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2013 Análise dAs demonstrAções Contábeis Prof.ª Arlete Regina Floriani Copyright © UNIASSELVI 2013 Elaboração: Prof.ª Arlete Regina Floriani Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 657.48 F635a Floriani, Arlete Regina Análise das demonstrações contábeis / Arlete Regina Floriani. Indaial : Uniasselvi, 2013. 197 p. : il ISBN 978-85-7830-709-7 1. Contabilidade analítica – Financeira. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Impresso por: III ApresentAção Estimado/a acadêmico/a, você está de posse de um Caderno de Estudos importantíssimo para a sua formação profissional. A parte gerencial da contabilidade é imprescindível para o sucesso do contador, porque ela permite que as informações geradas propiciem ao gestor uma visão ampla do seu negócio. Estas informações permitem comparar o passado, segundo as demonstrações contábeis de cada período a ser analisado, com o futuro, através dos resultados decorrentes da preparação dos dados extraídos da contabilidade financeira e com a aplicação correta dos índices que permitirão evidenciar a situação econômica e/ou financeira das empresas, segundo a necessidade do gestor. Pensando nisso, elaborou-se este caderno, que permitirá a você, acadêmico/a, ter conhecimento sobre o gerenciamento dos dados extraídos da contabilidade e a transformação deles em informações indispensáveis para a tomada de decisão. Para atingir o objetivo da disciplina, este caderno foi dividido em três unidades, a saber: a Unidade 1 foi dividida em três tópicos, e o Tópico 1 aborda: a) as demonstrações contábeis a fim de que você relembre os pontos principais do balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, demais relatórios contábeis e, em especial, as notas explicativas que são fundamentais para a formação completa do diagnóstico da situação da empresa; b) as demonstrações contábeis após a promulgação da Lei nº 11.638/07 e da Lei nº 11.941/09, para ampliar seu entendimento contábil e permitir a elaboração do Tópico 2 desta unidade. No Tópico 2 foram apresentadas as técnicas de preparação das demonstrações contábeis para fins de análise, aqui compreendidas a reclassificação das contas contábeis para fins gerenciais e a atualização monetária de todas as contas, a fim de trazer a valor presente, em uma única base, os valores das contas dos balanços analisados. O Tópico 3 compreende as análises: I) horizontal e II) vertical. A análise horizontal, também conhecida como análise de tendência, tem a finalidade de demonstrar a você o desempenho da empresa, razão pela qual necessária se faz a atualização monetária. A análise vertical, que é a análise de estrutura, demonstra quanto cada conta representa percentualmente em relação ao grande grupo, assim entendido: ativo, passivo e DRE. Na demonstração do resultado do exercício a análise vertical inicia com a receita líquida de vendas, uma vez que os impostos são absorvidos pelo consumidor final, não cabendo à empresa analisá-los. IV A Unidade 2, que compreende a avaliação de desempenho, foi dividida em cinco tópicos, assim compreendidos: no Tópico 1, os indicadores de liquidez; no Tópico 2, os indicadores de estrutura de capital; no Tópico 3, os indicadores de rentabilidade; no Tópico 4, a lucratividade; e no Tópico 5, a liquidez dinâmica. Os indicadores de liquidez demonstram a capacidade que a empresa tem de pagamento das dívidas; os indicadores de estrutura de capital demonstram qual o grau de endividamento; os indicadores de rentabilidade demonstram quanto renderam os investimentos, tanto da visão da empresa quanto da visão do proprietário; lucratividade compreende a abordagem do resultado da produção e da comercialização dos bens e serviços. E por fim, no Tópico 5, abordou-se a liquidez dinâmica que é utilizada para determinar a capacidade de pagamento quando a empresa estiver pleiteando crédito em geral. Por último, a Unidade 3 compreende a gestão financeira das empresas, abrangendo cinco tópicos, conforme segue: o Tópico 1 trata do capital de giro, item importante para o administrador financeiro quando se trata de investimentos de recursos; o Tópico 2 trata dos índices de atividade, que representam a velocidade com que os elementos patrimoniais de relevo se renovam; o Tópico 3 menciona o fluxo de caixa, um dos principais instrumentos para realização da análise que tem por objetivo identificar o processo de circulação do dinheiro; o Tópico 4 aborda o fator de insolvência de Kanitz, que tem por objetivo avaliar a saúde da empresa como um todo; e, por fim, o Tópico 5 aborda o tema alavancagem financeira e operacional, que possibilita conhecer a viabilidade econômica do negócio e conhecer as causas que determinaram eventuais desvios nos resultados. Todos os tópicos possuem uma abordagem introdutória, continuando com a abordagem técnica do tema e complementando-o com atividades práticas, permitindo a você, acadêmico/a, a interação entre teoria e prática. Bons estudos e mãos à obra! Prof.ª Arlete Regina Floriani V Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. 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UNI VI VII UNIDADE 1 - DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................................... 1 TÓPICO 1 - AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07; LEI Nº 11.941/09 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) ..................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................................................................. 3 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................................25 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 27 TÓPICO 2 - PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE ....... 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 33 2 PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .......................................................... 33 2.1 CONTAS DO ATIVO ...................................................................................................................... 42 2.2 CONTAS DO PASSIVO .................................................................................................................. 43 2.3 CONTAS DO DRE .......................................................................................................................... 45 3 RECONHECIMENTO DOS EFEITOS INFLACIONÁRIOS ....................................................... 46 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 49 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 50 TÓPICO 3 - ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL .................................................. 51 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 51 2 ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL ..................................................................... 51 2.1 ANÁLISE DA ESTRUTURA OU ANÁLISE VERTICAL .......................................................... 53 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 55 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 58 UNIDADE 2 - ANÁLISE PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................ 59 TÓPICO 1 - INDICADORES DE LIQUIDEZ .................................................................................... 61 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 61 2 LIQUIDEZ CORRENTE ..................................................................................................................... 62 3 LIQUIDEZ SECA ................................................................................................................................. 64 4 LIQUIDEZ GERAL .............................................................................................................................. 66 5 LIQUIDEZ IMEDIATA ....................................................................................................................... 68 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 70 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 71 TÓPICO 2 - INDICADORES DE ESTRUTURA DE CAPITAIS .................................................... 73 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 73 2 QUOCIENTES DE ENDIVIDAMENTO ......................................................................................... 73 2.1 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS ...................................................................... 73 2.2 ENDIVIDAMENTO ........................................................................................................................ 74 sumário VIII 2.3 COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO .................................................................................... 75 2.4 IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................................................ 76 2.5 IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES .......................................................... 77 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 79 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 80 TÓPICO 3 - INDICADORES DE RENTABILIDADE ...................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 83 2 TAXA DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTOS ....................................................................... 84 3 TAXA DE RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ...................................................... 85 4 TAXA DE RETORNO DO INVESTIMENTO (DA EMPRESA) VERSUS TAXA DE RETORNO DO INVESTIDOR (DO EMPRESÁRIO) ................................................... 86 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 88 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 89 TÓPICO 4 - INDICADORES DE LUCRATIVIDADE ..................................................................... 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 93 2 LUCRATIVIDADE BRUTA ............................................................................................................... 93 3 LUCRATIVIDADE OPERACIONAL ............................................................................................... 94 4 LUCRATIVIDADE NÃO OPERACIONAL .................................................................................... 95 5 LUCRATIVIDADE DO EXERCÍCIO ............................................................................................... 95 6 LUCRATIVIDADE ANTES DOS IMPOSTOS .............................................................................. 95 7 LUCRATIVIDADE LÍQUIDA DO EXERCÍCIO ............................................................................ 96 8 GIRO SOBRE O ATIVO TOTAL ...................................................................................................... 96 9 GIRO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO ................................................................................... 97 10 GIRO SOBRE O ATIVO OPERACIONAL LÍQUIDO ................................................................ 98 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 99 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 100 TÓPICO 5 - LIQUIDEZ DINÂMICA .................................................................................................. 103 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 103 2 LIQUIDEZ DINÂMICA ..................................................................................................................... 103 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 106 RESUMO DO TÓPICO 5 .......................................................................................................................107 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 108 UNIDADE 3 - GESTÃO FINANCEIRA ............................................................................................. 111 TÓPICO 1 - CAPITAL DE GIRO ......................................................................................................... 113 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 113 2 TERMINOLOGIA ................................................................................................................................ 113 2.1 CAPITAL DE GIRO ........................................................................................................................ 113 2.2 CAPITAL EM GIRO ........................................................................................................................ 114 2.3 CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO ..................................................................................................... 115 2.4 CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO ............................................................................................ 116 2.5 CAPITAL DE TERCEIROS ............................................................................................................ 117 2.6 CAPITAL PRÓPRIO ....................................................................................................................... 117 3 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO ....................................................................................... 117 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 122 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 123 TÓPICO 2 - ÍNDICES DE ATIVIDADE ............................................................................................. 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 125 IX 2 QUOCIENTES DE ATIVIDADE ....................................................................................................... 126 2.1 PMRE ................................................................................................................................................ 126 2.2 PMRV ................................................................................................................................................ 130 2.3 PMPC ................................................................................................................................................ 131 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 135 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 136 TÓPICO 3 - FLUXO DE CAIXA ........................................................................................................... 139 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 139 2 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................................................ 144 3 FLUXO DE ATIVIDADES OPERACIONAIS - FAO ..................................................................... 148 4 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL ............................................................................................... 149 4.1 FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL LÍQUIDO ........................................................................ 151 4.2 EBITDA ............................................................................................................................................. 152 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 152 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 154 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 155 TÓPICO 4 - FATOR DE INSOLVÊNCIA ........................................................................................... 157 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 157 2 ANÁLISE DISCRIMINANTE ........................................................................................................... 158 3 FÓRMULAS PARA PREVISÃO DE FALÊNCIAS ........................................................................ 158 3.1 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE KANITZ .................................................................................... 158 3.2 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE ALTMAN ................................................................................. 160 3.3 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE ELIZABETSKY ........................................................................ 161 3.4 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE MATIAS .................................................................................... 162 3.5 FATOR DE INSOLVÊNCIA DE PEREIRA .................................................................................. 162 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 165 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 166 TÓPICO 5 - ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL .............................................. 171 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 171 2 ALAVANCAGEM FINANCEIRA ..................................................................................................... 172 2.1 O EFEITO ALAVANCAGEM ........................................................................................................ 176 3 ALAVANCAGEM OPERACIONAL ................................................................................................. 177 4 ALAVANCAGEM TOTAL .................................................................................................................. 179 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 189 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 190 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 195 X 1 UNIDADE 1 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • reconhecer as demonstrações contábeis; • apresentar as demonstrações contábeis de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1); • preparar as demonstrações contábeis; • analisar as demonstrações contábeis. Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará, no final de cada um deles, atividades que contribuirão para a compreensão dos conteúdos explorados. TÓPICO 1 – AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) TÓPICO 2 – PREPARAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA ANÁLISE TÓPICO 3 – ANÁLISE HORIZONTAL E ANÁLISE VERTICAL Assista ao vídeo desta unidade.2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07; LEI Nº 11.941/09 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 1 INTRODUÇÃO Caro/a acadêmico/a! Iniciaremos este caderno com uma abordagem sobre as demonstrações contábeis, com a finalidade de relembrar as demonstrações contábeis segundo a Lei nº 6.404/76, compreender as alterações ocorridas através da Lei nº 11.638/2007, da Lei nº 11.941/2009, do Pronunciamento Técnico CPC 26 e a finalidade da contabilidade no processo de gestão. Segundo Iudícibus et al. (2010), a Lei nº 6.404/76 representou uma revolução no campo da contabilidade, introduzindo muitas técnicas que obrigaram grande parte dos profissionais da área a se preparar para a nova realidade. Este cenário passou a ter nova roupagem a partir de 2007 com a edição da Lei nº 11.638 e da Lei nº 11.941, promulgada em 2009, bem como do Pronunciamento Técnico CPC 26. 2 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A Lei nº 6.404 foi criada em 15 de dezembro de 1976, em substituição ao Decreto-Lei nº 486, de 3 de março de 1969, que dispunha sobre a escrituração e sobre os livros mercantis. O art. 175, do capítulo XV da referida lei, dispõe sobre o exercício social e as demonstrações financeiras, enquanto o capítulo 176 complementa que, ao final de cada exercício social, serão elaboradas as seguintes demonstrações financeiras: (I) balanço patrimonial; (II) demonstração do resultado do exercício; (III) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; (IV) demonstração das mutações do patrimônio líquido; (V) demonstração das origens e aplicações de recursos. O § 4º prevê que as demonstrações contábeis serão complementadas por notas explicativas que esclarecerão a situação patrimonial e os resultados do exercício. Iudícibus et al. (2010) explicam que o conjunto de informações que deve ser divulgado por uma sociedade por ações, de forma a prestar contas aos usuários, abrange o “Relatório da Administração, as Demonstrações Contábeis e as Notas Explicativas, e ainda o Parecer dos Auditores Independentes, o Parecer do Conselho Fiscal e o relatório do Comitê de Auditoria (se existirem). UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 4 Com o advento da Lei nº 11.638/2007, estes artigos da Lei nº 6.404/76 sofreram modificações, e, no que se refere a informações complementares, ocorreu a substituição da DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos) pela DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa, que abordaremos no decorrer do tópico. Reis (2009) explica que todo tipo de sociedade enquadrada no regime de tributação pelo lucro real deve seguir os dispositivos básicos da Lei nº 6.404/76, relativos às demonstrações contábeis. Ressalta o autor que os demonstrativos são obrigatórios para todos os tipos de sociedades sujeitas ao regime de tributação pelo lucro real: I) Balanço Patrimonial; II) Demonstração do Resultado do Exercício; III) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. Segundo o art. 178 da Lei nº 6.404/76, o balanço patrimonial tem por finalidade demonstrar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinado momento, o que representa uma posição estática. Neste mesmo artigo está previsto que as contas são classificadas segundo os elementos do patrimônio que registram e agrupadas de modo que permitam o conhecimento e a análise da situação financeira da sociedade. Para atender a esse objetivo, os artigos 178 a 182 definem como devem ser dispostas as contas: para o ativo as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez, isto é, em primeiro lugar são apresentadas as contas mais rapidamente conversíveis em disponibilidades. Para o passivo, em ordem decrescente de grau de exigibilidade, ou seja, classificam-se em primeiro lugar as contas cuja exigibilidade ocorre antes. Esta classificação, se for elaborada de conformidade, ajudará o analista na preparação das demonstrações contábeis para análise. Para que você, acadêmico/a, tenha melhor compreensão sobre as demonstrações contábeis, em especial o balanço patrimonial, foi elaborado o quadro a seguir, segundo o entendimento de Matarazzo (1994), amparado na Lei nº 6.404/76. Observe que a estrutura apresentada a seguir sofreu alterações com a edição das Leis nos 11.638/07 e 11.941/09. IMPORTANT E A leitura atenta das notas explicativas pelo usuário da informação contábil é indispensável para conhecer os procedimentos adotados pela empresa e realizados na elaboração das demonstrações financeiras. TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 5 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PERMANENTE RESULTADO DE XERCÍCIOS FUTUROS Investimentos Imobilizado Diferido PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Reservas de capital Reservas de incentivos fiscais Reservas de reavaliação Reservas de lucros Lucros ou prejuízos acumulados FONTE: Matarazzo (1994) QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL Você pode observar no quadro anterior que a estrutura do balanço patrimonial, segundo a Lei nº 6.404/76, é sintética, mas, para que o usuário das informações contábeis tenha maior conhecimento da situação da empresa e possa formar uma opinião a esse respeito, as informações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, quadros analíticos etc. Com as modificações geradas pela Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09, os §§ 1º e 2º do artigo 178 determinam a segregação do Ativo e do Passivo nos seguintes grupos: QUADRO 2 – BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Iudícibus et al. (2010) Iudícibus et al. (2010) afirmam que os novos grupos que compõem o Balanço Patrimonial estão dispostos dentro do critério anteriormente apresentado, ou seja, do grau de liquidez. Ressaltam ainda que, dentro de cada grupo, a ordem de liquidez e exigibilidade também deve ser mantida. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO INVESTIMENTOS IMOBILIZADO INTANGÍVEL PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO CAPITAL SOCIAL RESERVAS DE CAPITAL AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL RESERVAS DE LUCROS AÇÕES EM TESOURARIA PREJUÍZOS ACUMULADOS UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 6 O Pronunciamento Técnico 26 prevê que a apresentação das Demonstrações Contábeis, que segue o padrão internacional, não estabelece ordem ou formato para a apresentação das contas do balanço patrimonial, mas determina que seja observada a legislação brasileira. (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 3). Complementa as demonstrações obrigatórias, a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, que, segundo Zdanowicz (1998, p. 23-25), “[...] é peça relevante na dinâmica patrimonial, pois informa a receita bruta da empresa, o custo para obtê-la e demais despesas operacionais, evidenciando os lucros: bruto e operacional”. Matarazzo (1994, p. 47) tem um entendimento diferente sobre a DRE e a define como “[...] a demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa”, e vai além explicando que as receitas representam aumento do Ativo enquanto as despesas, a redução do Patrimônio Líquido. Todas as receitas e todas as despesas estão compreendidas na DRE, e sua apresentação é feita de forma ordenada segundo sua natureza, fornecendo informações relevantes sobre a empresa. Iudícibus et al. (2010) explicam tecnicamente a partir do art. 187 da Lei nº 6.404/76, que define que o seu conteúdo deve ser apresentado de forma dedutiva assim constituída: I) a receita bruta das vendas e serviços menos as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II) a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e dos serviços vendidos e o lucro bruto; III) as despesas com as vendas, as despesas financeiras deduzidas as receitas financeiras, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais.IV) o resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a provisão para o imposto; V) o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. O § 1º complementa que na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos, uma vez que os critérios de avaliação dos ativos e de registro dos passivos são aplicados segundo o regime de competência. Para que fique claro como deve ser elaborada a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício –, apresentam-se as principais contas, que, segundo Matarazzo (1994), são demonstradas destacando o resultado líquido do período. TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 7 FONTE: FIPECAFI. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. QUADRO 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO DEMONSTRAÇÕES D O RESULTADO DO EXERCÍCIO OPERAÇÕES EM CONTINUIDADE Faturamento por venda e serviços prestados (-) Deduções da receita, abatimentos e impostos (=) Receita líquida de vendas e serviços prestados (-) Custos dos produtos vendidos e serviços prestados (=) Lucro bruto (-) Despesas com vendas (-) Despesas gerais e administrativas (-) Outras despesas (+) Outras receitas (-) Resultado financeiro líquido (+/-) Resultados com Coligadas e Controladas em Conjunto (=) Resultado antes dos tributos sobre o lucro (-) Despesas de imposto de renda e contribuição social (-) Lucro (ou prejuízo) das operações em continuidade OPERAÇÕES EM CONTINUIDADE (+/-) Lucro (ou prejuízo) das operações em descontinuidade (=) Lucro ou prejuízo líquido do exercício Finaliza Iudícibus (1998, p. 48-58) mencionando que a DRE é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, que geralmente é de doze meses. É apresentada de forma dedutiva (vertical), isto é, primeiro se demonstram as receitas brutas de vendas e ou serviços, e na sequência subtraem-se os custos, as despesas até atingirmos o resultado do exercício que pode ser lucro ou prejuízo. Os demais relatórios que acompanham o balanço patrimonial e a DRE, de acordo com Iudícibus et al. (2010), são: a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL evidenciando a mutação do patrimônio líquido em termos globais, isto é, novas integralizações de capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores etc., e, em termos de mutações internas, as incorporações de reservas ao capital, as transferências de lucros acumulados para reservas etc., a demonstração dos lucros acumulados, a demonstração de fluxo de caixa e as notas explicativas. A Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC –, antes da Lei nº 11.638/07, não era obrigatória no Brasil, exceto para alguns casos específicos, como, por exemplo, para as empresas de energia elétrica (IUDÍCIBUS et al., 2010). Em abril de 1999, o IBRACON, através da NPC 20, e também a CVM já recomendavam que este demonstrativo fosse apresentado como informação complementar. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 8 Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a elaboração da DFC passou a ser obrigatória, a qual veio substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR –, que passa a ser facultativa, ou seja, a empresa poderá elaborá-la e apresentá-la aos usuários das informações contábeis, se assim o desejar, conforme Morante e Jorge (2008). Os autores (2008) afirmam ainda que as companhias fechadas que possuem o patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não serão obrigadas a elaborar e publicar a DFC. Essa demonstração, ora tornada oficial e obrigatória nas condições estabelecidas pela legislação, contém a necessidade de capital de giro (NCG) da empresa, cujo conhecimento é relevante para a condução das atividades da empresa. Além disso, presta-se a uma avaliação da situação presente e futura do caixa da empresa, fornecendo informações relevantes para a análise da solvência da organização. O objetivo da DFC é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos em determinado período, visando auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na análise da capacidade de gerar caixa e equivalentes de caixa e suas necessidades para utilizar esses fluxos de caixa. As informações da DFC, quando analisadas em conjunto com as demais demonstrações contábeis, podem permitir que os usuários avaliem a empresa segundo: a) a capacidade de gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa; b) a capacidade de honrar seus compromissos; c) a liquidez, a solvência e a flexibilidade financeira da empresa; d) a taxa de conversão de lucro em caixa; e) a performance operacional de diferentes empresas; f) o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa; g) os efeitos sobre a posição financeira da empresa, transações de investimentos e financiamentos etc. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Morante e Jorge (2008) recomendam que, antes de realizar qualquer análise de balanços, seja adotado um padrão de análise para a inserção dos elementos das demonstrações contábeis, isto porque o padrão contábil constante da Lei nº 6.404/76 foi modificado com a promulgação da Lei nº 11.638/2007, que cada empresa tem seu próprio plano de contas, elaborado com maior ou menor detalhamento e abrangência. Segundo Helfert (2000), este demonstrativo concentra os resultados operacionais correntes e as mudanças no balanço patrimonial. Ele fornece um quadro dinâmico das mudanças recentes no caixa, que constituem o resultado das decisões combinadas de investimentos operacionais e de financiamentos, feitas durante determinado período. Complementa o autor (2000, p. 37) explicando TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 9 que “[...] o demonstrativo de fluxo de caixa tem as mesmas limitações inerentes ao balanço patrimonial e ao demonstrativo de resultado operacional, porque ele deriva dos dados contábeis contidos neles”. As notas explicativas não são consideradas relatórios legais, porém são obrigatórias porque elas complementam os dados do balanço patrimonial que requerem maior detalhamento de sua origem, prazo etc. De acordo com o art. 247 da Lei nº 6.404/76, as notas explicativas dos investimentos relevantes realizados pela empresa devem conter informações precisas sobre as sociedades coligadas e controladas, bem como suas relações com a companhia e enumera o mínimo de cinco dessas notas, assim identificadas: 1) a denominação da sociedade, capital social e patrimônio líquido; 2) número, espécies e classes de ações ou quotas, de propriedade da companhia, bem como o preço de mercado das ações, quando houver; 3) lucro líquido do exercício; 4) os créditos e as obrigações entre a companhia e as empresas ligadas (coligadas e controladas); 5) o montante de receitas e despesas em operação entre a companhia e as sociedades coligadas e controladas. Considera relevante o investimento na empresa ligada (coligadas e controladas) se o valor contábil for igual ou superior a dez pontos percentuais do valor do patrimônio líquido da companhia; e se for considerado o conjunto, das sociedades coligadas e controladas, é considerado relevante quando o valor contábil for igual ou superior a quinze pontos percentuais do valor do patrimônio líquido da companhia. A Lei induz à ampliação do número de notas, quando necessário for, para o devido esclarecimento dos seus haveres, obrigações e resultados do exercício. Notas explicativas, segundo Matarazzo (2010), são dados e informações que complementam as demonstrações financeiras; são compostas por um conjunto de elementos que auxiliam a fazer uma avaliação maisampla da empresa, como, por exemplo: as taxas de juros, os vencimentos, as garantias atribuídas a empréstimos etc. Zdanowicz (1998) faz uma ressalva e explica que os analistas, de maneira geral, examinam as notas explicativas com atenção, buscando averiguar não só os critérios adotados, mas também a composição de determinadas contas patrimoniais, que são apresentadas de forma sintética no Balanço Patrimonial, e relaciona algumas das principais notas explicativas que o acompanha, como: I) dos critérios de avaliação apresenta: estoques, depreciações, amortizações, exaustões, entre outras; II) investimentos em outras sociedades, quando relevantes; III) taxa de juros, data de vencimento e garantias de obrigações assumidas a longo prazo; IV) bens e direitos do ativo imobilizado pelo custo de aquisição deduzido o saldo da conta de depreciação, amortização ou exaustão etc. De acordo com Iudícibus et al. (2010), um dos grandes desafios da contabilidade, quando se refere à evidenciação, tem sido o dimensionamento da qualidade e da quantidade de informações de forma que atendam as necessidades dos usuários, principalmente os externos. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 10 Com base em requisitos mínimos de divulgação expressos na Lei, a CVM, com apoio do IBRACON e do CFC – Conselho Federal de Contabilidade – vem buscando aperfeiçoar-se para atingir os objetivos da evidenciação, o que levou a emissão até 2007 (antes da promulgação da Lei nº 11.638) de diversos atos normativos a título de complementação no que diz respeito à divulgação de informações relevantes aos usuários das demonstrações contábeis. Com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC – e a emissão de seus Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações, todos aprovados pela CVM, pelo CFC e demais agências reguladoras, observa-se maior atenção à questão da evidenciação. O CFC, já em 1992, com base na norma NBC T-6, aprovada pela Resolução 737, dispunha sobre o conteúdo das notas explicativas. Neste sentido a Lei nº 11.638/2007 é clara e dispõe que as notas explicativas são informações complementares às demonstrações contábeis, representando parte integrante delas. As notas podem ser expressas tanto na forma descritiva como na forma de quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da empresa. O § 5º do art. 176 da Lei das S/As menciona as bases gerais e as notas a serem inclusas nas demonstrações contábeis, as quais compreendem: I. apresentação de informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II. divulgação das informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demonstrações financeiras; III. fornecimento de informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV. indicação dos: a) principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques; dos cálculos de depreciação; amortização e exaustão; de constituição de provisões para encargos ou riscos; e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização dos elementos do ativo; b) investimentos em outras sociedades, quando relevantes, determina o art. 247, parágrafo único; c) aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações prevê o art. 182, § 3º; d) ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) taxa de juros, datas de vencimento e garantias das obrigações a longo prazo; f) número, espécies e classes das ações do capital social; g) opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) ajustes de exercícios anteriores, disposto no artigo 186, § 1º; TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 11 i) eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. IMPORTANT E Ressalta a Lei nº 11.638/2007 que nem sempre há necessidade de haver todas essas notas. Existem casos em que não são aplicáveis ou não representam informação relevante de utilidade para esclarecimento da demonstração financeira. Exemplo: numa companhia de prestação de serviços os estoques podem representar apenas um almoxarifado de materiais de escritório, o que não tem significância dentro das demonstrações contábeis para este tipo de empresa. Desta forma não há necessidade de divulgar. Acadêmico/a, a seguir você poderá confirmar que não é apenas a Lei das S/As que estabelece notas explicativas, mas também o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), conforme dispomos a seguir: De acordo com Iudícibus et al. (2010, p. 595-596), o CPC, através do Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata da apresentação das demonstrações contábeis, aprovado pela deliberação CVM nº 595/09 e pela Resolução CFC nº 1.185/09, exigido para profissionais de contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil específica, dispõe que as notas explicativas devem: a) apresentar informação sobre a base necessária para a elaboração das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas; b) divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; e c) prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para a sua compreensão. IMPORTANT E As notas explicativas devem ser apresentadas de maneira sistemática e, sempre que forem aplicadas, devem fazer referência aos itens das demonstrações contábeis a que se referem. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 12 O CPC 26 prevê também que as notas explicativas normalmente são apresentadas na seguinte ordem, de maneira que auxilie os usuários a compreenderem as demonstrações contábeis e a compará-las com demonstrações de outras entidades: I) declaração de conformidade com os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis; II) resumo das políticas contábeis significativas aplicadas; III) informação de suporte de itens apresentada nas demonstrações contábeis pela ordem em que cada demonstração e cada rubrica sejam apresentadas; e IV) outras divulgações, podendo incluir: (i) passivos contingentes e compromissos contratuais não reconhecidos; (ii) divulgações não financeiras. IMPORTANT E A CVM pautada no § 3º do art. 177 da Lei nº 6.404/76, em complementação às notas explicativas previstas por essa lei, apresenta exigências sobre a divulgação de diversos assuntos relevantes para efeito de melhor entendimento das demonstrações contábeis, a seguir mencionados: Ações em tesouraria Debêntures Adoção de nova prática contábil e mudança de política contábil Ativo não circulante mantido para venda e operação descontinuada Ágio/deságio Demonstrações condensadas Ajuste a valor presente Demonstrações contábeis consolidadas Arrendamento mercantil (leasing) Demonstrações separadas Ativo biológico e produto agrícola Dividendo por ação Ativo imobilizado Dividendos propostos Ativo intangível Entidades de propósito específico (EPEs) Demonstração intermediária Equivalência patrimonial Benefícios a empregados Estoques Capacidade ociosa Evento subsequente Capital social autorizado Incorporação, fusão e cisão Combinação de negócios Informações por segmento de negócio Continuidade normal dos negócios Informações sobre concessões QUADRO 4 – ASSUNTOS RELEVANTES PARA NOTAS EXPLICATIVAS TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 13 Contratosde construção Instrumentos financeiros Contratos de seguros Investimento em coligada e controlada Correção de erros de períodos anteriores Investimentos societários no exterior Créditos Eletrobras Juros sobre capital próprio Custos de transação e prêmios na emissão de papéis Demonstrações em moeda de capacidade constante Destinação de lucros constantes nos acordos com acionistas Empreendimentos em fase de implantação Lucro ou prejuízo por ação Mudanças em estimativas contábeis Paradas programadas Programa de desestatização Perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes Programa de recuperação fiscal - Refis Propriedade para investimento Receitas Redução ao valor recuperável de ativos Remuneração dos administradores Reserva de lucros a realizar Reservas – detalhamento Retenção de lucros Seguros Subvenção e assistência governamentais Transações entre partes relacionadas Tributos sobre o lucro Vendas ou serviços a realizar Voto múltiplo Variações cambiais e conversão de demonstrações contábeis FONTE: Iudícibus et al. (2010) As notas explicativas não se limitam às que foram apresentadas acima e, segundo os autores (2010), quando houver necessidade - para o devido esclarecimento - este número poderá ser ampliado. Se as notas explicativas são importantes e necessárias para deixar as demonstrações contábeis transparentes, então vamos analisar o que prevê o CPC 18 (Investimentos em Coligada e em Controlada), que dispõe onze itens que necessitam de nota explicativa, segundo Iudícibus et al. (2010, p. 202-203). a) Valor justo dos investimentos em investidas para os quais existam cotações de preço publicadas. b) Informações financeiras resumidas das investidas, incluindo os valores totais de ativos, passivos, receitas e do lucro ou prejuízo do período. c) Razões que levaram a refutar a premissa de não existência de influência significativa, nos casos em que o investidor tem, direta ou indiretamente, menos de vinte por cento do poder de voto da investida por meio de suas controladas (incluindo o poder de voto potencial), mas conclui que possui influência significativa. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 14 d) Razões que levaram a refutar a premissa da existência de influência significativa, se o investidor tem, direta ou indiretamente por meio de suas controladas, 20% ou mais do poder de voto da investida (incluindo o poder de voto potencial), mas conclui que não possui influência significativa. e) Data de encerramento do exercício social refletido nas demonstrações contábeis da investida utilizadas para aplicação do método de equivalência patrimonial, sempre que essa data ou período divergirem das do investidor e as razões pelo uso de uma data ou período diferente. f) Natureza e extensão de quaisquer restrições significativas, como, por exemplo, em consequência de acordos de empréstimos ou exigências normativas, sobre a habilidade da investida transferir fundos para o investidor na forma de dividendos ou pagamento de empréstimos ou adiantamentos. g) Parte não reconhecida nos prejuízos de uma coligada, tanto para o período quanto acumulado, caso o investidor tenha suspendido o reconhecimento de sua parte nos prejuízos da coligada. h) O fato de uma coligada não estar contabilizada pelo método de equivalência patrimonial em conformidade com o item 13 desse Pronunciamento. i) Informações financeiras resumidas das coligadas que não foram contabilizadas pelo método de equivalência patrimonial, individualmente ou em grupo, incluindo os valores do ativo total, passivo total, receitas e do lucro ou prejuízo do período. j) Parte do investidor nos passivos contingentes de uma investida, incorridos conjuntamente com outros investidores. k) Os passivos contingentes que surgiram em razão de o investidor ser solidariamente responsável por todos ou parte dos passivos da investida. Iudícibus et al. (2010, p. 597) apresentam os aspectos mais importantes a ser cobertos pelas notas explicativas: a) o critério de avaliação das aplicações temporárias em títulos e valores mobiliários (custo atualizado ou valor de mercado), em ouro etc.; b) a base da constituição das perdas estimadas em créditos de liquidação duvidosa; c) os critérios de avaliação dos estoques; d) os critérios de avaliação do imobilizado, por principais classes fazendo destaque aos bens arrendados, inclusive as taxas de depreciação ou exaustão utilizadas em função da vida útil econômica estimada dos bens e método de aplicação dessas taxas; e) o critério de avaliação dos investimentos, ou seja, se estão avaliados ao custo menos perdas estimadas, ou pelo método da equivalência patrimonial, no caso de investimentos em coligadas e ou controladas; TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 15 f) o critério de registros dos passivos, particularmente quanto aos empréstimos, financiamentos e respectivas negociações, ou seja, se estão atualizados pelas variações monetárias correspondentes e juros, e o critério contábil quanto à apropriação das despesas financeiras (encargo de exercício, ativo diferido, se a empresa estiver em fase pré- operacional, entre outros) e quanto às condições das renegociações; g) a base de contabilização do Imposto de Renda a Pagar, inclusive quanto à consideração ou não dos incentivos fiscais correspondentes e a adoção do diferimento do Imposto de Renda; h) forma de reconhecimento dos efeitos da inflação etc. Observando o volume de material apresentado sobre as notas explicativas, não restam dúvidas quanto à relevância que elas têm quando nos referimos às demonstrações contábeis. O balanço patrimonial e a DRE são apresentados de forma sintética, o que gera dúvidas aos usuários externos, os quais muitas vezes são investidores, mas leigos quanto ao conhecimento técnico das demonstrações contábeis. Nesse sentido, quanto mais compreensíveis forem as demonstrações contábeis, mais interesse despertará nos usuários das informações. De acordo com Morante e Jorge (2008), a Lei nº 11.638/07, de 28 de dezembro de 2007, alterou alguns aspectos da Lei nº 6.404/76, atualizando-a e inserindo modificações nas demonstrações contábeis, possibilitando maior compreensão para os usuários com menor afinidade e acoplando-as às práticas internacionais. O estudo das demonstrações contábeis é de fundamental importância para toda a análise de balanços, porque somente compreendendo a estrutura das demonstrações contábeis e a forma de contabilização e apuração das demonstrações contábeis será possível desenvolver avaliações mais acuradas das empresas, com informações que permitem analisar o seu desempenho. A Lei nº 11.638/2007 introduziu alterações na estrutura das demonstrações financeiras, que Morante e Jorge (2008) assim identificam: classificação de Ativo e Passivo em Circulante e Não Circulante; extinção do grupo Ativo Permanente; extinção de Receitas e Despesas Não Operacionais; criação do subgrupo Ativo Intangível no Ativo não Circulante; criação da conta Ajustes de Avaliação Patrimonial no Patrimônio Líquido; vedada a Prática da Reavaliação de Ativos de forma espontânea; saldo da conta de Lucros Acumulados deve ter destinação definida. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 16 Para que você, acadêmico/a, possa fazer uma análise comparativa das mudanças ocorridas no balanço patrimonial, a partir da Lei nº 11.638/07 e complementos, apresenta-se o quadro a seguir: QUADRO 5 – BALANÇO PATRIMONIAL ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 11.638/07 LEI Nº 6.404/76 NOVA LEGISLAÇÃO ATIVO ATIVO ATIVO CIRCULANTE ATIVO CIRCULANTE ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO NÃO CIRCULANTE ATIVO PERMANENTE Realizável a Longo Prazo Investimentos Investimentos Imobilizado Imobilizado Diferido Intangível PASSIVO PASSIVO + PL PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PASSIVO NÃO CIRCULANTE RESULTADOS DE EXERCÍCIOSFUTUROS Exigível a Longo Prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Capital Social Reservas de Capital Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Ajustes de Avaliação Patrimonial Reservas de Lucros Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados Prejuízos Acumulados FONTE: Assaf Neto (2012) A outra demonstração contábil obrigatória, e que apresenta o desempenho da empresa, denomina-se demonstração de resultados do exercício – DRE –, que, segundo Assaf Neto (2012), visa fornecer os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos pela empresa em determinado exercício social, cujo valor é transferido para contas do patrimônio líquido. Vale lembrar que o lucro (ou prejuízo) é resultante de receitas, custos e despesas incorridas pela empresa durante o período, e são apropriados segundo o regime de competência, isto é, o registro dos eventos realizados pela empresa independe de que esses valores tenham sido pagos ou recebidos. O mesmo autor (2012) apresenta algumas orientações básicas sobre esta demonstração, veja a seguir: a) A DRE retrata as principais operações realizadas por uma empresa em determinado período, denominado exercício social, no qual são destacadas as receitas, os custos dos produtos vendidos e as despesas realizadas. TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 17 b) As receitas e as despesas do período são consideradas na DRE independentemente de sua realização financeira. Exemplo de despesa: a empresa contratou seguros em 1º de abril de 2012, cuja apólice tem vigência para doze meses, e o pagamento do prêmio foi contratado para pagamento em três parcelas sendo uma à vista, a outra 30 dias após e a terceira 60 dias após a data da assinatura da apólice. No dia 30 de abril o contador reconheceu como despesa do período 1/12 (um doze avos) e assim sucessivamente a cada final de mês, pois deve seguir o princípio da competência. Outro exemplo que podemos citar são as despesas com pessoal, que são consideradas na contabilidade no próprio mês da prestação de serviços, embora o pagamento, segundo a lei, esteja programado para o 5º dia útil do mês subsequente. A despesa com imposto sobre a renda é inserida na demonstração dos resultados – DRE – no exercício a que se refere quando o imposto é declarado. As receitas de vendas são registradas quando de sua realização, independentemente de terem sido liquidadas ou não. Exemplo de receitas: quando da realização da venda a prazo é reconhecida a receita, registra-se a débito da conta clientes e a crédito da conta de receita de vendas, mesmo que o recebimento esteja previsto para trinta dias. Os custos dos produtos vendidos e dos serviços prestados são reconhecidos na DRE em conjunto com as receitas do mesmo período. Assim, os custos e despesas contabilizados correspondem às receitas de vendas apuradas no período. Assaf Neto (2012, p. 76) ressalta que “[...] estes aspectos contidos na legislação societária reforçam o conceito de ‘regime de competência’ para apuração do resultado do exercício”. Segundo Iudícibus et al. (2010, p. 480-481), o objetivo da DRE é fornecer informações sobre a formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício. Visando atender tal objetivo, são apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, de acordo com a função de cada uma delas, conforme segue: Despesas com vendas Despesas financeiras deduzidas das receitas financeiras Despesas gerais e administrativas Outras receitas e despesas operacionais. Deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, é apresentado o lucro operacional, que é considerado um dado importante na análise das operações da empresa. Após o lucro operacional, apresentam-se as outras receitas e despesas, gerando então o “resultado antes dos tributos (imposto de renda e contribuição social sobre o lucro). UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 18 Deduz-se a seguir o imposto de renda e a contribuição social a pagar e, por último, as participações de terceiros, chegando-se ao lucro (ou prejuízo) líquido do exercício, que é o valor final da DRE. A Lei exige também que seja apresentado o montante do “lucro por ação”. Complementa a Lei nº 6.404/76, o Pronunciamento Técnico CPC 26, que trata da apresentação das Demonstrações Contábeis e estabelece uma estrutura mínima para a DRE, segundo as determinações legais, composta por: a) receitas; b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; c) lucro bruto; d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; f) resultado antes das receitas e despesas financeiras; g) despesas e receitas financeiras; h) resultado antes dos tributos sobre o lucro; i) despesa com tributos sobre o lucro; j) resultado líquido das operações continuadas; k) valor líquido dos seguintes itens: i) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada; l) resultado líquido do período. IMPORTANT E Esse formato não colide com a lei e deverá ser o modelo a ser utilizado no Brasil. O CPC fala em possibilidade de a demonstração apresentar as contas não apenas pela sua função (administrativas, vendas, custo dos produtos vendidos etc.), mas também pela natureza (material consumido, mão de obra, contribuições sociais, energia elétrica, aluguéis etc.). A estrutura presente no CPC 26 (anteriormente descrita) estabelece a evidenciação, de forma destacada, do resultado proveniente da avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, do resultado financeiro, além de destacar o resultado proveniente das operações continuadas e descontinuadas da entidade. (IUDÍCIBUS et al., 2010). Conforme este pronunciamento, são abordados dois outros aspectos relativos à DRE, a saber: TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 19 1. A necessidade de divulgação, de forma separada, da natureza e montantes dos itens de receita e despesa quando estes são relevantes, conforme descrito no item 98, a seguir (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 481- 482): 98. As circunstâncias que dão origem à divulgação separada de itens de receitas e despesas incluem: a) reduções nos estoques ao seu valor realizável líquido ou no ativo imobilizado ao seu valor recuperável, bem como as reversões de tais reduções; b) reestruturações das atividades da entidade e reversões de quaisquer provisões para gastos de reestruturação; c) baixas de itens do ativo imobilizado; d) baixas de investimento; e) unidades operacionais descontinuadas; f) solução de litígios; e g) outras reversões de produção. 2. A necessidade de subclassificação das despesas, como pode ser constatado no item 101 (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 481-482): 101. As despesas devem ser subclassificadas a fim de descartar componentes do desempenho que possam diferir em termos de frequência, potencial de ganho ou de perda e previsibilidade. Essa análise deve ser proporcionada em uma das duas formas descritas a seguir, obedecidas as disposições legais. Iudícibus et al. (2010, p. 482) ressaltam que as formas de análise citadas no item 101 do CPC 26 são as seguintes: a) método da natureza da despesa – utiliza como elemento agregador das despesas a sua natureza, o que torna simples o seu uso por representar uma espécie de “listagem” das despesas incorridas no período. Por exemplo, depreciações e amortizações; consumo de matéria-prima e materiais; despesas com transporte; despesa com benefícios a empregados etc.; e b) método da função da despesa ou do “custo dos produtos e serviços vendidos” – utiliza a função da despesa comoelemento agregador e classificador. Nesse método, a companhia deve divulgar separadamente, no mínimo, o montante do custo dos produtos e serviços vendidos das demais despesas incorridas, que podem ser classificadas como de vendas, administrativas etc. Apesar de quando comparado ao método da natureza da despesa, a segregação das despesas por funções pode demandar alocações arbitrárias e considerável julgamento. Acadêmico/a, agora você pode analisar e melhorar o seu entendimento através do exemplo que Iudícibus et al. (2010, p. 482) apresentam, pelos dois métodos: UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 20 QUADRO 6 – DRE SEGUNDO O CPC 26 MÉTODO – FUNÇÃO DA DESPESA Receita de vendas 3.000 Custo dos produtos vendidos (700) Lucro bruto 2.300 Despesas de vendas (50) Despesas administrativas (230) Outras despesas (100) Resultado antes dos tributos 1.920 FONTE: Iudícibus et al. (2010) QUADRO 7 – DRE SEGUNDO O CPC 26 MÉTODO – NATUREZA DA DESPESA Receita de Vendas 3.000 Variação do estoque de produtos acabados e em elaboração 300 Consumo de matérias-primas e de materiais 400 Salários e benefícios a empregados 80 Depreciações e amortizações 150 Despesas com comissões 50 Outras despesas 100 Total das despesas (1.080) Resultado antes dos tributos 1.920 FONTE: Iudícibus et al. (2010) Por fim, observa-se o que a norma estabelece sobre a subclassificação das despesas, ainda que caiba à administração escolher o método a ser utilizado, em função de fatores históricos, setoriais e da natureza da entidade. Porém, quando a entidade classifica as despesas por função, ela deve divulgar, adicionalmente, informações acerca da natureza de certas despesas, incluindo as despesas de depreciação, amortização e despesas com benefícios a empregados. NOTA De qualquer forma, a legislação brasileira induz diretamente à demonstração com as despesas por função. Acadêmico/a, agora você terá a oportunidade de conhecer mais uma demonstração contábil, a qual foi instituída pelo Pronunciamento Técnico CPC 26, que, seguindo as normas internacionais de contabilidade, instituiu a TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 21 obrigatoriedade de elaboração da Demonstração do Resultado Abrangente do Exercício – DRA. Iudícibus et al. (2010) explicam que essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconhecidas (ou melhor, não foram reconhecidas ainda) na Demonstração do Resultado do Exercício, conforme determinam Pronunciamentos, Interpretações e Orientações que regulam a atividade contábil. Tais receitas e despesas identificadas como “outros resultados abrangentes”, de acordo com o CPC 26, compreendem os seguintes itens (IUDÍCIBUS et al., 2010, p. 482-483): a) variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente (Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo Imobilizado e CPC 04 – Ativo Intangível); b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a empregados; c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeito das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis); d) ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda (Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração); e) ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos hedge em hedge de fluxo de caixa (CPC 38). A DRA pode ser apresentada dentro da DMPL ou através de relatório próprio. O CPC sugere que se faça uso da apresentação na DMPL. Quando apresentada em demonstrativo próprio, a DRA tem como valor inicial o resultado líquido do período apurado na DRE, seguido dos outros resultados abrangentes, conforme estrutura mínima para a DRA estabelecida no CPC 26: a) resultado líquido do período; b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item c); c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e d) resultado abrangente do período. Segundo as normas internacionais de contabilidade, a DRA pode ser apresentada como continuidade da DRE, mas no Brasil o CPC determinou que seja como um relatório à parte. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 22 NOTA Se a DRE e a DRA forem apresentadas separadamente, bastaria a DRA começar a partir do Lucro Líquido. Acadêmico/a, a seguir apresentaremos um modelo a título de conhecimento, mas esse modelo, embora seja admitido pelo IASB (The International Accounting Standards Board), não foi aceito no Brasil, onde o CPC 26 obriga à adoção da alternativa em que a demonstração do resultado do exercício é apresentada à parte da demonstração do resultado abrangente total, explicam Iudícibus et al. (2010). QUADRO 8 – DRA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE Lucro Líquido do Período R$ 272.000 Parcela dos sócios da Controladora 250.000 Parcela dos não controladores 22.000 Ajustes Instrumentos Financeiros R$ (60.000) Tributos s/Ajustes Instrumentos Financeiros R$ 20.000 Equiv. Patrim. s/Ganhos Abrangentes de Colig. R$ 30.000 Ajustes de Conversão do Período R$ 260.000 Tributos s/Ajustes de Conversão do Período R$ (90.000) Outros Resultados Abrangentes Antes Reclas. R$ 160.000 Ajustes de Instrum. Financ. Reclassif. p/Result. R$ 10.600 Outros Resultados Abrangentes R$ 170.600 Parcela dos sócios da Controladora 164.600 Parcela dos não controladores 6.000 ____ Resultado Abrangente Total R$ 442.600 Parcela dos Sócios da Controladora 414.600 Parcela dos não controladores 28.000 FONTE: Iudícibus et al. (2010) TÓPICO 1 | AS DEMONSTRAÇÕES C. SEGUNDO A LEI Nº 6.404/76; LEI Nº 11.638/07 E PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) 23 NOTA O Pronunciamento Técnico CPC sugere ainda que a DRA seja adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido. De acordo com o CPC 26, as empresas devem divulgar, como alocações do resultado do exercício na DRA consolidada, os resultados abrangentes totais do período atribuíveis à participação de sócios não controladores e os atribuíveis aos detentores do capital próprio da empresa controladora. De acordo com Iudícibus et al. (2010), o item 93 do CPC 26 trata de alguns ajustes de reclassificação, quando pronunciamentos, interpretações e orientações devem ser reclassificados para o resultado do período. Estes ajustes de reclassificação são incluídos no respectivo componente dos outros resultados abrangentes no período em que o ajuste é reclassificado para o resultado líquido do período. A seguir apresentaremos exemplo ilustrativo sobre o ganho realizado na alienação de ativo financeiro disponível para venda e reconhecido no resultado quando de sua baixa. Esse ganho pode ter sido reconhecido como ganho não realizado nos outros resultados abrangentes do período ou de períodos anteriores. Assim, os ganhos não realizados devem ser deduzidos dos outros resultados abrangentes no período em que os ganhos realizados são reconhecidos no resultado líquido do período, evitando que esse mesmo ganho seja reconhecido em duplicidade. NOTA A entidade pode optar por apresentar os ajustes de reclassificação em notas explicativas, não os divulgando na DRA. Nesse caso, ela deverá apresentar os itens de outros resultados abrangentes após os respectivos ajustes de reclassificação. Iudícibus et al. (2010, p. 484) afirmam que não devem ser tratadas como ajustes de reclassificação as mutações na reserva de reavaliação, quando permitida por lei, ou os ganhos e perdas atuariais de planos de benefícios a empregados. Ambos são reconhecidos como outros resultados abrangentes, mas não são reclassificados para o resultadolíquido de exercícios posteriores. À medida que ocorrer a realização da reserva de reavaliação, suas mutações devem ser transferidas para Reserva de Retenção de Lucros ou para Prejuízos Acumulados. UNIDADE 1 | DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 24 Finalizamos com o Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, que destaca: “[...] quando for relevante para a compreensão dos resultados da companhia, outras rubricas, contas, títulos e subtotais devem ser apresentados na DRA e na DRE”. NOTA A entidade não deve apresentar nas referidas demonstrações, ou em notas explicativas, rubricas, receitas ou despesas sob a forma de itens extraordinários. Também não é mais admitida a figura das receitas e despesas não operacionais. A única discriminação é a dos resultados derivados das atividades descontinuadas. 25 Caro/a acadêmico/a, apresentamos agora de forma resumida as demonstrações contábeis segundo a Lei nº 6.404/76 e as alterações decorrentes da Lei nº 11.638/2007. As demonstrações contábeis obrigatórias, segundo a Lei nº 6.404/76, eram: balanço patrimonial; demonstrativo do resultado do exercício; demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; demonstração das mutações do patrimônio líquido. As demonstrações contábeis complementam, ainda, as notas explicativas que não são consideradas relatórios contábeis, mas são obrigatórias porque esclarecem a situação patrimonial e os resultados do exercício e enumeram o mínimo necessário de cinco notas esclarecedoras a ser apresentadas. Ressalta-se que estas deverão ser ampliadas quando necessário for, permitindo que o usuário da informação contábil tenha condições de analisar a real situação da empresa. Com o advento da Lei nº 11.638/2007, as demonstrações contábeis previstas na Lei nº 6.404/76 sofreram alterações e entre elas está a inserção da demonstração dos fluxos de caixa que é obrigatória (elaboração e divulgação) para as companhias abertas e para as companhias fechadas que tenham patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Com a obrigatoriedade da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa) passou a ser facultativa a DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos). O balanço patrimonial também sofreu alterações. Os grupos do ativo ficaram assim constituídos: ATIVO CIRCULANTE e ATIVO NÃO CIRCULANTE; os grupos do passivo foram classificados em PASSIVO CIRCULANTE e PASSIVO NÃO CIRCULANTE. No ativo não circulante estão contemplados os seguintes itens: realizável a longo prazo; investimentos; imobilizado e intangível. No passivo não circulante estão classificados: o exigível a longo prazo e o patrimônio líquido, que não apresenta mais de forma explícita os lucros acumulados, apenas os prejuízos acumulados, e foi inserida a conta ajustes de avaliação patrimonial. Outro item que teve grande relevância com a promulgação da Lei nº 11.638/2007 são as notas explicativas, as quais também tiveram a contribuição do CPC 26. Apresentamos também de forma reduzida as principais contas necessárias para análise, com as observações feitas pelos estudiosos da matéria. Por fim, abordou-se a DRA. Esta demonstração segue as normas internacionais de contabilidade, e sua elaboração é obrigatória. RESUMO DO TÓPICO 1 26 Essa demonstração apresenta as receitas, despesas e outras mutações que afetam o patrimônio líquido, mas que não são reconhecidas na DRE conforme regulam os Pronunciamentos, Interpretações etc. que regulam a atividade contábil. Segundo o CPC 26, tais receitas e despesas são identificadas como outros resultados abrangentes e compreendem itens como: variação na reserva de reavaliação; ganhos e perdas atuariais; ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; entre outros. Apresentou-se também a estrutura mínima para a DRA, e ressaltou-se que a DRA pode ser apresentada como continuidade da DRE. Para melhor compreensão apresentou-se um modelo devidamente preenchido. O CPC sugere que a DRA seja adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido. Este tema é amplo e sabe-se que o assunto não foi esgotado, mas acredita- se que a abordagem contemplou os principais pontos que você, acadêmico/a, deve conhecer. 27 1 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O Balanço Patrimonial tem por finalidade demonstrar o lucro e/ou prejuízo da empresa no final de determinado período. b) ( ) As Notas Explicativas não são obrigatórias na publicação do Balanço Patrimonial. c) ( ) A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA pode substituir a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL – porque ela demonstra o patrimônio líquido na sua totalidade. d) ( ) A Demonstração do Resultado do Exercício – DRE – é composta pelas receitas, custos e despesas. e) ( ) A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos põe em evidência qual é a necessidade financeira da empresa, no curto prazo. 2 As demonstrações contábeis, exigidas pela legislação societária, são as seguintes: a) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado; Passivo Circulante. b) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração do Fluxo de Caixa. c) ( ) Balanço Patrimonial; Patrimônio Líquido; Ativo Circulante. d) ( ) Balanço Patrimonial; Origens e Aplicações de Recursos; e Patrimônio Líquido. e) ( ) Balanço Patrimonial; Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; Ativo Permanente. 3 As informações complementares sobre as demonstrações contábeis divulgadas pela empresa serão apresentadas através de: a) ( ) Notas esclarecedoras do ativo. b) ( ) Parecer dos contadores independentes. c) ( ) Parecer do Conselho Fiscal. d) ( ) Notas explicativas. e) ( ) Parecer da administração. 4 Descreva, no mínimo, três das notas explicativas previstas no art. 247 da Lei nº 6.404/76. AUTOATIVIDADE Assista ao vídeo de resolução da questão 1 28 5 Com o advento da Lei nº 11.638, em dezembro de 2007, a demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR) passou a ser facultativa, ou seja, a empresa poderá elaborá-la e apresentá-la aos usuários das informações contábeis, se assim o desejar, conforme Morante e Jorge (2008), e tornou-se obrigatória a elaboração e publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Com relação à elaboração da DFC, é correto afirmar que: I. Sua elaboração e publicação são obrigatórias a todas as companhias de capital aberto. II. Sua elaboração é obrigatória para todas as companhias de capital fechado. III. Sua elaboração e publicação são obrigatórias a todas as companhias de capital fechado com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Assinale a opção CORRETA: a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas. b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas. c) ( ) Apenas as alternativas II e III estão corretas. d) ( ) Apenas a alternativa I está correta. e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 6 A análise das informações da DFC, em conjunto com as demais demonstrações contábeis, pode permitir que os usuários avaliem a empresa segundo... I. a capacidade de avaliar fluxos líquidos positivos de caixa. II. a capacidade de honrar seus compromissos. III. a liquidez, a estrutura de capital e os quocientes de atividade. IV. a taxa de conversão de lucro em caixa. Assinale a alternativa com a opção CORRETA: a) ( ) Apenas as alternativas I e II estão corretas. b) ( ) Apenas as alternativas I e III estão corretas. c) ( ) Apenas as alternativas II e IV estão corretas. d) ( ) Apenas a alternativa III está correta. e) ( ) Todas as alternativas estão corretas. 7 De acordo com Morante e Jorge (2008), antes de realizar qualquer análise de balanços, deve ser adotado: a) ( ) Um padrão de análise para a inserção dos elementos das demonstrações contábeis. b) ( ) Um critério de classificação das despesas operacionais.
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