Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 República do Café II Aula 17 5C História Como foi o governo Rodrigues Alves (1902-1906)? Rodrigues Alves, paulista e representante dos interesses dos cafeicultores, assumiu a presidência com a “casa” em or- dem. As finanças estavam equilibradas, graças aos esforços de Campos Sales, e a máquina política devidamente azeita- da, em face dos arranjos da Política dos Governadores. Uma das maiores preocupações do novo presidente era restaurar a Capital da República, o Rio de Janeiro. Era preciso transformar a capital em um cartão postal do país, dando-lhe um revestimento à altura dos novos tempos, ou seja, europeizando-a. O Rio de Janeiro da segunda metade do século XIX era como um bolo ao qual se adicionara fer- mento demais: crescera para todos os lados, desor- denadamente. E, nesta balbúrdia, sofriam todos. Os mais prejudicados, no entanto, eram os pobres trabalhadores. Com um sistema de transporte pre- cário, a solução mais comum para não perder as poucas oportunidades de trabalho, quase todas concentradas nas áreas centrais da cidade, era pro- curar habitação ao longo das ruas do coração da cidade. Ali, milhares e milhares de homens e mu- lheres disputavam, ombro a ombro, a parca, min- guada oportunidade de continuar vivendo. MEDEIROS, Daniel H. de. História e interação. Curitiba: Módulo, 1999. v. 4, p. 34 Cortiços onde se espremiam milhares de pessoas no centro do Rio. Ar qu iv o Ge ra l d a Ci da de d o Ri o de Ja ne iro , R io d e Ja ne iro As doenças, como varíola, peste bubônica e febre amarela, deixavam um rastro de morte que ia à casa dos milhares. As condições higiênicas da cidade eram precárias. Entre os imigrantes chegados ao Rio, calcula- -se que quatro quintos em pouco tempo sucum- biram à febre amarela. (...) E se no verão o porto e a cidade eram assolados pela febre amarela, no inverno havia a varíola (3 566 mortes em 1904). E ainda mais: além da cólera, a multiplicação de ratos ameaçava frequentemente com surtos de peste bubônica. COLEÇÃO Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1985. v. VI, p. 42 As doenças assolavam a capital do país. F un da çã o O sw al do C ru z/ Ca sa d e O sw al do C ru z, Ri o de Ja ne iro O Presidente entregou a tarefa da reurbanização ao prefeito Pereira Passos. O saneamento ficou por conta do sanitarista Osvaldo Cruz. Pereira Passos promoveu uma verdadeira “revolução” no centro da cidade, derrubando centenas de prédios e abrindo largas e arejadas avenidas. Além disso, foram 2 Extensivo Terceirão baixadas rigorosas normas de trânsito e de comércio no novo centro da cidade. Também o porto foi ampliado, devolvendo ao Rio a condição de porta de entrada e cartão de visitas do país. Elite e setores da classe média exultaram. Nem todos, porém, festejaram essas mudanças. A população pobre, que se viu forçosamente deslocada para a periferia, longe do trabalho, alijada da “nova cidade”, não demonstrou tanto entusiasmo. Não se pode esquecer que a política econômica de recuperação das finanças de Cam- pos Sales passava por atitudes que atingiam diretamente o dia a dia do trabalhador, ampliando o descontentamento. O Rio de Janeiro ficou lindo. Ar qu iv o Ge or ge E rm ak of f, Ri o de Ja ne iro Inauguração da fonte do Jardim da Glória, 1906. Ar qu iv o Ge ra l d a Ci da de d o Ri o de Ja ne iro , R io d e Ja ne iro Saiba também que não haviam ainda sido paci- ficadas todas as divergências políticas da Repúbli- ca: florianistas – conhecidos como jacobinos – e monarquistas aproveitaram-se de todo e qualquer tumulto para tentar desestabilizar o governo, aju- dando assim a aumentar a tensão na cidade. Enfim, a “cidade maravilhosa” escondia, por trás de suas realizações majestosas, um quadro de crise que esperava apenas um bom motivo para se manifestar com toda a força. O motivo foi a Campanha da Vacinação Obrigatória, realizada por Osvaldo Cruz para acabar com mais um surto de varíola na cidade. Por mais que a vacinação fosse conhecida no Brasil e tivesse dado resultados em outros países, a truculência com que o projeto foi executado, sem uma maior campanha de esclarecimento público, gerou uma revolta que balançou os alicerces do governo. No dia 10 de novembro, o descontentamento popular explodiu numa revolução. Por mais de uma semana, as ruas centrais da Capital Federal encheram-se de barricadas. Bondes foram incen- diados, lojas foram depredadas e saqueadas e postes de iluminação foram destruídos. E a Esco- la Militar da Praia Vermelha aliou-se ao povo (...) Os alunos saíram à rua, enquanto o prédio [da escola Militar] era bombardeado por navios fiéis ao governo. Morreram centenas de pessoas (...) COLEÇÃO Nosso Século. São Paulo: Abril Cultural, 1985. v. II, p. 54. Milhares de pessoas foram presas e tantas outras de- portadas para o Acre. A intervenção “feroz” do governo conteve a manifestação, mas não mudou a lição mais importante da Revolta da Vacina: a existência clara de dois Brasis, um de costas para o outro. Fu nd aç ão C as a de R ui B ar bo sa , R io d e Ja ne iro Charges da época revelam a oposição a Osvaldo Cruz. Ac er vo Ic on og ra ph ia Charge de Osvaldo Cruz Aula 17 3História 5C Raul Pederneiras. O Malho. 28.05.1904. Charge de 1904 mostra uma família desalojada pela “moderni- zação” do Rio. Dois outros importantes fatos marcaram o governo Rodrigues Alves: • A Questão Diplomática do Acre Com seus 143 mil quilômetros quadrados, o atual estado do Acre fazia parte do território boliviano, em- bora suas fronteiras com o Brasil nunca tivessem sido rigorosamente estabelecidas. A disputa pela região, no entanto, não envolveu ape- nas o “apetite” territorial do governo brasileiro. No final do século XIX, ocorreu, na região, o “boom” da borracha. A descoberta do processo de vulcanização do látex e a expansão da indústria automobilística tornaram este produto, abundante no Vale Amazônico, fonte de riquezas e disputas. Houve, em face disso, uma forte migração para o lugar, particularmente de cearenses fugidos das fortes secas. © Sh ut te rs to ck /F ili pe F ra za o Produção de borracha natural Em 1900, o governo americano firmou um acordo de exploração da borracha com a Bolívia, e uma empresa anglo-americana – a Bolivian Sindicate – recebeu uma concessão para se instalar no Acre. O governo boliviano pressionou os brasileiros que estavam alojados na região a abandonarem o território. Houve resistência. Os migrantes, sob a liderança do gaúcho Plácido de Castro, levantaram-se em armas e, adotando táticas de guerrilha, colocaram em xeque a dominação boliviana. Enquanto a luta prosseguia, o Barão do Rio Branco procurava resolver a questão diplomaticamente. Em 1903, foi acertado um acordo, por meio do Trata- do de Petrópolis. Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8ª. edição. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação. Ta lit a Ka th y Bo ra Questão do Acre M oz ar t. 20 08 . D ig ita l. O Barão do Rio Branco foi o mais longe- vo Ministro das Relações Exteriores da República e figura central na solução de importantes questões diplomáticas. Por este tratado, o Brasil se comprometia a pagar a quantia de 2 milhões de libras esterlinas pelo território do Acre, além de construir a estrada de ferro Madeira- -Mamoré. A companhia americana Bolivian Sindicate foi também indenizada. A construção da Madeira-Mamoré foi levada a cabo por uma empresa norte-americana. Os ata- ques dos índios e principalmente as doenças tropi- cais ceifaram a vida de milhares de trabalhadores. Inaugurada em 1911, a “estrada da morte”, como fi- cou conhecida, perdeu importância com o declínio da borracha – preterida pela produção da Malásia e do Ceilão –, já na segunda década do nosso século. 4 Extensivo Terceirão • O Convênio de Taubaté No final do seu governo, Rodrigues Alves enfrentou a primeira crise de superprodução de café. Alarmadoscom a situação, os produtores de São Paulo, Rio de Janei- ro e Minas Gerais reuniram-se em Taubaté, para discutir o que fazer. O preço do café caía à medida que sua produ- ção aumentava. Entre 1891 e 1900, a exportação de cerca de 74 milhões de sacas gerou uma receita de mais de 4,5 milhões de contos de réis. Já entre 1901 e 1910, embora a exportação fosse de mais de 130 milhões de sacas, a receita não ultrapas- sou os 4,2 milhões de contos de réis! MEDEIROS, Daniel H. de. História e interação. Curitiba: Módulo, 1999. v. 2, p. 145. Decidiram os cafeicultores que os governos estaduais interessados deveriam contrair empréstimos no exterior para adquirir parte da produção que excedia o consumo do mercado internacional. Desta forma, a oferta ficaria regulada e o preço poderia se manter. O governo federal garantia os empréstimos e seriam formados estoques de café com o excedente. Não é necessário dizer quem arcou com o ônus des- se aumento de despesas. Os jornais da época ironizaram o acordo com a seguinte expressão: A socialização dos prejuízos! Em 1906, seguindo o acordo da política do café com leite, foi eleito o mineiro Afonso Pena. Que fatos marcaram o governo de Afonso Pena (1906-1909)? Procurando fortalecer o poder central e diminuir a influência das oligarquias estaduais, Afonso Pena orga- nizou um ministério formado por jovens políticos, de- nominado de Jardim de Infância. Também no Congresso buscou aliar-se às novas lideranças, como o jovem Carlos Peixoto, de apenas 24 anos, que se tornou presidente da Câmara. Seu governo foi marcado por medidas de proteção ao café, estímulo à imigração, melhoria da rede ferroviária e apoio às forças armadas, que procurou moderni- zar e aparelhar, reorganizando os batalhões que existiam no país e incrementando o ensino militar. Em 1906, em Paris, Santos Dumont encantou o mun- do com o seu 14-Bis. Iniciava-se a era do “mais pesado que o ar”. © W ik im ed ia C om m on s 14 BIS Em 1907, Rui Barbosa participou da Conferência de Paz em Haia, com grande destaque, fato que o lançou novamente no “mapa” político nacional. Em 1909, Afonso Pena morreu. Assumiu o vice, o carioca Nilo Peçanha. Como foi a crise sucessória que marcou o governo Nilo Peçanha (1909-1910)? O curto governo de Nilo Peçanha não permitiu maiores ações administrativas. Ressalte-se, no entanto, a criação do Ministério da Agricultura e do Serviço de Proteção ao Índio, pelo então tenente-coronel Cândido Rondon, responsável por incorporar por meio de linhas telegráficas a vastidão amazônica ao resto do país. O principal aspecto do curto governo de Nilo Peçanha foi a crise política. Afonso Pena havia se envolvido em uma tumultuada tentativa de escolha de um candidato para a sua sucessão. Lançara inicialmente o nome do mineiro João Pinheiro, mas ele veio a falecer. Apresentou então o nome de seu ministro da Fazenda, David Capistrano, mas importantes líderes de Minas Gerais se opuseram a ele. Em uma manobra de bastidores bastante ousada, o poderoso senador gaúcho Pinheiro Machado, presidente da Comissão Verificadora de Poderes, lançou a candida- tura do militar gaúcho Hermes da Fonseca, Ministro da Guerra de Afonso Pena. Hermes era sobrinho do primeiro presidente do Brasil, Deodoro, e era visto pelos militares e setores da classe média como um novo Floriano Peixoto, único capaz de moralizar o país. Santos Dumont M us eu C as a de S an to s D um m on t/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Aula 17 5História 5C Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, Ri o de Ja ne iro Ac er vo Ic on og ra ph ia Pinheiro Machado e Hermes da Fonseca Curioso é que, apesar dessa imagem que inspirava enlevos moralizadores, o marechal era apoiado pelo que havia de mais conservador e elitista: os fazendeiros mineiros, várias oligarquias do Norte e Nordeste e ainda o chefe da máquina eleitoral, Pinheiro Machado. Afonso Pena se opôs a essa candidatura, mas ficou isolado. Deprimido, faleceu pouco tempo depois. O vice, Nilo Peçanha, tornou Her- mes da Fonseca candidato oficial. Insatisfeito com o rumo dos acontecimentos e alegando o acentuado teor militarista da campanha de Hermes, Rui Barbosa lançou a própria candidatura e iniciou a chamada Campanha Civilista. São Paulo, que havia fi- cado isolado no processo, apoiou a candidatura Rui e buscou garantir seu espaço político. Mas o apoio não foi consensual. Rompeu-se, pela primeira vez, a política do café com leite. As no- vas candidaturas, no entanto, não propuseram, em suas plataformas, mudanças muito substanciais, apesar de Rui Barbosa, ao buscar o apoio dos setores médios urbanos, ter proferido discursos pregando a moralização política e a reforma eleitoral, com a inclusão do voto secreto. Na hora da decisão, porém, valeram as forças dos arranjos eleitorais tradicionais. Venceu o candidato que controlava a maior parte da máquina, ou seja, Hermes da Fonseca. Em 1910, foi empossado o novo governo. Fu nd aç ão C as a de R ui B ar bo sa , R io d e Ja ne iro Rui Barbosa 6 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 17.01. (FUVEST – SP) – Décio Villares, A República (Museu Republicano, RJ, ca 1900) Produzida no contexto da implantação da ordem republicana no Brasil, esta imagem a) caracteriza representação cívica inspirada na Revolução Francesa, adequada ao projeto democrático estabelecido pelos republicanos brasileiros. b) faz uso alegórico de um tema clássico para expressar o repúdio à exclusão da participação feminina nas institui- ções políticas do Império. c) é uma alegoria da liberdade, da pátria e da nação, que con- trasta com os limites da cidadania na nova ordem brasileira. d) emprega símbolo católico como estratégia para obter a adesão da Igreja e diminuir a animosidade dos movimen- tos messiânicos. e) é expressão artística do projeto positivista de divulgar uma concepção da sociedade brasileira sintonizada com os ideais de eugenia. 17.02. (UECE) – Durante o período da República Velha no Brasil (1889-1930), uma prática que garantia os resultados eleitorais favoráveis aos candidatos que contavam com o apoio dos governantes era conhecida como a) Comissão de Verificação de Poderes, que garantia a eleição dos candidatos apoiados pela política dos governadores, através da ‘degola’ dos políticos opositores. b) Embargo de Candidatura, processo movido nos Tribunais Regionais Eleitorais que impedia a inscrição de chapas formadas por adversários políticos do governo. c) Voto de Cabresto, que era o domínio do voto dos operários e trabalhadores urbanos em geral através do controle das forças sindicais pelo Estado. d) Bipartidarismo, sistema que admitia apenas a existência de dois partidos políticos, um representante do governo, a ARENA e outro a oposição permitida, o MDB. 17.03. (UDESC) – Assinale (V) para as proposições que apresentam práticas políticas que caracterizaram o início da república, no Brasil, e (F) para as que não apresentam tais práticas. ( ) Coronelismo: sistema político baseado em acordos, em troca de favores e reconhecimentos. ( ) Mandonismo: consolidação do poder nas mãos das elites, que governavam graças às riquezas as quais controlavam. ( ) Clientelismo: Estratégia de cooptação de determina- dos segmentos sociais por meio da utilização de recur- sos pertencentes ao Estado. Assinale a alternativa correta, de cima para baixo. a) V – F – F d) F – V – F b) F – F – F e) F – F – V c) V – V – V 17.04. (UNESP – SP) – Entre as manifestações místicas presentes no Nordeste brasileiro no final do Império e nas primeiras décadas da República, identificam-se a) as pregações do Padre Ibiapina, relacionadas à defesa do protestantismo calvinista, e a literatura de cordel, que cantava os mitos e as lendas da região. b) o cangaço, que realizava saques a armazéns para roubar alimentos e distribuí-los aos famintos, e o coronelismo, com suaspráticas assistencialistas. c) a liderança do Padre Cícero, vinculada à dinâmica política tradicional da região, e o movimento de Canudos, com características de contestação social. d) a peregrinação de multidões a Juazeiro do Norte, para pedir graças aos padres milagreiros, e a liderança mes- siânica do fazendeiro pernambucano Delmiro Gouveia. e) a ação catequizadora de padres e bispos ligados à Igreja católica e a atuação do líder José Maria, que comandou a resistência na região do Contestado. Aperfeiçoamento 17.05. (UECE) – Iniciada em 3 de outubro de 1930, a chamada Revolução de 1930 transformaria o Brasil a partir dessa data. Sobre esse movimento, fundamental para que se tenha uma melhor compreensão do Brasil no século XX, é correto afirmar que a) se deu como uma ruptura do acordo das oligarquias de São Paulo e Rio Grande do Sul, chamado política do café com leite; a partir daí, o governador gaúcho Getúlio Vargas liderou a tomada de poder contra o governo do paulista Washington Luís. b) a indicação de João Pessoa para ser candidato a presiden- te, apoiado pelos paulistas, levou à ruptura do acordo das oligarquias e lançou gaúchos, mineiros e paraibanos em luta armada contra o governo de Washington Luís. Aula 17 7História 5C c) além da ruptura entre paulistas e mineiros, devido à indicação de Júlio Prestes pelos paulistas e sua vitória na campanha presidencial, havia insatisfação com o governo por parte dos tenentes e da população empobrecida pelos efeitos econômicos da crise de 1929. d) apesar de a Revolução de 1930 ter marcado a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, esse governo durou pouco tem- po, pois, não resistindo às pressões do cargo, o presidente cometeu suicídio após três anos e sete meses de governo. 17.06. (MACK – SP) – Cabo de enxada engrossa as mãos... Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas(...). Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso, a elei- ção vem aí e o alistamento rende a estima do patrão e a gente vira pessoa. Mário Palmério – Vila dos Confins O texto lembra o contexto político característico da República Velha, cujas origens, em parte, podem ser atribuídas, a) ao sistema eleitoral, baseado no voto censitário, usual- mente praticado desde os tempos do Império; b) ao domínio político das oligarquias e ao controle que elas exerciam sobre as massas rurais e urbanas que delas dependiam economicamente; c) ao Tenentismo, que apoiava o fisiologismo e a política de troca de favores instalada pelo regime oligárquico; d) a uma política sempre pacífica praticada pelos coronéis, que angariavam sólido apoio nas massas rurais; e) ao caráter não elitista do processo político, que atendia às reivindicações populares, ampliando a organização e a mobilização que elas tinham. 17.07. (IFPE) – TEXTO 1 LEI Nº 1.261, DE 31 DE OUTUBRO DE 1904 O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil: Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a lei seguinte: Art. 1º. A vaccinação e revaccinação contra a vario- la são obrigatorias em toda a Republica. [...] Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1900-1909/ lei-1261-31-outubro-1904-584180-publicacaooriginal-106938-pl.html>. Acesso em: 08 maio 2019 (ortografia original). TEXTO 2 [...] “O sr. dr. Oswaldo Cruz, director da Saúde Pública, ordenou que fossem submetidos a vaccinação todos os empregados da Saúde Pública, em número de trezentos. Parte dos empregados assumiu attitude hostil, declarando não se submetter à vaccinação. À vista disso, o dr. Oswaldo Cruz pediu providências à polícia, que logo compareceu ao local. A maioria dos empregados já se havia retirado, quando chegou a for- ça. Poucos se submetteram à vaccinação.” [...] Disponível em: <https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,estadao-mos- trou-disputas-politicas-que-insuflaram-a-revolta-da-vacina,12690,0.htm>. Acesso em: 08 maio 2019 (ortografia original). Os eventos descritos nos textos 1 e 2 culminaram com a chama- da Revolta da Vacina, ocorrida no Rio Janeiro, quando ainda era capital do Brasil, no início do século XX. A lei imposta pelo gover- no, contida no texto 1, e as atitudes tomadas pelos empregados da Saúde Pública, presentes no texto 2, são, respectivamente, a) um ato constitucional e uma guerrilha urbana. b) uma obra civilizatória e uma revolta confessional. c) uma ação higienista e uma prática de desobediência civil. d) uma política modernizadora e uma luta por direitos trabalhistas. e) uma atuação sanitária e uma organização de represen- tação classista. 17.08. (CEFET – MG) – Nas três primeiras décadas da república, o Brasil era um país tipicamente agrário. Calcula-se que cerca de 70% da população habitava o campo nesse período. A maioria dos trabalhadores não era proprietária de terra ou vivia da pequena lavoura de subsistência, não tendo acesso à assistência médica e à educação. Esse cenário desfavorável contribuiu de for- ma significativa para a eclosão de agitações sociais que ocorreram na zona rural durante a Primeira República. (BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2013. V. 3: Do avanço imperialista no século XIX aos dias atuais, cap.2: O Brasil na Primeira República, p. 29.) São exemplos de movimentos sociais rurais no período citado: a) Guerra de Canudos e Cangaço. b) Revolta Federalista e Revolta da Vacina. c) Ligas Camponesas e Revolta da Armada. d) Guerra do Contestado e Revolta da Chibata. 17.09. (PUC – RJ) – “Em que pese os centralistas, o ver- dadeiro público que forma a opinião e imprime direção ao sentimento nacional é o que está nos Estados. É de lá que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam, agitadas, as ruas da Capital Federal.” CAMPOS SALLES, Manuel Ferraz de. Da propaganda à presidência. Brasília: UNB, 1983, p. 127. Nessa passagem, o presidente Campos Salles (1898-1902) sintetiza a estrutura de funcionamento político formulada em seu governo para a Primeira República brasileira. Sobre essa estrutura, assinale a alternativa correta: a) O comando da política republicana estava exclusivamente nas mãos dos coronéis que controlavam os municípios de acordo com seus interesses particulares. b) A despeito dos acordos políticos inerentes ao pacto oli- gárquico, o livre exercício do voto e a participação eleitoral possibilitavam a constante alternância de poder. c) Os últimos anos foram marcados por diversas tensões e sérios conflitos como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista ocorrida no Rio Grande do Sul. d) Os debates e as articulações políticas na Capital Federal foram incentivados, valorizando-se, assim, um dos prin- cípios republicanos fundamentais. e) A concessão de verbas somada às interferências no pro- cesso eleitoral garantiam a perpetuação das oligarquias estaduais e seu apoio à política do governo federal. 8 Extensivo Terceirão 17.10. (UFU – MG) – “Por volta de 1880, os padrões de Haus- smann foram universalmente aclamados como verdadeiro modelo do urbanismo moderno. Como tal, logo passou a ser reproduzido em cidades de crescimento emergente, em todas as partes do mundo, de Santiago a Saigon.” BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da moder- nidade. São Paulo: Brasiliense, 1990, p.147. As reformas urbanas foram inspiradas no modelo parisiense a partir de fins do século XIX, influenciando, por exemplo, a inter- venção urbanística do prefeito Pereira Passos no Rio de Janeiro. Sobre tais reformas, é INCORRETO afirmar que a) as intervenções buscavam higienizar as cidades com a instalação de redes de esgoto e de água com o objetivo de prevenir epidemias. b) as ações urbanísticas modernizantes tinham por objetivo deslocar as massas incivilizadas para as periferias citadinas. c) o traçado sinuoso das antigas ruas e avenidas era mantido, visando à preservação das construções de valor histórico. d) o alargamento dasruas e das avenidas buscava ampliar a mobilidade e o controle policialesco, agilizando o des- locamento de tropas. Aprofundamento 17.11. (UFG – GO) – Leia o trecho do romance de Aluízio Azevedo, escrito em 1890. O zumzum chegava ao seu apogeu. A fábrica de massas italianas ali da vizinhança começou a traba- lhar, engrossando o barulho com seu arfar monótono de máquina a vapor. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras. “O CORTIÇO”. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004. p. 43. [Adaptado]. O autor consagrou uma visão da cidade do Rio de Janeiro, no momento em que se iniciava o governo republicano. Na Primeira República, o cortiço, como experiência urbana, indicava, a) o afastamento das moradias populares do centro da cidade, projeto das oligarquias republicanas; b) a difusão de valores presentes no mundo da fábrica, como disciplina e solidariedade; c) a ausência de privacidade, aproximando de forma intensa e conflituosa imigrantes e nacionais; d) a valorização das práticas sociais e culturais fundadas no associativismo; e) o abrandamento das tensões raciais entre aqueles que partilhavam o espaço de moradia. 17.12. (MACK – SP) – “Cabo de enxada engrossa as mãos – o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pe- sada, de sol a sol, nos campos e nos currais (...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa”. PALMÉRIO, Mário. Vila dos Confins. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1989. De acordo com a leitura do texto acima, considere as assertivas a seguir a respeito dos aspectos da República Velha no Brasil. I. O predomínio oligárquico, baseado na troca de favores entre as diversas instâncias do poder, visava, sobretudo, combater os focos de tensão social e oposição política, representados nas diversas formas de organização dos trabalhadores rurais nesse momento. II. A campanha eleitoral, empreendida pelos chefes políticos locais, pretendia atingir, principalmente, os trabalhadores urbanos já alfabetizados e menos embrutecidos pela “la- buta pesada”, uma vez que os da zona rural, intimidados pela violência física, acabavam por votar de acordo com a vontade dos “coronéis”. III. A transformação operada no trabalhador rural, na época das eleições, representava a marca de um sistema político baseado na força dos chefes locais sobre seus subordi- nados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os, somente nessa ocasião, dos trabalhos que “engrossavam as mãos”. Assinale a assertiva correta. a) I está correta, apenas. b) II está correta, apenas. c) III está correta, apenas. d) I e II estão corretas, apenas. e) I e III estão corretas, apenas. 17.13. (PUC – RJ) – “Tudo delira e todos nós estamos atacados de megalomania. De quando em quando, dá- -nos essa moléstia e nós esquecemos de obras vistas, de utilidade geral e social, para pensar só nesses arremedos parisienses, nessas fachadas e ilusões cenográficas. Não há casas, entretanto, queremos arrasar o morro do Cas- telo, tirando habitação de alguns milhares de pessoas.” “Megalomania”, Lima Barreto De acordo com essa crônica de 1920 sobre o projeto do prefeito Carlos Sampaio para a cidade do Rio de Janeiro, é INCORRETO afirmar que o autor: a) questiona no projeto elementos antidemocráticos e contrários ao princípio da igualdade social, os quais não correspondiam à concepção de República das elites da época. b) critica projetos de reforma urbana que não atendem aos interesses reais da maioria da população e promovem obras de caráter superficial no espaço. c) contesta a pretendida remodelação espacial, dentre outros motivos, pelo aumento da crise habitacional de- corrente da demolição de casas populares. d) combate o arrasamento do morro do Castelo, obra que continuava o processo de expulsão dos trabalhadores do Centro, observado na Reforma Passos. e) discorda da ideia de que o Rio de Janeiro deveria ser uma espécie de Paris tropical – observando-se que, na época, a capital francesa era um centro irradiador de novidades. Aula 17 9História 5C 17.14. (PUCCAMP – SP) – A composição da obra de Gra- ciliano Ramos resulta de um processo rigorosamente seletivo e subordinado essencialmente aos limites da experiência pessoal, notadamente sertaneja. Nos limites da paisagem rural, de estrutura bem característica, o fazendeiro é poderoso e único, por vezes o “coronel”, até que se enfraquece em consequência da desarticu- lação de todo um sistema de mandonismo tradicional, ou consequência de um drama pessoal, que nos parece ainda condicionado de qualquer forma pelo sentimento fatalista do homem regional. Adaptado de: CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da Lite- ratura Brasileira – Modernismo. 6. ed. Rio de Janeiro-São Paulo: Difel, 1977, p. 290. Durante a Primeira República, era chamado de “coronel”, em geral, o a) proprietário de terras que exercia forte poder local, con- trolando as eleições por meio de estratégias como fraudes e o chamado voto de cabresto. b) mandatário local que chefiava milícias armadas e agia politicamente segundo os interesses republicanos que configuravam a política do café com leite. c) fazendeiro que recebia essa patente dos marechais que se sucederam no poder, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, incumbido de garantir a ordem social na inexis- tência de uma Guarda Nacional. d) oligarca assim nomeado de acordo com a política dos gover- nadores, cuja função era o apadrinhamento de candidatos para garantir a vitória eleitoral do tenentismo no Sudeste. e) dono de terras situado no sertão nordestino ou no interior do Brasil, regiões então afetadas por intensos conflitos sociais, como o Cangaço e a Farroupilha. 17.15. (PUC – RJ) – Anda o povo acelerado Com horror à palmatória. Por causa dessa lambança da vacina obrigatória (...) Eu não vou nesse arrastão. Sem fazer o meu barulho Os doutores da Ciência Terão mesmo que ir no embrulho. Não embarco na canoa Que a vacina me persegue Vão meter ferro no boi. Ou no diabo que os carregue. “A Vacina Obrigatória”. In “Memória da Pharmácia”, disco Odeon Os versos apresentados se referem ao episódio conhecido como a Revolta da Vacina (Rio de Janeiro, 1904). Sobre este acontecimento, assinale a única afirmativa correta. a) O desconhecimento popular sobre os efeitos da vacina antivariólica, somado à imposição ilegal de sua obriga- toriedade, estimulou a insubordinação de vários grupos sociais, como militares e agentes sanitários. b) A revolta popular correspondeu a uma reação à lei de vacinação obrigatória contra a varíola, decretada pelo governo federal nos quadros da reforma urbana e sani- tária, que então ocorria na capital da República, a cidade do Rio de Janeiro. c) A população carioca rebelou-se contra o médico res- ponsável pela campanha sanitarista, Dr. Oswaldo Cruz, que realizou, além da vacinação obrigatória, a destruição de domicílios populares considerados insalubres – os cortiços. d) Grupos monarquistas contrários à modernização instau- rada pelo governo republicano, na qual se incluíam ações de saneamento da capital federal, iniciaram uma revolta militar, recebendo o apoio de segmentos populares. e) A abertura da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, ocasionou a demolição de diversas moradias populares, estimulando saques e motins e uma revolta de traba- lhadores urbanos que almejava derrubar o governo republicano. 17.16. (CESGRANRIO – RJ) – O governo Rodrigues Alves (1902 - 1906) foi responsável pelos processos de moder- nização e urbanização da Capital Federal – Rio de Janeiro. Coube ao prefeito Pereira Passos a urbanização da cidade e ao Dr. Oswaldo Cruz o saneamento, visando a combater principalmente a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Essa política de urbanização e saneamento público, apesar de necessária e modernizante, encontrouforte oposição junto à população pobre da cidade e à opinião pública porque: a) mudava o perfil da cidade e acabava com os altos índices de mortalidade infantil entre a população pobre; b) transformava o centro da cidade em área exclusivamente comercial e financeira e acabava com os infectos quios- ques; c) desabrigava milhares de famílias, em virtude da desa- propriação de suas residências, e obrigava a vacinação antivariólica; d) provocava o surgimento de novos bairros que receberiam, desde o início, energia elétrica e saneamento básico; e) implantava uma política habitacional e de saúde para as novas áreas de expansão urbana, em harmonia com o programa de ampliação dos transportes coletivos. 17.17. (UEL – PR) – Leia os textos I e II e responda à questão TEXTO I É preciso compreender que a vacinação é um objeto de difícil apreensão. Constituindo-se, na realidade, em um fenômeno de grande complexidade onde se associam e se entrecho- cam crenças e concepções políticas, científicas e cul- turais as mais variadas. A vacinação é também, pelas implicações socioculturais e morais que envolve, a re- sultante de processos históricos nos quais são tecidas múltiplas interações e onde concorrem representações antagônicas sobre o direito coletivo e o direito indivi- dual, sobre as relações entre Estado, sociedade, indiví- duos, empresas e países, sobre o direito à informação, sobre a ética e principalmente sobre a vida e a morte. Adaptado de: PORTO, A.; PONTE, C. F. Vacinas e campanhas: imagens de uma história a ser contada. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, vol. 10 (suplemento 2). p. 725-742. 2003. 10 Extensivo Terceirão TEXTO II O Malho. Revista 126. Rio de janeiro, 11 fev. 1905. No Brasil a vacina esteve no centro de um grande embate social no início do século XX, denominado Revolta da Vacina, ilustrado na charge acima. Sobre a Revolta da Vacina, é correto afirmar que foi: a) um movimento cuja base social eram os trabalhadores imigrantes pobres não reconhecidos pelo Estado bra- sileiro como portadores de direitos sociais e, portanto, excluídos da campanha de vacinação em massa proposta por Oswaldo Cruz; b) uma mobilização popular que reivindicava ao governo Rodrigues Alves políticas de saúde pública, em particular o combate a doenças como febre amarela, peste bubônica e varíola; c) deflagrada em razão dos altos custos financeiros dos medicamentos e das vacinas contra a varíola e a febre amarela, então acessíveis apenas às camadas sociais médias urbanas e às elites rurais; d) uma reação das classes populares a um conjunto de medidas sanitárias, entre as quais uma reforma urbana (eliminação de cortiços, construção de ruas e avenidas largas), realizada com truculência por funcionários do governo federal; e) uma iniciativa dos intelectuais positivistas brasileiros para os quais aquelas medidas de saúde pública, voltadas às camadas pobres da população, deveriam ser obrigatórias. 17.18. (UNICAMP – SP) – Em novembro de 1904, data da revolta, o trabalho de demolição das casas para abrir a avenida Central, executado por cerca de 1800 operários, terminara e 16 dos novos edifícios estavam sendo construídos. O eixo central da avenida fora inaugurado em 7 de setembro em meio a grandes festas, já com serviços de bondes e iluminação elétrica. A derrubada de cerca de 640 prédios rasgara, através da parte mais habitada da cidade, um corredor que ia da Prainha ao Passeio Público. Era como abrir o ventre da velha cidade. José Murilo de Carvalho, “Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi”. São Paulo, Companhia das Letras, 1987, p. 93. a) Que revolta, ocorrida no Rio de Janeiro, está mencionada no texto? b) Cite duas razões para a eclosão dessa revolta. c) Quais foram os objetivos da reforma urbana a que o texto se refere? Desafio 17.19. (ALBERT EINSTEIN – SP) – SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Oswaldo Cruz e o sanitarismo. Charge publicada na França em 1911. Disponível em: <http:// observatoriodasauderj.com.br/wp-content/uploads/2016/03/ oswaldo-cruz-x-febrte-amarela-charge.jpg. Acesso: 22/11/2017. Aula 17 11História 5C “Parece propósito firme do governo violentar a população desta capital por todos os meios e modos. Como não bastasse [...]a vacinação obrigatória, entendeu provocar essas arruaças que, há dois dias já, trazem em so- bressalto o povo. Desde ante-ontem que a polícia, numa ridícula exibição de força, provoca os transeuntes, ora os desafiando diretamente, ora agredindo-os, desde logo, com o chanfalho e com a pata de cavalo, ora, enfim, levantando proibições sobre determinadas pontos da cidade.” Correio da Manhã, 12 de novembro de 1904. Disponível em: http://www1.uol.com.br/rionosjornais/rj10.htm Disponível em: <http://portaldasaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/427-secretaria-svs/ vigilancia-de-a-a-z/febre-amarela/l1-febre-amarela/10771-vacinacao-febre-amarela>. Acesso: 07/11/2017. “Diante de antigas e novas emergências sanitárias, como febre amarela, dengue, zika e chikungunya, é inevitá- vel se questionar por que o Brasil parece patinar no combate ao Aedes aegypti e a doenças por ele transmitidas, a despeito dos êxitos obtidos pelos seus cientistas no início do século passado e dos avanços científicos e tecnoló- gicos que se sucederam desde então. Oswaldo Cruz morreu em 11 de fevereiro de 1917 sem testemunhar o surto [febre amarela] que se abateu sobre a cidade já em 1928. De lá para cá, a história tomou rumos que o sanitarista dificilmente suporia: cem anos após a sua morte, o Rio de Janeiro, já não mais sede do governo federal, vive novamente a apreensão de ter a febre amarela batendo a suas portas. Os paralelos com o passado indicam que o país parece ter ignorado algumas lições que poderia ter aprendido ao longo de sua história.” (FIOCRUZ, Legado, https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/legado, acesso em 15/11/2017 A partir dos textos e das imagens, situe os dois momentos e as respectivas políticas de saúde pública, tendo em vista a relação entre os poderes públicos e a população. 12 Extensivo Terceirão Gabarito 17.01. c 17.02. a 17.03. c 17.04. c 17.05. c 17.06. b 17.07. c 17.08. a 17.09. e 17.10. c 17.11. a 17.12. c 17.13. a 17.14. a 17.15. b 17.16. c 17.17. d 17.18. a) A Revolta da Vacina contra a vacina- ção obrigatória contra a varíola, insti- tuída por Osvaldo Cruz em 1904. b) A ignorância de boa parte da popu- lação quanto aos efeitos da vacina e a insatisfação popular em relação às políticas do governo federal, sobretu- do no Rio de Janeiro. c) A reurbanização e o saneamento da cidade do Rio de Janeiro. 17.19. Em 1905 ocorreu a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro. O presidente Rodrigues Alves, 1902-1906, o prefeito da cida- de do Rio de Janeiro Pereira Passos e o médico sanitarista Oswaldo Cruz foram os responsáveis pela modernização e hi- gienização da capital do Brasil, o Rio de Janeiro. O governo pagava a população para dizimar os ratos, transmissores de doenças, foi instituída a vacina obrigató- ria contra a varíola, uma vez que havia uma epidemia de várias doenças como febre amarela, peste negra, tuberculose, malária, etc. A população ficou indigna- da com a truculência praticada pelos agentes públicos de saúde. Em 1917, o Brasil viveu uma intensa epidemia de febre amarela e o governo lançou uma campanha de vacinação contra a do- ença. O Rio de Janeiro foi o 20º estado da União a receber as doses da vacina contra a febre amarela, epidemia que foi mais intensa nos estados litorâneos. 13História 5C História 5C República do Café III Aula 18 Quais os principais fatos que marcaram o governo Hermes da Fonseca (1910-1914)? Ar qu iv o Ge or ge E rm ak of f, Ri o de Ja ne iro João Cândido, à direita, lê o decreto de anistia. Rio de Janeiro, novembro de 1910. Diante da situação, o Congresso reuniu-se, concedendo uma anistia geral e extinguindo de vez as penas desumanas. Mas nem tudo foramrosas. A anistia durou pouco e vários líderes acabaram presos. Pouco depois, outra revolta na Ilha das Cobras foi duramente reprimida e, desta vez, muitos marinheiros foram fuzilados, enquanto outros pereceram asfixia- dos com cal virgem, jogada na água das masmorras da Ilha das Cobras. João Cândido, que a memória popular guardou como o Almirante Negro, acabou sobrevivendo a esses perigos e castigos, tornando-se um exemplo vivo e atuante das lutas e do descaso das autoridades do período. Revolta da Chibata O Rio de Janeiro foi palco de uma nova revolta que eclodiu na primeira semana do governo do novo presidente: a Revolta da Chibata. Passados mais de 20 anos após o fim da escravidão, os marinheiros bra- sileiros ainda viviam sujeitos a uma pena que havia sido símbolo daqueles tristes tempos: o açoite. Somem-se a isso as péssimas condições de trabalho e de alimentação, o que tornava essa profissão insuportável. Todo esse quadro de maus-tratos e repressão transformou-se em revolta, que eclodiu no dia 22 de novembro de 1910. Cerca de 2 400 marinheiros dos navios Minas Gerais, São Paulo, Barroso e Bahia, liderados pelo cabo João Cândido, ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, caso o Congresso não aprovasse uma lei abolindo a chibata. © W ik im ed ia C om m on s Revolta da Chibata. Marinheiros do navio Minas Gerais. Ao centro, João Cândido, ao lado de um jornalista. Rio de Janeiro, novembro de 1910. Dizia o manifesto dos rebeldes: Nós, marinheiros cidadãos brasileiros e republicanos, não podemos mais suportar a escravidão da Marinha brasileira (...). Achando-se todos os navios em nosso poder (...) mandamos esta honrada mensagem para que V. Ex a. faça aos marinheiros brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilitam (...) Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo (...) Tem V. Ex a. o prazo de 12 horas para mandar-nos resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada. 14 Extensivo Terceirão Início da Guerra do Contestado Na região contestada pelos estados do Paraná e de Santa Catarina, ocorreu, entre 1912 e 1916, um violento conflito camponês. O palco dessa luta compreendeu uma área de 48 mil quilômetros quadrados, rica em ervais na- tivos, e chamada de “área contestada”, pois era disputada na justiça pelos governos paranaense e catarinense. As razões do conflito ali desenrolado têm grandes semelhanças com a epopeia de Canudos: concentração de terras, miséria, presença de forte religiosidade, vio- lência, repressão. M ar ia ne F él ix R oc ha Contestado (1912 – 1916) Fonte: WACHOWICZ, Ruy C. História do Paraná. 6 ed. Curitiba: Vicentina, 1988. Adaptado. A área mais escura no mapa era disputada pelos governos para- naense e catarinense. Além dos latifúndios – havia pouca gente com muita terra e muita gente sem terra nenhuma –, a presença de companhias estrangeiras na região agravou ainda mais a situação de penúria dos camponeses. Extensas áreas devolutas (pertencentes ao governo) foram cedidas ao americano Percival Farquhar, proprietário da companhia responsável pela construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande. “Dono” das terras, Percival Farquhar expulsou os camponeses da região. Terminada a estrada de ferro, demitiu os operários que a construíram – cerca de oito mil – e estes ficaram sem ter como retornar aos seus locais de origem. De quebra, Percival adquiriu 180 mil hectares de terras em Santa Catarina, desalojou os sertanejos e cons- truiu uma enorme serraria, comprometendo o trabalho de centenas de pequenos e médios madeireiros, que não podiam concorrer com a empresa. E havia ainda os imigrantes, alojados pelo governo, que lhes cedeu terras, enquanto os sertanejos não tinham onde cair mortos! Sem expectativas e fortemente religiosos, os cam- poneses se agarravam a líderes místicos que, com suas pregações do fim do mundo e com suas promessas de salvação das almas, amealhavam multidões. Existiram vários desses líderes “milenaristas e mes- siânicos”. Foi José Maria D’Agostini, porém, na verdade Miguel Lucena Boaventura (um ex-soldado paranaense) quem atuou como principal agente catalisador do des- contentamento camponês. Em 1912, ocorreu o primeiro confronto entre os camponeses seguidores de José Maria e as tropas do governo. No conflito, morreram José Maria e o chefe das tropas do estado do Paraná, João Gualberto. A notícia chocou as “pessoas de bem” da capital paranaense. A luta contra os camponeses tornou-se, rapidamente, uma ação da “ordem e da civilização” contra “aquele bando de fanáticos e jagunços”. Co le çã o Pa ul o M or et ti Bando de jagunços e fanáticos em demonstração de poder ar- mado e animado por uma dupla de músicos. Nota-se a mistura étnica do grupo. Por sua vez, os camponeses passaram a acreditar na ressurreição de José Maria e, num clima de grande efervescência mística, criaram redutos e passaram a desafiar, com a sua presença próxima às fazendas, os latifundiários e as “autoridades”. O conflito assim se espalhou e se radicalizou. Adotando táticas de guerrilhas e guiados por um in- tenso fervor religioso, os pelados – como passaram a ser denominados os sertanejos – chegaram a controlar uma área de 28 mil quilômetros quadrados. O governo, por sua vez, mobilizou o Exército e até aviões foram usados para tentar localizar os redutos. Hermes da Fonseca decretou estado de sítio para tentar controlar a situação, no entanto o conflito só foi “pacificado” em 1916. Milhares de sertanejos morreram. Aula 18 15História 5C Política das Salvações Como Hermes da Fonseca foi eleito em face de uma cisão da política do café com leite e, portanto, não tinha intimidade com a estrutura que sustentava o andamento político do país, o general-presidente buscou criar, para si, uma base de apoio que viabilizasse o seu governo. Buscou então formar uma aliança com os militares seus amigos, com a população urbana e mesmo com as oligarquias menores. Além de diminuir a influência das oligarquias tradi- cionais, Hermes da Fonseca pretendia também anular a pressão exercida pelo padrinho da sua candidatura, o senador Pinheiro Machado, chefe do Partido Republica- no Conservador. D ED O C, E di to ra A br il, S ão P au lo Inoportuno e perigoso, Pinheiro Machado acabou sendo assassina- do, provavelmente a mando do pre- sidente Venceslau Brás, em 1915. O que o presidente fez foi o seguinte: promoveu intervenções federais em vários estados do Norte e do Nordeste, alegando a prática de corrupção nestes locais, controlados pelos “coronéis”. Foi o que se chamou de Política das Salvações. Tal salvacionismo defenestrou do poder oligarquias, como os Accioli, do Ceará, os Rosa e Silva, de Pernambuco, e os Malta, de Alagoas. A onda de revolta dos “coronéis” foi estupenda. E o governo Hermes acabou balançando, incapaz de segurar a força da reação conservadora. O enfrentamento mais intenso ocorreu no Ceará. Os grupos que apoiavam a família Accioli, liderados por Floro Bartolomeu e pelo chefe religioso Padre Cícero, orga- nizaram uma reação que ficou conhecida como a Sedição de Juazeiro. Essa revolta mobi- lizou milhares de sertanejos, fiéis a Padre Cícero, que os estimulou a avançarem contra as tropas do governo. A fúria dos sertanejos os levou às portas da capital e obrigou a fuga do interventor, o militar Franco Rabelo. Muitos sertanejos encontravam na função de jagunços a maneira de escapar da fome e da miséria. Os jagunços compunham o exército dos “coronéis”, garantindo a estes poder frente aos outros fazendeiros e servindo como elemento de “convencimento” perante as populações do interior. Nem todos os jagunços estavam vinculados diretamente a um coronel. Muitos formavam bandos independentes que aterrorizavam as cidades do interior do Nordeste. Eram os cangaceiros, cujos primeirosbandos surgiram no fim do século XIX. O maior nome do cangaço foi Lampião, que percorreu os sertões entre 1918 e 1938, quando foi morto em uma emboscada. Uma trovinha popular dá o tom adequado ao pensa- mento dos sertanejos em relação a Lampião: Ac er vo A ba fil m Lampião e Maria Bonita Era brabo, era malvado Virgulino, o Lampião Mas era, pra que negá, Nas fibras do coração O mais perfeito retrato Das caatingas do sertão. Em 1914, assume o mineiro Wenceslau Brás. Como foi seu governo? O principal fato que marcou o período de governo de Wenceslau Brás foi a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Na verdade, o Brasil manteve-se neutro neste conflito até 1917, quando, então, em face do afundamento do navio mercante brasileiro Paraná, rompeu relações diplomáticas com o Império Alemão. Em outubro de 1917, o Congresso Nacional declarou guerra aos alemães. © W ik im ed ia C om m on s Padre Cícero 16 Extensivo Terceirão Isto não quer dizer que o Brasil tenha mandado tropas para o front. A participação brasileira consistiu em operações de patrulhamento das águas africanas. Além disso, foi enviada à Europa uma missão mé- dica para contribuir no esforço de guerra e houve o alistamento volun- tário de muitos militares brasileiros que integraram as forças aliadas. A principal consequência desse conflito para o Brasil foi econômica. Em face da interrupção das impor- tações – principalmente inglesas –, por causa do conflito que se desen- rolava furiosamente na Europa, a indústria local precisou compensar essa interrupção no fluxo das im- portações. O resultado foi um novo surto industrial no Brasil, com o crescimento, principalmente, da indústria têxtil e alimentícia. O Estado, preocupado com a manutenção dos privilégios do setor agrário-exportador, não ajudou na consolidação do processo de industrialização, embora muitos cafeicultores tivessem investido no surto industrial com os lucros prove- nientes da venda de suas safras de café. Assim, apesar do im- pulso ocorrido, não podemos dizer que a industrialização do Brasil começou “para valer” nesse período. A presença da atividade indus- trial – apesar dos altos e baixos – já era uma realidade no Brasil desde a segunda metade do século passa- do. O desenvolvimento capitalista melhorou a infraestrutura das ci- dades, ampliou a população urba- na e incrementou um movimento operário. Disseminados por uma grande quantidade de pequenas fábricas, os operários brasileiros das primeiras décadas do século XX sofreram forte influência das ideias anarquistas, trazidas pelos imigrantes italianos e espanhóis: Aí está a origem do movimento operário no país. A mesma massa de imigrantes que trouxe consigo a experiência das fábricas trouxe, também, a memória das lutas sindicais e das ideologias, como o anar- cossindicalismo, que vai influenciar o movimento operário, pelo me- nos até a década de 20. Forjaram-se lideranças, jornais, agremiações, articularam-se greves, ativistas praticaram atos terroristas. A classe operária foi à luta. MEDEIROS, Daniel H. História e interação. Curitiba: Módulo, 1999, v. 2. p. 173. Matarazzo. Fábrica de óleo “Sol Levante” In dú st ria s R eu ni da s F ra nc isc o M at ar az zo , S ão P au lo Em 1906, foi criada a Confederação Operária Brasileira (COB). Em 1912, essa entidade já congregava quase 50 mil associados. Comício na praça da Sé durante a greve geral de 1917, SP. Ac er vo jo rn al A P le be Em 1917, reivindicando melhores condições de trabalho e aumento salarial – e influenciados pelas notícias da Revolução Russa – milhares de trabalhadores em São Paulo, e depois por várias capitais, entraram em greve. Apesar da violenta repressão policial, os grevistas sustentaram o movimento e conseguiram o atendimento de algumas de suas reivindicações: Aula 18 17História 5C O presidente do Estado e o prefeito de São Paulo prometeram, da parte do governo, fis- calizar as condições de trabalho de mulheres e menores, o preço e a qualidade dos gêneros ali- mentícios e libertar os operários presos. Os em- presários concederam 20% de aumento salarial e a promessa de não dispensar grevistas. No dia 15 de julho, em grandes comícios operários no Brás, Lapa e Ipiranga, a massa grevista aceitou o compromisso patronal, a partir da proposta de volta ao trabalho levada pelo Comitê de Defesa Proletária. HARDMAN, Foot; LEONARDI, Victor. História da indústria e do trabalho no Brasil. São Paulo: Ática, 1991. p. 281. Em 1917, foi homologada a chapa Rodrigues Alves – Delfim Moreira, que venceu facilmente a eleição. A política do café com leite mostrava sua força mais uma vez. Porém, a disseminação da gripe espanhola – que vitimou milhões de pessoas em todo o mundo e dezenas de milhares no Brasil – atingiu também o velho político paulista e pela segunda vez eleito presidente que, em janeiro de 1919, faleceu sem assumir o comando do país. Como determinava a Constituição, o vice, Delfim Moreira, marcou novas eleições. Ocorreu então o que ficou conhecido como a Questão Sucessória. Foi o seguinte: Nilo Peçanha, go- vernador do Rio de Janeiro, lançou a candidatura de Rui Barbosa e recebeu considerável apoio. Por sua vez, os oligarcas de São Paulo e Minas não se entenderam sobre o melhor nome para suceder Rodrigues Alves. Estava criado então o cenário para mais uma disputa, como a que se deu entre Hermes da Fonseca e o próprio Rui, em 1910. Desta vez, porém, paulistas e mi- neiros não chegaram a romper. Para evitar uma nova crise na política do café com leite, foi lan- çada a candidatura de consenso do paraibano Epitácio Pessoa. Então, percebam: apesar de paraibano, Epitácio foi o candidato oficial de São Paulo e Minas Gerais. A máquina eleitoral funcionou e Rui Barbosa, mais uma vez, amargou a derrota. Testes Assimilação 18.01. (UECE) – Relacione, corretamente, os movimentos sociais da Primeira República com suas respectivas descrições, nume- rando os parênteses abaixo de acordo com a seguinte indicação: 1. Cangaço 2. Canudos 3. Contestado 4. Revolta da Chibata ( ) Ocorrido no sertão da Bahia, sob liderança de um bea- to cearense, a comunidade por ele organizada foi des- truída após ser atacada pela quarta expedição militar que contava com cerca de 7 mil soldados. ( ) Iniciado no século XIX, esse movimento que durou até a década de 1940 era formado por homens arma- dos que agiam principalmente no nordeste brasileiro; alguns grupos atuavam sob mando dos poderosos e outros eram independentes. ( ) Rebelião dos marinheiros, em sua maioria negros e mestiços, contra os castigos corporais a que eram sub- metidos pelos oficiais, também reivindicavam melho- res salários e folgas semanais. ( ) Movimento liderado por beatos, ocorrido na região Sul do Brasil, e que teve como pano de fundo a disputa por território entre dois estados, o interesse de grandes companhias e o fanatismo religioso. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) 3, 1, 2, 4. c) 2, 1, 4, 3. b) 1, 3, 4, 2. d) 4, 3, 1, 2. 18.02. (FMP – RJ) – A respeito das propostas de regulamen- tação sobre o mercado de trabalho, no contexto da Primeira República, o historiador Luiz Werneck Vianna escreveu: Mais tarde, em 1917, quando o parlamento dis- cutir o projeto de Código do Trabalho proposto por Maurício Lacerda, retoma-se a linguagem da ortodo- xia, como no seguinte voto vencedor de Borges de Medeiros: “limitar as horas de trabalho diário de ho- mens e mulheres e vedar a labuta noturna de adultos do sexo feminino é regulamentar o exercício de pro- fissões e violar o artigo 72, parágrafo 24, da Consti- tuição Federal”. VIANNA, L. W. Liberalismo e sindicato no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989, p. 48. De acordo com o texto, a ortodoxia é uma referência à(ao) a) anarcossindicalismo b) liberalismo econômico c) herança escravista d) política desenvolvimentista e) ideologia trabalhista Epitácio Pessoa. Museu da República,GB. M us eu d a Re pú bl ic a/ Fo tó gr af o de sc on he ci do 18 Extensivo Terceirão 18.03. (ESPM – SP) – Cidade de fronteiras abertas. Assim se configurou São Paulo no início deste século: palco que se preparava para ser território sob domínio do capital. Em menos de 30 anos, São Paulo passa de cidade/entreposto comercial de pouca importância no país escravocrata para cidade-vanguarda da produção industrial. De 30 mil habitantes em 1870, São Paulo passará a abrigar em 1907, uma população de 286 mil habitantes. Por outro lado, esta explosão populacional foi acompanhada por enorme crescimento industrial. (Lúcio Kowarick. São Paulo Passado e Presente: as lutas sociais e a cidade) O enorme crescimento industrial mencionado no texto ocor- reu graças a estabelecimentos industriais, em sua maioria: a) navais, metalúrgicos, siderúrgicos e têxteis; b) têxteis, alimentícios, serrarias e cerâmicas; c) bélicos, alimentícios, metalúrgicos e siderúrgicos; d) automobilísticos, metalúrgicos, siderúrgicos e cerâmicas; e) serrarias, cerâmicas, automobilísticos, navais. 18.04. (UERJ) – memoria.bn.br No início da noite de 26 de janeiro de 1893, por ordem do prefeito do Distrito Federal, Cândido Barata Ribeiro, a polícia ocupou o mais célebre dos cortiços cariocas, conhecido como Cabeça de Porco, no centro da cidade. A estalagem, conjunto de casinhas onde viviam de 400 a 2000 pessoas, foi em seguida desocu- pada, sem que se desse aos moradores o tempo neces- sário para recolherem suas coisas. Em poucas horas, foi demolida. Não tardou para que a expressão “cabe- ça de porco” se impusesse como sinônimo de cortiço. Adaptado de projetomemoria.art.br. A ordem de desocupação e demolição do famoso cortiço em 1893, ironizada em capa de revista da época, represen- tou mudanças na ação do então prefeito com relação aos problemas sociais da cidade do Rio de Janeiro. Um desses problemas sociais e o objetivo dessa demolição estão indicados, respectivamente, em: a) deficit escolar – planificação da expansão urbana b) fluxo migratório – integração de novos logradouros c) criminalidade elevada – reordenação da ação repressora d) crescimento demográfico – erradicação de habitações populares Aperfeiçoamento 18.05. (UERJ) – Analise os textos a seguir. Miséria em revolta. Movimento grevista assu- me cada vez maiores proporções. Apresenta-se com aspecto cada vez mais alarman- te o movimento que começou no Cotonifício Crespi e se propagou a outras fábricas em número avultado. Não há como negar a justiça do movimento grevista. São suas causas inegáveis: salários baixos e vida carís- sima. Com elas coincide a época de ouro da indústria, que trabalha como nunca e tem lucros como jamais. Censuram-se as violências dos grevistas. Entretanto, no fundo, não se encontraria uma justificação para essa atitude? Pais de família que vivem sendo explorados pelos patrões, que veem os industriais fazendo-se mi- lionários à custa de seu suor e de sua miséria. Esses pais não podem ter a calma precisa para reclamar dentro de uma lei que não os protege, antes permite que o seu sangue seja sugado por vampiros insaciáveis. O Combate, 12/07/1917. Adaptado de memoria.bn.br. De greve em greve Ao longo da história republicana, vários movimen- tos sociais preferiram interpretação própria da mo- dernização, como expansão de direitos. E agiram para converter ideia em fato. São Paulo viu isso em 1917, quando assistiu a sua primeira greve geral. A cidade parou. Aderiram categorias em cascata, demandantes de melhoras salariais e de condições de trabalho. Ma- nifestantes daquele tempo se parecem mais com os de hoje do que se possa imaginar. A resposta das autori- dades de então também segue a moda. Em 1917, um jovem sapateiro espanhol foi baleado no estômago. Em 2017, um estudante teve a cabeça golpeada com um cassetete. O enterro do sapateiro virou a maior manifestação de protesto que os paulistanos tinham visto até então. Já na greve geral de abril de 2017, 35 milhões de pessoas pararam, segundo os sindicatos. Angela Alonso Adaptado de Folha de São Paulo, 07/05/2017. Aula 18 19História 5C As matérias jornalísticas referem-se a movimentos grevistas ocorridos no Brasil nos anos de 1917 e 2017, apresentando contextos diretamente associados aos conflitos entre capital e trabalho em área urbana. Tendo como base essas matérias, as principais semelhanças entre os dois contextos mencionados se relacionam aos seguintes fatores: a) precarização salarial e ampliação da regulação estatal b) aumento do desemprego e revisão de leis trabalhistas c) repressão policial e relevância das reivindicações popu- lares d) ilegalidade da ação sindical e desqualificação da mão de obra 18.06. (UDESC) – “Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o Presi- dente da República, eram eleitos por sufrágio universal, e, lá, como aqui, de há muito que os políticos práticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleito- ral esse elemento perturbador – o voto”. (Lima Barreto, Os bruzundangas.) Escrito em 1917, o livro Os bruzundangas corresponde a uma forte sátira da sociedade brasileira. Em relação ao trecho citado, é correto afirmar que Lima Barreto, por meio da ficção, refere-se: a) às lutas populares pelo direito ao voto. b) aos processos políticos que levaram ao fim do Império. c) à participação das mulheres nos processos políticos nacionais. d) às práticas políticas da Primeira República. e) à suspensão das eleições diretas para presidente da Re- pública durante o governo militar. 18.07. (IFBA) – Entre os anos de 1917 e 1919, trabalhadores urbanos de algumas cidades do Brasil proclamaram greves gerais, paralisando boa parte dos trabalhos urbanos. Esses eventos ficaram conhecidos como greves gerais de 1917. Sobre as greves gerais do início da República, podemos dizer que foi: a) Uma reação contra a desregulamentação do trabalho no pós-escravidão. b) A tentativa de partidos políticos, infiltrados entre os tra- balhadores e sindicatos, fazerem uma revolução social. c) Uma luta de influência anarcossindicalistas que, através de bandeiras econômicas e corporativas, evidenciou os limites da resolução das “questões sociais” no Brasil, tor- nando a greve uma insurreição mais do que econômica, corporativa. d) Um ato de solidariedade à Revolução Russa. e) Uma luta de imigrantes italianos, que trouxeram o anar- quismo para o Brasil no pós-Primeira Guerra Mundial, pela cidadania brasileira. 18.08. (FPP – PR) – Nas primeiras décadas do século XX, a utilização da dupla “higiene-eugenia” como promotora da saúde no Brasil foi recorrente no discurso de médicos e educadores. O novo panorama urbano dos grandes centros brasileiros, marcados nesse início de século pelo rápido crescimento e aumento populacional notável, criou uma demanda por soluções de caráter higiênico que permitissem um novo encaminhamento para as questões urbanas e sociais. JANZ JR., Dones Cláudio. O valor da eugenia: eugenia e higienismo no discurso médico curitibano no início do século XX. No início do século XX, no Brasil, a “demanda por soluções de caráter higiênico que permitissem um novo encaminha- mento para as questões urbanas e sociais” foi colocada em prática pelo governo federal em ações como a) a reurbanização da capital nacional com o melhoramento de medidas sanitárias, demolição de cortiços e desloca- mento de trabalhadores para vilas operárias. b) a demolição de cortiços e de alguns morros na cidade do Rio de Janeiro, além de campanhas de conscientização e de vacinação voluntária. c) a reforma da cidade do Rio de Janeiro inspirada em Paris, com o alargamento de ruas e aprimoramento do forne- cimento de água e esgoto. d) a obrigatoriedade da coleta de lixo pública, a vacinação opcional e a expansão da iluminação pública nas grandes cidades. e) o início do ensino de medidas sanitárias nas escolas públicas,a fiscalização das casas e dos cortiços na capital federal e multas para aqueles que não se enquadrassem na nova legislação. 18.09. (UFRGS) – Considerando a história social do Brasil durante a Primeira República, assinale a alternativa correta. a) A obrigatoriedade da vacinação contra a febre amarela foi o principal motivo para a deflagração do conflito entre as forças republicanas e os sertanejos que habitavam o arraial de Canudos, no interior da Bahia. b) O processo de modernização e de higienização dos espaços públicos da capital da República levou a um deslocamento das elites econômicas para os morros, zonas consideradas mais saudáveis e com vista privilegiada da cidade. c) A criação dos primeiros clubes de futebol caracterizou um importante movimento de integração social e racial no país, uma vez que todas as equipes eram formadas predominantemente pela população pobre e negra das periferias urbanas. d) A imigração europeia no Rio Grande do Sul e em São Paulo favoreceu a difusão de ideais políticos que marcaram o desenvolvimento do movimento operário brasileiro. e) O modernismo brasileiro caracterizou-se pelo afasta- mento da temática nacional, copiando valores sociais e estéticos europeus. 20 Extensivo Terceirão 18.10. (FATEC – SP) – Leia o texto. Assistimos ontem à entrada de cerca de 60 me- nores às 19 horas, na sua fábrica da Mooca. Essas crianças, entrando àquela hora, saem às 6 horas. Tra- balham, pois, 11 horas a fio, em serviço noturno, ape- nas com um descanso de 20 minutos, à meia-noite! O pior é que elas se queixam de que são espancadas pelo mestre de fiação. [...] Uma há com as orelhas feridas por continuados e violentos puxões. Trata-se de crianças de 12, 13 e 14 anos. Jornal O Combate, São Paulo, 4/09/1917. Apud CENPEC; Ensinar e aprender História. V.3: ficha 10, 1998. Considerando o contexto da industrialização de São Paulo, no início da Primeira República, assinale a alternativa correta. a) A legislação republicana estabeleceu a obrigatoriedade do trabalho infantil como forma de disciplinar e educar as crianças das famílias de baixa renda envolvidas em pequenos delitos. b) A participação do Brasil na Guerra Franco-Prussiana e a convocação militar dos homens obrigaram mulheres e crianças a ocupar seus postos de trabalho e a participar dos esforços de guerra. c) A Consolidação das Leis Trabalhistas, conjunto de leis de inspiração fascista promulgadas após a abolição da escravidão, preconizava o trabalho infantil como parte do programa de qualificação profissional. d) Os baixos salários pagos aos homens tornavam necessário o trabalho de mulheres e crianças das famílias operárias que, embora tivessem as mesmas obrigações que os homens, recebiam salários menores. e) Os sindicatos anarquistas, fundados por operários italianos recém-chegados ao Brasil, incentivavam a participação de crianças no mercado de trabalho com o objetivo de garantir a adesão precoce aos seus ideais. Aprofundamento 18.11. (UNICAMP – SP) – Em julho de 1917, convocou- -se, em São Paulo, uma greve geral, com adesão de 45.000 trabalhadores, para pedir aumento salarial. A greve se estendeu ao Rio de Janeiro e levou o governo a reforçar o aparato repressivo e decretar estado de sítio em 1918. Nos anos de 1917-1919, o Chile registrou o recrudescimento da agitação sindical. Mobilizavam-se com facilidade 100.000 trabalhadores, como durante as manifestações contra o custo dos alimentos em 1918 e 1919. A Argentina foi outro país que teve um movimento sindical poderoso. Entre 1917 e 1921, o movimento sindical conheceu seu apogeu. Apenas durante o ano de 1919, registraram-se 367 greves na capital Buenos Aires. (Adaptado de Olivier Dabène, América Latina no século XX. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003, p. 64-65.) Considerando o texto acima e seus conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa correta. a) Os movimentos grevistas foram espontâneos e apartidá- rios nos anos de 1910, rejeitando a infiltração ideológica das lideranças sindicais, de maioria marxista e comunista, pouco mobilizadoras no período. b) Os movimentos sindicais estavam em processo de fortale- cimento, entre outras razões, pela intensa ruralização dos países latino-americanos na década de 1900. c) O processo de fortalecimento dos movimentos sindicais enfrentou um forte aparato repressivo, nos anos de 1920, marcado pela colaboração entre os Estados latino- -americanos. d) Os movimentos sindicais latino-americanos apresenta- vam, em 1917, especificidades em relação aos da Europa quanto às pautas reivindicatórias dos trabalhadores. 18.12. (FAMERP – SP) – De 1889/1890, começo da Repú- blica, até 1930-1940 mais ou menos, a indústria e as cidades apresentaram determinadas características. A atividade industrial, sempre crescente, era con- duzida fundamentalmente no interior de empresas de pequeno e médio porte, ainda que as grandes fábricas existentes concentrassem o maior número de operá- rios e a maior quantidade de capital, sendo responsá- veis também pela maior parte da produção industrial. [...] Apenas a partir das décadas de 1940 e 1950 as indústrias de bens de consumo duráveis e bens de ca- pital desenvolveram-se de modo significativo. (Maria Auxiliadora Guzzo de Decca. Indústria e trabalho no Brasil, 1991.) O texto divide a industrialização brasileira em dois ciclos distintos. O primeiro deles caracteriza-se a) pelo esforço de atendimento à demanda externa provo- cada pela desindustrialização norte-americana durante a Primeira Guerra Mundial. b) pelo avanço maior da industrialização no Sudeste e no Nordeste, que dependeu de capitais deslocados da pro- dução de café e de cana. c) pela valorização da livre iniciativa empresarial, estimulada pelas campanhas industrialistas e de renúncia fiscal do governo brasileiro. d) pelo investimento prioritário na produção de aço, com o desenvolvimento de uma tecnologia industrial autônoma. e) pelo desenvolvimento maior das indústrias têxtil e alimen- tícia, com o prevalecimento de capital nacional. 18.13. (UDESC) – “A carestia do indispensável à sub- sistência do povo trabalhador tinha como aliada a insuficiência dos ganhos; a possibilidade normal de legítimas reivindicações de indispensáveis melhorias de situação esbarrava com a sistemática reação policial; as organizações dos trabalhadores eram constantemente assaltadas e impedidas de funcionar; os postos policiais superlotavam-se de operários, cujas residências eram invadidas e devassadas, qualquer tentativa de reunião de trabalhadores provocava a intervenção brutal da polícia Aula 18 21História 5C (...) O ambiente operário era de incertezas, de sobres- saltos e angústias. A situação tornava-se insustentável.” A citação é um relato de Edgar Leuenroth no jornal Estado de São Paulo, justificando a sua participação no movimento grevista de 1917. Conforme descreve Leuenroth, a condição operária gerou uma série de greves e mobilizações durante a primeira república. Sobre as reivindicações da classe operária, na segunda me- tade da década de 1910, analise as proposições. I. O operariado reivindicava a jornada de 8 horas de tra- balho. II. O operariado reivindicava o direito ao repouso semanal de 36 horas. III. O operariado reivindicava a proibição do trabalho de menores de 14 anos. IV. O operariado reivindicava a igualdade salarial para ho- mens e mulheres. a) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. b) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I, III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 18.14. (MACK – SP) – “Neutro durante boa parte dos três primeiros anos do conflito, uma posição alinhada com a do governo dos Estados Unidos, o Brasil entrou na guerra em 1917, usando como justificativa oficial os ataques de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros”. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/11/141110_brasil_guerra_fd. Acesso em 30.08.17 Sobre os efeitos da participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), analise as assertivas a seguir. I. Até então agroexportadora e dependente do mercado europeu, a economia brasileira foi diretamente afetada pelo conflito. Com a queda nas receitas da exportação de café, as elites agrárias perderam prestígio e legitimidade, em um lento processo que culminou com o golpe de Vargas, em 1930. II. A queda no poder de compra e o aumento do custo de vida aumentaram a insatisfação popular e fomentaram o fortalecimento da classe trabalhadora, incluindo o crescimento de movimentos sindicais. Como resultado, surgiram as primeiras grandes greves em 1917 e 1918. III. Houve, apesar das crises, alguns ganhos econômicos. Os distúrbios provocados pela guerra no mercado inter- nacional obrigaram o Brasil a prestar mais atenção à sua indústria, com destaque para a produção de substituição de importações. Entre 1912 e 1920, o número de traba- lhadores na indústria brasileira praticamente dobrou. É correto o que se afirma em a) I, apenas. c) I, II e III. e) II, apenas. b) I e II, apenas. d) II e III, apenas. 18.15. (UEPG – PR) – A industrialização no Brasil ocorreu tardiamente quando comparada ao mesmo processo na Europa. Por aqui, as primeiras indústrias vão aparecer a partir da metade do século XIX. Consequentemente, a formação de uma classe operária brasileira também foi um fenômeno tardio. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Até as décadas iniciais do século XX, a maior parte do operariado brasileiro era formado por imigrantes euro- peus, em especial italianos, ficando a maioria dos ne- gros saídos da escravidão à margem desse processo. 02) Sobretudo em São Paulo, foi muito comum a constru- ção de vilas operárias em áreas próximas as fábricas. Essa prática minimizava custos com relação ao trans- porte, mas, ao mesmo tempo, facilitava o controle dos patrões sobre os trabalhadores. 04) Durante os primeiros anos do século XX, foi muito co- mum os operários brasileiros formarem associações de trabalhadores, clubes, teatros, jornais, bandas e outras instituições e manifestações que os unificavam e os identificavam enquanto classe. 08) Diferente do que ocorreu no processo de formação da classe operária na Europa, no caso brasileiro, o nasci- mento do operariado veio acompanhado de uma am- pla legislação social que protegia, especialmente, mu- lheres e crianças das longas jornadas de trabalho. 16) A primeira greve geral dos trabalhadores no Brasil ocorreu ainda no século XIX e teve nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo o seu núcleo de irradiação. Influenciados pelo anarquismo, os grevistas pediam o fim da República e a instauração de uma nova ordem dominada pela classe operária. 18.16. (UEPG – PR) – País que manteve o regime de escra- vidão por quase quatro séculos, o Brasil viveu um acelerado processo de formação de uma classe operária entre o fim do século XIX e o início do século XX. Nesse contexto, a greve geral de 1917 foi um episódio de grande repercussão social e política e marcou a história da Primeira República brasileira. Sobre esse tema, assinale o que for correto. 01) A greve teve início em São Paulo e se espalhou por ou- tros estados como Rio de Janeiro e Paraná. 02) Proibição ao trabalho infantil, jornada de 8 horas diárias e aumento salarial foram algumas das pautas da greve de 1917. 04) A direção da greve contou com lideranças que defen- diam filosofias como o anarquismo e o socialismo, mui- tos eram imigrantes europeus. 08) A força policial paulista aderiu ao movimento grevista, fato que contribuiu para o seu fortalecimento, além de dificultar a sua repressão por parte do governo. 16) Não há registros sobre a participação de mulheres na greve. Tal fato se explica porque até esse momento as mulheres não eram contratadas para trabalhar nas in- dústrias brasileiras. 22 Extensivo Terceirão 18.17. (UEPG – PR) – Os dois maiores conflitos rurais da Primeira República, as Guerras de Canudos e do Contestado possuem várias semelhanças. Combatidas duramente pelo governo republicano, ambas acabaram com um saldo trági- co: a morte de aproximadamente 10 mil brasileiros. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Chamados de jagunços pelo escritor Euclides da Cunha, os seguidores de Antonio Conselheiro eram majoritariamen- te negros, mestiços, indígenas. Despossuídos, atingidos pela seca e submetidos ao poder do latifúndio e do coro- nelismo, viam no Conselheiro uma figura capaz de ofere- cer uma realidade melhor daquela a que estavam sujeitos. 02) Belo Monte, o maior dos arraiais em que se concentra- vam os sertanejos de Canudos, foi duramente atacado pelo Exército republicano. Em um desses ataques tom- bou morto Antonio Conselheiro. Mesmo assim, a resis- tência continuou até, praticamente, a morte de todos os habitantes do lugar. 04) No caso do Contestado, além da existência de um forte clamor religioso, é preciso considerar que a região era palco de uma disputa política entre Paraná e Santa Ca- tarina e de que haviam interesses econômicos por conta da existência de uma valiosa floresta de araucária nativa. 08) A Lumber Company, madeireira ligada ao mesmo grupo que construiu a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, era uma das maiores interessadas na expulsão dos camponeses da região do Contestado. O objetivo da madeireira era agilizar ao máximo o corte e o em- barque da madeira existente na região. 16) Figuras do catolicismo popular como os beatos, os monges, as virgens e os conselheiros eram comuns no interior do Brasil desde o período colonial. Tanto em Ca- nudos quanto no Contestado é possível encontrar tais personagens atuando de modo destacado nos conflitos. 18.18. (UFPR) – Considere a seguinte imagem: (Fotografia P&B. Domingo de julho de 1917. Operários em frente à Sociedade Protetora dos Operários. Acervo Casa da Memória, Curitiba.) Sobre a questão operária e a Greve Geral de 1917, mostrada na imagem, assinale a alternativa correta. a) O operariado brasileiro era composto majoritariamente por homens maiores de 21 anos, uma vez que o trabalho infantil e o feminino haviam sido abolidos após os confli- tos da Revolta da Vacina. b) As greves gerais no Brasil tiveram relativa aderência popular, uma vez que o povo brasileiro primava por manter a ordem e evitar o que os governantes chamavam de “excessos”. c) Durante a Primeira República, a frase “a questão social é um caso de polícia” tornou-se um mote da ação do gover- no; afinal, ela resumia a preocupação das elites políticas com o descaso com que eram tratados os trabalhadores. d) Existem diversos debates na História que discutem as tendências políticas dos participantes e, principalmente, das lideranças da greve de 1917, mas é comum defini-la como uma greve de tendências anarcossindicais. e) A participação do Partido Comunista brasileiro foi fun- damental na articulação dos trabalhadores no ano de 1917. Sem essa instituição, não seria possível organizar um movimento em nível nacional. Desafio 18.19. (UFSC) – Nós somos a geração do deserto! Como a nação dos judeus nós estamos neste deserto, em busca da Terra Prometida. Faz quase quatro anos que nós declara- mos a Guerra Santa e estamos lutando para conquistar a nossa terra. Muita gente tem morrido, e os seus ossos estão apodrecendo nos descampados. Mas a Guerra Santa tem que continuar, porque nós somos a geração do deserto, os que devem ser sacrificados. A nossa geração tem que vencer esta guerra, nem que todos tenham que morrer. No tempo de Moisés ele também guiou o povo pelo deserto, e toda a geração velha morreu. Mas os que nasceram no deserto chegaram à Terra de Canaã, prometida por Deus. São José Maria também prometeu que o nosso povo ia ter uma terra. Este Contestado é um país enorme, do qual todos terão o seu pedaço. Mas para isso temos que lutar! SASSI, Guido Wilmar.
Compartilhar