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História do Brasil REVOLTAS URBANAS NA REPÚBLICA OLIGÁRQUICA 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivo......................................................................................................................................... 2 1. Greves e manifestações ............................................................................................................ 2 1.1. A Revolta da Vacina (1904) ........................................................................................... 3 1.2. Oswaldo Cruz ................................................................................................................ 4 Exercícios ...................................................................................................................................... 4 Gabarito ........................................................................................................................................ 6 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução Muitos políticos intelectuais defendiam que as cidades brasileiras haviam crescido de maneira desordenada e que era necessário promover reformas urbanas para torná-las mais agradáveis. Assim, gradativamente, os governos começaram a pôr em prática um conjunto de reformas com o objetivo de remodelar os grandes centros urbanos. Isso aconteceu, por exemplo, em Fortaleza, Salvador, Recife, Belo Horizonte e também na capital do país, Rio de Janeiro. Na capital, as ruas ganharam iluminação elétrica, no lugar dos antigos postes a lampião de gás, e foram construídos importantes edifícios públicos, como a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal. Para o governo, porém, um dos problemas mais graves era a existência de cortiços na região central da cidade. Para resolver a situação, foram criadas leis que obrigavam os moradores a abandonar esses imóveis sob a alegação de que seriam derrubados para possibilitar a construção de avenidas. Esse processo, iniciado em 1902, ficou conhecido popularmente como “Bota abaixo” e obrigou as pessoas que viviam nos cortiços a procurar moradias em regiões afastadas, onde os preços dos aluguéis eram mais baixos. Como consequência, muitas famílias se instalaram nos morros da cidade, dando origem às favelas. Objetivo • Identificar as causas de manifestações e descontentamento na República Oligárquica; • Conhecer os elementos que ocasionaram a Revolta da Vacina. 1. Greves e manifestações A junção de fatores, como moradias insalubres, excesso de trabalho e falta de alimentação adequada, resultava em alto índice de doenças e mortes no começo do século XX. Aliada a salários baixos e mortes por acidentes nas fábricas, essa realidade tornou-se um campo fértil para a organização de manifestações operárias e movimentos de contestação social. Neste cenário, começaram a surgir sindicatos e associações que tinham como principal objetivo defender os direitos dos trabalhadores, fazendo reinvindicações, como melhorias salariais e implementação de leis trabalhistas. Frequentemente, a polícia era acionada para pôr fim aos movimentos grevistas, considerados “casos de polícia”. A formação dessas associações e desses sindicatos foi influenciado, entre outros fatores, pelos operários europeus, que tinham experiência em luta sindical e 3 política e a repassavam aos trabalhadores brasileiros. Baseando-se no pensamento anarquista ou socialista, essas associações passaram a publicar jornais que traziam suas reinvindicações, ao mesmo tempo que procuravam conscientizar os demais trabalhadores da importância de lutarem por seus direitos. Assim, nas primeiras décadas do século XX, o movimento operário brasileiro passou a organizar greves e manifestações por todo o país. Em 1906, por exemplo, foi organizada uma greve em Porto Alegre, reivindicando oito horas de trabalho diário. Em 1907, várias categorias profissionais também organizaram um movimento em São Paulo. Entre 1917 e 1920, diversas greves ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Recife e Salvador, entre outras localidades. 1.1. A Revolta da Vacina (1904) No início da República, ocorreram em várias cidades brasileiras epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola, que vitimavam inúmeras pessoas. Neste contexto, no governo Rodrigues Alves, ganhou importância a atuação do diretor de Saúde Pública, o médico Oswaldo Cruz. Durante anos ele trabalhou para erradicar as principais doenças que atingiam a população do país. No entanto, algumas de suas medidas, que procuravam sanear e higienizar a cidade do Rio de Janeiro, foram mal recebidas. Os mata-mosquitos, homens encarregados de eliminar os causadores das principais doenças- ratos e mosquitos-, eram autorizados a invadir as residências para inspecioná-las, fato que desagradava a população em geral. Além disso, em 1904, foi instituída a vacina obrigatória contra a varíola. Sem haver esclarecimento público suficiente sobre a necessidade da vacinação, a medida resultou em intensas manifestações de rua- com a barricadas e tiroteios entre os cidadãos e a polícia-, que ficaram conhecidas como Revolta da Vacina. Na verdade, não era somente contra a vacina que a população se rebelava. As pessoas se manifestavam contra as dificuldades econômicas, o desemprego e a falta de segurança. A renovação urbana e o saneamento da cidade do Rio de Janeiro foram outros agravantes. O projeto empreendido pelo prefeito da cidade, Pereira Passos – “prefeito bota-abaixo”, propunha a construção de aquedutos, rede de esgotos, calçamento de ruas, aberturas de avenidas e aterro de pântanos. No entanto, para realizar as obras foram desapropriados e demolidos cortiços e velhos prédios na área central da cidade, desabrigando milhares de famílias. Isso gerou um grande descontentamento entre a camadas mais pobres. A obrigatoriedade da vacina foi o estopim para que a população começasse a expressar sua revolta com as ações do governo. A vacina simbolizava o autoritarismo da República e por isso foi amplamente rechaçada. 4 1.2. Oswaldo Cruz 1 Oswaldo Gonçalves Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 5 de agosto de 1872, em São Luís de Paraitinga, São Paulo. Aos 20 anos formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1901, Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor Geral de Saúde Pública. No combate à febre amarela implantou medidas sanitárias iniciando com 85 homens, os famosos “mata – mosquitos”, com o emblema de uma cruz nos bonés. Em 1902 a capital do país o Rio de Janeiro, não era propriamente uma cidade maravilhosa. Vários problemas urbanos, cortiços e favelas já castigavam os 700 mil cariocas, além dos surtos epidêmicos de peste bubônica, varíola e febre amarela, que mataria naquele ano quase mil pessoas. Oswaldo Cruz, logo constatou que as epidemias mostravam a transmissibilidade da doença, que necessitava de prevenção. Em 1904, um surto de varíola fez com que Oswaldo Cruz buscasse conter novos casos através da imunização. Foi muito criticado pelos jornais da época e pelo congresso, que protestaram. Foi organizada a “Liga contra a vacinação obrigatória”, que culminou com a “revolta da vacina”,com a rebelião da população, como vimos acima. Exercícios 1) (ENEM, 2011/ 1º) A imagem representa as manifestações nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que integraram a Revolta da Vacina. 5 Charge capa da revista “O Malho”, de 1904. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com. (Foto: Reprodução/Enem) Considerando o contexto político-social da época, essa revolta revela: a) a insatisfação da população com os benefícios de uma modernização urbana autoritária. b) a consciência da população pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias. c) a garantia do processo democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de expressão da população. d) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral. e) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a elite. 2) (CESGRANRIO, 2018) Considere o texto abaixo sobre a realidade social brasileira. Há 114 anos, durante o governo de Rodrigues Alves, acontecia em nosso país a chamada Revolta da Vacina. Na época, o sanitarista Oswaldo Cruz enviou ao Congresso nacional um projeto que tornava obrigatória a imunização, visando a erradicar uma doença que provocava epidemias maléficas, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Estamos vivendo hoje nas redes sociais uma crescente resistência aos movimentos de vacinação. Isto se deve sem dúvida, principalmente ao desconhecimento de nossa história sanitária. Nos dias atuais, a mesma doença volta a ameaçar a população brasileira, como sinalizam as mortes de macacos em áreas silvestres, indicando um novo surto. LONDRES, L. A revolta da vacina. O Globo, Rio de Janeiro, 27 jul. 2018, Opinião. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/opiniao/a-revolta-da-vacina-22921985>. Acesso em: 24 set. 2018. Adaptado. 6 A vacinação proposta por Oswaldo Cruz visava à erradicação de uma doença que volta, efetivamente, a ameaçar a saúde da população brasileira nos dias atuais. Qual é esta doença? a) Sarampo b) Catapora c) Poliomielite d) Tuberculose e) Febre Amarela 3) (FCC, 2018) Entre as causas da Revolta da Vacina (1904), encontram-se: a) as medidas autoritárias tomadas pelo governo estadual no processo de higienização da cidade e as revoltas sociais causadas pelo “encilhamento”, política econômica que provocou inflação, falências e desemprego no começo da República. b) a indignação popular causada pela repressão ao levante dos marinheiros negros contrários aos castigos corporais nos navios da Marinha de Guerra, e as barricadas urbanas decorrentes da intervenção policial nos morros cariocas, em perseguição aos capoeiras. c) a imposição de regras de moradia popular, com base na política sanitarista vigente, e a rebelião popular organizada pelo partido monarquista, que acusava a República emergente de anticonstitucionalismo e militarismo. d) as tensões sociais urbanas causadas pelo deslocamento de populações pobres do centro por causa das reformas urbanísticas do Rio de Janeiro e as tensões políticas envolvendo grupos positivistas e liberais na Primeira República. e) a insatisfação dos cariocas com a tentativa de golpe militar pelos partidários do Presidente Prudente de Moraes, e a reação popular causada pela obrigatoriedade da vacinação contra a Febre Amarela, extensiva a todos os bairros da cidade. Gabarito Questão 1: A Questão 2: E Questão 3: D 7 O descontentamento ligado a fatores econômicos e sociais fizeram com que a população do Rio de Janeiro se revoltasse contra o governo. Suas medidas de removerem as famílias para os centros urbanos ocasionaram uma revolta gigantesca na população carioca, por esta razão a resposta mais adequada a questão está ligada à fatores em ralação a Revolta da Vacina. Resumo Nesta apostila estudamos a Revolta da Vacina e a história do médico sanitarista Oswaldo Cruz, responsável pela política de saúde implementada pelo governo que será contestada pela população até a eclosão de revolta da vacina. Para além das questões de saúde a revolta da vacina está diretamente relacionada aos novos projetos urbanísticos que estavam sendo implementados na capital Rio de Janeiro, o famoso “bota-abaixo”. Esse cenário de obras impactou diretamente nas populações mais pobres que além de serem expulsos de suas residências viram o governo tornar a vacinação obrigatória, mas sem dar as melhores condições para que isso ocorresse. Tais fatores foram primordiais para o descontentamento e revolta da população. 8 Referências bibliográficas ANDREWS, George Reid. Negros e brancos em São Paulo (1888-1988). Bauru, 1998. CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República do Brasil. São PAULO: Companhia das Letras, 1990. ______________. Cidadania no Brasil. O longo caminho. 4ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. CASTRO, Daniel Santos de,- https://www.infoescola.com/biografias/oswaldo-cruz/- acessado em 29/04/19 às 12h48. COIMBRA, Raimundo Olavo. A bandeira do Brasil. 2ª ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1979. CARONE, Edgar. A República Velha. 3ª ed. São Paulo: Difel, 1975. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE, 1998. HOLANDA, Sergio Buarque de (Org). 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