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02 Jurisdição; Ação; Processo; Defesa e Procedimento

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL
GENERALIDADES 
São quatro os institutos fundamentais do processo civil: a jurisdição, a ação, a defesa (ou exceção) e o processo. São fundamentais porque formam a estrutura e o arcabouço sobre os quais a ciência do processo civil foi construída. Todos os demais institutos do processo guardam relação, imediata ou mediata, com um deles. Funcionam como uma espécie de núcleo, em torno do qual gira toda a ciência do processo.
A jurisdição é a atividade do Estado, exercida por intermédio do juiz, que busca a pacificação dos conflitos em sociedade pela aplicação das leis aos casos concretos.
A ação é o poder de dar início a um processo, e dele participar, com o intuito de obter do Poder Judiciário uma resposta ao pleito formulado.
A defesa é o poder de contrapor-se à pretensão formulada.
O processo é um conjunto de atos destinados a um fim, que é a obtenção de um pronunciamento judicial a respeito dos pedidos formulados.
# E o Procedimento? 
Alguns autores dizem que o procedimento deve ser estudado separado. Porém a maioria dos doutrinadores estuda o procedimento junto com os demais institutos fundamentais. 
JURISDICIONAL
¬ CONCEITO:
Di Pietro - A JURISDIÇÃO é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g).
(a) - DECISÃO POR TERCEIRO IMPARCIAL – HETEROCOMPOSIÇÃO
A jurisdição é técnica de solução de conflitos por heterocomposição: um terceiro substituiu (SUBSTITUTIVIDADE) a vontade das partes e determina a solução do problema apresentado. Não se adota, porém, a ideia de Chiovenda de que a jurisdição é a aplicação concreta da vontade da lei, em atividade meramente declaratória. A jurisdição é, essencialmente, criativa.
É da essência da atividade jurisdicional ser ela exercida por quem seja estranho ao conflito (terceiro, aspecto objetivo) e desinteressado dele (imparcial, aspecto subjetivo).
Não se pode confundir neutralidade e imparcialidade. O mito da neutralidade funda-se na possibilidade de o juiz ser desprovido de vontade inconsciente; predominar no processo o interesse das partes e não o interesse geral de administração da justiça; que o juiz nada tem a ver com o resultado da instrução.
Obs.: Os órgãos administrativos não possuem jurisdição porque suas decisões não tem o condão de produzir coisa julgada, elas podem ser revistas pelo judiciário.
(b) - A JURISDIÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO DO PODER: A IMPERATIVIDADE E A INEVITABILIDADE DA JURISDIÇÃO
A jurisdição é manifestação de um Poder e, portanto, impõe-se imperativamente, reconstruindo e aplicando o Direito a situações concretas que são submetidas ao órgão jurisdicional. O próprio Estado pode autorizar o exercício da jurisdição por outros agentes privados (equivalentes jurisdicionais). Porém não são formas definitivas, podendo ser levadas ao crivo do controle jurisdicional.
(c) - A JURISDIÇÃO COMO ATIVIDADE CRIATIVA
Ao decidir, o tribunal cria. Toda decisão pressupõe ao menos duas alternativas que podem ser escolhidas. Mas a decisão não é uma delas, mas algo distinto delas (é algo novo). Ao decidir, repita-se, o tribunal gera algo novo - se não fosse assim, não haveria decisão, mas apenas o reconhecimento de uma anterior decisão, já pronta.
Niklas Luhmann dá-nos o exemplo dos "hard cases", situações em que os textos jurídicos existentes, aplicados de maneira puramente dedutiva, não apresentam soluções claras; assim, para a solução de tais casos, não basta o conhecimento do Direito vigente.
Decisão judicial é um ato jurídico do qual decorre uma norma jurídica individualizada, ou simplesmente norma indivídua, definida pelo Poder judiciário, que se diferencia das demais normas jurídicas (leis, por exemplo) em razão da possibilidade de tornar-se indiscutível pela coisa julgada material. Para a formulação dessa norma jurídica individualizada, contudo, não basta que o juiz promova, pura e simplesmente, a aplicação da norma geral e abstrata ao caso concreto. Atualmente, reconhece-se a necessidade de uma postura mais ativa do juiz, cumprindo-lhe compreender as particularidades do caso concreto e encontrar na norma geral e abstrata, uma solução que esteja em conformidade com as disposições e normas constitucionais, mormente com os direitos fundamentais. 
Como se disse, ao se deparar com os fatos da causa, o juiz deve compreender o seu sentido, a fim de poder observar qual a norma geral que se lhes aplica. Identificada a norma geral aplicável (norma legal, por exemplo), ela deve ser conformada à Constituição através das técnicas de interpretação conforme, de controle de constitucionalidade em sentido estrito e de balanceamento dos direitos fundamentais. Nesse sentido, o julgador cria uma norma jurídica (= norma legal conformada à norma constitucional) que vai servir de fundamento jurídico para a decisão a ser tomada na parte dispositiva do pronunciamento. É nessa parte dispositiva que se contém a norma jurídica individualizada, ou simplesmente norma individual (= definição da norma para o caso concreto; solução da crise de identificação).
A norma jurídica criada e contida na fundamentação do julgado compõe o que se chama de ratio decidendi, as razões de decidir. Trata-se de "norma jurídica criada diante do caso concreto, mas não uma norma individual que regula o caso concreto", que, por indução, pode passar a funcionar como regra geral, a ser invocada como precedente judicial em outras' situações. 
Há casos, ainda, em que o enunciado normativo é composto por termos de conteúdo indeterminado ou vago. Nesses casos, caberá ao magistrado, diante de uma situação concreta, definir a extensão e o conteúdo destes elementos da hipótese normativa. É o que acontece com os enunciados normativos que contêm conceitos jurídicos indeterminados.
A criatividade judicial pode, ainda, ser justificada pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição, que proíbe a recusa da prestação jurisdicional, no Brasil consagrado no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal e reafirmado no art. 3º do CPC. "A não-decisão não é permitida". O art. 140 do CPC ratifica isso: "O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico".
OBS.: a criatividade jurisdicional opera-se a partir de dois limites. O órgão julgador limita-se, por um lado, pelos enunciados normativos do direito objetivo (Constituição, leis, regulamentos etc.} e, por outro, pelo caso concreto que lhe foi submetido. Não pode ir além do caso- decidir fora do que foi pedido - nem decidir fora do direito objetivo - dar uma solução que seja contrária ao direito. Estes são os extremos daquilo que pode ser chamado de "zona ou área da criatividade jurisdicional".
(d) - JURISDIÇÃO COMO TÉCNICA DE TUTELA DE DIREITOS MEDIANTE UM PROCESSO
A jurisdição é uma das mais importantes técnicas de tutela de direitos. Todas as situações jurídicas ativas (direitos em sentido amplo) merecem proteção jurisdicional. A tutela dos direitos dá-se ou pelo seu reconhecimento judicial (tutela de conhecimento}, ou pela sua efetivação (tutela executiva} ou pela sua proteção (tutela de segurança, cautelar ou inibitória}. A tutela jurisdicional dos direitos ainda pode ocorrer pela integração da vontade para a obtenção de certos efeitos jurídicos, como ocorre na jurisdição voluntária. 
(e) - A JURISDIÇÃO SEMPRE ATUA EM UMA SITUAÇÃO JURÍDICA CONCRETA
A atuação jurisdicional é sempre tópica. O raciocínio do órgão jurisdicional é sempre problemático: ele é chamado a resolver um problema concreto. Mesmo nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, há uma situação concreta, embora não relacionada a qualquer direito individual, submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal, em que se discute a constitucionalidade ou inconstitucionalidadede algum específico ato normativo.
Ensina Camelutti: ''A legislação é uma produção do direito subspecie normativa, isto é, uma produção de normas jurídicas; poderíamos dizer, uma produção do preceito em série, para casos típicos, não para casos concretos. A jurisdição, pelo contrário, produz preceitos, ministra direito para cada caso singular; ousarei dizer, não trabalha para armazenar, mas por encomenda, sob medida".
(f) - INSUSCETIBILIDADE DE CONTROLE EXTERNO
A função jurisdicional tem por característica marcante produzir a última decisão sobre a situação concreta deduzida em juízo: aplica-se o Direito a essa situação, sem que se possa submeter essa decisão ao controle de nenhum outro poder. A jurisdição somente é controlada pela própria jurisdição. Ela controla a função legislativa (controle de constitucionalidade e preenchimento de lacunas aparentes) e a função administrativa (controle dos atos administrativos), mas não é controlada por nenhum dos outros poderes.
Daniel Mitidiero - Perceba que, mesmo nos casos de indulto e anistia, no Direito Penal, atos não jurisdicionais, não há violação da coisa julgada. O Estado, nestes casos, titular do jus puniendi reconhecido por decisão judicial, renuncia a esse Direito. Não se decide novamente a questão penal, não se podendo falar; portanto, em controle externo da decisão judicial.
(g) - APTIDÃO PARA A COISA JULGADA
A coisa julgada é situação jurídica que diz respeito exclusivamente às decisões jurisdicionais. Somente uma decisão judicial pode tornar-se indiscutível e imutável pela coisa julgada.
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS (FORMAS ALTERNATIVAS)
CONCEITO
Equivalentes jurisdicionais são as formas não jurisdicionais de solução de conflitos. São chamados de equivalentes exatamente porque, não sendo jurisdição, funcionam como técnica de tutela dos direitos, resolvendo conflitos ou certificando situações jurídicas. Todas essas formas de solução de conflitos não são definitivas, pois podem ser submetidas ao controle jurisdicional. 
AUTOTUTELA 
Forma mais antiga de solução dos conflitos, constituindo-se, fundamentalmente, pelo sacrifício INTEGRAL do interesse de uma das partes envolvida no conflito em razão do EXERCÍCIO DA FORÇA pela parte vencedora. 
É conduta tipificada como crime: 
exercício arbitrário das próprias razões (se for um particular) e 
exercício arbitrário ou abuso de poder (se for o Estado). 
Como mecanismo de solução de conflitos, entretanto, ainda vige em alguns pontos do ordenamento. Em qualquer caso, é passível de controle posterior pela solução jurisdicional, que legitimará ou não a defesa privada. Segue exemplos abaixo.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Art. 1.470. Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre que haja perigo na demora, dando aos devedores comprovante dos bens de que se apossarem.
Art. 1.210. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
AUTOCOMPOSIÇÃO
Consentimento espontâneo de um dos contendores em sacrificar o interesse próprio, no TODO ou em PARTE, em favor do interesse alheio. Podendo ser:
	RENÚNCIA E SUBMISSÃO
	TRANSAÇÃO
	MEDIAÇÃO
	São formas altruístas de solução do conflito: vontade unilateral (umas das partes) com sacrifício integral.
- Um dos conflitantes se submete à pretensão do outro voluntariamente, abdicando dos seus interesses.
	Vontade bilateral com sacrifícios recíprocos.
Obs.: a transação é mais chamada de CONCILIAÇÃO.
Ex.: imagine um rapaz e uma moça estudando em uma biblioteca. O rapaz está com calor, a moça está bem. O rapaz levanta e abre a janela, a moça se incomoda por causa do barulho que vem da rua passado pela janela. O conciliador poderia dar sugestões: a janela (base do conflito) ficar fechada na parte da manhã e aberta de tarde. Os dois irão ceder um pouco.
	Forma de solução, derivada de vontade bilateral, sem o sacrifício de pretensões, por meio de soluções alternativas.
- o foco são as razões do conflito e não o conflito em si.
Ex.: imagine um rapaz e uma moça estudando em uma biblioteca. O rapaz está com calor, a moça está bem. O rapaz levanta e abre a janela, a moça se incomoda por causa do barulho que vem da rua passado pela janela. Na mediação, a janela é esquecida, embora seja a causadora do conflito. O foco seria na resolução do conflito, independentemente, da janela está aberta ou fechada. O mediador, conduzindo a discussão, sem dar sugestões, poderia ver as partes chegarem a uma solução: colocar um fone na moça ou ligar um ventilador para o rapaz.
Obs.: Autocomposição homologada por sentença judicial: Aqui há uma certa hibridez: substancialmente, o conflito foi resolvido por autocomposição, mas, formalmente, em razão da sentença judicial homologatória, há o exercício de jurisdição.
Quando feita em juízo, a submissão do autor é denominada de renúncia (art. 487, lll, "c", CPC); a do réu é designada como reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, lll, "a", CPC).
Obs.: conciliador faz sugestões para as partes; mediador conduz as partes para que elas mesma resolvam o conflito.
JULGAMENTO DE CONFLITOS POR TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS
Decisões dos Tribunais de Contas, Agências Reguladoras, CAD, Tribunais Marítimos.
OBS.: o Tribunal Marítimo pode funcionar como juízo arbitral, e, portanto, possuir atribuição jurisdicional, se assim for constituído pelos interessados, em litígios patrimoniais consequentes a acidentes ou fatos da navegação (art. 16, "f", da Lei n. 2.180/1954). Apenas nesses casos pode-se entender que o Tribunal Marítimo produz título executivo judicial, porque apenas nesses casos exerce jurisdição (art. 515, VII – sentença arbitral, CPC); nos demais casos, o Tribunal Marítimo atua como tribunal administrativo.
 ARBITRAGEM
¬ conceito
Técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma terceira pessoa, de sua confiança, a solução amigável e imparcial do litígio. É heterocomposição, não é compulsória e constitui-se em opção conferida a pessoas capazes para solucionar problemas relacionados a direitos disponíveis. Não se admite arbitragem em causas penais. Ademais, a Emenda Constitucional n. 45/2004 consagra a arbitragem em nível constitucional, no âmbito trabalhista (art.114, §§ 1º e 2º, CF/1988).
¬ base legal
Regulamentação pela Lei Federal 9.307/96 (com alterações pela Lei 13.129/2015) não afrontando o princípio da inafastabilidade da jurisdição (5º, XXXV, CF).
¬ natureza jurídica
- Para a maioria doutrinária, é equivalente jurisdicional (Humberto Theodoro Jr, Vicente Greco Filho, Luiz Guilherme Marinoni, Cassio Scar-pinella Bueno). 
- Há, porém, quem entenda que não se trata de equivalente jurisdicional, sendo jurisdição propriamente dita, exercida por particulares, com autorização do Estado (Fredie Didier Jr, Carlos Alberto Carmona e Joel Dias Figueira Jr). Entendem com base:
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: VII – a sentença arbitral;
Sentença arbitral torna-se imutável e indiscutível. Ou seja, não pode ter seu conteúdo revisto pelo judiciário.
Existência de conflito de competência entre um órgão jurisdicional do Estado e uma Câmara Arbitral: o STJ entendeu ser competente para a apreciação, porque a arbitragem teria natureza jurisdicional (CC 111.230/DF, 2ª Seção, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 8.5.2013). Entendeu-se, ainda, que é de competência do tribunal de arbitragem, e não do Judiciário, analisar pedidos de indicação de bens para garantir execuções de dívidas, antes mesmo da instauração de procedimento arbitral. Foi a primeira vez que a Corteanalisou a questão, mas o placar apertado do julgamento - cinco votos a quatro - indica, segundo advogados, que a discussão ainda está longe de terminar.
¬ abrangência
Com relação à abrangência da Lei de Arbitragem, o STJ editou a Súmula 485 que tem como redação o seguinte: “a lei de arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusulas, ainda que celebradas antes da sua edição”. Pacificou dessa forma, a discussão gerada em torno de sua efetividade frente aos contratos celebrados que possuíam, por sua vez, cláusulas de previsão de arbitragem, porém, celebrados antes de sua vigência.
¬ convenção de arbitragem
A CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM (art. 3º) compreende tanto a cláusula compromissória como o compromisso arbitral.
A cláusula compromissória (art. 4º) é aquela que designa a intenção das partes de resolver disputas futuras por meio da arbitragem, celebrada, assim, previamente. 
Cláusula compromissória “cheia” – é aquela que contém os requisitos mínimos para que possa ser instaurado o procedimento arbitral (condições mínimas que o art. 10, Lei 9.307/96, impõe para o compromisso arbitral), como, p.e., a forma de indicação dos árbitros, o local etc..
Cláusula compromissória vazia (em branco):é aquela em que as partes simplesmente se obrigam a submeter seus conflitos à arbitragem, sem estabelecer, contudo, as regras mínimas para desenvolvimento da solução arbitral.
Já o compromisso arbitral (art. 9º) é o ato, formal e escrito, que, efetivamente, dá início ao processo de arbitragem (regras deverão constar expressamente neste sentido). Pode ser estabelecido independentemente da existência de cláusula compromissória, até mesmo no curso do procedimento arbitral, mas sempre antes da audiência de tentativa de conciliação.
A convenção de arbitragem não é pressuposto processual por ser matéria de direito dispositivo que, para ser examinada, não dispensa a iniciativa do réu. Caso o réu não a alegue, o processo prossegue e é julgado perante a jurisdição estatal. A ausência de alegação do réu torna a justiça estatal competente para julgar a lide e, por inexistir qualquer invalidade, o processo não será extinto.
Características: 
escolha da norma de direito material a ser aplicada; 
escolha do árbitro; 
desnecessidade de homologação judicial da sentença arbitral (art. 18); 
sentença arbitral é título executivo judicial (arts. 31, Lei 9.307/96 e 515, VII, CPC); 
possibilidade de reconhecimento e execução de sentenças arbitrais produzidas no exterior.
¬ observações
- A decisão arbitral faz coisa julgada material, podendo ser invalidada (vícios formais) pela via judicial no prazo de 90 DIAS após o recebimento da intimação da sentença arbitral (art. 33, § 1º). Note que esta ação de impugnação da sentença arbitral apenas se funda em error in procedendo, não permitindo a rediscussão do quanto foi decidido.
- A 3ª Turma do STJ, REsp 1.277.725/AM, 3ª Turma, j. 12.3.2013, estabeleceu que, ainda que conste de contrato inadimplido a previsão de resolução de conflitos por meio da arbitragem, é possível ao credor ajuizar pedido de falência do devedor ou mesmo execução sem a prévia realização de juízo arbitral. Asseverou o referido acórdão que a celebração da convenção de arbitragem não é causa impeditiva da deflagração do processo de falência perante o Judiciário, eis que “a executividade de um título de crédito não é afetada pela convenção de arbitragem”.
- cláusula contratual que imponha arbitragem compulsória em contrato de adesão, principalmente quando as partes contratantes não estão em igualdade de condições no momento de celebração do negócio, é abusiva, podendo, pois, ser invalidada. Nesse sentido é o art. 51, VII, do Código de Defesa do Consumidor: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: ( ... ) VIl- determinem a utilização compulsória de arbitragem".
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
¬ Caráter Substitutivo
Jurisdição substitui a vontade das partes pela vontade da lei (inspirada nas Normas fundamentais e Princípios Constitucionais);
Obs.: a substitutividade não é indispensável a jurisdição, existe jurisdição sem substitutividade. 
Ex.: Execução indireta: ocorre uma coerção psicológica para convencer o devedor a cumprir a obrigação, ocasionando uma adequação da parte à vontade do direito.
¬ lide
Conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.
Não é fenômeno processual, mas sociológico. Pois se dá no plano dos fatos, e não do direito.
Não é indispensável, pois se tem jurisdição sem lide.
Ex.: processo objetivo (ações de controle concentrado de constitucionalidade); tutela inibitória (tutela que evita a prática do ato ilícito).
¬ Inércia (princípio da demanda) 
Jurisdição só se movimenta quando provocada pelo interessado.
Exceções: restauração de autos; declaração de bens de ausente; declaração de herança jacente.
Obs.: no NCPC o inventário não faz parte mais dessa exceção.
 - princípio da inércia x impulso oficial
Art. 2º. O processo civil começa por iniciativa da parte (inércia) e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
Exceções:
ações sincréticas – são as ações que tem duas fases procedimentais, fase de conhecimento e fase de execução. A primeira tem como base a inércia, pois inicia o processo. Não obstante a fase de cumprimento de sentença acontecer após a fase de conhecimento, ela pode não se inicia com impulso oficial;
obrigação de pagar: depende de manifestação do interessado (art. 523, caput, do Novo CPC);
obrigação de fazer/não fazer e entregar coisa: de ofício (art. 536, caput e art. 538, § 3º, do Novo CPC);
¬ Definitividade
A definitividade deriva da coisa julgada material. A coisa julgada material necessita de três elementos: decisão de mérito, trânsito em julgado, cognição exauriente (juízo de certeza). Não obstante, existe atividade jurisdicional sem coisa julgada material. Segue exemplos: existem processos extintos sem resolução de mérito; decisão de mérito de tutela de urgência transitada em julgado não gera coisa julgada material.
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
¬ Princípio da Investidura
A jurisdição pode ser demonstrada sob a ótica:
Poder – poder Estatal de resolver e impor a resolução do conflito;
Função – encargo exercido pelo Poder Judiciário;
Atividade – atividade jurisdicional exercido pelo juiz. Juiz é o agente público investido do poder jurisdicional por meio de concurso público (art. 93, I, CF) e de indicação pelo Poder Executivo, por meio do quinto constitucional (art. 94, CF) e os Ministros dos Tribunais Superiores nomeados pelo presidente da República.
É considerado PRESSUPOSTO PROCESSUAL DE EXISTÊNCIA (inexistência jurídica).
Obs.: Em casos excepcionais, pode-se ter um processo sem autor ou sem réu, mas nunca terá processo sem juiz.
¬ Princípio da Territorialidade
O exercício legítimo de jurisdição está limitado a uma determinada circunscrição territorial (foro). O foro é chamado de COMARCA (Justiça Estadual), e SEÇÃO JUDICIÁRIA ou SUB-SEÇÃO JUDICIÁRIA (Justiça Federal).
Aderência ao território: todo juiz terá jurisdição em todo o território nacional. Entretanto, por uma questão de funcionalidade, considerando-se o elevado número de juízes e a extensão do território nacional, normas jurídicas limitam o exercício legítimo da jurisdição a um determinado território. As regras de competência territorial definirão um determinado território, e pelo princípio da aderência ao território, a atuação jurisdicional somente será legítima dentro desses limites territoriais. Ou seja, as decisões dos juízes produzem efeito em todo o território nacional, porém eles só podem prolatar tais sentenças de acordo com sua competência.
É com base neste princípio que surge a necessidade de as autoridades judiciárias cooperarem entre si, cada uma ajudando a outra no exercício da atividade jurisdicional em seu território. Surgem as cartas, como atos de comunicação entre órgãos jurisdicionais: a maior parte dos atos de interesse aoprocesso, que devam ser praticados fora dos limites territoriais em que o juiz exerce a jurisdição, dependerá da cooperação do juiz do lugar. Eis as cartas precatórias (juízes de mesma hierarquia no mesmo país) e rogatórias (juízes de países diversos), conforme o caso.
Exceções: 
- Art. 247 (citação por correio);
Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto:
- Art. 60 (imóvel localizado em mais de uma comarca, seção ou subseção judiciária);
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado, comarca, seção ou subseção judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
- Art. 255 comunicação processual (citação, intimação e notificação) e atos executivos (penhora, p. ex.) – em comarcas contíguas ou da mesma região metropolitana, independentemente de carta precatória);
Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
- Art. 845, § 1º (penhora de imóvel e veículo automotor.
Art. 845. § 1o A penhora de imóveis, independentemente de onde se localizem, quando apresentada certidão da respectiva matrícula, e a penhora de veículos automotores, quando apresentada certidão que ateste a sua existência, serão realizadas por termo nos autos.
- Atos praticados por meio eletrônico;
- O CPC prevê também a colheita de depoimento à distância (das partes e das testemunhas), por meio de sistema de transmissão de imagem (art. 385, § 3°; art. 453, §§ 1º e 2º). Há, ao que parece, um redimensionamento da territorialidade na jurisdição, em razão das vastas possibilidades de comunicação eletrônica, valendo-se da rede mundial de computadores.
Art. 385, § 3o O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
Art. 453. § 1o A oitiva de testemunha que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão e recepção de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento.
Art. 453. § 2o Os juízos deverão manter equipamento para a transmissão e recepção de sons e imagens a que se refere o § 1o.
OBS.: Não se pode confundir a territorialidade da jurisdição com o lugar onde a decisão irá produzir efeitos. A decisão judicial produzirá efeitos onde tiver de produzi-los: uma decisão brasileira pode produzir efeitos no Japão, basta que se tomem as providências para a sua homologação em território japonês; um divórcio feito em Salvador produzirá efeitos em todo território nacional, pois o casal divorciado não deixa de sê-lo em Lauro de Freitas, comarca contígua a Salvador, nem mesmo em território pernambucano, outro Estado da federação; uma decisão que determine que a União tome determinadas providências em aeroportos internacionais produzirá efeitos em todos os aeroportos internacionais do Brasil, e não somente naquele que esteja no território do juiz prolator da decisão. Enfim, o lugar onde a decisão tem de ser proferida não se confunde com o lugar em que ela deve produzir efeitos.
¬ Princípio da Indelegabilidade
O princípio é analisado sob viés distintos:
Indelegabilidade externa – o Poder Judiciário não pode delegar suas funções para outros Poderes.
O exercício da função jurisdicional não pode ser delegado e somente podem atuar jurisdicionalmente aqueles que a Constituição Federal cria e autoriza. Ex.: exemplo é a atividade jurisdicional exercida no processo de impeachment, autorizado pela CF.
Indelegabilidade interna – o órgão jurisdicional competente não pode delegar atividade jurisdicional para outro órgão.
Exceções:
A vedação se aplica integralmente no caso de poder decisório, mas não em relação a outros poderes judiciais, como o instrutório, o diretivo do processo e de execução das decisões.
a) Execução de Julgados dos Tribunais (art. 102, I, “m”, CF), não obstante a previsão ser para o STF, ela é aplicável a todos os tribunais.
Art. 102. I, m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;
b) Produção de Prova Oral e Pericial
A carta de ordem, expedida pelos tribunais no sentido de delegar, ao juízo de primeiro grau, a produção de provas orais e periciais, é um exemplo, justificando-se por faltar estrutura aos tribunais para a prática de tais atos.
c) Delegação da competência do Tribunal Pleno (todos os membros do tribunal) para o órgão especial deste mesmo tribunal (mínimo de 11 e máximo de 25).
Art. 93. XI nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; 
Obs.: Nas cartas precatórias não há delegação, pois não há delegação de competência, apenas um pedido de cooperação. O juiz deprecante não pode praticar o ato deprecado, daí porque não poderia delegá-lo (Fredie Didier Jr e Daniel Assumpção).
Obs.: A CF, no art. 93, XIV, ainda, autoriza a delegação, a serventuário da justiça, do poder de praticar atos de administração (não autoriza a delegação de poder de polícia, como a presidência de uma audiência de instrução) e de mero expediente sem caráter decisório. O CPC, no art. 203, p. 4º, autoriza a prática, de ofício, dos chamados atos meramente ordinatórios (juntada e vista obrigatória) que podem ser revistos pelo juiz quando necessários.
¬ Princípio da Inevitabilidade
Situação das partes é de sujeição perante o Estado-juiz, independentemente de sua vontade, o que também reforça a ideia de imperatividade. 
Vinculação obrigatória – a citação gera uma integração inevitável do réu ao processo, ninguém após ser citado consegue evitar participar do processo.
Estado de sujeição – os efeitos da jurisdição sempre atingem as partes.
¬ Princípio da Inafastabilidade / Indeclinabilidade
Previsão legal no art. 5°, XXXV, CF, "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito", constituindo-se na consagração, em sede constitucional, do direito fundamental de ação, de acesso ao Poder Judiciário. Conquista que surgiu a partir do momento em que, proibida a autotutela privada, assumiu o Estado o monopólio da jurisdição. A ameaça a que faz referência o dispositivo constitucional consagra a tutela preventiva, a tutela de urgência e a tutela contra o perigo. 
O caput do art. 3º do CPC praticamente reproduziu o dispositivo constitucional. A única mudança digna de registro foi a troca de "APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO" por "APRECIAÇÃO JURISDICIONAL". A mudança é correta, pois a jurisdição pode ser exercida fora do Poder judiciário, como acontece no caso em que o Senado exerce jurisdição e na arbitragem. Substancialmente, porém, o enunciado é o mesmo e a norma dele decorrente também tem natureza constitucional, a despeito da sua previsão no CPC.
A arbitragem não é uma exceção à norma: é que, neste caso, o problema não deixa de ser submetido à jurisdição. A diferença é que o órgão jurisdicional não é estatal: trata-se de órgão julgador escolhido pelos litigantes, no exercício do poder de autorregramento da vontade. Não por acaso, o§ 1º do art. 3º do CPC, cujo caput reproduz o enunciado do princípio da inafastabilidade, cuida do direito à instituição do juízo arbitral, nos termos da lei.
A nossa jurisdição é una (não há jurisdição administrativa,como ocorre em países como Itália, Portugal, Espanha, França e Argentina), imposição que advém da CF de 1891. 
¬ matéria que possa ser excluída da apreciação pelo Poder Judiciário
Ação (criou-se o direito, abstrato) e jurisdição (dever do Estado) são institutos que nasceram um para o outro, segundo Fredie Didier Jr. Não há, portanto, matéria que possa ser excluída da apreciação pelo Poder Judiciário, ressalvadas raríssimas exceções: 
- processamento e julgamento de certas autoridades em certas hipóteses (art. 52, I e II, CF); 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; 
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; 
¬ necessidade de tentativa de pré-resolução administrativa
- “justiça desportiva” (órgão administrativo, não faz parte do poder judiciário) –
utilizado nas questões desportivas, regra decorrente de expresso texto constitucional (art. 217, p.1º, CF): as questões desportivas devem ser resolvidas inicialmente perante a justiça desportiva para que, após o esgotamento das possibilidades, possam ser remetidas ao exame do Poder judiciário".
 
¬ necessidade de recusa administrativa 
- utilização do Habeas Data;
Conforme entendimento pacificado no STJ, o habeas data só é cabível se houver recusa de informações por parte da autoridade administrativa.
Súmula 2, STJ. Aqui, a exigência de recusa é indispensável para o surgimento da lide, sem o que não há interesse de agir, não representando espécie de abrandamento do princípio. 
- benefício previdenciário prévio (Informativo 756/STF, Tribunal Pleno, RE 631240/MG).
requerimento administrativo negado; 
demora superior a quarenta e cinco dias na resposta do requerimento; 
pretensão fundada em tese notoriamente rejeitada pelo INSS, quando será dispensado o requerimento administrativo.
Obs.: leis que limitam ou proíbem a concessão de medidas de urgência, notadamente, em face do Poder Público (4.348/64, 5.021/66, 8.437/92 e 9.494/97) foram consideradas pelo STF, neste aspecto restritivo, constitucionais (ADIN 223-DF). Nada impede, porém, que o Juiz, se o caso, aprecie a constitucionalidade/razoabilidade da restrição. 
¬ visão moderna do princípio: 
Acesso à ordem jurídica justa:
acesso ao processo (necessitados econômicos e tutela coletiva);
ampla participação (contraditório real e princípio da cooperação);
decisão com justiça (dentro da legalidade, mas preocupada com os princípios constitucionais e os direitos fundamentais);
eficácia da decisão (tutela de urgência, medidas executivas, sanções processuais).
¬ Princípio do Juiz Natural
Juiz natural é o juiz competente de acordo com as regras gerais e abstratas previamente estabelecidas (aspecto formal), bem como aquele que seja imparcial e independente (aspecto substancial). As regras de distribuição dos feitos servem exatamente para fazer valer a garantia do juiz natural (impossibilidade de escolha pelo juiz), sendo que o desrespeito às regras de distribuição por dependência implica incompetência absoluta.
Garantia decorrente da cláusula do devido processo legal, sem previsão expressa, mas que resulta da conjugação de dois dispositivos constitucionais: 
art. 5º. XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
juízo de exceção – é o juízo formado após os fatos, com o objetivo exclusivo de decidir determinadas questões jurídicas, sendo que à época já existia órgão competente para o julgamento.
art. 5º. LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
O legislador tenta evitar a escolha do juiz pelo autor com a previsão do art. 286, II, ao criar uma regra de competência absoluta do juízo que extingue o processo sem resolução do mérito (art. 485) quando essa demanda é novamente proposta.
Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
¬ Princípio do Promotor Natural
Indicado por parcela da doutrina e consistindo no impedimento de que o Procurador-Geral de Justiça faça designações discricionárias de promotores ad hoc, o que elimina a figura do acusador público de encomenda, que poderia, em tese, tanto ser indicado para perseguir o acusado como para assegurar a impunidade de alguém.
Há decisões dos tribunais superiores que delimitam de forma interessante a abrangência do referido princípio. 
A indicação de “promotor assistente”, para atuar em conjunto com o promotor da causa, não ofende o princípio em questão (Informativo 390, STJ, 6ª Turma, HC 40.394/MG, rel. Min. Og Fernandes, j. 14.4.2009).
...o mesmo ocorrendo com as “equipes especializadas de promotores de justiça” ou “formação de forças-tarefas” para determinada área de atividade (STF, 2ª Turma, HC 96700/PE, rel. Min. Eros Grau, j. 17.3.2009). 
A designação de promotor para atuar em determinada sessão do tribunal do júri, desde que previamente feita, e motivada, não afronta o referido princípio (STF, HC, 103038/PA, 2ª Turma, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 11.10.2011).
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO
A jurisdição é una e indivisível, razão pela qual a única forma de conceber a “divisão” da jurisdição em diferentes espécies é adotando-se determinados critérios com a finalidade meramente acadêmica.
Pelo critério dos organismos judiciais que a exercem:
Jurisdição especial é exercida pelas chamadas “justiças especiais”, que tem fixação constitucional de sua competência em virtude da matéria que será objeto da demanda judicial. A CF reconhece a Justiça do Trabalho (arts. 111/116), a Justiça Eleitoral (arts. 118/121) e a Justiça Militar (arts. 122/125). 
Jurisdição comum é residual, ou seja, tudo que não for de competência dessas justiças especiais, englobando a Justiça Estadual e a Justiça Federal.
Pela posição hierárquica:
Jurisdição inferior é exercida pelo órgão jurisdicional que enfrenta o processo desde o início, ou seja, aquele que tem competência originária para a demanda.
Jurisdição superior é exercida em hipótese de atuação recursal dos tribunais. 
OBS.: Os tribunais podem tanto exercer jurisdição superior como inferior.
Pelo objeto, natureza da demanda:
Jurisdição penal ou civil: critério que leva em conta a natureza do objeto da demanda judicial. Sendo matéria penal, naturalmente haverá jurisdição penal, e, de forma subsidiária, não sendo o direito material discutido na demanda de natureza penal, a jurisdição será civil. 
A jurisdição civil é bastante ampla, pois abrange, ao menos em tese, todas as matérias que não sejam penais. A jurisdição civil é delineada por exclusão, ela se apresenta com a característica de generalidade. Aquilo que não cabe à jurisdição penal ou especial, a ela pertencerá. 
Ela pode ser ainda contenciosa ou voluntária:
Voluntária é apenas homologatória de acordos feitos entre as partes.
Contenciosa é presumida de haver um litígio que origina um processo que produz a coisa julgada.
¬ Jurisdição Voluntária (719/770)
Tema doutrinariamente polêmico, já tendo sido dito, inclusive, que não se trataria nem de jurisdição, tampouco de voluntariedade. Não tem relação com a chamada jurisdição administrativa de países como Itália, Portugal, Espanha, França e Argentina.
Procedimentos especiais de jurisdição voluntária esculpidos no NCPC:
Notificação e Interpelação;
Alienação judicial;
Divórcio e da Separação consensuais, da Extinção Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio;
Testamento e codicilos;
Herança jacente;
Bens dos ausentes;
Coisas vagas;
Organizaçãoe da Fiscalização das Fundações;
Ratificação dos protestos Marítimos e dos Processos Testemunháveis Formados a Bordo.
¬ características gerais:
a) obrigatoriedade:
A obrigatoriedade é decorrência exclusiva da previsão legal, significando uma opção do legislador de condicionar o efeito jurídico de determinadas relações jurídicas, em razão de seu objeto e/ou de seus sujeitos, à intervenção do juiz, provavelmente em razão do status de imparcialidade retidão de conduta e compromisso com a justiça que supostamente todos os juízes deveriam ter;
Acontece nas relações jurídicas de direito privado que, em razão da pessoa ou da matéria o legislador entende adequada a realização de uma supervisão estatal.
b) equidade:
Não observar a legalidade estrita e usar de discricionariedade, decidindo de acordo com os critérios de conveniência e oportunidade, como afirma o art. 723, p. único, ainda que contrariamente à lei, situação que, para a época, era bem interessante, mas que, hoje, somente diz o que já se sabe).
Art. 723. Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna.
c) inexistência de caráter substitutivo 
Pois a jurisdição voluntária, em regra, trabalhará com acordos de vontade, permitindo que estes gerem efeitos jurídicos permitidos
d) inexistência de aplicação do direito ao caso concreto 
Pois não há violação de direito ao caso concreto.
e) ausência de lide 
Não há conflitos de interesses e sim acordo de vontades. 
A corrente doutrinária que utiliza o nome de “LIDE PRESUMIDA”, pois não há conflito, mas há resistência a pretensão advinda da própria lei.
f) não há partes, mas meros interessados 
O correto seria dizer que não há parte contrária. 
h) não há processo, mas mero procedimento
Pois para haver processo seria necessária todas as partes. 
Tem parte da doutrina que entende que há um processo linear com autor e juiz.
i) inquisitoriedade
O juiz poderá dar início, de ofício, a determinadas demandas, afastando-se o rigorismo do princípio da inércia, bem como poderá produzir provas mesmo contra a vontade das partes;
j) procedimentalmente falando, há regras comuns (arts. 719/725) e especiais (arts. 726 e seguintes);
l) em todos os procedimentos de jurisdição voluntária, por força do art. 178, o MP somente será ouvido nos casos ali indicados. O STJ tem entendido que a intervenção do MP não deve se dar nos procedimentos de alienação, locação e administração da coisa comum e alienação de quinhão em coisa comum, mas, tão-somente, nas questões que envolvam os direitos indisponíveis, comprovando, concretamente, uma das causas do art. 178.
Classificação dos procedimentos de jurisdição voluntária (Leonardo Greco):
a) Receptícios (registrar, documentar ou comunicar manifestação de vontade), como as notificações, interpelações e protestos; 
b) Probatórios (produção de prova é o limite), como a justificação. A produção antecipada de prova é discutível se voluntária ou contenciosa; 
c) Declaratórios (limita-se a declarar a existência ou inexistência de uma situação jurídica), como na extinção de usufruto, da posse em nome do 
nascituro e na confirmação do testamento particular; 
d) Constitutivos (a criação, a modificação ou extinção de uma situação jurídica dependem da concorrência da vontade do juiz, por meio de autorizações, homologações, aprovações etc.), como a interdição, a emancipação, o arrendamento ou oneração de bens de incapazes, a locação de coisa comum, o alvará para a venda de bens de incapazes; 
e) Executórios (Estado-juiz exerce atividade prática que modifica o mundo exterior), como a alienação de coisas, a administração de coisa co-
mum, a arrecadação de herança jacente etc.; 
f) Tutelares (envolve a proteção de determinadas pessoas que se encontram em situação de desamparo), como a nomeação ou remoção de tutores/curadores, a exibição de testamento.
Para José Frederico Marques trata de jurisdição voluntária da seguinte forma: “é atividade resultante de negócio jurídico que se exige um ato do Estado, para que o negócio se realize ou complete”. Acrescenta que, como função, ela tem natureza administrativa, do ponto de vista material, e é ato judiciário, do ponto de vista subjetivo ou orgânico; em relação às suas finalidades, é função preventiva e também constitutiva. Na jurisdição voluntária não há lide, mas somente administração pública de interesses privados. É uma das funções do Estado, confiada ao Poder Judiciário, em virtude da idoneidade, responsabilidade e independência dos juízes perante a sociedade, visando evitar litígios futuros, ou irregularidades e deficiências na formação do ato ou negócio jurídico. Quanto ao conceito da jurisdição voluntária, está muito longe de ser pacificado na doutrina pátria, existindo correntes que procuram explicar sua natureza sobre 3 (três) atividades: a administrativa, a jurisdicional e a autônoma. Entretanto, nenhuma possui unanimidade. 
A jurisdição voluntária como administração pública de interesses privados (natureza administrativa) é a primeira corrente e ideia que prevalece na doutrina brasileira, conforme concepção de José Frederico Marques. Os principais argumentos, segundo Ovídio Baptista, de que se valem os juristas para demonstrar a natureza administrativa dos atos de jurisdição voluntária, são:
a) a jurisdição contenciosa tem caráter repressivo e a jurisdição voluntária tem caráter preventivo do litígio; 
b) aquela tem função meramente declaratória enquanto esta tem função constitutiva, haja vista que se destina à formação de atos e negócio jurídicos; 
c) a jurisdição voluntária não comporta o princípio do contraditório, não existindo, portanto, partes, mas simples interessados;
d) os atos de jurisdição voluntária não produzem coisa julgada, enquanto a sentença proferida em processo de jurisdição contenciosa produz coisa julgada; 
e) jurisdição contenciosa corresponde a uma forma de atuação do direito objetivo, enquanto a jurisdição voluntária visa realizar certos interesses públicos subordinados ao direito. 
 
A jurisdição voluntária como atividade jurisdicional (natureza jurisdicional) é a segunda corrente, minoritária por acaso, mas que vem ganhando adeptos, como Calmon de Passos, Ovídio Baptista e Leonardo Greco. A corrente doutrinária que entende que a jurisdição voluntária tem natureza jurisdicional justifica-se ao afirmar que toda atividade jurisdicional depende da iniciativa da parte interessada, sendo feita mediante o ajuizamento de uma ação. Ora, existindo ação, existirá processo e consequentemente jurisdição. São suas premissas: 
a) não se pode dizer que não há lide, bastando, para tanto, os exemplos da interdição e da retificação de registro. A lide não precisa vir afirmada em petição inicial. Os casos de jurisdição voluntária são potencialmente conflituosos e é por isso que são submetidos à apreciação do Poder Judiciário e que se impõe a citação dos possíveis interessados; 
b) a única definição possível de jurisdição se baseia em seu aspecto subjetivo : jurisdição é atividade exercida por juízes. A jurisdição voluntária é, assim, inevitável; 
c) processo é categoria que pertence à teoria geral do direito e é por isso que se fala em processo legislativos, administrativo, negocial e jurisdicional. Não se pode negar, portanto, a existência de um processo na jurisdição voluntária (que se exerce por meio das formas processuais conhecidas, como a petição inicial, sentença, apelação etc.), ainda que um processo administrativo. É, também, procedimento em contraditório; 
d) o juiz atua para atender interesse privado, como terceiro imparcial. A administração, por sua vez, age no seu próprio interesse, no interesse do Estado, da coletividade como um todo; 
e) se há processo e jurisdição, então há ação; 
f) há partes, com todos os direitos e deveres dela decorrentes. Dizer que porque não há litígio não há partes é desconhecer comezinha distinção dogmática. Parte em sentido substancialé a parte do litígio, enquanto que parte no sentido processual é o sujeito da relação jurídica processual;
g) a decisão proferida em sede de jurisdição voluntária tem aptidão para a formação da coisa julgada. Não há nada no CPC que aponte em sentido contrário, pois até mesmo decisões que não examinam o mérito se tornam indiscutíveis (art. 486, § 1º); 
h) outro argumento de que a decisão proferida em jurisdição voluntária se submete à coisa julgada material advém, por exemplo, da possibilidade de homologação de divórcio ou arrolamento consensuais em sede extrajudicial, desde que não haja interesse de incapazes (11.441/2007), pois o CNJ entendeu que a via extrajudicial é opcional (Resolução 35/2007). Assim, a homologação judicial confere às partes a indiscutibilidade da decisão, a coisa julgada, algo além do que oferece o extrajudicial.
A jurisdição voluntária como atividade autônoma (natureza autônoma) é a menos aceita na doutrina. Trata da ideia de que a jurisdição voluntária não se enquadra nem como voluntária, nem como contenciosa, configurando como categoria autônoma. Comunga dessa ideia Alcalá-Zamora, destacando que a jurisdição voluntária nem é jurisdição, nem é voluntária, eis que não representa atividade de um órgão público para declarar o direito de uma parte em face de outra, e porque muitas vezes o interessado é obrigado a obedecer à decisão de autoridade.
COMPETÊNCIA
Do ponto de vista sistemático, não seria este o local adequado para tratar do tema da competência, a opção visa acentuar a ligação entre a competência e a jurisdição, pois aquela funciona como medida e quantificação desta. Parte da doutrina diz que a competência nada mais é do que uma distribuição administrativa da jurisdição, isso porque para que a jurisdição possa melhor exercer o seu papel de dizer o direito de forma definitiva, se faz necessário que haja uma organização. 
Atenção: antes de ser competente todo juiz tem jurisdição, por isso a doutrina e a jurisprudência admitem que na urgência cesse a competência, portanto se reconhece o fenômeno da TRANSLATIO JUDICI. Caso tenha-se uma situação de risco e não seja possível encontrar o juízo competente. Na urgência, cessa, ignora a regra de competência.
Ex. Juiz estadual defere medida de urgência de competência trabalhista, pois empresa estava tentando sumir com os bens.
A decisão dada por um juiz incompetente, vale enquanto não for alterada por um juiz competente.
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
PRINCÍPIOS OU CRITÉRIOS DE DIREITO INTERNACIONAL
Esses três critérios são observados por quase todos os países. Mas, cada país adota com maior ou menor intensidade cada um desses critérios, eles escolhem o que julgam. Como exemplo, o Brasil adota esses três critérios. 
Obs.: É preciso não confundir as regras de jurisdição nacional, formuladas pelo CPC, com regras de aplicação de direito material estrangeiro, formuladas, por exemplo, na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. As normas do CPC dirão se determinado processo poderá correr no Brasil ou não. Mas é possível que, conquanto ele o deva, o direito material aplicável ao caso seja estrangeiro. Isso obrigará o juiz brasileiro, ao proferir sentença, a aplicar direito estrangeiro, caso em que poderá exigir que a parte que o invocou prove o seu teor e vigência (CPC, art. 376).
a) Critério da Efetividade 
Ordinariamente os países julgar ou aceita julgar aquilo que eles são capazes de cumprir. 
b) Critério do Interesse 
Significa que ordinariamente os países apenas julgam aquilo que eles tenham interesse em julgar. Como exemplo, o Brasil pelo critério do interesse, faz questão de julgar ações sobre 
bens situados no Brasil (afirmação de sua soberania). 
Na Espanha, utilizando esse critério, crimes contra a humanidade, ocorridos em qualquer lugar do planeta, podem ser julgados pela justiça espanhola.
c) Critério da Submissão (arts. 22, III + 25 CPC) (Código de Bustamante) 
Por esse critério, ordinariamente os países respeitam a vontade das partes. Os países respeitam a eleição de jurisdição estrangeira, positivo ou negativo. 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
Jurisdição estrangeira positivo - as partes escolhem o local de julgamento.
Art. 25. Não compete (não possui jurisdição) à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. 
Jurisdição estrangeira negativo - as partes escolhem eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional.
No Brasil a jurisdição nacional se divide em duas grandes partes, à luz desses três critérios:
Jurisdição Nacional Exclusiva (art. 23 CPC e art. 12, §1º, da LINDB)
Jurisdição Nacional Concorrente (arts. 21 e 22 do CPC e art. 12, caput, da LINDB)
JURISDIÇÃO NACIONAL EXCLUSIVA
Brasil julga o caso e ele não aceita que nenhum outro país julgue, mas caso esse outro país também julgue, essa decisão não valerá no Brasil. Uma sentença estrangeira que verse sobre qualquer das matérias previstas no artigo 23 estará fadada a ser permanentemente ineficaz no Brasil, já que nunca poderá ser homologada.
De acordo com o art. 23 do CPC e art. 12, §1º, da LINDB, existem três temas que em razão da soberania nacional brasileira apenas os juízes brasileiros poderão julgar, vejamos: 
Art. 23 do CPC - Compete à autoridade judiciária brasileira, COM EXCLUSÃO DE QUALQUER OUTRA: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
LINDB. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
LINDB. Art. 12. § 1º À AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA COMPETE conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.
Afinal, eles são parte de nosso território. Permitir que órgão estrangeiro decida sobre o assunto poderia colocar em risco a soberania nacional;
II - em matéria de SUCESSÃO HEREDITÁRIA, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
Art. 5º, XXXI - a SUCESSÃO DE BENS DE ESTRANGEIROS SITUADOS NO PAÍS será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
LINDB. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Em matéria de sucessão hereditária, a confirmação de testamento particular e o inventário e partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha domicílio fora do território nacional. Trata-se de hipótese específica de sucessão mortis causa e não distingue entre bens móveis ou imóveis. A contrario sensu, esse dispositivo veda à justiça brasileira examinar inventários de bens situados no estrangeiro. 
Nesse sentido, o acórdão do STJ, Rel. Min. Nancy Andrighi: “Se o ordenamento jurídico pátrio impede ao juiz sucessório estrangeiro de cuidar de bens aqui situados, móveis ou imóveis, em sucessão ‘mortis causa’, em contrário senso, em tal hipótese, o juízo sucessório brasileiro não pode cuidar de bens sitos no exterior, ainda que possível a decisão brasileira de plena efetividade lá” (REsp 397.769, 3ª Turma, j. 25/11/2002).III - em DIVÓRCIO, SEPARAÇÃO JUDICIAL ou DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
Ações de divórcio, separação judicial ou de dissolução de união estável, quando se proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Aqui também não se faz distinção entre bens móveis e imóveis.
JURISDIÇÃO NACIONAL CONCORRENTE
HIPÓTESES
O Brasil julga, mas ele deixa outros países julgarem também. São ações que, se propostas no Brasil, serão conhecidas e julgadas. Mas em que se admite pronunciamento da justiça estrangeira, que se tornará eficaz no Brasil desde o momento em que o Superior Tribunal de Justiça homologar a sentença anteriormente proferida no exterior. Aqui temos seis hipóteses, três delas no art. 21 do CPC e três no art. 22 também do CPC. 
Art. 21 do CPC - Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Mesmo que haja vários réus domiciliados no exterior, desde que um tenha domicílio aqui, a ação poderá ser proposta perante nossa justiça.
Essa regra também é válida para filial. Isso ocorre pela observância do principio ou critério da efetividade, isto é, quando o réu esta domiciliado no Brasil, em princípio o país conseguirá executar a decisão. 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
O Brasil aqui julga pela observância do princípio do interesse. 
LINDB. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
O Brasil aqui julga também pela observância do princípio do interesse. Trata-se de hipótese de grande relevância para as questões de responsabilidade civil. Se um estrangeiro, que tem domicílio no exterior, vem passar alguns dias no Brasil e aqui pratica um ato ilícito, do qual resultam danos, a ação indenizatória poderá ser processada e julgada no Brasil.
Art. 22 do CPC - Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações: 
I - de ALIMENTOS, quando: 
a) credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
Aqui vale no Brasil o critério da efetividade. 
II - decorrentes de RELAÇÕES DE CONSUMO, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
Esse dispositivo entrou no NCPC por causa do comércio eletrônico, pois certas empresas internacionais não têm nem filial, agência ou sucursal no Brasil. Aqui vale no Brasil o critério da efetividade. 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. 
Cuidado, pois essa adoção pode ser expressa (por escrito) ou tácita (caso de alguém entrar com ação no Brasil e não houver impugnação).
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
É o mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à sentença estrangeira, fazendo com que ela possa ser executada no Brasil de competência do Superior Tribunal de Justiça. Sem a homologação, a sentença estrangeira é absolutamente ineficaz, mesmo que tenha transitado em julgado no exterior. Não pode ser executada no Brasil, não induz litispendência, nem coisa julgada. Em suma, não produz efeito nenhum.
São requisitos para que a homologação seja deferida (art. 963):
Art. 963.  Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I - ser proferida por autoridade competente;
II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
III - ser eficaz no país em que foi proferida;[1: O CPC não exige, como faziam o Regimento Interno do STJ e a Resolução n. 9, que tenha transitado em julgado. A mesma exigência era feita pela a Súmula 420 do STJ, editada na vigência da lei anterior e que estabelece: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado”. Atualmente, o CPC não exige o trânsito em julgado, mas a eficácia da sentença. É possível que a sentença estrangeira não tenha transitado em julgado, mas já seja eficaz, nos casos em que contra ela pende apenas recurso sem eficácia suspensiva, admitindo-se a execução provisória. Assim, o STJ poderá homologar sentença estrangeira ainda que não transitada em julgado, desde que no país de origem ela já seja eficaz, isto é, estejam pendentes apenas recursos desprovidos de efeito suspensivo.]
IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado;
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.
Parágrafo único.  Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste artigo e no art. 962, § 2o.
2.1 O procedimento da homologação
Regulado pela Resolução n. 9/2005 do STJ, é relativamente simples: 
apresentado o pedido, dirigido ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça, este mandará citar os interessados, por carta de ordem, quando domiciliados no Brasil; carta rogatória, quando no exterior; ou por edital, quando em local ignorado ou inacessível.
O pedido poderá ser contestado no prazo de quinze dias. É evidente que não se poderá rediscutir aquilo que já foi decidido com trânsito em julgado pela justiça estrangeira. Poderá também discutir a inteligência (interpretação) da decisão estrangeira.
O Ministério Público será ouvido no prazo de dez dias. Se houver impugnação, o Presidente encaminhará o julgamento à Corte Especial, cabendo ao relator instruir o pedido como for necessário. Se não houver, o Presidente examinará o pedido, cabendo agravo regimental de sua decisão para a Corte Especial.
Após a homologação, a sentença estrangeira se tornará eficaz no Brasil, podendo ser executada e gerando os efeitos da litispendência e da coisa julgada. A sentença homologada é título executivo judicial (art. 515, VIII, do CPC) e deverá ser executada não perante o Superior Tribunal de Justiça, mas perante o juízo federal competente.
CRITÉRIO DE PREVALÊNCIA DAS SENTENÇAS ESTRANGEIRAS NA JURISDIÇÃO NACIONAL CONCORRENTE
2.1. Não há litispendência
Repare que se houverem duas ações iguais no Brasil ocorrerá a extinção de uma delas, mas cuidado, pois, quando houver uma ação no Brasil e outra no estrangeiro, o artigo 24 do CPC é 
claro em dizer que não há litispendência. 
Art. 24 do CPC - A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo único. A PENDÊNCIA DE CAUSA PERANTE A JURISDIÇÃO BRASILEIRA não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil. 
2.2. Valerá a decisão que transitar em julgado primeiro 
Para que não ocorra decisões diferentes, nos casos de duas ações (uma no Brasil e outra fora), situação permitida pelo artigo 24 NCPC, valerá a decisão que transitar em julgado primeiro.
# Mas, quando é que a decisão brasileira transitará em julgado no juizado? 
Quando não couber mais recurso da sentença. 
# E quando que a decisão estrangeira transitará em julgado? 
A decisão estrangeira transita em julgado no Brasil quando ela for homologada no STJ como indica o art. 960 do CPC. 
COMPETÊNCIA INTERNA
ALGUMAS PREMISSAS PARA A COMPREENSÃO DAS REGRAS DECOMPETÊNCIA INTERNA
Para se entender o sistema de competência instituído pela CF, pelo CPC e pelas Leis de Organização Judiciária, é preciso conhecer os conceitos de foro e juízo, empregados pelo legislador; entender as distinções entre regras de competência absoluta e relativa; verificar o momento em que são determinadas as regras; e apurar os critérios utilizados pelas leis, na sua fixação. Cada uma dessas premissas será abordada nos itens seguintes.
Conceito de foro e juízo
Em sentido geral, o FORO indica a base territorial sobre a qual determinado órgão judiciário exerce a sua competência. O Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça e todos os Tribunais Superiores têm foro sobre todo o território nacional; os Tribunais de Justiça, sobre os Estados em que estão instalados; e os Tribunais Regionais Federais, sobre toda a região que lhes é afeta, o que normalmente abrange mais de um Estado da Federação. Em primeira instância, perante a Justiça Estadual, foro é designação utilizada como sinônimo de comarca. Todos os Estados são divididos em Comarcas, sobre as quais os juízes de primeiro grau exercem a sua jurisdição. Na Justiça Federal, não há propriamente divisão em Comarcas: cada Vara Federal exercerá a sua competência dentro de certos limites, que constituirão o respectivo foro federal.[2: É preciso aqui tomar um grande cuidado. Frequentemente, a palavra “foro” é utilizada por leis de organização judiciária em sentido diverso daquele do Código de Processo Civil, o que a torna equívoca, com mais de um sentido. A Lei de Organização Judiciária do Estado de São Paulo, por exemplo, denomina foro às unidades jurídico-administrativas de competência, dentro de uma mesma comarca. Por exemplo, a competência dentro da capital de São Paulo é dividida entre o Foro Central e numerosos foros regionais. A palavra “foro” nessas expressões não significa comarca, já que São Paulo é uma comarca só, mas as numerosas regiões em que a competência judiciária é distribuída, dentro da Comarca da Capital. Daí o cuidado redobrado: o que o CPC chama de “foro” corresponde a toda a Comarca da Capital, mas, para a Lei Estadual de Organização Judiciária, foro corresponde às regiões em que a capital está dividida. Portanto, aquilo que a Lei de Organização Judiciária Paulista chama de foro central e foros regionais não constitui, para o CPC, verdadeiros foros (já que foro para o CPC abrange toda a Comarca), mas sim agrupamentos de juízos, em que se dividem as regiões integrantes da Comarca.]
Com foro não se confundem os JUÍZOS, unidades judiciárias, integradas pelo juiz e seus auxiliares. Na justiça comum estadual, o conceito de juízo coincide com o das varas. Uma comarca pode ter numerosas varas, isto é, diversos juízos. Quando se quer apurar em que comarca determinada demanda deve ser proposta, está-se em busca do foro competente. Quando, dentro da comarca, procura-se a vara em que a demanda deve ser aforada, a dúvida será sobre o juízo competente.
1.1.1 A competência de foro e juízo
Para apurar onde determinada demanda deve ocorrer, será indispensável consultar:
■ a Constituição Federal, para verificar se não se trata de competência originária dos Tribunais Superiores, bem como para identificar se a competência é de alguma das justiças especiais, da Justiça Federal comum ou da Justiça Estadual comum;
■ a lei federal (em regra, o CPC ou eventual legislação específica, para determinadas ações), para apurar o foro competente;
■ a lei estadual de organização judiciária, quando for necessário, dentro de determinado foro, apurar qual o juízo competente.
Competência absoluta e relativa
Competência absoluta - normas de competência que são de ordem pública;
Não podem ser modificadas.
Somente a incompetência absoluta pode ser reconhecida pelo juiz de ofício. 
Constitui objeção processual, matéria de ordem pública, que pode ser reconhecida pelo juiz ou alegada pela parte, a qualquer tempo. Conquanto o art. 337, II, do CPC determine que deva ser alegada pelo réu como preliminar em contestação, nada impede que o seja por qualquer das partes, a qualquer tempo, já que não sujeita a preclusão. 
Só não se pode mais alegá-la em recurso especial ou extraordinário, não propriamente porque tenha havido preclusão, mas por força da exigência específica de tais recursos, que pressupõem o prequestionamento.
Reconhecida a incompetência absoluta, o juiz deve remeter os autos ao juízo competente, mas, salvo decisão judicial em contrário, serão conservados os efeitos da decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente (art. 64, § 4º, do CPC). 
Mesmo que a sentença transite em julgado, a incompetência absoluta ensejará o ajuizamento de ação rescisória.
Competência relativa - instituídas tão somente no interesse das partes.
Estão sujeitas à modificação pelas partes. 
Entre as principais causas de modificação podem ser citadas a prorrogação, a derrogação pela eleição de foro, a conexão e a continência, que só se aplicarão em casos de competência relativa.
Não pode ser reconhecida de ofício (Súmula 33, do Superior Tribunal de Justiça), ressalvada a hipótese do art. 63, § 3º, do CPC.
A incompetência relativa deve ser arguida como preliminar em contestação (art. 337, II), mas sob pena de preclusão. 
O CPC ainda reconhece ao Ministério Público, nas causas em que atuar, a possibilidade de arguir a incompetência relativa, conforme art. 65, parágrafo único).
1.3 A perpetuação de competência
É denominada também perpetuatio jurisdictionis e vem prevista no art. 43 do CPC.
Art. 43.  Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
# E quando há desmembramento de Comarca?
Há decisões do Superior Tribunal de Justiça determinando a remessa dos autos à nova comarca que resultou do desmembramento (STJ — 4ª Turma, REsp 150.902/PR, Rel. Min. Barros Monteiro). 
Entretanto, o entendimento predominante é o de que deva prevalecer a perpetuação de competência, permanecendo os processos em andamento na comarca originária.
CRITÉRIOS PARA A FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA
O grande processualista Giuseppe Chiovenda, ao formular os critérios que deveriam ser utilizados pelo legislador para apuração de competência, agrupou-os dessa forma:
1º Critério objetivo;
Extrai-se o critério objetivo ou do valor da causa (competência por valor) ou da natureza da causa (competência por matéria)...
2º Critério funcional;
O critério funcional extrai-se da natureza especial e das exigências especiais das funções que se chama o magistrado a exercer num processo...
3º Critério territorial.
O critério territorial relaciona-se com a circunscrição territorial designada à atividade de cada órgão jurisdicional”.
Os arts. 62 e 63 mostram que o CPC ainda se valeu dos critérios de Chiovenda, para a fixação de competência e para a identificação dos casos em que ela é absoluta ou relativa.
Art. 62.  A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes.
Art. 63.  As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicíliodo réu.
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
CRITÉRIO OBJETIVO
É adotado quando a competência for determinada pelo valor atribuído à causa, ou pela matéria que será discutida no processo. O Código de Processo Civil não contém regras de competência
fundadas no critério objetivo. Apenas as Leis de Organização Judiciária se valem do critério objetivo para, dentro das Comarcas, indicar qual o juízo competente.
A matéria e o valor da causa não se prestam para apurar em que foro (comarca) uma demanda deve ser proposta; mas para apontar que juízo, dentro de uma comarca, será o competente.
A matéria é utilizada pela Constituição Federal para apurar se uma demanda deve correr perante a justiça comum ou as especiais (trabalhista, militar ou eleitoral).
CRITÉRIO FUNCIONAL
Abrange a competência hierárquica, que identifica a competência dos tribunais, seja para o julgamento dos recursos, seja para o julgamento de causas de sua competência originária; e os casos em que a demanda deve ser distribuída a determinado juízo, em razão de manter ligação com outro processo, anteriormente distribuído a esse mesmo juízo. Por exemplo: é funcional a competência do juízo em que corre a ação onde houve a apreensão indevida do bem para o processamento de embargos de terceiro.
CRITÉRIO TERRITORIAL
É utilizada pelo CPC, para a indicação do foro; e pelas Leis de Organização Judiciária, para a indicação do juízo competente. Leva em conta a localização territorial, seja do domicílio dos litigantes, seja da situação do imóvel que é disputado por eles. No CPC, dois exemplos de utilização do critério territorial são os arts. 46 e 47. Apurado o foro competente, resta apurar o juízo. Para tanto, é necessário observar as normas de organização judiciária, que também podem utilizar o critério territorial. É possível que a comarca esteja dividida em regiões e que tais normas estabeleçam que a competência é de uma ou outra, conforme o domicílio dos litigantes ou a situação do imóvel, dentro da Comarca.
Regras gerais para a apuração de competência
Neste item, formularemos algumas regras que devem ser observadas por aquele que deseja apurar onde determinada demanda deve ser proposta. São seis os passos, sugeridos por Nelson Nery Junior14:
1) se a ação pode ou não ser proposta perante a justiça brasileira, o que exige consulta aos arts. 21 a 23 do CPC;
2) sendo da justiça brasileira, se não se trata de competência originária do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, o que exige consulta aos arts. 102, I, e 105, I, da Constituição Federal;
3) se a competência não é de alguma das justiças especiais, conforme arts. 114, 121 e 124 da Constituição Federal;
4) não sendo de competência das justiças especiais, verificar se a competência é da justiça comum federal ou estadual,
lembrando que será da primeira nas hipóteses do art. 109 da CF;
5) qual o foro competente, o que exige consulta ao CPC ou a lei federal especial;
6) qual o juízo competente, nos termos das normas estaduais de organização judiciária.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA
O art. 109 da CF enumera, em onze incisos, quais as causas, de natureza civil e criminal, que devem ser julgadas pela Justiça Federal. As hipóteses estão fundadas na qualidade das pessoas que participam do processo ou na matéria nele discutida, razão pela qual é sempre absoluta.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
Art. 45.  Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as ações:
Atenção que não está disposto as Sociedades de Economia Mista.
I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi proposta a ação.
Pode ocorrer que o autor tenha formulado dois ou mais pedidos e que a União ou demais entes intervenham em razão de interesse em apenas um ou alguns deles. Nesse caso, o juiz estadual permanecerá com o processo, já que há pedidos de sua competência, e indeferirá a cumulação em relação àqueles pedidos cuja competência, por haver interesse da União, é da Justiça Federal, fazendo-o sem examinar-lhes o mérito.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
As causas de falência serão julgadas no juízo universal da quebra. 
As ações envolvendo acidente de trabalho, a que alude o art. 109, são as ajuizadas pela vítima em face do INSS, para postular os benefícios a que faz jus, segundo as leis acidentárias. Estas, chamadas acidentárias, devem ser processadas e julgadas pela justiça comum estadual, apesar de terem, no polo passivo, autarquia federal.
Não se trata, portanto, de ações indenizatórias ajuizadas pela vítima em face de seu patrão, em caso de culpa ou dolo, porque essas, desde a edição da Emenda Constitucional n. 45/2004, são de competência da justiça do trabalho.
Enquanto não instalada na Comarca a Justiça Federal, tais ações previstas no artigo 109, § 3º, serão processadas e julgadas pela Justiça Estadual. Trata-se de uma espécie de competência supletiva da Justiça Estadual, para julgar ações previdenciárias, enquanto não instaurada a Justiça Federal.
A regra do art. 109, § 3º, da CF abrangia também às execuções fiscais federais. Mas a Lei n. 13.043/2014 pôs fim a essa possibilidade, afastando a delegação de competência à justiça estadual nas execuções fiscais federais. Ficam ressalvadas as execuções fiscais já em curso quando da edição da nova lei, as quais permanecem na justiça estadual, onde já vinham correndo.
A regra do art. 109, § 3º, da CF só se aplica para os casos expressamente previstos. Fora disso, se a competência é da Justiça Federal, e a comarca não a tem instalada, será necessário ajuizar a demanda na cidade próxima, que seja a sede da circunscrição, e onde ela exista. Isto é, na cidade cujo foro federal abranja as comarcas vizinhas, que não têm vara federal instalada.
# A quem compete decidir se há ou não interesse da União e entidades federais?
Súmula 150 STJ: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas”.
O Superior Tribunal de Justiça, em várias decisões, tem entendido que, apesar do teor da Súmula 150, o juiz estadual pode indeferir o ingresso da União, se o seu pedido não vier acompanhado de uma fundamentação juridicamente razoável. Nesse sentido, o acórdão

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