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Aula TGO Solidariedade 1a parte 2019

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CLASSIFICAÇÃO ESPECIAL QUANTO AO ELEMENTO SUBJETIVO (sujeitos da obrigação)
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
	Conceito
	Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores ou devedores, cada um com direito ou obrigado a toda a dívida.
Art. 264, CC - Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
	Exemplo de uma obrigação com uma obrigação de solidariedade ativa, graficamente:
Solidária Ativa – qualquer um dos credores pode exigir a obrigação por inteiro.
O devedor deve 300 reais aos credores 1, 2 e 3. Pode ser que cada um dos credores cobre 100 reais. Mas pode ser que o credor 1 cobre 200 reais do devedor, ou até mesmo a totalidade da dívida, de 300 reais.
	Exemplo de uma obrigação com solidariedade passiva, graficamente:
Solidária Passiva – a dívida pode ser paga por qualquer um dos devedores.
Os devedores 1, 2 e 3 devem 300 reais ao credor. Pode este credor exigir toda a dívida somente de um dos devedores. Mas pode ser que cobre parcelas do valor total de cada um deles.
	
	Observação: conforme o art. 265, CC é dogma no direito obrigacional que SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME. A solidariedade apenas resulta da lei ou da vontade das partes
Art. 265, CC - A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Ex: contrato estabelece a solidariedade (vontade das partes); solidariedade resultante de lei - art. 942, parágrafo único (“são solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932” – responsabilidade por ato de terceiro).
Art. 266, CC – A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
	Dispõe o dispositivo do Código que a obrigação solidária, quanto à presença de elemento acidental, pode ser assim subclassificada: obrigação solidária pura ou simples (é aquela que não contém condição, termo ou encargo); obrigação solidária condicional (é aquela cujos efeitos estão subordinados a um evento futuro e incerto - condição; obrigação solidária a termo (é aquela cujos efeitos estão subordinados a evento futuro e certo – termo).
	Solidariedade ativa (arts. 267 a 274 do CC)
	O Código Civil inicia a matéria e a regulamentação da obrigação com a solidariedade ativa a partir do artigo 267, CC:
Art. 267, CC - Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.
	O principal efeito da solidariedade ativa é que qualquer um dos credores (cocredores) pode exigir do devedor, ou dos devedores, o cumprimento da obrigação por inteiro, como se fosse um só credor.
Art. 268, CC - Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
	O devedor comum pode pagar a qualquer um dos credores antes mesmo da propositura da ação judicial para cobrança do valor da obrigação. Uma vez proposta a demanda, ocorrerá a prevenção judicial, podendo a satisfação da obrigação somente ocorrer em relação àquele que promoveu a ação.
Art. 269, CC - O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (se o devedor pagou o total da dívida para um, se exonera da obrigação, cabendo a quem recebeu o valor, repassá-lo aos demais – se o devedor pagou menos do que devia, continuará obrigado ao pagamento do restante da dívida, abatida, a parte que já quitou).
Art. 270, CC – Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um deles só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
	Como os herdeiros sucedem por quinhão, a cada um caberá só a parte da dívida integrada nele, não mais do que isso, não a totalidade da dívida.
	Ex: Caso a quota do credor que faleceu seja de doze 12 mil reais, cada um dos seus três herdeiros somente poderá exigir do devedor ou devedores quatro mil reais, o que consagra a refração do crédito (a regra não deverá ser aplicada se a obrigação for indivisível, como no exemplo da entrega de um touro reprodutor – responde perante os demais pela quota-parte de cada um).
	
Art. 271, CC – Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. 
	
	Permanece, para todos os efeitos, a solidariedade (obs – art. 263 - na obrigação indivisível, perde-se o caráter da indivisibilidade quando convertida em perdas e danos).
	A solidariedade ativa na prática é muito pouco utilizada. Para pactuar esta espécie de solidariedade é preciso que se confie muito nos outros credores do contrato, da obrigação. 
O risco é de que, quando o devedor efetuar o pagamento do crédito inteiro para um credor, este não repasse o valor recebido individualmente aos demais credores que lhe são solidários.
	Há esta margem de risco. O que ocorre se o credor que recebeu o total da dívida não fizer o repasse do valor? Poderá haver a ação de regresso. 
	Observação: na forma do artigo 272, CC, na solidariedade ativa, qualquer dos credores também pode perdoar toda a dívida (remissão), respondendo em face dos outros credores.
Art. 272, CC - O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
	Remissão (perdão) – Ex: A, B e C são credores solidários de D. C perdoou toda a dívida de R$ 300 mil. De tal forma, não havendo participado da remissão, os outros credores poderão exigir daquele que perdoou (C) as quotas-partes que lhes caibam (100 mil para A e 100 mil para B).
Art. 273, CC – A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
	Exceção, aqui, significa defesa. Assim, se apenas um dos credores atuou dolosamente quando da celebração do contrato (título da obrigação), estando todos os demais de boa-fé, a exceção (alegação, p. ex., de dolo) não poderá ser oposta contra todos (não prejudicará os credores de boa-fé).
Art. 274, CC – O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. (Redação alterada pelo art. 1.068 do CPC/2015)
	(Primeira parte) Se um credor solidário cobra sozinho a dívida e o devedor alega prescrição, sendo esta acolhida pelo magistrado, este julgamento contrário não afeta os demais credores solidários (julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais). Assim, os demais credores solidários poderão cobrar a dívida, claro que suscitando causas que demonstrem a não consumação do prazo prescricional. 
	(Segunda parte) 
A) Se o juiz desacolheu a defesa (exceção) do devedor, e esta não era de natureza pessoal (ou seja, comum a todos os credores), o julgamento beneficiará a todos os demais (ex: percentual de juros, alegando que o valor da dívida é excessivo – o juiz não aceita as alegações do devedor e reconhece ser correto o valor cobrado).
B) Se for exceção do devedor, e esta era de natureza pessoal, o julgamento não interferirá na esfera jurídica dos demais credores (ex: devedor que alega coação do credor, por meio de grave ameaça, a celebrar um contrato também com ele. O juiz não aceita as alegações do devedor e reconhece o credor como legítimo credor solidário).

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