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Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
CESUL - CENTRO SULAMERICANO DE ENSINO SUPERIOR 
FACULDADE DE DIREITO DE FRANCISCO BELTRÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INEFICÁCIA DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO NA 
REDUÇÃO DA CRIMINALIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANDERSON POZZEBON VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCISCO BELTRÃO – PR 
2012 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
ANDERSON POZZEBON VIEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INEFICÁCIA DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO NA REDUÇÃO DA 
CRIMINALIDADE 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial 
para aprovação da Disciplina de orientação a 
Monografia II, do curso de Graduação de direito 
da Faculdade de Direito de Francisco Beltrão, 
mantida pelo CESUL – Centro Sulamericano de 
Ensino Superior. 
 
Orientador: Rodrigo Biesus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FRANCISCO BELTRÃO – PR 
2012 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
ANDERSON POZZEBON VIEIRA 
 
 
 
 
 
A INEFICÁCIA DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO NA REDUÇÃO DA 
CRIMINALIDADE 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito parcial de avaliação para obtenção 
do titulo de Bacharel em Direito no Curso de Graduação em Direito da 
faculdade de Direito de Francisco Beltrão, mantida pelo CESUL – Centro 
Sulamericano de Ensino Superior, pela seguinte banca examinadora: 
 
 
 
 
_______________________________ 
Oriantador: Rodrigo Biesus 
 
 
 
 
_______________________________ 
Prof. Msc: 
 
 
 
 
_______________________________ 
Prof. : 
 
 
 
 
 
FRANCISCO BELTRÃO – PR 
2012 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A todos aqueles que defendem a 
possibilidade de legítima defesa 
através do uso consciente e preciso 
das armas de fogo, e à todos aqueles 
que tem como virtude maior a 
honestidade. 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus por me manter firme apesar de tudo, ao Mestre Jesus Cristo pelos 
ensinamentos. 
Aos meus pais, por justificarem minha vida e minha felicidade, e ainda, por todas 
as oportunidades que me proporcionaram. 
Ao amigo, orientador e professor Rodrigo Biesus, pelo apoio na conclusão deste 
trabalho. 
À Daniela, minha namorada, que me apoiou muito no decorrer deste trabalho. 
Aos Amigos, Marco Aurélio Werner e Priscila Taioane Bandeira, que me 
acompanharam desde o começo da faculdade e que a qualquer hora estão 
prontos para me apoiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando, numa sociedade, o ‘bem 
comum’ é considerado algo à parte e 
acima do bem individual, de cada um 
de seus membros, isso significa que o 
bem de alguns homens tem 
precedência sobre o bem de outros, 
que são relegados, então, à condição 
de animais prontos para o sacrifício. 
 
Ayn Rand 
 
Quem mata são os homens, não suas 
armas ou seus mísseis. 
 
Papa João Paulo II 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
RESUMO 
 
A monografia intitulada “A Ineficácia do Estatuto do Desarmamento na Redução 
da Criminalidade” tem como principal objetivo analisar os aspectos da Lei 
10.826/03 que fazem com que a mesma não tenha eficácia quanto à redução da 
criminalidade. A relevância social da pesquisa acadêmica é obtida, na medida em 
que visa contribuir com as pessoas que possuem e portam armas de fogo, bem 
como com aquelas que pretendem adquirir e obter a concessão de porte de arma 
de fogo com o intuito único e exclusivo de promover a proteção própria e 
porventura de terceiros contra atos criminosos. O problema que inspirou a 
pesquisa foi a promulgação da Lei 10.826 no ano de 2003, a qual, em sua concisa 
redação vetou muitas possibilidades de acesso às armas de fogo pelas vias 
legais, não impedindo por outro, que as armas cheguem por vias secundárias à 
população. No primeiro capítulo é apresentado um posicionamento histórico em 
relação à evolução das armas desde os primórdios da humanidade onde eram 
utilizados materiais grotescos até os dias atuais, com as modernas e eficazes 
armas de fogo. Após o posicionamento histórico sobre as armas de fogo, é 
apresentada a conceituação e modos de operação, funcionamento e utilização 
das armas de fogo, e posteriormente a evolução da legislação pertinente às 
armas de fogo no Brasil. O segundo capítulo apresenta análises da Lei em estudo 
por doutrinadores como Ângelo Fernando Facciolli, e Guilherme de Souza Nucci, 
quanto ao acesso às armas de fogo, porte, e utilização das mesmas na 
sociedade. Por fim, no terceiro capítulo, foi analisada a pesquisa de campo feita 
com a oitiva de encarcerados, apresentando pensamentos doutrinários e 
pesquisas quantitativas realizadas em outros países acerca da utilização e 
consequências do uso de armas de fogo por civis. Apresentou-se ainda dados 
explanados durante audiência pública na Câmara dos Deputados em que o tema 
pautado era justamente o porte de armas de fogo. 
 
Palavras - Chave: Estatuto do Desarmamento. Armas de fogo. Constituição 
Federal. Decreto Lei. Processo penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 08 
 
1 ARMAS DE FOGO E LEI DAS ARMAS DE FOGO .............................. 11 
1.1 EVOLUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO ................................................... 11 
1.2 ARMAS – CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO .......................................... 14 
1.2.1 Armas Automáticas .............................................................................. 18 
1.2.2 Armas de Tiro Simples .......................................................................... 19 
1.2.3 Armas Semiautomáticas ........................................................................ 20 
1.2.4 Armas de Repetição .............................................................................. 20 
1.3 A EVOLUÇÃO DAS LEIS DAS ARMAS DE FOGO .............................. 21 
 
2 DA APLICAÇÃO DA LEI NA SOCIEDADE .......................................... 30 
2.1 ANÁLISE DA LEI ................................................................................... 30 
2.2 DA RESTRIÇÃO AO ACESSO DAS ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES 35 
2.3 DAS PENAS PREVISTAS EM LEI ........................................................ 39 
 
3 A INEFICÁCIA DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO NA REDUÇÃO 
DA CRIMINALIDADE ............................................................................ 43 
3.1 DA PESQUISA REALIZADA ................................................................. 43 
3.2. DAS PESQUISAS ANALISADAS .......................................................... 48 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 53 
 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 56 
 
ANEXOS ........................................................................................................ 58Monografia divulgada pelo Instituto DEFESA sob autorização expressa do autor. 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem como área do conhecimento o Direito Penal, 
Direito Constitucional e Direitos Humanos – em especial o direito de poder portar 
uma arma de fogo e a variedade de reações desencadeadas por este fato. 
Teoricamente, pretende-se compreender as falhas e lacunas na legislação 
vigente no que tange à Lei de Armas de Fogo, visando esclarecer os motivos 
pelos quais tal legislação não atende à seu objetivo maior que é a redução da 
criminalidade. 
A relevância social obtida com esta pesquisa acadêmica tem, na medida 
em que visa contribuir com as pessoas que não se utilizam de armas no seu dia-
a-dia, esclarecer dúvidas e conquistar direitos para aquelas que cotidianamente 
fazem uso destas, seja decorrente do exercício da profissão ou por terem optado 
pela autorização para portar uma arma de fogo. 
 Justifica-se a escolha do tema, em decorrência da afinidade e curiosidade 
pessoal do pesquisador, que objetiva com este trabalho esclarecer os fatos que 
fazem com que a Lei de Armas de Fogo, conhecida vulgarmente como “Estatuto 
do Desarmamento”, não alcance seu objetivo principal, e ainda, apresentar 
soluções para tanto. 
Também chamaram a atenção, outros fatos e falhas na legislação, que 
estão descritos no corpo do texto. 
A utilização das armas de fogo está presente em nossa história desde o 
século IX d.C. quando os chineses inventaram a pólvora, desde então, pouco à 
pouco, as diversas nações mundiais foram aderindo à tal invento e cada vez mais 
aperfeiçoando o modo de utilizá-la, ou seja, desenvolvendo armas menores e de 
manuseio individual com capacidade de fogo cada vez maior. 
Sabe-se que a Constituição Federal de 1988, prevê em seu artigo 5º, que 
são invioláveis a intimidade, a vida privada, e a honra dos cidadãos brasileiros, 
garantindo o direito à vida, à segurança, à liberdade e à propriedade, e ainda, 
reza que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar 
sem consentimento do morador, portanto abre precedente indiscutível para a 
utilização moderada e eficaz da força para conter tais atos ofensivos. A Carta 
9 
 
 
Magna reza ainda em seu artigo 144, que a segurança é dever do Estado e direito 
e responsabilidade de todos. 
Por outro lado, tem-se o aval para a utilização da força, até mesmo letal no 
caso da legítima defesa, a qual fica completamente inalcançável sem a presença 
e utilização de material equivalente ao utilizado para promover a ameaça, qual 
seja as armas de fogo. 
 Para promover a compreensão do tema, a estruturação do presente 
trabalho monográfico foi dividida em três capítulos. 
 O primeiro capítulo visa posicionar historicamente a evolução das armas, 
desde a utilização de paus e pedras, até a criação de armas semi-automáticas e 
automáticas, e ainda, demonstrar de forma clara a evolução da legislação 
armamentista. 
Após posicionar a história, é apresentado um conceito geral dos modos de 
utilização das armas, bem como quanto aos direitos sobre elas, (porte e posse). 
Sob a mesma égide, classificar-se-á os modelos de armas, calibres, 
funcionamento e modo de aquisição das mesmas. 
O segundo capítulo apresenta uma síntese da Lei 10.826/03, de seu 
decreto regulamentador 5.123/04, e ainda de legislações complementares ao 
tema abordado, apresentando posicionamentos de doutrinadores como Ângelo 
Fernando Facciolli, João Luís Vieira Teixeira, Guilherme de Souza Nucci. 
O terceiro capítulo apresenta dados estatísticos, com perguntas formuladas 
a indivíduos que se encontram encarcerados pelos mais variados tipos de crimes, 
quanto à utilização das armas, modo de aquisição das mesmas, motivação para 
cometimento de ilícito contra pessoa armada, entre outros. Aprofundando-se no 
problema desta pesquisa, é feito uma análise de dados estatísticos do Brasil e de 
outros países quanto à interferência das armas de fogo na vida em sociedade. 
O método utilizado na pesquisa é o indutivo com a pesquisa de campo, e 
dedutivo quando analisada a lei para a aplicabilidade no caso concreto, de modo 
que a base da pesquisa é de ordem bibliográfica, onde se consultou doutrinas 
adquiridas em livrarias online, e fornecidas pela biblioteca da faculdade de direito 
de Francisco Beltrão. 
Por derradeiro, apresentam-se as considerações angariadas com a 
realização desta pesquisa acadêmico-científica, a partir do enfoque e a 
10 
 
 
imprescindibilidade do tema, tanto para o direito pátrio, como também para 
aqueles que pretendem utilizar-se de armas de fogo ou apenas possuí-las dentro 
de suas residências para eventuais incidentes e também para todos aqueles que 
possam de alguma forma se beneficiar com este trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 ARMAS DE FOGO E LEIS DAS ARMAS DE FOGO 
 
1.1 EVOLUÇÃO DAS ARMAS DE FOGO 
 
Conforme se pôde perceber através de estudos históricos, desde tempos 
imemoriáveis, o homem utiliza-se de objetos com o intuito de agredir, atacar, 
ofender, ou ainda proteger-se ou proteger à sua família e suas posses de alguma 
ameaça, seja esta de animais ou outros seres humanos. 
Conforme TEIXEIRA, (2001, p.15) 
 
[...] desde seu surgimento na face da Terra até os dias atuais, o homem 
se utiliza de algum meio para efetuar sua autodefesa. Apenas o que 
mudou foram as armas ou os meios utilizados, que acompanharam o 
desenvolvimento de novas técnicas, a descoberta de novos materiais e 
as novas tecnologias que surgiram ao longo da própria evolução 
humana. 
 
Portanto, narra a história que na idade da pedra, tempo em que os homens 
habitavam cavernas, estes, utilizavam-se de instrumentos como tacapes, pedras, 
galhos e outros tipos de objetos com o intuito de caçar animais para sua 
sobrevivência ou guerrear com inimigos, visto pois, que já utilizavam-se de armas 
para muitos objetivos. 
A vantagem da utilização de tais instrumentos consiste no fato de que 
indivíduos com menor potencial ofensivo, ou seja, tamanho e força reduzidos, 
poderiam igualar-se ou até mesmo serem mais fortes que outros; (homens ou 
animais) o que desde então passa a ser visto como potencial ofensivo das armas. 
Cumpre asseverar, que com o passar dos anos, os homens foram 
percebendo, que poderiam aprimorar suas armas, afiando uma das pontas de 
uma haste de madeira, ou amarrando uma pedra a ela, com isso, tais 
instrumentos foram evoluindo. 
Segundo TEIXEIRA (2001, p.15) “Amarrando-se um cipó nas duas pontas 
de um galho, fazia-se um arco, que impulsionava outros galhos à distância e 
assim por diante”. Constata-se, portanto, que os homens perceberam que poderia 
ser confeccionado um arco com um cipó trabalhado preso junto a uma vara 
arqueada, a qual dispararia um projétil com maior velocidade e alcance do que se 
12 
 
 
fosse lançado diretamente com o impulso da mão ou braço, surgindo assim o 
conjunto arco-e-flecha, que mais tarde tornaram-se as bestas e balestras. 
Segundo TEIXEIRA (2001, p. 15), “Com o invento da fundição do ferro, 
surgiram armas mais elaboradas, como arcos, que arremessavam flechas com 
pontas metálicas, lanças, espadas, adagas, [...].” Tal evolução foi de extrema 
importância para a história e para o aprimoramento das armas, visto que sem a 
fundição do ferro ou aço, as armas de fogo em tese, nunca poderiam ter se 
desenvolvido. Estas armas, com o passar dos anos, tiveram seu tamanho 
reduzido para facilitar sua camuflagem e seu transporte, porém tiveram 
aprimoramentos que as tornaram mais letais e mais resistentesà condições 
adversas. 
Por volta do século IX d.C, os chineses descobriram a pólvora, inicialmente 
utilizada para fins pirotécnicos, porém logo perceberam que tal descoberta 
poderia ser utilizada na área bélica, aprimorando assim a “arte da guerra” 
disparando projéteis, inicialmente foram desenvolvidos canhões feitos de bambu, 
que logo foram substituídos por canhões feitos de ferro ou bronze, pesados, de 
difícil locomoção, porém em relação aos de bambu, tinham maior poder de fogo e 
consequentemente maior potencial ofensivo. Estes eram operados por duas, três 
ou até quatro pessoas. Posteriormente, tais artefatos foram aprimorados, tendo 
seu tamanho reduzido, podendo ser operados por apenas uma pessoa, facilitando 
e agilizando sua operação. 
Após o invento da pólvora e o desenvolvimento das armas de fogo, não 
demorou muito para que o mundo todo utilizasse as mesmas, fato este de suma 
importância para que estes objetos fossem aprimorados, criando-se os 
bacamartes ou garruchas, que eram armas de cano longo, carregadas pela boca 
do cano que disparavam uma esfera maciça de chumbo ou ferro, porém tal arma 
tinha alcance reduzido, pois em uma distância maior, perdia seu potencial 
ofensivo e seu projétil não tinha direção certa. 
Segundo informações coletadas na internet, mais precisamente no site 
WIKIPEDIA, (2012, p. 1) após alguns anos de aprimoramento da pólvora, fora 
desenvolvida a “pólvora sem fumo”, esta, não “explode” como a pólvora negra, 
pois é feita de pura nitrocelulose (pólvora de base simples), queimando de 
maneira mais lenta, fazendo com que o projétil disparado seja impulsionado de 
13 
 
 
maneira uniforme durante todo seu trajeto ao longo do cano da arma, diminuindo 
o recuo e aumentando a velocidade de propulsão. 
Os Estados Unidos foram sem dúvida, a nação que mais contribuiu para a 
evolução das armas de fogo, país este, onde até os dias atuais, sua população é 
adoradora de tais instrumentos, e um dos países onde a legislação armamentista 
é mais flexível, ou seja, é fácil adquirir uma arma legalizada, até mesmo de 
funcionamento automático com calibres potencialmente consideráveis. 
MCNAB (1999, p.7) menciona em sua obra que “Depois de Samuel Colt 
trazer seu revólver de percussão para o mercado em 1835, e Horace Smith e 
Daniel B. Wesson introduzirem a primeira munição de revólver, a pistola tornou-se 
uma arma viável de combate”. 
Samuel Colt foi um cidadão americano, e oficial da marinha, que 
desenvolveu o revólver Colt, uma arma com capacidade para cinco ou seis 
munições, arma esta, revolucionária para a época, e que até os dias de hoje, tem 
seu modo de funcionamento utilizado pelas mais diversas indústrias bélicas em 
todo o mundo. 
De acordo com informações coletadas no WIKIPEDIA (2012, P.1) Horace 
Smith e Daniel B. Wesson são os fundadores da S&W (Smith & Wesson), 
tradicional fabricante de munições e armas nos Estados Unidos, foram os 
responsáveis pelo desenvolvimento do estojo descartável de antecarga, que 
primeiramente era feito de papelão, e posteriormente passou a ser metálico, mais 
precisamente de latão, para que não sofresse danos causados pela umidade 
quando exposto à condições adversas. 
 O estojo de antecarga é utilizado para conter num mesmo objeto, a 
pólvora, a espoleta e o projétil, facilitando e tornando mais rápidas as recargas, 
permitindo assim uma enorme evolução das armas de fogo, já que desta forma 
poderiam ser carregadas pela culatra, permitindo uma cadência maior de tiros em 
menor tempo. 
As armas de fogo ao longo do tempo foram tendo seu manuseio cada vez 
mais simplificado e ágil, e o poder de fogo aumentado, visto que os canos 
ganharam “raias”, ranhuras, que potencializam a velocidade do projétil e dão 
melhor direcionamento e balanceamento a ele. 
 
14 
 
 
TEIXEIRA (2001, p. 16), expõe que: 
 
[...] com o invento do cartucho metálico (para conter a carga de pólvora e 
a espoleta, e para fazer a vedação da câmara de disparo, minimizando o 
escape de gases) foram diversificando-se os modelos, com diferentes 
sistemas de funcionamento, que continuaram evoluindo até a chegada 
das armas de fogo curtas, de alta tecnologia, como os revólveres e as 
pistolas fabricadas com ligas de polímero e/ou alumínio. 
 
O desenvolvimento e aprimoramento das armas de fogo, se comparado à 
evolução de outras invenções como os automóveis, por exemplo, foi lenta, visto 
que desde a invenção da pólvora até os dias atuais, as armas vêm sendo 
melhoradas, com o intuito de proporcionar maior poder de fogo, com maior 
precisão e fornecendo maior segurança para quem às dispara, bem como para 
quem não deve ser alvejado em uma situação de conflito em área urbana. 
Pode-se afirmar, segundo MCNAB (1999, p.13) que: 
 
Recentemente, levou-se a cabo experiências com metralhadoras que 
utilizaram a aceleração electromagnética, em vez de percussão, para o 
disparo das munições, tendo o resultado sido uma chuva de fogo de alta 
velocidade, denso, potente e surpreendentemente silencioso. Outras 
ideias já saíram da mesa de desenho. A espingarda automática G11 da 
Heckler & Koch dispara uma munição sem invólucro, em que o cartucho 
está inserido num retângulo de carga propulsora, que desaparece 
completamente ao ser disparado. 
 
Com tais evoluções, verifica-se que as armas de operação individual vêm 
sofrendo constantes aprimoramentos, e como explanou MCNAB (1999, p.13), o 
cartucho metálico que foi há alguns anos uma descoberta excepcional, está 
ficando ultrapassado, já que a eliminação da necessidade de ejeção do cartucho 
conferiu às armas desenvolvidas para a utilização de carga propulsora intergrada 
ao projétil um elevado poder de fogo com redução considerável no seu 
estampido. 
 
1.2 ARMAS - CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO 
 
Arma, segundo FRAGOSO (1971, p. 76), “é o instrumento em condições de 
ser utilizado ou que pode a qualquer instante ser posto em condições de ser 
usado para o ataque ou a defesa”. 
15 
 
 
Pode-se dizer segundo FRAGOSO (1971, p. 76), que até mesmo uma 
caneta ou material análogo, ao ser cravada em alguém com o intuito de ferir ou 
matar, considera-se arma, pois é instrumento apto e que de pronto pode ser 
utilizado para uma finalidade lesiva. 
Outro conceito de arma é o apresentado por SILVA (2000, p.77), o qual 
afirma que “a ofensividade é natural da arma, ou seja, a qual se considera por si 
mesma, devido a sua fabricação e pela sua finalidade de construção”. Segundo o 
autor, não se incluem no conceito de arma as que eventualmente (ou 
acidentalmente) são usadas como arma, somente aquelas que são produzidas 
para a finalidade ofensiva podem ser consideradas armas. 
Analisando o conceito exposto por SILVA (2000, p.77), pode-se entender 
que um punhal ou adaga, são considerados armas, e uma espingarda ou pistola 
destinada ao tiro esportivo não, pois a primeira já é fabricada com o intuito de ser 
utilizada como arma, e a segunda, como material desportivo. 
O Decreto 3.665/2000 – Regulamento de Fiscalização de Produtos 
Controlados do Comando do Exército, denominado R-105, que vigora neste País, 
dispõe sobre os tipos, calibres, funcionamentos e espécies de armas, bem como 
atribui definições aos termos presentes na Lei 10.826/03, chamada de “Estatuto 
do Desarmamento”. 
O Decreto 3.665/00, conhecido como R-105, em seu artigo 3º dá definições 
conceituais quanto aos tipos de armas de fogo. 
 
Art. 3o Para os efeitos deste Regulamento e sua adequada aplicação, 
são adotadas as seguintes definições: 
XXXVII - carabina: arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de 
dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que 
o do fuzil - com almaraiada; 
XLIX - espingarda: arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, 
isto é, não raiada; 
LIII - fuzil: arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é 
raiada; 
LXI - metralhadora: arma de fogo portátil, que realiza tiro automático; 
LXIII - mosquetão: fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma 
carabina, de repetição por ação de ferrolho montado no mecanismo da 
culatra, acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo; 
LXVII - pistola: arma de fogo de porte, geralmente semiautomática, cuja 
única câmara faz parte do corpo do cano e cujo carregador, quando em 
posição fixa, mantém os cartuchos em fila e os apresenta 
sequencialmente para o carregamento inicial e após cada disparo; há 
pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo 
carregamento é feito manualmente, tiro a tiro, pelo atirador; 
16 
 
 
LXVIII - pistola-metralhadora: metralhadora de mão, de dimensões 
reduzidas, que pode ser utilizada com apenas uma das mãos, tal como 
uma pistola; 
LXXIV - revólver: arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um 
cilindro giratório posicionado atrás do cano, que serve de carregador, o 
qual contém perfurações paralelas e equidistantes do seu eixo e que 
recebem a munição, servindo de câmara; 
 
O artigo 16 do R 105, dispõe quais são os calibres e funcionamentos de 
uso restrito, incluindo ainda as vedações quanto à simulacros de armas utilizadas 
pelas Forças Armadas Nacionais. 
 
Art. 16. São de uso restrito: 
 
I - armas, munições, acessórios e equipamentos iguais ou que 
possuam alguma característica no que diz respeito aos empregos 
tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças 
Armadas nacionais; 
II - armas, munições, acessórios e equipamentos que, não sendo 
iguais ou similares ao material bélico usado pelas Forças Armadas 
nacionais, possuam características que só as tornem aptas para 
emprego militar ou policial; 
III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do 
cano, energia superior a (trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete 
Joules e suas munições, como por exemplo, os calibres .357 
Magnum, 9 Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, 
.45 Colt e .45 Auto; 
IV - armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na 
saída do cano, energia superior a mil libras-pé ou mil trezentos e 
cinquenta e cinco Joules e suas munições, como por exemplo, .22-
250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7 Mauser, 
.30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .357 Magnum, .375 Winchester e 
.44 Magnum; 
V - armas de fogo automáticas de qualquer calibre; 
VI - armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior com 
comprimento de cano menor que vinte e quatro polegadas ou 
seiscentos e dez milímetros; 
VII - armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao doze e suas 
munições; 
VIII - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de 
mola, com calibre superior a seis milímetros, que disparem 
projéteis de qualquer natureza; 
IX - armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais os dispositivos 
com aparência de objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, 
tais como bengalas-pistola, canetas-revólver e semelhantes; 
X - arma a ar comprimido, simulacro do Fz 7,62mm, M964, FAL; 
XI - armas e dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás 
agressivo e suas munições; 
XII - dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por 
objetivo dificultar a localização da arma, como os silenciadores de tiro, os 
quebra-chamas e outros, que servem para amortecer o estampido ou a 
chama do tiro e também os que modificam as condições de emprego, 
tais como os bocais lança-granadas e outros; 
XIII - munições ou dispositivos com efeitos pirotécnicos, ou dispositivos 
similares capazes de provocar incêndios ou explosões; 
17 
 
 
XIV - munições com projéteis que contenham elementos químicos 
agressivos, cujos efeitos sobre a pessoa atingida sejam de aumentar 
consideravelmente os danos, tais como projéteis explosivos ou 
venenosos; 
XV – espadas e espadins utilizados pelas Forças Armadas e Forças 
Auxiliares; 
XVI - equipamentos para visão noturna, tais como óculos, periscópios, 
lunetas, etc; 
XVII - dispositivos ópticos de pontaria com aumento igual ou maior que 
seis vezes ou diâmetro da objetiva igual ou maior que trinta e seis 
milímetros; 
XVIII - dispositivos de pontaria que empregam luz ou outro meio de 
marcar o alvo; 
XIX - blindagens balísticas para munições de uso restrito; 
XX - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo portáteis 
de uso restrito, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e 
XXI - veículos blindados de emprego civil ou militar. [grifou-se]. 
 
Já o artigo 17 do mesmo Regulamento dispõe acerca das armas e 
acessórios de calibre, funcionamento e tipo classificados como de uso permitido: 
 
Art. 17. São de uso permitido: 
 
I - armas de fogo curtas, de repetição ou semi-automáticas, cuja 
munição comum tenha, na saída do cano, energia de até trezentas 
libras-pé ou quatrocentos e sete Joules e suas munições, como por 
exemplo, os calibres .22 LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL e 
.380 Auto; 
II - armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semi-automáticas, 
cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia de até mil 
libras-pé ou mil trezentos e cinqüenta e cinco Joules e suas 
munições, como por exemplo, os calibres .22 LR, .32-20, .38-40 e 
.44-40; 
III - armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semi-automáticas, 
calibre doze ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior 
do que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros; as 
de menor calibre, com qualquer comprimento de cano, e suas 
munições de uso permitido; 
IV - armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, 
com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso 
permitido; 
V - armas que tenham por finalidade dar partida em competições 
desportivas, que utilizem cartuchos contendo exclusivamente pólvora; 
VI - armas para uso industrial ou que utilizem projéteis anestésicos para 
uso veterinário; 
VII - dispositivos óticos de pontaria com aumento menor que seis 
vezes e diâmetro da objetiva menor que trinta e seis milímetros; 
VIII - cartuchos vazios, semi-carregados ou carregados a chumbo 
granulado, conhecidos como "cartuchos de caça", destinados a 
armas de fogo de alma lisa de calibre permitido; 
IX - blindagens balísticas para munições de uso permitido; 
X - equipamentos de proteção balística contra armas de fogo de porte de 
uso permitido, tais como coletes, escudos, capacetes, etc; e 
XI - veículo de passeio blindado. [grifou-se]. 
 
18 
 
 
 Verifica-se no artigo supracitado, que os calibres de uso permitido, tem 
ainda como parâmetro de classificação quanto à energia do projétil na saída do 
cano. Por exemplo, no inciso II, a munição .22 LR, é permitida, porém, a munição 
.22 LR do tipo Magnum, é de uso restrito, já que ultrapassa mil libras-pé quando 
da sua saída na boca do cano de uma carabina. 
O Decreto nº 5.123/04, em seu artigo 11, repetiu o conceito do Decreto 
anterior (R-105), redefinindo arma de fogo de uso restrito como sendo “aquela de 
uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de 
pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando 
do Exército, de acordo com legislação específica”. 
No que tange ao funcionamento das armas de fogo, conforme especificado 
pelos artigos supracitados, são classificadas como automáticas, semiautomáticas 
e de repetição, porém, existem ainda as operadas “tiro à tiro” ou “tiro simples”, e 
as que podem funcionar em modo “burst-fire”, que nada mais são do que armas 
automáticas que disparam três projéteis ao mesmo tempo, elevando 
consideravelmente seu poderde fogo. 
O artigo 3º do R-105 define o funcionamento das armas de fogo: 
 
Art. 3o Para os efeitos deste Regulamento e sua adequada aplicação, 
são adotadas as seguintes definições: 
X - arma automática: arma em que o carregamento, o disparo e todas as 
operações de funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho 
estiver sendo acionado (é aquela que dá rajadas); 
XVI - arma de repetição: arma em que o atirador, após a realização de 
cada disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita 
empregar sua força física sobre um componente do mecanismo desta 
para concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo 
seguinte, tornando-a pronta para realizá-lo; 
XXIII - arma semi-automática: arma que realiza, automaticamente, todas 
as operações de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para 
ocorrer, requer, a cada disparo, um novo acionamento do gatilho; 
 
Estas são características gerais das armas de fogo, suas peculiaridades 
são abordadas na sequência deste estudo. 
 
1.2.1 Armas Automáticas 
 
Quanto ao conceito de armas de funcionamento automático, segundo 
FACCIOLLI (2010, p. 377) “[...] é aquela em que o atirador pode manter a arma 
19 
 
 
em disparos contínuos até que seja suspenso o comando de disparo (gatilho) ou 
termine a munição do compartimento de recarga (carregador)”. 
Portanto, nas armas automáticas os tiros são sequenciais com apenas um 
pressionamento no gatilho, porém quando o pressionamento cessar, os tiros 
também cessarão. Estas armas tem funcionamento complexo, e elevado poder de 
fogo, podendo disparar diversos projéteis em um só segundo. Exemplos de armas 
com este tipo de ação são as metralhadoras, fuzis e algumas pistolas modernas 
como a Glock Auto (Áustria), HK - Heckler & Koach (Alemanha) e Beretta M9 
(Itália). As pistolas Glock e HK são vendidas no Brasil, entretanto somente no 
modo semiautomático. 
TEIXEIRA (2001, p.17) define como arma automática “[...] aquela que com 
apenas um aperto do gatilho (e mantendo-o pressionado) dispara 
ininterruptamente até que a capacidade do carregador (“pente”) seja totalmente 
esgotada”. 
Armas com funcionamento automático são muito utilizadas por forças 
policiais e militares, porém em alguns países como nos Estados Unidos, Suíça, e 
Áustria, estas armas são comercializadas livremente. 
 
1.2.2 Armas de Tiro Simples 
 
No que diz respeito às armas com funcionamento do tipo “tiro simples”, 
FACCIOLLI (2010, p.377), define que “... é o sistema em que a arma necessita 
ser municiada manualmente depois de efetuado o disparo”. 
Estas armas normalmente tem capacidade de até dois tiros, sendo que 
possuem um cano para cada tiro, com percussores separados, necessitando que 
se acione o percussor de forma independente do gatilho para que o tiro possa ser 
efetuado. Normalmente são armas do tipo espingarda, garruchas ou bacamartes, 
conforme expõe TEIXEIRA (2001, p.16) “Exemplo disso são os bacamartes 
(utilizados, por exemplo, pelos bandeirantes, no Brasil no século XVIII), que eram 
grandes armas de canos longos, semelhantes a um fuzil, carregadas pela boca do 
cano”. 
Armas com este funcionamento estão caindo no desuso nos dias atuais, 
porém caçadores e atiradores esportivos ainda às utilizam. 
20 
 
 
1.2.3 Armas Semiautomáticas 
 
Quanto às armas semiautomáticas, TEIXEIRA (2001, p. 17) dispõe que “As 
semi-automáticas necessitam ter seus gatilhos premidos a cada disparo que se 
deseje efetuar, ou seja, para se efetuar três disparos, é necessário que se aperte 
o gatilho três vezes consecutivas, e assim por diante”. 
FACCIOLLI (2010, p. 377) expõe que “Semiautomático é o sistema em que 
o carregamento ou a preparação para o seguinte disparo é efetuada 
automaticamente em decorrência do disparo anterior”. 
O funcionamento destas armas é na grande maioria decorrente dos gases 
expelidos pela queima da pólvora, que proporciona o recuo da cápsula deflagrada 
ejetando-a para que um novo cartucho intacto adentre à câmara de disparo. 
Exemplos clássicos deste funcionamento são as pistolas, algumas 
carabinas, rifles, fuzis e espingardas modernas. São armas utilizadas pelo mundo 
todo, seja por civis, atiradores ou forças policiais, tem cadência de tiro muito boa e 
precisão considerável. Estas armas são muito utilizadas por atiradores esportivos, 
civis, forças militares, forças policiais, magistrados e promotores. 
 
1.2.4 Armas de Repetição 
 
FACCIOLLI (2010, p. 377) conceitua o modo de funcionamento do tipo 
repetição como sendo 
 
[...] o sistema em que a arma necessita de um acionamento por parte do 
atirador em preparação para o disparo seguinte. Esta ação pode ser 
realizada mediante uma alavanca, manivela de culatra ou ferrolho, 
deslizamento de manopla ou telha (bomba), engatilhamento do martelo 
ou cão (ação simples de revólver), deslocamento do gatilho (dupla ação 
de revólver) etc. 
 
As armas de repetição tiveram papel fundamental no desenvolvimento de 
todas as armas de fogo utilizadas atualmente, haja vista o fato de que fora este 
funcionamento o desenvolvido por Samuel Colt, quando da invenção do primeiro 
revólver. 
MACNAB (1999, p.07) expõe acerca da invenção do revólver: 
 
21 
 
 
No mundo da arma pessoal, o século XIX foi um tempo de progresso 
excepcional. Depois de Samuel Colt trazer o seu revólver de percussão 
para o mercado em 1835, e Horace Smith e Daniel B. Wesson 
introduzirem a primeira munição de revólver, a pistola tornou-se uma 
arma viável de combate. 
 
As armas de repetição tem capacidade para mais de uma munição, 
apresentando na maioria dos casos apenas um cano, e para efetuar uma 
cadência de tiro, a arma deve ser “manobrada”, ou seja, tem de ser efetuado um 
movimento com o ferrolho da arma ou com o percussor, o qual eliminará o 
cartucho deflagrado para que um novo adentre ou posicione-se na câmara para o 
disparo. 
As carabinas, espingardas pump-action, revólveres e rifles de precisão, são 
os maiores representantes desta categoria, são muito utilizados no tiro esportivo, 
algumas forças de segurança menos modernizadas utilizam ainda os revólveres, 
na maioria dos estados Brasileiros estes já foram substituídos pelas pistolas, as 
espingardas pump-action são utilizadas pelo mundo todo, já que são armas muito 
confiáveis, com grande poder de fogo, curto alcance e Stopping Power (poder de 
parada ou poder de cessar uma ameaça com apenas um tiro) muito bom. Os rifles 
de repetição são muito utilizados no mundo inteiro, pois apresentam maior 
precisão em um tiro de longa distância. 
 
1.3 A EVOLUÇÃO DAS LEIS DAS ARMAS DE FOGO 
 
A legislação brasileira pertinente à regular a utilização, porte e posse de 
armas de fogo, sempre foi bastante controversa, ininteligível, e passível de 
diversas emendas ao longo de sua vigência, sendo assim modificada 
consideravelmente ao longo dos anos, gerando certa insegurança jurídica no que 
tange à utilização, posse e porte de armas de fogo. 
Acerca do controle das armas de fogo no Brasil através de previsões 
legais, conforme entendimento de GOMES e OLIVEIRA (2002 p. 72) “A evolução 
do tratamento jurídico penal da matéria sempre foi marcada por uma idéia de 
necessário controle sobre tais objetos”. 
Desde o tempo de D. Pedro, tem-se disposições legais referentes às armas 
de fogo, chamadas naquela época de “armas defesas”. O Código Criminal do 
22 
 
 
Império, também chamado de lei de 16 de Dezembro de 1830, já dispunha sobre 
tal tema. 
 
CAPITULO V 
USO DE ARMAS DEFESAS 
Art. 297. Usar de armas offensivas, que forem prohibidas. 
Penas - de prisão por quinze a sessenta dias, e de multa correspondente 
á metade do tempo,atém da perda das armas. 
Art. 298. Não incorrerão nas penas do artigo antecedente: 
1º Os Officiaes de Justiça, andando em diligencia. 
2º Os Militares da primeira e segunda linha, e ordenanças, andando em 
diligencia, ou em exercicio na fórma de seus regulamentos. 
3º Os que obtiverem licença dos Juizes de Paz. 
Art. 299. As Camaras Municipaes declararão em editaes, quaes sejam 
as armas offensivas, cujo uso poderão permittir os Juizes de Paz; os 
casos, em que as poderão permittir; e bem assim quaes as armas 
offensivas, que será licito trazer, e usar sem licença aos occupados em 
trabalhos, para que ellas forem necessarias. 
 
Verifica-se no artigo 298 §3º acima citado, que o porte legal de armas de 
fogo já era previsto naquela época, só podendo gozar de tal direito quem o 
obtivesse através de licença concedida pelos Juízes de Paz. 
O artigo 297, utiliza o verbo “usar”, não dispondo quanto à portar ou 
possuir, portanto, só incorreria na pena deste artigo, quem se utilizasse de uma 
arma proibida, abrindo o precedente para que se pudesse ter dentro de sua 
residência qualquer arma. 
Tal legislação não previa que fosse realizado qualquer teste, tanto 
psicológico quanto prático, para a aquisição ou porte de arma, ademais, não fazia 
menção alguma quanto à possuir uma arma, apenas quanto à portá-la. 
Presume-se, portanto que era permitido à qualquer pessoa adquirir e ter 
dentro de sua propriedade uma ou mais armas. 
Quanto ao artigo 299, desde aquele tempo, já havia certa cautela quanto 
ao tipo, funcionamento ou calibre das armas que poderiam ser portadas pela 
população, porém, as declarações que a lei cita, só poderiam alcançar as armas 
que estivessem sendo portadas, e não as que estivessem guardadas na 
residência dos cidadãos. 
Posteriormente, fora criado o Código Penal de 1890, o qual continha 
apenas dois artigos acerca do uso e fabricação de armas de fogo, não dispondo 
nada acerca de calibres, tipo de funcionamento ou tipo de armas permitidas ou 
não. 
23 
 
 
 
CAPITULO V 
 
DO FABRICO E USO DE ARMAS 
Art. 376. Estabelecer, sem licença do Governo, fabrica de armas, ou 
pólvora: 
Penas – de perda, para a Nação, dos objetos apreendidos e multa de 
200$ a 500$000. 
Art. 377. Usar de armas ofensivas sem licença da autoridade policial: 
Pena – de prisão celular por 15 a 60 dias. 
Parágrafo único. São isentos de pena: 
1º, os agentes da autoridade publica, em diligencia ou serviço; 
2º, os oficiais e praças do Exercito, da Armada e da Guarda Nacional, na 
conformidade dos seus regulamentos. 
 
O artigo 376 da legislação supracitada veda a fabricação de armas sem 
autorização de autoridade competente, porém não dispõe qual é a autoridade 
competente para autorizar ou não a fabricação de tais objetos. 
Já o artigo 377, vedava o uso de armas sem licença da autoridade policial, 
não dispondo quanto à territorialidade desta autorização (federal ou estadual), e 
ainda, não informava qual era a autoridade policial que poderia deferir ou não o 
porte de arma para um civil. 
Percebe-se, que tanto o Código Criminal do Império, quanto o Código 
Penal de 1890, previam o porte de arma para os oficiais de justiça enquanto em 
diligência. 
Quando da criação do Código Penal de 1940, ou Decreto-Lei número 
2.848, de 07 de dezembro de 1940, tal legislação nem mesmo dispunha acerca 
das armas de fogo, apenas de causas de aumento e diminuição de penas, 
agravantes e atenuantes, bem como sobre bandos armados, não autorizando ou 
vedando o uso de armas de fogo. 
A Lei de Contravenções Penais, Decreto-lei número 3.688, de 3 de outubro 
de 1941, em seus artigos 18 e 19, dispunha sobre o porte, a fabricação, 
importação, exportação, posse e comércio de armas de fogo, não definindo 
acerca de tipo, espécie, calibre ou funcionamento das armas que seriam ou não 
permitidas ao uso civil. 
 
PARTE ESPECIAL 
CAPÍTULO I 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA 
 
24 
 
 
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem 
permissão da autoridade, arma ou munição: 
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de um a cinco 
contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não constitui crime 
contra a ordem política ou social. 
 Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, 
sem licença da autoridade: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de 
duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente já foi 
condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra pessoa. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou 
multa, de duzentos mil réis a um conto de réis, quem, possuindo arma ou 
munição: 
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o 
determina; 
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente no 
manejo de arma a tenha consigo; 
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere 
facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente em 
manejá-la. 
 
O artigo 18, já bania o comércio ilegal de armas de fogo, sem citar os 
calibres e tipos de armas que poderiam ser comercializadas legalmente, e ainda, 
bania a fabricação de qualquer tipo de arma sem autorização de autoridade 
competente, porém, não cita qual seria a autoridade competente para fiscalizar ou 
autorizar o comércio, importação, exportação ou fabricação de armas de fogo. 
Em análise ao artigo 19, percebe-se que houve uma preocupação do 
legislador quanto ao porte ilegal de armas de fogo, já que previa sanção penal 
para quem portasse arma de fogo sem autorização (porte). Considerava-se uma 
causa de aumento, quem já condenado com sentença transitada em julgado por 
violência contra pessoa, fosse flagrado portando arma de fogo. 
Em apertada síntese, percebe-se ainda, referência quanto à disparo de 
arma de fogo, tal previsão está disposta no artigo 28 da mesma lei. 
 
CAPÍTULO III 
 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA 
 
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas 
adjacências, em via pública ou em direção a ela: 
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil 
réis a três contos de réis. 
 Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a 
dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem, 
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção 
a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima 
fogo de artifício ou solta balão aceso. 
25 
 
 
 
Percebe-se que fora equiparado o potencial ofensivo de um disparo de 
arma de fogo, à queima de fogo de artifício. Fato este, notoriamente repudiável, 
visto que um artifício pirotécnico tem teoricamente menor potencial ofensivo do 
que um disparo de arma de fogo. 
No ano de 1997, fora promulgada a lei 9.437/97, denominada Lei das 
Armas de Fogo. Tal lei pode ser considerada um tanto quanto concisa, face á 
importância da matéria da qual tratava. 
A referida legislação, em muitos aspectos é semelhante ao Estatuto do 
Desarmamento, porém esta deu origem e atribuiu funções ao SINARM – Sistema 
Nacional de Armas, conforme expõe os artigos 1º e 2º. 
 
Art. 1º Fica instituído o Sistema Nacional de Armas - SINARM no 
Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com circunscrição em 
todo o território nacional. 
Art. 2° Ao SINARM compete: 
I - identificar as características e a propriedade de armas de fogo, 
mediante cadastro; 
II - cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no 
País; 
III - cadastrar as transferências de propriedade, o extravio, o furto, o 
roubo e outras ocorrênciassuscetíveis de alterar os dados cadastrais; 
IV - identificar as modificações que alterem as características ou o 
funcionamento de arma de fogo; 
V - integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; 
VI - cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a 
procedimentos policiais e judiciais. 
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de 
fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem como as demais que 
constem dos seus registros próprios. 
 
Quanto ao artigo 1º, GOMES e OLIVEIRA, (2002 p. 20), expõe que: 
 
O próprio legislador passou a encarar as armas de fogo como 
verdadeiros produtos controlados, sobre os quais o Estado deve manter 
uma rigorosa tutela. 
Para viabilizar esses controles, tornou-se necessária a criação de toda 
uma estrutura administrativa especial, corporificada e instrumentalizada 
por meio de um novo organismo denominado Sistema Nacional de 
Armas, ou simplesmente SINARM. [grifo do autor] 
 
Em análise ao artigo 2º, o qual atribui as competências do SINARM, 
percebe-se que este, tem atribuições somente quanto ao cadastramento das 
armas, e não quanto á sua fiscalização, cabendo ao Ministério do Exército tal 
26 
 
 
atribuição. Ainda citando GOMES e OLIVEIRA, (2002 p. 22) “O cadastro a que se 
refere a nova legislação abrange não somente as armas de fogo, mas também 
seus proprietários” [grifo do autor]. 
Tal legislação, fora a primeira a preocupar-se em atribuir um proprietário à 
uma arma de fogo, pois até então, quando da aquisição de armas de fogo, estas, 
não haviam qualquer cadastramento em órgão de fiscalização ou controle destas. 
Conforme cita TEIXEIRA, (2001, p. 23). 
 
A lei citada acima possui apenas vinte e um artigos e está dividida em 
cinco capítulos, mas, no entanto, grande é a sua importância, 
independentemente do fato de ela ser uma boa ou má lei. E grandes são 
as discussões que ela gerou. Seus objetivos eram reduzir a 
criminalidade existente em nosso país e coibir a violência, por meio da 
restrição do acesso das pessoas ás armas de fogo. 
 
Diante de inúmeras lacunas da legislação acima descrita, dois meses 
depois, fora criado o Decreto 2.222/97, que veio regulamentar e suprir algumas 
falhas anteriormente existentes. 
FACCIOLLI (2010, p.16) explica quanto à ineficácia e falta de estrutura da 
Lei 9.437/97. 
 
Vários avanços puderam ser sentidos ao longo de pouco mais de seis 
anos da vigência da Lei, tais como: criminalizou o porte de arma de fogo; 
disciplinou o registro e o porte; estabeleceu objetivos programáticos para 
o sistema; inaugurou a “Política Nacional de Controle de Armas de 
Fogo”, dentre outros. A sociedade esperava mais... - ou melhor, aspirava 
apenas à redução da violência armada, o que acabou não acontecendo! 
A frustração social foi o principal fator que contribuiu para ruírem as 
estruturas do 1º SINARM. [grifo do autor] 
 
No ano de 2003, a lei vulgarmente chamada de Estatuto do 
Desarmamento, qual seja, a Lei 10.826/03, fora criada. Nota-se, que conforme 
expõe FACCIOLLI, (2010, p.19) “Pressão intensa da mídia e de ONGs 
promoveram a ilusão de que a proibição da venda e da restrição ao porte de 
armas de fogo poderia acabar com a violência que domina os grandes centros 
urbanos”. 
Tal afirmação é confirmada diante do exposto no site JURISWAY (2012, 
p.1) em artigo publicado pela Dra. Liduína Araújo Batista. 
 
27 
 
 
Em junho de 2003, foi organizada uma Marcha Silenciosa, com sapatos 
de vítimas de armas de fogo, em frente ao Congresso Nacional. Este fato 
chamou bastante atenção da mídia e da opinião pública. Os legisladores 
tomaram para si o tema e criaram uma comissão mista, com deputados 
federais e senadores para formular uma nova lei. Esta comissão analisou 
todos os projetos que falavam sobre o tema nas duas casas e 
reescreveram uma lei conjunta: o Estatuto do Desarmamento. 
 
Quando da criação de tal lei, fora estipulado em seu próprio corpo, mais 
precisamente no artigo 35, um referendo, uma consulta popular, com os mesmos 
critérios de uma eleição para cargos políticos, para saber a opinião da população 
quanto à proibição ou não do comércio de armas de fogo no Brasil, o qual, 
contrariando as expectativas da grande maioria dos representantes desta nação, 
segundo o jornal online FOLHA UOL (2012, p.1), teve um índice nacional de 
63,94% dos votos contrários ao desarmamento da população e 36,06% à favor, 
porém em alguns estados como o Rio Grande do Sul, 86,83% da população, 
optou pelo direito de possuir armas de fogo. 
O maior marco desta legislação é seu caráter essencialmente restritivo, 
visando a dificultar o acesso da população às armas de fogo, criando barreiras, 
que aos olhos do povo, só servem para barrar as pessoas de bem, não impedindo 
de forma alguma o acesso de criminosos às armas de fogo. 
FACCIOLLI, (2010 p. 19), nos mostra que “Infelizmente, a cultura que se 
desenvolveu em torno das armas de fogo no Brasil é a de repulsa, aversão – 
“visão antiarmas”. O instrumento em si (arma) não é venal; o que o torna nocivo é 
o seu mau uso...”. 
Diferentemente da Lei 9.437/97, a lei 10.826/03, impôs algumas limitações 
a quem pretende ter armas de fogo, e também, gerou obrigações para estas, 
como por exemplo, a obrigatoriedade de teste de aptidão psicológica e técnica 
para manusear arma de fogo. Conforme pode-se perceber no artigo 4º da referida 
Lei: 
 
Art. 4
o
 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, 
além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes 
requisitos: 
 I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões 
negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, 
Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito 
policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios 
eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
28 
 
 
 II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de 
residência certa; 
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o 
manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento 
desta Lei. 
§ 1
o
 O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após 
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do 
requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. 
§ 2
o
 A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre 
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no 
regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Atualmente, exige-se para a obtenção de registro de arma de fogo, o que é 
indispensável para a aquisição de forma legal de uma arma que o cidadão 
apresente seus documentos pessoais, certidões negativas no âmbito Federal, 
Estadual, Militar e Eleitoral, e ainda, que comprove não estar respondendo à 
inquérito policial ou à processo criminal, apresentar ainda, comprovante de 
residência, e submeter-se à exames psicológicos e de capacidade técnica para 
manuseio de arma de fogo. 
Quanto ao caput do artigo supracitado, FACCIOLLI, (2010 p. 80), critica a 
“declaração de efetiva necessidade”, pois entende ser critério subjetivo, senão, 
verifica-se: 
 
O direito à aquisição (melhor ainda: o direito ao acesso à propriedade – 
de arma de fogo) é, essencialmente, um tema que gravita na órbita 
constitucional. A legitimação à propriedade somente pode ser limitada 
pela funcionalidade social do bem, sendo a segurança consagrada como 
um direito social fundamental na Lex máxima. A presente assertiva é 
importante pois, ao longo do texto normativo, percebe-se o intento em 
criar embaraços ao cidadão de bem em adquirir uma arma de fogo. 
Arriscamo-nosa ir mais longe e constatar uma vontade em desestimular 
não a aquisição, mas a própria intenção na propriedade – mina-se a 
expectativa pelo direito, por via oblíqua. [grifo do autor] 
 
O artigo 28 alterou a previsão da lei 9.437/97, a qual dispunha que a idade 
mínima para aquisição de arma de fogo, era de 21 (vinte e um) anos, vedando 
agora, a compra de arma de fogo por menor de 25 (vinte e cinco) anos. “Art. 28. 
É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados 
os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X 
do caput do art. 6o desta Lei”. 
Portanto em apertada síntese, percebe-se que o legislador, ao criar tal lei, 
não observou as faixas etárias da responsabilidade civil, criminal ou eleitoral, as 
29 
 
 
quais gravitam entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um anos), entendendo o legislador, 
que indivíduos menores de 25 (vinte e cinco) anos, não seriam capazes de 
possuir uma arma de fogo, mas seriam sim capazes de, por exemplo, conquistar 
um cargo de prefeito municipal ou deputado federal. 
FACCIOLLI (2010 p. 331), nos reza acerca do tema: 
 
A intenção do legislador foi clara: desarmar as faixas etárias com idade 
inferior a 25 anos por acreditar que, com esta medida reduziria os níveis 
de violência e homicídios no Brasil. 
A idade – 25 anos – por si só não pode ser usada como termômetro para 
avaliar o grau de maturidade ou de responsabilidade do cidadão. O uso 
de armas é atividade técnica, que, por si só, contribui para disciplinar o 
indivíduo. O tiro não é uma modalidade desportiva?. 
 
Ainda citando FACCIOLLI, (2010 p. 331), quanto á busca da maioridade 
civil, este afirma: 
 
O esforço do legislador foi enorme ao longo de mais de oitenta anos em 
busca da unificação das maioridades civil-penal, o que somente 
conseguiu-se quando da vidência do novo Código Civil, em 2003. No 
mesmo ano, por via oblíqua e inconstitucional, cria-se uma nova 
modalidade de maioridade. 
 
Verifica-se ante o exposto, que a maioridade torna-se um tanto quanto 
embaraçada, já que para cumprir com o direito de cidadão e votar para os cargos 
eletivos em âmbito regional ou federal, é de 16 anos, conduzir um veículo por 
exemplo, a maioridade considera-se aos 18 anos de idade, para ser candidato à 
prefeito ou deputado federal, a maioridade é de 21 anos, já para adquirir ou portar 
uma arma de fogo, o sujeito torna-se capaz apenas aos 25 anos de idade. 
Tais fatos são verdadeiros atentados contra o princípio da isonomia, visto 
que indivíduos que tem por ofício, por exemplo, a profissão de policial, ou militar, 
mesmo que menor de 25 anos de idade poderá adquirir e portar uma arma de 
fogo, e outro, com profissão diversa destas, não poderá. 
 
 
 
 
 
 
 
2 DA APLICAÇÃO DA LEI NA SOCIEDADE 
 
2.1 ANÁLISE DA LEI 
 
O Estatuto do Desarmamento é marcado e conhecido pela sociedade, 
tanto pelos defensores do direito de portar e possuir armas, quanto por aqueles 
que têm um idealismo antiarmas, pelo seu caráter extremamente restritivo de 
direitos, ferindo por vezes a própria Constituição Federal. 
Segundo FACCIOLLI (2010, p.11): 
 
A nova Lei do Sinarm, elaborada em meio a pressões de entidades 
governamentais e não governamentais, não foi edificada com 
imparcialidade em obediência aos imperativos constitucionais de 
construção legislativa. Em diversas passagens cria imbróglios, 
obstaculizando a sua completa compreensão. Não bastasse tratar-se de 
lei extravagante, ultrapassou os limites admitidos da harmonia e 
coerência. [grifo do Autor]. 
 
Conforme expõe o site da REVISTA MAGNUM (2012, p.1), “Estão no 
Supremo tribunal Federal (STF) 16 tópicos em pauta nas Ações Direitas de 
Inconstitucionalidade (ADIns), que dizem respeito ao Estatuto do Desamamento 
(Lei 10.826/03)”. [grifo do autor]. 
Ainda citando o texto publicado na REVISTA MAGNUM (2012, p.1), o 
advogado Wladimir Reale, explica que “O artigo 35 está prejudicado em função do 
resultado do referendo, o que é lastimável, pois por duas vezes o Supremo já 
havia julgado inconstitucional a proibição do comércio de armas de fogo e 
munição nas ADIns 2035 e 2290”. [grifo do autor]. 
Conforme exposto anteriormente, percebe-se que a lei em análise, fora 
criada e aprovada “às pressas”, mediante forte pressão da sociedade e de ONGs, 
para satisfação de uma pequena parcela da sociedade, fato este provado nas 
urnas, quando da votação à favor ou contra o comércio de armas e munições no 
país. 
O artigo 5º da Constituição Federal assegura a todos em seu inciso XI, a 
inviolabilidade de seu domicílio. Conforme segue: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
31 
 
 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial; 
 
Em observância aos fatos atuais gerados pela criminalidade, é impossível 
um cidadão barrar a entrada de um criminoso armado em sua residência, sem a 
possibilidade de possuir uma arma de fogo, o que adiante será provado pela 
pesquisa de campo realizada. 
Ainda em análise ao artigo 5º, em seu inciso XXII, onde o estado garante o 
direito de propriedade, porém, como garantir a propriedade de seus bens, se 
alguém, com maior potencial ofensivo, intenta retirá-lo, ameaçando seu direito á 
vida, direito este, também garantido na CF, no caput do artigo 5º. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXII - é garantido o direito de propriedade; [grifou-se] 
 
Com uma interpretação extensiva do Estatuto do Desarmamento, percebe-
se que o ofensor dos direitos garantidos na Constituição Federal, pode ter o 
direito à vida, e ainda, a um direito que não está presente na Carta Magna, qual 
seja o de propriedade sobre os bens alheios, visto que, com tamanhas restrições 
impostas ao cidadão de bem, torna-se quase impossível adquirir uma arma de 
forma legal, pois um dos requisitos para esta obtenção é completamente 
subjetivo. 
Por exemplo, um advogado é ameaçado de morte em função de seu 
trabalho, a partir daí, solicita a aquisição de uma arma de fogo com esta 
justificativa, podendo esta ser indeferida, pois poderá suprimir um direito alheio 
previsto na Carta Magna. Ou seja; o indivíduo ameaçado poderá sofrer um 
atentado contra sua vida, mas não poderá de maneira legal, tentar impedir tal 
ameaça. 
Tais dispositivos são completos atentados contra a liberdade individual, já 
que quando do mau uso de uma arma de fogo, o cidadão que a utilizou de forma 
inadequada, será punido na forma da lei, não cabendo à administração pública 
32 
 
 
afirmar ser bom ou não para cada indivíduo ter acesso à uma arma de fogo, ou 
ainda, decidir em nome do cidadão, se este, pode ter acesso à uma ferramenta 
que possibilite uma reação de defesa contra uma ameaça à sua vida ou seu 
patrimônio. 
Ainda em análise ao inciso XXII da CF, observa-se que fica completamente 
suprimida tal garantia na análise do §2º do artigo 16 do Decreto 5.123/04, que 
regulamentou a Lei 10.826/03. 
 
Art. 16. O Certificado de Registro de Arma de Fogo expedido pela 
Polícia Federal, precedido de cadastro no SINARM, tem validadeem 
todo o território nacional e autoriza o seu proprietário a manter a arma de 
fogo exclusivamente no interior de sua residência ou dependência desta, 
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o 
responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. 
§ 2
o
 Os requisitos de que tratam os incisos IV, V, VI e VII do art. 12 
deste Decreto deverão ser comprovados, periodicamente, a cada 
três anos, junto à Polícia Federal, para fins de renovação do 
Certificado de Registro. [grifou-se]. 
 
Vê-se que mesmo garantido o direito de propriedade pela CF, se o 
indivíduo que possui uma arma de fogo, não cumprir com o disposto no parágrafo 
acima citado, este, poderá incorrer em crime e ainda perder a propriedade de sua 
arma de fogo. 
É de bom alvitre salientar, que diante do exposto acima, fica evidente o 
descaso com as cláusulas pétreas constantes no texto da Carta Magna, pois o 
direito á propriedade sobre um bem adquirido de forma correta, dentro das 
especificações legais, ficará sujeito à perda, se o detentor de tal bem, 
simplesmente silenciar, ou melhor, permanecer inerte, fato este, que por si só, 
pode ser considerado abusivo, pois a perda da arma de fogo, ou a incursão em 
algum crime, não se dará por nenhuma prática ilícita. 
É este o entendimento do Coronel Paes de Lira, em texto publicado no site 
da ONG PELA LEGÍTIMA DEFESA (2012, p.1), veja-se: 
 
Nesse sentido, a Constituição Federal Brasileira garante em seu artigo 
5.º o direito à vida, à segurança e à propriedade, que são os 
fundamentos da cidadania conforme prescreve o inciso II, do artigo 1.º, 
da própria Constituição. Todos esses direitos são cláusulas pétreas, ou 
seja, não podem ser retirados do ordenamento jurídico constitucional e 
muito menos desrespeitados, nos termos estabelecidos pelo inciso IV, do 
parágrafo 4.º, do artigo 60, da Carta Magna. 
33 
 
 
Uma das piores afrontas à Constituição trazidas pela lei federal em 
questão diz respeito à figura do registro renovável da arma de fogo, ou 
seja, o proprietário precisará renovar a própria condição de domínio 
sobre o bem possuído, numa clara afronta ao constitucional direito de 
propriedade previsto no artigo quinto, caput, e seu inciso XXII, da 
Constituição Federal, que garante o direito de propriedade em sua 
plenitude. Assim, a lei criou uma figura inconstitucional, pois o direito de 
propriedade fica condicionado a uma verdadeira revalidação constante, o 
que não encontra amparo em nosso sistema constitucional, num 
desrespeito ao direito adquirido de quem legalmente possui uma arma 
decorrente do ato jurídico perfeito que foi sua aquisição. [grifo do 
Autor]. 
 
Ainda no texto publicado por Paes de Lira, vê-se a preocupação com a 
subjetividade da norma, pois a autoridade policial, ao analisar o requisito de 
efetiva necessidade, poderá negar-lhe a renovação, retirando-lhe o direito à 
propriedade de uma arma de fogo que indubitavelmente lhe pertence. 
 
A renovação obrigatória do Certificado de Registro de arma de fogo, 
determinada no § 2°, artigo 16 do Decreto 5.123 de 1°/07/2004, submete 
o proprietário ao critério subjetivo da discricionariedade da autoridade 
policial, a qual pode entender que o proprietário não atende ao requisito 
da efetiva necessidade, indeferindo a renovação e, por consequência 
transformando o proprietário legal de uma arma de fogo em potencial 
criminoso, pela impossibilidade em que foi colocado de revalidar tal 
documento. 
Não restaria ao proprietário da arma outra alternativa a não ser entregá-
la ao Estado, configurando-se assim um autêntico confisco. 
 
Ainda em análise ao artigo 5º da CF, verifica-se que segundo o artigo 28 
da lei 10.826/03, nem todos os indivíduos são iguais perante a lei. Veja-se: “Art. 
28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo, 
ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII 
e X do caput do art. 6o desta Lei”. 
As exceções de que trata este artigo são: 
 
I – os integrantes das Forças Armadas; 
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 
da Constituição Federal; 
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e 
dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas 
condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os 
agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança 
Institucional da Presidência da República; 
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 
52, XIII, da Constituição Federal; 
34 
 
 
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, 
os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias; 
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e 
de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista 
Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) 
 
Pode-se, portanto constatar, que indivíduos menores de 25 (vinte e cinco) 
anos de idade, pelo simples fato de ocuparem um dos cargos acima descritos, 
tem capacidade para portar uma arma de fogo, e outro, que por escolha pessoal, 
resolve seguir outra carreira profissional, como por exemplo um empresário, 
médico ou agricultor, não é capacitado psicologicamente para portar uma arma de 
fogo de maneira consciente. 
Diante de tal análise, vê-se que evidentemente tal suposição fere o 
princípio da isonomia, também conhecido como princípio da igualdade, dispondo 
basicamente, que “todos são iguais perante a lei”. 
FACCIOLLI (2010, p.330), nos ensina que: 
 
Atendidos os requisitos marcados na lei, não há justificativa plausível 
para impedir os cidadãos, com capacidade civil e penal plenas ao 
exercício do direito de propriedade. É certo que o bem – arma de fogo – 
possui uma natureza especialíssima, mas, nem por isso, pode servir 
como argumento para discriminar, genericamente, as diversas classes 
de brasileiros. [grifo do Autor]. 
 
Devido à lacuna deixada na lei, quanto à possibilidade de portar ou 
possuir uma arma de fogo o Decreto 5.123/04, o qual regulamentou a lei 
10.826/03, em seu artigo 22, destaca uma excepcionalidade: 
 
Art. 22. O Porte de Arma de Fogo de uso permitido, vinculado ao prévio 
registro da arma e ao cadastro no SINARM, será expedido pela Polícia 
Federal, em todo o território nacional, em caráter excepcional, desde que 
atendidos os requisitos previstos nos incisos I, II e III do § 1
o
 do art. 10 
da Lei n
o
 10.826, de 2003. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 
2008). 
 
Os requisitos de que trata este artigo são: 
 
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício de atividade 
profissional de risco ou de ameaça à sua integridade física; 
II – atender às exigências previstas no art. 4
o
 desta Lei; 
III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem 
como o seu devido registro no órgão competente. 
 
35 
 
 
Percebe-se analisando tais dispositivos, que o critério de deferimento da 
concessão do porte, torna-se totalmente subjetivo quanto ao critério para 
deferimento da autorização de aquisição de arma de fogo. 
FACCIOLLI, (2010, p. 117), em se tratando do porte, afirma que “A 
autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido é ato sujeito ao 
preenchimento dos requisitos legais e a um juízo favorável de conveniência e 
oportunidade por parte de Administração”. 
Quanto ao direito de herança, direito este previsto na Carta Magna de 
1988, este fica completamente esquecido ao analisar uma situação hipotética em 
que o filho, já órfão de mãe, agora com 22 anos de idade, acaba por perder o paique sempre teve armas devidamente registradas, porém agora seu filho, o qual 
não possui ainda 25 anos, terá de entregá-las à polícia ou então transferi-las para 
um terceiro até que complete os 25 anos de idade exigidos por esta lei. 
Portanto, diante de tal análise, constata-se a evidente e manifesta 
supressão às garantias previstas na Constituição Federal, já que diante da Lei 
10.826/03, fora suprimido o direito de propriedade, o direito à legítima defesa, o 
direito à vida, à segurança, à inviolabilidade do domicílio e até mesmo o direito de 
herança. 
 
2.2 DA RESTRIÇÃO AO ACESSO ÀS ARMAS DE FOGO E MUNIÇÕES 
 
De acordo com FACCIOLLI (2010, p.12), “[...] a Lei 10.826/03 não pode ser 
interpretada isoladamente, sem o seu Regulamento, sem o Decreto 3.665 de 
2000 e demais legislações esparsas [...]”. 
Portanto, mostra-se necessário analisar o artigo 4º da Lei 10.826/03: 
 
Art. 4
o
 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, 
além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes 
requisitos: 
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões 
negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça 
Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a 
inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser 
fornecidas por meios eletrônicos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, 
de 2008) 
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e 
de residência certa; 
36 
 
 
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica 
para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no 
regulamento desta Lei. 
§ 1
o
 O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após 
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do 
requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. 
§ 2
o
 A aquisição de munição somente poderá ser feita no calibre 
correspondente à arma registrada e na quantidade estabelecida no 
regulamento desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
§ 3
o
 A empresa que comercializar arma de fogo em território nacional é 
obrigada a comunicar a venda à autoridade competente, como também a 
manter banco de dados com todas as características da arma e cópia 
dos documentos previstos neste artigo. 
§ 4
o
 A empresa que comercializa armas de fogo, acessórios e munições 
responde legalmente por essas mercadorias, ficando registradas como 
de sua propriedade enquanto não forem vendidas. 
§ 5
o
 A comercialização de armas de fogo, acessórios e munições entre 
pessoas físicas somente será efetivada mediante autorização do Sinarm. 
§ 6
o
 A expedição da autorização a que se refere o § 1
o
 será concedida, 
ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias 
úteis, a contar da data do requerimento do interessado. 
§ 7
o
 O registro precário a que se refere o § 4
o
 prescinde do cumprimento 
dos requisitos dos incisos I, II e III deste artigo. 
§ 8
o
 Estará dispensado das exigências constantes do inciso III 
do caput deste artigo, na forma do regulamento, o interessado em 
adquirir arma de fogo de uso permitido que comprove estar autorizado a 
portar arma com as mesmas características daquela a ser 
adquirida. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Vê-se diante da análise do artigo supracitado, que o primeiro requisito a ser 
preenchido para a aquisição de uma arma de fogo, é declarar a efetiva 
necessidade, que segundo FACCIOLLI (2010, p. 80) é extremamente subjetivo: 
 
Quais os critérios a serem utilizados para avaliar a efetiva necessidade 
em se conceder a autorização para compra de uma arma, em meio a 
uma sociedade cada vez mais violenta e insegura? Fica difícil definir 
critérios que sejam equânimes (ou pelo menos justos) para abranger a 
presente previsão. 
 
E analisando o inciso I do referido artigo, pode-se ver, que somente 
cidadãos com caráter ilibado, ou seja, que nunca tiveram qualquer problema nas 
esferas Federal, Militar, Estadual ou Eleitoral. 
 Já o inciso II, preocupou-se em “localizar” as armas que encontram-se nas 
mãos de civis, pois exige que seja indicada a residência do adquirente, e ainda 
quando à ocupação lícita, o que gera muita polêmica. 
FACCIOLLI (2010, p.1), dá uma clássico exemplo: “As mulheres que 
vendem o corpo – outro exemplo interessante – exercem ocupação lícita, não se 
37 
 
 
tem dúvida. De que forma devem apresentar este tipo de documento 
comprobatório, sem expor sua privacidade, sua intimidade?” 
Acima exposto, encontra-se no inciso III, a previsão de que é necessária a 
comprovação de aptidão técnica para manuseio de arma de fogo, fato este, que 
estimula a clandestinidade e imperícia, vez que, torna-se provável que um 
cidadão que pretende adquirir uma arma de fogo, não estará capacitado para 
manuseá-la, pois teoricamente nunca teve uma, e ainda, se este quiser, antes da 
realização dos exames práticos exigidos pela Polícia Federal, terá de recorrer á 
vias ilegais para um treinamento de tiro, já que são inúmeras as restrições para 
conseguir um treinamento prático de tiro e manuseio de armas de fogo. 
A aptidão psicológica será atestada por psicólogo credenciado na Polícia 
Federal. FACCIOLLI (2010, p.86) expõe: 
 
De qualquer forma, a “aptidão” deverá ser comprovada por ocasião de 
realização de testes específicos, por profissionais dos quadros da Polícia 
Federal ou por profissionais credenciados pelo órgão – inc. VII do art. 12 
do Dec. 5.123/04. O não cumprimento das exigências previstas enseja o 
indeferimento do pedido do interessado. 
 
Analisando o artigo 12 do Decreto 5.123/04, verifica-se o aumento dos pré-
requisitos para a obtenção de uma arma de fogo de uso permitido. Conforme 
segue: 
 
Art. 12. Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado 
deverá: 
 
I - declarar efetiva necessidade; 
II - ter, no mínimo, vinte e cinco anos; 
III - apresentar original e cópia, ou cópia autenticada, de documento 
de identificação pessoal; (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 
2008). 
IV - comprovar, em seu pedido de aquisição e em cada renovação 
do Certificado de Registro de Arma de Fogo, idoneidade e 
inexistência de inquérito policial ou processo criminal, por meio de 
certidões de antecedentes criminais da Justiça Federal, Estadual, 
Militar e Eleitoral, que poderão ser fornecidas por meio 
eletrônico; (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). 
V - apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de 
residência certa; 
VI - comprovar, em seu pedido de aquisição e em cada renovação 
do Certificado de Registro de Arma de Fogo, a capacidade técnica 
para o manuseio de arma de fogo; (Redação dada pelo Decreto nº 
6.715, de 2008). 
38 
 
 
VII - comprovar aptidão psicológica para o manuseio de arma de 
fogo, atestada em laudo conclusivo fornecido por psicólogo do 
quadro da Polícia Federal ou por esta credenciado. 
§ 1
o
 A declaração de que trata o inciso I do caput deverá explicitar os 
fatos e circunstâncias justificadoras do pedido, que serão examinados 
pela Polícia Federal segundo as orientações a serem expedidas pelo 
Ministério da Justiça. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). 
§ 2
o
 O indeferimento do pedido deverá ser fundamentado e comunicado 
ao interessado em documento próprio. 
§ 3
o
 O comprovante de capacitação técnica, de que trata o inciso VI 
do caput, deverá ser expedido por instrutor de armamento e tiro 
credenciado pela Polícia Federal e deverá atestar, 
necessariamente: (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). 
I - conhecimento da conceituação e normas de segurança pertinentes à 
arma de fogo; 
II - conhecimento básico dos componentes e partesda arma de fogo; e 
III - habilidade do uso da arma de fogo demonstrada, pelo interessado, 
em estande de tiro credenciado pelo Comando do Exército. 
§ 4
o
 Após a apresentação dos documentos referidos nos incisos III a VII 
do caput, havendo manifestação favorável do órgão competente 
mencionada no §1
o
, será expedida, pelo SINARM, no prazo máximo de 
trinta dias, em nome do interessado, a autorização para a aquisição da 
arma de fogo indicada. 
§ 5
o
 É intransferível a autorização para a aquisição da arma de fogo, de 
que trata o §4
o
 deste artigo. 
§ 6
o
 Está dispensado da comprovação dos requisitos a que se referem 
os incisos VI e VII do caput o interessado em adquirir arma de fogo de 
uso permitido que comprove estar autorizado a portar arma da mesma 
espécie daquela a ser adquirida, desde que o porte de arma de fogo 
esteja válido e o interessado tenha se submetido a avaliações em 
período não superior a um ano, contado do pedido de 
aquisição. (Incluído pelo Decreto nº 6.715, de 2008). [grifou-se] 
 
Vê-se em análise ao inciso VI supracitado, que é necessária a 
comprovação de aptidão técnica para o manuseio de arma de fogo, porém, antes 
da realização dos exames práticos (prova de tiro e prova teórica/prática sobre as 
partes e funcionamento da arma de fogo a ser adquirida) não é exigido por lei 
nenhum curso de capacitação para o manuseio destes objetos. 
Verifica-se no caso em comento, que conforme o §2º do artigo 4º da Lei 
10.826/03, regulamentado pelo artigo 21, §2º do Decreto 5.123/04, ambos 
regulamentados pela Portaria 12 do COLOG (Comando Logístico), que há uma 
quantidade evidentemente limitada quanto à aquisição de munições no comércio 
nacional. 
Ressalta-se o disposto na Portaria 12 do COLOG: 
 
Art. 3º A quantidade de cartuchos de munição de uso permitido, por 
arma registrada, que um mesmo cidadão poderá adquirir no comércio 
especializado, é a seguinte: 
39 
 
 
I - até 300 (trezentas) unidades de cartuchos de munição esportiva 
calibre .22 de fogo circular, por mês; e 
II - até 200 (duzentas) unidades de cartuchos de munição de caça e 
esportiva nos calibres 12, 16, 20, 24, 28, 32, 36 e 9.1mm, por mês. 
Art. 5º A quantidade de munição de uso permitido, por arma registrada, 
que cada cidadão poderá adquirir no comércio especializado (lojista), 
anualmente, é de até 50 (cinqüenta) unidades. 
Art. 9º. Ficam estabelecidas as seguintes quantidades máximas de 
partes de munição e de cartuchos de munição que poderão ter as suas 
aquisições autorizadas. 
VII - caçador de subsistência e proprietário de arma de fogo de cano 
longo (acima de 24 polegadas ou 610 mm) e alma lisa: 
a) espoletas, até 200 (duzentas) unidades por mês; 
b) estojos, até 200 (duzentas) unidades por mês; e 
c) pólvora (mecânica e/ou química), até 1 (um) Kg por mês. 
 
Verifica-se no artigo 5º supracitado, é possível perceber que há uma certa 
disparidade na lei, pois armas longas de calibre .22, tem à disposição 300 
unidades de munição mensalmente, enquanto uma arma de porte como uma 
pistola calibre .380, vem à ter apenas 50 munições por ano. 
A quantidade de 50 cartuchos é derivada da Portaria 40 do Ministério da 
Defesa, e segundo FACCIOLLI (2010, p.92) “Um dos aspectos mais polêmicos da 
Portaria 40/MD foi restringir a aquisição anual de, no máximo, cinquenta 
cartuchos de munição, ao ano, por tipo de calibre de arma regularizada”. 
Ainda em análise ao presente caso, é controverso afirmar que um cidadão 
que não seja filiado a clube de tiro ou de caça, se aperfeiçoe no tiro se este pode 
adquirir apenas 50 munições para arma de porte no decorrer de um ano, ficando 
assim impossível deste treinar disparos de arma de fogo, pois se utilizar a 
munição para treinamento poderá ficar sem para sua defesa. 
Ocorre, portanto, que no decorrer de três anos da expedição do registro 
da arma de fogo, o cidadão que a possui, terá de renovar o registro desta, e para 
isso, sua capacidade técnica para disparar uma arma de fogo de modo que não 
coloque a vida de ninguém em perigo, será atestada, porém, sem treinamento, o 
que poderá resultar em um desastroso resultado do exame prático. 
 
2.3 DAS PENAS PREVISTAS NA LEI 
 
Conforme dispõe o artigo 12 da Lei 10.826, denominada Estatuto do 
Desarmamento, é ilegal a posse de arma de fogo em desacordo com 
40 
 
 
determinação legal ou regulamentar, mesmo que no interior de sua residência, 
fato este, punível com detenção de 1 (um) à 3 (três) anos, cominada com multa. 
Diante de tal artigo, ao confrontarmo-lo com o requisito subjetivo para a 
aquisição de uma arma de fogo, e ainda, em análise juntamente com o artigo 23 
do Código Penal, abaixo transcrito: 
 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 
direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Pode-se constatar, que se caso um cidadão, correndo iminente risco de 
sofrer um atentado contra sua vida, solicita a aquisição de uma arma de fogo no 
comércio legal, e esta é negada, ele teria sim o direito de possuir uma arma de 
fogo mesmo que em desconformidade com a lei para garantir sua proteção, pois 
estaria amparado no inciso I e II, pois estaria agindo por estado de necessidade e 
ainda em legítima defesa por um risco iminente, amparado nas causas 
excludentes de ilicitude. 
O artigo 14 do Estatuto do Desarmamento, é exaustivo quanto à maneiras 
de configurar o delito de porte ou posse ilegal de arma de fogo: 
 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, 
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, 
empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo 
quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. 
 
Percebe-se diante do exposto, que a lei procurou abranger qualquer 
possibilidade de porte ou posse irregular de uma arma de fogo. 
FACCIOLLI (2010, p.220) afirma que: 
 
Não temos a menor dúvida de que a intenção do legislador foi a de 
esgotar, ao máximo, o rol de ações passíveis de enquadramento penal, 
com o fito de intimidar criminosos e pessoas que usam de forma 
indiscriminada e sem controle armas, munições ou acessórios. 
 
41 
 
 
Já o artigo 15 da mesma lei, prevê o delito no caso de disparo de arma de 
fogo, citando em seu caput, “lugar habitado”, gerando assim várias controvérsias. 
A lei aplicada na contemporaneidade tem interpretado como lugar habitado, todo 
e qualquer lugar onde possa existir alguém residindo. Portanto analisa-se: 
 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou 
em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que 
essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável 
 
Segundo FACCIOLLI (2010, p.223), “Buscou o legislador coibir o disparo 
aleatório, gerador das chamadas “balas perdidas” que diariamente atingem 
pessoas inocentes dentro de casa, no interior de veículos, em faculdades, 
colégios etc.” [grifo do autor] 
NUCCI (2009, p.91) define lugar habitado como sendo 
 
 [...] o local que possui em redor, pessoas residindo. Cuida-se de 
analisar, no caso concreto,em que tipo de região ocorreu o disparo. Se 
ninguém por ali habita, é natural não haver sentido algum na punição, 
pois o disparo em local ermo não constitui perigo para a segurança 
pública. 
 
Portanto, quem dispara arma de fogo em área rural, campos, matas e 
demais locais ermos, sem colocar a vida de outrem em risco, não incorre na pena 
prevista no artigo em apreciação. É este o entendimento de FACCIOLLI (2010, 
p.223): 
 
O agente que realiza disparos em áreas rurais, campos, matas e demais 
locais desabitados não incorre no tipo descrito. O mesmo não ocorre 
com quem executa disparos apontando uma arma para cima, nas 
periferias da cidade, em ruas desabitadas ou vias públicas com pouco 
movimento. 
 
Quanto ao disparo de arma de fogo, a lei nada dispõe acerca do disparo 
efetuado para repelir uma ameaça ou agressão, chamado de “tiro de advertência”. 
Portanto, se um indivíduo, mesmo possuindo uma arma devidamente registrada, 
com munição adquirida de forma legal, e durante a madrugada perceber que um 
indivíduo está tentando adentrar em sua residência, teoricamente este não poderá 
42 
 
 
nem mesmo efetuar um disparo de arma de fogo, sob pena de incorrer no crime 
tipificado no artigo 15 da lei 10.826/03. 
FACCIOLLI (2010, p.224) comenta: 
 
Em tese e a princípio, pode o agente “atirar” em estado de necessidade 
ou em legítima defesa, contudo poderá ser responsabilizado a título de 
culpa e/ou administrativamente pelos danos causados a terceiros, nos 
termos do parágrafo único do art. 23 do Código Penal brasileiro. 
 
Por fim, é no mínimo desarrazoado o fato de que é inafiançável tal crime, 
visto que, fica à critério da autoridade competente julgar o local do disparo ser 
local ermo, desabitado, ou ainda, o agente estar em estado de necessidade, 
amparado por excludente de ilicitude. 
 É este o entendimento de FACCIOLLI (2010, p.222): 
 
Por fim, verifica-se absolutamente desarrazoada a inafiançabilidade 
atribuída aos crimes definidos nos arts. 14 e 15 da Lei 10.826/03, 
porquanto não podem estes ser equiparados a terrorismo, prática de 
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes ou crimes hediondos (Constituição 
Federal, art. 5º, XLIII). Em realidade, constituem crimes de mera conduta 
que, embora reduzam o nível de segurança coletiva, não se equiparam 
aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à 
propriedade. 
 
Diante do exposto, até o presente momento, verificou-se um caráter 
extremamente restritivo quanto ao acesso às armas de fogo e munições, 
porquanto, apenas para os sujeitos que pretendem adquiri-las de forma legal, não 
obstaculizando o acesso às armas de fogo por vias perversas, fato este que 
posteriormente demonstrará os aspectos faltantes da lei que fazem com que a 
mesma não logre êxito na redução da criminalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 A INEFICÁCIA DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO NA REDUÇÃO DA 
CRIMINALIDADE 
 
3.1 DA PESQUISA REALIZADA 
 
Para se chegar a uma conclusão acerca do tema aqui discutido, fora 
realizada pesquisa de campo para coletar dados, para que posteriormente estes 
sejam comparados com dados angariados das mais diversas fontes e de diversos 
locais diferentes, até mesmo de outros países. 
A presente pesquisa de campo fora realizada de forma que 50 (cinquenta) 
criminosos, encarcerados junto á carceragem da Delegacia de Polícia da cidade 
de Francisco Beltrão - PR, qual seja a 19º SDP, foram ouvidos separadamente, 
sem serem identificados, e após terem aceitado colaborar com a presente 
pesquisa científica. 
Os indivíduos foram questionados quanto á idade, escolaridade, renda 
mensal, ocupação laboral, utilização de arma de fogo em cometimento de crimes, 
origem e valor das armas e munições, e quanto à precaução em se abordar 
vítimas armadas. 
Foram entrevistados indivíduos condenados ou aguardando julgamento 
pelos mais variados tipos de crimes, desde embriaguez ao volante, até latrocínio, 
homicídio, estupro e sequestro, com faixa etária entre 19 (dezenove) e 53 
(cinquenta e três) anos. 
Dentre os crimes com emprego de armas de fogo cometidos pelos 
entrevistados, estão presentes os crimes de homicídio, latrocínio, sequestro, 
roubo e tentativa de homicídio. 
Constata-se diante do caso analisado, que 52% por cento dos criminosos 
estão na faixa etária entre 19 e 26 anos, demonstrando ainda que destes apenas 
05 (cinco) ou seja, 19,23% trabalhavam com carteira assinada. 
Percebe-se ainda, em análise à faixa etária 19 – 26, que destes 26 (vinte e 
seis) indivíduos, 12 (doze), ou seja, 46,15%, destes, já cometeram crimes com 
emprego de arma de fogo. Estes dados representam um número preocupante, 
visto que, dos 50 entrevistados, 20 cometeram crimes com armas de fogo, porém, 
44 
 
 
60% do total dos crimes cometidos com emprego de arma de fogo, foram 
cometidos por indivíduos com menos de 26 anos. 
 
Tabela 1: Distribuição acerca da idade, trabalho fixo e cometimento de crimes 
com emprego de arma de fogo. 
QUANTIDADE IDADE TRABALHO FIXO CRIME C/ 
ARMA 
01 19 Anos 00 00 
03 20 Anos 00 02 
03 21 Anos 01 01 
04 22 Anos 01 01 
05 23 Anos 02 02 
05 24 Anos 00 04 
02 25 Anos 00 01 
03 26 Anos 01 01 
03 27 Anos 00 02 
03 28 Anos 00 03 
03 29 Anos 01 02 
02 30 Anos 01 01 
01 31 Anos 01 00 
02 32 Anos 01 00 
03 35 Anos 01 00 
01 36 Anos 00 00 
01 39 Anos 00 00 
01 42 Anos 00 00 
01 43 Anos 00 00 
01 44 Anos 01 00 
01 49 Anos 01 00 
01 53 Anos 00 00 
Fonte: pesquisa de campo, abril/maio 2012. 
 
Conforme demonstra o artigo 22, do Decreto 5.123/04, indivíduos menores 
de 25 anos, não podem nem ao menos possuir armas de fogo, porém, diante da 
pesquisa realizada, percebe-se, que dos 21 indivíduos menores de 25 anos, 10 
deles, já cometeram crimes com emprego de arma de fogo, perfazendo o 
montante de 47,61%. 
Pode-se constatar diante da pesquisa efetuada, que apenas 24% dos 
entrevistados possuíam emprego com carteira assinada, pré-requisito para a 
obtenção de forma lícita de uma arma de fogo. 
 
 
45 
 
 
Tabela 2: correlação entre escolaridade e emprego de armas de fogo em crimes 
Grau de Escolaridade Quantidade de 
indivíduos 
Crimes c/ emprego de 
arma de fogo 
Menos que a 5º série 12 04 
5º série 10 05 
6º série 08 03 
7º série 08 04 
8º série 07 02 
2º grau 05 02 
Fonte: pesquisa de campo abril/maio 2012. 
 
 Pode-se verificar no caso em comento, que a relação entre escolaridade e 
emprego de armas de fogo no cometimento de crimes, não está relacionado, visto 
que por exemplo, indivíduos com a 7º série, cometeram estatisticamente 16,66% 
mais crimes com emprego de arma de fogo, do que indivíduos com educação 
inferior à 5º série. 
 
Tabela 3: relação entre renda mensal e emprego de arma de fogo em prática 
criminosa 
Renda Mensal Quantidade de Indivíduos Crimes c/ emprego de 
arma de fogo 
500 reais ou menos 15 07 
600 à 750 reais 16 04 
750 à 1 mil reais 12 06 
1 mil à 1.500 reais 06 03 
1.500 à 2 mil reais 01 00 
Fonte: pesquisa de campo abril/maio 2012. 
 
Quanto ao comparativo, renda mensal e emprego de arma de fogo em 
prática criminosa, pode-se constatar diante da pesquisa realizada, que não 
possuem correlação, pois indivíduos que possuíam renda mensal de 1 mil à 1.500 
reais, cometeram 3,4% mais crimes com arma de fogo, do que indivíduos que 
percebiam renda mensal de 500 reais ou menos. 
Na pesquisa realizada, quando perguntado aos encarcerados quanto á 
origem das armas de fogo que já haviam utilizado para a prática de crimes, 45% 
afirmaram não saber a origem destas, 30% afirmaram tê-las tomado em roubo ou 
furto,e em 25% dos casos, foram adquiridas em países vizinhos como Argentina 
e Paraguai. 
46 
 
 
Os entrevistados que afirmaram ter tomado as armas de fogo em roubo ou 
furto, não necessariamente foram presos juntamente com a arma utilizada para a 
prática criminosa. Portanto, para se saber se estas eram armas que poderiam ter 
sido devidamente registradas em alguma época, lhes foi questionado quanto ao 
calibre das mesmas, constatando-se assim, que dentre as 06 (seis) armas que 
teriam sido tomadas em roubo ou furto, duas delas certamente não eram 
registradas em nome de civis, tendo em vista o fato de que o calibre das mesmas 
era de uso restrito, uma pistola de calibre .40, e um revólver de calibre .357 
Magnum. 
Percebe-se diante dos dados angariados, que apenas quatro, das vinte 
armas de fogo utilizadas para a prática de crimes, poderiam ser armas 
registradas, obtidas em algum momento, de maneira legal. 
NUCCI (2009, p.78) afirma que “Não temos a ilusão de que o controle 
estatal impedirá a ocorrência de crimes em geral, afinal, seria ingênuo imaginar 
que a marginalidade compra armas de fogo em lojas, promovendo o devido 
registro e conseguindo o necessário porte”. 
Vê-se diante da análise da pergunta feita quanto à facilidade de aquisição 
de armas de fogo no comércio ilegal, a expressiva porcentagem de 82%, 
reconheceu a facilidade da aquisição destes objetos no mercado negro, 2%, ou 
seja, apenas um indivíduo afirmou não ser fácil, e 16%, representados por oito 
indivíduos, afirmou não ter conhecimento acerca da facilidade ou não de 
aquisição de armas de fogo no comércio ilegal. 
Fora elaborada pergunta, com o intuito de constatar qual tipo de arma é 
mais barata para ser adquirida, se registrada ou ilegal. Dos cinquenta 
entrevistados, 43 deles, afirmaram ser mais barato adquirir armas de forma ilegal, 
ou seja, 86% dos questionados, os outros 14 indivíduos, informaram não saber 
responder, e saliente-se nenhum deles afirmou ser mais barato adquirir armas de 
forma legal. 
No que tange à facilidade de aquisição de armas de fogo, o resultado das 
entrevistas realizadas foi exatamente o mesmo do acima transcrito, onde 86% 
afirmaram ser mais fácil adquirir armas de fogo no comércio ilegal, do que no 
comércio legal, enquanto nenhum deles considera a via mais fácil para aquisição 
de armas de fogo, a aquisição de forma legal. 
47 
 
 
Quando questionados se o comércio legal de armas de fogo no Brasil fosse 
proibido, se ainda assim seria possível adquirir estas no comércio ilegal, 94% dos 
entrevistados afirmaram que ainda assim seria possível adquiri-las, enquanto 6%, 
afirmou não saber responder. 
Para poder utilizar uma arma de fogo, de modo que ela possa causar um 
dano físico, esta, certamente necessita estar municiada, motivo pelo qual, fora 
elaborada pergunta para saber se os indivíduos encarcerados tinham acesso fácil 
a munição contrabandeada de países vizinhos. 
Apurando os resultados, constata-se que 68% afirma ser fácil adquirir 
munições de forma irregular, enquanto 18% afirmou ser conhecedor de 
dificuldades quando da aquisição deste material, e ainda 14% afirmou não saber 
sobre dificuldades ou facilidades sobre a aquisição destes objetos. 
Quanto ao uso de armas para defender-se de possíveis assaltos, furtos, ou 
ainda agressões sexuais, fora perguntado aos detentos se estes, no momento de 
preparação para a abordagem da pessoa escolhida para ser sua vítima, 
constatasse que esta estivesse armada, se ainda assim prosseguiria com a 
prática do crime, 74% responderam que não, 6% responderam que prosseguiriam 
da mesma forma, e 20% responderam que só valeria a pena prosseguir com o 
crime, se fosse para tomar a arma da vítima. 
Vê-se, portanto, que os criminosos tem um certo receio de pessoas 
portando armas de fogo, pois conforme dito por muitos deles durante as 
entrevistas, eles pretendem apenas conquistar o objetivo inicial, que é a 
vantagem pecuniária, ou objetos representantes de valor, e não morrer ou ser 
preso. 
Percebe-se diante de tal exposição, que se fossem os entrevistados 
cinquenta criminosos sexuais, 74% das agressões cometidas por estes, poderiam 
ter sido evitadas, se as vítimas portassem armas de fogo. 
Conforme constatado na pesquisa realizada, indivíduos que incorrem em 
práticas criminosas evitam assaltar policiais à paisana mais pelo fato destes 
estarem armados, do que pelo fato de poderem sofrer represálias futuras por 
parte da polícia. Tal fato é confirmado pelo índice de 54% que afirmou evitar 
assaltar policiais por estes estarem armados, e 46%, por temerem represálias 
futuras. 
48 
 
 
Quanto à posse de armas de fogo, ou seja, a modalidade mais comum de 
detenção de armas na mão de cidadãos civis, foi perguntado aos encarcerados, 
quanto à facilidade de acesso às residências onde existem armas de fogo, 68% 
dos entrevistados afirmou considerar mais fácil assaltar residências onde não 
existem armas de fogo, enquanto 32%, afirmou não fazer diferença alguma no 
momento de um assalto existir ou não armas de fogo dentro da residência, e 
salienta-se; nenhum dos indivíduos afirmou ser mais fácil adentrar em uma casa 
que tenha armas de fogo. 
Diante da resposta de que não fazia diferença a existência de armas de 
fogo dentro de uma residência, vários dos entrevistados justificaram a 
despreocupação, pelo fato de que os proprietários das armas de fogo, não 
acondicionam as mesmas municiadas, e nem mesmo em locais que 
proporcionem um pronto uso, motivo pelo qual, segundo os criminosos, quando o 
proprietário da residência percebe a ação criminosa, não tem tempo de pegar a 
arma e colocá-la em condição de uso. 
Outros ainda afirmaram, que para adentrar em residências onde se tem o 
conhecimento de que o morador possui armas de fogo, é necessário um maior 
planejamento e maior efetivo de indivíduos para incorrer no crime, fato este que 
desmotiva a ação naquela determinada residência, pois os lucros da ação terão 
de ser repartidos entre várias pessoas, tornando pouco rentável uma ação com 
maior risco e maior movimentação. 
Diante dos dados coletados, é de concluir-se que o indivíduo motivado para 
a prática de um crime, teme mais uma arma de fogo na mão de um cidadão, do 
que uma autoridade policial, ou até mesmo a sanção penal que a ele possa ser 
imposta. 
 
3.2 DAS PESQUISAS ANALISADAS 
 
Acerca do tema aqui estudado, são muitas as pesquisas realizadas por 
todo o mundo. TEIXEIRA (2001, p. 45) demonstra um estudo realizado nos 
Estados Unidos pelo professor John R. Lott Jr., e David Mustard, os quais 
analisaram estatísticas criminais do FBI (espécie de Polícia Federal norte-
americana), quando trinta e um Estados norte-americanos deram aos seus 
49 
 
 
cidadãos o direito de portar armas caso não possuíssem ficha criminal ou 
histórico de doença mental. O estudo abrangeu 3.054 condados norte-
americanos, entre os anos de 1977 e 1992, coletando assim diversos dados. De 
acordo com o exposto segue: 
 
O estudo mostrou que os Estados reduziram os assassinatos em 8,5%; 
os estupros, em 5%; os assaltos a mão armada, em 7% e os roubos com 
emprego de armas de fogo, em 3%. Caso esses Estados houvessem 
aprovado essa lei anteriormente, teriam evitado, nada mais nada menos 
do que 1.570 assassinatos, 4.177 estupros, 60 mil assaltos a mão 
armada e 12 mil roubos. Para ser mais simples “Os criminosos 
respondem racionalmente a tratamento intimidatório” (John R. Lott Jr. e 
David Mustard). 
 
TEIXEIRA (2001, p.45) ainda demonstra que na cidade de Kennesaw, no 
Estado norte-americano da Geórgia, onde no ano de 1981, diante de uma maciça 
onda de crimes, uma polêmicalei foi instituída, obrigando cada cidadão adulto, e 
com bons antecedentes a ter uma arma em seu poder ou em sua residência. 
Diante disso, os grupos antiarmas ficaram evidentemente furiosos, fazendo 
previsões que muitos cidadãos morreriam por conta desta lei. Porém nada disso 
aconteceu. O fato é que apenas no primeiro ano de vigência da lei, os crimes 
violentos na cidade de Kennesaw diminuíram o índice admirável de 80%. 
Pesquisa realizada por dois cientistas Estadunidenses, doutores Wrigh e 
Rossi que custou cerca de 680 mil dólares, publicada na obra intitulada “Under de 
Guns: Weapons, Crime and Violence in America” (Abaixo da arma: Armas de 
Fogo, Crime e Violência nos Estados Unidos da América), citada também por 
TEIXEIRA (2001, p.46), demonstra: 
 
Seus resultados, notem bem, obtidos entre os criminosos encarcerados 
dos Estados Unidos são cabais, e por si só, já bastariam para encerrar 
qualquer discussão, visto que mostra o pensamento deles para com as 
armas. Segundo essa pesquisa, 88% dos marginais conseguem obter 
suas armas de fogo, apesar de toda e qualquer restrição legal ou de 
policiamento; 56% desses criminosos declararam não abordar vítimas 
que desconfiam estarem armadas; 74% dos presos afirmaram que 
evitam adentrar em residência onde sabem que se encontra alguém 
armado; 57% dos encarcerados declararam temer mais um simples 
cidadão armado do que a própria máquina policial e 34% deles 
revelaram como sendo seu maior temor levar um tiro da vítima ou da 
polícia. 
 
50 
 
 
Segundo John Lott Jr. e David Mustard, o simples fato de pessoas 
portarem armas ocultas, mantém os criminosos em dúvida quanto ao potencial 
ofensivo de suas vítimas, pois não sabem se estas estão ou não armadas, fato 
este, que faz com que o ataque fique menos atrativo devido ao risco de 
resistência, que poderá ensejar um confronto. 
Pesquisa citada por TEIXEIRA (2001, p.47), demonstra que os policiais do 
Estado da Geórgia, Estados Unidos, em pesquisa realizada pela Associação 
Beneficente da Policia do Estado da Geórgia, que ouviu mais de 3.000 policiais, 
90%, dos entrevistados disseram que leis acerca do controle de armas não 
ajudam o trabalho policial, pois são dirigidas aos cidadãos honestos, em vez dos 
criminosos. A comunidade policial da Geórgia, também afirmou que os 
proprietários de armas de fogo legalizadas procuram aprimorar-se na educação 
com armas, treinamento e segurança. Os oficiais ainda foram unânimes em suas 
convicções de que leis limitando a posse de armas punem cidadãos honestos, 
enquanto criminosos são deixados livres para obterem armas ilegais. 
Percebe-se que a opinião acerca do controle das armas de fogo, é 
equânime em grande parte da América, já que no Brasil, no ano de 2005, após 
referendo popular, mais de 60% da população optou pelo direito de adquirir armas 
e munições no comércio legal, rechaçando o Estatuto do Desarmamento. 
A renomada revista VEJA, na edição do dia 25 de Agosto de 1999, 
disponível em, demonstra que a violência, e os homicídios praticados com arma 
de fogo, não estão relacionados com os portes de armas por civis autorizados: 
 
Tabela 4: relação porte de armas X homicídios 
Estado Portes de Armas de 
Fogo 
Homicídios (por 100 mil 
habitantes) 
São Paulo 2.100 16 
Rio de Janeiro 102 45 
Paraná 30.000 09 
Rio Grande do Sul 40.000 10 
Dados coletados no site da revista Veja, referentes ao ano de 1996. 
 
Diante do exposto, pode-se ver que no estado do Rio Grande do Sul, 
estado com maior número de portes de armas de fogo, tem-se 0,00025 
homicídios para cada porte de arma, e no Estado do Rio de Janeiro, tem-se 0,44 
51 
 
 
homicídios para cada porte de arma. Diante disto, pode-se constatar que não são 
as armas de origem lícita, portadas por cidadãos de bem, que ocasionam crimes, 
e sim as armas de origem ilícitas, portadas por pessoas mal intencionadas que às 
portam justamente para a prática de crimes. 
Em audiência pública visualizada através do site YOUTUBE (2012, p.1), a 
qual ocorreu na Câmara dos Deputados em data de 19 de junho de 2012, em que 
o doutor Bené Barbosa, Presidente do Movimento Viva Brasil, afirma que 
anualmente no Brasil, são mais de 50 mil homicídios, não sendo possível afirmar 
qual a maior causa deste espantoso número, pois somente 8% destes casos, tem 
sua autoria descoberta. 
Bené Barbosa afirma ainda, que nos Estados Unidos, apenas nas mãos de 
seus cidadãos, existem 275 milhões de armas de fogo legalizada, e segundo 
dados da Polícia Federal, no Brasil existem 1,850 milhões de armas de fogo 
registradas nas mãos de cidadãos brasileiros. Barbosa afirma ainda que no Brasil 
existem 27 homicídios para cada 100 mil habitantes, em comparação com os 
Estados Unidos que tem 5,5 homicídios para cada 100 mil habitantes, não tendo 
correlação entre o número de armas devidamente legalizadas nas mãos de civis, 
com o número de crimes cometidos com o emprego destes artefatos. 
Bené afirma ainda, que o Brasil, diante de tal legislação, não é um País de 
assassinos, e sim um País de vítimas, pois estas foram desarmadas, 
desprotegidas pelo próprio Estado, que sem poder oferecer segurança à 
população, impediu que essa fizesse sua própria segurança. Afirma ainda, que a 
escolha de reação a uma ameaça (um assalto, por exemplo) é algo pessoal, não 
cabendo ao Estado dizer quem pode e quem não pode reagir à ação de um 
criminoso. 
Quanto ao porte de armas, Bené Barbosa afirma que na década de 90, o 
estado de São Paulo tinha 100 mil portes de armas, e naquela época o porte 
ilegal de arma de fogo era uma simples contravenção penal, e quando a pessoa 
era flagrada portando uma arma, era conduzida à delegacia de polícia, onde 
pagava uma multa, e se esta arma fosse devidamente registrada, no outro dia 
requeria a devolução da arma, e naquela época haviam menos crimes que 
atualmente. 
52 
 
 
O Presidente do Movimento Viva Brasil afirma que atualmente existem 
tantas invasões de domicílio, sequestro relâmpago, furtos e roubos dos mais 
variados tipos, pois com a legislação armamentista em vigor, criou-se certa 
segurança para os criminosos, pois é pouco provável que estes irão encontrar 
reação alguma contra suas ações. 
Percebe-se diante do exposto pelo doutor Bené Barbosa, que a pesquisa 
de campo realizada, é condizente com os fatos apresentados pelo ilustre doutor, 
visto que, criminosos sentem-se desmotivados a praticar crimes contra vítimas 
armadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
No decorrer do presente trabalho monográfico, comprovou-se que a 
legislação em vigor no Brasil, no que tange ao controle de armas de fogo, visando 
a diminuição da violência, não é de forma alguma eficiente para este fim. 
As armas de fogo, conforme comprovado, estão presentes na vida 
humana, desde épocas imemoriáveis, e são estas, as reguladoras dos 
comportamentos da vida em sociedade, pois nada adiantaria a existência de leis, 
se não fosse possível coagir os infratores dela de modo que estes se rendam 
para o cumprimento da pena que lhes é cabível. 
Em análise à nomenclatura destinada à Lei 10.826 de 22 de dezembro de 
2003, qual seja; “Estatuto do Desarmamento”, seu próprio nome já diz qual foi a 
real intenção do legislador quando da sua criação. O objetivo desta foi tão 
somente desarmar a população, porém no mês de outubro de 2005, quando a 
população maciçamente rechaçou a referida lei, optando pela possibilidade de 
poder adquirir armas e munições de forma legal, a nomenclatura da mesma não 
fora modificada para “Lei das Armas de Fogo”, como realmentedeveria ser 
chamada.
Com a legislação vigente em nosso país acerca da aquisição e porte de 
armas de fogo, pode-se constatar que um pequeno e seleto grupo de indivíduos 
consegue obtê-las de forma legal, e um número mais restrito ainda, pode fazer o 
uso diário das mesmas através do porte. Ademais, a aquisição de munição é 
completamente restrita, ocasionando assim uma deficiência no aprimoramento 
técnico quanto à utilização de armas de fogo por civis, estimulando de forma 
direta o comércio ilegal de armas e munições. 
Conforme comprovado pela pesquisa de campo, indivíduos com o intuito 
de cometer ato ilícito envolvendo violência contra a pessoa ou até mesmo contra 
o patrimônio, sentem-se desmotivados a praticar tais atos quando percebem que 
suas vítimas possam estar armadas. 
Acerca da capacitação para manuseio de arma de fogo, é de bom alvitre 
salientar, que indubitavelmente um indivíduo que pretende adquirir uma arma de 
fogo, tem de saber manuseá-la precisamente para que dela possa fazer uso sem 
colocar a segurança coletiva em risco, devido a isso, torna-se indispensável a 
54 
 
 
exigência de curso de capacitação para a aquisição de arma de fogo, assim como 
ocorre quando um indivíduo necessita obter a carteira de habilitação, tendo 
obrigatoriamente que se sujeitar a aulas teóricas e práticas. 
Os dados explanados comprovam ainda, que seria possível diminuir a 
criminalidade através de uma maior concessão de porte de armas, porém estes, 
só deveriam ser concedidos após realização de curso de capacitação específico 
para indivíduos que pretendem portar uma arma de fogo, exigindo ainda 
treinamentos constantes para garantir que todos aqueles que portam armas de 
fogo de maneira legal, se necessário for, estarão aptos ao seu manuseio. 
Da forma com que a regulamentação acerca da aquisição, posse e porte 
de armas de fogo vem sendo conduzida, pode-se constatar, que inúmeras são as 
falhas da legislação, pois conforme dados coletados, as armas registradas nas 
mãos de civis honestos, não estão ligadas aos índices de criminalidade, exemplo 
claro dos Estados Unidos, onde existem aproximadamente 200 vezes mais armas 
que no Brasil, e a taxa de homicídios, seja com arma branca ou arma de fogo, é 
05 vezes menor. 
Diante do exposto, pode-se concluir que a lei analisada neste trabalho 
científico, prejudica a segurança pública, pois esta, não impede que as armas 
cheguem às mãos de pessoas determinadas a incorrer na prática de crimes, e por 
outro lado, dificulta ou até mesmo impede que vítimas em potencial, portem ou 
possuam armas para repelir possíveis agressões. 
As sanções penais previstas para indivíduos pegos portando armas de fogo 
são desarrazoadas, e ainda, um simples disparo de arma de fogo não deve ser 
crime inafiançável, visto que é conduta justificável no caso de ser este disparo um 
“tiro de advertência”, ficando assim, o indivíduo que praticou tal ato, sujeito à 
análises subjetivas, por vezes de julgadores que não tem capacidade técnica de 
discernimento para julgar se um disparo pode ou não oferecer riscos à segurança 
coletiva, atentando diretamente à proporcionalidade das penas e ao princípio do 
in dubio pro reo ou presunção de inocência. 
Diante dos dados coletados, é de concluir-se que uma arma de fogo na 
mão de um cidadão, é mais temida pelo indivíduo motivado para a prática de um 
crime, do que uma autoridade policial, ou até mesmo a sanção penal que a ele 
possa ser imposta, já que os entrevistados encontram-se encarcerados pelo fato 
55 
 
 
de que não encontraram resistência de suas vítimas, provando assim que não 
temem de forma alguma a sanção penal imposta pela Lei. 
Diante da pesquisa científica apresentada, não se pretende motivar que 
indivíduos a portarem armas de forma desordenada e irresponsável, tampouco 
estimular que estes passem a repelir imoderadamente qualquer ofensa sofrida, 
até porque, o ideal seria que nunca se precisasse utilizar uma arma de fogo 
contra outro ser humano, porém, se tal atitude se fizer necessária, é de concluir-
se diante da pesquisa apresentada, que é indubitavelmente melhor a vítima estar 
em potencial ofensivo superior ou equivalente ao seu agressor. 
A pesquisa realizada não anseia esgotar o assunto, mas sim, ressaltar e 
trazer à tona uma alteração importante na legislação referente às armas de fogo, 
que conforme comprovado no presente trabalho monográfico, é totalmente 
ineficaz na busca de seu objetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 23 dez. 2003. Disponível em 
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Portaria Normativa nº 1.811/MD, de 18 de dezembro de 2006, sobre munição 
e cartuchos de munição; a recarga de munição e cartuchos de munição, e 
57 
 
 
dá outras providências. Disponível em <http://www.vigilantecntv.org.br> Acesso 
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WIKIPEDIA. Pólvora. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org> Acesso em 25 jun. 
2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
 
 
Qual sua idade? 
 
Qual seu nível de escolaridade? 
( )2º grau ( )8º série ( )7º série ( )6º série ( )5º série ( )menos 
Antes de ser preso, tinha trabalho fixo, com carteira assinada? 
( )Sim ( )Não 
Qual era sua renda mensal? 
( )2 mil reais ( )1 mil reais ( ) 750 reais ( )600 reais ( )500 ou menos 
O senhor já cometeu algum crime utilizando arma de fogo? 
( )Sim ( )Não 
Qual era a origem desta arma? 
( )Roubada/Furtada ( )Contrabandeada ( )Não sabe ( )Não cometeu 
É fácil adquirir armas no comércio ilegal? 
( )Sim ( )Não ( )Não Sabe 
Se comprar armas registradas no Brasil fosse proibido, ainda assim seria 
possível comprar armas sem registro? 
( )Sim ( )Não ( )Não Sabe 
O que é mais barato; comprar uma arma registrada ou uma arma “fria”? 
( )Registrada ( )“Fria” ( )Não Sabe 
O que é mais fácil; comprar uma arma registrada ou uma arma “fria”? 
( )Registrada ( )“Fria” ( )Não Sabe 
É fácil comprar munição contrabandeada? 
( )Sim ( )Não ( )Não Sabe 
Se o senhor fosse “abordar” alguém, sabendo que esta pessoa está armada, 
ainda assim o faria? 
( )Sim ( )Não ( )Só se fosse para roubar a arma 
Evita-se assaltar policiais, para evitar represálias futuras por parte da 
polícia, ou pelo fato de que eles mesmo à paisana estão armados? 
( )Medo de represálias ( )Por estarem armados 
É mais fácil assaltar uma casa onde o proprietário tem armas ou uma que 
não tem armas? 
( )Onde tem armas ( )Não tem armas ( )Não faz diferença

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