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História do Mundo AS REVOLUÇÕES BURGUESAS 1 Sumário Introdução ..................................................................................................................................................................... 2 Objetivos........................................................................................................................................................................ 2 1. As revoluções burguesas ................................................................................................................................... 2 1.1. O contexto histórico absolutista .................................................................................................................... 2 1.2. A Revolução Puritana...................................................................................................................................... 3 1.3. A Revolução Gloriosa ...................................................................................................................................... 3 1.4. A Revolução Francesa ..................................................................................................................................... 4 1.5. Direitos e justiça social ................................................................................................................................... 6 Exercícios ....................................................................................................................................................................... 7 Gabarito ......................................................................................................................................................................... 7 Resumo .......................................................................................................................................................................... 8 2 Introdução As revoluções burguesas são assim chamadas por conta dos processos históricos que levaram a burguesia ao poder durante a idade moderna (1452-1789). Durante este período, a Europa passava por grandes transformações. O novo mundo (as Américas) foi descoberto, o mercantilismo possibilitou a enriquecimento de diversos Estados e a escravidão e a exploração de novas colônias trouxeram um grande desenvolvimento econômico para as metrópoles. Durante o século XVII, o absolutismo monárquico era predominante na Europa. O poder dos reis era praticamente ilimitado e eles não tinham que prestar contas a ninguém. Com a revolução inglesa, que teve duas fases, este cenário foi radicalmente alterado. Primeiro foi instalada uma monarquia constitucional, que diminuía o poder do rei. A consolidação do poder da burguesia ocorre com a revolução francesa de 1789. As revoluções ocorrem em contraposição ao absolutismo, que concentrava poder e controlava boa parte da economia. As ideias liberais vão ganhar força, pois a burguesia desejava mais liberdade e menos controle do Estado sobre seus negócios. Objetivos • Conhecer a contexto social dos processos históricos revolucionários. • Conhecer as caraterísticas e diferenças entre as revoluções. 1. As revoluções burguesas 1.1. O contexto histórico absolutista As revoluções burguesas ocorreram durante a idade moderna, entre 1452 e 1789. Durante este período, as monarquias absolutistas controlavam o cenário político Europeu. O poder dos reis não era regulado ou fiscalizado por ninguém. A primeira monarquia absolutista a ser derrubada será a inglesa, através de um processo revolucionário iniciado pela burguesia. Ela foi dividida em duas fases: A Revolução Puritana (1625 a 1649) e a Revolução Gloriosa que ocorreu entre 1688 a 1689. Na época vigorava o absolutismo de direito divino, no qual os reis reivindicavam sua posição por terem sido indicados por Deus. Esta é uma característica do antigo regime, o sistema político que vigorava antes das revoluções, e que também era autocrático, centralizado e baseado em privilégios. A centralização e controle do Estado sobre a economia era também alvo de críticas da burguesia, pois assim ela não poderia alcançar o desenvolvimento do capitalismo. 3 1.2. A Revolução Puritana Entre 1625 e 1649, a insatisfação social cresceu devido as reclamações da burguesia em relação ao governo absolutista do rei Carlos I. Havia muita intervenção do Estado na economia e também perseguição religiosa. Para combater estes problemas, os gentry, que eram pequenos proprietários e representantes da pequena nobreza rural, juntamente com alguns setores da burguesia, organizaram a formação de um exército que lutou contra o rei, levando-o a derrota em 1649. A monarquia foi abolida e instalou-se uma república, que foi governada por Oliver Cromwell de 1649 até 1658, quando ele faleceu. A grande mudança trazida pela Revolução Puritana, foi a instalação de um parlamento, transformando o governo de monarquia absolutista para monarquista constitucional. Agora havia um parlamento que regulava e fiscalizava o poder do rei, todas as leis teriam que passar pela aprovação da casa legislativa. 1.3. A Revolução Gloriosa Após a morte de Cromwell, em 1660 o parlamento decidiu restaurar a monarquia. Foi então que Carlos II, filho do rei anterior assumiu o poder. Ele não conseguiu implantar o absolutismo totalmente, mas tomou ações para fortalecer seu poder. Veio a falecer no ano de 1685 e não deixou filhos. O Irmão de Carlos II, Jaime II veio a assumir o trono, conservando as práticas absolutistas. Em 1688, o rei foi deposto pelo parlamento e seu genro, Guilherme de Orange assumiu. O processo foi pacífico e por esta razão se deu o nome de Revolução Gloriosa. Guilherme de Orange foi coroado em 1689 e tornou-se o rei Guilherme II. Ele teve de aceitar o documento Bill of Rights, elaborado pelo parlamento no mesmo ano, e que previa a restrição do poder do rei, além de determinar que a execução ou suspensão de leis deveriam depender de aprovação. Também concedia o direito de livre eleição dos parlamentares. Ao lado, vemos a imagem do documento, considerado o primeiro do mundo a estabelecer a participação popular em um governo. SAIBA MAIS! A monarquia parlamentar é a forma de governo adotada na Inglaterra até hoje. Apesar de haver a figura da rainha, (Elizabeth II), que comanda o governo é o parlamento, chefiado pelo primeiro-ministro (a). 4 1.4. A Revolução Francesa No final do século XVIII, a população da França era aproximadamente de 25 milhões de pessoas. Os habitantes eram divididos em três Estados, ou ordens: O primeiro estado era composto pelo clero com 125 mil pessoas, o segundo estado era composto pela nobreza com 135 mil pessoas, e o terceiro estado, composto pela população em geral, como trabalhadores e camponeses, com 24 milhões de pessoas. Os três estados da Revolução Francesa. No primeiro e segundo estados estavam 3% da população francesa. Eles eram isentos de impostos e tinham acesso a maioria dos cargos da administração pública. O terceiro estado incluía a burguesia, comerciantes, profissionais liberais, artesãos e trabalhadores urbanos e rurais, que tinham para si um bom desenvolvimento econômico, mas pouca influência política. Podemos concluir que, diante deste cenário, havia uma desigualdade brutal, mesmo dentro de cada estado. Bispos da igreja, pertencentes ao alto clero, tinham uma vida bem mais confortável dos que padres, do baixoclero. As ideias iluministas circulavam em panfletos pela França, criticando o governo e as desigualdades sociais. Enquanto poucos desfrutavam de uma vida confortável, a maioria trabalhava duro ou estava em situação de miséria. Entre os séculos XVI e XVIII houve prosperidade econômica, mas no fim do século XVIII uma crise econômica se instalou. Houve uma sequência de colheitas ruins, os preços dos produtos começaram a subir. A fome então atingiu a população mais pobre do campo e da cidade. A França lançou-se também na guerra contra as treze colônias, o que gerou mais despesas no governo e agravou a crise. O rei Luis XVI decidiu aumentar impostos, o que desagradou muitos, principalmente a burguesia que mantinha diversos negócios pelo país. Os gastos para a manutenção da nobreza também consumiam boa parte do orçamento. 5 O rei propôs uma reforma fiscal, que não foi aceita. Então ele convocou os Estados gerais para deliberar. O primeiro e o segundo estado tinham mais poder de voto que o terceiro estado, por isto estes últimos propuseram uma votação individual. O impasse levou a retirada do terceiro estado e proclamaram uma Assembleia nacional para redigir uma nova constituição. Com receio da reação da população, o rei aceitou a nova proposta. A convocação dos Estados Gerais transformou-se em Assembleia nacional constituinte. A proposta elaborada pelo rei aceitava a monarquia constitucional e abolia os privilégios fiscais, mas mantinha os privilégios do primeiro e segundo estados. Havia um temor de que a aristocracia, aliada do rei, poderia promover um golpe e fechar a assembleia. Isto levou a insatisfação geral da população, que passou a protestar de forma mais frequente e violenta. Em junho de 1789 houve diversos atos populares, nos quais a população promoveu saques em mercados e armazéns, diante da grave situação de fome que havia. Em 14 de Julho, os revoltosos chegaram na Bastilha e a tomaram. Ela era símbolo do governo absolutista, pois ali ficavam prisioneiros políticos e um arsenal militar. Em 1789, a assembleia nacional constituinte aboliu o dizimo e as obrigações feudais impostas a camponeses. Aprovou também a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, que estabeleceu a igualdade jurídica e determinou que a propriedade privada, a liberdade e o direito de resistir a opressão eram direitos naturais de qualquer cidadão. Uma nova constituição foi elaborada em 1791, e trazia as modificações a seguir: • A monarquia deveria ser constitucional e dividida em três poderes independentes: executivo, legislativo e judiciário; • Voto censitário, só podiam votar quem tivesse determinada renda; • Manutenção da escravidão nas colônias francesas; • Extinção das restrições econômicas, tendo por base as ideias liberais. A assembleia nacional constituinte não conseguiu trazer a satisfação social esperada pelo povo. De um lado estavam o sans-cullotes, formados por trabalhadores artesãos, operários e lojistas, que defendiam o sufrágio universal masculino, ou seja, o direito de voto para os homens. De outro lado, muitos clérigos e nobres esperavam restaurar a monarquia. Em 1792, os sans-cullotes tomaram o palácio das Tulherias, o rei foi acusado de traição e preso. A assembleia legislativa foi dissolvida e novas eleições foram realizadas com base no voto universal. Foi estabelecida a Convenção Nacional e o povo foi chamado a defender e revolução. Aqueles que ainda defendiam a monarquia foram derrotados e a República foi finalmente proclamada. 6 Entre 1792 e 1795, a França foi governada pela Convenção Nacional, composta pelos seguintes grupos: • Jacobinos: pequena burguesia, defendiam a igualdade baseados em Rousseau. O líder era Robespierre e eram classificados como esquerda, devido ao lugar em que sentavam • Girondinos: Eram republicanos, porém liberais, defendiam os interesses da burguesia comercial. • Planície: Eram o maior grupo e era considerados de centro, pois defendiam políticas moderadas. • Cordeliers: Eram ligados aos sans culotes e defendiam mudanças profundas na sociedade, como o fim da propriedade privada e a reforma agrária. Seus líderes eram Danton e Marrat. • Monarquistas constitucionais: defendiam a monarquia e tinham posições moderadas, não desejavam transformações profundas. Eram considerados de direita. O final do processo revolucionário tem como característica a era do terror, onde muitos líderes da própria revolução foram mortos pela guilhotina, um instrumento inventado na mesma época. Até mesmo Robespierre morreu assim. 1.5. Direitos e justiça social Contra os abusos e perseguições do Estado absolutista, uma nova ideia vai surgir: direitos. Valorizando as liberdades individuais e a autonomia do parlamento, com objetivo de diminuir o poder do rei, os direitos individuais serão estabelecidos nas revoluções burguesas. Era uma forma de lutar contra o rei e também de promover a harmonia e o bem-estar da sociedade. Os movimentos revolucionários também se valeram da extrema desigualdade e pobreza que havia nos antigos regimes para ganhar apoio popular. A princípio eram revolucionários preocupados com o bem-estar de todos. Porém, na revolução industrial da Inglaterra do século XIX, vemos que muitas pessoas mudaram do campo para a cidade em busca de emprego, gerando problemas sociais. As condições de trabalho eram péssimas e a carga horária exaustiva até para crianças de 10, 12 anos, demonstraram que a preocupação de bem-estar não existia por parte da burguesia. Houve diversas movimentações de trabalhadores, formaram sindicatos e lutaram por melhores salários e condições mais dignas para trabalhar. Os donos das fábricas alegavam que se as crianças fossem retiradas do trabalho, seu 7 desenvolvimento seria prejudicado. A revolução industrial, no primeiro momento, enriqueceu muitos industriários, ao mesmo tempo que a população inglesa estava submetida a condições desumanas de trabalho. A justiça social, que era um dos pilares das revoluções burguesas, parece ter sido esquecida a partir de então. A ideia de que todos devem ter uma vida digna não é nova. Na Grécia antiga já se falava da necessidade de promover o bem de todos. Na idade média era quase um dever moral fazer doações aos pobres devido à forte influência do cristianismo. Karl Marx vai propor o socialismo como solução para problemas sociais, porém nunca na história a teoria e prática são exatamente iguais. Em nome de combater a burguesia, alguns regimes socialistas vão tender para o autoritarismo, lançar perseguições e promover extermínio em massa daqueles considerados inimigos do povo. Ainda assim, no mundo atual, 800 milhões de pessoas passam fome (Abril/2019) e crianças morrem por falta de vacinas que custam menos de 3 dólares. Isso demonstra que nenhum dos dois sistemas resolveu os problemas sociais. Exercícios 1. O lema liberdade, igualdade e fraternidade foi utilizado na revolução francesa. A qual movimento ele se refere? a. Ao estabelecimento de um governo socialista controlado por operários b. A um governo misto entre monarquistas e revolucionários c. A um movimento que propõe a extinção do Estado. d. Ao estabelecimento da burguesia no poder com apoio das ideias liberais. 2. A teoria laissez-faire desenvolvida por Adam Smith pressupõe: a. A não intervenção do de empresas privadas na economia estatal. b. A regulamentação da economia. c. O mercado deve funcionar sem interferências estatais d. O mercado deve ser regulado em áreas essências. Gabarito 1. Opção D, A revolução francesa é o movimento que encerra omundo feudal e absolutista e coloca a burguesia no controle. 8 2. Opção C, para Adam Smith, não deve haver interferência do estado nos negócios e empresas privadas. Resumo As revoluções burguesas ocorreram durante a idade moderna, entre 1452 e 1789. Durante este período, as monarquias absolutistas controlavam o cenário político Europeu. O poder dos reis não era regulado ou fiscalizado por ninguém. Na época vigorava o absolutismo de direito divino, no qual os reis reivindicavam sua posição por terem sido indicados por Deus. Esta é uma característica do antigo regime, o sistema político que vigorava antes das revoluções, e que também era autocrático, centralizado e baseado em privilégios. A centralização e controle do Estado sobre a economia era também alvo de críticas da burguesia, pois assim ela não poderia alcançar o desenvolvimento do capitalismo. • A revolução Puritana: entre 1625 e 1649, a insatisfação social cresceu devido as reclamações da burguesia em relação ao governo absolutista do rei Carlos I. Havia muita intervenção do Estado na economia e também perseguição religiosa. • A revolução Gloriosa: após a morte de Cromwell, em 1660 o parlamento decidiu restaurar a monarquia. Foi então que Carlos II, filho do rei anterior assumiu o poder. Ele não conseguiu implantar o absolutismo totalmente, mas tomou ações para fortalecer seu poder. Veio a falecer no ano de 1685 e não deixou filhos. O Irmão de Carlos II, Jaime II veio a assumir o trono, conservando as práticas absolutistas. Em 1688, o rei foi deposto pelo parlamento e seu genro, Guilherme de Orange assumiu. O processo foi pacífico e por esta razão se deu o nome de Revolução Gloriosa. • A Revolução Francesa: uma crise econômica no fim do século XVII favoreceu as ideias revolucionárias e a tomada do poder pela burguesia juntamente com a população, que estava em condição bastante difícil devido a fome e a pobreza. 9 Referências bibliográficas HILL, Christopher S. O Século Das Revoluções - 1603-1714. São Paulo. Ed Unesp, 2012. HOSBAWN, Eric J. A Era das Revoluções - 1789 – 1848. Rio de Janeiro: Ed Paz e Terra, 2012. O. KELLY, Paul. O Livro da Política. São Paulo: Globo, 2013. Referências imagéticas Beduka. Disponível em: https://beduka.com/blog/materias/historia/resumo-da-revolucao-francesa/. Acesso em: 07 nov. 2019.
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