Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta ILPF Davi José Bungenstab Roberto Giolo de Almeida Valdemir Antônio Laura Luiz Carlos Balbino André Dominghetti Ferreira Editores técnicos Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Gado de Corte Embrapa Amazônia Oriental Embrapa Acre Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Embrapa Brasília, DF 2019 ILPF inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta Davi José Bungenstab Roberto Giolo de Almeida Valdemir Antônio Laura Luiz Carlos Balbino André Dominghetti Ferreira Editores técnicos Embrapa Gado de Corte Av. Rádio Maia, 830, Zona Rural CEP 79106-550 Campo Grande, MS Fone: (67) 3368-2000 Fax: (67) 3368-2150 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac Unidade responsável pelo conteúdo Embrapa Gado de Corte Comitê Local de Publicações Presidente Thais Basso Amaral Secretário-executivo Rodrigo Carvalho Alva Membros Alexandre Romeiro de Araújo Andréa Alves do Egito Liana Jank, Lucimara Chiari Marcelo Castro Pereira, Mariane de Mendonça Vilela Rodiney de Arruda Mauro, Wilson Werner Koller Embrapa Acre Rodovia BR-364, Km 14 Caixa Postal: 321 CEP 69900-970 Rio Branco, AC Fone: (68) 3212-3200 Fax: (68) 3212-3284 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac Embrapa Amazônia Oriental Tv. Dr. Enéas Pinheiro, s/n CEP 66095-903 Belém, PA Fone: (91) 3204-1000 www.embrapa.br www.embrapa.br/fale-conosco/sac Unidades responsáveis pela edição Embrapa Gado de Corte Embrapa Acre Embrapa Amazônia Oriental Supervisão editorial Rodrigo Carvalho Alva Revisão de texto Davi José Bungenstab Normalização bibliográfica Andréa Liliane Pereira da Silva Renata do Carmo Franca Seabra Projeto gráfico, capa, tratamento de ilustrações e fotografias e editoração eletrônica Vitor Trindade Lôbo Foto da capa Paulino Gauna Gomes 1ª edição Publicação digitalizada (2019) Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610). Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Embrapa Gado de Corte ILPF : inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta / Davi José Bungenstab ... [et al.], editores técnicos. ¬– Brasília, DF : Embrapa, 2019. PDF (835 p.) : il. color. ISBN 978-85-7035-922-3 1. Agricultura sustentável. 2. Agrossilvicultura. 3. Diversificação de cultura. 4. Mudanças climáticas. 5. Planejamento agrícola. I. Almeida, Roberto Giolo de. II. Laura, Valdemir Antônio. III. Balbino, Luiz Carlos. IV. Ferreira, André Dominghetti. V. Embrapa Gado de Corte. VI. Embrapa Amazônia Oriental. VII. Embrapa Acre. VIII. Título. CDD (23. ed.) 633.2 © Embrapa, 2019Rejane Maria de Oliveira (CRB 1/2913) Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na O conteúdo dos capítulos, assim como as terminologias técnicas e nomes científicos utilizados são de responsabilidade dos respectivos autores. Autores Davi José Bungenstab (Editor técnico) Médico Veterinário, doutor em Ciências Agrárias e Meio Ambiente. Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Roberto Giolo de Almeida (Editor técnico) Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS Valdemir Antônio Laura (Editor técnico) Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia. Pesquisador Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Luiz Carlos Balbino (Editor Técnico) Engenheiro agrônomo, Ph.D. em Diversidade Biológica e Adaptação de Plantas Cultivadas, Analista da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF André Dominghetti Ferreira (Editor técnico) Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Café, Lavras, MG. Ademar Pereira Serra Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, analista A da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Ademir Hugo Zimmer Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Admar Junior Coleti Doutor em Agronomia, Professor Assistente A da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Campus de Sinop/MT. Adolfo Rosati Técnico agrário, PhD em Produção Vegetal, Pesquisador Sênior do “Council for Agricultural Research and Agricultural Economic Analysis (CREA)”, Itália Alex da Silva Agroecólogo, Mestre em Produção Vegetal, técnico da Fazenda Santa Brígida, Ipameri, GO. Alex Marcel Melotto Biólogo. Doutor em Agronomia. Pesquisador e Diretor Executivo da fundação MS para pesquisa e difusão de tecnologias agropecuárias em Maracaju-MS. Alexandre Costa Varella Engenheiro agrônomo, Ph.D. em Forrageiras, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Bagé, RS Alexandre Magno Brighenti dos Santos Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Alexandre Romeiro de Araújo Engenheiro agrônomo, doutor em Ciências do Solo. Pesquisador Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Aline Barros da Silva Zootecnista, Doutoranda em zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Sinop, MT Alvadi Antonio Balbinot Junior Engenheiro agrônomo, doutor em Produção Vegetal, pesquisador da Embrapa Soja, Londrina, PR Álvaro Vilela de Resende Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG. Anábio Aparecido Ribeiro Técnico em Agropecuária, Gerente de produção da Fazenda Santa Brígida, Ipameri, GO Anastasia Pantera Engenheira Florestal, Ph.D. em sistemas agroflorestais, Professora da Universidade Agrícola de Atenas, Atenas, Grécia. Anderson Lange Engenheiro agrônomo, doutor em Ciências, Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop, MT André Júlio do Amaral Engenheiro agrônomo, doutor em Ciências do Solo, Pesquisador da Embrapa Solos, Rio de Janeiro, RJ. André Michel de Castilhos Zootecnista, mestre em Zootecnia, zootecnista do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnista – UNESP, Jaboticabal, SP. Andréia Ferreira Machado Médica Veterinária, mestranda na Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Antonio Cesar Pacheco Formighieri Produtor Rural, expert em ILP no Arenito do Paraná Armindo Neivo Kichel (in memoriam) Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, foi pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS Artur Henrique Leite Falcette Graduado e MBA em Gestão o Agronegócio, Diretor Executivo da Sapé Agro e sócio-fundador da Infield Consultoria, Campo Grande,MS. Arystides Resende Silva Engenheiro florestal, doutor em Agronomia, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA. Aziz Galvão da Silva Júnior Engenheiro agrônomo, doutor em Administração Rural, professor associado da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Balbino Antônio Evangelista Geógrafo, doutor em Engenharia Agrícola, Analista da Embrapa Pesca e Aquicultura, Palmas, TO. Camilo Carromeu Cientista da computação. Mestre em Engenharia de Software. Analista de Tecnologia da Informação da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Carlos Alexandre Costa Crusciol Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, Professor Titular da FCA/UNESP, Botucatu, SP. Carlos Augusto de Miranda Gomide Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Carlos Eugênio Martins Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Carolina Della Giustina Engenheira agrônoma, mestre em Zootecnia, pós-graduanda da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Célia Maria Braga Calandrini de Azevedo Engenheira agrônoma, doutora em Ciências Agrária, Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA. Célia Regina Grego Engenheira agrônoma. Doutora em Agronomia. Pesquisadora da Embrapa Informática Agropecuária, Campinas, SP. Cesare Zanasi Zootecnista, doutor em Economia e Política Agrária, Professor associado da Universidade de Bolonha, Itália. Ciniro Costa Zootecnista, doutor em Zootecnia, Professor Titular da Universidade Estadual Paulista Júliode Mesquita Filho, Botucatu, SP Cláudio França Barbosa Zootecnista, mestre em Ciências Veterinárias. Analista A da Embrapa Pegelsosca, Aquicultura e Sistemas Agrícolas, Palmas, TO. Claudio Ramalho Townsend (in memoriam) Zootecnista, doutor em Zootecnia, ex-pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas,RS. Cleber Oliveira Soares Médico Veterinário, doutor em Ciências Veterinárias, Diretor Executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Brasilia, DF. Cosimo Rota Economista, Ph.D. em Política e Economia Agrícola, pesquisador associado da Universidade de Bolonha, Itália. Cristiano Magalhães Pariz Zootecnista, doutor em Zootecnia, membro do Integrated Crop-Livestock Systems Network of the Global Research Alliance. Daniel de Castro Victoria Engenheiro agrônomo, doutor em Ciências. Pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Campinas, SP. Débora Menani Heid Engenheira Agrônoma, Doutora em Agronomia. Consultora em Sistemas Integrados de Produção, manejo sustentabilidade do solo. Denise Barros de Azevedo Engenheira agrônoma, doutora em agronegócios, professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS. Diógenes Manoel Pedroza de Azevedo Engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia com ênfase em Fitotecnia. Pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI. Domingos Sávio Campos Paciullo Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Édson Luis Bolfe Engenheiro floresta, doutor em Geografia. Pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Campinas, SP. Eduardo Delgado Assad Engenheiro agrícola, doutor em Hidrologia e Matemática, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Campinas, SP Elaine Reis Pinheiro Lourente Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia, Professora Associada da Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS. Eliane Mattos Piranda Médica Veterinária, doutora em Ciências Veterinárias. Professora Adjunta da UFMS/ Centro de Biociências na área de parasitologia, Campo Grande, MS. Elisandra Solange Oliveira Bortolon Engenheira agrônoma, doutora em Ciência do Solo. Pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa em Pesca, Aquicultura e Sistemas Agrícolas Palmas, TO. Elton Bock Correa Médico Veterinário, professor do Centro Universitário da Grande Dourados, Unigran, Dourados, MS. Emerson Borghi Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete lagoas, MG Erick Martins Nieri Engenheiro florestal, doutorando em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. Érika Regina de Oliveira Carvalho Engenheira agrônoma, Especialista em Extensão Rural, Gerente Regional em Sete Lagoas da Emater-MG, Sete Lagoas, MG. Fabiana Villa Alves Zootecnista, doutora em Ciência Animal e Pastagens, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Fausto de Souza Sobrinho Engenheiro agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Fernanda de Carvalho Engenheira Florestal, Doutoranda em Engenharia Florestal junto ao Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. Fernando Alvarenga Reis Zootecnista, mestre em Zootecnia, Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos lotado na Embrapa Gado de Corte em Campo Grande, MS. Fernando Falco Pruski Engenheiro Agrícola, doutor em engenharia agrícola, Professor titular da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG Fernando Miranda de Vargas Junior Zootecnista, Doutorado em Zootecnia, Professor Adjunto IV da Faculdade de Ciência Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados, MS Fernando Paim Costa Engenheiro agrônomo, doutor em Administração Rural/Sistemas Agrícolas. Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Flávia Araújo Matos Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia, Supervisora de Estágio do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio da E.E. Antonio Vicente Azambuja, Dourados, MS. Flávio Jesus Wruck Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO Folkard Asch Biólogo, Doutor em Fisiologia Vegetal, Professor da Universidade de Hohenheim, Alemanha. Frederico José Evangelista Botelho Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, analista da Embrapa Rondônia, Porto Velho, RO Gelson Luis Dias Feijó Médico Veterinário, doutor em Melhoramento e Genética Animal, Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Geraldo Augusto de Melo Filho Engenheiro agrônomo, mestre em Economia Aplicada. Pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Geraldo Magela Cortes Carvalho Zootecnista, doutor em Ciência Animal. Pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI. Gerardo Moreno Biólogo, Doutor in Biologia, Professor da Universidad de Extremadura, Plasencia, Spanha. Gladys Beatriz Martínez Engenheira agrícola, doutora em Ciências Agrárias, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA Guilherme Cunha Malafaia Administrador, doutor em agronegócios, Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Helio Tonini Engenheiro florestal, doutor em Engenharia Florestal, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop, MT Henrique Debiasi Engenheiro agrônomo, doutor em Ciência do Solo, pesquisador da Embrapa Soja, Londrina, PR Horst-Jürgen Schwartz Engenheiro agrônomo, doutor em Agricultura, Professor emérito da Humboldt-Universität zu Berlin, Berlin, Alemanha. Ivenio Rubens de Oliveira Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG. Ivo Martins Cezar (in memoriam) Engenheiro agrônomo, Doutor em Ciências, ex-pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Jamir Luís Silva da Silva Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS João Batista Catto Médico Veterinário, doutor em Ciências Veterinárias. Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. João Carlos De Saibro Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, professor colaborador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. João Kluthcouski Engenheiro agrônomo, Doutor em Solos e Nutrição de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz, Santo Antonio de Goiás, GO Joaquim Bezerra Costa Zootecnista, doutor em Produção Animal, pesquisador da Embrapa Cocais, São Luis, MA Jorge Lulu Engenheiro agrícola, doutor em Física do Ambiente Agrícola, Pesquisador Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop,MT. Jorge Ribaski Engenheiro florestal, doutor em Engenharia Florestal, pesquisador da Embrapa Florestas, Colombo, PR José Alexandre Agiova da Costa Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia. Pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos José Carlos Machado Pimentel Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, Pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE. José Henrique de Albuquerque Rangel Engenheiro agrônomo, Ph.D, em Agricultura Tropical, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE José Mário Ferro Frazão Engenheiro agrônomo, mestre em Agroecologia. Pesquisador da Embrapa Cocais, São Luís, MA. Judson Ferreira Valentim Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, Pesquisador Embrapa Acre, Rio Branco, AC. Juliana Dias Bernardes Gil Gestora Ambiental, doutora em Segurança Alimentar Global, pós doutoranda na Universidade de Wageningen, Holanda. Julio Cezar Franchini dos Santos Engenheiro agrônomo, doutor em Ciências, pesquisador da Embrapa Soja, Londrina, PR Karina Pulrolnik Engenheira florestal, doutora em Solos e Nutrição de Plantas, pesquisadora da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF Ladislau Araújo Skorupa Engenheiro florestal, doutor em Ciências Biológicas, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP Laíse da Silveira Pontes Engenheira Agrônoma, doutora em Ciências, Pesquisadora no Instituto Agronômico do Paraná-IAPAR, Londrina, PR. Leandro Cezar Teixeira Produtor rural, Umuarama, PR Leonardo Henrique Ferreira CalsavaraAdministrador, mestre em Bioengenharia, extensionista agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, Coronel Xavier Chaves, MG Lineu Neiva Rodrigues Engenheiro Agrícola, doutor em Engenharia Agrícola, Pesquisador Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. Lourival Vilela Engenheiro agrônomo, mestre em Ciência do Solo, pesquisador da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF Luciene Pires Teixeira Economista, Doutora em Ciências econômicas, economista no HC UFMG - Filial Ebserh, Belo Horizonte, MG Lucieta Guerreiro Martorano Meteorologista, doutora em fitotecnia, Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA. Luis Alfonso Giraldo Valderrama Zootecnista, doutor em Produção e Nutrição de Ruminantes, Professor Titular da Universidade Nacional da Colombia Sede Medellín, Colômbia. Luis Armando Zago Machado Engenheiro agrônomo, mestre em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS Luiz Adriano Maia Cordeiro Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF Luiz Eduardo Vicente Geógrafo, doutor em Geografia, Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP. Luiz Orcírio Fialho de Oliveira Engenheiro agrônomo e Médico Veterinário, doutor em Ciência Animal, Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Manuel Cláudio Motta Macedo Engenheiro agrônomo, Ph.D. em Ciência do Solo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS Marcelo Dias Müller Engenheiro florestal, doutor em Ciência Florestal, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Marcílio Nilton Lopes da Frota Médico Veterinário, doutor em Zootecnia. Analista da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI. Marcos José de Almeida Matias Administrador, doutor em Administração de Organizações, Professor Contratado na Universidade Estadual do Tocantins, Palmas, TO. Marcos Lopes Teixeira Neto Engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia, analista da Embrapa Meio Norte, Teresina, PI Marcus Giese Biólogo, Doutor em Ciências Agrárias, Docente da Universidade de Hohenheim, Alemanha. Maria Celuta Machado Viana Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia, pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Sete Lagoas, MG. Maria Izabel Radomski Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia, pesquisadora da Embrapa Florestas, Colombo, PR Maria Luiza Franceschi Nicodemo Zootecnista, doutora em Agricultura, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP María Rosa Mosquera Losada Bióloga, PhD em Ciências Biológicas, Professora da Universidade de Santiago de Compostela, Espanha. Mariana de Aragão Pereira Zootecnista, Ph.D. em Gestão Agrícola, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS., Campo Grande, MS Mariana Pereira Zootecnista, mestre em Ciência Animal, doutoranda da Universidade de Hohenheim, Hohenheim, Alemanha. Marina Castro Zootecnista, Doutora em Ciências- especialidade ecologia. Professora no Instituto Politécnico de Bragança Mateus Batistella Biólogo, doutor em Ciências Ambientais. Pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Campinas, SP. Maurel Behling Engenheiro agrônomo, Doutor em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas), pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop, MT Melissa Batista Maia Bióloga, Doutora em Genética e Biotecnologia aplicada ao Melhoramento Genético e Produção de Sementes, colaboradora da Embrapa Pecuária Sul e UFPel, Bagé, RS. Miguel Marques Gontijo Neto Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG Mirton José Frota Morenz Zootecnista, doutor em Ciência Animal, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Monica Matoso Campanha Engenheira Agrônoma, Doutora em Fitotecnia, Pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG Natália Andressa Salles Engenheira Agrônoma, mestre em Agronomia, assistente técnica da Dow Agrosciences, Dourados, MS. Nelson Venturin Engenheiro Florestal, doutor em Ciências do Solo, Professor Titular Aposentado da Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG Nivaldo Karvatte Junior Zootecnista, Doutor em Produção Animal, Pós-Doutorando em Ciências Agrárias na Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Odo Primavesi Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas, Omar Daniel (in memoriam) Engenheiro Florestal, doutor em Ciência Florestal, foi Professor Titular em Silvicultura da UFGD/ FCA, Dourados, MS. Paula de Almeida Barbosa Miranda Médica veterinária, mestre em Zootecnia. Analista A da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Paulino José Melo Andrade Engenheiro agrônomo, mestre em Fitopatologia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Paulo Campos Christo Fernandes Médico Veterinário, doutor em Ciência Animal, Pesquisador da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF. Paulo Henrique Duarte Cançado Médico veterinário, doutor em Ciências. Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Paulo Henrique Nogueira Biscola Administrador, mestre em Administração de Empresas. Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Paulo Roberto de Lima Meirelles Zootecnista, doutor em zootecnia, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP, Botucatu, SP. Priscila de Oliveira Engenheira-agrônoma, doutora em Ciências (Fitotecnia), pesquisadora da Embrapa Cerrados, Planaltina, DF Rachael Devorah Garrett Cientista social, Ph.D. em ciências sociais, professora assistente da Universidade de Boston, EUA. Rafael Pelloso de Carvalho Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, Dourados, MS. Raimundo Bezerra de Araújo Neto Engenheiro agrônomo, mestre em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Meio Norte, Teresina, PI Ramon Costa Alvarenga Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas), pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG Raphael Augusto de Castro e Melo Engenheiro-agrônomo, Mestre em produção vegetal, Pesquisador da Embrapa Hortaliças Raquel Santiago Barro Engenheira agrônoma, doutora em Zootecnia, Professora Adjunta na Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Regis Pereira Venturin Engenheiro Agrônomo, mestre em Agronomia, Pesquisador da EPAMIG-URESM, Lavras, MG. Renato Luiz Grisi Macedo Engenheiro Florestal e Engenheiro Agrônomo, Doutor em Engenharia Florestal, Professor titular da Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. Renato Roscoe Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciências do Solo, Diretor de Desenvolvimento da Escola Pro-Fissa de educação corporativa, Campo Grande, MS Ricardo Guimarães Andrade Engenheiro agrícola, doutor em Meteorologia Agrícola. Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG. Roberta Aparecida Carnevalli Engenheira agrônoma, doutora em Ciência Animal e Pastagens, pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, Sinop, MT Roberto José Freitas Engenheiro-agrônomo, Mestre em solo e água, Professor da UEG, Ipameri, GO Rodrigo Amorim Barbosa Engenheiro agrônomo, doutor em Zootecnia. Pesquisador Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Rodrigo da Costa Gomes Zootecnista, doutor em Zootecnia. Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Ronney Robson Mamede Administrador. Mestre em Administração. Analista A da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS. Salete Alves de Moraes Zootecnista, doutora em Ciência Animal, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE Sandra Furlan Nogueira Engenheira agrônoma, doutora em Ciências, Pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP. Sarah Glatzle Engenheira Agrônoma, Mestre em Recursos hídricos, Doutoranda em Recursos Hidricos pela Universidade de Hohenheim, Alemanha. Sérgio Raposo de Medeiros Engenheiro agrônomo, doutor em Ciência Animal e Pastagens. Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, São Carlos, SP. Sérgio Rustichelli Teixeira Zootecnista, Ph.D. em Extensão Rural, Pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Siglea Sanna de Freitas Chaves Engenheira agrônoma, doutoraem Ciências, consultora na área de sistemas de integração, Belém, PA. Silvia Correa Santos Engenheira Agrônoma, Doutora em Agronomia, professora Associada IV da Universidade Federal da Grande Dourados/UFGD, Dourados, MS. Susian Christian Martins Engenheira agrônoma, doutora em Ciências, consultora na área de ciências ambientais e sustentabilidade, São Paulo, SP. Taciany Ferreira de Souza Bióloga, doutora em Ciência Animal. Consultora especialista em mosca-dos-estábulos, Campo Grande, MS. Tadário Kamel de Oliveira Engenheiro agrônomo, doutor em Engenharia Florestal, pesquisador da Embrapa Acre, Rio Branco, AC Talmir Quinzeiro Neto Médico Veterinário, doutor em Ciências Agrárias. Analista A da Embrapa Cocais, São Luís, MA. Thomaz Correa e Castro da Costa Engenheiro Florestal, Doutor em Sensoriamento Remoto ligado a Ciência Florestal, Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG Vanderley Porfírio-da-Silva Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, pesquisador da Embrapa Florestas, Colombo, PR Vicente de Paulo Campos Godinho Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Rondônia, Vilhena, RO Wadson Sebastião Duarte da Rocha Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, MG Walfrido Machado Albernaz Engenheiro agrônomo, mestre em ciências do solo, Técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, Sete Lagoas, MG Weliton Coelho de Andrade Técnico em Agropecuária, Extensionista da EMATER-MG, Senador Cortes, MG. William Marchió Médico Veterinário, Rede de Fomento ILPF, Ipameri, GO. “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.” Confúcio Esta obra é dedicada ao nosso querido colega e amigo que nos deixou recentemente, Armindo Neivo Kichel. Além de todo um legado pessoal de dedicação ao trabalho, ele foi um dos principais entusiastas e com recursos de seus projetos financiou a produção de uma modesta edição, com pouco mais de 80 páginas te texto, que nos trouxe até esta, que passa de 800. Queremos por isso, como homenagem póstuma, apresentar aqui o depoimento de autores e amigos do Armindo, que tiveram a oportunidade de conviver e testemunhar seu compromisso com a causa da produção sustentável de alimentos no Brasil. Os Editores Luiz Carlos Balbino (Embrapa Cerrados), líder da equipe de ILPF da Embrapa e 2.007 a 2.014 “Quem conheceu o Armindo, jamais dirá que não se lembra dele. Conheci-o no início dos anos 90, em um curso de especialização oferecido pelo Procitrópicos e pela Universidade Estadual de Londrina – Departamento de Agronomia, desde essa época nossa amizade começou a ser construída. Assim, aprendi a admirá-lo como colega, pelo seu conhecimento, dedicação e capacidade de trabalho. E acima de tudo, aprendi a admirá-lo enquanto pessoa humana, pela sua alegria, apreço pela família e atenção com os colegas. Sempre que precisei, ele nunca recusou compartilhar seus conhecimentos e informações. Tive a honra de coordenar uma prestigiosa equipe da Embrapa sob o tema ILPF, muitas vezes lhe demandei tarefas e muitas vezes ouvia dele: “Balbino, vou fazer porque é você quem está me pedindo”. E sempre recebi suas contribuições que foram importantes para o desenvolvimento desse projeto. Em qualquer evento que participava sempre tinha uma presença marcante; muitas vezes com opiniões firmes; porém sempre sincero e espontâneo. Animava sempre discussões, muitas vezes polemicas e acaloradas; mas nunca omitia suas opiniões e posicionamentos. Nas discussões técnicas, via de regra eram acompanhadas de um cálculo matemático e sempre com uma visão prática. Muitas foram as viagens que fizemos juntos, quer fossem para ministrar palestras e treinamentos ou para participar de reuniões e cursos; nessas ocasiões procurávamos trocar ideias e experiências nos intervalos e durante as refeições. As histórias e estórias ficarão na minha memória e sempre que encontrar amigos em comum, serão relembradas com saudosismo e o pesar da sua ausência terrena. Segundo Platão (filósofo grego, que viveu entre 428/427 - 348/347 a.C.), o corpo (transitório) é o veículo da Alma (permanente), dessa maneira, a Alma existia antes do corpo, existe no corpo e continuará a existir após a extinção do corpo. Dedicatória Armindo, cumpriste tua missão aqui; sou muito grato por ter convivido e bebido na fonte do seu conhecimento; acredito na imortalidade da Alma, nos reencontraremos! ” A gente não morre no presente, somente passa De um passado e ultrapassado físico humano pra O futuro do espírito em um maior e melhor plano! Guria da Poesia Gaúcha Balbino Tarcísio Cobucci (Consultor, ex-empregado da Embrapa Arroz e Feijão) “Armindo, Armindo onde você estiver, nosso grande professor, obrigado pelos ensinamentos que nos deixou, a sua força de trabalho e facilidade de transformar teoria em prática nos enriqueceu como profissional e como pessoa. OBRIGADO POR TUDO. FICA COM O NOSSO SENHOR. ” Tarcísio Caros Eugênio Martins (Embrapa Gado de Leite) “Estamos todos entristecidos pela perda irreparável de nosso prezado Armindo Neivo Kichel, chamado pelo Supremo Arquiteto do Universo, para compor a mesa dos trabalhos CELESTIAS, junto a ELE. Foram anos e anos de muitos ensinamentos transmitidos pelo amigo Armindo. Tinha o dom de transformar teoria em prática, transmitindo ao empresariado rural e a nós profissionais das Ciências Agrárias, conhecimentos e tecnologias, adquiridos ao longo de sua vida profissional. Foi gratificante e enriquecedor ter conhecido e trabalhado com o Armindo. Descanse em Paz Guerreiro. Estaremos aqui recebendo suas luzes para que nosso trabalho nos Sistemas integrados de Lavoura-Pecuária-Floresta, logre o êxito que esperamos. ” Cacá Marcos Teixeira Lopes (Embrapa Meio Norte) Pasto “rapado” que não cobre o pé-do-boi é pecuarista quebrado (Armindo Neivo Kichel). “Do Procitrópicos Cerrados à ILPF, como foi bom ter vivido esse momento com suas tiradas e ensinamentos que ficam na lembrança. ” Marcos Teixeira Ramon Costa Alvarenga (Embrapa Milho e Sorgo) “A conversa não é mais aquela sem o Armindo. Sua experiência e a facilidade em mostrar números para ilustrar as mais diversas situações da agropecuária vão fazer muita falta ... não importa se no trabalho ou numa churrascaria, onde, também, conhecia bastante. Me considero um privilegiado por ter convivido com você Armindo. O aprendizado foi grande e, agora, levo a lembrança do seu companheirismo. Grande Armindo! Chegou a hora de experimentar novos caminhos. Siga em Paz! ” Ramon Renato Serena Fontaneli (Embrapa Trigo) Armindo Kichel, sempre sorridente, comunicativo, competente, prestativo, visionário. Dividindo suas experiências. Um verdadeiro MESTRE. Deus convocou-o para iniciar o projeto ILPF no céu, logo seguiremos e refaremos um time vencedor, que tive privilégio de participar na Terra. Renato Fontaneli Manuel Claudio Motta Macedo (Embrapa Gado de Corte) Querido amigo Armindo você continua entre nós, esteja onde estiver. Todas as atividades que envolvem ILP/ILPF sempre serão lembradas com sua imagem em nossos corações. Com o tempo aprendemos a conviver e um mutuo respeito cresceu entre nós. Discussões, argumentação e consenso foram nosso caminho. A certeza de nossa amizade construída ao longo desses anos aqui na Embrapa Gado de Corte se comprovou com a presença de seu filho, após sua partida, em meu escritório e as palavras que deixastes a ele a meu respeito. Seu modo de ser, o poder de sua comunicação e capacidade de trabalho serão sempre lembrados. Deus lhe abençoe e ilumine seu caminho. Macedo Roberto Giolo de Almeida (Embrapa Gado de Corte) Quem conheceu o Armindo não se esquece do seu jeito alegre, questionador, cheio de vitalidade e intenso com a família e amigos. Com uma capacidade incrível de raciocinar rapidamente com números e de se expressar na mesma velocidade e na quantidade de palavras, estava sempre atualizado nasquestões da pecuária e nos auxiliou e influenciou com sua experiência adquirida no campo e na Embrapa ao longo de todos estes anos. Para o Armindo não tinha tempo ruim para o trabalho, sempre tinha coisa nova pra fazer, tanto é que, depois de anos de experiência, decidiu voltar aos estudos no doutorado, quando parecia “menino novo estudando”, cheio de ideias para colocar em prática. O tema ILPF foi com o qual mais trabalhou, desde o início de sua carreira profissional, lá no Sul, e durante toda a sua estada conosco no Mato Grosso do Sul, e contribuiu ativamente com as tecnologias que a Embrapa desenvolveu neste tema, principalmente para o Cerrado brasileiro. Também, contribuiu muito na transferência de tecnologia em ILPF para o Brasil afora, e este livro é parte desta iniciativa, participando de inúmeras apresentações, em dias de campo, palestras, cursos, programas de rádio e TV, que o deixaram muito conhecido. Foi assim que o conheci e onde quer que você esteja agora, Armindo, imagino que continue intenso. E é com este “retrato escrito” que vou me lembrar de você, meu amigo e parceiro de trabalho, Armindo! Giolo Nosso agradecimento curto e sincero aos colegas que nos apoiaram nessa tarefa extensa e árdua, em especial aos que, nos reveses, nos encorajaram quando poderiam ter simplesmente criticado. Os editores A Embrapa é uma das principais protagonistas no desenvolvimento e transferência de tecnologias sobre sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Os trabalhos começaram há quase quatro décadas e não param e se intensificam. Primeiro foram os sistemas de integração Lavoura-Pecuária, caminhando depois para sistemas com o componente arbóreo, em nível experimental, evoluído para escala comercial, os hoje conhecidos sistemas de integração Lavoura- Pecuária-Floresta. O desenvolvimento conceitual e tecnológico, o posicionamento e a contribuição desses sistemas para a sustentabilidade da agropecuária, são foco dos estudos relacionados à ILPF. Como resultado de um longo processo de inovação, a sistematização dos conhecimentos não deve simplesmente se encerrar em publicações científicas, mas chegar às mãos de tomadores de decisão, técnicos e produtores gerando impacto nas atividades agropecuárias. Foi com essa visão que, em 2011, foi editada a primeira edição deste livro, reunindo tecnologias, experiências e os aspectos básicos de implantação do sistema para produtores e técnicos, bem como para a sociedade em geral, com seus formadores de opinião e construtores de políticas públicas. Uma segunda edição expandida foi lançada em 2012. O crescimento da demanda internacional pela experiência brasileira com os sistemas de integração, inclusive capazes de combinar culturas comerciais em larga escala, como pecuária de corte, soja e eucalipto, levou ao lançamento, em 2014, de mais uma versão ampliada e em língua inglesa. Com o crescente interesse por parte de produtores, técnicos e estudantes por mais informações, foi preparada esta nova edição. Além de conter informações atualizadas das edições anteriores, reuniu o dobro de capítulos, escritos pelos principais especialistas de cada área da ILPF: são 50 capítulos e mais de 170 autores que contribuem com seus conhecimentos e experiências para esta obra. Esta nova publicação, abrange todos os temas atualmente relevantes relacionados a esses sistemas. É a publicação mais completa sobre o assunto no Brasil e, considerando-se o contexto da agricultura tropical sustentável comercial, é também uma obra única em escala mundial. O material está organizado em quatro grandes blocos temáticos. O primeiro bloco aborda temas estratégicos sobre o agronegócio, sobre a contribuição para a neutralização de carbono, intensificação sustentável e o papel dos sistemas integrados nesse contexto, mostrando experiência líder do Brasil sobre o assunto. O segundo bloco trata de aspectos relacionados à importância de diferentes componentes do sistema e seus impactos na melhoria do processo produtivo, incluindo aspectos como planejamento e gestão. Este bloco tem uma abordagem prática, que vai desde instruções de como estabelecer árvores juntamente com pastagens, utilizando culturas intermediárias para melhorar os solos e reduzir os custos, passando pelo manejo de Apresentação ervas daninhas, até a sugestão de métodos para realizar a análise financeira e planejar o fluxo de caixa para estes sistemas agrícolas mais complexos. O terceiro grupo de capítulos apresenta e discute sistemas de integração nas principais zonas agroambientais brasileiras, complementando essa abordagem com capítulos que tratam de casos de sucesso específicos, apresentando resultados de ambos, pequenos produtores e fazendas comerciais que adotam sistemas integrados em todo o Brasil. O último bloco traz discussões de especialistas de diferentes países sobre o potencial de sistemas de integração na África, na Europa e na América do Sul. Finalmente, é importante ressaltar que o desenvolvimento tecnológico depende da inovação e que essa inovação, para ser efetiva e duradoura, precisa estar embasada em conhecimento sólido e comprovado. Trabalhos como esse demonstram que o conhecimento só pode advir de esforço contínuo e de muitos profissionais. Boa leitura! Fernando Silveira Camargo Secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento A agropecuária brasileira é um dos setores mais vibrantes da economia e motor de desenvolvimento de várias regiões do país. Além de produzir alimentos para consumo interno, o Brasil guarda uma grande responsabilidade junto ao mundo: é a região com condições para produzir alimentos, fibra e bioenergia para uma população crescente, que irá ultrapassar 9,7 bilhões de habitantes em 2050. Para alimentar o mundo, a produção agrícola precisará crescer 70%, segundo estimativas da FAO, o braço da ONU para agricultura e alimentos. A agricultura precisará ser cada vez mais produtiva, eficiente, sustentável, inovadora e resiliente. Com este enfoque, as instituições de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) têm desenvolvido ativos tecnológicos para a produção de carne, leite, grãos, frutas, fibras e energia. A intensificação dos sistemas produtivos, a otimização do uso da terra, a disponibilização dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o bem- estar animal e o moderno conceito Carne Carbono Neutro são algumas das tecnologias sustentáveis disponíveis no portfólio nacional. Pesquisas e debates formais e estruturados sobre a sustentabilidade das atividades humanas, especialmente com relação aos bens de consumo e sua produção começaram no início da década de 1970. Iniciaram-se as discussões acerca do aquecimento global, especialmente sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) relacionadas com processos industriais. A geração de energia com base em combustíveis fósseis foi colocada em cheque e a sociedade foi convidada a refletir sobre a utilização de veículos automotores e o uso da terra, principalmente quanto ao desmatamento e dano às florestas tropicais. Nessas quase cinco décadas, essas discussões têm evoluído, cada vez mais baseadas em ciência e tecnologia, além de contar com influência de agendas políticas e de diferentes países ou blocos econômicos. O impacto da gravidade do problema afeto aos principais setores da economia apontados como causadores do aquecimento global varia conforme a abordagem que se adota na análise. O fato é que todas as atividades humanas são executadas para satisfazer as necessidades individuais, sociais e das nações. O consumo, por exemplo, em muitas formas de sua realização é responsável por impactos ambientais relacionados à produção, utilização e destinação de resíduos. Estudos e debates visando ao desenvolvimento de sistemas equilibrados e saudáveis para produção de alimentos, fibras e bioenergia, almejando- se benefíciospara as pessoas e o meio ambiente, são realizados e fomentados em todo o globo. Contudo, sua efetiva adoção em larga escala é um desafio, mas sistemas como o ILPF representam sementes para abrir caminho rumo a um novo modelo mental nesse cenário. Prefácio Mundialmente, o setor agrícola vem fazendo sua parte com esmero, e no Brasil não é diferente. Pelo contrário, verifica-se um grande esforço do país como um todo e do setor agropecuário em especial visando aumentar sua produção agropecuária de forma cada vez mais sustentável. O Brasil tem tido muito sucesso nessas iniciativas. Temos não apenas reduzido o desmatamento, como também preservado áreas de vegetação natural. Aumentamos a produtividade das lavouras e pastagens. Produzimos mais usando menos terra e vamos muito além. O Brasil tem desenvolvido e adotado tecnologias que ao mesmo tempo melhoram as produções agrícola, pecuária e florestal e, ainda, inovação na disponibilização de serviços ambientais, especialmente relacionados com a fixação biológica de nitrogênio, proteção, conservação e melhoria da qualidade do solo e da água, sequestro de carbono, dentre outras. Entre essas tecnologias inovadoras estão os sistemas de ILPF, com suas múltiplas vertentes em diferentes partes do país. Pode-se dizer que esse sistema de produção já está atingindo sua maturidade em termos de potencial de adoção, ou seja, de sua ampla aplicabilidade no campo. Naturalmente, existem diversas modalidades e formas de concretização desses sistemas, de acordo com as condições regionais e as diferentes necessidades e objetivos dos produtores. A expansão dos sistemas de ILPF, em seus muitos formatos, pode ser notada em várias regiões do Brasil e em outros países. No campo percebe-se a lavoura contribuindo para melhorar a pecuária e a floresta plantada, e vice-versa, com uma relação de benefício recíproco e sinérgico. Hoje já são mais de 15 milhões de hectares de sistemas ILPF estabelecidos no Brasil, realidade que há 20-30 anos imaginava-se impossível. Este livro traz o que há de mais recente sobre os sistemas de ILPF com contribuições de especialistas que desenvolvem e vivem cotidianamente o processo de geração de conhecimentos e tecnologias numa perspectiva de agropecuária sustentável, resiliente e inovadora. Este que é, acima de qualquer outro, o objetivo daqueles que decidiram ser protagonistas em um país que pode se orgulhar da grande contribuição que faz e fará para produzir alimentos, fibras e bioenergia sustentáveis para um mundo melhor. Cleber Oliveira Soares Diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa Luiz Carlos Balbino Analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Sumário Capítulo 1 - Sistemas de integração: conceitos, considerações, contribuições e desafios, 31 Luiz Carlos Balbino Armindo Neivo Kichel (in memoriam) Davi José Bungenstab Roberto Giolo de Almeida Capítulo 2 - Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta e o progresso do setor agropecuário brasileiro, 49 Armindo Neivo Kichel (in memoriam) Davi José Bungenstab Ademir Hugo Zimmer Cleber Oliveira Soares Roberto Giolo de Almeida Capítulo 3 - Conceitos, ferramentas e iniciativas para agricultura sustentável, 59 Davi J. Bungenstab Aziz Galvão da Silva Júnior Cesare Zanasi Cosimo Rota Capítulo 4 - Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta e o sistema de inovação na agricultura brasileira, 71 Renato Roscoe Capítulo 5 - Empreendedorismo para a sustentabilidade em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, 83 Ronney Robson Mamede Davi José Bungenstab Paulo Henrique Nogueira Biscola Camilo Carromeu Ademar Pereira Serra Capítulo 6 - A posição estratégica dos sistemas de integração no contexto da agropecuária e do meio ambiente, 91 Davi José Bungenstab Capítulo 7 - Políticas de fomento à adoção de Sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta no Brasil, 99 Luiz Adriano Maia Cordeiro Luiz Carlos Balbino Capítulo 8 - A Sustentabilidade na Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte Brasileira, 117 Guilherme Cunha Malafaia Denise Barros de Azevedo Mariana de Aragão Pereira Marcos José de Almeida Matias Capítulo 9 - Custo-benefício dos sistemas de produção em integração, 131 Fernando Paim Costa Ivo Martins Cezar (in memoriam) Geraldo Augusto de Melo Filho Davi José Bungenstab Capítulo 10 - Serviços Ambientais em sistemas silvipastoris, 139 Maria Luiza Franceschi Nicodemo Odo Primavesi Capítulo 11 - Sequestro de carbono e mitigação de emissões de gases de efeito estufa pela adoção de sistemas integrados, 153 Eduardo Delgado Assad Susian Christian Martins Luiz Adriano Maia Cordeiro Balbino Antônio Evangelista Capítulo 12 - Marcas-conceito e a proposta de uma Plataforma de Pecuária de Baixo Carbono, 169 Fabiana Villa Alves Roberto Giolo de Almeida Valdemir Antônio Laura Rodrigo da Costa Gomes Davi José Bungenstab Capítulo 13 - Fundamentos e benefícios do sistema de integração lavoura-pecuária- -floresta para os recursos hídricos, 181 Lineu Neiva Rodrigues Fernando Falco Pruski Capítulo 14 - Dinâmica da água em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, 195 Marcus Giese Sarah Glatzle Folkard Asch Roberto Giolo de Almeida Manuel Claudio Motta Macedo Mariana Pereira Capítulo 15 - Bem-estar animal e ambiência na ILPF, 207 Fabiana Villa Alves Vanderley Porfírio-da-Silva Nivaldo Karvatte Junior Capítulo 16 - Princípios da pecuária leiteira em sistemas de ILPF, 225 Roberta Aparecida Carnevalli Admar Junior Coleti Hélio Tonini Aline Barros da Silva Carolina Della Giustina Jorge Lulu Capítulo 17 - Produção de ovinos de corte em sistemas integrados, 241 José Alexandre Agiova da Costa Cristiano Magalhães Pariz Marcílio Nílton Lopes da Frota Fernando Alvarenga Reis Ciniro Costa Raimundo Bezerra de Araújo Neto Marcos Lopes Teixeira Neto Paulo Roberto de Lima Meirelles Gelson Luis Dias Feijó André Michel de Castilhos João Batista Catto Carlos Alexandre Costa Crusciol Geraldo Magela Cortes Carvalho Capítulo 18 - Geotecnologias aplicadas em sistemas de produção integrada e apoio a políticas públicas, 263 Ricardo Guimarães Andrade Édson Luis Bolfe Luiz Eduardo Vicente Mateus Batistella Célia Regina Grego Daniel de Castro Victoria Sandra Furlan Nogueira Capítulo 19 - Planejamento de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, 281 Paulo Henrique Nogueira Biscola Camilo Carromeu Ademar Pereira Serra Ronney Robson Mamede Davi José Bungenstab Capítulo 20 - Sistemas de produção em integração: alternativa para recuperação de pastagens degradadas, 295 Manuel Claudio Motta Macedo Alexandre Romeiro de Araújo Capítulo 21 - Produção da lavoura em sistemas de ILPF, 319 Flávio Jesus Wruck Maurel Behling Anderson Lange Capítulo 22 - Fundamentos técnicos para implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta com eucalipto, 347 Ademar Pereira Serra Davi José Bungenstab Roberto Giolo de Almeida Valdemir Antônio Laura André Dominghetti Ferreira Capítulo 23 - Manejo de Plantas Daninhas e Forrageiras em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, 367 Alexandre Magno Brighenti Marcelo Dias Muller Carlos Eugênio Martins Wadson Sebastião Duarte da Rocha Paulino José Melo Andrade Fausto de Souza Sobrinho Leonardo Henrique Ferreira Calsavara Andréia Ferreira Machado Capítulo 24 - Forrageiras em sistemas de produção de bovinos em integração, 379 Roberto Giolo de Almeida Rodrigo Amorim Barbosa Ademir Hugo Zimmer Armindo Neivo Kichel (in memoriam) Capítulo 25 - Manejo de pastagens tropicais em sistemas silvipastoris, 389 Domingos Sávio Campos Paciullo Carlos Augusto de Miranda Gomide Capítulo 26 - Manejo de pastagens subtropicais e temperadas para a integração floresta-pecuária, 405 Alexandre Costa Varella Raquel Santiago Barro Laíse da Silveira Pontes Jamir Luís Silva Da Silva Vanderley Porfirio-da-Silva João Carlos De Saibro Melissa Batista Maia Capítulo 27 - Espécies florestais em sistemas de produção em integração, 429 Alex Marcel Melotto Valdemir AntônioLaura Davi José Bungenstab André Dominghetti Ferreira Capítulo 28 - Manejo das árvores e propriedades da madeira em sistema de ILPF com eucalipto, 455 André Dominghetti Ferreira Ademar Pereira Serra Alex Marcel Melotto Davi José Bungenstab Valdemir Antônio Laura Capítulo 29 - O componente arbóreo e suas interações no sistema de integração lavoura-pecuaria-floresta, 473 Renato Luiz Grisi Macedo Regis Pereira Venturin Maria Celuta Machado Viana Nelson Venturin Fernanda de Carvalho Erick Martins Nieri Capítulo 30 - Influência do arranjo espacial das aleias de eucalipto em sistema silvipastoril no acúmulo de biomassa e propriedades bromatológicas da Urochloa brizantha cv Xaraés, 493 Flávia Araújo Matos Natália Andressa Salles Silvia Correa Santos Elaine Reis Pinheiro Lourente Capítulo 31 - Sustentabilidade econômica de sistemas silvipastoris com eucalipto focados na produção de madeira sólida, 503 Omar Daniel (in memoriam) Rafael Pelloso de Carvalho Débora Menani Heid Flávia Araújo Matos Capítulo 32 - Benefícios da sombra em sistemas em integração lavoura-pecuária- floresta nos trópicos, 525 Fabiana Villa Alves Nivaldo Karvatte Junior Capítulo 33 - Escolha de animais e formação de lotes de bovinos para sistemas de integração, 543 Luis Armando Zago Machado Elton Bock Correa Fernando Miranda de Vargas Junior Gelson Luis Dias Feijó Capítulo 34 - Suplementação de bovinos de corte na integração lavoura-pecuária- floresta, 567 Sergio Raposo de Medeiros Rodrigo da Costa Gomes Luiz Orcírio Fialho de Oliveira Capítulo 35 - Controle parasitário de bovinos de corte em sistemas de integração, 587 Paulo Henrique Duarte Cançado João Batista Catto Cleber Oliveira Soares Paula de Almeida Barbosa Miranda Taciany Ferreira de Souza Eliane Mattos Piranda Capítulo 36 - Transferência de Tecnologia: Desafios e Oportunidades para Adoção de ILPF na Amazônia Brasileira Legal, 599 Rachael Devorah Garrett Juliana Dias Bernardes Gil Judson Ferreira Valentim Capítulo 37 - Integração lavoura pecuária floresta na região Norte do Brasil, 617 Gladys Beatriz Martínez Célia Maria Braga Calandrini de Azevedo Arystides Resende Silva Frederico José Evangelista Botelho Tadário Kamel de Oliveira Vicente de Paulo Campos Godinho Capítulo 38 - Integração lavoura-pecuária- floresta na região Norte: avaliações de carbono do solo na Fazenda Vitória em Paragominas, Pará, 627 Paulo Campos Christo Fernandes Siglea Sanna de Freitas Chaves Lucieta Guerreiro Martorano Capítulo 39 - Integração lavoura pecuária floresta na região Nordeste do Brasil, 643 José Henrique de Albuquerque Rangel Salete Alves de Moraes Samuel Figueiredo de Souza André Júlio do Amaral José Carlos Machado Pimentel Capítulo 40 - Casos de sucesso com sistemas de ILP e ILPF na região do MATOPIBA, 653 Marcos Lopes Teixeira Neto Raimundo Bezerra de Araújo Neto Geraldo Magela Cortes Carvalho Diógenes Manoel Pedroza de Azevedo Marcílio Nilton Lopes da Frota Joaquim Bezerra Costa Talmir Quinzeiro Neto José Mário Ferro Frazão Cláudio França Barbosa Elisandra Solange Oliveira Bortolon Capítulo 41 - Integração lavoura-pecuária- -floresta na região Central de Minas Gerais, Brasil, 669 Ramon C. Alvarenga Maria Celuta Machado Viana Érika Regina de Oliveira Carvalho Walfrido Machado Albernaz Regis Pereira Venturin Ivenio Rubens de Oliveira Miguel Marques Gontijo Neto Emerson Borghi Álvaro Vilela de Resende Monica Matoso Campanha Thomaz Correa e Castro da Costa Capítulo 42 - Casos de sucesso na implantação de sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em propriedades leiteiras de base familiar na Zona da Mata e do Campo das Vertentes de Minas Gerais, 687 Carlos Eugênio Martins Marcelo Dias Müller Wadson Sebastião Duarte da Rocha Leonardo Henrique Ferreira Calsavara Weliton Coelho de Andrade Alexandre Magno Brighenti dos Santos Mirton José Frota Morenz Fausto de Souza Sobrinho Paulino José Melo Andrade Sérgio Rustichelli Teixeira Domingos Sávio Campos Paciullo Andréia Ferreira Machado Capítulo 43 - Sistemas silvipastoris em propriedades rurais no Noroeste do Estado do Paraná, 705 Jorge Ribaski Maria Izabel Radomski Vanderley Porfírio-Da-Silva Capítulo 44 - Integração Lavoura-Pecuária em solo arenoso e clima quente: um caso da região Noroeste do Paraná, 715 Julio Cezar Franchini Antonio Cesar Pacheco Formighieri Alvadi Antonio Balbinot Junior Henrique Debiasi Leandro Cezar Teixeira Capítulo 45 - Integração lavoura-pecuária em solos hidromórficos no bioma Pampa, 723 Jamir Luís Silva da Silva Claudio Ramalho Townsend (in memoriam) Capítulo 46 - O Papel dos Sistemas Integrados e Diversificados no Desempenho das Empresas Rurais: o caso da Sapé Agro, 731 Artur Henrique Leite Falcette Capítulo 47 - Integração lavoura-pecuária- floresta: caso de sucesso da Fazenda Santa Brígida, no Estado de Goiás, 743 Priscila de Oliveira Roberto José Freitas João Kluthcouski Anábio Aparecido Ribeiro Luiz Adriano Maia Cordeiro Luciene Pires Teixeira Raphael Augusto de Castro e Melo Alex da Silva William Marchió Lourival Vilela Luiz Carlos Balbino Capítulo 48 - Sistemas silvipastoris na Colômbia, 753 Luis Alfonso Giraldo Valderrama Capítulo 49 - Sistemas agroflorestais Mediterrânicos: situação atual e perspectivas futuras, 787 Marina Castro Adolfo Rosati Anastasia Pantera Gerardo Moreno María Rosa Mosquera Losada Capítulo 50 - Potencial de sistemas de produção integrados em zonas áridas e semiáridas da África, 809 Horst-Jürgen Schwartz Ro dr ig o A lv a Sistemas de integração: conceitos, considerações, contribuições e desafios Luiz Carlos Balbino Armindo Neivo Kichel (in memoriam) Davi José Bungenstab Roberto Giolo de Almeida Capítulo 1 32 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta A integração lavoura-pecuária-floresta como sistema: conceitos básicos Agricultura sustentável, intensificação sustentável com preservação ambiental e inovação estão cada vez mais nas pautas de discussões para a maximização da produção agrícola de elevada qualidade que ao mesmo tempo poupa recursos do sistema. Assim, enfrentamos desafios cada vez maiores para produzir alimentos, fibras, energia, produtos madeireiros e não madeireiros de forma compatível com a disponibilidade de recursos naturais. Por outro lado, o aumento inevitável dos custos de produção e um mercado mais competitivo, têm exigido aumento na produtividade da atividade agropecuária, com qualidade e rentabilidade, sempre sem comprometer o meio ambiente. Cada vez mais esses desafios têm alavancado mudanças no setor e o desenvolvimento agrícola sustentável depende da formulação de uma estratégia que considere além das técnicas agronômicas, também os seguintes aspectos: • Conservação, melhoria e comprovação da qualidade do solo e da água; • Conservação da biodiversidade e de serviços ambientais; • Redução da poluição/contaminação do ambiente e do homem; • Manejo integrado de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas; • Sistemas tradicionais de manejo dos recursos revisitados, com inclusão de ferramentas de tecnologia da informação e internet das coisas; • Redução da pressão antrópica na ocupação e uso de ecossistemas e ambientes frágeis; • Adequação às novas exigências do mercado. Para atingir tais objetivos, uma alternativa que tem se destacado é o uso de sistemas de integração que incorporam atividades de produção agrícola, pecuária e florestal, em dimensão espacial e/ou temporal, buscando efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema para a sustentabilidade da unidade de produção, contemplando sua adequação ambiental e a valorização do capital natural (Balbino et al., 2011a). Esses sistemas, com enfoque no agronegócio, são denominados sistemas de integração lavoura-pecuária-floreta (ILPF) e tem como grande objetivo a mudança do sistema de uso da terra, especialmente em locais ou situações onde monocultivos estão perdendo desempenho, sobremaneira nas áreas de pastagens degradadas. A ILPF fundamenta-sena associação e sinergismo dos componentes do sistema produtivo, para atingir patamares cada vez mais elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade. A ILPF é uma estratégia promissora capaz de conciliar ecoeficiência com desenvolvimento socioeconômico, porém, para seu sucesso, necessita esforços dos setores público e privado além do terceiro setor. 33Capítulo 1Sistemas de integração: conceitos, considerações, contribuições e desafios A ILPF integra sistemas produtivos diversificados, de origem vegetal e animal, realizados para otimizar os ciclos biológicos das plantas e dos animais, bem como dos insumos e seus respectivos resíduos. A sistêmica dessa estratégia congrega, também, outros atributos desejáveis ao agroecossitema no que diz respeito à sua adequação ambiental, como a manutenção das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL), reconhecendo os benefícios dos serviços ambientais por elas prestados aos sistemas de produção, que vão além do simples cumprimento de leis e normas. Atualmente, os sistemas de integração estão se expandindo, especialmente para produção de grãos, fibra, energia, florestas e bovinos de corte e leite, além de ovinos e caprinos, dependendo da região. A utilização desses sistemas, nas situações em que é exequível a sua adoção, passa a ser de grande importância para a recuperação de áreas em degradação, tanto de pastagens como de lavouras. Os sistemas de ILPF, desde que corretamente conduzidos, são tecnicamente eficientes e ambientalmente corretos, porque partem da premissa de serem implantados em áreas com condições edafoclimáticas favoráveis: solo corrigido; pluviometria adequada; temperatura e luz não limitantes; e água disponível para pecuária em quantidade e qualidade adequadas. Além disso, são baseados em alguns princípios motivadores fundamentais: (i) manejo e conservação do solo e da água; (ii) manejo integrado de insetos-pragas, doenças e plantas daninhas; (iii) respeito à capacidade de uso da terra, ao zoneamento climático agrícola, e ao zoneamento agroecológico (ZAE); (iv) redução da pressão para abertura de novas áreas; (v) diminuição da emissão de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4); (vi) sequestro de carbono; (vii) estímulo ao cumprimento da legislação ambiental, principalmente quanto à regularização das reservas legais (regeneração ou compensação) e das áreas de preservação permanente; (viii) dos serviços ambientais, (ix) adoção de boas práticas agropecuárias (BPA); (x) certificação da produção; e (xi) ampliação positiva do balanço energético. Alguns dos fundamentos básicos da sua viabilidade econômica, são: (i) otimização dos recursos de produção imobilizados na propriedade rural, como terra e maquinários; (ii) sinergia entre as atividades de produção vegetal e animal, levando, por exemplo, à utilização de resíduos agrícolas, à fixação de nitrogênio pelas leguminosas, e à reciclagem de nutrientes; (iii) diversificação de receitas, mediante a produção e a venda de grãos, carne, leite, biocombustível, fibras e madeira; (iv) redução do custo total do sistema agropecuário em decorrência, sobretudo, do melhor uso da infraestrutura de produção e da menor demanda por insumos agrícolas, com redução dos custos decorrentes da utilização dos resíduos agrícolas na alimentação animal e da oferta de pastagens de A ILPF é uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, e busca efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica. (Balbino et al., 2011a) 34 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta melhor qualidade; (v) aumento da receita líquida (lucro) do sistema devido ao aumento das receitas e à redução do custo total; (vi) maior estabilidade temporal da receita líquida diante das externalidades; e (vii) dinamização de vários setores da economia, principalmente a regional. Diversas particularidades os tornam socialmente receptivos no Brasil, entre as quais destacam-se: (i) possibilidade de o sistema ser empregado por qualquer produtor rural, independente do porte de sua propriedade (pequena, média ou grande); (ii) ampliação da inserção social pela melhor distribuição de renda e geração de empregos; (iii) aumento da renda do produtor rural; (iv) melhoria da imagem da produção agropecuária e dos produtores rurais, pois concilia atividade produtiva e preservação do meio ambiente; (v) aumento da competitividade do agronegócio brasileiro; (vi) redução do processo migratório; e (vii) estímulo à qualificação profissional. Segundo Balbino et al. (2011a), os sistemas de integração podem ser classificados e definidos, basicamente, em quatro grandes grupos: 1) Integração Lavoura-Pecuária (ILP) ou Agropastoril: sistema de produção que integra o componente agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e em um mesmo ano agrícola ou por vários anos, em sequência ou intercalados. 2) Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Silvipastoril: sistema de produção que integra o componente pecuário (pastagem e animal) e florestal, em consórcio. Este sistema de produção é mais direcionado para áreas com dificuldade de implantação de lavouras. 3) Integração Lavoura-Floresta (ILF) ou Silviagrícola: sistema de produção que integra o componente florestal e agrícola pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas anuais ou perenes, ocorre especialmente em pequenas propriedades ou com cultivos de culturas anuais para aproveitamento da área durante o crescimento do componente florestal. 4) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Agrossilvipastoril: sistema de produção que integra os componentes agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, incluindo também o componente florestal, na mesma área. O componente “lavoura” restringe-se ou não à fase inicial de implantação do componente florestal. Na implantação desses sistemas, são identificadas quatro situações distintas: aquela em que a agricultura é introduzida nas áreas de pastagens; aquela em que a pastagem é introduzida nas áreas de lavouras de grãos e aquelas em que o componente florestal é introduzido nas áreas de pastagens ou de lavouras, seguindo-se com uso da área para pastagem. O tempo de utilização da lavoura, da pecuária ou da floresta é muito variável e vai depender do sistema adotado, podendo-se utilizar a pecuária por períodos de três meses a cinco anos e retornar novamente com a lavoura, que por sua vez pode ser utilizada por 35Capítulo 1Sistemas de integração: conceitos, considerações, contribuições e desafios apenas cinco meses, chegando até cinco anos. O componente florestal (madeireiro e/ ou não madeireiro) pode ser utilizado por um período curto ou longo, dependendo da espécie utilizada e sua finalidade. Em regiões com clima e solo favoráveis à cultura de grãos, sem introdução do componente florestal, pode-se utilizar, por exemplo, a pecuária por períodos de 6 a 18 meses, na entressafra da lavoura, utilizando-se lavoura por dois a cinco anos. Os principais objetivos do uso da pastagem em sistemas predominantemente agrícolas são: • Rotação de culturas; • Aumento da produção de palhada para o sistema de plantio direto (SPD); • Manutenção do solo com cobertura vegetal pelo maior tempo possível; • Reestruturação física do solo; • Aumento do teor de matéria orgânica do solo; • Redução de pragas, doenças e plantas daninhas. Nas regiões onde a infraestrutura é insipiente ou ausente, com clima desfavorável e solos marginais, de pouca tradição agrícola e com restrições para uso de lavouras de grãos, deve-se consultar o zoneamento agrícola e limitar os cultivos a culturas mais rústicas, como o sorgo. Nesses casos, a pecuária permanece por períodos mais prolongados. Nesses sistemas, as lavourasde grãos têm como objetivo principal a recuperação da qualidade química e física dos solos das pastagens degradadas ou em degradação. A produção de grãos cobre parte dos custos da formação da pastagem, devido à receita gerada pelo grão. A nova pastagem é implantada na sequência, aproveitando a correção da fertilidade do solo, resultando em maior produtividade e qualidade das forrageiras, principalmente nos períodos mais críticos do ano, que na maioria das regiões brasileiras é entre os meses de maio e outubro. Alguns exemplos de alternativas práticas para esses sistemas são: • Renovação da área com plantio de lavoura por um ou mais anos, seguida pela implantação da forrageira na safra ou safrinha, solteira ou em consórcio, utilizando- -se as pastagens por seis meses ou permanecer por um ou mais anos e na sequência retornando com lavoura; • Recuperação da pastagem com implantação do componente florestal, em região com clima e solo favoráveis para grãos. Nesse sistema, é feita correção do solo, o plantio de árvores em nível e o cultivo de grãos usualmente por dois anos enquanto o componente florestal se estabelece, sendo que depois é implantada a pastagem associada ou não à lavoura e o componente florestal permanece por vários anos, até o final do ciclo produtivo (não madeireiro) ou corte (madeireiro); 36 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta • Recuperação da pastagem com implantação do componente florestal. Em regiões tecnicamente impróprias para culturas anuais de grãos, fibra e energia, a opção de adoção mais viável é o sistema silvipastoril. Neste sistema, as árvores são plantadas na área das pastagens que foram recuperadas ou renovadas. Nos primeiros anos, a forrageira poderá ser utilizada para a produção de feno ou silagem até o estabelecimento do componente arbóreo, evitando que o mesmo seja danificado pelos animais. Dependendo do tamanho da área, pode-se utilizar cerca elétrica, permitindo que os animais utilizem a área já no primeiro ano. A partir do segundo ano da implantação da floresta, a forrageira poderá ser utilizada em pastejo, especialmente por categorias de animais jovens. Esses modelos de sistemas de integração são definidos em função dos aspectos socioeconômicos e ambientais dos diferentes agroecossistemas como ilustrado na Figura 1 e contemplam as diferentes alternativas e soluções para os principais problemas dos sistemas de produção, especialmente, dentro da unidade de produção. Os resultados esperados traduzem a expectativa imediata do empreendedor rural e estão orientados para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável (Balbino et al., 2011a). Figura 1. Objetivos imediatos e reflexos na adoção de sistemas de integração nos agroecossistemas Fonte: adaptado de Balbino et al. (2011a). Com a introdução dos sistemas de ILPF, além da intensificação e maior eficiência do uso da terra, são gerados, também, outros benefícios ao ambiente, tais como: maior sequestro de carbono, aumento da matéria orgânica do solo, redução da erosão, melhoria das 37Capítulo 1Sistemas de integração: conceitos, considerações, contribuições e desafios condições microclimáticas e do bem-estar animal. Quanto aos benefícios econômicos gerados pela diversificação do sistema de produção, destacam-se: redução dos custos de produção, aumento de produtividade e diminuição do risco inerente à agropecuária, especialmente por variações climáticas e oscilações de mercado. No âmbito da pesquisa e desenvolvimento para a produção sustentável de alimentos, fibras, energia e serviços ambientais, segundo Balbino et al. (2011a), os sistemas de integração têm papel preponderante e o trabalho é pautado nos eixos de atuação voltados para o desenvolvimento de sistemas agrícolas que utilizem especialmente os seguintes itens: • Sistemas de produção economicamente viáveis, com garantia de segurança alimentar; • Insumos alternativos, ambientalmente seguros e que reduzam contaminantes; • Tecnologias de alta precisão, que reduzam desperdícios de insumos; • Práticas de manejo ambiental e novos equipamentos, que melhorem a eficiência dos sistemas de produção e seu monitoramento; • Tecnologias modernas, com novos desenhos e integração de sistemas produtivos; • Sistemas que aumentem a diversidade biológica e o sinergismo interno; • Tecnologias de regeneração/biorremediação, que viabilizem a recuperação de ambientes degradados/poluídos; • Ordenamento territorial, seus instrumentos e monitoramento, que otimizem o uso dos recursos naturais; • Fontes alternativas de energia (álcool, madeira, fibra e biodiesel); • Sistemas de gestão e certificação ambiental, que fortaleçam a competitividade a partir de estratégias preventivas e de antecipação de problemas ambientais; • Novos arranjos institucionais, formas de produção e de gestão como componentes da competitividade no mercado; • Valoração dos serviços ambientais que os sistemas agropecuários e o seu entorno prestam tanto à comunidade do entorno, quando globalmente, como sequestro de carbono. Nesse processo de desenvolvimento dos sistemas de integração, de suas tecnologias de suporte e diferentes arranjos e combinações dos componentes, já se teve a oportunidade de conhecer e avaliar diversas vantagens dos mesmos, assim como já foram detectados diversos desafios a serem enfrentados, especialmente em sua implantação. Segundo Balbino et al. (2011c) sistemas ILPF vêm sendo adotados em todo o País, em diferentes combinações entre seus componentes. Por exemplo, na região Sul do Brasil estão sendo utilizadas aveia-branca, milho, soja e trigo em rotação com pastagens anuais de inverno (aveia-preta, azevém, ervilhaca, etc.) e de verão (milheto), ou com pastagens perenes compostas por alfafa, festuca ou pensacola consorciadas à trevo-branco, trevo-vermelho e cornichão. No Bioma Pampa são testados 38 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta sistemas silvipastoris com Eucalyptus grandis e Pinus elliottii. No Bioma Mata Atlântica da Região Centro-Sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul utilizam-se a aveia-preta e azevém em cultivo solteiro ou consorciado com ervilhaca ou trevos, para produção de forragem após as culturas de verão, e o cultivo de culturas de inverno de duplo propósito (trigo, aveia-branca, triticale, centeio e cevada), para produzir forragem no outono-inverno. No Paraná, a grevílea (Grevillea robusta) e espécies do gênero Eucalyptus e Corymbia representam a maior parte da ocorrência de espécies florestais identificadas neste sistema. No Bioma Cerrado e na Região Norte do Paraná pode ser utilizado o Sistema Barreirão, ou o Sistema Santa Fé, ou Sistemas Mistos. Assim, são viabilizados os consórcios de grãos com forrageiras tropicais (Urochloa, Panicum, Andropogon e leguminosas forrageiras), além de milheto, aveias e sorgo, para produção de forragem no período seco e plantio no final da estação chuvosa. Na região Central de Minas Gerais (Bioma Cerrado), arranjos de iLPF são geralmente formados pelos consórcios de eucalipto, pastagem de capim braquiária e milho para silagem ou grão. Já no Mato Grosso do Sul, o uso do sorgo de corte e pastejo, em consórcio com Urochloa brizantha cv. BRS Piatã em sistemas de iLP, em sucessão à soja, antecipa o primeiro período de pastejo, sendo indicado para utilização pelos animais no final do período da seca. Por sua vez, no Bioma Amazônia são utilizadas diversas espécies forrageiras e arbóreas nativas e exóticas, com sistemas ILPF realizados nos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima, onde apresentam os arranjos que integram, principalmente, os seguintes componentes: i) florestal, com mogno africano (Khaya ivorensis), teca (Tectonia grandis L.), eucalipto (Eucaliptus urophyla) e paricá (Schizolobium amazonicum); ii) agrícola, com milho e feijão-caupi; e, iii) forrageiro, com Urochloa ruziziensis. E na Caatinga estão sendo propostos sistemas de ILP envolvendoespécies de palma forrageira (Opuntia ficus indica (L.) Mill ou Nopalea cochenillifera Salm Dyck), milho, gramíneas e leguminosas forrageiras adaptadas ao Semiárido, que contribuem com a sustentabilidade dos sistemas de produção de leite. São indicados para a região, como resposta às pressões por produção de alimentos, tanto para a população humana quanto para os rebanhos bovinos, caprinos e ovinos. Os sistemas agrossilvipastoris para caprinos e os sistemas agropastoris para o Agreste e o Sertão vêm sendo difundidos como alternativas sustentáveis para o Semiárido. A introdução de animais em lavouras comerciais de espécies arbóreas permanentes, favorecendo a manutenção dessas áreas por meio do controle da vegetação herbácea e da adição de esterco, vem sendo adotada por produtores de áreas irrigadas (exemplos: culturas de manga, goiaba, acerola e pinha) e dependentes de chuva na região Semiárida (caju, olicuri e algaroba). Os principais benefícios e desafios, citados por Balbino et al. (2011b) estão listados neste trabalho, sem, todavia, estarem agrupados em ordem crescente ou decrescente de importância ou por componente do sistema. As principais contribuições dos sistemas de integração Benefícios e contribuições tecnológicas Os principais benefícios tecnológicos que podem ser obtidos com a adoção de sistemas de iLPF são enumerados por Balbino et al. (2011a): melhoria dos atributos físicos, químicos 39Capítulo 1Sistemas de integração: conceitos, considerações, contribuições e desafios e biológicos do solo devido ao aumento da matéria orgânica do solo; redução de perdas de produtividade na ocorrência de veranicos, quando associado a práticas de correção da fertilidade do solo e ao SPD; minimização da ocorrência de doenças e plantas daninhas; aumento do bem-estar animal em decorrência do maior conforto térmico; maior eficiência na utilização de insumos e ampliação do balanço positivo de energia; e, possibilidade de aplicação em diversos sistemas e unidades de produção (grandes, médias e pequenas propriedades rurais). Sendo os sistemas integrados com florestas uma evolução da ILP, é importante tentar entender como essa foi contextualizada por diferentes autores. Assim, a ILP é descrita como a diversificação, rotação, consorciação e/ou sucessão das atividades de agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural, de forma harmônica, constituindo um mesmo sistema, de tal maneira que haja benefícios para ambas (Alvarenga; Noce, 2005; Kluthcouski; Yokoyama, 2003; Vilela et al., 2001). A ILP possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo entre lavoura e pastagem. Segundo Kichel e Miranda (2001), as principais vantagens do uso da iLP são: recuperação da fertilidade do solo; facilidade na aplicação de práticas de conservação do solo e recuperação de pastagens com custos mais baixos; melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo; controle de pragas, doenças e plantas daninhas; uso eficiente de fertilizantes; maior eficiência na utilização de máquinas, equipamentos e mão-de-obra; diversificação do sistema produtivo; e, aumento da produtividade do negócio agropecuário, tornando-o sustentável em termos econômicos e agroecológicos. Os sistemas de ILP são alternativas para a recuperação de pastagens degradadas e para a agricultura anual, melhorando a produção de palha para o SPD, as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, assim como a utilização eficiente de equipamentos, além de aumento de emprego e renda no campo (Macedo, 2009; Mello et al., 2004). O aumento de produtividade dos componentes lavoura e animal em sistemas de ILP é resultante da interação de vários fatores e, muitas vezes, de difícil separação. Além da melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, a quebra de ciclos bióticos deletérios (pragas e doenças) contribui para aumentar a produtividade do sistema. A redução do uso de agroquímicos em razão da quebra dos ciclos de pragas, doenças e plantas daninhas é outro benefício potencial ao meio ambiente dos sistemas mistos, como a iLP (Vilela et al., 2008). As fazendas que adotam a rotação lavoura-pasto na ILP como estratégia de produção agrícola na região do Cerrado podem se beneficiar da melhor estabilidade de produção de forragem para alimentar o rebanho durante o ano todo. No período das chuvas, as pastagens são mais produtivas, em virtude da melhoria da fertilidade do solo pelas lavouras. No período da seca, além da palhada e dos subprodutos de colheita, os pastos recém-estabelecidos permanecem verdes e com qualidade e quantidade para conferir ganhos de peso positivos ao invés de perda de peso, comum neste período do ano, na maioria das fazendas do Cerrado (Vilela et al., 2011). 40 ILPF: inovação com integração de lavoura, pecuária e floresta Observa-se que anteriormente ao conceito de sistemas integrados o foco principal era o sistema produtivo da propriedade, podemos dizer que não existia uma visão holística do agroecossistema. Benefícios e contribuições econômicas e sociais Destacam-se como benefícios econômicos e sociais da iLPF, segundo Balbino et al. (2011a): incremento da produção anual de alimentos a menor custo; aumento da produção anual de fibras, biocombustíveis e biomassa; aumento da competitividade das cadeias de produtos de origem animal nos mercados nacional e internacional; aumento da produtividade e da qualidade do leite e redução da sazonalidade de produção; dinamização de vários setores da economia, principalmente em nível regional; possibilidade de novos arranjos de uso da terra, com possibilidade de exploração das especialidades e habilidades dos diferentes atores tais como arrendatários e proprietários; redução de riscos em razão de melhorias nas condições de produção e da diversificação de atividades comerciais; fixação e maior inserção social pela geração de emprego e renda no campo; aumento da oferta de alimentos de qualidade; estímulo à qualificação profissional; melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua família; estímulo à participação da sociedade civil organizada; melhoria da imagem da produção agropecuária e dos produtores brasileiros, pois concilia atividade produtiva e meio ambiente; maiores vantagens comparativas na inserção das questões ambientais nas discussões e negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC); e, aumento da renda dos empreendimentos rurais. Benefícios e contribuições ecológicas e ambientais Como principais benefícios ecológicos e ambientais, Balbino et al. (2011a) apresentam: redução da pressão para a abertura de novas áreas; melhoria na utilização dos recursos naturais pela complementaridade e sinergia entre os componentes vegetais e animais; diminuição no uso de agroquímicos para controle de insetos-praga, doenças e plantas daninhas; redução dos riscos de erosão; melhoria da recarga e da qualidade da água; mitigação do efeito estufa, resultante da maior capacidade de sequestro de carbono; menor emissão de metano por quilograma de carne produzido; promoção da biodiversidade, e favorecimento de novos nichos e habitats para os agentes polinizadores das culturas e inimigos naturais de insetos-praga e doenças; intensificação da ciclagem de nutrientes; aumento da capacidade de biorremediação do solo; reconstituição do paisagismo, possibilitando atividades de agroturismo; e, melhoria da imagem pública dos agricultores perante a sociedade, atrelada à conscientização ambiental. Os sistemas de ILPF potencializam a melhor dinâmica hídrica, principalmente, com a inserção do componente florestal, pois, ocorre a melhoria na distribuição de vapor de água, estabilização da temperatura e da umidade relativa do ar, proteção da superfície do solo, sendo consideradas ferramentas eficientes de combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Os componentes
Compartilhar