa. No território brasileiro, sua porção abrange 4.978.247 km², corresponde a mais da metade do território brasileiro, 58,4% da área total no país, todo um conjunto de elementos naturais, um espaço bastante peculiar, a Amazônia legal, consolidada em 1966, pelo governo federal, com a criação da Sudam Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia – Sudam. Vamos entender melhor os planos governamentais para essa região, que sem ela, perderíamos as dimensões continentais. Objetivos • Discutir sobre a importância da Amazônia a partir das teses do General Meira Mattos. 1. Geopolítica e a região amazônica 1.1. Geopolítica: espaço e poder Nas últimas décadas, muitos fenômenos marcaram o cenário político, e os estudos da relação de poder e espaço é fundamental para entender a Geopolítica, inclusive vinculados às ações do Estado no território, colocando-se enquanto agentes na produção do espaço. 3 A geopolítica está relacionada a elementos para compreensão das relações e práticas de poder no espaço geográfico, estratégias do modelamento do cenário das relações internacionais. A respeito da geopolítica, muitas vezes se reflete negativamente, se tornando em muitas ocasiões, compreendida ou relacionada ao expansionismo e a guerra, sendo conflitante a uma sociedade democrática. Através disso, salientamos que este modo de ver, recorre à geopolítica clássica, que nasceu oficialmente com Rudolf Kjellén, a qual criou a expressão Geopolítica, centralizava perspectivas do Estado como, o exclusivo ator e agente de ação, no sentido de se fortalecer na extensão territorial. Os estudos de geopolítica retomam-se em cena com outros elementos, enfatizando os conflitos econômicos, sociais, culturais e simbólicos, não viabilizando mais os princípios teóricos em domínio militar. As questões geopolíticas integram um contexto da importância das estratégias e relações territoriais em escala regional, nacional e internacional, marcadas por um exercício de poder, e Plano de desenvolvimento. Nesse contexto geopolítico do espaço, o poder passa a ser observado não como característica exclusiva do Estado e de classes dominantes, mas como algo descentralizado e exercido em todos os lugares, instituições, relações sociais e também em discursos. Assim, quando surge a palavra Amazônia, qual é a primeira ideia que aparece sobre o assunto? Muitas vezes, a primeiro diz respeito à biodiversidade, e em seguida surge como ponto a preocupação garantir possibilidades de preservação e conservação dos recursos. Mas, será a biodiversidade o principal (ou único) componente estratégico na região Amazônica? A região da Amazônia em seu processo de ocupação, foi motivado por ações estratégicas por parte dos portugueses a fim de ultrapassar os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. A sua grande dimensão territorial passou a ser um grande ponto de preocupação todas as vezes que o assunto era a manutenção de tal território. Nos séculos XVII e XVIII, a região passou por estratégias particulares de posse e exploração objetivadas por Portugal, com instalações de fortes e missões religiosas, com uso da mão de obra indígena buscando explorar as drogas do sertão, que eram ervas aromáticas, plantas medicinais, canela, baunilha, cravo, castanha e guaraná. No século XX, o governo brasileiro elabora um conjunto de ações com o objetivo de povoar essa região, materializando-se assim ações de cunho geopolítico 4 buscando garantia de uma parte do território brasileiro. Assim, propondo diretrizes, planos e projetos para a solidificação de uma área territorial na garantia da soberania nacional. Carlos de Meira Mattos (1913-2007) se coloca como um personagem central nessa questão geopolítica. 1.2. Carlos de Meira Mattos e suas ações geopolíticas na Amazônia brasileira. A Amazônia brasileira constitui-se uma imensa área verde e de um conjunto de biodiversidade, umas das maiores florestas do mundo com grande oferta de recursos naturais, destacando-se um vasto ecossistema que abriga diversas espécies de fauna e da flora, constituindo ainda, pela a maior bacia hidrográfica do mundo, faz fronteira com sete países, acesso ao oceano Atlântico. Percebem-se então, como essas potencialidades geográficas foram determinantes, na visão geopolítica de tornar o Brasil uma nação poderosa. Porém, na visão geopolítica, não adiantava possuir milhões de quilômetros quadrados, recursos minerais variados, riquíssima rede hidrográfica, se o território não estivesse todo ocupado. A integração nacional colocava-se fundamental no reconhecimento de um poder nacional. O tema integração, por muitas vezes, se fez presente, nos planos nacionais, como Programa de Integração Nacional (PIN), Programa de Redistribuição de Terras do Norte e Nordeste (PROTERRA), Programa Especial para o Vale do São Francisco (PROVALE) e Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste (PRODOESTE). Na década de 1950, temos a figura de Carlos Meira Mattos, um representante da denominada Geopolítica Clássica, que considera a fronteira como núcleos de postos avançados para o desenvolvimento econômico e política militar, ligado através da teoria dos núcleos de desenvolvimento fronteiriço. SAIBA MAIS! Carlos Meira Mattos atuou militarmente no campodas letras, elaborando e escrevendo projetos, artigos, análises e livros. No campo da política, responsável no rumo do Brasil pós-1964 por conseguir difundir e aplicar suas ideias. Suas ideias são afluentes de obras de autores estrangeiros Rudolf Kjellén, e brasileiros Alberto Torres, Delgado de Carvalho, Mário Travassos, Everardo Backheuser e Lysias Rodrigues. 5 Carlos Meira Mattos apresenta uma ideia geopolítica voltada como produto da evolução de observações da ação do homem na exploração do meio natural. Grande visibilidade em projetar o Brasil no cenário mundial. Em seus escritos era visível a necessidade da efetiva ocupação da área terrestre sobre as demais, e aí tornar-se economicamente ativo e integrado no conjunto nacional, principalmente duas áreas em específico, a Bacia Amazônica (Região Norte do Brasil) e o Centro do Continente (Região Centro-Oeste). Carlos Meira Mattos indicava como projeto geopolítico essencial para o Brasil, entre as décadas de 1960-1970, o desenvolvimento e a ocupação da fronteira oeste do Brasil - as terras amazônicas. A proposta de um modelo de interiorização, com acréscimo populacional, expansão da infraestrutura (construção de rodovias, intensificação comercial etc). Como efetivação dessa política, transferiu-se a capital federal do Rio de Janeiro para a cidade de Brasília, construídas estradas, usinas de geração de energia, núcleos de povoamento, dentre outras ações. Mas a busca pelo progresso no viés de uma interiorização nacional ocorreu apenas de forma parcial, apenas os setores de capital agroexportador ou financeiro, tiveram efetivos benefícios no projeto de desenvolvimento dessa região. Uma política aplicada aos espaços geográficos, com argumentos a favor do Tratado de Cooperação Amazônica como o melhor meio de proteger as soberanias nacionais. Assim, aplicar a política ao território seria concordar com diretrizes de desenvolvimento, integração e soberania, possibilitando, nos mesmos termos, a soberania dos outros Estados nacionais que compõem a bacia amazônica. O conceito de Pan-Amazônia é trazido por Meira Mattos para identificar uma perspectiva totalizante da Amazônia e não de práticas nacionais sobre seus pedaços particulares da região. Ele classifica a Pan-Amazônia como uma macrounidade composta pela grande planície, abrindo-se em leque de leste para oeste, circundada ao norte pelas vertentes do maciço das Guianas, ao sul pelos degraus descendentes do planalto central brasileiro e a oeste, formando uma macro unidade, onde se integram espaços geográficos, condições climáticas, província botânica, bacia hidrográfica e características socioeconômicas. Procurou fomentar um modelo de desenvolvimento nacional amparado em pressupostos da geopolítica clássica, buscava-se que os fatores estratégicos e econômicos resolvessem todos os problemas, em muitos casos, as necessidades humanas não foi o foco das preocupações e grupos populacionais foram fixados em áreas carentes da básica infraestrutura. 6 Exercícios 1. (ENEM 2013, adaptada). Nos últimos decênios, o território conhece grandes mudanças em função de acréscimos técnicos que renovam a sua materialidade, como resultado e condição, ao mesmo tempo, dos processos econômicos e sociais em curso. Fonte: SANTOS, M.; SILVEIRA: M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXL. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). A partir da última década, verifica-se a ocorrência no Brasil de alterações significativas no território, ocasionando impactos sociais, culturais e econômicos sobre comunidades locais, e com maior intensidade, na Amazônia Legal, dentre elas destacamos a: a) reforma e ampliação de aeroportos nas capitais dos estados. b) construção de usinas hidrelétricas sobre os rios Tocantins, Xingu e Madeira. c) ampliação de estádios de futebol para a realização de eventos esportivos. d) instalação de cabos para a formação de uma rede informatizada de comunicação. e) formação de uma infraestrutura de torres que permitem a comunicação móvel na região. 2. (ENEM 2018, adaptada). Leia o trecho a seguir: TEXTO I Uma pesquisa realizada por Carolina Levis, especialista em ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e publicada na revista Science, demonstra que as espécies vegetais domesticadas pelas civilizações pré- colombianas são as mais dominantes. “A domesticação de plantas na floresta começou há mais de 8 000 anos. Primeiro eram selecionadas as plantas com características que poderiam ser úteis ao homem e em um segundo momento era feita a propagação dessas espécies. Começaram a cultivá-las em pátios e jardins, por meio de um processo quase intuitivo de seleção”. Fonte: OLIVEIRA, J. Indígenas foram os primeiros a alterar o ecossistema da Amazônia. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 15 out. 2019 (adaptado). O Texto I apresenta um “novo olhar” sobre a configuração da Floresta Amazônica por romper com a ideia de/ da: a) necessidade de manejo ambiental. b) primazia de saberes locais. c) ausência de ação antrópica. 7 d) insuficiência de recursos naturais. e) predominância de práticas agropecuárias. 3. (ENEM 2012, adaptada). Leia atentamente o texto a seguir: TEXTO II A integração do espaço amazônico ao espaço nacional se deu no contexto das questões de fronteiras de políticas, no sentido do dinamismo pioneiro da integração. Essas fronteiras foram elementos fundamentais para a compreensão da geopolítica dos militares, que não apenas objetivavam a posse do vazio demográfico, mas representavam os interesses do governo brasileiro em manter sob sua influência uma grande área no interior do continente. Fonte: MELLO, N. A. Políticas territoriais na Amazônia. São Paulo: Annablume, 2006. No texto II, são apresentados fundamentos da política de colonização de uma importante região brasileira, ao longo do período dos governos militares. Uma estratégia estatal para a ocupação desse espaço foi: a) Adoção de estímulos para expansão de grupos econômicos privados. b) Demarcação de reservas para preservação da floresta. c) Criação de restrições para exploração de recursos minerais. d) Construção de uma densa rede de transporte para escoamento da produção agrícola. e) Concessão de incentivos fiscais para instalação da indústria automobilística. Gabarito 1. Resposta: Letra B 2. Resposta: Letra C 3. Resposta: Letra A Resumo Desse modo, a percepção da interação do espaço geográfico ao conjunto de objetos e ações, busca colocar desdobramento as novas posturas da ação do Estado, como um condutor e agente aos assuntos pertinentes ao território. Assim o Estado, 8 assume um papel determinante ao espaço e sua configuração, atribuindo ser ainda um gerenciador no que remete a âmbito territorial. O General Meira Mattos foi um representante da denominada Geopolítica Clássica, que considera a fronteira como núcleos de postos avançados para o desenvolvimento econômico e política militar, ligado através da teoria dos núcleos de desenvolvimento fronteiriço. Suas ideias estavam muito relacionadas ao expansionismo, com apoio da força militar e centralizava perspectivas do Estado como, o exclusivo ator e agente de ação, no sentido de se fortalecer na extensão territorial. 9 Referências bibliográficas OLIVEIRA, Adriano Moura de. Um sonho de grandeza no Brasil da ditadura: a ideologia geopolítica de desenvolvimento do general Carlos de Meira Mattos (1964-1974). Idéias- Rev. Inst.Filos. Ciênc. Hum. UNICAMP, v.6, n.2, p. 255-281, jul/dez. 2015 SILVA, Jussaramar da; Dal-Moro, Nataniél. Geopolítica e fronteira oeste: diálogos com Meira Mattos e Couto e Silva. Revista Geográfica de América Central. N. 58, janeiro-junho 2017, pp. 125–150. TEIXEIRA, Vanessa; Silva, Márcia. Geografia política: disseminação da produção científica nos anais do ENG e da ANPEGE. Revista Geonorte, Edição Especial 3, V.7, N.1, p.98-114, 2013.
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