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06/08/2019 1 Direito Econômico CURSO: DIREITO Bibliografia Base BERCOVICI, G. Constituição econômica e desenvolvimento: uma leitura a partir da constituição de 1988. São Paulo: Malheiros, 2005. GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na constituição de 1988. 13ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. PETTER, Lafayete Josué. Direito econômico. 3ª ed. São Paulo: Verbo Jurídico, 2008. Prof. José Luís G. Hernandes Prof. José Luís - UNIP 1 Direito Econômico CURSO: DIREITO Bibliografia Complementar AGUILLAR, Fernando H. F. Direito econômico: do direito nacional ao direito supranacional. São Paulo: Atlas, 2006. BAGNOLI, Vicente. Direito e poder econômico. Rio de Janeiro: Campus, 2008. FONSECA, J. B. L. Da. Direito econômico. São Paulo, Forense, 2004. MASSO, Fabiano del. Direito econômico. Rio de Janeiro: Campus, 2007. NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. SOUZA, Washington P. A. Teoria da constituição econômica. Belo Horizonte: Del Rey, 2002. Prof. José Luís G. Hernandes Prof. José Luís - UNIP 2 Prof. José Luís - UNIP 3 Objetivos a serem atingidos. OBJETIVOS GERAIS Desenvolver conteúdos relacionados ao setor privado e responsabilização, tendo como enfoque o impacto da globalização no mercado e nas relações privadas abrangidas, promovendo novas demandas jurídicas oriundas do comércio internacional, do desenvolvimento da informática, da contratação eletrônica por meio da Internet. Prof. José Luís - UNIP 4 Objetivos a serem atingidos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Preparar para utilização de conteúdos relacionados ao eixo temático, garantindo a ideia de um perfil profissiográfico contextualizado regionalmente. Promover o desenvolvimento das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam: •Leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos ou normativos, com a devida utilização das normas técnico-jurídicas; •Interpretação e aplicação do Direito; •Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do Direito; •Adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida utilização de processos, atos e procedimentos; •Correta utilização da terminologia jurídica ou da Ciência do Direito; •Utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão e de reflexão crítica; •Julgamento e tomada de decisões; Domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão e aplicação do Direito. 06/08/2019 2 5 Conteúdo Programático: 1. O Surgimento do Direito Econômico. 1.1. Direito Econômico e Economia. 1.2. Conceito de Direito Econômico. 1.3. Intervenção direta e indireta. 1.4. Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. 1.5. Privatização ou desestatização. 1.5.1. Venda de ativos e as golden shares na defesa do interesse estatal. 1.6. Evolução Histórica do Direito Econômico (do estado liberal ao neoliberal). 1.7. Serviço público e intervenção no domínio econômico.Prof. José Luís - UNIP 6 Conteúdo Programático: 2. Ordem Jurídica e Econômica. 2.1. Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. 3. Teoria do Pleno Emprego. 4. Redução das Desigualdades Regionais e Sociais. Prof. José Luís - UNIP 7 Conteúdo Programático: 5. Princípios Gerais da Atividade Econômica. 5.1. Soberania Nacional. 5.2. Propriedade Privada. 5.3. Função Social da Propriedade. 5.4. Princípio da Livre Concorrência. 5.5. Princípio a um ambiente sustentável. 5.5.1. A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938, de 1981) 5.6. Ordem urbanística. 5.6.1. O Estatuto da Cidade e seus institutos e a intervenção estatal. 5.6.2. União, estados e municípios e Agenda 21. Prof. José Luís - UNIP 8 Conteúdo Programático: 6. O Papel do Estado na Ordem Econômica. 6.1. O Abuso do Poder Econômico: O Poder Repressor do Estado. 7. Defesa da Concorrência. 7.1. Princípios básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (Lei nº 12.529, de 2011).1. Origem, conceitos fundamentais, problemas e temas relevantes da economia. Prof. José Luís - UNIP 06/08/2019 3 1- O surgimento do Direito Econômico Atribui-se o aparecimento do Direito Econômico à I Guerra Mundial, em razão da descoberta da importância da produção econômica para a eficiência das tropas nos campos de batalha. Tal fato impulsionou a regulamentação das atividades econômicas (Comparato, 1977, p. 1). Prof. José Luís - UNIP 9 1- O surgimento do Direito Econômico Assim, fenômenos econômicos como a atividade monetária, a atividade de concessão de crédito, a atividade laboral, entre outras, passaram a ser objeto de regras jurídicas. Prof. José Luís - UNIP 10 1- O surgimento do Direito Econômico A partir de então, a atividade econômica passou a sofrer algumas interferências jurídicas que visam a dirigi-la a alguns fins determinados. Dessa forma, certo cuidado deve ser exigido para que não se confunda o advento do Direito Econômico com uma nova forma de socialismo. Prof. José Luís - UNIP 11 1- O surgimento do Direito Econômico O nível de intervenção do Estado no domínio econômico é de graus diferenciados, assim, o fato de existirem regras ou mesmo planos de desenvolvimento não é suficiente para caracterizar a economia de comando, portanto, a planificação passou a ser um recurso utilizado, em menor grau, pelas economias não socialistas. Prof. José Luís - UNIP 12 06/08/2019 4 1- O surgimento do Direito Econômico Para exemplificar, no Brasil já tivemos diversos planos de natureza econômica, como informa Fábio Konder Comparato (1977, p. 7): “Em nosso país, os primeiros esboços de uma programação nacional da economia remontam ao plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transportes e Energia), elaborado durante o governo do Mal. Dutra. Prof. José Luís - UNIP 13 1- O surgimento do Direito Econômico e ao chamado “Programa de Metas” do governo Juscelino Kubistchek. Mas ambos constituíam simples exposições de objetivos, sem a previsão dos instrumentos adequados, e sem a criação das instituições encarregadas de utilizar tais instrumentos.” Prof. José Luís - UNIP 14 1- O surgimento do Direito Econômico Da mesma maneira, oportunas as palavras de Affonso Insuela Pereira, que dispõe (1974, p. 43-44): “Se é verdade inconteste que findado o conflito, o homem não abandona as técnicas produtivas que o esforço da luta lhe exigiu, adaptando-as como técnicas produtivas de paz, verdade também é que no campo social, finda a guerra, igualmente muitas modificações se fizeram presentes. Prof. José Luís - UNIP 15 1- O surgimento do Direito Econômico Assim é que, não obstante os princípios de ordem econômica e social já tivessem anteriormente sido inseridos como preceitos constitucionais nas Cartas Magnas do Estado Soviético (1917) Prof. José Luís - UNIP 16 06/08/2019 5 1- O surgimento do Direito Econômico e no México no “Apartado 123” da Constituição mexicana, é na Constituição do liberal Estado Alemão de 1919 que aparecem com mais vigor, e a partir de então se universalizam tais princípios, pois vieram a merecer guarida nas cartas constitucionais de quase todos os Estados, inclusive no Brasil, onde foram inseridos em todos os diplomas constitucionais que se seguiram.” Prof. José Luís - UNIP 17 1.1 Direito Econômico e Economia O direito econômico surge como uma recente disciplina acadêmica nos cursos de graduação em Direito.Compõem uma disciplina que possui a particularidade de cuidar, sobretudo, da intervenção do Estado no domínio econômico. Prof. José Luís - UNIP 18 1.1 Direito Econômico e Economia ou seja, os parâmetros normativos criados pelo Estado de Direito no delineamento das práticas econômicas, seja: -instituindo políticas específicas, -coibindo condutas, -prevendo as formas de fiscalização, regulação e participação do Estado na atividade econômica. Prof. José Luís - UNIP 19 Prof. José Luís - UNIP 20 06/08/2019 6 1.1 Direito Econômico e Economia Conhecer o direito econômico envolve, inicialmente, a preocupação com a compreensão do que seja atividade econômica, principalmente, o seu modo de acontecer, para que as normas jurídicas não interfiram nas regras naturais da ciência econômica. Prof. José Luís - UNIP 21 1.1 Direito Econômico e Economia Não é inútil ponderar que o desenvolvimento histórico das técnicas de produção de bens e serviços não interfere na identificação da principal característica da atividade econômica, qual seja, A satisfação das necessidades humanas. Prof. José Luís - UNIP 22 1.1 Direito Econômico e Economia Ainda que as maneiras de produção sejam constantemente modificadas em razão da evolução da técnica, a atividade econômica não deixou de ser a ação humana para o seu sustento, o que envolve também a escolha de quais bens serão adquiridos, já que nem todas as necessidades serão satisfeitas. Prof. José Luís - UNIP 23 1.1 Direito Econômico e Economia O sujeito que dialeticamente produz e consome bens é intitulado agente econômico. Dialética é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que levam a outras ideias Prof. José Luís - UNIP 24 06/08/2019 7 1.1 Direito Econômico e Economia O consumo faz parte do cotidiano de qualquer pessoa, a produção, não. “A definição de ‘escassez’ aplica-se indistintamente a uma fábrica, a um concerto de violino ou ao envio de missionários para um trabalho de catequese. Prof. José Luís - UNIP 25 1.1 Direito Econômico e Economia A importância da regulação da atividade econômica advém da necessidade de algumas vezes interferir nas escolhas econômicas para que o bem comum seja alcançado, e não apenas a satisfação de um determinado agente econômico em detrimento dos demais. Prof. José Luís - UNIP 27 1.1 Direito Econômico e Economia A escolha deve ser livre, mas a complexidade atual das relações econômicas, se não coordenadas, poderá resultar em um aproveitamento ineficiente dos recursos disponíveis para a produção e, consequentemente, para uma mais completa satisfação de necessidades. Prof. José Luís - UNIP 28 1.1 Direito Econômico e Economia A atividade econômica corresponde a todo ato de produção e consumo de bens e serviços, cuja finalidade é a satisfação das ilimitadas necessidades humanas. Prof. José Luís - UNIP 29 06/08/2019 8 1.1 Direito Econômico e Economia Em razão da impossibilidade de satisfação de todas as necessidades, bem como da produção de todos os bens, os agentes econômicos que participam da atividade econômica devem decidir o que produzir e o que consumir, e tal decisão poderá ser livre, sendo os próprios agentes econômicos (mercado) os principais controladores da oferta de produtos e da sua demanda, ou coordenada por algum ente que centralize todas ou somente parte das decisões econômicas a serem tomadas. Prof. José Luís - UNIP 30 1.1 Direito Econômico e Economia A própria decisão dos limites dessa coordenação constitui uma decisão econômica importante para que se mantenha o equilíbrio das satisfações humanas. Prof. José Luís - UNIP 31 1.1 Direito Econômico e Economia A noção de relação de interdependência entre o Direito e a Economia auxilia a compreensão de um conjunto de normas cujo objeto é a atividade econômica. Entretanto, esse entrelaçar ocorre apenas quando se quer, de alguma maneira, interferir no fenômeno econômico. Prof. José Luís - UNIP 32 1.2 Conceito de Direito Econômico A atividade econômica se desenvolve como um corolário da sua própria existência, enquanto a atividade jurídica demanda certa organização de centros de poder dos quais emanam preceitos a serem observados. Assim, nem todos os atos realizados na exploração da atividade econômica despertam o interesse do Direito. A ordem econômica é que delimitará por onde o Direito espalhará os seus tentáculos na regulação da administração da escassez.Prof. José Luís - UNIP 33 06/08/2019 9 1.2 Conceito de Direito Econômico A interferência do raciocínio jurídico nos modelos econômicos deve ser realizada de forma contida, pois em diversas oportunidades as regras jurídicas não serão eficientes para determinar a conduta econômica, pois esta não pode, em alguns casos, contrariar a sua própria natureza de funcionamento. Prof. José Luís - UNIP 34 1.2 Conceito de Direito Econômico A economia possui os seus próprios princípios ordenadores e, quando esses forem incompatíveis com as normas jurídicas, o Direito não os determinará. Prof. José Luís - UNIP 35 1.2 Conceito de Direito Econômico Affonso Insuela Pereira (1974, p. 16): “Os fenômenos econômicos são ou podem ser disciplinados pelo Direito; mas, a verdade é que essa correção é relativa porque as leis às quais a natureza obedece são indubitavelmente mais rígidas do que as leis sociais. Sua disciplina e sua adaptação aos interesses sociais são extraordinariamente mais difíceis do que a das leis sociais, porém, essas modificações se fazem em base extremamente mais sólida para a ação do Direito. E é justamente ao estabelecer normas para os fenômenos econômicos que o homem corre maior perigo, pois são, na maior parte das vezes, frágeis, instáveis e qualquer ação do homem menos avisado poderá deitar por terra todos os seus princípios.” Prof. José Luís - UNIP 36 1.2 Conceito de Direito Econômico O direito não impera, senão momentaneamente, na disciplina de fatos que dependem exclusivamente dos próprios fatores de mercado, como, por exemplo, a formação da taxa de juros ou de câmbio. Prof. José Luís - UNIP 37 06/08/2019 10 1.2 Conceito de Direito Econômico Uma norma jurídica criada para estipular a taxa de juros que determinado mercado deveria observar somente produzirá efeitos se for estabelecida tal conduta por um prazo determinado, sendo que quanto mais longo for o tempo, menores serão as chances de gerar algum tipo de eficácia jurídica. Prof. José Luís - UNIP 38 1.2 Conceito de Direito Econômico O que ocorre é que a taxa de juros depende de situações econômicas para se determinar e, ainda que o legislador resolva especificar o preço do dinheiro, as próprias regras naturais de mercado é que o determinarão. O que acabamos de descrever influencia diretamente na fixação do objeto do direito econômico. Prof. José Luís - UNIP 39 1.2 Conceito de Direito Econômico O direito econômico é caracterizado por seu objeto, que é, em síntese, o estudo das formas de intervenção do Estado na atividade econômica. Prof. José Luís - UNIP 40 1.2 Conceito de Direito Econômico Entretanto, tal objeto deve ser esclarecido de forma pormenorizada, uma vez que a determinação do que seria objeto econômico é tarefa dificílima. Da mesma maneira, uma das principais dificuldades no reconhecimento do direito econômico consiste no fato de seu objeto se confundir com o objeto do direito empresarialna maioria das vezes. Prof. José Luís - UNIP 41 06/08/2019 11 1.2 Conceito de Direito Econômico Assim, pondera-se que, em grande parte, as normas de direito econômico são dirigidas aos sujeitos que desenvolvem atividade empresária, mas nem sempre isso é verdade, pois a atividade econômica pode ser realizada por sujeitos não empresários que estarão sujeitos ao cumprimento de normas de direito econômico, mas não as normas empresariais. Prof. José Luís - UNIP 42 1.2 Conceito de Direito Econômico A atividade empresarial é, por definição, atividade econômica. Todavia, nem todo agente econômico é considerado e tratado juridicamente como empresário. Prof. José Luís - UNIP 43 1.2 Conceito de Direito Econômico No Direito, o sujeito que exerce direitos é intitulado pessoa. Na Economia, o sujeito que desenvolve atividade econômica, seja produzindo ou consumindo apenas, é chamado de agente econômico ou unidade econômica de dispêndio. Prof. José Luís - UNIP 44 1.2 Conceito de Direito Econômico Definir o Direito Econômico como o conjunto de regras ordenadoras da economia em sua dinâmica de produção, circulação, distribuição e consumo aumenta por demais o seu objeto, de maneira que todas as formas de conduta humana estariam incluídas nos limites do Direito Econômico. Prof. José Luís - UNIP 45 06/08/2019 12 1.2 Conceito de Direito Econômico A confusão geralmente realizada com o objeto dos outros ramos do Direito ocorre em razão de uma característica comum que é o conteúdo econômico. Prof. José Luís - UNIP 46 1.2 Conceito de Direito Econômico Como observa Washington Albino de Souza (1994, p. 59-60): “Uma primeira diferença, entretanto, há de ser salientada. É que o Direito Econômico versa obrigatoriamente sobre atos e fatos econômicos enquanto que o mesmo não acontece com todos os demais ramos da ciência jurídica. Mesmo assim, por vezes, é feita uma certa confusão. Prof. José Luís - UNIP 47 1.2 Conceito de Direito Econômico Trata-se de algumas disciplinas, especialmente o Direito Trabalhista e o Direito Comercial. O primeiro, se ocupa do ‘trabalho’, um ‘fator’ de produção, de natureza cultural econômica. O Direito Comercial tem por objeto o fato econômico ‘troca’ e os elementos econômicos que decorrem do seu conceito, como o mercado, o preço e assim por diante. Prof. José Luís - UNIP 48 1.2 Conceito de Direito Econômico Em uma definição única e preliminar consideramos o Direito Econômico como a reunião das normas que regulam a estrutura (Ordem Econômica) e as relações entre os agentes econômicos na realização da atividade econômica. Prof. José Luís - UNIP 51 06/08/2019 13 1.2 Conceito de Direito Econômico Na doutrina, nos aproximamos muito de Affonso Insuela Pereira (1974, p. 66-67), que conceitua o Direito Econômico como: “O complexo de normas que regulam a ação do Estado sobre as estruturas do sistema econômico e as relações entre os agentes da economia.” Prof. José Luís - UNIP 52 1.2 Conceito de Direito Econômico Uma outra definição completa de Direito Econômico é a proposta por Washington Peluso Albino de Souza (1994, p. 23), nos termos: “Direito Econômico é o ramo do Direito que tem por objeto a regulamentação da política econômica e por sujeito o agente que dela participe. Como tal, é um conjunto de normas de conteúdo econômico que assegura a defesa e harmonia dos interesses individuais e coletivos, de acordo com a ideologia adotada na ordem jurídica. Para tanto, utiliza-se do ‘princípio da economicidade’.” Prof. José Luís - UNIP 53 1.3 Intervenção direta e indireta O Estado pode atuar no domínio econômico desenvolvendo ele próprio a atividade econômica, o que acontece com os serviços públicos ou outras atividades as quais os imperativos da segurança nacional ou do interesse coletivo determinem a realização de atividade econômica diretamente pelo Estado. Prof. José Luís - UNIP 54 1.3 Intervenção direta e indireta A participação direta do Estado no desenvolvimento da atividade econômica pode se dar em regime de competição com a iniciativa privada ou em regime de monopólio e, por fim, em parceria com a iniciativa privada. Por outro lado, quando o Estado não desenvolve diretamente a atividade econômica, mas regula, fiscaliza, incentiva, normatiza e planeja, a atuação é indireta. Prof. José Luís - UNIP 55 06/08/2019 14 1.3 Intervenção direta e indireta A participação direta do Estado no desenvolvimento da atividade econômica pode se dar em: regime de competição com a iniciativa privada ou (Caixa Econômica) em regime de monopólio e, por fim, (Portobras) em parceria com a iniciativa privada. (Petrobrás) Prof. José Luís - UNIP 56 1.3 Intervenção direta e indireta Por outro lado, quando o Estado não desenvolve diretamente a atividade econômica, mas regula, fiscaliza, incentiva, normatiza e planeja, a atuação é indireta. Prof. José Luís - UNIP 57 1.3 Intervenção direta e indireta Prof. José Luís - UNIP 58 Intervenção direta ou participação A análise literal do dispositivo constitucional que trata da participação direta do Estado no domínio econômico é necessária para que não se cometam erros de interpretação. Vejamos o caput e o parágrafo primeiro do artigo 173: Prof. José Luís - UNIP 59 06/08/2019 15 Intervenção direta ou participação (...) Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definido em lei. § 1.º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias; III – a licitação e a contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. Prof. José Luís - UNIP 60 Intervenção direta ou participação (...) § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. § 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando- a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Prof. José Luís - UNIP 61 Constituição 1988 Dispõe o art. 173 da Constituição Federal que a participação do Estado na exploração da atividade econômica é situação de exceção, sendo possível apenas em razão dos imperativos da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo. Prof. José Luís - UNIP 62 Constituição 1988 Em uma primeira leitura, e sem fazer a indagação sobre o que configura imperativos da segurança nacional e relevante interesse coletivo, parece que a participação do Estado realizando ativamente como agente econômico a satisfação de necessidades é excepcional. Prof. José Luís - UNIP 63 06/08/2019 16 Constituição 1988 Em nosso entender a participação do Estado no domínio econômico é excepcional, mas a decisão de participar ou não está sempre nas mãos do próprio Estado, que justificará na criação das empresas estatais o que é segurança nacional e relevante interesse coletivo e assim, podendo participar segundo seus próprios e institucionais interesses. Prof. José Luís - UNIP 64 Constituição 1988 Na doutrina alguns autores como Lúcia Valle Figueiredo (2006, p. 126) não qualificam os conceitos como vagos, nos termos: “Trazemos à colação o argumento de que o conceito de relevante interesse público não é conceito vazio, despido de significado. Claro está que existe conteúdo, e, diríamos, conteúdo preenchido pelas prioridades que, ao longo do texto constitucional, foram alinhavadas. Prof. José Luís - UNIP 65 Constituição 1988 Portanto, não se suponha, que a expressão consagrada no texto constitucional, quer referente à segurança nacional, quer ao relevante interesse coletivo, possa ser um ‘abre-te sésamo’ para o Estado, como, aliás, tem sido, indevidamente.” Prof. José Luís - UNIP 66 Constituição 1988 Em conclusão, o Estado regula a sua forma de intervenção direta na atividade econômica cautelosamente, o que transparece, por exemplo, no tratamento de direito privado dado às empresas criadas pelo Estado. Assim, a economia de mercado é preservada sem a sua deletéria pureza. O Estado poderá participar do desenvolvimento direto de atividade econômica por intermédio das conhecidas empresas estatais, que são as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Prof. José Luís - UNIP 67 06/08/2019 17 Intervenção indireta As determinações constitucionais ao Estado regulador serão estudadas de forma pormenorizada mais à frente. Entretanto, aqui cabe o estudo preliminar dos mandamentos constitucionais a serem exercidos pelo Estado como agente normativo e regulador da atividade econômica, que encarta as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado (caput do art. 174 da CF). Dessa forma, assim determina a Constituição Federal: Prof. José Luís - UNIP 68 Constituição 1988 a lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento (§ 1.º, art. 174); a lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo (§ 2.º, art. 174); o Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros (§ 3.º, art. 174);Prof. José Luís - UNIP 69 Constituição 1988 as cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei (§ 4.º, art. 174). Prof. José Luís - UNIP 70 Constituição 1988 É muito difícil ser criterioso para configurar o grau de inferência do Estado no domínio econômico. Afinal, uma série de hipóteses de participação e de controle é utilizada cotidianamente pelo Estado na condução da atividade econômica própria e de empreendedores particulares. Mas a classificação que aponta o Estado como regulador e normatizador da atividade econômica considera a modalidade de intervenção como indireta. Prof. José Luís - UNIP 71 06/08/2019 18 Prof. José Luís - UNIP 72 Atuação Indireta A fiscalização estatal funciona como uma forma de acompanhamento do desenvolvimento de atividade econômica por intermédio dos agentes econômicos para que se constate se algumas das bases fixadas na Constituição, o que se fez por intermédio da estipulação de princípios, estão sendo relegadas. De forma objetiva, fiscalizar significa observar o cumprimento das regras e princípios impostos. Prof. José Luís - UNIP 73 Atuação Indireta Os incentivos estatais ao contrário da fiscalização não funcionam no acompanhamento do mercado, mas como indicador da direção que devem tomar os agentes econômicos, sempre que o Estado entender por bem que a concessão de algum benefício, vantagem ou estímulo sejam necessários para desenvolver determinada atividade e cujo benefício seja público e não particular apenas, assim deve fazer (incentivar). Prof. José Luís - UNIP 74 Atuação Indireta O planejamento funciona como um método de desenvolvimento de qualquer atividade econômica de forma eficiente. Portanto, não cabe apenas ao agente econômico privado a preocupação com o desenvolvimento da produção, consumo, tecnologia etc. O Estado também deve organizar a atividade econômica que realiza direta ou indiretamente para alcançar os fins propostos na ordem econômica. Prof. José Luís - UNIP 75 06/08/2019 19 1.4 - Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. O Estado de alguma maneira sempre interveio na atividade econômica, seja quando ele próprio funcionou como agente econômico ou mediante mecanismos de incentivo, planejamento, fiscalização, regulação, normatização. Prof. José Luís - UNIP 76 1.4 - Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. As justificativas para a participação do Estado de uma forma ou de outra no domínio econômico devem compreender a capacidade técnica para desenvolver a atividade, o interesse público devidamente cumprido, o interesse econômico diretamente vinculado à atividade, entre outros. Prof. José Luís - UNIP 77 1.4 - Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. A atividade econômica na atualidade é realizada sempre sob alguma maneira de atuação do Estado. De forma conclusiva, sobre o Estado brasileiro e a sua atuação na atividade econômica, nos termos do que prevê a ordem econômica constitucional, segundo Gilberto Bercovici (2011, p. 271-272) temos que: Prof. José Luís - UNIP 78 1.4 - Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. “Não há na Constituição nenhum dispositivo que estabeleça que o Estado só pode atuar na esfera econômica em caso de desinteresse ou ineficiência da iniciativa privada, o chamado ‘princípio da subsidiariedade’. Pelo contrário, o texto constitucional deixa claro que a economia não é o terreno natural e exclusivo da iniciativa privada.(...) Não existe, no sistema capitalista, nenhuma incompatibilidade entre a economia de mercado e a atuação econômica estatal, pelo contrário.” Prof. José Luís - UNIP 79 06/08/2019 20 1.4 - Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. Empresa Pública As empresas públicas têm a sua definição dada pelo inciso II, do art. 5.º, do Decreto-lei 200, nos seguintes termos: II – Empresa Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendorevestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei 900, de 1969) Prof. José Luís - UNIP 80 1.4 - Princípio da subsidiariedade e empresas estatais. As sociedades de economia mista têm a sua definição dada pelo inciso III, do artigo 5.º do Decreto-lei 200, nos seguintes termos: III – Sociedade de Economia Mista – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei 900, de 1969) Prof. José Luís - UNIP 81 1.5 Privatização ou desestatização Anos 60 e 70 século XX, no Brasil ocorreu uma grande estatização (o Estado passa a ser proprietário ou maior acionista de empresas) da economia, com a criação de diversas empresas estatais: Eletrobrás (Energia Elétrica) Siderbrás (Siderurgia) Embratel (Comunicações) Telebrás (Telefonia) Prof. José Luís - UNIP 82 1.5 Privatização ou desestatização À partir da década de 80 começa o que se chama de Privatizações. (Termo introduzido pela revista The Economist durante a década de 30 sobre a política econômica adotada pela Alemanha Nazista) Desestatização – o processo de venda de uma empresa ou instituição do setor público, que integra o patrimônio do Estado, para o setor privado, geralmente por leilões públicos. Prof. José Luís - UNIP 83 06/08/2019 21 1.5 Privatização ou desestatização Surge legislação para organizar a privatização Decreto n. 91.991 de 28/11/85. Acontece a reprivatização de 38 empresas que haviam sido absorvidas pelo Estado principalmente em função de dificuldades financeiras. Eletrosiderúrgica Brasileira (SIBRA) Aracruz Celulose Caraíbas Metais Prof. José Luís - UNIP 84 1.5 Privatização ou desestatização Lei 8031/90 – Programa Nacional de Desestatização (PND) revogada pela Lei 9491/97 – As empresas públicas federais encarregadas da prestação de serviços públicos foram expressamente incluídas entre suscetíveis de privatização (art. 7º). Prof. José Luís - UNIP 85 1.5 Privatização ou desestatização Ressalvada a detenção pela União das chamadas Golden shares (ações de classe especial do capital social de empresas privatizadas, que lhe confiram poder de veto em determinadas matérias (art. 8) e art. 17 § 7º leis da S. A. (6404/76). Além destas empresas foram incluidas siderúrgicas, fertilizantes e petroquímicas. Usiminas (1991), Petroflex, CST e Fosfértil. Prof. José Luís - UNIP 86 1.5 Privatização ou desestatização No período de 1995/1996 foram privatizadas 19 empresas. Cia Vale do Rio Doce Telebrás Eletrobrás Prof. José Luís - UNIP 87 06/08/2019 22 1.5.1 Venda de ativos e as golden shares na defesa do interesse estatal. Golden Share Em certos casos, de extrema importância não só política como também econômica, era necessária uma intervenção direta e não apenas fiscalizatória nas empresas. Prof. José Luís - UNIP 88 1.5.1 Venda de ativos e as golden shares na defesa do interesse estatal. Seguindo o Direito Internacional, buscou-se a utilização de Ações de Classe Especial, conhecidas internacionalmente como Golden Shares, ou Ações de Ouro. Prof. José Luís - UNIP 89 1.5.1 Venda de ativos e as golden shares na defesa do interesse estatal. A definição de termo Golden Shares do Direito Empresarial Brasileiro pode ser encontrada no artigo 17, § 7º da Lei das S.A. e basicamente é tratada como Ação de Classe Especial detida pelo poder público, principalmente utilizadas quando do desfazimento do controle acionário de empresa com participação estatal, de forma a manter-se o controle desta empresa sem necessariamente haver titularidade de mais de 50% das ações. Prof. José Luís - UNIP 90 1.6 Evolução Histórica do Direito Econômico (do estado liberal ao neoliberal). Como já vimos: Atribui-se o aparecimento do Direito Econômico à I Guerra Mundial, em razão da descoberta da importância da produção econômica para a eficiência das tropas nos campos de batalha. Tal fato impulsionou a regulamentação das atividades econômicas. Assim, fenômenos econômicos como a atividade monetária, a atividade de concessão de crédito, a atividade laboral, entre outras, passaram a ser objeto de regras jurídicas. Prof. José Luís - UNIP 91 06/08/2019 23 1.7 Serviço público e intervenção no domínio econômico. Prestação de serviços públicos O legislador constitucional tratou da prestação de serviços públicos no Título específico da ordem econômica e financeira, o que faz crer que a distinção, em alguns casos, de atividade econômica privada e serviço público é extremamente sutil, pois ambos são atividades de satisfação de necessidades humanas, portanto, econômicas. Prof. José Luís - UNIP 92 1.7 Serviço público e intervenção no domínio econômico. O art. 175 da Constituição de 1988 assim dispõe: Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II – os direitos dos usuários; III – política tarifária; IV – obrigação de manter serviço adequado. Prof. José Luís - UNIP 93 1.7 Serviço público e intervenção no domínio econômico. Caberá à Administração Pública decidir se prestará diretamente o serviço público, se delegará para uma empresa estatal, e por último se concederá ou permitirá a uma empresa privada a sua prestação. Como se percebe, as sociedades de economia mista e as empresas estatais podem atuar diretamente na exploração de atividade econômica sob o regime de direito público, quando prestar serviço público ou sob regime de direito privado, quando desenvolver atividade econômica de domínio privado. Prof. José Luís - UNIP 94 1.7 Serviço público e intervenção no domínio econômico. A definição de serviço adequado é dada pelo artigo 6.º da Lei 8.987/1995, nos termos: Art. 6.º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. § 1.º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. § 2.º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço. § 3.º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I – motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e II – por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. Prof. José Luís - UNIP 95 06/08/2019 24 2 - Ordem Jurídica e Econômica. O significado preciso de ordem demanda uma preocupação determinantemente técnica, pois o vocábulo alcança variados sentidos. O primeiro deles e mais comum induz a organização de algo. Assim, a atividade jurídica é determinada por uma necessária organização, o que parece óbvio, pois o Direito tem por finalidadeorganizar da melhor forma a convivência social. Prof. José Luís - UNIP 96 2 - Ordem Jurídica e Econômica. O segundo significado decorre do primeiro e implica os instrumentos de se dispõe para que se ordene algo. Dessa maneira, a atividade social organizada pelo Direito depende de instrumentos de estímulo e sustentação da ordem. Por fim, a noção técnica de ordem induz a determinação de certos resultados advindos da organização jurídica. Prof. José Luís - UNIP 97 2 - Ordem Jurídica e Econômica. Portanto, a ordem jurídica consiste na criação metódica de princípios e normas de natureza geral que regulam a vida em sociedade, sempre tendo como parâmetros alguns efeitos ou resultados a serem alcançados. Prof. José Luís - UNIP 98 2 - Ordem Jurídica e Econômica. A ordem econômica é uma representação estrutural cuja finalidade é organizar a realização da atividade econômica em determinada comunidade. Para tal finalidade, a ordem contempla alguns princípios que a informam e que deverão circunscrever os limites da legislação a ser criada. Prof. José Luís - UNIP 99 06/08/2019 25 2 - Ordem Jurídica e Econômica. A interpretação de qualquer norma que compõe a ordem econômica induzirá a um dos vários princípios nela previstos. Da mesma maneira, a ordem econômica existe devido a seus fins, que nela deverão constar expressamente. Prof. José Luís - UNIP 100 2 - Ordem Jurídica e Econômica. A ordem econômica, na verdade, corresponde também à coerência do regime de regras criadas para regular determinados aspectos da atividade econômica. De forma completa e direta. Prof. José Luís - UNIP 101 2 - Ordem Jurídica e Econômica. A atividade econômica organizada, com estrutura, princípios e finalidade própria, expressa nas normas jurídicas a noção mais simples e completa de ordem econômica. Dessa forma, a ordem econômica formalmente prevista funciona como um documento de grande importância para todos os que estiverem sob os seus efeitos, que poderão conhecer os interesses e as formas de organização do Estado diante da atividade econômica. A ordem econômica serve ao Estado e a todo o seu povo, mas aquele é o responsável pela sua instituição e aplicação. Prof. José Luís - UNIP 102 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. A ordem econômica possui como principal documento a Constituição Federal, de forma que o seu conteúdo econômico é que compõe a Constituição Econômica. Num olhar superficial, parece que ordem econômica é a mesma coisa que Constituição Econômica, mas ambas não se confundem, pois a ordem econômica compreende outras leis que não apenas a Constituição Federal. Prof. José Luís - UNIP 103 06/08/2019 26 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. ORDEM ECONÔMICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A Constituição vigente também é resultado da ideologia de sua época, de forma a instituir o sistema econômico nacional com base em uma economia descentralizada, portanto, o papel do mercado volta a representar importante controle da atividade econômica. Prof. José Luís - UNIP 110 Prof. José Luís - UNIP 111 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. Os fundamentos da ordem econômica – ou seja, a base de sustentação do sistema econômico – são: a liberdade de empreender ou de explorar a atividade econômica (livre-iniciativa) e a valorização do trabalho humano, que, de certa forma, é um limitador da livre-iniciativa, mas que com ela deve se relacionar para a construção do sistema econômico nacional. A existência digna é a principal finalidade da ordem econômica e existe, de acordo com o regulado pela Constituição, quando o objetivo da justiça social é alcançado. Prof. José Luís - UNIP 112 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. livre-iniciativa A livre-iniciativa garante a liberdade de empreender, o que não induz a possibilidade de empreender. valorização do trabalho humano o Estado cria para si uma obrigação imediata de criação de possibilidades de trabalho, pois é assim que o valoriza. Prof. José Luís - UNIP 113 06/08/2019 27 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; Prof. José Luís - UNIP 114 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Prof. José Luís - UNIP 115 2.1 - Princípios Constitucionais da Ordem Econômica. OBJETIVOS: existência digna A existência digna é medida pela quantidade de oportunidades proporcionadas aos indivíduos, sendo tratada como um dos fundamentos do próprio Estado brasileiro (CF, art. 1.º). justiça social O justiçado socialmente é o que possui os mesmos direitos e oportunidades de usufruir os bens para a satisfação de suas necessidades básicas. Prof. José Luís - UNIP 116 3 - Teoria do Pleno Emprego Busca do pleno emprego Uma das maneiras de valorizar o trabalho humano é garantir o pleno emprego, o desemprego configura uma das situações de desigualdade sociais mais importantes. O pleno emprego, na verdade, é uma das consequências da economia em pleno e eficiente funcionamento. Prof. José Luís - UNIP 117 06/08/2019 28 3 - Teoria do Pleno Emprego O Estado pode operar identificando situações econômicas que afetem determinado setor produtivo com consequências para o mercado de trabalho. Assim, como o Banco Central vende dólares americanos de suas reservas para manter a taxa de câmbio, o Estado, por intermédio de uma estrutura administrativa, deve intervir e criar medidas para proporcionar o maior nível de emprego possível. Em conclusão, o Estado deve estimular os agentes de produção econômica a proporcionar a maior quantidade possível de efeitos sociais, e a geração de empregos é um deles. Prof. José Luís - UNIP 118 4 - Redução das Desigualdades Regionais e Sociais O mandamento do princípio é o do desenvolvimento equilibrado das regiões brasileiras previsto, inclusive, como um dos objetivos fundamentais da República (art. 3.º da CF). O legislador parte de uma constatação, que é o subdesenvolvimento acentuado em algumas regiões brasileiras. A própria Constituição Federal possui institutos cuja finalidade é a redução das desigualdades sociais, como: o modelo cooperativo de federalismo, os fundos de participação, o planejamento e a criação de regiões administrativas (Gilberto Bercovici, 2005, p. 87). Prof. José Luís - UNIP 119 4 - Redução das Desigualdades Regionais e SociaisO agente econômico privado, se não direcionado por políticas públicas que o estimulem a empreender e desenvolver regiões específicas, pouco poderá fazer para a aplicação do princípio. Assim, dirige-se o legislador ao próprio Poder Público, que identificará as regiões e criará as políticas de desenvolvimento econômico. Prof. José Luís - UNIP 120 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica Art. 170. 1- soberania nacional; 2- propriedade privada; 3- função social da propriedade; 4- livre concorrência; 5- ambiente sustentável 5.1- Política Nacional do Meio Ambiente 6- Ordem Urbanística 6.1- O Estatuto da Cidade 6.2- Agenda 21 – União, estados e municípios Prof. José Luís - UNIP 121 06/08/2019 29 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.1- Soberania Nacional Um dos elementos do Estado para se afirmar como tal é a soberania, que significa que as decisões tomadas devem representar a vontade absoluta do Estado Nacional. A possibilidade de soberania econômica na atualidade é inatingível, a liberdade de escolha dos caminhos a serem trilhados, mesmo nos países de maior independência econômica, é impossível. Prof. José Luís - UNIP 122 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.1- Soberania Nacional Na verdade, hoje, quando se fala em soberania, não se deve pensar em uma liberdade irrestrita de decisão, de organização, de determinação de seus próprios interesses, mas apenas de um certo grau de liberdade para decidir diante do cenário constituído naquele determinado momento. Para comprovar tal condição, basta a verificação dos grupos de pressão que motivam a criação de determinadas leis, como a lei de proteção dos bens que compõem a propriedade intelectual, ou a lei de recuperação de empresas e falência, no caso do Brasil. Assim, o jogo de interesses e principalmente de poderes não faz do Estado um soberano na atividade econômica. Prof. José Luís - UNIP 123 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.2 - Propriedade privada A propriedade privada na função de princípio da ordem econômica significa o reconhecimento dos direitos inerentes ao domínio da coisa, objeto da exploração e organização dos agentes econômicos. De forma objetiva, a propriedade privada constitui um dos pressupostos da livre- iniciativa, qual seja, posso empregar os meus bens na realização de atividade econômica e da mesma maneira posso me apropriar dos resultados dessa exploração. Prof. José Luís - UNIP 124 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.2 - Propriedade privada Entretanto, o uso da propriedade deve representar a possibilidade de se alcançar os objetivos da ordem econômica, o que implica certo controle estatal em sua utilização econômica. Prof. José Luís - UNIP 125 06/08/2019 30 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.2 - Propriedade privada Como ensina Isabel Va (1992, p. 227): “A Constituição brasileira prevê mecanismos e adota princípios que permitem a conciliação de interesses dos que detêm a maioria dos bens de produção e dos direitos fundamentais assegurados aos trabalhadores e à sociedade, como um todo. Cabe às medidas de política econômica propor as necessárias modificações no regime das propriedades, para que possam cumprir, efetivamente, a sua função social de acordo com os princípios ideológicos que acolhem a proposta de realização de novos direitos econômicos e sociais.” Prof. José Luís - UNIP 126 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.3 - Função social da propriedade A autonomia da vontade do proprietário sempre conotou uma plena e absoluta faculdade sobre os bens de sua propriedade. Agora, a relação do indivíduo com a propriedade, que antes lhe serviu os interesses apenas, passa a agregar também o interesse social. Prof. José Luís - UNIP 127 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.3 - Função social da propriedade A função social é uma função limitadora da autonomia privada sobre os bens, o choque dos interesses pessoais do proprietário com os interesses gerais da sociedade limitará os direitos daquele. Prof. José Luís - UNIP 128 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.4 - Livre concorrência A ordem econômica prevista na Constituição requer um mercado competitivo. Assim, na disciplina de proteção do mercado, surge um bem jurídico que, praticamente, com ele se confunde, qual seja, a concorrência. Inclusive, muitas vezes, encontra-se a denominação “Direito da Concorrência”, o que não é errado, mas pouco técnico, pois na legislação de proteção, a concorrência não é o único atributo do mercado que se tutela. Prof. José Luís - UNIP 129 06/08/2019 31 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.4 - Livre concorrência A concorrência, porém, é o atributo do mercado que ganha maior valor nas legislações antitrustes, a ponto de ser, sob certos condicionamentos, alçado como um bem jurídico individualmente protegido. O princípio da livre concorrência impõe ao Estado abrigar uma ordem econômica fundada na rivalidade dos entes exploradores do mercado. Prof. José Luís - UNIP 130 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.4 - Livre concorrência Segundo esse princípio, o mercado deve ser explorado pela maior quantidade de agentes possíveis, não que se exijam quantidades exorbitantes de agentes, mas o Direito deve garantir a entrada e a capacidade de concorrer a quem queira explorá-lo. Prof. José Luís - UNIP 131 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.4 - Livre concorrência O mercado sem concorrência geralmente produz, entre outros, os seguintes efeitos: -imposição de preços; -imposição de produtos; -despreocupação com os custos de produção; -falta de investimentos em melhora do produto. Prof. José Luís - UNIP 132 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.4 - Livre concorrência A existência de concorrência, além de impulsionar a eficiência do mercado, permite ao consumidor a faculdade de comprar aquilo que melhor lhe convém, o que não ocorre nos mercados concentrados, nos quais resta ao consumidor apenas a alternativa de não comprar. Prof. José Luís - UNIP 133 06/08/2019 32 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.5 - Defesa do meio ambiente A proteção ao meio ambiente configura um dos princípios que bem demonstram a técnica legislativa utilizada na redação da ordem econômica na Constituição, na sua função de equilibrar princípios-liberdade da atividade econômica, como a livre-iniciativa e princípios-limitação da atividade econômica. Prof. José Luís - UNIP 134 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.5 - Defesa do meio ambiente Entretanto, essa limitação deve ser entendida de maneira correta, pois a proteção ao meio ambiente representa uma das condições mais importantes de desenvolvimento social. É claro que muitos veem a proteção ambiental como um grande entrave à atividade econômica, mas tal visão é errônea, o longo prazo deve ser percebido por quem se proponha a realizar qualquer análise econômica. Prof. José Luís - UNIP 135 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.5 - Defesa do meio ambiente Como justifica José Afonso da Silva (1994, p. 9): “O problema da tutela jurídica do meio ambiente se manifesta a partir do momento em que sua degradação passa a ameaçar, não só o bem-estar, mas a qualidade de vida humana, se não a própria sobrevivência do ser humano.” Prof. José Luís - UNIP 136 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.5 - Defesado meio ambiente Embora a previsão constitucional pareça desprovida de efetividade, Eros Roberto Grau (1990, p. 255-256), pondera: “Ainda que isso não chegue a ser surpreendente, é notável o fato de ter a sociedade brasileira logrado a obtenção das conquistas sociais – que de conquistas sociais verdadeiramente se trata – ao menos no nível formal, da Constituição, consagrados. Explico-me: embora a crítica da utilização do fato trabalho no processo econômico capitalista seja centenária, ainda não foi desenvolvida, no campo teórico, de modo completo, a crítica da utilização, naquele processo, do fato recursos naturais. Daí porque a efetividade, ainda que formal, dessas conquistas é proporcionalmente maior do que aquelas que se poderia resumir na afirmação da ‘valorização do trabalho humano’.” Prof. José Luís - UNIP 137 06/08/2019 33 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.5 - Defesa do meio ambiente O Estado deve regular a exploração econômica tendo a defesa do meio ambiente como uma das mais importantes formas de desenvolvimento social, principalmente dos recursos naturais esgotáveis. Afinal de contas, a médio e longo prazos o que se fará, por exemplo, com os problemas resultantes das alterações climáticas? Prof. José Luís - UNIP 138 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.5 - Defesa do meio ambiente O direito ambiental, hoje, faz parte das discussões econômicas devido ao chamado crescimento sustentável, segundo o qual só há desenvolvimento se o resultado da produção econômica, principalmente a longo prazo, não venha a comprometer a existência de recursos naturais necessários e a própria possibilidade da raça humana sobreviver nos próximos tempos. Prof. José Luís - UNIP 139 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6 – Ordem Urbanística No plano do direito material, a Constituição Federal de 1988 (com um capítulo específico para a política urbana) e a Lei n.º 10.257, de 10 de julho de 2001 (conhecida como Estatuto da Cidade) constituíram marcos históricos no tratamento da questão urbana no Brasil, criando novos institutos jurídicos e conformando o direito urbanístico brasileiro a partir de novos paradigmas. Prof. José Luís - UNIP 140 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade Desvelou-se um novo horizonte de compreensão, firmado a partir da garantia legal do “direito a cidades sustentáveis”, percebido, na forma do art. 2º, I, do Estatuto da Cidade, como o “direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações”. Prof. José Luís - UNIP 141 06/08/2019 34 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade “Estatuto da Cidade” é a denominação oficial da Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta o capítulo "Política Urbana" da Constituição Federal, detalhando e desenvolvendo os artigos 182 e 183. Seu objetivo é garantir o direito à cidade como um dos direitos fundamentais da pessoa humana, para que todos tenham acesso às oportunidades que a vida urbana oferece. Prof. José Luís - UNIP 142 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade Como surgiu? O Estatuto da Cidade foi elaborado levando em conta a mudança, do campo para as áreas urbanas, de 80 milhões de pessoas entre as décadas de 40 e 80. Os movimentos sociais encontram, no Estatuto, variados mecanismos para o enfrentamento dos problemas urbanos. As cidades, marcadas por uma profunda desigualdade, fruto do crescimento desordenado, abrigam, simultaneamente, áreas planejadas, dotadas de infraestrutura de serviços que permitem um padrão de vida adequado às necessidades do mundo moderno, e áreas precárias, desenvolvidas fora do traçado original e desprovidas de condições para o atendimento das necessidades mais básicas de seus moradores. Prof. José Luís - UNIP 143 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade Como surgiu? Esse fenômeno vem provocando o agravamento do quadro de exclusão social, tornando mais evidentes a marginalização e a violência urbanas, e tem sido motivo de grande apreensão. Históricas reivindicações populares quanto ao direito de todos os cidadãos á cidade se apresentaram com força ao longo da elaboração da Constituição Federal de 1988, assumindo destacado papel. A inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo sobre política urbana, foi uma vitória da ativa participação de entidades civis e de movimentos sociais em defesa de oportunidades de vida digna para todos. Prof. José Luís - UNIP 144 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade Como surgiu? O Estatuto da Cidade surgiu como projeto de lei em 1989, proposto pelo então senador Pompeu de Souza (1914 - 1991). Entretanto, a transformação do projeto em lei deu-se apenas em 2001, mais de 12 anos depois, com a aprovação do substitutivo de autoria do então deputado federal Inácio Arruda. Sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, tornou-se a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Prof. José Luís - UNIP 145 06/08/2019 35 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade O Estatuto afirmou com ênfase que a política urbana não pode ser um amontoado de intervenções sem rumo. Ela tem uma direção global nítida: “ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana” (art. 2º, caput), de modo a garantir o “direito a cidades sustentáveis” (incisos I, V, VIII e X). Prof. José Luís - UNIP 146 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade A cidade, como espaço onde a vida moderna se desenrola, tem suas funções sociais: fornecer às pessoas moradia, trabalho, saúde, educação, cultura, lazer, transporte, etc. Mas, como o espaço da cidade é parcelado, sendo objeto de apropriação, tanto privada (terrenos e edificações) como estatal (ruas, praças, equipamentos, etc.), suas funções têm de ser cumpridas pelas partes, isto é, pelas propriedades urbanas. Prof. José Luís - UNIP 147 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.1- Estatuto da Cidade A política urbana tem, portanto, a missão de viabilizar o pleno desenvolvimento das funções sociais do todo (a cidade) e das partes (cada propriedade em particular). Mas como isso será feito? Por meio da ordenação. Parte-se da ideia de que sem política urbana o crescimento urbano é desordenado e distorcido (inciso IV). A política urbana apresenta-se, assim, como indispensável para implementar a ordem que permitirá o “pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana”. Prof. José Luís - UNIP 148 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Prof. José Luís - UNIP 149 06/08/2019 36 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 A Agenda 21 Brasileira é um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira. Foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS); construído a partir das diretrizes da Agenda 21 Global; e entregue à sociedade,por fim, em 2002. Prof. José Luís - UNIP 150 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos Prof. José Luís - UNIP 151 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações. Prof. José Luís - UNIP 152 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 Em resumo, são estes os principais desafios do Programa Agenda 21: ◾Implementar a Agenda 21 Brasileira. Passada a etapa da elaboração, a Agenda 21 Brasileira tem agora o desafio de fazer com que todas as suas diretrizes e ações prioritárias sejam conhecidas, entendidas e transmitidas, entre outros, por meio da atuação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Brasileira (CPDS);implementação do Sistema da Agenda 21; mecanismos de implementação e monitoramento; integração das políticas públicas; promoção da inclusão das propostas da Agenda 21 Brasileira nos Planos das Agendas 21 Locais. Prof. José Luís - UNIP 153 06/08/2019 37 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 Em resumo, são estes os principais desafios do Programa Agenda 21: ◾Orientar para a elaboração e implementação das Agendas 21 Locais. A Agenda 21 Local é um dos principais instrumentos para se conduzir processos de mobilização, troca de informações, geração de consensos em torno dos problemas e soluções locais e estabelecimento de prioridades para a gestão de desde um estado, município, bacia hidrográfica, unidade de conservação, até um bairro, uma escola. O processo deve ser articulado com outros projetos, programas e atividades do governo e sociedade, sendo consolidado, dentre outros, a partir do envolvimento dos agentes regionais e locais; análise, identificação e promoção de instrumentos financeiros; difusão e intercâmbio de experiências; definição de indicadores de desempenho. Prof. José Luís - UNIP 154 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 Em resumo, são estes os principais desafios do Programa Agenda 21: ◾Implementar a formação continuada em Agenda 21. Promover a educação para a sustentabilidade através da disseminação e intercâmbio de informações e experiências por meio de cursos, seminários, workshops e de material didático. Esta ação é fundamental para que os processos de Agendas 21 Locais ganhem um salto de qualidade, através da formulação de bases técnicas e políticas para a sua formação; trabalho conjunto com interlocutores locais; identificação das atividades, necessidades, custos, estratégias de implementação; aplicação de metodologias apropriadas, respeitando o estágio em que a Agenda 21 Local em questão está. Prof. José Luís - UNIP 155 5 - Princípios Gerais da Atividade Econômica 5.6.2- Agenda 21 -GLOBAL A Organização das Nações Unidas – ONU realizou, no Rio de Janeiro, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). A CNUMAD é mais conhecida como Rio 92, referência à cidade que a abrigou, e também como “Cúpula da Terra” por ter mediado acordos entre os Chefes de Estado presentes. 179 países participantes da Rio 92 acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de intenções, desejo de mudança para esse novo modelo de desenvolvimento para o século XXI. A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Prof. José Luís - UNIP 156 6 - O papel do Estado na Ordem Econômica O Estado realiza atividade econômica tanto para suprir as suas necessidades de existência, quanto para o cumprimento da sua própria finalidade de satisfação das necessidades do seu povo. Toda a estrutura estatal serve, substancialmente, para a sua atuação em uma das atividades sociais de maior relevo, qual seja: a atividade de satisfação de necessidades, portanto, econômica. Prof. José Luís - UNIP 157 06/08/2019 38 6 - O papel do Estado na Ordem Econômica Liberalismo A expressão liberalismo está sempre vinculada com a atividade do Estado no domínio econômico e social. A sua participação mais intensa, por qualquer uma das atividades administrativas (serviço público, regulação, exploração direta ou pelo poder de polícia), limita a atuação livre dos agentes econômicos. Prof. José Luís - UNIP 163 6 - O papel do Estado na Ordem Econômica Intervencionismo O Estado de alguma maneira sempre interveio na atividade econômica, seja quando ele próprio funcionou como agente econômico ou mediante mecanismos de incentivo, planejamento, fiscalização, regulação, normatização. As justificativas para a participação do Estado de uma forma ou de outra no domínio econômico devem compreender a capacidade técnica para desenvolver a atividade, o interesse público devidamente cumprido, o interesse econômico diretamente vinculado à atividade, entre outros. A atividade econômica na atualidade é realizada sempre sob alguma maneira de atuação do Estado. Prof. José Luís - UNIP 164 6.1 - O Abuso do Poder Econômico Os agentes econômicos, em razão até mesmo do seu sucesso no desenvolvimento da atividade econômica, podem adquirir a faculdade de poder interferir na conduta de outros agentes econômicos. Nesse caso, o poder econômico surge normalmente sem afetar, em regra, a atividade econômica. Mas essa faculdade de interferir nas decisões econômicas pode ser utilizada para provocar alguns resultados maléficos ao mercado, como a eliminação da concorrência. Prof. José Luís - UNIP 165 6.1 - O Abuso do Poder Econômico O poder econômico é fenômeno normal e lícito nas economias modernas. Todos os países possuem uma infinidade de empresas com grande poder econômico. Os problemas jurídicos apenas surgem quando esses agentes buscam utilizá-lo de forma prejudicial ao mercado. Prof. José Luís - UNIP 166 06/08/2019 39 6.1 - O Abuso do Poder Econômico O poder surge de uma condição de imposição de vontade frente a outras pessoas. O poder econômico, em termos iniciais, pode ser visualizado na possibilidade de um agente econômico poder dispor de decisões que influenciam consideravelmente um determinado mercado. Prof. José Luís - UNIP 167 6.1 - O Abuso do Poder Econômico Dessa forma, o estudo da legislação de proteção da concorrência contra o abuso do poder econômico inicia com a Lei de 1994 um novo momento no Direito Econômico Nacional, que até então não conhecia pragmaticamente a disciplina jurídica da concorrência. Prof. José Luís - UNIP 168 7 – Defesa da Concorrência Finalidade da lei contra o abuso de poder econômico Art. 1.º Esta Lei estrutura o Sistema Brasileiro deDefesa da Concorrência – SBDC e dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico. Parágrafo único. A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos por esta Lei. Prof. José Luís - UNIP 169 7 – Defesa da Concorrência O art. 1.º da Lei 12.529/2011 cuida da finalidade da lei. O texto legal dispõe como finalidades da Lei 12.529/2011, além da estruturação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, a prevenção e a repressão às infrações da ordem econômica, enumerando a liberdade de iniciativa, a liberdade de concorrência, a função social da propriedade, a defesa dos consumidores e a repressão ao abuso do poder econômico como ditames a serem seguidos, atribuindo a titularidade desses bens jurídicos à coletividade. Prof. José Luís - UNIP 170 06/08/2019 40 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência Lei n. 12.529 de 2011. O art. 1º formaliza o uso do termo “Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência”, e tem como objetivo transmitir a ideia de que os órgãos que integram o aparelho antitruste devem formar um “sistema coeso, com mecanismos de articulação institucional bem definidos, de maneira que formem um todo coerente, e não partes desarticuladas entre si”. Prof. José Luís - UNIP 171 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência As formas de atuação preventiva e repressiva do Cade O Conselho Administrativo de Defesa Econômica atua de três formas principais: preventivamente, repressivamente e de forma educacional. Prof. José Luís - UNIP 172 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência Diante de uma atuação preventiva, o CADE, por meio do controle de concentrações, analisa as operações que possam ter maior impacto no mercado e que possam afetar a livre concorrência, concedendo a autorização para a realização dessas operações. Prof. José Luís - UNIP 173 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência Por outro lado, quando atua em sua forma repressiva, o Conselho averigua as práticas que visem à dominação de mercados, eliminação da concorrência e aumento arbitrário dos lucros, instaura os processos, decide e aplica as penalidades cabíveis. Prof. José Luís - UNIP 174 06/08/2019 41 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência A atuação repressiva do CADE, especificamente quanto às infrações contra a ordem econômica, sofreu poucas modificações que surgiram com a nova lei. Contudo, no campo das multas, algumas modificações importantes foram instituídas. Prof. José Luís - UNIP 175 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência Em linhas gerais, quanto à atuação repressiva, o caput do art. 36 da Lei nº 12.529/11 dispõe que qualquer ato, independentemente de sua forma de manifestação, será considerado infração contra a ordem econômica, desde que vise ou possa produzir os efeitos, ainda que não sejam concretizados, de “limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa”; “dominar mercado relevante de bens ou serviços”; “aumentar arbitrariamente os lucros” e “exercer de forma abusiva posição dominante”. Prof. José Luís - UNIP 176 7.1 Princípios Básicos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência De outro modo, o § 3º do mesmo artigo dispõe um rol exemplificativo de condutas que podem ser caracterizadas como infração à ordem econômica, desde que produzam ou possam produzir os efeitos anteriormente mencionados. Logo, conclui-se que para a caracterização da infração basta que qualquer conduta, ainda que não esteja no rol do § 3º, produza ou possa produzir a dominação de mercado, o aumento arbitrário dos lucros, prejudique, de qualquer forma, a livre concorrência ou livre iniciativa ou exerça abuso de posição dominante. Prof. José Luís - UNIP 177 FIM Prof. José Luís UNIP 178
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