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FACULDADE UNINASSAU – LAURO DE FREITAS 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
MARIA ALBERTINA GONÇALVES DOS SANTOS 
 
 
 
 
PROCESSO DE ADOÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lauro de Freitas 
2019 
 
 
 
 
 
 
MARIA ALBERTINA GONÇALVES DOS SANTOS 
 
 
 
 
PROCESSO DE ADOÇÃO 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso que será apresentado na 
banca examinadora como requisito final do curso de 
Direito da Faculdade UNINASSAU campus Lauro de 
Freitas para obtenção do título de Bacharel em Direito. 
 
 
Orientador (a): Profa. Olivia Quesado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lauro de Freitas 
2019 
3 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho versa sobre adoção em seus aspectos legais e sociais, 
demonstrando sua aplicabilidade na sua figura correta, suas etapas e melhorias 
durante os anos. A adoção no Direito Civil se encontra dentro do Direito de Família e 
pode ser vista como filiação civil, seguindo o que estabelece o Código Civil e ECA 
(Estatuto da criança e do adolescente). É ato jurídico solene pelo qual se estabelece 
um vínculo de paternidade e filiação entre o(s) adotante(s) e adotado, 
independentemente de qualquer relação natural ou biológica de ambos. Para uma boa 
explanação do tema, se fez necessário uma ampla pesquisa a respeito do 
posicionamento adotado pelos estatutos, doutrinadores e julgadores. Com isso, foi 
possível identificar a grande problemática presente no tema, bem como os lados 
positivos que geram a se concluir uma adoção. A adoção é prevista na lei 12.010/09 
que trouxe modificações profundas em seus diversos campos para firmar regras que 
independente do indivíduo que quer adotar, visto se cumprir seus requisitos, e que 
prevaleça o que a lei impõe. 
 
Palavras-chave: Adoção. Direito de Família. Paternidade e Filiação. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 A abordagem será sobre Processo de Adoção no Brasil, regras básicas de 
acordo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), cujos artigos preveem o 
procedimento de adoção, e para que possamos entender melhor é preciso analisar, o 
instituto de adoção. Com a nova Lei 12.010/2009 que trouxe as inovações, o legislador 
busca incentivar e agilizar o procedimento de adoção, tornando-o menos burocrático 
para todos os envolvidos, seja quem pretende adotar ou quem deseja entregar seu 
filho ou filha à adoção. No Brasil, a adoção de criança e do adolescente é cada vez 
mais polêmica, pois a maioria dos adotantes em todo o país que pretende adotar, a 
criança tem que ter o perfil de 0 a 6 anos. Com isso o número de criança com a idade 
de 6 a 12 e adolescentes torna-se maior devido à baixa procura. 
Justifica-se o tema explorar a legislação brasileira referente ao Instituto de 
Adoção, dispor sobre a Legitimidade Adotiva, trazer a evolução histórica do Instituto 
de Adoção através dos séculos e da evolução do Instituto da Adoção, bem como das 
penalidades impostas pela lei quando houver crime contra o estado de filiação. 
A definição expressa bem que a adoção é um ato pelo qual uma pessoa passa 
a considerar como seu, o filho de outra pessoa. De acordo com o pensamento de 
Clóvis Bevilacqua (1916), eminente jurista brasileiro, criador do Código Civil de 1916, 
no seu livro "Em defesa do Projeto de Código Civil", escreveu: 
 
4 
 
 
 
"... o instituto da adoção, tinha uma alta função social a desempenhar como 
instituição de beneficência destinada a satisfazer e desenvolver sentimentos 
afetivos do mais doce matiz, dando filhos a quem não teve a ventura de gerá-
los, e desvelo paternais a quem privado deles pela natureza estaria talvez 
condenado, sem ela a descer pela escada da miséria, e ao abismo dos vícios 
e dos crimes”. (Bevilacqua, 1916). 
 
E quando o projeto entrou em vigor no Código Civil 1916 o autor confirma: 
"O que é preciso porém salientar é a ação benéfica social e individualmente 
falando, que a adoção pode exercer na sua fase atual. Dando filhos a quem 
não os tem por natureza, desenvolve sentimentos afetivos do mais puro 
quilate e aumenta na sociedade o capital de afeto e de bondade necessário 
ao seu aperfeiçoamento moral". 
 
A adoção é um processo que prioriza o bem-estar das crianças e dos 
adolescentes que estão em situação de adoção. Vai além dos interesses dos adultos 
envolvidos. 
Diante disso, a infância e a juventude representam o futuro da sociedade, 
fazendo parte do atual contexto social, mostrando assim, inúmeros problema 
decorrente dos requisitos preenchidos dos adotantes. Considerando os problemas 
que incidem a adoção pergunta-se: Com a implantação do processo de adoção como 
fica os nossos jovens quando atingirem a maior idade? Por que quanto mais velha a 
criança mais difícil de conseguir lhe um lar? E apesar de priorizar o bem-estar das 
crianças por que o processo de disponibilização da criança é tão demorado? 
Para responder estas questões o tema requer como objetivo geral mostrar 
seus conceitos e finalidades no novo processo de adoção, compreender como a 
adoção será benéfica tanto para o adotando como também para o adotante, 
verificando os requisitos mínimos para o deferimento da adoção, uma vez atendidos 
a serem alcançados. Quanto aos objetivos específicos: esclarecer o que é 
necessário para se conceder a adoção; definir os efeitos pessoais e patrimoniais da 
adoção; apresentar a situação de crianças na faixa etária de sete anos para cima 
apresentam menor chance de ter uma família; demonstrar se há morosidade nos 
processos da Vara da Infância e Juventude. Demonstrar a implantação do novo 
processo de adoção como fica os nossos jovens quando atingirem a maior idade 
Por isso, a nova Lei 2.010/02 com suas inovações trouxe um novo dispositivo 
para a tentativa de finalizar a burocracia no procedimento de adoção, Parte da 
hipótese que o instituto da criança e do adolescente vive num sistema infrutífero, 
mesmo com a implantação desse instituto ainda existe uma grande demora na 
5 
 
 
 
aplicação do caráter retributivo da adoção para dar a uma criança ou adolescente 
uma família. 
Portanto, vale ressaltar, que as mudanças significativas no âmbito de direito 
de família foi o progresso de ter a igualdade entre os filhos não havendo a 
discriminação entre o filho adotado e o filho biológico, tendo assim os direitos 
igualados aos demais passando a ter a filiação. Sobretudo, porque a Nova lei de 
Adoção estipulou novos procedimentos para melhorias do processo de ação, 
visando que o Estatuto da Criança e Adolescente- ECA, sustenta como princípio da 
proteção integral à criança e ao adolescente. 
Dessa forma, para confirmar as noções aqui expostas sobre adoção brasileira, 
e mostrar a evolução do direito de família, foi necessário utilizar o método de 
pesquisa qualitativa e bibliografia sobre os dados retirados Conselho Nacional de 
Justiça-CNJ, no ECA, na nova lei de adoção, na norma infraconstitucional, além de 
autores conhecedores do tema aqui relatado. O método foi uma abordagem 
qualitativa e documental e por intermédio de fontes bibliográficas, jurisprudenciais e 
das atualizações legislativas, buscou-se analisar de modo geral as inovações legais 
sobre o instituto da adoção, dentre elas a recente Lei nº 13.509/2017. 
Portanto, vale ressaltar, que é relevante explanar em se tratando de adoção, 
que o sistema brasileiro apresenta um dos ordenamentos mais completos. Adotar é 
possível desde o Império. Em 1916, com o primeiro Código Civil brasileiro, os 
artifícios para o processo foram organizados. A frente, a Constituição Federal de 
1988 trouxe diversos avanços aos direitos dos adotados e adotantes, como por 
exemplo: a não distinção entre filhos biológicos ou adotados (BRASIL, 1988). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
2. BREVE HISTÓRICO DA ADOÇÃO 
 
Antes do Código Civil Brasileiro 2002, a adoção era regidapelo direito 
romano, como subsidiário do pátrio BEVILACQUA (1923) diz que: 
"a adoção antes do Código Civil, encontrava em nossas leis simples 
referências mantendo o instituto; não lhe davam organização completa. Os 
autores corriam ao direito romano para preencher as lacunas do direito 
pátrio. Criando a adoção a condição de filho não podia ser revogada por 
testamento. Além disso a adoção não era um ato puramente particular, nela 
intervinha a autoridade pública para completar pela confirmação do juiz 
como determinava a lei de 22 de setembro de 1828, art. 1.º". 
 
Como também LEME (1963) diz que: 
"no direito anterior, deviam as cartas de legitimação e de adoção ser 
homologadas judicialmente. A "Ord", Livro I, Título III, n.º 1, dava essas 
atribuições aos Desembargadores do Paço; mas a lei de 22 de setembro de 
1828, extinguindo os Tribunais dos Desembargadores do Paço, e da 
Consciência e Ordens, passou essas atribuições para os juízes de primeira 
instância, como se vê no parágrafo 1.º "verbis": "Aos juízes de primeira 
instância, procedendo as necessárias informações, audiência dos 
interessados havendo-os conforme o disposto no Regimento dos Des. do 
Paço, e mais leis existentes com recurso para a relação do Distrito, 
compete: conceder cartas de Legitimação a filhos legítimos e confirmar as 
adoções". 
 
O Brasil teve introduzida a adoção através das Ordenações Filipinas e da 
promulgação em 1828 de uma lei que tratava do assunto com características do 
direito português. O processo para a adoção era judicializado, devendo ser realizada 
audiência para a expedição da carta de recebimento do filho. 
Assim Gonçalves aponta que: 
“No Brasil, o direito pré-codificado, embora não tivesse sistematizado o 
instituto da adoção, fazia-lhe, no entanto, especialmente as Ordenações 
Filipinas, numerosas referências, permitindo, assim, a sua utilização. A falta 
de regulamentação obrigava, porém os juízes a suprir a lacuna com o direito 
romano, interpretado e modificado pelo uso moderno” (2012, p. 379). 
 
Porque não havia um ordenamento específico, de modo que se fazia uma 
junção de normas, buscando-se um referencial possível de ser utilizado. 
Assim como, o Decreto n.º 181 de 1890 que instituiu o casamento civil no 
ordenamento brasileiro, dando ensejo ao Livro do Direito de Família no Código Civil 
de 1916, o qual passou a disciplinar sistematicamente acerca da adoção, porém não 
havia, por parte do legislador, uma preocupação relativa aos interesses do adotando, 
preconizando-se a conveniência ao adotante. 
7 
 
 
 
Outros dispositivos que tratavam do instituto foram surgindo ao longo do 
tempo, a Lei n.º 3.133/57 onde houve uma alteração na redação de alguns dos 
artigos 368 a 379 do Código 1916 trouxe menor rigidez aos requisitos para a adoção 
quando diminuiu a idade do adotante para 30 anos e também exigido que ficasse 
comprovada a estabilidade conjugal por no mínimo 5 anos. 
Já em 1965 a Lei n.º 4.655 introduziu a denominação da legitimação adotiva, 
pela qual era possível a adoção de menores até sete anos de idade que tivessem 
destituído o pátrio poder dos seus pais biológicos e que mantivessem uma relação 
com os pais adotivos por pelo menos 03 anos, considerado como período de 
adaptação. Sobre a Legitimidade adotiva e adoção Chaves (1966) comenta: 
"a legitimidade adotiva é a forma mais avançada de integração de 
crianças abandonadas ou expostas, em lares substitutos. Somente 
a legitimação adotiva veio resolver o problema dos menores 
abandonados, que não podiam ser incorporados definitivamente 
como filhos pela família que os desejasse adotar, a não ser pelo 
meio fraudulento e criminoso de fazer declarar como filhos legítimos 
atribuindo-lhes falsa qualidade e ainda dando margem a futura 
anulação do registro por parte dos verdadeiros pais que tinham 
antes abandonado os filhos, criando para estes uma situação social 
e moral inteiramente injustificável." 
Pelo exposto, entende-se que a legitimação adotiva veio melhorar a situação 
da criança que não podiam ser integrados como filhos dos adotantes. E de acordo 
com os comentários de Chaves, sobre a Lei n.º 4.655/65, restam imperfeições ainda, 
porém, as vantagens sobrepujam as deficiências. 
E em 1979 a Lei n.º 6.697 implementou o Código de Menores, o qual substituiu 
a legitimação adotiva pela adoção plena, passando o ordenamento jurídico a 
contemplar três espécies de adoção, sendo a adoção simples; a adoção plena; e a 
adoção do Código Civil destinada à adoção de pessoas de qualquer idade. 
(SILVA,2009, p. 44) 
Algumas mudanças ocorreram quando nova interpretação ao que seria 
considerada a família brasileira, dando prioridade ao bem estar e reconhecendo as 
famílias formadas por afetividade, até os dias atuais, a doutrina da proteção integral 
inserida a partir da Constituição Federal de 1988, a qual determina que: 
 
 
8 
 
 
 
“ART. 227 (...) é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à 
vida, à saúde, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de coloca-
las a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão”. 
 
E ainda, com a criação e a entrada em vigor do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) a partir da Lei n.º 8.069 de 1990 a adoção passou a ter uma nova 
normatização, determinando a adoção plena para os menores de 18 anos e 
restringindo a adoção simples unicamente aos maiores, como bem aponta Venosa: 
 
“(...) na adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente não se pode 
considerar somente a existência de simples bilateralidade na manifestação 
de vontade, porque o Estado participa necessária e ativamente do ato, 
exigindo-se uma sentença judicial, tal como faz também o Código Civil de 
2002. Sem está, não haverá adoção. A adoção moderna, da qual nossa 
legislação não foge à regra, é direcionada primordialmente para os menores 
de 18 anos, não estando mais circunscrita a mero ajuste de vontades, mas 
subordinada à inafastável intervenção do Estado. Desse modo, na adoção 
estatutária há ato jurídico com marcante interesse público que afasta a 
noção contratual. Ademais, a ação de adoção é ação de estado, de caráter 
constitutivo, conferindo a posição de filho ao adotado”. (2011, p. 278) 
 
Finalmente com a instituição da Lei n.º 12.010/09 (Lei Nacional da Adoção) 
todas as adoções passaram a ter regimento único pelo ECA, respeitando algumas 
ressalvas quanto à adoção de adultos. E em razão das constantes transformações 
ocorridas com o instituto ao longo das décadas, foi-se ajustando a legislação ao que 
melhor proveito ao adotando, passando-se a ser considerada, a adoção, um meio 
bastante seguro de colocação em famílias substitutas. 
É comprovado a importância dada, tanto pela doutrina quanto pela 
jurisprudência, da necessidade da existência do instituto da adoção como forma de 
constituir, o indivíduo, dignidade humana e respeito. (SILVA FILHO, 2009 p.41). Por 
isso, sempre buscou-se a fazer a reflexão da importância que a celeridade processual 
tem nos processos de adoção, bem como é uma questão fundamental e necessária 
para atender as pessoas que buscam perante a justiça seu direito previsto no 
ordenamento jurídico. 
 
 
9 
 
 
 
3. DA ADOÇÃO 
Desde a Constituição de 1988, a adoção no Brasil é vista como uma medida 
protetiva à criança e ao adolescente e a função da adoção, atualmente não é a de dar 
uma criança a uma família, mas uma família para uma criança, assegurando-lhe 
saúde, educação, afeto, enfim, uma vida digna. Na maioria das vezes, o instituto da 
adoção é utilizado como meio para pessoas incapazes de terem filhos biológicos 
poderem desempenhar o papel da maternidadee paternidade, constituindo-se a 
adoção. Diniz (2007, p. 409) 
Outrossim, adotar é muito mais do que criar e educar uma criança que não 
possui o mesmo sangue, ou a mesma carga genética, é antes de tudo uma questão 
de valores, uma filosofia de vida. DIAS (2009, p. 315). É o ato legal e definitivo de 
tornar filho, alguém que foi concebido por outras pessoas. De acordo com o art 39 e 
seguintes do ECA adoção tem por principal objetivo, agregar de forma total o adotado 
à família do adotante e, como consequência, ocorre o afastamento em definitivo da 
família consanguínea, de maneira irrevogável. 
De acordo com Maria Helena Diniz conceitua a adoção: 
Adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos 
legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de 
parentesco consanguíneo, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua 
família na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha (DINIZ, 
2011, p. 546). 
 
A partir daí, a preocupação do adotante é fazer com que a criança ou o 
adolescente esqueça por completo a sua condição de estranho e passe a ser tido 
como filho legítimo. 
Atualmente, a habilitação prévia para adotar deve observar algumas exigências, 
e não pode mais ser feita como era em alguns lugares do país, através de colocação 
do nome dos pretendentes em um livro, sem qualquer procedimento específico. 
Por fim, é importante salientar que, não obstante as alterações ocorridas, 
subsistem algumas vedações para a adoção, (DIAS, 2006, p. 384) já prevista na Lei, 
a saber: 
1) Proibição de adoção por procuração 
2) Estágio de convivência entre o adotado e o adotando 
3) Irrevogabilidade de perfilhação 
4) Restrição a adoção de ascendentes e irmãos do adotando 
10 
 
 
 
5) Critérios para expedição de mandado e registro no termo de nascimento do 
adotado. 
Com o advento da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
ocorreu novo aspecto ao instituto da família “de forma a prestigiar a dignidade 
humana, personalizando as relações entre seus componentes e afastando-se do 
modelo patriarcal que vigorou por muito tempo.” (SILVA FILHO, 2009, p. 43). Reduziu 
os poderes do homem como chefe da sociedade conjugal ampliando os direitos da 
esposa e dos filhos, 
Como na visão de Galdino Augusto Coelho Bordallo: 
Com a nova sistemática constitucional, houve mudança mais do que 
significativa com referência à hipótese de colocação dos filhos no seio da 
família. No sistema anterior à Constituição Federal de 1988, os filhos 
pertenciam às famílias, sem que tivessem qualquer direito, pois, na hierarquia 
familiar, ficavam em plano inferior. Na nova sistemática, com a consagração 
do Princípio da Igualdade trazido para a família, combinado com o Princípio 
Fundamental da Dignidade Humana (art. 1º, III, da Constituição Federal), a 
família se torna instituição democrática, deixando de ser encarada sob o 
prisma patrimonial e passando a receber enfoque social, o que se denomina 
despatrimonialização da família. Isso faz com que os filhos passem a ser 
tratados como membros participativos da família, tornando-se titulares de 
direitos. O filho passa a ser o centro de atenção da família. (BORDALLO, 
2010, p. 203). 
 
Dessa forma, a criança e ao adolescente deixam, portanto, de ser objetos para 
serem sujeitos de direitos, gozando dos mesmos direitos fundamentais das pessoas 
adultas com prioridade em relação aos direitos destas exposto no ECA que consagrou 
inúmeros mecanismos de defesa, criando procedimentos informais, estatuiu deveres 
à sociedade e ao Estado, a fim de expor o seu caráter assistencial e protetor. 
3.1. LEGITIMIDADE ADOTIVA 
O Código de Menores substituiu a legitimação adotiva pela adoção plena, esta 
aproximadamente com as mesmas características daquela. Com o advento do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, 
todas as adoções passaram-se a se chamar adoção plena. 
O ECA, em seu artigo 41, atribui ao adotado o status de filho, e assim dispõe: 
“A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direito e deveres, 
inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os 
impedimentos matrimoniais”. 
O procedimento é sempre judicial, vedada a iniciativa por procuração. 
11 
 
 
 
3.2. CARACTERISTICAS DA ADOÇÃO 
A adoção tem como características ser ato personalíssimo, excepcional, 
irrevogável, incaducável, plena e só pode ser constituída por sentença judicial. 
Personalíssimo diz respeito à própria pessoa em si do adotante e adotado 
Excepcional - a adoção foge à regra, devido a necessidade de proteção e 
amparo ao adotado. A regra é que a pessoa esteja vinculada a sua família 
consanguínea e primária. 
Irrevogável, à qual se deve recorrer apenas em último estágio, ou seja, 
somente se dará quando esgotado todos os recursos de manutenção da criança ou 
adolescente na família natural ou extensa. Não poderá rediscutir ou anular a mesma, 
salvo vícios existentes. Conforme redigido no artigo 47, § 7° do ECA, a adoção 
constituída por sentença constitutiva, terá por irrevogável. 
Incaducabilidade - com a morte dos pais adotivos o adotado restabelece 
novamente o poder familiar com a sua família biológica ou família de origem. 
No que tange a característica plena do instituto da adoção, entende-se que o 
adotado tem os mesmos direitos e deveres dos filhos biológicos, inclusive 
sucessórios. 
 
12 
 
 
 
4. PROCESSO DE ADOÇÃO 
O processo de adoção no Brasil envolve diversas regras inclusive os 
requisitos estabelecidos nos artigos do ECA-Estatuto da Criança e Adolescente, pois 
a adoção de crianças no Brasil segue uma rigorosa cartilha para assegurar que esses 
menores serão bem cuidados por suas novas famílias porque a decisão de adotar 
precisa ser muito bem pensada pelas famílias que desejam encarar o processo. 
É preciso cuidar das expectativas em relação à criança que se deseja adotar, 
são os mais procurados as crianças ou bebês de até três anos, brancos e sem 
problemas de saúde. Porém, há quatro famílias interessadas para cada criança sem 
lar, no entanto elas ainda permanecem na fila, devido, primeiramente, é a 
incompatibilidade de perfis — maioria dos adultos buscam filhos que possuam até 5 
anos e a faixa etária da maioria das crianças que vivem em instituições de acolhimento 
está entre 6 a 17 anos de idade. Outro fator é a estrutura precária do poder público: 
não existem juízes, psicólogos e assistentes sociais suficientes para arcar com essa 
gigantesca demanda. 
4.1. REQUISITOS PARA ADOTAR UMA CRIANÇA 
Segundo CNJ-Conselho Nacional de Justiça, segue os requisitos para o 
processo de adoção: 
 Ter mais de 18 anos de idade 
 O adotante deve ser ao menos 16 anos mais velho do que a criança ou o 
adolescente 
 O menor a ser adotado pode ter, no máximo, 18 anos de idade 
 Consentimento dos pais ou dos representantes legais de quem se deseja adotar 
(art. 1621) 
 Processo judicial (art. 1623) 
4.1.1. Dar entrada no pedido de adoção 
Para entrar com o pedido é necessário ter a decisão de adotar, é necessário 
ir a Vara de Infância e Juventude da cidade do adotante e apresentar os seguintes 
documentos: carteira de identidade (RG), CPF, certidão de casamento ou nascimento, 
comprovante de residência, comprovante de rendimentos, atestado ou declaração 
médica de sanidade física e mental, certidão cível e certidão criminal. 
13 
 
 
 
Após colhidos todos os dados do pretendente à adoção, uma petição com 
finalidade de dar início ao processo de inscrição para adoção será protocolada no 
juízo competente. O ponto determinante para o juiz que julgará o processo de adoção 
é se o processo trará para a criança oportunidades de desenvolvimento físico, 
psicológico, educacional e social. 
SegundoCNJ-Conselho Nacional de Justiça, a adoção não depende da 
concordância dos pais biológicos quando esses forem desconhecidos ou tiverem sido 
destituídos da guarda da criança ou do adolescente. Para que os pais biológicos não 
tenham mais a guarda da criança, há a necessidade de comprovação de que eles não 
zelaram pelos direitos, saúde e bem-estar do pequeno. Geralmente, isso consta no 
processo de adoção. (CNJ 2017). 
4.1.2. Etapas do processo 
Conforme o ECA-Estatuto da Criança e Adolescente, nos artigos 165 e 166ss 
aponta as etapas, que são: 
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos 
do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de 
colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em 
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a 
assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 
De acordo com a CNA (Cadastro Nacional De Adoção), o pedido seja aprovado, 
o nome do candidato a adotante passará a constar no banco de cadastros local e 
nacional. Nessa etapa, o pretendente precisará fazer um curso de dois meses de 
preparação psicossocial e jurídica. Pois, o perfil da criança a ser adotada é 
apresentado na entrevista técnica. É durante esse processo em que o pretendente 
deverá escolher a faixa etária, sexo e outras características como condição da saúde 
do pequeno e se ele tem irmãos. 
Eunice Ferreira Granato detalha em sua obra o início do processo: 
O início do processo se dá, portanto, através de petição inicial, formulada por 
advogado, ou nos termos do art. 166 do Estatuto, por exceção, poderá ser 
formulada diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios 
requerentes, se os pais forem falecidos ou se tiverem sido destituídos ou 
suspenso do pátrio poder, ou houverem aderido expressamente ao pedido de 
colocação em família substituída. (GRANATO, 2013, p.103) 
 
E no caso de reprovação, o adotante tem direito de saber por que motivos teve 
seu pedido recusado. Alguns dos motivos comuns são o estilo de vida incompatível 
14 
 
 
 
com a adoção de um bebê ou de uma criança ou razões apontadas no teste 
psicoemocional. 
E com aprovação, o adotante poderá ter um convívio com a criança mediante 
monitoramento da Justiça. A pessoa poderá visitar com regularidade o abrigo e levar 
o pequeno para alguns passeios, de forma a favorecer a aproximação. Caso o 
relacionamento seja positivo e a criança demonstre que nutre afeto e deseja morar 
com os pais adotivos, a ação de adoção é ajuizada. Orientações do CNA (Cadastro 
Nacional De Adoção). 
Feito o cadastro, a entrega dos documentos do adotante com seu atestado de 
sanidade, suas regularidades civis, seus antecedentes criminais, a petição inicial, 
serão ouvidas as partes, o menor se for o caso, o Ministério Público e o juiz da vara 
da infância e da juventude processara o estágio de convivência de no mínimo trinta 
dias, com a ajuda e o monitoramento da assistência social que avaliará a relação entre 
a família substituta com a criança. (GRANATO, 2013). 
Porém, a adoção no Brasil ainda é vista como um processo burocrático e lento, 
a Vara da Infância e da Juventude atribui isso que a demora não está no processo em 
si, mas sim relacionada ao perfil escolhido pelos pretendentes, tanto o processo de 
habilitação dos candidatos, quanto o de adoção. 
O procedimento é feito de forma sigilosa, por envolver questões bem 
particulares e da infância, com sua competência de processar e julgar feita pela Vara 
da infância e juventude, obedecendo ao rito ordinário do código de processo civil. 
(GRANATO, 2013, p.102). 
Ocorre porque o pretendente delimita durante o processo de habilitação, qual 
perfil deseja adotar ao determinar o sexo, raça, cor, idade, se aceita ou não grupos de 
irmãos e crianças com problemas de saúde. Assim, quanto mais se aumenta a 
abrangência do perfil, menor é o tempo de espera. Com a lei 12.010/09, também 
chamada de Nova lei da Adoção, o prazo de conclusão do processo de adoção deve 
ser de 120 dias conforme art. 46 parágrafo 1º da lei mencionada, prorrogáveis por 
igual período. Antes da Lei 13. 509/17, não havia a previsão para a conclusão do 
processo de adoção, o que gerava grande insegurança às famílias. 
Diante do exposto, Wilson Donizeti Liberati menciona a importância do estágio 
de convivência em sua obra: 
O laudo social representa, na prática, o alicerce da sentença judicial. Nem o 
juiz nem o promotor de justiça têm condições de fazer o acompanhamento do 
15 
 
 
 
estágio de convivência. Esse mister, embora não vinculante legalmente ao 
convencimento do magistrado e do membro do Ministério Público, é 
documento de que estes não podem prescindir para manifestar sua decisão 
e parecer. Para verificar a relação de convívio entre o futuro pai adotivo e a 
crianças técnicos deverão “conviver” com eles, acompanhar todas as 
intercorrências de comportamento e, por fim, avaliar o resultado daquele 
período. São os técnicos sociais que verificarão a possibilidade ou não da 
permanência da criança ou adolescente na família substituta, fornecendo 
opinião adequada sobre suas condições para assumir os deveres paternais 
em relação a criança. Na verdade, perseguem as recomendações dos arts 
28 e 32 do Estatuto, que são o parâmetro de seu trabalho social. E 
necessário, portanto, que o técnico social, que trabalha com a adoção, seja 
pessoa preparada cultural e psicologicamente, pois o sucesso da colocação 
da criança na família substituta dependera, em grande parte, de seu 
desempenho. (LIBERAT, apud GRANATO, 2013, p.108 e 109) 
Por isso, viu-se a necessidade estágio de convivência. 
 
5. ALTERAÇÕES DA LEI 12.010/09 – LEI DA ADOÇÃO 
 
O ECA-Estatuto da Criança e Adolescente, está mantido sem mudanças em 
seus princípios básicos que norteia o princípio da prioridade absoluta e da proteção 
integral do menor. O ECA teve seis alterações. As novas diretrizes envolvem o 
aprimoramento do atendimento de crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas 
de violências. Com o advento da Constituição Federal de 1988, a legislação 
envolvendo crianças e adolescentes ganhou um enfoque mais protetivo. 
Todavia, a partir da nova Lei 12.010/09 até pessoas solteiras podem adotar, 
tanto que sejam mais velhas no mínimo 16 anos do que o adotado e se proponha a 
passar por uma avaliação da justiça para provar que podem dar educação, um lar e 
toda a assistência necessária. Com a nova Lei foi criado um cadastro nacional que 
pretende impedir uma prática comum no país: a adoção direta, em que a pessoa já 
aparece com a criança pretendida. 
Ainda, a nova lei cria o art. 101, §2º, do ECA, para um maior controle dos 
abrigos, agora chamados de acolhimento institucional (um espaço de proteção 
provisório e excepcional), e deixa claro que a permanência da criança no acolhimento 
deve ser algo excepcional e breve, são privados da convivência familiar e que se 
encontram em situação de risco. 
Outro ponto a esclarecer segundo a Convenção de Haia (1993), é a permissão 
a adoção internacional com a intermediação de entidades conveniadas, evitando, 
assim, que ocorra o tráfico ou a venda de crianças, mesmo acobertadas pela Lei e 
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ratificada pela Convenção de Haia para a adoção internacional. As regras para 
permitir que crianças brasileiras sejam adotadas por estrangeiros ficaram mais rígidas, 
visando evitar irregularidades no processo, que estão dispostas a adoção 
internacional no Estatuto da Criança e do Adolescente prevê, nos artigos 51 e 52, a 
adoção formulada por estrangeiro residente ou domiciliado fora do País. (ECA,2006). 
No entanto, vale ressaltar a importância das alterações de 54 artigos no ECA 
aperfeiçoando os trâmites legais da adoção, e, por conseguinte garante mais 
efetividade quantoao direito das crianças e adolescentes à convivência familiar, e 
também realçou os princípios norteadores das medidas aplicadas ao adotando, assim 
como os deveres dos órgãos e autoridades públicas aos quais compete assegurar o 
efetivo direito. 
Segundo Gonçalves (2005), o Estatuto da Criança e do Adolescente já é 
considerada uma Lei de vanguarda, com a Lei 12.010/09 é incontestável que adotar 
ficou mais fácil devido a inovação legal, contudo a finalidade é reduzir o número de 
crianças sem famílias, bem como minimizar o seu tempo em abrigos, conforme art. 
101 do ECA-Estatuto da Criança do Adolescente. 
Concluiu GRANATO (2010) que o aparente conflito surgido entre as normas do 
ECA e as do CC/02 foi resolvido com o reconhecimento de que apenas foram 
derrogadas as disposições que entre si eram incompatíveis, permanecendo a 
disciplina da legislação especial naquilo que não contraria a lei civil (GRANATTO, 
2010, p. 117-118). 
O ordenamento jurídico proíbe que o mesmo indivíduo venha ser adotado por 
duas pessoas, porém, no caso concreto tal adoção será admitida se houver vantagens 
e benefícios para o adotando. 
Estatuto da Criança do Adolescente – ECA - dispõem que toda criança tem 
direito à convivência familiar e comunitária. No entanto esse direito repetidamente é 
negado, especialmente as crianças e adolescentes negros, maiores de três anos e 
com problemas de saúde, que aguardam por adoção nos abrigos espalhados pelo 
país. Todavia, essas crianças, com este perfil acabam sendo esquecidas e 
consequentemente discriminadas, quebra um processo de adoção, dá-se preferência 
aos bebês recém-nascidos, com saúde, perfeitos e brancos (CAMARGO, 2006) “ao 
negar à criança o direito de inserir-se num contexto familiar, estamos promovendo 
uma interferência determinante em seu processo de constituição e, 
17 
 
 
 
consequentemente, em seu modo de ser e estar no mundo.” (CAMARGO 2006, 
p.202). 
É uma satisfação dar uma família e afeto a uma criança que necessita, 
independentemente de raça, idade, ou qualquer outro tipo de discriminação. Tentar 
compreender os sentimentos da criança que foi rejeitada pelos seus defeitos, 
compartilhar as dores físicas e emocionais e ter o apoio de amigos e familiares. 
Contudo, é desanimador os dados obtidos junto a Vara da Infância e Juventude 
do Distrito Federal: 
Dados coletados no site da Vara da Infância e da Juventude do Distrito 
Federal relativos ao ano de 2007, atualizados em outubro do mesmo ano, 
revelam que o perfil dos requerentes cadastrados para a adoção tanto dos 
residentes do Distrito Federal como fora do Estado, demonstram que a 
preferência no momento da escolha para adoção é por crianças brancas. À 
medida que a cor das crianças se aproxima do perfil da população negra, a 
tendência a escolher essas crianças e adolescentes vai decrescendo, 
chegando à “frequência” zero exatamente a partir do momento em que a 
categoria “morena escura” entra no cenário. No Brasil, cerca de 80 mil 
crianças e adolescentes vivem em abrigos, pelos cálculos do Instituto de 
Pesquisa Econômicas e Aplicadas (Ipea). Boa parte delas a espera de 
adoção. Entre os abrigados, segundo o Ipea, mais de 63% são negros (21% 
deles pretos e 42% pardos). (NUNES, Elizabeth Cezar, 2008, texto digital). 
 
Além disso, também rejeitam o passado de abandono ou dificuldade da criança 
mais velha, o que, na prática, significa recusarem as memórias – tristes e felizes – 
daquele indivíduo. Sem falar que ainda enxergam nas meninas um sexo “mais fácil” 
de se lidar. 
Por isso, com a publicação da Lei nº 13.509/2017 a intenção do legislador foi 
efetivar a proteção integral da criança e adolescente, protegendo-os de modo mais 
efetivo nas situações de risco e oportunizando lhes uma convivência familiar, 
 
18 
 
 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante do exposto, este trabalho versa sobre a evolução legal do instituto da 
adoção, buscando evidenciar os aspectos positivos das inovações legislativas sobre 
Adoção. 
A adoção é medida excepcional de colocação da criança e do adolescente no 
seio de uma família substituta, por sua vez, representa uma possibilidade para pais 
que não podem ter filhos e que desta maneira tem a possibilidade de exercer este 
papel, pois ter um filho significa ter disponibilidade de amar e assumir 
responsabilidades. 
Por isso, o processo de adoção no Brasil envolve diversas regras, porque o 
instituto da adoção é de ordem pública, onde cada caso particular dependerá única, 
pura e exclusivamente de um ato jurídico individual, onde prevalecerá a vontade das 
partes. Sendo que o mais importante nesse instituto será a relação socioafetiva entre 
adotante e adotado, para que os mesmos constituam uma verdadeira família. 
Por isso existem regras para o cumprimento da adoção, foram estabelecidos 
requisitos, como que todas as pessoas maiores de dezoito anos, independentemente 
do estado civil, têm capacidade e legitimação para adotar. Para ser promovida a 
adoção por casal, basta que um deles tenha completado a idade mínima, devendo, 
porém, ser também demonstrada a estabilidade da família. 
Existe ainda, outro requisitos da adoção, o estágio de convivência, que consiste 
num período fixado pelo juiz para a aferição da adaptação do adotando ao novo lar e 
sua a finalidade do estágio de convivência é comprovar a compatibilidade entre as 
partes e a probabilidade de um futuro sucesso da adoção, dentre outros requisitos já 
mencionados anteriormente. Pois, a adoção tem caráter humanitário. Quem busca na 
adoção uma forma de preencher o vazio e a solidão, ou compensar a sua esterilidade 
ou a do cônjuge. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA foi de suma importância para a 
concretização dos preceitos constitucionais e que com o advento da Lei 12.010/09, 
cuja qual promoveu maiores mudanças e avanços normativos, visando maior proteção 
à criança e ao adolescente. E as mudanças consolidam a valorização social das 
crianças e dos adolescentes, e a crescente preocupação em regulamentar sua 
proteção para o seu pleno desenvolvimento. Por isso no ECA onde está regulado o 
19 
 
 
 
instituto da adoção, possui um caráter social e visa proteger e criança e o Adolescente 
para assegurar-lhes os direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, 
referentes à pessoa humana, à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, 
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade a e à 
convivência familiar e comunitária. Portanto, o instituto da adoção é o fator afetividade 
está intimamente ligado a filiação, pois a intensidade das relações que unem pais e 
filhos, independente da origem genética. 
Pra reforçar e esclarecer, o CNJ -Conselho Nacional do Ministério Público já 
aprovou o projeto de criação de um cadastro nacional de adoção, para que os 
processos se tornem mais eficazes e para facilitar a procura pela criança 
desejada. Isso representa um avanço na viabilização do processo de adoção, pois 
permitirá uma interação nacional na concretização do processo de adoção, o que 
representa para um país, como o Brasil, oportunidades para tantas crianças e 
adolescentes que permanecem a margem do processo social. 
Para quem quer adotar existe uma burocracia imensa. O processo de adoção 
já foi muito lento e demorado, mas hoje com o Estatuto de Criança e do Adolescente 
e com o pleno funcionamento do Juizado da Criança e da Juventude, tudo ficou mais 
simples e mais rápido. 
 
 
 
20 
 
 
 
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