Buscar

resumo penal I av2

Prévia do material em texto

Crime Doloso – Art. 13, CP
Conceito – é à vontade e a consciência de praticar o tipo penal ou assumir o risco da ocorrência de seu resultado.
	O dolo possui 2 elementos o Volitivo que é a vontade do agente e o Cognitivo que é a consciência do agente.
	O agente dever ter consciência, isto é, deve saber exatamente aquilo que faz, para que se lhe possa atribuir o resultado lesivo a título de dolo. Exemplo: se alguém, durante uma caçada, confunde um homem com um animal e atira nele, matando-o, não atua com o dolo do crime previsto no art. 121, CP, uma vez que não tinha consciência de que atirava contra um ser humano, mas sim contra um animal. Não havendo essa consciência, não se pode falar em dolo.
	A vontade é outro elemento sem o qual se desestrutura o crime doloso. Aquele que é coagido fisicamente a acabar com a vida de outra pessoa não atua com vontade de mata-la. Assim, se A, pressionado por B, é forçado a colocar o dedo no gatilho de uma arma, que é disparada contra Pedro, que vem a falecer, não atua com vontade. Não houve, portanto, conduta, pois, mesmo sabendo que atirando poderia causar a morte de Pedro, não atuou com vontade, devido à coação física a que fora submetido.
	Faltando um desses elementos: consciência (cognitivo) ou vontade (volitivo) descaracterizado estará o crime doloso.
Dolo Direto 
	O dolo direto pode ser classificado em:
Dolo Direto de primeiro grau
B) Dolo Direto de segundo grau.
I – suponhamos que A queira matar B, quando B passa pelo local onde A estava, este efetua o disparo que causa a morte da vítima. Concluímos que o dolo de A era direto, pois dirigido imediatamente a produzir o resultado morte. Além de ser direto, poderá também ser entendido como de primeiro grau, uma vez que, em razão do meio por ele selecionado, não havia possibilidade de ocorrência de qualquer efeito colateral de concomitante, qual seja, a morte de outras pessoas, que não a vítima por ele escolhida.
II – O agente, terrorista internacional, queira causar a morte de uma importante autoridade pública. Sabendo da viagem da autoridade, coloca um explosivo no avião no qual esta seria transportada, a fim de que fosse detonado quando a aeronave já tivesse decolado, o que vem a acontecer. Não somente ocorre a morte da autoridade, como também de todas as outras pessoas do voo. O dolo referente à autoridade pública é direto de primeiro grau, pois a conduta do terrorista foi dirigida finalisticamente a causar-lhe a morte. Com relação às demais pessoas que estavam no avião, o terrorista sequer as conhecia, como também sequer sabia o número exato de passageiros. Contudo, em razão do meio por ele colocado na aeronave, o resultado morte com relação a todas as outras pessoas passou a ser considerado como certo, ou seja, a certeza com relação aos efeitos concomitantes ou colaterais faz com que o dolo do agente seja tido como direto, contudo, será classificado como de segundo grau, pois que a finalidade primeira não era de causar morte dos demais passageiros, que ele sequer conhecia. Entretanto, em virtude do meio por ele selecionado, a morte dos demais também era tida como certa.
Dolo Indireto (eventual)
	Quando o agente, embora não querendo diretamente praticar a infração penal, não se abstêm de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia sido previsto e aceito.
	Não se deve confundir o dolo direto de 2º Grau com o dolo eventual. Naquele as consequências são necessárias e vão acontecer. Neste se vier acontecer um resultado não desejado o agente não se importa, assumindo o risco.
	O direito penal adotou com relação ao dolo duas teorias:
- TEORIA DA VONTADE (vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal).
- TEORIA DO CONSENTIMENTO OU ASSENTIMENTO (atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo). 
CULPA
Conceito – O agente dá causa a um resultado PREVISÍVEL, entretanto, não desejável ou assumido por inobservância de um dever de cuidado.
	O art. 19, CP afasta a responsabilidade penal objetiva, ou seja, o agente só pode responder penalmente se tiver dado causa a um resultado ao menos culposamente do contrário não será responsabilizado por nada.
ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO
1 - Conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva.
2 - Inobservâncias de um dever de cuidado
Imprudência – o agente FAZ o que não deveria fazer. Exemplo: motorista que imprime velocidade excessiva em seu veículo ou o que desrespeita um sinal vermelho em um cruzamento.
Negligência – o agente DEIXA DE FAZER o que tinha que fazer. Exemplo: motorista que não conserta os freios já gastos de seu automóvel ou o pai que deixa arma de fogo ao alcance de seus filhos.
Imperícia – o agente não observa regra técnica de profissão, arte ou um ofício. A imperícia está ligada, basicamente, à atividade profissional do agente. Exemplo: cirurgião esqueceu gazes no abdômen do seu paciente o qual ele operava, causando dano.
3 - Previsibilidade – o resultado dever ser possível de ser previsto e não foi justamente em razão da inobservância do dever de cuidado.
	Se o resultado era absolutamente impossível de ser previsto o agente não responde. Exemplo: agente A em alta velocidade bate em um poste onde B encontrava-se perto. B era cardíaco e morre com o barulho da batida. A não respondera pela morte de B porque não era previsível que ele morre-se de infarto pelo barulho da batida.
4 – Resultado – é indispensável que da conduta culposa aconteça um resultado NATURALÍSTICO, ou seja, uma verdadeira transformação no mundo de relação. Exemplo: o agente, de forma imprudente, coloca o vaso de flores no parapeito da janela de seu prédio, se este não vier a cair e, por conseguinte, não causar lesão em ninguém, crime culposo algum poderá a ele ser atribuído; da mesma forma, aquele que avança um sinal de trânsito e também não causa qualquer lesão a outrem não poderá ser responsabilizado por um crime culposo.
5 – Nexo de causalidade – para o agente responder por um crime culposo deve haver um vínculo entre a conduta e o resultado, ou seja, o resultado causado deve ser a consequência daquela conduta.
6 – Tipicidade – art. 18 parágrafo único CP – só é possível a punição por um crime culposo se a modalidade culposa estiver expressamente prevista na lei.
Exemplo: no crime de dano, o legislador somente cuidou de proibir, sob a ameaça de uma sanção, a conduta dolosa que viesse a destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Caso o agente destrua culposamente coisa alheia, tal fato merecerá a atenção de outros ramos do direito que não o penal, uma vez que no art. 163 não houve a previsão para essa modalidade de conduta.
Culpa Consciente
	É a hipótese em que o agente não quer o resultado e nem assume o risco, mas o prevê e prossegue com sua conduta porque acredita que o resultado não vai ocorrer ou poderá evita-lo. Culpa consciente ou culpa com previsão.
Dolo Eventual X Culpa Consciente
	No dolo eventual o agente não quer produzir o resultado, mas prevê o resultado e prossegue com a sua conduta uma vez que não se importa caso venha ocorrer, assumindo o risco.
	Na culpa consciente o agente também prevê o resultado e prossegue com sua conduta, entretanto acredita sinceramente que não vai ocorrer até porque se importa com ele.
Nexo de causalidade ou Relação de causalidade
	Art. 13 CP “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
	É o vínculo que se estabelece entre a ação como causa e o resultado como consequência daquela ação.
	O código penal adotou no art. 13 a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA dos antecedentes causais (conditio sine qua non) por tal teoria entende-se como causa qualquer ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
	Para descobrirse um determinado evento é causa deve-se fazer um processo de eliminação hipotético.
	No campo mental elimina-se determinado evento e se o resultado desaparece é porque aquele evento é causa, se permanece inalterado o evento é indiferente, logo não é causa.
	A teoria da equivalência dos antecedentes causais em tese permitiria um absurdo regresso ao infinito. Para limitar tal teoria utiliza-se o dolo e a culpa de forma que dentro da cadeia causal só responderam penalmente aqueles que atuaram de forma dolosa ou ao menos culposa. 
	Causa, é todo antecedente que não pode ser suprimido in mente, sem afetar o resultado.
“suponhamos que A tenha causado a morte de B. A conduta típica do homicídio possui uma série de fatos, alguns antecedentes, dentre os quais poderíamos sugerir os seguintes: 1º) produção do revólver pela indústria; 2º) aquisição da arma pelo comerciante; 3º) compra do revólver pelo agente; 4º) refeição tomada pelo homicida; 5º) emboscada; 6º) disparos dos projéteis na vítima; 7º) resultado morte. Dentro dessa cadeia, excluindo-se os fatos sob os números 1º a 3º, 5º e 6º, o resultado não teria ocorrido. Logo, dele são considerados causa. Excluindo-se o fato sob o número 4 (refeição), ainda assim o evento teria acontecido. Portanto, a refeição tomada pelo sujeito não é considerada como sendo causa do resultado”.
Concausas
	Entende-se por concausas a hipótese em que várias causas concorrem para o mesmo resultado, mas apenas uma será responsável pelo o resultado. 
	As concausas podem ser Absolutamente Independentes e Relativamente Independentes.
	Absolutamente independentes – não há qualquer vínculo ou relação entre as causas.
	Relativamente independentes – uma causa deriva ou se origina da outra, existindo uma relação entre elas.
	Absolutamente ou Relativamente independentes podem ser preexistente, concomitante ou superveniente. 
- Preexistente – a causa determinante do resultado é anterior à causa concorrente.
- Concomitante – a causa determinante é simultânea a causa concorrente.
- Superveniente – a causa determinante é posterior à causa concorrente.
Causa absolutamente independente preexistente
	Quando a causa é absolutamente independente e em virtude dela ocorre o resultado, não devemos imputá-lo ao agente.
Exemplo: Alfredo, querendo a morte de Paulo, contra este desfere um tiro, acertando-o na região do tórax. Embora atingido numa região letal, Paulo veio a falecer não em virtude do disparo recebido, mais porque, com intenção suicida, ingerindo veneno momentos antes da agressão sofrida. Paulo morre envenenado, e não em razão do disparo.
- Primeira Questão: essa causa, ou seja, o fato de ter a vítima ingerido veneno, é anterior, concomitante ou posterior à conduta do agente? Sabemos que Paulo ingeriu veneno antes de ser alvejado. Esta causa, isto é, a ingestão do veneno, deve ser considerada como uma causa preexistente.
- Segunda Questão: se Alfredo não tivesse atirado em Paulo, este, ainda assim, teria falecido? Sim, porque havia ingerido veneno, e esta foi à causa da morte.
	Se suprirmos mentalmente o disparo efetuado por Alfredo, Paulo, ainda assim, teria morrido? Sim, uma vez que Paulo não veio a falecer em virtude dos disparos, mais porque, antes, havia feito à ingestão de veneno. Dessa forma, não podemos considerar a conduta de Alfredo como a causadora do resultado morte, e, portanto Alfredo somente responderá pelo seu dolo. Como não conseguiu, com sua conduta, alcançar o resultado morte por ele inicialmente pretendido, será responsabilizado pela prática do crime de tentativa de homicídio.
Causa absolutamente independente concomitante
	Ocorre simultaneamente com a conduta do agente. Acontece no mesmo instante e paralelamente ao comportamento do agente.
	Se A e B, com armas de calibres diferentes, atiram em C (afastada a hipótese de coautoria) e ficar provado que o projétil de B é que, atingindo o coração da vítima, a matou, ao passo o de A alcançou levemente um braço, somente aquele responde por homicídio.
	Se eliminarmos mentalmente a conduta de A, ainda assim o resultado morte teria ocorrido? Sim, porque foi o projétil disparado pela arma de B o causador do resultado.
	A só responde por tentativa de homicídio.
Causa absolutamente independente superveniente
	Augusto e Bento discutem no interior de uma loja, Augusto saca o revólver que trazia consigo e atira em Bento, causando-lhe um ferimento grave, que certamente o levará à morte. Logo após ter efetuado o disparo, o prédio no qual ambos se encontraram desaba e, posteriormente , comprova-se que Bento não morrera em virtude do disparo recebido, mas, sim, por ter sido soterrado.
	Suprimindo mentalmente a conduta de Augusto, isto é, o fato de ter atirado contra Bento, ainda assim o resultado morte teria ocorrido? Sim, então, podemos concluir que a conduta de Augusto não causou o resultado, razão pela qual deverá responder pela tentativa de homicídio.
Conclusão: Em nenhuma das exclusões hipotéticas realizadas nas operações acima houve modificação no resultado. Com isso conclui-se que quando o resultado naturalístico ocorrer em virtude da existência de qualquer uma das causas absolutamente independentes (preexistente, concomitantes e supervenientes) não poderá ele ser atribuído ao agente, que responderá tão somente pelo seu dolo.
Superveniência de causa relativamente independente – Art. 13 §1º
	Toda vez que ocorrer uma causa superveniente relativamente independente que produzir sozinha um resultado haverá exclusão da imputação respondendo o agente pelos atos que ele já praticou.
	Não se deve esquecer que para ocorrer à exclusão do nexo de causalidade a concausa superveniente deve romper o curso causal inicialmente produzido inaugurando um novo.
	Se a concausa superveniente ainda estiver dentro da linha de desdobramento natural da ação não haverá exclusão da imputação.
	Exemplo: João, querendo a morte de Pedro, efetua contra ele certeiros disparos. Pedro é socorrido por uma ambulância, que o conduz ao hospital. Durante o trajeto, a ambulância se vê envolvida num acidente de trânsito, vindo Pedro a falecer em virtude da colisão.
	Se Pedro não tivesse sido ferido por João, não teria sido colocado na ambulância e, consequentemente, não teria falecido em razão da colisão dos veículos. Em virtude disso, deverá João responder pelo crime de homicídio doloso consumado? A resposta, aqui, atentando ao §1º do Art. 13 do CP, só pode ser negativo. Isso porque a morte de Pedro não se encontra na chamada linha de desdobramento físico da conduta praticada por João. Como podemos chegar a essa conclusão? Indagando o seguinte: será que aquele que recebe disparos de arma de fogo morre preso entre os destroços de veículos que colidem? Não. Esta forma de morte não se inclui como desdobramento natural de quem é alvejado por projéteis de pistola.
	Suponhamos agora que, conseguindo chegar vivo ao hospital, Pedro contraia uma infecção hospitalar em razão dos ferimentos por ele sofridos. Será que podemos considerar a infecção hospitalar como um desdobramento natural da conduta inicial? Será que é normal, ou melhor, dizendo, será que se encontra na mesma linha de desdobramento natural a possibilidade de alguém, ferido gravemente, vir a contrair uma infecção hospitalar? Se entendermos que sim, a infecção hospitalar dever ser considerada na mesma linha de desdobramento físico, respondendo o agente pelo resultado morte.
	Entendeu o STJ que a eventual omissão no atendimento médico encontra-se na mesma linha de desdobramento natural e, portanto o resultado daí advindo deve ser imputado a quem deu origem à cadeia causal.
	A expressão por si só tem a finalidade, assim, de excluir a linha de desdobramento físico, fazendo que o agente somente responda pelos atos já praticados. Se o resultado estiver na linha de desdobramento natural da conduta inicial do agente, este deverá por ele responder; se o resultado fugir ao desdobramento natural da ação, ou seja, se a causa superveniente relativamente independentevier, por si só, a produzi-lo, não poderá o resultado ser atribuído ao agente, que responderá tão somente pelo seu dolo.
Conclusão: As causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes, quando conjugadas com a conduta do agente, fazem com que este responda pelo resultado. Para isso, é preciso que essas causas tenham entrado na sua esfera de conhecimento, pois, caso contrário, estaremos diante da chamada responsabilidade penal objetiva ou reponsabilidade sem culpa.
	Já as causas supervenientes relativamente têm uma particularidade: o resultado somente poderá ser imputado ao agente se estiver na mesma linha de desdobramento natural da ação; caso contrário, quando a causa superveniente relativamente independente, por si só, vier a produzir o resultado, pelo fato de não se encontrar na mesma linha de desdobramento físico, o agente só responderá pelo seu dolo. Isto porque há um rompimento na cadeia causal, não podendo o agente responder pelo resultado que não foi uma consequência natural da sua conduta inicial.
INTER CRIMINIS (percurso, caminho do crime)
Cogitação (não é punida)
Preparação (não é punida)
Execução
Consumação
Cogitação – é o momento em que o agente delibera sobre a prática ou ação do crime (fase interna, pensamento do agente). Não é punida pelo Direito Penal.
Preparação – (atos preparatórios) exemplo: compra de arma, procura do automóvel mais fácil de ser subtraído, ver cativeiro para o sequestro. (possui atos externos). Não é punida pelo Direito Penal.
Início da Execução
	Questão controvertida diz respeito ao exato momento em que o agente inicia a execução.
	Existe entendimento em que o início da execução ocorre quando o agente começa a praticar o verbo do tipo penal.
	Há entendimento, entretanto que o início da execução ocorre quando o agente pratica atos que já coloca o bem jurídico em perigo.
Art. 14, I, CP – Consumado, quando nele se reúne todos os elementos de sua definição legal.
Art. 14, II, CP – Tentado, quando iniciada a execução, não se consuma por circunstância alheias à vontade do agente.
	Uma vez iniciada a execução o agente pode não consumar o crime ou por circunstâncias alheias a sua vontade ou por sua vontade.
	Em alguns crimes não é possível à tentativa porque não é possível fracionar a conduta, pois se esgotam num único ato. São os chamados crimes unissubsistentes, exemplo o desacato, no momento da execução já é consumado o crime. A pena da tentativa é a pena do crime consumado diminuído de um a dois terço.
	Se a consumação não foi efetuada por motivos alheios a vontade do agente ele responderá por tentativa
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz 
Art. 15, CP.
	Se o agente iniciada a execução não alcança a consumação por vontade própria a hipótese será de desistência voluntária ou de arrependimento eficaz.
EU DESISTO DO QUE EU AINDA POSSO FAZER.
EU ME ARREPENDO DO QUE EU JÁ FIZ
Na Desistência Voluntária o agente desiste porque ainda pode praticar mais atos de execução e obviamente o resultado não acontece.
No Arrependimento Eficaz o agente esgota todos os atos de execução, entretanto pratica novo ato impedindo que o resultado se consume.
Caracterizados a desistência voluntária ou o arrependimento eficaz não responderá o agente por tentativa, mas apenas pelos atos até aquele momento praticados.
Exemplo de desistência voluntária
O agente, querendo causar a morte de seu desafeto, interpela-o e efetua o primeiro disparo, acertando-o no membro inferior esquerdo. A vítima cai e, quando o agente pretendia reiniciar os disparos, suplica-lhe pela sua vida. Sensibilizado, o agente interrompe a sua execução e não efetua os disparos mortais.
	Neste exemplo o agente desiste voluntariamente e podia ainda praticar mais atos de execução e o resultado não acontece. Caracterizando desistência voluntária ao invés de responder por homicídio tentado, responderá por lesões corporais.
	A finalidade desse instituto é fazer com que o agente jamais responda pela tentativa. Isso quer dizer que se houver desistência voluntária o agente não responderá pela tentativa em virtude de ter interrompido, voluntariamente, os atos de execução que o levariam a alcançar a consumação da infração penal por ele pretendida inicialmente. Ao agente é dado o benefício legal de, se houver desistência voluntária, somente responder pelos atos já praticados, isto é, será punido por ter cometido aquelas infrações penais que antes eram consideradas delito-meio, para a consumação do delito-fim.
	Se o agente, agindo com dolo de matar, depois de lesionar a vítima, interrompeu voluntariamente os atos de execução, só responderá pelo crime do art. 129 (lesão corporal), ficando afastada a tentativa de homicídio.
	Diferente é o agente que ingresse na residência da vítima com a finalidade de, mediante o emprego de violência ou grave ameaça, subtrair os bens móveis que lhe interessarem, logo depois de anunciar o assalto, escute um barulho parecido com o de uma sirene utilizada em carros policiais e, imaginando que será preso, coloca-se em fuga. O agente, nas circunstâncias em que se encontrava, podia dizer para si mesmo: “posso prosseguir, mas não quero” ou “quero prosseguir, mas não posso?” a última opção é a mais adequada, pois, caso não tivesse escutado a sirene, não imaginaria que a polícia o tivesse descoberto e estava à sua captura, e teria continuado com a execução do delito, aqui, portanto responderá por tentativa de roubo.
Agente que possui um único projétil em seu revólver
	O agente que, possuindo um único projétil em sua arma, disparando-o, agindo com dolo de matar e por circunstâncias alheias à sua vontade, atinge-o em região letal. O agente poderia alegar a desistência voluntária respondendo tão somente pelas lesões por ele já praticadas?
	Como se percebe, o agente, depois de efetuar seu único disparo possível, esgotou seus atos de execução, razão pela qual ficará afastada a possibilidade de ser alegada a desistência voluntária, haja vista que esta, como vimos, necessita, para que possa ser arguida, que o agente ainda os esteja praticando, ou, pelo menos, ainda possa praticá-los.
	No exemplo o agente responde por tentativa de homicídio.
Arrependimento Eficaz
	O agente, depois de esgotar todos os meios de que dispunha para chegar à consumação da infração penal, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado inicialmente por ele pretendido.
Exemplo: depois de uma discussão no interior de um barco, Marco lança seu desafeto ao mar, tendo conhecimento de que este último não sabe nadar, querendo causar sua morte por afogamento. Neste caso, o agente fez tudo àquilo que podia para conseguir o resultado morte: lançou ao mar a vítima que não sabia nadar. No entanto, após esgotar os atos que entendia como suficientes e necessários à consumação da infração penal, arrependido, resolve salvar a vítima, não permitindo que ela morresse. Se a vítima sair ilesa do ataque, o agente não responderá por absolutamente nada; se, entretanto, sofrer alguma lesão, esta será atribuída ao agente.
Diferença entre Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz
	Quando o agente se encontra, ainda, praticando atos de execução, fala-se em desistência se, voluntariamente, a interromper; já no arrependimento eficaz, o agente esgota tudo aquilo que estava à sua disposição para alcançar o resultado, isto é, pratica todos os atos de execução que entende como suficientes e necessários à consumação da infração penal, mas arrepende-se e impede a produção do resultado.
	Na desistência voluntária, o processo de execução do crime ainda está em curso; no arrependimento eficaz, a execução já foi encerrada.
Arrependimento Posterior
Art. 16, CP
	No arrependimento posterior o crime tem que estar consumado e para sua caracterização devem estar presentes alguns requisitos:
Crime sem violência ou ameaça a pessoa
Ato voluntário do agente
Restituição da coisa ou reparação do dano
Antes do oferecimento da ação penal
No caso dedois agentes que, por exemplo, praticam um delito de furto, pode acontecer que somente um deles (o que tinha em seu poder os bens subtraídos) voluntariamente restitua. Nessa hipótese, se a restituição tiver sido total, entendemos que ambos os agentes deverão ser beneficiados com a redução, mesmo que um deles não a tenha entregado voluntariamente à vítima.
Restituição parcial não pode ser beneficiada com o arrependimento posterior a restituição tem que ser total.
O ato tem que ser voluntário do agente se um terceiro reparou o dano, o agente não se beneficia pelo arrependimento posterior.
Configurado o arrependimento posterior o agente será beneficiado com a redução de um a dois terço da pena.
Crime Impossível
Art. 17, CP
O agente não responde por tentativa toda vez que o meio for absolutamente ineficaz ou o objeto for absolutamente impróprio, uma vez que trata-se de crime impossível previsto no art. 17, CP.
Absoluta ineficácia do meio 
Meio é tudo aquilo utilizado pelo agente capaz de ajuda-lo a produzir o resultado por ele pretendido. O meio pode ser uma faca, um revólver, um taco de golfe, veneno etc.
	Meio absolutamente ineficaz é aquele de que o agente se vale a fim de cometer a infração penal, mas que, no caso concreto, não possui a mínima aptidão para produzir os efeitos pretendidos.
Exemplo: utilização de revólver sem munição ou com a munição já detonada; ou o daquele que, querendo causar a morte de seu desafeto por envenenamento, substitui, equivocadamente, o veneno por açúcar; a falsificação grosseira, destinada à obtenção de vantagem ilícita, ou, ainda, o daquele que quer contaminar alguém com moléstia grave da qual não é portador.
	Somente quando o meio for absolutamente ineficaz é que podemos falar em crime impossível; caso contrário, quando a ineficácia do meio for relativa, estaremos diante de um crime tentado. Exemplo: agente utiliza munição envelhecida em seu revólver, que poderá ou não disparar quando for utilizada, o daquele em que uma gestante, objetivando interromper a sua gravidez, ingere medicação abortiva com prazo de validade já expirado, o agente que quer envenenar uma pessoa coloca quantidade de veneno que não causaria a morte.
Absoluta impropriedade do objeto 
Podemos entender por objeto tudo aquilo contra o qual se dirige a conduta do agente. Objeto, como já conceituamos, é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta do agente. Por se o objeto absolutamente impróprio, não se fala em tentativa. Se alguém atira em direção a outrem que parece dormir, quando, na realidade, já se encontrava morto, não comete o delito de homicídio, haja vista que o objeto é absolutamente impróprio a essa finalidade, pois só se pode causar a morte de quem esteja vivo.
A mulher, supondo-se grávida, ingere substância abortiva apta a expelir o feto, quando, na realidade, não existe gravidez. Como se dessume, se não existe gravidez, não há feto e, portanto, nada há que possa ser abortado
Nessas situações, por mais que o agente quisesse alcançar o resultado por ele pretendido, jamais conseguiria. Não se pode matar quem já está morto; não se pode abortar quando não há gravidez. 
Tipo Penal
É o modelo de conduta incriminada descrita na lei.
Elementos do Tipo Penal:
Elemento objetivo – são aqueles que não precisam de um juízo de valor para sua compreensão. Exemplo: matar alguém, causar aborto.
Elementos normativos – são aqueles que exigem um juízo de valor para sua compreensão. Exemplo: repouso noturno (diferente na cidade e no interior).
Elemento subjetivo – dolo do agente. Consciência e vontade de fazer algo.
Tipicidade
	A tipicidade formal é um perfeito ajuste do fato ao tipo.
Ilicitude
	Ilícita é toda conduta contra a lei. Ilícito ou anti-jurídico.
Causas excludentes da ilicitude Art. 23, CP
Estado de Necessidade
Legítima defesa
Estrito cumprimento do dever legal
Exercício regular do direito
Estado de necessidade
	“Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
	O ordenamento jurídico colocasse os bens em conflito, cada qual em um dos pratos de uma balança. Ambos estão por ele protegidos, contudo, em determinadas situações, somente um deles prevalecerá em detrimento do outro.
Elementos objetivos do estado de necessidade:
1 – Perigo atual
2 – Inevitabilidade
3 – Não ter provocado o perigo (dolosa ou culposa)
4 – Salvar direito próprio ou alheio
	Não basta a presença dos elementos objetivos é indispensável para caracterizar a causa excludente da ilicitude o pressuposto subjetivo, qual seja, a consciência e a vontade do agente de atuar acobertado por uma dessas causas.
Exemplo: A dirija-se até a casa de B com o fim de matá-lo, em virtude do não pagamento de uma dívida de jogo. Lá chegando, olhando por sobre o muro, consegue ter a visão somente da cabeça de B, que se encontrava na cozinha. Nesse instante, aponta a sua arma e efetua o disparo mortal, fugindo logo em seguida. Sem que A soubesse, no exato momento em que atirou em B, este estava prestes a causar a morte de C, que já se encontrava de joelhos, aguardando o disparo que seria realizado por B. Resumindo, A atirou em B e, mesmo não sabendo, salvou a vida de C.
	No exemplo em estudo, a vontade do agente era de causar a morte de B, e não de salvar a vida de C. Por isso, deverá responder pelo seu dolo e ser responsabilizado pelo delito de homicídio. O elemento subjetivo, portanto, é fundamental à definição jurídica do fato para que possamos concluir se o agente atuou ou não em conformidade com o ordenamento jurídico.
Legítima Defesa 
	“Entende-se em legitima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
	Para ter legitima defesa tem que ter uma agressão injusta ou iminente.
Elementos objetivos da legitima defesa
1 – Agressão injusta
2 – Atual ou iminente
3 – Uso dos meios necessários
4 – Uso de forma moderada
	Assim como no estado de necessidade também existe o requisito subjetivo que é a consciência e vontade do agente de atuar em legítima defesa.
Estrito Cumprimento do Dever Legal
	As vezes determinados agentes públicos no exercício regular de suas funções acabam por sacrificar bens jurídicos de terceiros. Nesses casos uma vez que no exercício de suas funções não respondem porque atuam no estrito cumprimento do dever legal.
Exemplo para não confundir, agente público em exercício de sua função não é sempre estrito cumprimento do dever legal: O agente público pode também atuar em outra causa que exclui a ilicitude penal. O policial em sua ronda de serviço é recebido por tiros e atira para sessar a ameaça e acaba matando quem estava atirando. Nesse caso o policial não agiu em estrito cumprimento do dever legal por estar em serviço e ser um agente público, neste caso ele agiu em legítima defesa.
	Diferente é o policial que precisa algemar um suspeito que está bastante alterado e este policial venha a causar lesões corporais no suspeito para que esse viesse a ser algemado. Nesse caso o policial agiu em estrito cumprimento do dever legal.
Exercício Regular do Direito
	As vezes particulares atuando autorizados por lei acabam por sacrificar bem jurídico de terceiro e não irão responder desde que atuem nos limites autorizados pela lei.
Exemplo: O pai que coloca o filho de castigo no quarto, não responde por cárcere privado; O médico que tem que amputar um perna de um paciente, não responde por lesão corporal; Esporte de contato MMA, desde que os desportistas atuem nas regras do esporte.
Caso Concreto 07
	O incêndio na boate Kiss matou 242 pessoas e feriu 680 outras numa discoteca da cidade de Santa Maria...Os integrantes da banda e o dono da casa noturna foram indiciados pelo homicídio na forma do dolo eventual. Considerandoque os músicos estavam dentro da boate no momento do fato tendo ocorrido, inclusive, a morte de um deles e que esse era o principal empreendimento de seu dono e que era um completo sucesso, está correta a qualificação? Analisando o dolo e a culpa, justifique sua resposta.
Resposta: Não se pode falar em dolo eventual porque neste o agente não quer produzir o resultado, mas prevê o resultado e prossegue com sua conduta uma vez que não se importa com o que poderia ocorrer. Os donos da boate claro que se importava com o resultado prova disto é que os mesmos se encontravam no local do fato ocorrido e sua boate era bem sucedida. Eles vão responder por culpa consciente. 
Caso Concreto 08
	Marcos ao conduzir tranquilamente seu veículo na mão de direção é repentinamente abalroado em sua traseira por um outro veículo, conduzido por Jorge, que o conduzia de forma distraída falando no seu celular. Marcos ao perder a direção, acaba colidindo com um poste, o qual se rompe e cai sobre seu veículo, atingindo-o no crânio, causando a morte. Analisando a dinâmica dos fatos e a causalidade, defina a responsabilidade penal de Jorge. Justifique.
Resposta: A hipótese é de causa superveniente relativamente independente que entretanto não produziu por si só o resultado e assim não exclui a imputação.
	A referida causa se encontra na linha de desdobramento da causa concorrente, respondendo portanto o agente pelo resultado morte. No caso homicídio culposo. 
Caso Concreto 09
	Carlos, não tendo habilitação, realiza em casa uma falsificação grosseira com base na carteira de um amigo (inclusive ficando borrada e com danos fora de ordem). Sendo parado em uma blitz policial dirigindo um carro seu devidamente vistoriado é solicitada sua habilitação, quando temerosamente ele entrega o documento falsificado, o que é imediatamente identificado pela autoridade. Sendo indiciado pelos crimes dos artigos 297 e 304 do CP, o que pode ser alegado em sua defesa? Justifique sua resposta.
Resposta: Tendo em vista que a falsificação é grosseira é impossível ofender o bem jurídico protegido, qual seja a “fé pública”. A tese de defesa é de crime impossível do art. 17 CP. Absoluta ineficácia do meio.
Caso Concreto 10
	Marco, durante um bloco de carnaval, apertado para urinar e sem alternativas próximas, como banheiros químicos, vai para trás de um poste da forma mais discreta possível. Porém, ao terminar de urinar percebe o flagrante realizado por um guarda municipal. Sendo autuado pelo crime de ato obsceno previsto no art. 233 do CP, analisando os elementos do tipo penal, defina sua principal tese de defensiva de forma justificada.
Resposta: Trata-se de fato atípico uma vez que não houve dolo do agente em atentar contra o pudor público. O crime do art. 233 CP exige que a conduta do agente tenha uma conotação sexual o que em nenhum momento faz parte do atuar do agente.
	Portanto não se verifica a presença do necessário elemento subjetivo do agente para pratica do crime.
Caso Concreto 11
	Marcos, um terrível traficante, dirigindo seu carro reconhece um antigo desafeto seu numa moto parado no sinal de trânsito. Na intenção de mata-lo ou, ao menos, causar-lhe grave lesão, joga o carro sobre ele, atingindo-o, causando sua queda e lesões corporais graves. Porém, o que Marcos não sabia é que o referido motociclista estava emparelhado a um carro também parado no sinal e iniciava um assalto com a arma apontada para a vítima por de baixo da jaqueta. Com isso, Marcos acabou repelindo uma injusta agressão, porém sem saber. Analisando os elementos constitutivos das descriminantes responda qual seria a responsabilidade penal de Marcos. Este poderia alegar alguma excludente de ilicitude?
Resposta: Marcos responde por tentativa de Homicídio doloso. Não poderá se valer da legítima defesa de terceiros uma vez que presente todos os elementos objetivos, quais sejam: repeliu agressão injusta atual, usando dos meios necessários, de forma moderada, não está presente o elemento subjetivo que é a consciência e vontade de agir em legítima defesa. 
Caso Concreto 12
	Leandro, um policial militar em serviço, ao se deparar com dois elementos suspeitos na iminência de furtar um veículo efetua voz de prisão. Porém, um deles saca uma arma e dispara contra o policial, o qual a fim de repelir a agressão efetua dois disparos, os quais atingem, causando a morte do ladrão. O segundo, diante do flagrante tenta fugir, mas o policial corre atrás dele mandando que pare e diante da recusa de parar, Leandro efetua um disparo em sua perna, causando uma lesão corporal permitindo a sua prisão. Com isto, analisando as duas situações, defina a responsabilidade penal de Leandro.
Resposta: Com relação a primeira hipótese não há responsabilidade penal uma vez que atuou em legítima defesa usando o meio necessário de forma moderada para repelir a agressão injusta que sofria. 
	Na segunda hipótese também não haverá responsabilidade penal uma vez que atuou no estrito cumprimento do dever legal.

Continue navegando