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Apostila Completa - Ecnomia e Mercado (1)

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ECONOMIA E MERCADO
ECONOMIA E MERCADO
1 - QUESTÕES ECONÔMICAS DO DIA-A-DIA
- Aumento de preços
- Períodos de crise ou de crescimento
- Desemprego
- Diferenças salariais
- Dissídios coletivos
- Valorização / desvalorização da taxa de câmbio
- Ociosidade de alguns setores
- Taxas de juros
- Déficit governamental
- Elevação de impostos e tarifas públicas
2 - CONCEITO DE ECONOMIA
A palavra ECONOMIA vem do grego OIKOSNOMOS
- OIKOS => CASA
- NOMIA => LEI
Que significa a administração de uma casa ou Estado
A ECONOMIA é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
- Os Fatores de Produção são escassos;
- As necessidades humanas são ilimitadas
- A sociedade é obrigada a decidir entre alternativas
3 - ARGUMENTOS POSITIVOS X NORMATIVOS
A economia sendo uma ciência social, utiliza, fundamentalmente, uma Análise Positiva, para explicar os fatos da realidade.
- Os argumentos POSITIVOS são estritamente descritivos. Não contêm juízo de valor.
Exemplo: “Se o preço da gasolina aumentar em relação a todos os outros preços, então a quantidade que as pessoas irão comprar de gasolina, cairá”.
- No entanto, a Economia, como ciência social, trata do comportamento das pessoas e, frequentemente, nossos valores interferem na análise do fato econômico, na tentativa de equacionar problemas como desemprego, inflação, etc.
Argumentos NORMATIVOS são análises que contêm, explícita ou implicitamente, um juízo de valor sobre alguma medida econômica. 
Exemplo: “O preço da gasolina não deve subir”. Está implícito na afirmação, um juízo de valor, se o fato é bom ou ruim.
4 - A ECONOMIA E OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO
ECONOMIA, BIOLOGIA E FÍSICA
O início do estudo sistemático da Economia coincidiu com os grandes avanços da técnica e das ciências físicas e biológicas. A construção do núcleo cientifico inicial da economia, deu-se a partir das chamadas concepções orgânicas (biológicas) e mecanicistas (físicas).
Daí surgiram os termos órgãos, funções, circulação, fluxos (vindos da biologia) e estática, dinâmica, aceleração, velocidade, forças (vindos da física).
ECONOMIA, MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA
Apesar de ser uma ciência social, a Economia é limitada pelo meio físico, dado que os recursos são escassos, e se ocupa de quantidades físicas e das relações entre quantidades. Daí surge a necessidade da utilização da Matemática e da Estatística como ferramentas para estabelecer relações entre variáveis econômicas. 
A Econometria é área da Economia que está voltada para a elaboração de modelos que combinam Teoria Econômica, Matemática e Estatística.
ECONOMIA E POLÍTICA
A Economia e a Política são áreas muito interligadas, tornando-se difícil estabelecer uma relação de causalidade (causa e efeito) entre elas.
A Política fixa as instituições sobre as quais se desenvolverão as atividades econômicas. Nesse sentido a atividade econômica se subordina à estrutura e ao regime político.
Mas, por outro lado, a estrutura política se encontra, muitas vezes, subordinada ao poder econômico. Exemplo: poder econômico dos oligopólios, monopólios, corporações e latifúndios.
ECONOMIA E HISTÓRIA
A pesquisa histórica é extremamente útil e necessária para a Economia, pois ela facilita a compreensão do presente e ajuda nas previsões para o futuro, com base nos fatos passados.
Alguns importantes períodos históricos são associados a fatores econômicos: ciclo do ouro, Revolução Industrial, quebra da Bolsa de New York, crise do petróleo, etc.
ECONOMIA E GEOGRAFIA
A Geografia nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como as condições geoeconômicas dos mercados, a concentração espacial dos fatores de produção, a localização de empresas, etc.
Dessa relação surgem a Economia Regional, a Demografia Econômica, etc.
ECONOMIA, MORAL, JUSTIÇA E FILOSOFIA
Na pré-economia, antes da Revolução Industrial do séc. XVIII, a atividade econômica era vista com parte integrante da filosofia, moral e ética. Era orientada por princípios morais e de justiça.
Idéias predominantes à época: lei da usura, preços e lucros justos, etc.
ECONOMIA E DIREITO
As relações econômicas estão condicionadas a um arcabouço de normas jurídicas, editadas por um Estado soberano, para um certo povo, em determinado território.
Todas as relações de produção, consumo, utilização dos fatores de produção, são legitimadas por normas jurídicas.
Exemplo: Código de Defesa do Consumidor, Direito Comercial, Formulação de Políticas Monetária, de Crédito, Contábil, etc.
5 - EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO
PRECURSORES DA TEORIA ECONÔMICA
Antiguidade
- Aristóteles, Platão, Xenofonte.
- Pensamentos: usura, moralidade dos juros altos, lucro justo.
Mercantilismo
- A partir do século XVI
- Pensamentos: acumulação de riquezas por uma Nação, comércio exterior, entesouramento, importância da moeda (metais)
Fisiocracia
- A terra como única fonte de riqueza
- O universo era regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais.
Clássicos
- Principal expoente: Adam Smith (1723-1790)
- Precursor da moderna Teoria Econômica 
- Maior obra: “A Riqueza das Nações” – 1776
- Pensamento: o mercado como regulador das decisões econômicas, independente da ação dos Estados (Liberalismo)
Teoria Neoclássica
- Principal representante: Alfred Marshall (1842-1924)
- Desenvolvimento da microeconomia
- Pensamento: o raciocínio matemático procurava isolar os fatos econômicos de outros aspectos da realidade social.
A Era Keynesiana
- John Maynard Keynes (1883-1946)
- Crise mundial na década de 30 – Grande Depressão
- Principal obra: “Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda” – 1936
- Pensamento: prega a intervenção do Estado para ajustamento da Economia.
O Período recente
- Três características marcam a Teoria Econômica : maior consciência das limitações e possibilidades de aplicações da Teoria; avanço do conteúdo empírico da economia; consolidação das contribuições anteriores
- O desenvolvimento da informática permitiu um processamento de informações e precisão sem precedentes.
Os Críticos
- Maior crítico da Teoria Econômica foi Karl Marx (1818-1883)
- Principal obra: “O Capital”
- Pensamento: conceito de mais-valia e forte intervenção do Estado
6 - DIVISÃO DO ESTUDO ECONÔMICO
A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em duas áreas de estudo: a Microeconomia e a Macroeconomia.
MICROECONOMIA OU TEORIA DE FORMAÇÃO DE PREÇOS
Procura estudar, principalmente, os seguintes itens:
- O comportamento do consumidor: a procura pela máxima satisfação de suas necessidades, dentro do limite da sua renda. Ex.: como reage o cidadão frente à variação nos preços dos produtos que consome?
- O comportamento de empresário: A procura pelo máximo de lucros, de acordo com sua estrutura de custos e o tipo de mercado onde atua. Ex.: O que acontece com o lucro do empresário que reduz o preço de seu produto, na expectativa de aumentar as vendas e conquistar maior fatia do mercado?
- O funcionamento dos mercados: as características de cada um, as estruturas de oferta e demanda. Ex.: Em um mercado com grande número de empresas, produzindo exatamente o mesmo produto (com as mesmas características), o que acontece quando uma delas altera o preço de seu produto?
MACROECONOMIA
Surgiu na década de 30, e estuda a economia sob um enfoque macroscópico. Ela se preocupa com o comportamento dos grupos, dos conjuntos, das coletividades. Seus estudos estão centrados, principalmente, nos seguintes temas:
- Os agregados econômicos: ou seja, o somatório das variáveis da microeconomia. Ex.: comose mede o somatório de bens e serviços finais produzidos dentro do território do país?
- As inter-relações entre as variáveis econômicas. Ex.: como o nível de gastos do governo pode afetar o PIB e o nível de emprego de um país?
- As trocas de bens e serviços entre os países (comércio internacional) e o registro dessas trocas por meio do Balanço de Pagamentos. Ex.: como a taxa de câmbio afeta as exportações do Brasil para a Argentina? Quais os reflexos disso no Balanço de Pagamentos dos países?
7 - O PROBLEMA ECONOMICO
ECONOMIA é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar os recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
Vários conceitos estão implícitos:
- Escolha
- Escassez
- Necessidades
- Recursos
- Produção
- Distribuição
As necessidades humanas são ilimitadas. Satisfeita uma, elegemos outra, reiniciando-se o processo.
No entanto, os recursos utilizáveis para a produção de bens e serviços não são suficientes para atender às necessidades de todos os indivíduos de uma determinada sociedade.
Do eterno conflito entre nossas necessidades (ilimitadas) e a escassez dos recursos disponíveis para a produção de bens e serviços que satisfaçam nossos desejos, emerge o objeto da Economia: a busca de respostas para três perguntas fundamentais:
- O QUE PRODUZIR?
- QUANTO PRODUZIR?
- COMO PRODUZIR?
- PARA QUEM PRODUZIR?
O QUE E QUANTO PRODUZIR?
Dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, entro do leque de possibilidades de produção, quais os produtos serão produzidos e as respectivas quantidades.
COMO PRODUZIR?
A sociedade terá de escolher, ainda, quais os recursos de produção serão utilizados, para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como vão ser produzidos. Os produtores escolherão dentre os métodos mais eficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível.
PARA QUEM PRODUZIR?
A sociedade terá, também, de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também, da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança.
Podemos dizer que o objeto da Economia pode ser assim descrito: com desejos ilimitados e recursos escassos, o problema fundamental da Economia é a ESCASSEZ.
8 - OS FATORES DE PRODUÇÃO
Os Fatores de Produção são recursos escassos que entram na produção de bens e serviços. São eles:
Terra
São todos os recursos da natureza, suscetíveis de serem incorporados às atividades econômicas. Ex. : água, terra, minerais, florestas, etc. Só são considerados fatores de produção, se sua exploração for tecnologicamente viável.
Trabalho
Inclui habilidades físicas e mentais dos seres humanos, quando aplicadas na produção de bens e serviços. Considera apenas a mão-de-obra disponível na economia (PEA- População Economicamente Ativa)
Capital
Compreende máquinas, instalações, equipamentos e qualquer outro bem utilizado no processo produtivo, ou seja, que entrem na produção de outros bens, destinados ao consumo final.
Outros dois fatores têm sido considerados, atualmente: Tecnologia e Capacidade Empresarial.
REMUNERAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO
	FATOR DE PROUÇÃO
	TIPO DE REMUNERAÇÃO
	Trabalho
	Salário
	Capital
	Juros
	Terra
	Aluguel
	Tecnologia
	Royalties
	Capacidade Empresarial
	Lucros
9 - CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
É o conceito teórico que demonstra como a questão da escassez impõe um limite à capacidade produtiva de uma sociedade, que terá de fazer escolhas entre alternativas de produção.
Devido à escassez de recursos, a produção total de um país tem um limite máximo, uma produção potencial ou de produto de pleno emprego, onde todos os recursos disponíveis estão sendo empregados. Não há ociosidade.
	Alternativas de Produção
	Máquinas (milhares)
	Alimentos (Toneladas)
	A
	25
	0
	B
	20
	30
	C
	15
	45
	D
	10
	60
	E
	0
	70
Demonstrando graficamente:
- A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produção de máquinas e alimentos;
- Qualquer ponto sobre a curva, indica que a economia está operando no pleno emprego;
- Qualquer ponto interno à curva, indica que há ociosidade;
- Qualquer ponto externo à curva indica uma combinação impossível de se atingir, haja vista os fatores de produção e tecnologia existentes.
CUSTO DE OPORTUNIDADE
Como podemos observar no gráfico, dado o estoque de fatores de produção e o nível tecnológico, a obtenção de quantidade de alimentos só é possível com a redução (sacrifício) de quantidades produzidas de máquinas.
A transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B, implica um custo de oportunidade, que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais do bem B.
	Alternativas de Produção
	Máquinas (milhares)
	Alimentos (Toneladas)
	Sacrifício de Máquinas
	A
	25
	0
	0
	B
	20
	30
	5
	C
	15
	45
	5
	D
	10
	60
	5
	E
	0
	70
	10
É de se esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, já que quando aumentamos a produção de um bem, os fatores de produção transferidos dos outros produtos se tornam cada vez menos aptos par a nova finalidade, ou seja, a transferência vai ficando cada vez mais difícil e onerosa.
Ex.: os empregados das indústrias de máquinas serão deslocados para a produção de alimentos. Como o processo produtivo é totalmente diferente e exige habilidades diferentes dos trabalhadores, o acréscimo de alimentos ocorrerá em menor proporção.
DESLOCAMENTO DA CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
O deslocamento da CPP para a direita, indica que o país está crescendo. Isso pode ocorrer em função do aumento dos fatores de produção, entretanto, representa aumento de custos.
Uma forma de evitar-se o aumento de custos, é o aumento da produção pelo incremento na produtividade. Esse fenômeno é fortemente observado na introdução de uma inovação tecnológica, maior eficiência produtiva e organizacional das empresas ou melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra.
10 – A MICROECONOMIA
A Microeconomia ou Teoria dos preços, analisa a formação dos preços no mercado, ou seja, como o ofertante e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço, em mercados específicos.
A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com a economia de empresas, pois têm enfoques distintos. A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda e a formação dos preços no mercado. Sua visão, portanto, é a visão do MERCADO.
Na economia de empresas, a visão é a da formação dos preços de venda a partir dos custos de produção. O enfoque é, portanto, contábil-financeiro.
- Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica
a) A hipótese Coeteris Paribus
Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que “tudo o mais permanece constante” (em latim coeteris paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.
Tem-se, assim, o efeito “puro” ou “líquido” de cada uma dessas variáveis sobre a procura ou demanda.
b) Papel dos Preços Relativos
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.
-Aplicações da Análise Microeconômica
A Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas par a tomada de decisões do dia-a-dia, mas mesmo assim, ela representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto no nível de empresas, quanto ao nível de políticas econômicas.
Utilidade nas empresas:
- Política de preços
- Previsões de demanda e faturamento
- Localização da empresa
- Decisões ótimas de produção
Utilidade na Política Econômica:
 - Controle de preços
- Política salarial
- Política de tarifas públicas
- Política de subsídios
- Fixação de preços mínimos na agricultura
10.1 - DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO
MERCADO
É o local físico ou não, onde compradores se encontram com vendedores de determinados bens e serviços.
Há três características essenciais no Mercado:
- Demanda: consumidor que deseja comprar um bem ou serviço;
- Oferta: vendedor/produtor que pretende vender esse bem ou serviço;
- Preço do bem ou serviço: formado pela interação de desejos (oferta/demanda) de vendedores e compradores.
TEORIAS DO VALOR
O objeto de estudo, a razão da existência da Economia é a escassez. Quando afirmamos que um fator de produção ou bem é econômico, estamos afirmando que esse fator ou bem é escasso, possui valor e pode ser negociado no Mercado.
E o valor das coisas torna-se mais claro quando o transformamos em moeda.
Mas...como forma-se esse valor? Porque, por exemplo, um sanduíche tem valor monetário menor que um carro esportivo?
Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no conceito subjetivo de utilidade. Utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem, de satisfazer as necessidades humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor.
Existem duas teorias que procuram explicar a formação do valor. A Teoria Valor-Trabalho e a Teoria Valor-Utilidade ou Teoria Marginalista.
Teoria do Valor-Trabalho
 Considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta, através dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os custos de produção eram representados basicamente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita (abundante) e o capital pouco significativo.
Pela Teoria do Valor-Trabalho, o valor surge da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo que eles incorporam ao bem. Nesse sentido, a Teoria do Valor-Trabalho é objetiva: depende de custos.
Teoria do Valor-Utilidade ou Marginalista
Pressupõe que o valor de um bem se forma por sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é, portanto, subjetiva, e considera que o valor nasce da relação do homem com os objetos. Representa a chamada visão utilitarista, onde prepondera a soberania do consumidor, pilar do Capitalismo.
A FORMAÇÃO DOS PREÇOS, DE ACORDO COM AS TEORIAS
Para exemplificar, vamos considerar a produção de carros:
- Do lado da Teoria do Valor-Trabalho
Os produtores/vendedores de carros procuram satisfazer, ao máximo, também, as suas necessidades. Eles não precisam de carros, já que dispõem de quantidade mais que suficiente deles. Entretanto, precisam obter o máximo na venda de seu produto, para poder comprar roupas, alimentos, etc.
Mas, para produzirem mais carros, precisam gastar mais na produção; gastar mais trabalho na produção dos bens. Assim, maior produção de carros exige gastos cada vez maiores.
Os produtores/vendedores produzem de acordo com o preço. Quanto maior o preço, maior será a produção, que irá cobrir os gastos adicionais e gerar lucros.
- Do lado da Teoria do Valor-Utilidade
O consumidor de carros procura o máximo de utilidade no consumo de bens. Maiores quantidades de carros possuem menores quantidades de utilidade.
Transformando a utilidade atribuída pelo consumidor no preço que ele está disposto a pagar, chegaremos à seguinte conclusão: quanto maior a quantidade, menor o preço que os consumidores estão dispostos a pagar.
 
Observação:
- Os produtores estão dispostos a produzir e vender mais, quando o preço aumenta;
- Os consumidores desejam adquirir menos produtos quando o preço aumenta;
- No cruzamento das duas retas encontramos um ponto onde há a coincidência de desejos de produtores e consumidores.
TEORIA DA DEMANDA
DEMANDA ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou serviço, que os consumidores desejam adquirir em determinado período ou tempo.
A demanda depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço do bem ou serviço, o preço dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferência dos indivíduos.
O preço do próprio bem é aspecto de relevância, haja vista seu aspecto limitador. Dessa relevância resulta a representação da demanda como uma função somente do preço. Há uma relação inversamente proporcional entre quantidade procurada e o preço do bem, coeteris paribus (tudo o mais constante).
É a chamada Lei Geral da Demanda.
Essa relação pode ser observada a partir dos conceitos de escala, curva de demanda ou função demanda:
Função : Qd = f(P)
	Alternativa de Preço ($)
	Quantidade Demandada
	1,00
	12.000
	3,00
	8.000
	6,00
	4.000
	8,00
	3.000
	10,00
	2.000
Dois fatores podem afetar negativamente a curva de demanda: o efeito substituição e o efeito renda.
- Efeito Substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto, reduzindo, assim, a demanda.
- Efeito Renda: Quando aumenta o preço do bem, tudo o mais constante, inclusive a renda do trabalhador, o consumidor perde poder aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui.
Assim, embora seu salário monetário não tenha sofrido alteração, seu salário real, em termos de poder de compra, foi corroído.
OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA DE UM BEM
- Renda dos consumidores
- Preço dos bens substitutos (relação direta)
 Ex.: quando sobe o preço da carne bovina, aumenta o consumo de frango ou peixes
- Preço dos bens complementares (relação inversa)
 Ex.: quando sobe o preço da gasolina, diminui a venda de carros
- Hábitos e preferências do consumidor (investimentos em propaganda e publicidade influenciam o consumidor)
- Efeitos sazonais
- Localização dos consumidores
TEORIA DA OFERTA
OFERTA é definida como quantidade de certo bem ou serviço que os produtores estão dispostos a colocar no mercado, em determinado período de tempo.
Ao contrário dos consumidores, os produtores estarão dispostos a oferecer maiores quantidades, quanto maior o preço.
Trata-se, portanto, de uma relação direta entre preços e quantidades, coeteris paribus. 
É a chamada Teoria Geral da Oferta.
Função: Qo = f(P)
	Preço ($)
	Quantidade Ofertada
	1,00
	1.000
	3,00
	5.000
	6,00
	9.000
	8,00
	11.000
	10,00
	13.000
OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A OFERTA
- Custo dos fatores de produção
- Alterações tecnológicas
- Aumento do número de empresas no mercado (concorrência)
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Manifestados os desejos dos demandantes (consumidores) e dos ofertantes (produtores), ocorrerá coincidência em apenas um ponto – o PONTO DE EQUILÍBRIO – que indica o preço e a quantidade em torno dos quais a maioria das transações se realizará, num determinado período.
Na intersecção das curvas de oferta e demanda (Ponto E), teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos produtores simultaneamente.
Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio(E), teremos uma situação de escassez do produto. Haverá uma competição entre os consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Formar-se-ão filas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio, quando as filas cessarão.
Se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E, haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de estoques não programados do produto, o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma redução de preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio.
Quando há competição, tanto de consumidores quanto de ofertantes, há uma tendência natural no mercado, para se chegar a uma situação de equilíbrio. Se não há obstáculos par a livre movimentação dos preços, ou seja, se o sistema é de concorrência pura e perfeita, será observada essa tendência natural de o preço e a quantidade atingirem um determinado nível desejado, tanto pelos ofertantes quanto pelos consumidores.
10.2 - ELASTICIDADE
Já sabemos que alterações nos preços provocará redução/aumento na quantidade demandada por determinado bem. O grau dessa resposta do consumidor á variação nos preços nos dará a sensibilidade da variação, conceituada em Economia como ELASTICIDADE.
Portanto, a elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade de uma variável quando ocorrem alterações em outra variável, coeteris paribus.
Trata-se de um conceito econômico que poder ser objeto de cálculo, a partir de dados do mundo real, permitindo-se desse modo, o confronto das proposições da Teoria Econômica com dados da realidade.
ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
- É a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às variações de seu preço, ou
- É a variação percentual na quantidade procurada do bem X, em relação a uma variação percentual em seu preço, tudo o mais constante.
 VARIAÇÃO % Q
Epd = ------------------------
 VARIAÇÃO % P
Ex.: Preço inicial P0 = $ 20,00
 Preço final P1 = $ 16,00
 Quantidade demandada ao preço P0 = 30
 Quantidade demandada ao preço P1 = 39
 Q1 – Q0 39 - 30
Variação % Q = ---------------- = ----------- = 0,3 ou 30%
 Q0 30
 P1 – P0 16 - 20
Variação % P = ---------------- = ----------- = - 0,2 ou - 20%
 P0 20 
 VAR.% Q 30
Epd = ------------- = -------- = - 1,5 ou | Epd | = 1,5
 VAR% P -20 
Observação:
- Como a correlação entre preço e quantidade demandada é inversa, o valor encontrado da elasticidade-preço da demanda será sempre negativo. Para evitar-se problemas com sinal, o valor da elasticidade normalmente é colocado em módulo.
E o que significa o resultado acima?
Significa que, dada uma queda de 20% no preço, a quantidade demandada aumentará em 1,5 vez o valor da queda (20%), ou seja, aumentará 30%.
DEMANDA ELÁSTICA
- É quando a variação da quantidade demandada supera a variação do preço, ou seja:
| Epd | > 1
- Os consumidores desse produto têm grande reação ou resposta, nas quantidades, a eventuais variações de preços.
DEMANDA INELÁTICA
- Ocorre quando uma variação percentual no preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas quantidades demandadas, ou seja:
| Epd | < 1
DEMANDA DE ELASTICIDADE-PREÇO UNITÁRIA
As variações percentuais no preço e na quantidade são de mesma magnitude, porém em sentido inverso, ou seja:
| Epd | = 1
FATORES QUE INFLUENCIAM O GRAU DE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
- Disponibilidade de bens substitutos: Quanto mais substitutos houver para um bem, mais elástica será sua demanda, pois pequenas variações em seu preço, para cima, por exemplo, farão com que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando queda em sua demanda, mais que proporcional à variação do preço.
- Essencialidade do bem: Se o bem é essencial, será pouco sensível à variação de preço; terá, portanto, demanda inelástica.
- Importância do bem quanto a seu gasto, no orçamento do consumidor: Quanto mais importante o gasto referente a um determinado bem (maior ponderação) em relação ao gasto total (orçamento) do consumidor, mais sensível torna-se o consumidor a alterações em seu preço, ou seja, a demanda é mais elástica.
RELAÇÃO ENTRE RECEITA TOTAL DO PRODUTOR E GRAU DE ELASTICIDADE
A receita total do produtor equivale ao gasto total dos consumidores, para uma dada mercadoria; é igual à quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda.
RT = P X Q , onde:
RT = Receita Total
P = Preço Unitário
Q = Quantidade Vendida
Dada uma variação no preço do produto, o que acontecerá com a receita total do produtor? Tal resposta dependerá da reação dos consumidores, isto é, do grau de elasticidade-preço da demanda.
Podem ocorrer três possibilidades:
- Demanda elástica: a redução do preço do bem tenderá a aumentar a receita total, pois o aumento percentual na quantidade vendida será maior do que a redução percentual do preço (trata-se de um mercado onde os consumidores têm demanda bastante sensível a preços). Da mesma forma, um aumento de preços provocará redução da receita total.
- Demanda inelástica: o raciocínio é inverso – aumento de preço provoca aumento da receita total, e redução de preços provoca a diminuição da receita total.
- Demanda de elasticidade unitária: Aumento ou redução de preços não afetam a receita total, já que o percentual de variação no preço corresponde a igual percentual de variação na quantidade, em sentido contrário.
ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
O coeficiente de elasticidade-renda da demanda (Er) mede a variação percentual da quantidade da mercadoria comprada, resultante da variação percentual na renda do consumidor, coeteris paribus.
 VARIAÇÃO % NA QUANTIDADE DEMANDADA 
Er = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------
 VARIAÇÃO % NA RENDA DO CONSUMIDOR
- Se a elasticidade-renda da demanda (Er) é NEGATIVA, o bem é INFERIOR, ou seja, aumentos de renda levam a quedas no consumo desse bem, coeteris paribus.
- Se a elasticidade-renda da demanda (Er) é POSITIVA MAS MENOR QUE 1, o bem é NORMAL, isto é, aumentos de renda levam a elevações no consumo.
- Se a elasticidade-renda da demanda (Er) é POSITIVA E MAIOR QUE 1, o bem é SUPERIOR ou de LUXO, isto é, aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional no consumo do bem.
Este conceito é muito utilizado para ilustrar a questão da chamada “deterioração dos termos de troca no comércio internacional”. Estudos empíricos mostram que os países desenvolvidos tendem a exportar bens manufaturados, de elasticidade-renda elevada, enquanto os países em vias de desenvolvimento tendem a exportar produtos básicos (alimentos, matérias-primas, etc), de elasticidade-renda relativamente mais baixa, e importar bens manufaturados. Havendo um incremento na renda mundial, deve ocorrer um aumento relativamente maior no comércio de manufaturados, o que tenderia a gerar déficits constantes na Balança Comercial dos países em via de desenvolvimento.
ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
O mesmo raciocínio utilizado para a demanda, também se aplica para a oferta, observando-se, no entanto, que o resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é DIRETA. Quanto maior o preço, maior a quantidade que o empresário estará disposto a ofertar, coeteris paribus.
 VARIAÇÃO % DA QUANTIDADE OFERTADA
Epo = ---------------------------------------------------------------------
 VARIAÇÃO % DO PREÇO DO BEM
As elasticidadesda oferta são menos difundidas que as da demanda. A elasticidade-preço mais frequentemente estudada é a dos produtos agrícolas, sendo inclusive apontada como a principal causa da inflação, de acordo com a chamada Corrente Estruturalista.
Segundo essa tese, em países em via de desenvolvimento, a elasticidade da oferta de produtos agrícolas seria inelástica, pouco sensível a variações de preços. Isso de deveria à estrutura fundiária na agricultura, pouco voltada a estímulos dados pela demanda (e, portanto, de preços). De um lado há latifúndios que estão mais preocupados com a especulação de terras do que com a produtividade; e, de outro, existem os minifúndios que praticam agricultura apenas para sua subsistência, não produzindo para o mercado. Assim, a produção agrícola seria inelástica a estímulos de preços.
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