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Silvio-Dutra-Coletanea-de-Mensagens-I

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COLETÃNEA 
de 
MENSAGENS 
I 
 
 
 
Este é um trabalho de tradução e adaptação 
feito pelo Pr Silvio Dutra, de obras publicadas 
nos séculos XVI a XIX, por um processo de 
eximia seleção de arquivos em domínio 
público de homens santos de Deus que 
tiveram uma vida piedosa e real, que é tão 
raramente vista em nossos dias. Estas 
mensagens estão sendo traduzidas 
pioneiramente para a língua portuguesa, 
dando assim oportunidade de serem lidas e 
conhecidas em países da citada língua. 
 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
A Águia e a Sua Ninhada..........03 
A Armadura Completa de 
Deus.............................................39 
A Batalha é do Senhor.........76 
A Cana Rachada e o Pavio 
Fumegante...............................107 
A Chuva que Cai e a Terra que 
Brota........................................137 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
A Águia e a Sua 
Ninhada 
 
 
 
Título original: The Eagle and Her Young 
 
 
 
 
Por J. C. Philpot (1802-1869) 
 
Traduzido, Adaptado e 
Editado por Silvio Dutra 
 
 
 
 
Fev/2017 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 P571 
 Philpot, J. C. – 1802 -1869 
 A águia e a sua ninhada / J. C. Philpot 
 Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de 
 Janeiro, 2016. 
 36p.; 14,8 x 21cm 
 Título original: The Eagle and Her Young 
 
 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, 
 Silvio Dutra I. Título 
 CDD 230 
 
5 
 
“Achou-o numa terra deserta, e num ermo de 
solidão e horrendos uivos; cercou-o de 
proteção; cuidou dele, guardando-o como a 
menina do seu olho. Como a águia desperta o 
seu ninho, adeja sobre os seus filhos e, 
estendendo as suas asas, toma-os, e os leva 
sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, e 
não havia com ele deus estranho.” (Deut 32.10-
12) 
 
Nos conselhos solenes da eternidade, Deus, o 
Pai, deu ao seu Filho uma Noiva. "Um certo rei", 
lemos, "fez um casamento do seu Filho". Esta 
Noiva Jesus aceitou das mãos de seu Pai - "Teus 
eram, e tu mos deste". "Todos os meus são seus, 
e os seus são meus, e eu sou glorificado neles." 
Mas, ao aceitar esta Noiva, ele a aceitou para 
melhor ou pior, para o bem ou para o mal. Ele a 
levou a prever a profundidade da miséria e do 
pecado em que ela caiu; mas determinou-se a tê-
la a qualquer preço. 
Desta Igreja e Noiva, Israel, o literal Israel, era 
um tipo e uma figura. Isso torna o Antigo 
Testamento tão cheio de instrução, que no 
Israel literal vemos a representação simbólica 
do Israel espiritual; e nos tratos externos de 
6 
 
Deus com ele como uma nação, nós vemos no 
tipo e na figura, a delineação de suas relações 
internas com sua família viva. Quando isto é 
visto pelo olho da fé, um raio de luz divina é 
lançado sobre as páginas do Antigo Testamento, 
e não é mais lido como um registro seco, morto, 
histórico de tempos passados, mas torna-se um 
livro vivo, um memorial sagrado do amor, graça 
e glória de Jesus Cristo, "o mesmo ontem, hoje e 
eternamente". É deste Israel literal que o nosso 
texto fala, o que podemos ver como um resumo 
ou epítome do trato de Deus com seu povo no 
deserto. 
Mas, se eu estivesse debruçado sobre esta 
passagem para me limitar ao Israel literal, e ver 
as palavras como meramente descritivas de sua 
jornada para Canaã, eu pairaria apenas sobre a 
superfície do livro, e não mergulharia na rica 
experiência da família de Deus existente em seu 
seio. 
Com a bênção de Deus, portanto, e na medida 
em que Ele possa permitir, irei olhar as palavras 
diante de nós inteiramente num sentido 
espiritual, e encará-las como aplicáveis à família 
redimida e regenerada. 
7 
 
Há duas principais características que podemos 
observar. Eu penso, nas palavras diante de nós 
como: 
I. O estado e a posição em que se diz que Deus 
encontra o seu Israel: "numa terra deserta, e 
num ermo de solidão". 
II. As relações de Deus com seu Israel, quando 
Ele assim o encontrou. "Ele o guiou", etc. 
Visto nesta luz, o texto reflete toda a experiência 
de um cristão; compreende o todo do que é pela 
natureza, e do que é pela graça; e assim abraça 
em um amplo escopo toda a condição de um 
filho de Deus, tanto como está na queda de Adão, 
e como ele está na recuperação pelo Senhor 
Jesus Cristo. 
 I. O estado e a posição em que Deus diz que 
encontra seu Israel - "numa terra deserta, e num 
ermo de solidão." 
Há algo singularmente discriminante em todo o 
capítulo. Quão impressionantes são as palavras: 
"A porção do Senhor é o seu povo, e Jacó é a sua 
herança!" Mas quem, e o que era Jacó mais do 
que outros? Para derrubar toda ideia de mérito, 
8 
 
para colocar o machado efetivamente na raiz 
daquela enorme árvore farisaica, o Senhor 
pronuncia decisivamente qual era a situação de 
Israel, qual era o estado de Jacó, quando o 
encontrou por Sua graça. "numa terra deserta, e 
num ermo de solidão." Que descrição do estado 
do homem por natureza! Vamos examiná-lo, e 
ver, se pudermos, o que está implícito nesta 
figura marcante, pois é evidentemente 
característica de nossa condição caída. 
O homem por natureza, é aqui comparado a "um 
deserto", isto é, um deserto oriental; um vasto 
trecho de terra estéril, incultivável, onde tudo 
está ressequido pelos áridos raios do sol, onde 
não só não cresce planta nem flor, mas em que 
nenhum deles pode crescer. 
Mas, o homem sempre foi esse ser árido? 
Quando Deus criou Adão à Sua própria imagem, 
segundo Sua própria semelhança, o coração do 
homem era um deserto árido? O jardim do 
Éden, no qual Deus o plantou, era apenas uma 
imagem do que era o homem, como feito à 
semelhança de Deus. O sonho do Éden, em toda 
a sua beleza gloriosa, era um emblema apto, 
bem como uma habitação adequada para o 
9 
 
homem quando ele veio à existência da mão 
criadora de Deus, todo resplandecente e 
radiante com os raios da beleza e glória divina. 
O homem então, não era sempre um "deserto". 
Foi o pecado que arruinou, desolou, e o assolou, 
e, como lemos de Abimeleque (Juízes 9:45), 
"semeou com sal", de igual forma o homem fez 
um deserto do Éden de seu coração. 
Agora, isso é uma questão individual e pessoal, 
e posso acrescentar; na maior parte, uma 
experiência dolorosa, pois há no coração de um 
filho de Deus o desejo de ser frutífero. Ele olha 
sem prazer o seu próprio deserto, mas gostaria 
de ver alegremente uma colheita rica e 
generosa. Mas ai, infelizmente! Ele acha que 
este deserto é absolutamente incultivável; que 
quaisquer que sejam as plantas da sua natureza 
terrena, logo se secam ao sol da tentação, ou são 
sopradas pelo vento ardente. 
Mas, o Senhor encontra o seu Israel também "no 
ermo de solidão uivando no deserto". Não é esta 
também uma figura do estado desolado do 
homem? "Um desperdício." A palavra parece 
implicar lesões infligidas por um inimigo. 
10 
 
Conquistadores antigos exultaram em regiões 
férteis que eles desolaram. Diz-se assim, do 
orgulhoso rei da Babilônia, que "fez o mundo 
como um deserto e destruiu suas cidades". Um 
poderoso conquistador desperdiçou o coração 
do homem, e manchou nele todos os traços da 
imagemde Deus, espalhou-o com toda a erva 
selvagem e nociva, cortou as suas videiras, 
encheu seus poços, puxou as suas cercas e 
deixou-a para ser pisoteado pelos cascos de 
todas as bestas selvagens. Este conquistador é 
Satanás, e seu exército triunfante é o pecado. 
Pelo pecado, ele desolou o coração humano; por 
causa do pecado ele o pôs em perigo e o 
desnudou; pelo pecado ele o pisoteou e lançou-
o aberto como presa a todo animal selvagem. 
Mas, de Israel também é dito ter sido 
encontrado em "um ermo de horrendos uivos." 
Há algo extremamente expressivo na palavra 
“uivos”, pois penso que pode significar duas 
coisas: 
1. Pode haver alguma referência ao seu estado 
sem árvores, sem oscilações, que permite que o 
vento varra sobre ele sem controle. Os desertos 
do leste são expostos especialmente à força 
plena do Siroco, como o vento quente é 
11 
 
denominado. Nenhum prédio ou árvore detém 
o seu curso, e assim varre o deserto com seu 
uivo melancólico. Assim é o deserto do coração 
humano, cheio de uivos, como se o vento se 
regozijasse sobre a desolação que faz. Como se 
diz que Deus "anda sobre as asas do vento", e 
"acalma a terra pelo vento sul", pode-se dizer que 
Satanás monta nas asas do Siroco, para 
perturbar a Terra por sua explosão uivante. 
Quando Deus criou o homem à Sua imagem, Ele 
o declarou "muito bom". Ele se deleitava na 
contemplação de sua própria semelhança. 
Como Deus, então, se deleita com o bem, seu 
adversário infernal se deleita no mal; e, como 
Deus descansou em Suas obras da criação, aliás 
com satisfação pura e santa, como produto de 
infinita sabedoria e poder; assim Satanás, esse 
espírito inquieto, vagueia com uma alegria 
imunda e infernal sobre as ruínas que fez, 
uivando como o vento melancólico sobre o 
deserto, murchando e sufocando tudo o que seu 
sopro ardente toca. 
2. Mas a palavra "uivando" pode se referir não 
apenas ao deserto, mas também aos seus 
inquilinos, os animais selvagens, que o enchem 
de seus uivos de meia-noite. Os viajantes falam 
12 
 
muito do uivo do chacal e de outras bestas 
selvagens de rapina que habitam o deserto. 
Assim é o nosso coração, uivado por animais 
selvagens que são os inquilinos de sua 
desolação. Que paixões malignas habitam no 
coração humano! Orgulho, ciúme, inveja, ira, 
ódio, assassinato! Que um homem seja rebelde, 
achado culpado mesmo em boa terra, que 
inimizade e ira trabalham em sua mente mesmo 
contra seu melhor amigo! O chacal, o tigre, a 
hiena, o lobo, o urso e a raposa têm todas as suas 
covas no coração humano. "Quando o sol nasce, 
eles se ajuntam e se deitam em suas tocas"; mas 
quando é noite, "eles se arrastam e rugem atrás 
de sua presa" (Salmo 104: 20-22). 
Que descrição do coração do homem, que não é 
só um deserto totalmente desprovido de erva, 
árvore, fruto ou flor, mas é um "deserto perdido 
uivando", sobre o qual o vento pestilencial varre 
com gemidos melancólicos, e onde os animais 
de rapina habitam continuamente. Olhe e 
examine bem seu próprio coração, você verá 
tudo lá. O vento pestilento do pecado não cortou 
muitos ramos? As bestas de meia-noite da 
rapina nunca andam após alguma carcaça 
imunda? 
13 
 
Aqui então, Deus encontra seu Israel. Israel 
nunca teria encontrado Deus; é Ele que o 
encontra neste miserável lugar, nesta condição 
desolada, totalmente desolada. Nada aqui é dito 
sobre o livre-arbítrio do homem, dos 
movimentos naturais do coração de Deus, de 
boas inclinações, de boas resoluções, e como 
por meio de cultivo cuidadoso a natureza é 
mudada, e por alguma química misteriosa 
transforma-se em graça. Israel cava, planta e 
irriga até que o deserto se torna um pomar, e 
isso seduz o Senhor a visitá-lo. O registro 
inalterável é executado. "Encontrou-o em uma 
terra deserta, no deserto selvagem uivando". 
II. Mas passemos a considerar as relações de 
Deus com ele, quando o encontrou. 
1. A primeira coisa que se disse sobre esses 
tratos de Deus com seu Israel é que "Ele o cercou 
de proteção". As palavras, penso eu, são 
aplicáveis aos dois ramos especiais da liderança 
divina; aqueles na providência, e aqueles na 
graça. Aqueles que na experiência do povo de 
Deus estão muitas vezes maravilhosamente 
conectados. 
A. De um modo geral, creio eu, a maioria que 
sabe alguma coisa sobre o trato de Deus com sua 
14 
 
alma, pode traçar certas circunstâncias 
PROVIDENCIAIS marcadas, pelas quais a 
providência, por assim dizer, estava ligada à 
graça. Uma extremidade da corrente pode ser de 
fato, de ferro, e a outra de ouro, mas há um 
ponto em que há uma junção das ligas, que 
geralmente é onde a obra da graça começa na 
alma. Normalmente, alguma providência 
surpreendente precede imediatamente o início 
da obra da graça; alguma circunstância notável, 
alguma aflição familiar, alguma provação 
doméstica, alguma enfermidade corporal ou 
alguma virada inusitada de acontecimentos 
levaram a esse local memorável onde o Senhor, 
por seu Espírito, primeiro se agradou de tocar a 
consciência. Alguns têm razão para abençoar 
Deus por uma doença, outros por uma mudança 
de habitação, outros para uma nova situação, 
outros por uma circunstância peculiar que os 
levou a ler um determinado livro, ou ouvir um 
determinado ministro. 
Outros, de novo podem ver a mão prodigiosa de 
Deus em grandes perdas, ou em reversões 
dolorosas nos negócios, pelo que foram 
derrubados em circunstâncias, despojados 
talvez de bens mundanos, ou mesmo reduzidos 
15 
 
à pobreza real e à angústia. E todas estas não são 
providências comuns, nem ocorrências diárias, 
mas estão conectadas com a obra de Deus sobre 
a alma, embora não com a graça, que 
conduziram a ela tanto quanto a chegada de 
Rute à terra de Canaã, conduzida para seu 
casamento com Boaz; ou Mateus sentado à 
recepção do ponto de coleta de tributos, que o 
levou a ser chamado para ser um discípulo do 
Senhor Jesus. 
B. Mas as palavras não são apenas aplicáveis às 
lideranças notáveis do Senhor na providência, 
elas podem ser bem referidas em um sentido 
maior quanto às orientações em GRAÇA. 
Ele os guiou. Embora o caminho para o céu é um 
caminho "traçado para cima", no qual realmente 
e verdadeiramente não há truque, nem volta, 
contudo tanto quanto nossos sentimentos e 
experiência estão conectados, é uma maneira 
muito indireta. Ele os guiou. Isso era verdade 
literalmente. Que rota tortuosa, emaranhada, 
atrasada e adiantada era a dos filhos de Israel no 
deserto! No entanto, cada passo estava sob a 
direção de Deus, eles nunca se moveram até que 
o pilar de nuvem liderasse o caminho. 
16 
 
Mas, como o Senhor guia na graça? Levando seu 
Israel a um caminho do qual eles não veem o 
fim; numa volta da estrada oculta e próxima. Eu 
li que você pode fazer uma estrada, com uma 
curva a cada quarto de milha, e ainda em cem 
milhas a distância não será tanta como numa 
milha, mais do que numa linha perfeitamente 
reta. Assim na graça. O comprimento da estrada 
engole as voltas, mas, estas voltas fazem a 
estrada parecer mais circular do que é 
realmente. Tudo o que está diante de nós está 
escondido, por exemplo, quando o Senhor 
começa uma obra de graça, Ele traz convicções 
de pecado, abre a espiritualidade da lei, e faz 
com que a alma se sinta culpada em cada 
pensamento, palavra e ação. Mas, um homem 
nessa condição sabe o que o Senhor está 
fazendo? Ele pode traçar claramente a obra de 
Deus sobre sua alma? Ele é capaz de dizer; "Esta 
é a obra de Deus sobre o meu coração"? 
Para amaior parte, ele não sabe o que é o seu 
problema, porque está tão angustiado, já que 
não pode descansar, pois as coisas da eternidade 
continuam a rolar sobre sua alma, porque está 
em contínuo temor da ira vindoura, porquanto 
sua mente é tão provada com pensamentos 
17 
 
sobre Deus, pois sente condenação, escravidão 
e miséria. Nem mesmo quando o Senhor tem o 
prazer de levá-lo a alguma esperança, para 
aplicar alguma doce promessa à sua alma, e 
incentivá-lo de várias maneiras sob o ministério 
da Palavra, ele pode muitas vezes ter todo o 
conforto dela. Ele pode tê-la por um tempo, mas 
logo se vai, e mal pode acreditar que seja real. A 
incredulidade sugere que ela não veio 
exatamente da maneira correta, ou não durou o 
suficiente, ou não foi suficientemente 
profunda, ou não foi exatamente como ele ouviu 
falar de outros, e assim está cheio de dúvidas, 
medos, e ansiedades, quanto a saber se isto era 
realmente do Senhor. 
Mas, quando Deus o conduz em um passo 
adiante; abre o evangelho, revela Cristo, 
deposita em seu coração algum doce 
testemunho, dá-lhe alguma descoberta 
abençoada de seu interesse salvador no Senhor 
Jesus, e o sela com um testemunho divino em 
seu coração. Isso dissipa todas as suas dúvidas e 
medos, enchendo a sua alma com alegria e paz. 
No entanto, mesmo depois disso, quando o doce 
sentimento se foi, ele pode afundar novamente 
muito baixo, e questionar a realidade da 
18 
 
revelação de que desfrutou. Tudo isso é 
"conduzir", porque uma volta da estrada oculta a 
outra. 
Mas agora para outra volta, porque o Senhor 
ainda o está "guiando". Ele o leva então, até o 
conhecimento de suas próprias corrupções, e 
permite que Satanás o abata com fortes 
tentações. Isso é realmente "levá-lo sobre", pois 
nada é reto agora. Ele perdeu o caminho 
completamente, fica olhando e olhando ao seu 
redor, para os cantos das ruas, e lendo nome 
após nome, mas é incapaz de dizer qual é o 
norte, sul, leste ou oeste. E, se ele tem o mapa 
em sua mão, é de pouco ou nenhum serviço,até 
que fica tão desnorteado e confuso, que por fim 
permanece imóvel e grita: “Onde estou? Sinto-
me completamente perdido; não sei dizer de 
onde vim, nem para onde vou; tudo o que posso 
fazer é ficar parado e esperar por um guia.” 
Nesse estado, ele irá perguntar a essa pessoa, e 
inquirir dessa pessoa. Um deles diz; "vá para a 
direita"; e outro, "vá para a esquerda." Diz-se: 
“desça esta rua”, e outro, "suba esta rua", até que 
finalmente fica mais confuso do que antes. 
Assim, a alma é "conduzida", até que finalmente 
parece que nunca soube ou sentiu nada direito, 
19 
 
e toda a sua religião parece, como o pobre Jó, 
caídos juntos em uma enorme massa de 
confusão. No entanto, é o Senhor que o guia em 
todo o tempo, e embora o conduza de maneira 
tão estranha por caminhos tão tortuosos, e 
lugares tão estranhos, contudo será descoberto 
no final da viagem, que em Sua misericórdia Ele 
tem "guiado o povo que redimiu, e os guiou em 
Sua força para a Sua santa morada". 
2. Mas, acrescenta. "Ele O INSTRUIU." Todo o 
tempo que o Senhor está levando Israel, Ele o 
está instruindo. "Em todo lugar e em todas as 
coisas", diz o apóstolo: "Sou instruído". Então 
Deus instrui seu Israel por tudo o que faz por ele 
e nele. Uma pessoa que aprende a religião, é 
como uma pessoa que aprende um comércio ou 
um negócio; muitas vezes ele aprende mais 
como cometer erros. Se você tem um aprendiz, 
de algum comércio ou negócio mecânico, e o 
põe a trabalhar; quantos erros comete a 
princípio. Ele toma o cinzel em sua mão, e o 
segura de modo errado, então pega o malho e 
bate com dificuldade ou em uma direção errada. 
E quanto trabalho ele estraga! Contudo, por 
tudo isso ele está aprendendo a destreza 
manual. Se ele segurou o cinzel em uma direção 
20 
 
errada desta vez, vai segurá-lo direito na 
próxima, e se bateu o malho muito duro, ou os 
próprios dedos, ele vai aprender a usá-lo com 
mais habilidade na próxima vez. Assim, 
aprendemos muito por erros. Muitos homens 
de negócios aprenderam mais com suas perdas 
do que nunca teriam aprendido com seus 
ganhos. E muitos em geral têm traçado seu 
caminho para a vitória através da derrota. 
Assim, o povo do Senhor aprende muito com 
seus próprios erros; eles aprendem sabedoria e 
cautela para o futuro. Você não pode aceitar um 
jovem aprendiz e dizer; “Faça isso exatamente 
como eu”; porém ele deve aprendê-lo por si 
mesmo, e em grande parte ele o aprende pouco 
a pouco, linha sobre linha, e é assim como os 
filhos de Deus aprendem sua religião. Logo, um 
ministro não pode dizer ao povo: “Esta é a minha 
experiência; copie-a e aprenda-a de meus 
lábios.” Cada um deve aprender sua experiência 
por si mesmo. 
É o Senhor que instrui seu Israel. "Todos os teus 
filhos serão ensinados pelo Senhor". Ele nos 
instrui de tal maneira, que muitas vezes temos 
visto nossa loucura, e ainda admiramos a sua 
21 
 
sabedoria, para atribuir a nós mesmos toda a 
vergonha, e tributar-lhe toda a glória. Ele nos 
instrui a um conhecimento de si mesmo em Sua 
grandeza, majestade, santidade e pureza; de sua 
justa lei como condenando o pecado e o 
pecador, e, como só em Sua luz vemos a luz, 
aprendemos daí a maldade, a esterilidade, a 
hipocrisia, a incredulidade, o engano e o 
orgulho de nosso coração. Através destas 
palestras divinas nos instrui na verdadeira 
humildade, autoaborrecimento e autoaversão 
diante dele; e quando Ele instrui a alma no 
mistério de sua corrupção original, e a despoja 
de autojustiça, Ele instrui em um conhecimento 
de Sua própria graça surpreendente e mais 
apropriada como revelada na Pessoa de seu 
próprio Filho querido, "Emanuel, Deus conosco". 
Ele instrui a alma no conhecimento do amor 
eleitor, do sangue expiatório, da justificação 
pela justiça de Cristo, da fidelidade infalível, da 
infinita compaixão e da misericórdia eterna. 
Todas estas lições são "para lucrar", elas 
"penetram", como o Senhor fala, "nos ouvidos", 
elas caem no coração e se tornam "espírito e 
vida" para a alma. Devemos aprender a religião 
pela experiência. Não é lendo livros, nem 
22 
 
mesmo as próprias escrituras; não é ouvindo 
ministros, nem conversando com o povo de 
Deus que poderemos obter qualquer 
experiência correta dos ensinamentos de Deus. 
Centenas têm tido todas essas vantagens e ainda 
mais proveitosas, quando possuídas e 
abençoadas por Deus, mas que não têm um 
ensino elevado. 
A religião não pode ser mais aprendida pela 
teoria do que a natação. Um homem pode estar 
à beira da borda da piscina, ver uma pessoa 
nadar, e mover suas mãos em imitação. 
Coloque-o na água, e logo ele vai para o fundo. 
Assim na religião. Coloque um homem nas 
ondas de tentação, e logo afundará, se Aquele, 
que ensina as mãos para a guerra e os dedos para 
lutar, não ensinou seus braços a nadar. 
Devemos ter nossas provações e misericórdias 
pessoais; nossas próprias tentações e 
libertações; nossas próprias aflições e 
consolações, e aprender cada ramo da vida 
divina por nós mesmos. Deus assim ensina Seu 
povo, como se cada um fosse o único estudante 
em Sua escola, e sente tantas dores com cada 
aluno como se não houvesse nenhum outro no 
mundo para ele tomar suas dores. 
23 
 
3. E não só isso, mas "Ele o manteve como a 
menina do seu olho." Esta expressão é usada em 
mais de um lugar da Escritura, para significar a 
especial ternura de Deus em guardar Seu povo. 
A menina do olho é o ponto mais macio de todo 
o corpo, na medida em queé acessível à 
violência externa, portanto como um homem 
guardaria acima de todas as coisas esse órgão 
importante e sensível, assim de Deus é dito 
guardar e manter Seu povo, como a menina de 
Seu próprio olho. 
Mas, alguns podem dizer: O povo do Senhor está 
sempre guardado? Eles nunca escorregam? 
Eles nunca são culpados de retrocesso? Eles 
nunca erram em um ponto? Estão sempre 
guardados do pecado e da loucura? Estão 
sempre preservados da menor mancha do mal? 
Quem pode dizer isso, quando a Escritura o olha 
na face com declarações como: "Em muitas 
coisas ofendemos"; "Se dissermos que não 
temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos", "o 
bem que eu faria, eu não o faço, e o mal que eu 
não faria, esse eu faço"? Quem pode dizer isso 
apesar de, ao contrário de todos os resquícios e 
quedas dos santos registrados na Palavra de 
Deus, como Abraão, Ló, Moisés, Arão, Davi, 
24 
 
Salomão, Ezequias, Pedro, contra cujos nomes 
há uma marca como esta? Todavia, o Senhor os 
guarda como a menina dos seus olhos. 
Há certas rochas e cardumes, de onde o Piloto 
celestial sempre guarda o navio da alma, por 
exemplo, Ele os impede de "fazer naufrágio da 
fé", de beber das fontes venenosas de erro, do 
pecado para a morte, da presunção e da 
apostasia; de sentar na cadeira do desespero, da 
falta de oração, da impenitência, da inimizade à 
Sua verdade, causa e povo, de fazer uma aliança 
com a morte e um acordo com o inferno, de 
desprezar a verdadeira experiência, e de 
assassinar a reputação dos santos aprovados e 
servos de Deus. 
Destes e semelhantes males que destroem a 
alma, Ele os preserva, mantendo vivos o seu 
temor no coração, o espírito de oração, e a vida 
que Ele mesmo lhes deu da plenitude de Cristo. 
"Porque eu vivo, você também viverá." "Eu lhes 
dou a vida eterna, e eles nunca perecerão." 
Ele não os livra em todos os casos, de todo o mal, 
mas os guarda como a menina do Seu olho, que 
nada pode realmente e, finalmente, prejudicá-
25 
 
los. O pecado certamente os afligirá; satanás os 
tentará ou assediará; e um corpo de pecado e 
morte os sobrecarregará, mas acabarão por sair 
mais do que vencedores através dAquele que os 
amou. Mas, dizer que o Senhor assim guarda 
Seus santos, de maneira que nunca em nenhum 
grau escorreguem, que nunca, de forma alguma 
retrocedam é falar contrariando ao que é 
registrado dos santos nas Escrituras da verdade, 
e em contradição diametral do que o melhor e o 
mais sábio do povo de Deus tem em todas as 
épocas confessado de si mesmo. 
4. Mas, para ilustrar ainda mais os tratos de 
Deus, Moisés falando por inspiração divina 
apresenta uma figura doce e abençoada, a de 
uma águia e seus filhotes. "Como a águia 
desperta o seu ninho, adeja sobre os seus filhos 
e, estendendo as suas asas, toma-os, e os leva 
sobre as suas asas, assim só o Senhor o guiou, e 
não havia com ele deus estranho.” 
Os vários movimentos da águia aqui, são 
vividamente e belamente descritos, e exigem 
cada um deles, uma nota especial. 
A. Dela é dito, primeiro, "despertar seu ninho". 
Seu "ninho", sem dúvida significa seus filhos 
26 
 
jovens, que, como bebês humanos passam 
muito do seu tempo dormindo. Mas, a hora de 
alimentação vem e eles precisam ser 
despertados. O bico e a garra do pássaro mãe 
rapidamente quebram seu sono. Embora 
nascido da águia, e vivificado pelo sangue da 
águia; embora embalado no "penhasco de uma 
rocha", e para contemplar o sol, contudo muitas 
vezes os olhos e as asas da águia caem. Assim, 
muitas vezes, o povo do Senhor adormece. 
Agora, como a águia agita seu ninho, assim 
também o Senhor desperta Seu povo. Eles 
adormecem, entram em um estado sonolento 
de alma; suas afeições vagueiam para longe do 
Senhor, mas, embora ainda sobre a Rocha, seus 
olhos não olham para o Sol da justiça, mas caem 
e afundam em sono. 
Mas, o Senhor os deixa assim? Não, Ele os agita. 
Ele emprega principalmente, duas maneiras 
para fazer isso. 
Às vezes Ele usa aflições. Talvez estejam 
sonolentos em suas almas como alguns de meus 
ouvintes podem agora estar em seus corpos. 
Mas, o Senhor envia alguma aflição 
estimulante. Sua mão cai pesadamente sobre 
seus corpos, ou suas famílias, ou suas 
27 
 
circunstâncias, ou sobre suas consciências, pois 
geralmente em uma destas quatro maneiras o 
Senhor desperta Seu povo sonolento, quando 
Ele o coloca sob a vara da aflição. A aflição tem 
agora uma voz, e este é o seu grito, "Desperta, 
você que dorme." "O que fazes aqui, ó 
dorminhoco? Levanta-te, invoca o teu Deus." O 
grito atinge seu coração, e sacode o sono de seus 
olhos e membros. 
O outro instrumento principal nas mãos do 
Senhor, para agitar o ninho adormecido é a 
garra de um ministério experimental e busca de 
coração; não para rasgar, porém despertar, para 
passar entre as penas, mas não para rasgar a 
carne. Como o povo do Senhor precisa ser 
agitado! Como precisam de um ministro para 
procurá-los até o seu mais profundo! Eles não 
requerem a canção de ninar do bebê, mas a 
trombeta de alarme na montanha sagrada, para 
que os guardas de Sião toquem em voz alta: 
"Despertai, despertai, levantai-vos, ó Jerusalém"; 
e despertá-los daquela torpeza em que tão 
frequentemente afundam. O uso principal de 
um ministério do evangelho é estimular o povo 
de Deus. Pedro pensou que cabia, enquanto 
estivesse no tabernáculo do corpo, "estimular" 
28 
 
os irmãos, e diz que "em ambas as epístolas ele 
despertou suas mentes por meio da lembrança". 
Um fogo logo se apaga, a não ser que seja 
agitado, e assim o fogo de Deus na alma 
morrerá, a menos que continuamente seja 
agitado. Durante toda a semana você está 
ocupado com negócios, você vive talvez em um 
turbilhão de clientes onde o dinheiro, o 
dinheiro, o dinheiro engole todo o tempo do 
empregador e empregado, ou se não for assim, 
os cuidados e as ansiedades de uma família, e a 
carnalidade de sua própria natureza, combinam 
juntos para enterrá-lo quando estava vivo. Estas 
coisas não devem ser assim, mas é para ser 
temido, que muitos estejam em tal condição. 
Agora, no Dia do Senhor, ser capaz de ouvir o 
evangelho, de assistir a um ministério 
experimental é muitas vezes, um meio 
abençoado de despertar a alma e ressuscitá-la 
do sono de seis dias. É uma má marca desprezar 
ou negligenciar um ministério evangélico. É a 
própria ordenança de Deus, portanto não pode 
ser desprezado ou negligenciado com 
impunidade. 
Quase quatro anos atrás, fui posto de lado, sem 
pregação, por doença durante oito meses, e 
29 
 
nessa aflição aprendi uma lição importante, se 
não havia outra; o benefício de um ministério 
evangélico. Sendo eu mesmo um ministro, e 
sentindo muito minhas próprias deficiências no 
ministério, eu confessei que não atribuí um 
valor suficiente a essa ordenança. Fiquei muito 
impedido de fazê-lo por esse sentimento, de que 
atribuir importância ao ministério era dar 
importância a mim mesmo. Mas, embora muito 
indisposto com a fraqueza no peito para pregar, 
pude assistir à capela durante boa parte daquele 
tempo, como ouvinte de homens tão graciosos 
que estão neste púlpito. 
É uma circunstância singular que, durante esse 
período, minha dádiva para o ministério, se eu 
tiver alguma, fosse tão completamente 
removida como se nunca tivesse pregado em 
minha vida. Isto parou toda a crítica, porque eu 
sentia, no que eu ouvia do púlpito, que estava no 
púlpito, mas não teria uma palavra a dizer. Este 
sentimento singular, combinado com muita 
depressão de mentee corpo, me fez um ouvinte, 
penso eu, menos disposto a criticar do que 
qualquer um em todo o lugar. Sendo, espero, 
neste quadro infantil, e tão preparado para 
ouvir, descobri que havia um benefício no 
30 
 
evangelho pregado, tal como eu nunca antes 
apreendi, que me despertou, trouxe sentimento 
ao meu coração, acendeu a oração, e pareceu 
fazer a minha alma realmente despertada. 
Desde então, sendo restaurado ao púlpito, e a 
porta de expressão sendo mais uma vez aberta, 
tenho atribuído mais valor, não propriamente 
ao meu, mas ao ministério do evangelho, 
geralmente como uma ordenança de Deus. 
Então, sob um ministério sonoro e 
experimental, se houver vida e temor de Deus 
no coração, ele a atrai; se houver alguma 
experiência, ela é trazida à luz; a vida nova é 
acesa na alma, a fé, a esperança e o amor são 
ressuscitados, e a obra de Deus sobre o coração 
se torna clara. 
Assim, como a águia agita seu ninho, assim 
também o Senhor desperta a obra da graça 
sobre o coração de Seu povo. E, se eu posso 
julgar por meus sentimentos neste púlpito, devo 
pensar que você, em Londres, quer muito 
despertar; infelizmente, temo que suas almas 
estejam em um estado muito sonolento, morto 
e turbulento, e que desejem algumas aflições 
excitantes e afiadas das ações de Deus para lhes 
31 
 
estimular, e lhes tornar vivos nas coisas da 
eternidade. 
B. "Como uma águia agita acima de seu ninho, e 
voeja sobre seu filhote." A palavra "voeja" é a 
mesma palavra que é traduzida como "movida" 
Gên 1: 2. "O Espírito de Deus movia-se sobre a 
face das águas." 
Há algo extremamente expressivo na palavra. O 
Espírito de Deus pairava com um movimento 
agitado sobre as águas, e impregnava o caos com 
a vida. Então, a águia quando volta de perseguir 
sua presa, primeiro "agita" sua ninhada que 
estava dormindo, e suavemente movendo-se 
sobre seu ninho, aninha-se com movimento 
trêmulo de asa sobre o seu filhote, infundindo 
calor e vida em seu corpo frio, por sua longa 
ausência. 
Que bela figura é esta, para estabelecer o 
retorno do Senhor à alma que adormeceu, e 
ficou gelada de frio quando Ele esteve ausente! 
Cristo, lemos, "acalentamos", ou como a palavra 
significa, "aquece com seu corpo", "a igreja" (Ef 
5:29). 
32 
 
Esvoaçando pelo espírito abençoado com 
movimentos delicados sobre a alma, comunica-
lhe a animação e o calor. Agitar e estimular a 
vida de Deus na alma são os dois principais usos 
de um ministério evangélico. Veja se você pode 
rastrear esses dois efeitos do evangelho pregado 
em sua alma. 
Você não está às vezes agitado? E às vezes, seu 
coração não bate responsivo ao som alegre, 
palpita e vibra sob as doces palavras da graça do 
evangelho, enquanto caem com a unção divina 
em seu coração? As águias também não vibram? 
Será que o noivo vibra, e não a noiva quando 
suas mãos estão entrelaçadas? 
Assim, a alma do crente vibra e palpita em 
movimento responsivo ao Espírito abençoado. 
Procure estas duas coisas sob um evangelho 
pregado. Quão diferente é a vida e o sentimento 
sob a palavra pregada, é como sentar-se sobre 
blocos de gelo! 
C. "Espalha para fora suas asas." Para que ela 
possa abrigar toda a ninhada. 
Alguns dos filhotes estão no centro do ninho, e 
outras no fim, mas a águia não negligencia 
33 
 
nenhum. Há aqueles que se encontram mais 
perto de seu peito, como há aqueles da família 
de Deus que são condescendentes em mais 
íntima comunhão com Ele; como o apóstolo 
João, que se apoiam no Seu peito. Mas, a águia 
espalha as asas sobre todo seu ninho, de modo a 
rodear a extremidade, bem como o centro, 
comunicando assim calor a cada filhote. 
Cristo faz isso pelo ministério do evangelho, 
porque alcança ou deve chegar a todos; deve vir 
a cada pessoa, e entrar em cada experiência. Ou, 
se aqui o ministério do homem é defeituoso, 
assim não é a palavra da verdade. O evangelho 
da graça de Deus expande suas asas benignas 
sobre toda a eleição da graça. Do centro à 
extremidade, desde o seio de Deus até os confins 
da terra, as asas do amor eterno abraçam tudo; 
de Paulo no terceiro céu a Jonas na barriga da 
baleia. Se você não tem todo o calor do peito, 
você tem como uma águia, a proteção da asa. 
D. "Toma-os, carrega-os em suas asas." Da águia 
é dito aqui, que "toma" seus jovens, isto é, nós 
podemos nos recolher à borda do ninho. 
As águias que agora estão no ninho, um dia se 
espalharão, e voarão para o exterior, no céu, mas 
34 
 
agora, quando olham para o ninho e para o 
precipício íngreme no qual se erguem os olhos, 
seus corações recuam com terror. Mas, a águia 
lhes ensina a olhar para o precipício, para que 
aprendam a medir sua profundidade, e não o 
temam. 
Assim, o Senhor leva Seu povo, às vezes, a olhar 
para o precipício da eternidade. Estão ainda 
seguros no ninho debaixo das Suas asas, mas às 
vezes, em momentos solenes como na doença, 
eles se encolhem da morte e da eternidade. Eles 
recuam do precipício insondável e encolhem de 
volta para o ninho. Mas, a águia os mantém 
firmes à vista, até que sejam encorajados por sua 
presença e calor vibrante a olhar para baixo sem 
medo. 
Ela os faz testar sua força, e para sustentá-los em 
sua fuga, "os carrega em cima de suas asas." 
Carrega-os em suas costas, onde estão seguros. 
Assim, o Senhor nos Seus tratos graciosos com 
o Seu Israel, quando os faz olhar para a 
eternidade, e eles se encolhem da vista, leva-os 
sobre Suas asas, e remove o medo da morte, até 
que os ensina a voar para longe, e voar para o 
alto das nuvens do céu. 
35 
 
E. Então, para mostrar como isto é inteiramente 
do Senhor, Ele acrescenta: "Então o Senhor, 
sozinho, o guiou". Ele não compartilharia a 
honra com ninguém. "E não havia deus estranho 
com ele." 
Ele não permitiria que qualquer deus de cinzas 
interferisse, porque é um Deus zeloso. "Só o 
Senhor o guiou ". Ele não teria nenhum intruso; 
Jesus não tem rival. Israel não se conduziu, nem 
foi guiado pelo homem, mas só o Senhor, em 
Sua providência e graça o conduziu, instruiu-o, 
guardou-o como a menina do Seu olho, e foi 
para ele tudo o que a águia é para a sua ninhada. 
O livre arbítrio não teve nenhuma mão neste 
assunto; a força humana não interferiu; a 
virtude da criatura nunca foi permitida interpor. 
Todos estavam ainda como uma pedra, quando 
Israel passou. Deus fez toda a obra, para que 
tivesse toda a glória. Ele começou, continuou, 
completou, porque "somente o Senhor o guiou, 
e não havia deus estranho com ele". 
Oh, quão abençoadamente o Senhor toma todo 
o assunto em mãos! E com que segurança 
conduz o Seu povo! Como eles são seguros! Se 
Ele os guardar como a menina de Seu olho, 
qualquer coisa pode realmente machucá-los? 
36 
 
Se os conduz, eles podem estar errantes? Se os 
instrui, eles podem permanecer na ignorância? 
Se os agita, eles podem ficar tontos? 
Se flutuar sobre eles, não sentirão o suave 
movimento de seu peito? Se os tomar, eles não 
devem ser levados? Se os apoiar, eles não devem 
ser sustentados por suas asas? 
"Sim", você diz, tudo é verdade; eu acredito em 
cada palavra, mas isto é o que eu quero; sentir na 
minha alma que sou uma das pessoas para quem 
o Senhor mostra tanta misericórdia! Mas, você 
não pode traçar em sua experiência algo que 
corresponde à experiência descrita no texto - "O 
deserto", "o desperdício”, “o uivo no ermo", 
"conduzido sobre"? 
Você não pode ver como, na providência de 
Deus, você foi levado, e como, na graça de Deus, 
você foi trazido passoa passo? Você não pode ver 
também como foi instruído? 
Embora possa conhecer pouco, mas você não foi 
ensinado sobre esta e aquela lição, de forma 
gradual e às vezes dolorosa? Não vê como o 
37 
 
Senhor lhe guardou como a menina dos Seus 
olhos, e lhe preservou até hoje? 
Às vezes lhe agita sob o ministério do evangelho, 
e às vezes por aflição dolorosa; como Ele lhe 
sustenta e levanta suas afeições para as coisas 
do alto, e às vezes dá-lhe um doce gole de Seu 
amor, um antegozo da alegria eterna?. 
Agora, se você encontrar algo disto 
acontecendo em seu coração, não é esta a 
própria maneira de ler o seu nome gravado 
neste monumento de amor eterno? Mas, esse 
sentimento talvez crie dúvidas e medos em sua 
alma, que você não é tudo, ou mesmo em muitos 
pontos, o que acredita que um cristão deve ser. 
Há coisas em você que o afligem e entristecem; 
você não pode pensar como faria, nem falar 
como deveria, nem agir como poderia. Há 
sempre alguma coisa ou outra errada que 
parece ferir e perturbar sua mente. Será assim 
até o fim. O coração é, na melhor das hipóteses, 
um Saara - um deserto selvagem uivante. 
Alguma coisa boa crescerá lá? Se algo pudesse 
por natureza crescer ali, deixaria de ser um 
deserto. Se o vento pestilento nunca uivasse 
38 
 
sobre ele, se o chacal nunca uivasse em busca de 
sua presa, deixaria de ser um deserto selvagem 
uivante. A natureza não sofre mudanças. 
Mas, que misericórdia é encontrar neste 
deserto; neste deserto árido uivante, alguns 
sendo cercados, guardados, instruídos, 
movidos, carregados sobre as asas de águia. Não 
olhe para o deserto; você sempre verá nele nada 
além de desolação, mas veja se não há alguns 
dos tratos graciosos de Deus e ensinamentos 
com sua alma no deserto; e se você encontrar a 
sua pessoa no texto, seu nome está no livro da 
vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
A Armadura Completa 
de Deus 
 
 
 
Título original: The Whole Armor of God 
 
 
 
 
Por J. C. Philpot (1802-1869) 
 
Traduzido, Adaptado e 
Editado por Silvio Dutra 
 
 
 
 
Jan/2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 P571 
 Philpot, J. C. – 1828 -1901 
 A armadura completa de Deus / J. C. Philpot (1802- 
 1869) / Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio 
 de Janeiro, 2017. 
 37p.; 14,8 x 21cm 
 Título original: The Whole Armor of God 
 
 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, 
 Silvio Dutra I. Título 
 CDD 230 
 
41 
 
"Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para 
que possais resistir no dia mau e, tendo feito 
tudo, permanecer firmes." (Efésios 6:13). 
Todo filho de Deus é um verdadeiro soldado. 
No exército cristão, não há cama de penas, nem 
soldados virtuais. Todos são combatentes reais. 
Os seus inimigos não são reais? Carne e sangue 
não são reais? O mundo não é real? E Satanás 
não é real? Um verdadeiro diabo? E se seus 
inimigos são reais, o conflito com seus inimigos 
deve ser real também. "Toda batalha do 
guerreiro", lemos, "é com roupas 
ensanguentadas". E tal é "o bom combate da fé". 
Não é uma luta que seja uma farsa, mas uma 
batalha de corpo a corpo, em que as feridas são 
infligidas, sangue derramado, e vida, de acordo 
com nossos sentimentos, muitas vezes em jogo. 
Mas, como seremos capazes de lutar nesta 
grande batalha, e assim resistir aos inimigos da 
salvação de nossa alma, e sair mais do que 
vencedores? Fracos e indefesos como somos, 
sem uma arma de bom temperamento e força 
suficientes por causa do pecado, somos como os 
filhos de Israel, "tornados nus para a sua 
42 
 
vergonha entre os seus inimigos" (Êx 32:25), e 
devemos cair derrotados. Temos algumas 
armas melhores do que o nosso próprio arsenal 
pode fornecer. Deus, que conhece a força de 
nossos inimigos, que conhece a fraqueza de 
nossa carne tem, portanto fornecido o 
armamento celestial por meio do qual, e 
somente por ele, podemos fazer uma posição 
eficaz. 
Dessa armadura celestial o apóstolo fala no 
texto, onde, dirigindo-se a seus irmãos cristãos, 
diz; "Portanto, tomai toda a armadura de Deus, 
para que possais resistir no dia mau e, tendo 
feito tudo, permanecer de pé." 
Ele aqui, torna imperativo que eles não tomem 
partes, mas "toda a armadura de Deus", 
assegurando-lhes que é indispensável para sua 
segurança; que só vestindo toda a armadura 
podem "resistir no dia mau", quando todos os 
poderes da terra e do inferno estão dispostos 
contra eles, e que mesmo assim, quando 
tiverem a força daquela armadura celestial ou 
vencerem tudo, não devem retirá-la porque 
ainda vão precisar dela para permanecer firmes. 
43 
 
Ao abrir as palavras do nosso texto, procurarei, 
com a bênção de Deus, 
I. Primeiro, descrever a armadura celestial; suas 
várias peças e acessórios, indispensáveis ao 
soldado cristão. 
II. Em segundo lugar, mostrar como essa 
armadura celestial é tomada, vestida e usada. 
I. Uma descrição da armadura celestial; suas 
várias peças e acessórios indispensáveis ao 
soldado cristão. Para fazer justiça ao nosso texto 
será necessário que eu tome, uma por uma, 
estas várias peças da armadura celestial, pois 
diz; "Portanto, tomai toda a armadura de Deus". 
Se eu, como combatente estou sem uma parte 
desta armadura, corro o risco da derrota; e se eu, 
como ministro, ao abrir este texto omitir uma, 
estarei sendo muito infiel em negligenciar uma 
parte que pode ser para nossa defesa espiritual. 
Como cristão, então, e como ministro devo 
tomar o todo, sendo todas as partes igualmente 
indispensáveis. 
1. A primeira parte da armadura celestial de que 
o apóstolo fala é, o cinturão - "Estai, pois, firmes, 
tendo cingidos os vossos lombos com a 
44 
 
verdade." Os lombos, ou parte inferior das costas 
é o assento de força, bem como de atividade e 
movimento. Nenhum peso muito pesado pode 
ser levantado por um homem, e nenhum 
trabalho duro pode ser executado, a menos que 
ele seja forte. O profeta, portanto diz; "Fortalecei 
vossos lombos, fortalecei poderosamente a 
vossa força" (Naum 2: 1). Do hipopótamo, lemos, 
"Sua força está em seus lombos" (Jó 40:16). Esses 
lombos são a sede da atividade e da força, e 
precisam ser guardados por uma peça da 
armadura celestial, para que Satanás não faça 
um ataque mortal ali. Se ele conseguir um golpe 
em nossos lombos desprotegidos, paralisará 
todos os movimentos. Um golpe aqui, de modo a 
alcançar a espinha dorsal, prostrará 
certamente. "Fere os lombos dos que se 
levantam contra ele e o odeiam, para que nunca 
mais se levantem." (Deut 33:11). Precisamos, 
portanto, ter nossos lombos cingidos com uma 
peça de armadura celestial que deve 
efetivamente protegê-los desses golpes 
paralisantes. 
Este cinto celestial é a "Verdade". Que verdade? 
Por "verdade" aqui, podemos entender, eu acho, 
duas coisas: 
45 
 
Primeiro, a sinceridade geralmente cristã; 
"Verdade", como fala o salmista, "nas partes 
interiores" - Salmo 51: 6. A retidão do coração 
está na base de toda a verdadeira profissão 
cristã. Se um homem não tem sinceridade 
interior, ele nada tem. Nossos lombos, portanto, 
ou a sede da força e da atividade, precisam, 
nesse sentido,de serem apertados com o que o 
apóstolo chama de "simplicidade e sinceridade 
divina" (2 Cor 1:12). Se houver insinceridade em 
nossa profissão; ó que vantagem é dada a 
Satanás! Um golpe de sua mão contra nossa 
profissão, quando não há consciência de 
sinceridade, deve ser fatal. Ele feriu a Judas, a 
Saul e a Aitofel, e não mais se levantaram. 
Contra esses golpes fatais, precisamos de um 
cinturão de verdade, para ser sincero diante de 
Deus, ter a verdade em nossas partes interiores, 
e, pelo ensinamento do Espírito Santo, sermos 
retos em nossa profissão cristã. "Eu era reto 
diante dEle, e me mantinha longe da minha 
iniquidade." 
Mas podemos observar ainda, que os antigos 
usavam vestes soltas, e como muitas vezes 
estavam impedindo seus movimentos em seu 
caminho, eles as mantinham apertadas ao redor 
46 
 
de seu corpo por um cinto, portanto, somos 
continuamente impedidos pelo vestido frouxo 
da incredulidade. "O o pecado que tão 
facilmente nos acomete", como o apóstolo 
chama, aludindo a ele como uma roupa pesada, 
se agarra aos membros e impede todos os 
movimentos livres. Mas, quando os lombos 
estão repletos de sinceridade e verdade, ele os 
sustenta com atividade e força. 
Mas, em segundo lugar, a palavra "verdade" 
também é usada num sentido mais particular e 
restrito para significar a verdade cristã, "a 
verdade como está em Jesus". Um homem pode 
estar sinceramente errado. Você acha que não 
há sinceridade, senão a que Deus implanta? Não 
são muitos papistas sinceros? Muitos islamitas 
sinceros? Muitos destituídos de graça, e 
amargamente opostos à obra do Espírito, não 
são sinceros? Sim, certamente. Não 
espiritualmente, mas naturalmente sinceros. 
Veja as multidões de pessoas que este dia vão à 
igreja onde a verdade não é pregada; devemos 
fazer uma ampla varredura com todos eles, e 
dizer, que são todos hipócritas e desonestos, que 
estão fazendo isso para serem vistos pelos 
homens? Não ouso dizer isso. A sinceridade 
47 
 
cristã é uma coisa; a sinceridade natural outra. 
Não foi Saulo de Tarso sincero? E os 
marinheiros que jogaram Jonas ao mar, não 
foram também? 
Mas, a própria sinceridade espiritual em 
conflitos mortais com o pecado e Satanás, não é 
suficiente sem um conhecimento da "verdade 
como está em Jesus". Os jovens convertidos são 
espiritualmente sinceros, mas quão incapazes 
de lutar nesta grande batalha! 
A verdade então, como revelada no evangelho 
da graça de Deus deve ser o fundamento de 
nossa força espiritual. Não podemos lutar 
contra Satanás com mentiras. Se lutamos contra 
ele, deve ser com a verdade. A verdade do 
evangelho revelada à alma e aplicada ao 
coração, e à consciência pelo Espírito Santo, 
deve ser o cinturão para fortalecer e guardar os 
lombos no dia da batalha. 
2. Passamos a considerar a segunda peça da 
armadura cristã, "a couraça da justiça". Agora, 
como os lombos são a sede da atividade e da 
força, assim o peito é o assento do coração, a 
fonte do sangue que impulsiona através de cada 
48 
 
artéria e dos pulmões, que alternadamente 
inspiram e expiram o ar vital do céu. Estas são 
duas partes vitais. Precisamos, portanto, de ter 
este duplo assento de vida especialmente 
seguro. 
Espiritualmente visto, o CORAÇÃO pode 
representar duas coisas; em primeiro lugar a 
consciência, e em segundo lugar os afetos. 
Agora todas estas partes vitais, a sede peculiar 
da vida e do sentimento, o domínio especial da 
religião do coração precisam ser cobertas com 
um peitoral celestial, pois se Satanás pudesse 
perfurar qualquer um desses, esse golpe seria 
fatal. 
Mas quantas vezes ele aponta seu golpe contra o 
coração, como a sede da CONSCIÊNCIA! E se 
pudesse, por meio de golpes mortíferos naquele 
ponto sensível, mergulharia a alma no 
desespero! Se ele estivesse completamente 
desprotegido, lançaria dardo após dardo, e 
atiraria seta após seta na consciência, até que a 
fizesse sangrar até a morte. Precisamos então, 
ter a consciência guardada por uma peça da 
armadura celestial. Isto é fornecido pelo 
49 
 
"peitoral da justiça"; não a nossa própria, mas a 
justiça imputada de Cristo. 
Deixe que Satanás ataque o peitoral, se ele 
quiser. Ele não poderia perfurá-lo quando usado 
pelo capitão de nossa salvação, embora no 
deserto e no jardim, ele o empurrou 
severamente, como o Senhor diz; "Com força me 
impeliste para me fazeres cair, mas o Senhor me 
ajudou." (Salmo 118: 13). Deixe-o atacar agora 
como contra o peitoral usado pelo soldado. É o 
mesmo que golpear contra uma parede de sílica, 
contra um peitoral de aço. Se esse peitoral 
estiver bem ajustado, deixe que ele acuse, 
deixe-o tentar desesperar e diga: seus pecados 
são muito grandes para serem perdoados, você 
tem recuado além de toda esperança de 
recuperação, você não tem religião real; seu 
começo estava errado, o meio estava errado, e o 
fim será errado; você é apenas um hipócrita que 
morrerá em desespero, porque não há temor de 
Deus em seu coração. Estes são alguns dos 
"dardos ardentes" de Satanás contra a 
consciência. Se colocarmos a nossa própria 
justiça para nos proteger destes golpes, esta é 
apenas um peitoral de vime que o primeiro 
dardo ardente vai colocar em chamas, ou o 
50 
 
menor golpe a atravessará. Precisamos de uma 
couraça de aço, não de vime, como nossos 
próprios dedos podem criar, mas a justiça de 
Cristo imputada, como Deer diz justamente; 
Justiça em você enraizada, 
Pode aparecer para tomar sua parte; 
Mas que a justiça imputada, 
Seja o peitoral do seu coração. 
E as nossas Afeições também, porque o coração 
não é apenas o assento da consciência, mas o 
assento dos afetos. Que dardos ardentes Satanás 
pode jogar em nossas afeições! Que luxúria 
pode acender através do olhar! Que amor ao 
mundo, que desejo de ganho ganancioso, que 
imaginação sensual pode acender em uma 
chama! Mesmo as ternas afeições que adoçam o 
amargo cálice da vida; as relações sociais de 
marido e mulher, pai e filho, como ele pode 
distorcer até mesmo isto, e perverter em 
idolatria os laços mais sagrados! O amor 
excessivo de Davi por Absalão quase lhe custou 
seu trono e sua vida. Eli amou seus filhos até que 
51 
 
os arruinou, e trouxe uma maldição sobre sua 
casa. 
Ainda mais, as afeições celestiais em si; os 
desejos puros, o amor celestial da própria 
implantação de Deus precisam ser guardados. 
Somente estas afeições da couraça da justiça de 
Cristo podem nos guardar e preservar puros, 
santos e ternos, para que a chama sagrada possa 
sempre ser queimada sobre o altar de um 
coração quebrantado. 
Mas o peito é também o assento dos PULMÕES, 
esse órgão importante da vida, pelo qual 
alternadamente inspiramos e expiramos o 
sopro do céu. Isso pode representar, num 
sentido espiritual; 
1. A inspiração, ou respiração do Espírito de 
Deus, pelo qual nós atraímos o sopro do céu, 
"Vem dos quatro ventos, ó Espírito" (Eze 37: 9). 
2. A expiração destes desejos celestiais pelos 
quais a alma se derrama diante de Deus, em 
busca de seu favor e presença. 
Esta inspiração e expiração, essas entradas e 
saídas de vida divina precisam ser cobertas pela 
52 
 
couraça da justiça, pois em breve, Satanás 
lançaria um dardo pelos pulmões para parar 
toda inspiração do favor de Deus, e toda 
expiração de desejo, gratidão ou louvor. Mas, 
nossa própria justiça... que defesa pobre ela é! 
Ela pode proteger o lugar vital dessas operações 
celestes? Mas, quando a couraça inexpugnável 
da justiça imputada de Cristoé recebida pelas 
mãos de Deus, encaixada no seio e firmemente 
entrelaçada; a consciência, as afeições e a vida 
de Deus estão todas protegidas como por uma 
armadura impenetrável. 
3. Mas, passemos aos pés. "Seus PÉS calçados 
com a preparação do evangelho da paz." Há uma 
armadura para as pernas e os pés, pois estes 
também podem ser atacados pelo Príncipe das 
trevas. Os pés têm que pisar frequentemente em 
caminhos poeirentos e pedregosos, e andar 
entre espinhos e laços. Na guerra antiga, os pés 
descobertos podiam ser feridos por uma arma 
chamada catapulta, que lançava bolas com três 
pontas de ferro, e se espalhavam no chão. 
Por "os pés", podemos compreender 
espiritualmente nossa caminhada e conversa. 
Contra isto, Satanás pode ter um impulso 
53 
 
terrível. Ele aponta para qualquer lugar não 
protegido; às vezes nos lombos, a sede da força e 
da atividade; às vezes no coração e nos pulmões, 
a consciência, os afetos e a vida de Deus; às vezes 
nos pés, a caminhada, a conduta e a conversa. 
Aqui está uma de nossas maiores tentações; 
oremos para que Satanás não nos entrelace em 
nada vergonhoso, inconsistente ou impróprio! 
Ó como parecemos andar em meio a armadilhas 
e tentações! E como Satanás está apontando 
golpes mortíferos em nossas pernas e pés, para 
feri-los e derrubar-nos. Precisamos então, de 
calçados que alcancem metade das pernas, a fim 
de protegê-los desses ataques mortíferos de 
Satanás. E o que Deus providenciou? 
"A preparação do evangelho da paz". Há algo 
muito doce e expressivo, embora talvez à 
primeira vista, obscuro, na palavra "preparação". 
Parece-me transmitir a ideia de que o 
"evangelho da paz" está preparado para os pés e 
as pernas. Não é um sapato de couro solto que 
pode ser chutado e ligado, não um chinelo velho 
e frágil, mas uma bota apertada, firme, forte - 
"Seus sapatos serão de ferro e bronze". Isso se 
encaixa estreita e firmemente ao redor da 
54 
 
perna, e é "a preparação do evangelho"; a perna 
e o pé preparados para o evangelho e o 
evangelho preparado para a perna e o pé. 
Assim, o apóstolo não nos envia para o Sinai para 
obter um sapato daquela montanha de fogo, 
nem para o ferreiro de Moisés e Aarão, para que 
eles possam forjar uma peça de armadura a fim 
de proteger e guardar nossa vida, caminhar e 
conversar. Mas, ele nos envia ao evangelho, "a 
preparação do evangelho da paz"; não a lei da 
guerra, mas o evangelho da paz. Aqui estará 
firme. Estar em paz com Deus através deste 
evangelho dá apoio firmemente. 
Para ser calçado corretamente, o pé não deve 
estar nem na bota apertada da lei, nem no 
chinelo solto de "nossa própria obediência", mas 
no firme e ainda flexível, forte, mas suave, leve e 
ainda impenetrável sapato do evangelho. 
E observe, é "o evangelho da paz", não de 
disputas e brigas. Obtenha apenas uma doce 
sensação de paz em seu coração para que o 
evangelho da paz atinja a sua alma, e você 
encontrará uma peça de armadura que 
guardará a vida, a conduta e a conversa, e será 
55 
 
sua melhor preservação neste deserto das 
investidas de Satanás em sua caminhada diária. 
4. Para tornar a armadura completa, antes de 
passar para o escudo, vou em seguida tomar em 
ordem "o CAPACETE da salvação", que é para 
cobrir a cabeça. A cabeça, podemos considerar, 
como a sede de duas coisas especiais; 
1. De energia, atividade, autoridade, movimento. 
2. Compreensão e sabedoria. 
Agora, Satanás aponta seus golpes mortais em 
nossa cabeça, às vezes para destruir e paralisar 
toda energia e movimento, toda vida e 
sentimento nas coisas de Deus, e às vezes, para 
confundir nosso entendimento nos empurra 
para algum erro ou nos atrai para alguma 
heresia. Quão impressionante é um golpe na 
cabeça, quando desprotegida por qualquer 
defesa! Toda energia e movimento cessam. 
Assim na graça. Se a nossa cabeça não fosse 
guardada, como seríamos atordoados e 
paralisados pelos golpes de Satanás! E podemos 
observar que há uma relação íntima entre a 
consciência e a energia; já que é o mesmo órgão, 
56 
 
o cérebro, que apreende, comunica influência a 
cada músculo. Se Satanás pode confundir nossa 
mente, então como ele paralisa todos os 
mecanismos do movimento! 
Sua mente, às vezes, não foi tristemente tentada 
por doutrinas erradas? Quando você já ouviu 
falar de algum erro mortal, não houve algo nele 
que parecia agarrar sua mente e compreensão 
carnal, de modo que parecia quase verdade? 
Agora, aqui está Satanás confundindo a mente, 
impressionante e desconcertantemente com 
seus erros plausíveis. Que grande necessidade, 
temos de uma peça de armadura para guardar a 
cabeça. E nós a temos provida por Deus; "o 
capacete da salvação". 
Mas, por que o "capacete da salvação" é tão 
apropriado para a cabeça? Porque toda a 
verdade contém nela a salvação, e todo o erro 
envolve nele a condenação. Não há erros 
insignificantes. Todos os erros, examinados à 
raiz, são fatais. Satanás nunca se preocupa em 
introduzir um erro sem importância; seus 
golpes estão na cabeça. Se você examinar cada 
erro que surgir no exterior, verá que ele está 
sempre voltado para Cristo, para negar Sua 
57 
 
divindade, Sua verdadeira filiação, a eficácia de 
Seu sangue, a imputação de Sua justiça, a 
verdade de Sua graça, o poder de Sua 
ressurreição; ou de alguma forma para destruir 
o crescimento na salvação completa, através da 
Pessoa, trabalho e sangue de Jesus. 
Como Satanás, então, aponta esses golpes 
mortais em nossa cabeça para confundir nosso 
julgamento! Precisamos de uma peça de 
armadura para protegê-la, que é aqui chamada 
de "capacete da salvação". 
Um filho de Deus se torna muito terno com a 
verdade. Separar-se da verdade é separar-se da 
vida; abraçar o erro é abraçar a morte; e quanto 
mais vive em comunhão com Cristo, mais 
valorizará "a verdade como está em Jesus". 
Nunca desista da verdade. Se você desistir da 
verdade, o que há então para salvar sua alma? 
Mas "o capacete da salvação" deve ser colocado 
e usado; e ele é usado quando a salvação é posta 
como está na Pessoa do Filho de Deus. Salvação 
pela graça. O que, senão isso somente pode 
proteger a cabeça no dia da batalha? Mantenha-
a firmemente apoiada ao redor de suas 
têmporas. O legalismo e a autojustiça, a heresia 
58 
 
e o erro irão atacar, mas nada poderão fazer 
contra você com o capacete da salvação. 
5. A próxima peça da armadura que eu tomarei é 
"o ESCUDO da fé". Vimos o corpo guardado por 
todos os lados, exceto, como cria Bunyan, que 
"não há armadura para as costas". De qualquer 
forma, vimos o corpo guardado na frente, pois é 
uma batalha frontal; um cara a cara, mão a mão, 
pé a pé, ombro a ombro. Vimos os lombos, as 
pernas, os pés, o peito e a cabeça protegidos, 
mas pode haver talvez alguma parte não 
protegida. Temos de lutar com um inimigo 
muito hábil, que vigia todos os movimentos e 
todos os lugares sem guarda, para dar um golpe 
mortal. Precisamos então, de uma peça de 
armadura defensiva a mais, que nos tempos 
antigos era muito útil; o escudo, de modo que, 
olhando por todos os lados onde os dardos 
voarem, possamos opor-nos num instante. 
Este escudo é "o escudo da fé". Quão necessário 
é isso! O que somos, onde estamos, como 
podemos lutar por um único momento, quando 
a incredulidade parece ganhar poder e 
prevalência? 
59 
 
Desfalecemos, afundamos, não temos forças 
para levantar um dedo, quando a incredulidade 
e a infidelidade funcionam tão poderosamente 
em nossa mente carnal. Como precisamosdo 
escudo da fé; da fé no exercício vívido, para que 
possa ser contra Satanás, venha de qualquer 
lugar que ele possa vir, empurrando de 
qualquer lado que ele quiser! 
Este escudo de fé é "acima de tudo" ou "sobre 
tudo", de modo a proteger qualquer parte que 
não esteja protegida, e a guardar todas as 
porções desprotegidas. Mas, uma razão é 
especialmente mencionada, "assim poderemos 
apagar todos os dardos de fogo do maligno." 
Os antigos estavam acostumados a empregar 
"dardos ardentes", isto é, flechas com suas 
pontas acesas, que eram atiradas contra seus 
inimigos. Como isso representa belamente os 
dardos de fogo de Satanás! Suas injeções 
blasfemas e obscenas usadas para incendiaram 
a mente carnal! Como as flechas ardentes 
usadas pelos antigos, onde quer que furassem, 
seria incendiado. Mas, mesmo com toda a nossa 
força, nós não podemos resistir a esses ardentes 
dardos do diabo, essas infelizes sugestões 
60 
 
blasfemas, essas terríveis injeções que este 
Príncipe das trevas atira na mente carnal. 
Precisamos da armadura celestial e do escudo 
da fé, para não dar crédito às mentiras de 
Satanás, porém quando vierem os dardos 
ardentes, devemos segurar o escudo, para que 
elas possam gastar toda a sua força nisso, e essas 
mentiras não possam incendiar. Nossa mente 
carnal é muito inflamável, o dardo menos 
ardente pode colocá-la em chamas, mas não é 
assim com o escudo da fé, que é feito de 
materiais que podem neutralizar todos os 
dardos ardentes. 
Quando acreditamos que nosso interesse 
salvador no Filho de Deus, que nosso nome está 
no livro da vida, que Deus é nosso Pai, Cristo 
nosso Irmão, o Espírito Santo nosso Amigo e 
Mestre; quando podemos acreditar que tudo o 
que Satanás diz é mentira, que todas essas 
imaginações são apenas seus artifícios, que 
todas essas obras baixas são de sua fabricação, 
que todos esses pensamentos vis são por sua 
sugestão, e não tomá-los como nossos próprios 
quando podemos assim sustentar "o escudo da 
fé"; eles caem, eles não alcançam a alma; não 
encontram materiais que possam inflamar. Eles 
61 
 
caem extintos pelo "escudo da fé". Mas, comece 
a duvidar, a temer e afundar, acreditando em 
tudo o que Satanás sugere; caia em seus 
raciocínios carnais, para ouvir suas sugestões 
infiéis e dar lugar a seus pensamentos vis, e toda 
a mente carnal é imediatamente incendiada. 
Como precisamos profundamente do escudo da 
fé para "apagar os dardos de fogo do maligno!" 
6. Agora, as peças que eu até agora considerei 
são peças de armadura defensiva. Mas passo a 
uma peça, e apenas uma, de armadura ofensiva, 
a ESPADA, porque nesta batalha não temos 
meramente de receber golpes e nos defender 
deles, mas temos de manter a ofensiva, bem 
como a defensiva; temos de empurrar Satanás, 
bem como ser empurrado por ele; lutar com ele, 
assim como ele luta conosco. E qual é a nossa 
arma? Apenas uma. Mas, ó, quão eficaz ela é, 
sendo aqui chamada de "Espada do Espírito!" 
Esta é a única peça de armadura ofensiva 
fornecida, e ainda sobre o último que estamos 
apetrechados. Quão aptos estamos para 
encontrar Satanás sobre o próprio terreno de 
Satanás! 
62 
 
Ele apresenta argumentos, e nós contra-
argumentamos; ele tenta, e somos seduzidos 
por suas tentações; ele fala, e nós escutamos; ele 
coloca o laço, e nós colocamos um pé para ser 
laçado. Se tentarmos lutar, é muitas vezes por 
alguma espada de nossa própria forja, não a 
“verdadeira lâmina de Jerusalém”, não a espada 
do arsenal celestial. Resoluções, promessas, 
lágrimas, reconhecimentos, confissões; tudo 
isso não passa de armas de origem terrena. 
Quão lento, quão incapaz somos para tomar a 
única verdadeira arma, "a espada do Espírito, 
que é a palavra de Deus!" Que exemplo o 
abençoado Senhor nos deixou quando foi 
tentado. Três vezes Satanás trouxe suas 
tentações para derrotar Jesus, e três vezes Jesus 
enfrentou-o com a espada do Espírito, "Está 
escrito, está escrito, está escrito". Ele não usou 
nenhuma outra arma; e essa arma fez Satanás 
fugir. 
Ora, "a espada do Espírito" é "a palavra de Deus". 
Mas, só podemos usar esta espada até onde ela é 
aberta ao nosso entendimento, aplicada ao 
nosso coração, selada em nossa consciência, e a 
fé é dada para firmá-la. Uma promessa, um 
63 
 
preceito, um convite, uma advertência, uma 
admoestação, uma verdade; não importa qual 
parte da palavra de Deus é adequada ao nosso 
estado e caso; ela só se torna "a espada do 
Espírito" pela fé, e é a única arma eficaz para 
derrotar Satanás. Através das tentações de 
Satanás, a alma às vezes parece estar pronta 
para afundar no desespero. É quase como se ele 
tivesse obtido a vitória, tão rapidamente 
atirando seus dardos ardentes; seta sobre seta, 
sugestão sobre sugestão. 
Bem, como você pode ficar? Você não tem força 
em si mesmo; nunca teve nenhuma; e o pouco 
que você teve em Cristo, ou pensou que tinha, 
parece ter ido. Apenas neste momento crítico, 
alguma promessa parece cair em sua alma, 
apropriada para o seu caso; ela é usada como "a 
espada do Espírito"; e por isso o inimigo é 
espancado de volta. 
Ou, Satanás está tentando você a algum pecado, 
e pintando diante de sua mente carnal algum 
prazer ou lucro a ser conquistado por 
comprometê-lo. Aqui está você, vacilante, e de 
pé à beira de uma queda. Neste momento 
crítico, o Senhor deixa cair algum preceito, 
64 
 
admoestação ou advertência; a palavra vem com 
poder à sua alma. Aqui está "a espada do Espírito, 
a palavra de Deus"; por isso a tentação é 
derrotada, e Satanás rechaçado. 
Oh, sem "a espada do Espírito" somos, por assim 
dizer, apenas um alvo para as flechas de Satanás! 
Mas, quando, além da armadura defensiva que o 
repele, há a arma ofensiva, "a espada do 
Espírito", que empurra, e o fere, ele é obrigado a 
bater em retirada até que ache ocasião oportuna 
para retornar a atacar. 
II. Então vem a receita celestial; como tomar, 
vestir e usar essa armadura corretamente. 
"Orando sempre com toda a oração e súplica no 
Espírito, vigiando com toda perseverança e 
súplica por todos os santos". 
É pela fé, como veremos agora, que a armadura 
celestial é recebida, vestida e usada, mas é 
principalmente pela "oração da fé", pois crendo 
na oração a armadura é tomada; pela oração 
contínua "orando sem cessar. "Guardados pela 
oração espiritual" suplicando no Espírito. Se não 
orarmos continuamente no Espírito, os 
65 
 
membros, por assim dizer, se encolherão e a 
armadura cairá. 
Os cavaleiros antigos se exercitavam todos os 
dias com toda a sua armadura, ou não podiam 
suportá-la, nem usariam suas armas com 
destreza e força. Assim, o guerreiro cristão, com 
oração e súplica, deve "exercitar-se para a 
piedade". Sem "orar sempre com toda a oração e 
súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a 
perseverança", a sentinela não ficará de pé na 
armadura, guardando e vigiando, e o seu 
próprio peso os esmagará. 
Mas é "orando no Espírito". Não orações altas, 
longas, formais, nem repetições vãs, mas como 
Judas fala, "orando no Espírito Santo", pela ajuda 
e intercessão do Espírito; e "sempre"; em todas 
as estações, em todos os tempos, em todos os 
lugares, em toda parte, e sempre que o Espírito 
da graça e da súplica for derramado. 
Mais uma vez, deve ser "toda a oração", isto é, 
todos os tipos de oração; oração pública, oração 
particular, oração mental, oração clamando, 
oração gemendo, oração chorosa, oração 
meditativa; oração fraca, oração forte; oração de 
66necessidade, oração de importunidade; oração 
de distância e oração de proximidade; a oração 
do cobrador de impostos, do leproso e do 
proscrito, bem como a oração do crente, da 
esperança e do amor. 
Com a oração, deve-se juntar a "súplica", isto é, 
suplicar ao Senhor, chorando a seus pés, 
implorando para que Ele apareça, dobrando os 
joelhos e derramando a alma em seu seio. 
A isso deve somar-se "vigiando nisso". Para 
observar a resposta; esperando a manifestação 
do Senhor "mais do que aqueles que esperam 
pela manhã". 
E isso, "com toda a perseverança", nunca 
desistir, não negar nada, implorar ao Senhor 
uma e outra vez, e lutar com Ele até que pareça 
abençoar, visitar e brilhar sobre a alma. 
Oh, como esta receita celestial mantém cada 
parte da armadura brilhante, bem como o 
soldado ativo e especialista em seu uso! A 
armadura de fato, como sendo do céu, não fica 
nem maçante nem enferrujada; somos nós que 
ficamos lentos em seu uso. Mas, pela nossa 
67 
 
apreensão, fé e oração torna-se mais brilhante. 
Como, por exemplo, "a oração de fé" ilumina o 
cinturão da verdade, e o faz brilhar! 
Como ela lustra o peitoral, e faz com que se 
encaixe firmemente ao redor do peito! 
Como faz o capacete brilhar no sol! 
Como rebate cada golpe com o escudo! 
E como aguça "a espada do Espírito", dá-lhe um 
polimento mais brilhante, e fortalece o braço 
para empunhá-la com renovada atividade e 
vigor! 
Ó este é o segredo de toda a verdadeira vitória! 
Tudo deve estar bem, quando estamos em 
espírito de oração, meditação, observação; e 
tudo está doente, quando esta receita celestial é 
negligenciada, quando as mãos caem, os joelhos 
desmaiam, e a oração parece morta e imóvel em 
nós. 
Que haja na alma um espírito permanente de 
oração, e a vitória será certa. Satanás tem pouco 
poder contra a alma que tem um espírito 
permanente de oração, e está "vigiando nisso 
68 
 
com toda perseverança". Mas, sem este espírito 
de oração, somos uma presa de todas as suas 
tentações, e não podemos tomar, vestir, nem 
usar a única armadura contra elas. 
Tal é, portanto a armadura que Deus 
providenciou, e tal é a maneira pela qual ela 
deve ser tomada, vestida e usada; tomada pela 
fé, vestida pela oração e manuseada com a 
perseverança, pois ela nunca deve ser retirada 
até que a morte a destrua. E, você pode confiar 
nisso, que Deus não teria fornecido uma 
armadura como esta, tão completa, a menos que 
houvesse uma batalha real para ser travada. 
Os guerreiros cristãos não são soldados 
chineses antigos, que usavam armadura de 
papelão, pintada para parecer ferro, mas sua 
armadura é de aço real; portanto como Deus 
forneceu uma armadura como esta, é claro que 
eles não têm nenhum inimigo insignificante 
para lutar. 
Agora o grande estratagema de Satanás é 
esconder sua força. Ele é como um general 
hábil, que não mostra todo o seu exército, mas 
os esconde atrás de sebes, paredes e árvores, e 
69 
 
os mantém nas trincheiras, para que o inimigo 
não veja toda a sua força. Satanás nunca é tão 
poderoso como quando pensamos menos de 
seu poder; e nunca é tão bem sucedido como 
quando atira em nós por trás da trincheira. 
O apóstolo diz; "Revesti-vos de toda a armadura 
de Deus, para que possais estar firmes contra as 
ciladas do diabo". É a sua arte diabólica e sutileza 
que temos tanto a temer. Deixe de lado uma peça 
da armadura, e você é imediatamente abatido. 
O texto fala de "dia mau", ou seja, um dia de 
perigo, de alarme; um dia em que o Príncipe do 
Mal está planejando, um dia mau, escuro e 
sombrio para nós, a menos que tenhamos a 
armadura celestial, e saibamos usá-la. 
"Revesti-vos", diz o apóstolo "tomai toda a 
armadura de Deus". Há uma colocação dela 
sobre nós. Não é como o nosso "Arsenal da 
Torre", onde armas, pistolas e outras armas 
militares estão penduradas em círculos 
ornamentais para serem vistos como um 
espetáculo, mas deve ser tomado, para ser 
colocado, para ser recebido das mãos de Deus, e 
apertado por seus próprios dedos. 
70 
 
Já mostrei como a oração e a vigilância são 
necessárias para a colocação da armadura 
celestial. Mas, posso ainda acrescentar que é 
pela fé que colocamos em cada peça; se não 
temos fé, não temos sinceridade cristã, nem 
conhecimento espiritual da verdade, portanto, 
"os lombos não se esgotam com a verdade". 
Se não temos fé, não temos nenhuma couraça 
da justiça de Cristo, pois isso só é colocado pela 
fé. Se não temos fé, não temos defesa para os 
nossos pés, porque é pela fé que nós andamos, 
portanto os pés não são "calçados com a 
preparação do evangelho da paz". 
Se não temos fé, não temos capacete, porque a 
"salvação" é alcançada pela fé. Se não temos fé, 
não podemos ter "o escudo da fé"; isso é 
evidente. Se não temos fé, não podemos usar "a 
espada do Espírito", que é atuante apenas pela fé. 
Se não temos fé, não temos oração verdadeira, 
pois é "a oração da fé" que é eficaz com Deus. Pela 
fé, portanto cada peça da armadura celestial é 
posta; e pela fé, a fé viva, cada parte dela é usada. 
Que pessoas estranhas nós somos! Capazes de 
lutar um dia, e fugir no próximo; resistindo a 
71 
 
Satanás neste momento, e dando lugar a ele em 
outro momento. Como isso deve ser 
contabilizado? 
Porque neste momento temos fé; no próximo, 
parecemos ter nenhuma. A fé é para a alma, o 
que uma engrenagem principal é para o relógio. 
Se a engrenagem principal está quebrada, ou 
faltando, qual é o valor do relógio? Assim, a fé é 
a fonte principal da alma. Não havendo fé, não 
há movimento interior. Deve haver fé na alma 
para que as mãos se movam de acordo com a 
vontade de Deus. 
Quanto à fé, não precisamos apenas vestir, mas 
usar e manejar esta armadura celestial, para 
"resistir no dia mau, e tendo feito tudo, 
permanecer inabaláveis". Que inundação de luz 
isto faz, sendo lançado sobre o caminho de um 
cristão, que está em maior perigo após a vitória! 
Bunyan tem maravilhosamente tocado sobre 
isso, onde representa o Cristão tropeçando e 
caindo imediatamente, depois que tinha 
alcançado uma vitória sobre o inimigo. Quando 
você tiver, na força de Cristo, vencido uma 
tentação, estará à beira de outra e o próprio 
72 
 
orgulho que eleva seu coração por ter ganhado 
uma batalha, só abre caminho para cair no 
próximo encontro. 
Que estranha guerra! A máxima de Paulo não 
serviria para o duque de Wellington; "Quando 
sou fraco, então sou forte." Isso não o faria ir à 
batalha. Nós nunca somos tão fracos como 
quando, em nós mesmos somos fortes; e nunca 
somos tão fortes como quando em nós mesmos 
somos fracos. 
Deixe-me pensar que estou seguro, e eu caio; 
deixe-me temer cair, e estou seguro. Ó mistérios 
da vida cristã! O paradoxo da guerra celestial! E, 
com a mais profunda sabedoria o apóstolo disse 
"Tomai para vós toda a armadura de Deus". Não 
deixe uma única peça de fora; sua vida está em 
jogo, não se esqueça de uma fivela, não deixe 
solto um único fecho; "Para que possais resistir 
no dia mau". 
Há um dia mau vindo, um dia de tentação, uma 
hora de provação; um dia mau, quando as 
nuvens se acumulam negras, a atmosfera se 
esparrama com a escuridão, e o inimigo surge 
em toda a sua força. Naquele "dia mau", a hora da 
73 
 
tentação, quem pode suportar? Ninguém exceto 
aquele que tem "toda a armadura de Deus". 
Bem, o dia mau passa, o céu se dissipa, as nuvens 
se rompem, o sol nasce e seus brilhantes raios 
de luz olham para a armadura do guerreiro. Está 
ileso, ela efetivamente

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