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Agricutura Especial

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FUNDAÇÃO PINHALENSE DE ENSINO
CENTRO REGIONAL UNIVERSITÁRIO DE ESPÍRITO SANTO DO PINHAL
CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA “MANOEL CARLOS GONÇALVES”
Trabalho de Compensação de Faltas na Disciplina de Agricultura Especial
Fernanda Felício
Espírito Santo do Pinhal – SP
Abril de 2018
1 INTRODUÇÃO
Quando pensamos em alimento conservado para fornecimento aos animais no período de seca, a primeira alternativa que vem em mente é a silagem, e com ela muitas dúvidas sobre o processo de produção. Comumente, o conceito de ensilagem está relacionado à necessidade de infraestrutura e maquinários específicos, característicos de grandes propriedades. Contudo, pequenas propriedades familiares podem produzir silagens em escala reduzida, para alimentação de seus rebanhos. Assim, vamos esclarecer algumas dúvidas e apresentar sugestões para a produção de silagens de boa qualidade em pequenas propriedades de baixa tecnificação, detalhando os pontos fundamentais para o sucesso nessa tarefa (ENSILAGEM, s.d.).
A cultura do milho é dividida em duas grandes fases: vegetativa (V) e reprodutiva (R). As subdivisões dos estádios vegetativos (V) são designadas numericamente até Vn, onde n representa o último estádio vegetativo anterior ao pendoamento. Cada estádio vegetativo é definido de acordo com a última folha completamente expandida ou fora do cartucho. As fases reprodutivas iniciam-se no pendoamento e vão até a maturação fisiológica, estádio onde os grãos apresentam a camada preta na inserção entre o grão e o sabugo. A camada nada mais é do que um conjunto de células mortas que impedem a entrada de nutrientes para dentro dos grãos e marca a fase de perda de água. O estádio de crescimento de uma lavoura é definido quando, no mínimo, 50% das plantas estiverem no mesmo estádio (DUPONT, s.d.).
	Na safra 2015/16, estão disponíveis no mercado um total de 477 cultivares de milho, de acordo com um levantamento da Embrapa Milho e Sorgo, localizada em Sete Lagoas (MG). Desse total, são 284 cultivares transgênicas e 193 cultivares convencionais. Escolher a melhor variedade para a lavoura não é tarefa fácil. O produtor precisa pesquisar atentamente, levando em consideração as sementes que são adaptadas ao clima da sua região, além de analisar o potencial produtivo e o custo benefício da variedade (FARMING, 2016).
	O objetivo do trabalho é mostrar a resposta da qualidade de preparo de uma boa silagem, as fases fenológicas do milho e seus cultivares mais indicados.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 SILAGEM MILHO
A silagem é o produto final da fermentação da massa de forragem sem a presença de oxigênio, realizada por bactérias, que consomem, principalmente, os açúcares disponíveis no material depositado no silo. A fermentação que ocorre no silo é uma conversão de carboidratos solúveis em ácidos orgânicos, através de microrganismos inerentes ao meio ou exógenos, que foram intencionalmente aplicados com o intuito de aumentar a eficiência desta fermentação. Desta forma, a ocorrência destas fermentações é orientada pela quantidade e tipo de microrganismos presentes no silo, bem como pelo teor de matéria seca, poder tampão e teor de carboidratos solúveis do volumoso (glicose, frutose, sacarose e frutosanas) que devem representar de 8 a 10% da matéria seca para uma boa fermentação. Os ácidos orgânicos oriundos da fermentação de silagens são: láctico, acético e butírico (BEEFPOINT, 2010).
A importância da produção destes ácidos está ligada ao abaixamento do pH dentro do silo, que propiciará a conservação da silagem, pois com pH baixo, em torno de 4.0, a multiplicação de microrganismos indesejáveis, como Clostridium, causadores da deterioração do material, é inibida. A fermentação butírica demora a abaixar o pH, pois o produto desta fermentação é o ácido butírico, um ácido fraco, e que por isto demora a baixar o pH da massa, causando uma extensão do processo fermentativo. Este prolongamento da fermentação, que causa diminuição na qualidade do produto final, também é causado pelo excesso de água, pois a água em excesso promove uma diluição dos ácidos orgânicos, inibindo o abaixamento do pH dentro do silo (BEEFPOINT, 2010).
A presença de água no silo em demasia também favorece a multiplicação de bactérias aeróbias, Clostridium, que são responsáveis pela diminuição do teor de proteínas do volumoso que será ensilado. Por isto, existe a necessidade de se ensilar materiais com teores de umidade adequados e da expulsão do ar do interior do silo. Portanto, a ensilagem de material com excesso de umidade e sem a expulsão (compactação) do ar impedem a conservação do material original, causando grandes perdas na estocagem. Na ensilagem de cana de açúcar, por exemplo, a ocorrência de leveduras é alta, promovendo a conversão dos carboidratos solúveis em etanol, gás carbônico e água, ocasionando perdas energéticas e diminuição excessiva de ácidos láticos e acéticos. Estas leveduras não são controladas pelo abaixamento de pH. Apesar de aproveitável no rúmen dos animais, o etanol é perdido na estocagem, o que ocasiona grandes perdas de energia no material ensilado (BEEFPOINT, 2010).
Tabela 01 – Perdas de energia no processo de ensilagem.
Como se pode observar na tabela 01, existem vários fatores que podem levar a perdas de qualidade no material ensilado. Esta redução de qualidade é medida através das perdas de energia ao longo de todo o processo. Algumas destas perdas podem ser evitadas através da adoção de manejos adequados e cuidados específicos. Os fatores de perdas na ensilagem obrigam o produtor a dar total atenção a todas às fases do processo, a fim de assegurar as melhores condições para que a massa cortada possa gerar uma boa silagem, tentando preservar ao máximo as características que a planta apresentava por ocasião do corte (BEEFPOINT, 2010).
As perdas ligadas à planta e seus processos naturais (respiração, fermentação, umidade, etc.) são de difícil controle. O cuidado a ser tomado nestes fatores é o manejo adequado dos processos de corte e transporte do material, para que todo o processo seja concluído no menor tempo possível. Com relação às outras perdas, silos bem dimensionados, compactação bem feita, uso de inoculantes (quando for o caso), rapidez no processo, perfeita vedação dos silos, etc., são medidas eficazes para reduzí-las (BEEFPOINT, 2010).
2.2 ESTÁGIOS FENOLÓGICOS
O crescimento e desenvolvimento de uma planta de milho é divido em dois grandes estágios, o vegetativo e o reprodutivo. Durante o estágio vegetativo, que possui um número relativo de estágios entre VE (emergência) e VT (pendoamento), ocorre o desenvolvimento da plan​ta. Durante o estágio reprodutivo, que é dividido em seis estágios, ocorre o desenvolvimento da espiga de milho (DUPONT, s.d.).
Estágio vegetativo os estágios vegetativos (V) são caracterizados pela presença de uma aba ou “colar” foliar nas folhas novas. A folha do milho tem três partes principais: limbo, bainha e colar. O limbo é a parte plana da folha que capta a luz solar, a bainha é a parte que enrola ao redor do caule, e o colar é a linha de demarcação entre o limbo e a bainha, normalmente com uma curvatura distinta e estágio reprodutivo os estágios reprodutivos são caracterizados pelo surgimento e desenvolvimento de grãos na espiga, exceto para o primeiro estágio reprodutivo (R1), que é identificado exclusivamente pela emergência de cabelos de milho - embonecamento. Há seis estágios reprodutivos (DUPONT, s.d.).
Depois que uma semente de milho é plantada, ela sofre a embebição e absorverá aproximadamente 30 a 35 por cento do seu peso em água. Demonstrou-se que as temperaturas do solo têm pouco efeito sobre este processo. Para a radícula iniciar o alongamento, as temperaturas do solo devem ser propícias para o processo de germinação. A temperatura de solo comumente aceita é de 10° C (50° F). Logo após o surgimento da radícula, três a quatro raízes adicionais surgem a partir da semente (DUPONT, s.d.).
Durante esse período, há alongamento mínimo docolmo (internódio), que é pouco dependente da temperatura do solo. Antes de V5, o ponto de crescimento localiza-se abaixo da superfície do solo e todas as folhas e primórdios da espiga são iniciados (DUPONT, s.d.).
Uma gema inicia em cada nó (axila de cada folha) a partir da primeira folha (abaixo do solo) até aproximadamente a 13ª folha (acima do solo). As gemas que se desenvolvem em nós acima do solo podem se diferenciar no tecido reprodutivo (espigas ou sabugos), e as gemas que se desenvolvem abaixo do solo podem se diferenciar no tecido vegetativo (perfilhos ou rebentos) (DUPONT, s.d.).
Durante esses estágios as plantas de milho iniciam um período de alongamento muito rápido do internódio. O ponto de crescimento se move acima da superfície do solo ao redor de V6, e a planta agora fica suscetível a lesões ambientais ou mecânicas que podem danificar o ponto de crescimento (DUPONT, s.d.).
Como resultado deste crescimento rápido, as três ou quatro folhas menores, incluindo a primeira folha verdadeira, podem ser separadas do talo e se decompor. Quando isso ocorre, outras técnicas são utilizadas para determinar o estágio vegetativo de desenvolvimento (DUPONT, s.d.).
O comprimento da espiga (número de grãos por fileira) é determinado nas últimas semanas antes do pendoamento. O estresse nesse momento pode reduzir o número de grãos produzidos em cada fileira, entretanto, o número de grãos final é determinado durante e pós a polinização (DUPONT, s.d.).
A transição do desenvolvimento vegetativo para reprodutivo (VT para R1) é um período essencial para a determinação do rendimento do grão. Neste ponto, a gema da espiga superior torna-se dominante (DUPONT, s.d.).
O VT ocorre quando o último ramo do pendão emergiu e se estende para fora (Figura 16). O VT se sobrepõe ao R1 quando os cabelos de milho visíveis aparecem antes do surgimento total do pendão (DUPONT, s.d.).
O R1 ocorre quando os cabelos de milho (estilo-estigmas) ficam visíveis fora da palha. Uma vez que um grão de pólen atinge um cabelo (polinização), forma-se o tubo polínico e leva cerca de 24 horas para crescer em direção ao óvulo. Depois de atingir o óvulo, a fertilização ocorre e o óvulo transforma-se em um grão. Os grãos nesse estágio são quase que inteiramente fechados em glumas (sépalas), e são brancos com um conteúdo interno transparente e aquoso (DUPONT, s.d.).
R2 ocorre em 10 a 14 dias após o embonecamento e é conhecido como o estágio de “bolha d´água”. Os grãos em desenvolvimento contêm cerca de 85 por cento de umidade, se assemelham a uma bolha, e o endosperma e o fluido interno são transparentes. Conforme os grãos se expandem, as glumas ao redor ficam menos visíveis (DUPONT, s.d.).
R3 ocorre em 18 a 22 dias após o embonecamento, quando os grãos começam a mostrar a coloração final, que é amarelo ou branco para a maioria dos híbridos dentados, ou variações de laranja amarelado ou branco para híbridos duros (DUPONT, s.d.).
R4 ocorre em 24 a 28 dias após o embonecamento. Os grãos contém cerca de 70 por cento de umidade e o fluido interno engrossa até ficar em uma consistência pastosa, como uma massa. Os grãos atingem a sua cor final e cerca de metade do seu peso seco maduro (DUPONT, s.d.).
 	R5 ocorre 35 a 42 dias após o embonecamento e responde por quase metade do tempo de desenvolvimento reprodutivo. Os grãos são constituídos por uma camada exterior de amido duro em torno do núcleo de amido macio. Quando o núcleo de amido macio começar a perder a umidade e encolher, uma endentação (dente) se forma no topo do grão (DUPONT, s.d.).
2.3 VARIEDADES
A escolha do cultivar a ser plantado (seja ele um híbrido ou variedade) talvez seja uma das decisões mais difíceis para o agricultor. Considerando que os diferentes tipos de cultivares apresentam grande variação, tanto no custo da semente como no seu potencial produtivo, é óbvio que a escolha do cultivar deve levar em conta o sistema de produção que o agricultor usará (CPT, 2011).
De nada adianta usar uma semente de alto potencial produtivo e de maior custo, se o manejo e as condições da lavoura não permitirem que a semente expresse o seu potencial genético. Além da produtividade, os produtores devem considerar outros aspectos do milho como resistência ou tolerância a pragas e doenças, alumínio trocável no solo, tamanho e cor do grão, empalhamento entre várias outras características (CPT, 2011).
A finalidade da utilização do milho também é muito importante, considerando se o milho vai ser destinado para produção de grãos ou para produção de silagem. A produtividade é um aspecto fundamental na escolha do cultivar, mas a estabilidade também é um fator que, cada vez mais, é considerado, principalmente para a pequena produção, em que o agricultor não pode perder um ano agrícola. É isto que caracteriza a estabilidade da produção, ou seja, cultivares estáveis são aqueles que, ao longo dos anos e dentro de determinada área geográfica, tem menor oscilação de produção, respondendo à melhoria do ambiente que ocorre em anos mais favoráveis, não tendo grandes quedas de produção nos anos mais desfavoráveis. Por vezes, é preferível optar por cultivares que apresentam produtividades um pouco menores, mas que garantam a estabilidade de produção. Em anos atípicos, com pouca chuva ou com maiores ataques de pragas e doenças, a produção não será muito afetada (CPT, 2011).
A escolha do cultivar a ser utilizado é uma das mais importantes definições para que o produtor alcance as produtividades esperadas para o nível tecnológico empregado em conjunto com as condições edafoclimáticas da região. Por isso, é indicado que o cultivar a ser utilizado seja definido por um engenheiro agrônomo que conheça essas características (CPT, 2011).
2.3.1 Cultivares Tardias de Porte Alto 
Atualmente, existem disponíveis no comércio sementes destas cultivares que se caracterizam por apresentarem altura de plantas variando de 2,80 a 3,50 metros, 23 e florescimento masculino dos·75 a 85 dias após a germinação. São indicadas para aquelas regiões onde os problemas de acamamento, ocasionados por ventos fortes que ocorrem em determinadas épocas do ano, não são relevantes e a utilização de plantios menos densos é usual (abaixo de 50 mil plantas por hectare) (VIANNA et al., s.d.). 
2.3.2 Cultivares Precoces de Porte Baixo 
São cultivares que apresentam altura de plantas variando de 2,00 a 2,80 metros, e florescimento masculino dos 60 a 70 dias após a germinação. Devido à grande diversidade ecológica do Brasil, com uma gama enorme de regiões distintas, principalmente aquelas em que a distribuição pluviométrica é fator limitante para a cultura, a utilização de cultivares de ciclo mais curto pode ser uma boa alternativa, além de facilitar sucessão com outras culturas. São indicadas também para aquelas regiões onde é intensivo o uso de mecanização, ou para plantios mais densos (de 65 a 70 mil plantas por hectare), com menor risco de acamamento, devido ao seu porte mais reduzido e melhor arquitetura (VIANNA et al., s.d.). 
2.3.3 Cultivares Tardias Braquiticas (Porte Baixo) 
São cultivares que apresentam altura de plantas variando de 2,00 a 2,80 metros, com florescimento masculino dos 75 a 85 dias após a germinação. Devido ao seu porte reduzido, vigor e espessura dos colmos, são indicadas, principalmente, para regiões com sérios problemas de acamamento, ocasionados por ventos fortes (VIANNA et al., s.d.).
	
 
REFERÊNCIAS
FARMING. Milho: saiba como escolher a melhor cultivar para a sua lavoura. 2016. Disponível em: https://sfagro.uol.com.br/9-dicas-essenciais-para-escolher-a-melhor-variedade-de-milho/. Acesso em: 15 de abr. de 2018.
ENSILAGEM. Produção de silagem de milho em pequenas propriedades rurais. Sem data. Disponível em: http://www.ensilagem.com.br/producao-de-silagem-de-milho-em-pequenas-propriedades-rurais/. Acesso em: 15 de abr. de 2018.
DUPONT. Pioneer Responde. Sem data. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/milho/pioneer-responde/90/quais-os-estadios-fenologicos-do-milho.Acesso em: 16 de abr. de 2018.
DUPONT. Fenologia do Milho. Sem data. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/milho/fenologia-do-milho. Acesso em: 16 de abr. de 2018.
BEEFPOINT. Processos fermentativos da silagem. 2010. Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/processos-fermentativos-da-silagem-60880/. Acesso em: 16 de abr. de 2018.
CPT. As principais cultivares de milho e a escolha da melhor para o plantio. 2011. Disponível em: https://www.cptcursospresenciais.com.br/artigos/agricultura/graos/as-principais-cultivares-de-milho-e-a-escolha-da-melhor-para-o-plantio/. Acesso em: 16 de abr. de 2018.
VIANNA, R. T.; GOMES, E. E.; FILHO, V. N. Cultivares de milho para o brasil. Sem data. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/57156/1/Circ-4-Cultivares-milho-1.pdf. Acesso em: 16 de abr. de 2018.

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