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DA NECESSIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE UM NÚCLEO DE GERENCIAMENTO DE CRISES NA ÁREA DO CPAI-II DA PMAL

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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS 
DIRETORIA DE ENSINO 
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR SENADOR ARNON DE MELLO 
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS 
 
PAULO FERNANDO DE MELO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE 
GERENCIAMENTO DE CRISES NA REGIÃO DO COMANDO DE 
POLICIAMENTO DE ÁREA DO INTERIOR II (CPAI-II) DA POLÍCIA 
MILITAR DE ALAGOAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACEIÓ-AL 
2018 
 
 
PAULO FERNANDO DE MELO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE 
GERENCIAMENTO DE CRISES NA REGIÃO DO COMANDO DE 
POLICIAMENTO DE ÁREA DO INTERIOR II (CPAI-II) DA POLÍCIA 
MILITAR DE ALAGOAS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Academia de Polícia Militar Senador Arnon de 
Mello, como requisito parcial para obtenção do grau 
de bacharel em Segurança Pública. 
 
Orientador: Cap. QOC PM Thiago Almeida Ferreira 
da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió - AL 
2018 
 
 
PAULO FERNANDO DE MELO BRASIL 
 
 
DA PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE GERENCIAMENTO DE 
CRISES NA REGIÃO DO COMANDO DE POLICIAMENTO DE ÁREA DO 
INTERIOR II (CPAI-II) DA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do 
título de bacharel em Segurança Pública, Curso de Formação de Oficiais da 
Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello. 
 
 
 
 
 
Aprovada em ___ de___de______ 
 
Orientador: 
 
_____________________________________________________ 
Cap. QOC PM Thiago Almeida Ferreira da Silva 
 
Examinadores: 
 
_____________________________________________________ 
Examinador Militar 
 
______________________________________________________ 
Examinador Civil 
 
 
MACEIÓ-AL 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus por ser o responsável por todas 
as bênçãos alcançadas, aos meus pais, a 
minha noiva e ao meu irmão, por serem a 
minha fortaleza todos os dias. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente agradeço a Deus, por ter me concedido o dom da vida e 
fornecido a força necessária durante estes 3 (três) anos de formação, possibilitando 
a superação de todos os obstáculos encontrados durante esta longa jornada. A 
maior prova dessa superação consiste neste trabalho. 
Aos meus pais, Paulo Correia Brasil e Márcia Fernanda Freitas de Melo 
Brasil, pela educação me concedida e investimento dispensado ao longo da minha 
formação, desde a mais básica até a atual, sendo sempre meu porto seguro e minha 
fortaleza em todos os dias da minha vida. Obrigado por terem sempre sido fonte de 
amor, carinho, paciência e dedicação. 
À minha noiva por ter me dado apoio incondicional, sobretudo nos momentos 
mais difíceis, sendo minha ouvinte nos momentos de angústia e também de 
felicidade. Agradeço por ter sido essa mulher companheira e por ter me dado o 
suporte que precisei. 
Ao meu irmão pelo companheirismo e por mostrar que sempre poderei contar 
com ele. 
Ao meu orientador pela orientação dedicada em todas as fases da realização 
deste trabalho. 
A todos os familiares e amigos por entenderem a ausência em momentos 
especiais. 
A todos os instrutores do Curso de Formação de Oficiais que contribuíram 
para o meu crescimento pessoal e profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bendito seja o Senhor, a minha rocha, que 
treina as minhas mãos para a guerra e os 
meus dedos para a batalha. (Salmos 144:1) 
 
 
RESUMO 
 
A presente monografia apresenta uma análise a respeito da necessidade e viabilidade da 
descentralização das atividades desenvolvidas atualmente por parte do Centro de Gerenciamento de 
Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC) da Polícia Militar de Alagoas, tendo em 
vista a existência de apenas um único Centro, localizado na capital alagoana, Maceió, o qual possui 
responsabilidade sobre todo o território estadual. Desta forma, a presente pesquisa tem por objetivo 
demonstrar o prejuízo causado ao atendimento de ocorrências policiais envolvendo crises em 
decorrência da ausência de núcleos especializados espalhados por Alagoas. Sendo assim, a 
presente monografia busca demonstrar a importância desta descentralização, tomando como base a 
criação de um Núcleo de Gerenciamento de Crises na região do Comando de Policiamento de Área 
de Interior II. Este núcleo possibilitaria que profissionais capacitados e treinados especificamente no 
atendimento de ocorrências críticas, pudessem com maior agilidade dar o suporte necessário ao 
policiamento ordinário já desenvolvido naquela região, gerando consequentemente uma maior 
qualidade do serviço policial militar ofertado. Este enfoque é dado adotando-se metodologia com a 
abordagem de pesquisa bibliográfica. Fica evidente ainda, que para tal medida ser adotada, é 
necessário um estudo acerca dos contextos histórico e geográfico desta região, de forma que o 
trabalho não seja desenvolvido de maneira empírica. Por fim, cabe salientar que a região do CPAI-II 
contém 5 (cinco) unidades da PMAL e abrange cerca de 44 (quarenta e quatro) municípios 
alagoanos, deixando claro a relevância de um Núcleo de Gerenciamento de Crises nesta área para 
que se consigam intervenções e soluções mais rápidas em eventos críticos nesta região. 
 
Palavras-chave: Gerenciamento de Crises – Descentralização – Polícia Militar de Alagoas. 
 
 
ABSTRACT 
 
This monograph presents an analysis of the necessity and feasibility of the decentralization of the 
activities currently developed by the Center for Crisis management, human rights and community 
Police (CGCDHPC) of the military police of Alagoas, in view of the existence of only a single Center, 
located in the capital Alagoas, Maceió, which has responsibility over the entire state territory. Thus, 
the present research aims to demonstrate the damage caused to the attendance of police occurrences 
involving crises due to the absence of specialized nuclei scattered around Alagoas. Thus, the present 
monograph seeks to demonstrate the importance of this decentralization, based on the creation of a 
crisis management nucleus in the region of the internal area Policing Command II. This nucleus would 
make it possible for professionals qualified and trained specifically in the attendance of critical 
occurrences, to be able to provide the necessary support to the ordinary policing already developed in 
that region, generating Consequently a higher quality of the military Police service offered. This 
approach is given by adopting a methodology with the bibliographic research approach. It is also 
evident that, for such a measure to be adopted, it is necessary to study the historical and geographic 
contexts of this region, so that the work is not empirically developed. Finally, it is worth noting that the 
region of the Cpai-II contains five (5) units of the Pmal and covers about 44 (44) municipalities in 
Alagoas, making clear the relevance of a crisis management nucleus in this area to achieve 
interventions and solutions Critical events in this region. 
 
Keywords: Crisis Management – Decentralisation – Military Police of Alagoas. 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Quantidade de conflitos no campo – Brasil – 2015/2016..................... 30 
Gráfico 2 – Motivos dos conflitos agrários – Brasil – 2016..................................... 31 
Gráfico 3 – Assassinatos no campo – Brasil – 2015/2016..................................... 31 
Gráfico 4 – Prisões e ameaças de prisão em conflitos agrários – Brasil – 
2015/2016...............................................................................................................32 
Gráfico 5 – Quantidade de homicídios – Alagoas – 2001/2011.............................. 49 
Gráfico 6 – Quantidade de CVLI’s por meses – Alagoas – 2017........................... 49 
Gráfico 7 – Quantidade de CVP’s por tipo – Alagoas – 2017................................. 50 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Ilustração 1 – Mapa de assentamentos rurais – Alagoas – 2017........................... 33 
Ilustração 2 – Mapa de assentamentos rurais – CPAI-II – 2017............................ 34 
Ilustração 3 – Mapa de área de policiamento – CPAI-II – 2018............................. 34 
Ilustração 4 – Mapa de Alagoas dividido em mesorregiões – Alagoas – 2010...... 52 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Quantidade de CVLI e CVP por municípios – CPAI-II – 2017.............. 51 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
APMSAM Academia de Polícia Militar Senador Arnon de Mello 
BOPE Batalhão de Operações Policiais Especiais 
CCDH Comissão Central de Direitos Humanos 
CF Constituição Federal 
CGCDHPC Centro de Gerenciamento de Crises Direitos Humanos e Polícia 
Comunitária 
CGDHPC Centro de Gerenciamento de Direitos Humanos e Polícia Comunitária 
CPAI-II Comando de Policiamento de Área do Interior – II 
CPC Comando de Policiamento da Capital 
CVLIs Crimes Violentos Letais Intencionais 
CVPs Crimes Violentos Patrimoniais 
DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos 
EPI’s Equipamentos de Proteção Individual 
FBI Federal Bureau of Investigation 
FHC Fernando Henrique Cardoso 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
NEAC Núcleo de Estatística e Análise Criminal 
ONU Organização das Nações Unidas 
PNDH Programa Nacional de Direitos Humanos 
PMAL Polícia Militar de Alagoas 
SENASP Secretária Nacional de Segurança Pública 
SSP Secretária de Segurança Pública 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14 
1.GERENCIAMENTO DE CRISES E SEUS CONCEITOS.................................... 18 
1.1 CRISE............................................................................................................... 18 
1.2 GERENCIAMENTO DE CRISES..................................................................... 19 
1.3 CARACTERÍSTICAS DO GERENCIAMENTO DE CRISES............................ 19 
1.4 O GERENTE DA CRISE.................................................................................. 20 
1.5 CRITÉRIOS DE AÇÃO..................................................................................... 21 
1.6 ALTERNATIVAS TÁTICAS.............................................................................. 21 
1.6.1 Negociação.................................................................................................... 22 
1.6.2 Emprego de técnicas não letais.................................................................... 23 
1.6.3 Tiro de comprometimento.............................................................................. 23 
1.6.4 Invasão tática................................................................................................ 24 
1.7 PRIMEIRO INTERVENTOR............................................................................. 25 
1.8 SÍNDROME DE ESTOCOLMO........................................................................ 25 
1.9 A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA ATIVIDADE POLICIAL............................ 26 
2.REFORMA AGRÁRIA, MOVIMENTOS SOCIAIS, CRIAÇÃO DA COMISSÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS E SURGIMENTO DO CENTRO DE 
GERENCIAMENTO DE CRISES DIREITOS HUMANOS E POLÍCIA 
COMUNITÁRIA...................................................................................................... 
 
 
 
28 
2.1 REFORMA AGRÁRIA: CONCEITO, HISTÓRICO E CATEGORIAS............... 28 
2.2 CONFLITOS AGRÁRIOS................................................................................. 30 
2.3 MOVIMENTOS SOCIAIS EM ALAGOAS......................................................... 32 
2.4 DIREITOS HUMANOS..................................................................................... 35 
2.4.1 Evolução histórica......................................................................................... 35 
2.4.2 Direito Internacional dos Direitos Humanos.................................................. 37 
2.4.3 Criação da ONU............................................................................................ 38 
2.4.4 A Declaração Universal dos Direitos Humanos............................................. 38 
2.4.5 Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena.................................... 39 
2.4.6 Direitos Humanos no Brasil........................................................................... 40 
2.4.7 Programa Nacional de Direitos Humanos..................................................... 41 
2.4.8 Direitos Humanos na PMAL.......................................................................... 42 
2.5 CRIAÇÃO DO CENTRO DE GERENCIAMENTO DE CRISES DIREITOS 
HUMANOS E POLÍCIA COMUNITÁRIA NA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS.... 
 
43 
2.6 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA O CUMPRIMENTO DE 
MANDADOS JUDICIAIS E REINTEGRAÇÃO DE POSSE.................................... 
 
45 
3.PERFIL DA VIOLÊNCIA E DA SOCIOECONOMIA DE ALAGOAS, 
PROCESSO DE OCUPAÇÃO E DISPUTA DE TERRAS E 
CARACTERÍSTICAS DA REGIÃO DO CPAI-II..................................................... 
 
 
47 
3.1 O PANORAMA DA VIOLÊNCIA....................................................................... 47 
3.1.1 Violência no Brasil......................................................................................... 47 
3.1.2 Violência em Alagoas.................................................................................... 48 
3.1.3 Violência na região do Comando de Policiamento de Área do Interior II...... 50 
3.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO DE ALAGOAS.................................................. 51 
3.3 PROCESSO DE OCUPAÇÃO DO AGRESTE E LESTE ALAGOANO E A 
CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA............................................................................. 
 
53 
3.4 A REGIÃO DO COMANDO DE POLICIAMENTO DE ÁREA DO INTERIOR 
II.............................................................................................................................. 
 
54 
 
 
3.5 OCORRÊNCIA DE SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO EM PALMEIRA 
DOS ÍNDIOS.......................................................................................................... 
 
56 
3.6 PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO NÚCLEO DE GERENCIAMENTO DE 
CRISES.................................................................................................................. 
 
58 
CONCLUSÃO........................................................................................................ 59 
REFERÊNCIAS...................................................................................................... 61 
ANEXOS.............................................................................................................. 64 
 
14 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 No Brasil, a violência tem a cada dia se mostrado um problema entranhado na 
sociedade. Em Alagoas, nos últimos anos, observou-se que esta violência vem 
crescendo de forma que, conforme índices apresentados por órgãos de pesquisa e 
pela imprensa do estado de Alagoas o qual tem se tornado um dos mais violentos do 
país. 
 Diante desta realidade, as instituições policiais têm se deparado com diversos 
desafios, dentre os quais podemos destacar o combate à criminalidade, o 
cumprimento da lei, a promoção da segurança pública, preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Estas que são atribuições 
impostas pela Constituição Federal (1988): 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservaçãoda ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos 
seguintes órgãos: 
[...] V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. (BRASIL, 
1988). 
 
O policiamento, no entanto, não deve ocorrer de forma empírica, de maneira 
que cada vez mais é perceptível a necessidade de uma maior formação dos 
integrantes das instituições policiais, a fim de que o serviço ora realizado ocorra da 
maneira mais qualificada possível. Mesmo porque, conforme ensina Balestreri 
(1998), o agente de Segurança Pública trata-se de um cidadão com qualificação, 
representando o Estado em contato imediato com a população e tendo como missão 
ser ‘’porta voz’’ das diversas autoridades públicas, sendo possuidor de autoridade 
para a construção social ou sua devastação, haja vista ter permissão para utilizar a 
força e/ou armas de acordo com a lei. 
 A Polícia Militar de Alagoas, assim como outras instituições co-irmãs existentes 
no país, se depara diariamente com diversas dificuldades para o cumprimento das 
missões que lhe são impostas pela legislação existente no ordenamento jurídico 
pátrio, a exemplo da falta de quadro de pessoal, recursos materiais, EPI’s 
(Equipamentos de Proteção Individual) adequados, viaturas em condições para o 
policiamento, dentre outros. 
 Entretanto, ainda que os problemas supramencionados sejam solucionados, de 
nada adiantará se os profissionais de segurança pública não receberem a 
15 
 
 
 
capacitação técnica e profissional adequada, para que cumpram seu papel valendo-
se do respaldo e autoconfiança necessários para que se alcance uma solução 
aceitável, diante das mais diversas situações com as quais irá se deparar durante o 
serviço. 
 Dentre as diversas ocorrências que podem ser enfrentadas pelo policial militar 
encontram-se os eventos críticos, os quais consistem em situações delicadas e que 
demandam do profissional de segurança pública um preparo específico e voltado 
para a solução mais tranquila possível. Pode-se definir crise como “um evento ou 
situação crucial que exige uma resposta especial da polícia, a fim de assegurar uma 
solução aceitável’’ (MONTTEIRO, 1994, p.5). Desta forma, é perceptível que quando 
há um evento crítico se faz necessária uma intervenção que tenha por fito alcançar, 
sobretudo, dois principais objetivos, quais sejam: preservar vidas e aplicar a lei. 
 Ademais, é importante citar o que segue: 
Nas situações em que a intervenção do aparato policial se faz 
essencialmente necessário, o surgimento de uma crise é bastante 
provável, principalmente se ele surpreende um crime em andamento, 
tendo como reflexos imediatos, situações onde pessoas são tomadas 
como reféns, criando um verdadeiro impasse e colocando em risco o 
mais valioso bem que um ser humano pode ter a vida. (SENASP, 
2008, p.5). 
 
 É notório ao analisarmos as matrizes curriculares dos cursos de formação e 
aperfeiçoamento existentes nos centros de ensino da briosa Polícia Militar de 
Alagoas (PMAL), que vêm sendo incluídas disciplinas como Gerenciamento de 
Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária, estas que são de fundamental 
importância para a segurança pública em geral, haja vista a necessidade de em 
muitos casos as ocorrências serem resolvidas de maneira pacífica, pautando-se 
sobretudo na utilização do diálogo como forma de mediação e resolução destes 
eventos. 
[...] exigem, da Policia Militar, um constante aprimoramento de seus 
métodos de resolver problemas, o que passa pela sedimentação da 
filosofia de Polícia Comunitária, cuja estratégia é a aproximação com 
a população, que neste contexto passa a ser vista como uma grande 
parceira e co-participante na solução pacífica dos conflitos e na 
prevenção da violência. (REIS, 2010, p. 13). 
 
 O que fica claro é que os policiais recém-formados nos centros de ensino têm 
em sua bagagem curricular disciplinas desta natureza, diferentemente dos 
profissionais formados nas décadas passadas, onde este tipo de conhecimento não 
16 
 
 
 
era priorizado e propagado, restando clara a deficiência destes profissionais na 
capacidade de lidar com situações críticas. 
 No interior do estado de Alagoas é comum a Polícia Militar se deparar com 
diversos problemas em que a utilização do conhecimento da doutrina de 
gerenciamento de crises se faz importante para que haja uma solução viável e 
aceitável. Podemos citar: conflitos agrários; invasão e ocupação de terras; 
obstruções de vias por diversos motivos como falta de água ou luz; assaltos a banco 
com reféns; etc. 
 A região do Comando de Policiamento de Área do Interior II (CPAI-II) não é 
diferente e conta com um problema adicional, qual seja, a distância da capital, onde 
está localizado o Centro de Gerenciamento de Crises Direitos Humanos e Polícia 
Comunitária da PMAL, de modo que o município mais próximo de Maceió e 
especificamente do CGCDHPC é o de Atalaia que fica a aproximadamente 43 km da 
capital alagoana, sendo o deslocamento neste percurso de aproximadamente 1 
(uma) hora, demonstrando assim a necessidade de um policiamento treinado e 
capacitado para viabilizar em tempo hábil a solução de determinadas ocorrências 
que envolvam crises ou conflitos nesta localidade. 
 Perante esta situação é que foi proposto o presente tema, qual seja: A 
implantação do Núcleo de Gerenciamento de Crises na região do Comando de 
Policiamento de Área do Interior II (CPAI-II) da Polícia Militar de Alagoas. Há o 
intuito de que diante das informações apresentadas haja interesse por parte da 
corporação na descentralização do gerenciamento de crises da PMAL para outras 
áreas de Alagoas, haja vista os benefícios que seriam trazidos, dentre os quais 
podemos citar: a diminuição de sobrecarga dos profissionais que já pertencem ao 
CGCDHPC; a atuação mais rápida por parte do setor especializado nesse tipo de 
ocorrência; etc. 
O trabalho tem o objetivo de demonstrar a importância da implantação de um 
Núcleo de Gerenciamento de Crises na região do Comando de Policiamento de Área 
do Interior II (CPAI-II) da Polícia Militar de Alagoas, para que ocorram intervenções e 
soluções mais rápidas de eventos críticos naquela região, sendo um incentivador 
para que existam equipes capacitadas e treinadas para lidar com situações de crises 
que venham a ocorrer nesta região do CPAI-II, que contém 5 (cinco) unidades da 
PMAL e abrange cerca de 44 (quarenta e quatro) municípios alagoanos, os quais se 
17 
 
 
 
encontram localizados nas mesorregiões do Agreste Alagoano (Ex.: Arapiraca, 
Palmeira dos Índios e Taquarana) e do Leste Alagoano (Ex.: São Miguel dos 
Campos, Teotônio Vilela e Coruripe). 
 Esse objetivo poderá ser alcançado através da exposição de conceitos básicos 
sobre o gerenciamento de crises; evidenciando aspectos históricos dos Direitos 
Humanos e do surgimento do Centro de Gerenciamento de Crises da PMAL; 
identificando os principais aspectos e características dos movimentos sociais em 
Alagoas; expondo as características da região do CPAI-II; analisando dados sobre a 
violência nesta região; bem como demonstrando a aplicabilidade de um Núcleo de 
Gerenciamento de Crises no CPAI-II. 
 Assim, o trabalho tem por fito trazer resposta à seguinte problemática: a 
implantação de um Núcleo de Gerenciamento de Crises na área do CPAI-II resultará 
em intervenções e soluções mais rápidas de eventos críticos ocorridos naquela 
região? 
 Para a confecção do presente Trabalho de Conclusão de Curso foi utilizada a 
metodologia de pesquisa qualitativa em fontes bibliográficas relacionadas ao tema, 
dividindo-se o trabalho em 3 capítulos. O primeiro diz respeito à conceituação das 
principais expressões relacionadas ao gerenciamento de crises. O segundo trata de 
aspectos como a violência em Alagoas, reforma agrária, movimentos sociais, bem 
como o histórico do surgimento dos Direitos Humanos e do Centro deGerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária. Já no terceiro e 
último capítulo expõe-se o perfil da violência e da socioeconomia em Alagoas, o 
processo de ocupação e disputa de terras, bem como as características da região 
onde atua o policiamento do CPAI-II, trazendo-se ao final um caso concreto que 
elucida bem a necessidade de um Núcleo de Gerenciamento de Crises na 
localidade, bem como a proposta propriamente dita de implantação do Núcleo. 
 
18 
 
 
 
1. GERENCIAMENTO DE CRISES E SEUS CONCEITOS 
 
Este capítulo trata de conceitos que envolvem o universo do Gerenciamento 
de Crises, estes que são de fundamental importância para o conhecimento do 
profissional de segurança pública, para que ao se deparar com uma situação de 
crise possa entender o contexto do fato, as funções a serem desempenhadas, bem 
como ações e posturas a serem adotadas e/ou desempenhadas. 
 
1.1 Crise 
 
Conforme ensina Monteiro (1994) e De Souza (1995), utilizando-se do 
conceito de crise adotado pela Academia Nacional do FBI (Federal Bureau of 
Investigation) dos Estados Unidos da América, pode-se definir essa expressão 
como: “um evento ou situação crucial que exige uma resposta especial da Polícia, a 
fim de assegurar uma solução aceitável.” 
No contexto policial, pode-se entender, portanto, o termo crise como sendo 
um evento violento e inesperado, o qual possui potencial de causar prejuízos a 
instituições ou pessoas, necessitando assim uma resposta especializada por parte 
da polícia. 
Desta forma verificamos que para um evento ser considerado crítico deve 
haver um rompimento de equilíbrio ou quebra da normalidade. 
Ademais, diante da imprevisibilidade deste acontecimento é reforçada a 
necessidade das instituições policiais estarem preparadas para atuarem neste tipo 
de situação, sobretudo de maneira ágil e técnica, gerando uma solução aceitável 
para o fato. Solução esta que deve respeitar os ditames legais, éticos e morais em 
vigência. 
Dentre os eventos críticos com os quais as instituições de segurança pública 
podem se deparar podemos citar: atos terroristas; assaltos com tomada de reféns; 
sequestros de pessoas; rebeliões em estabelecimentos prisionais; invasões de 
terras; etc. 
 
 
 
 
19 
 
 
 
1.2 Gerenciamento de Crises 
 
 De acordo com a doutrina apresentada pelo FBI, o gerenciamento de crises 
pode ser definido como: “o processo de identificar, obter e aplicar os recursos 
necessários à antecipação, prevenção e resolução de uma crise”. (Monteiro 
2000,p8). 
 Consiste, portanto, na utilização de um conjunto de técnicas e princípios 
doutrinários que vão permitir que o profissional de segurança pública possa 
gerenciar situações críticas geradas por problemas de natureza política, psicológica, 
social, econômico, dentre outros. 
 Cada evento demandará um tratamento individualizado, ou seja, a utilização de 
técnicas e comportamentos próprios e de acordo com o evento em questão. O 
gerenciamento de crise não se trata de uma ciência exata, haja vista cada crise ter 
características próprias, o que exigirá uma análise cautelosa e reflexiva acerca do 
evento e como este poderá ser solucionado. 
 É de bom alvitre ressaltar que conforme é trazido pela doutrina do Curso de 
Gerenciamento de Crises (2008), oferecido pela Secretária Nacional de Segurança 
Pública do Ministério da Justiça, o gerenciamento de crises tem como principal 
missão alcançar dois objetivos, quais sejam: preservar vidas e aplicar a lei. Quanto à 
preservação da vida esta inclui a dos reféns, a do público em geral, a dos policiais e 
a dos criminosos. Já no tocante à aplicação da lei, por esta podemos entender a 
prisão dos infratores protagonistas da crise, a proteção do patrimônio público e 
privado e a garantia do estado democrático de direito. 
Importa frisar ainda que dentre estes objetivos a doutrina considera a 
preservação da vida mais relevante do que a própria aplicação da lei, sendo que 
dentre as vidas a serem preservadas a prioridade é em relação a vida de pessoas 
inocentes. 
 
1.3 Características do Gerenciamento de Crises 
 
 Ensina Monteiro (1994) que o gerenciamento de crises possui diversas 
características, sendo as principais: 
20 
 
 
 
 Imprevisibilidade: o evento crítico pode surgir e se desenvolver de maneira 
inesperada, ou seja, pode ocorrer em qualquer lugar, a qualquer tempo e 
atingir qualquer pessoa ou instituição. 
 Compressão de tempo: uma vez que a crise gera a quebra de uma 
normalidade o que acaba por exigir que as providências a serem adotadas 
sejam feitas urgentemente. Logo, exige-se que as ações sejam desenvolvidas 
de forma mais célere possível, de forma a providenciar recursos humanos e 
materiais necessários para o gerenciamento do evento crítico. 
 Ameaça à vida: trata-se de elemento inerente à crise, pois em qualquer 
situação desta natureza existe ameaça a pelo menos uma vida, ainda que 
seja a do próprio perpetrador. Ademais, conforme dito anteriormente a 
preservação da vida consiste no principal objetivo do gerenciamento de uma 
crise. 
 
1.4 O Gerente da Crise 
 
 Interpretando-se ainda a doutrina adotada pelo FBI entende-se o gerente da 
crise como sendo o responsável pela administração e tomada de decisões no teatro 
de operações. Ou seja, é o comandante do cenário de ação, sendo escolhido 
geralmente o oficial de polícia mais antigo presente na localidade. 
 É indispensável que este profissional seja dotado de conhecimento essencial à 
sua atuação como administrador do evento crítico, para que assim suas decisões 
sejam pautadas e embasadas de maneira técnica. 
 Será o gerente da crise o responsável por administrar a mobilização de todos 
os recursos humanos e materiais indispensáveis a resolução do evento crítico, 
sendo ele ainda o encarregado de coordenar as ações a serem desenvolvidas pela 
equipe de negociação e pelo time tático. 
 Ademais, é de suma importância que o gerente não seja confundido com o 
negociador, este último que possui a atribuição de estabelecer o contato direto com 
o perpetrador/causador da crise, para que assim, diante das demandas e 
possibilidades apresentadas o gerente possa realizar uma análise minuciosa e 
diante disso tomar a decisão adequada a cada situação. 
21 
 
 
 
 Por fim, salienta-se que essas decisões não deverão ser tomadas de maneira 
empírica, mas sim, baseada em critérios de ação a serem observados. 
 
1.5 Critérios de Ação 
 
 Ao desempenhar a árdua missão de controlar a crise, o comandante do teatro 
de operações, assim como os demais envolvidos neste cenário, se vê diante de 
situações que exigem um posicionamento, ou seja, uma tomada de decisão. 
 Para que estas decisões sejam tomadas se faz necessária a observância de 
alguns critérios, denominados critérios de ação. A doutrina de Gerenciamento de 
Crises do FBI estabelece três critérios de ação, estes que nada mais são do que 
referenciais que irão nortear a tomada de decisões, das mais simples as mais 
complexas, em qualquer evento crítico. São eles: 
 Necessidade: significa que qualquer ação a ser desenvolvida só deve ser 
executada quando for indispensável. Ou seja, caso não haja a necessidade 
de sua realização não se justificará o ato praticado. 
 Validade do risco: este critério preconiza que para que qualquer ação seja 
desenvolvida deve-se levar em conta se os riscos advindos da prática da 
mesma são compensados pelo resultado que se almeja. Este critério é de 
difícil análise, haja vista envolver fatores objetivos e subjetivos. 
 Aceitabilidade: a aceitabilidade implica dizer que qualquer decisão a ser 
tomada deve ser embasada em princípios legais, morais e éticos. Ou seja, 
ações desenvolvidas devem embasa-se no que prevê a lei, a moral, os bons 
costumes, bem como deve evitar que seja causado qualquer tipo de 
constrangimentopor violação a valores sociais. 
 
1.6 Alternativas Táticas 
 
 Durante a crise o gerente terá que determinar a adoção de uma ou mais 
alternativas táticas de resolução do evento crítico. Salienta-se que estas alternativas 
podem ser empregadas isolada ou conjuntamente. São elas: 
 
 
22 
 
 
 
1.6.1 Negociação 
 
 As medidas iniciais a serem adotadas pelo primeiro profissional de segurança 
pública ao chegar no ponto crítico são: conter, isolar e negociar. Desta forma, 
percebe-se que a negociação se inicia ainda nos primeiros momentos da 
instauração da crise, ou seja, deve ocorrer a partir do contato entre o perpetrador e o 
primeiro interventor. 
 Segundo Monteiro (1994), a negociação é quase tudo no gerenciamento de 
crises. Sendo assim, deve ser considerada a alternativa mais importante, haja vista 
ser a menos traumática dentre todas, bem como ser responsável pela solução de 
aproximadamente 90% dos casos e ainda estar presente durante todo o 
gerenciamento da crise. 
 O papel do negociador é de fundamental importância no teatro de operações, 
sendo sua atribuição mais específica a de ser o intermediário entre o(s) 
causador(es) da crise e o gerente da cena de ação. É através deste que se realiza a 
conversação entre as autoridades e os perpetradores, visando sobretudo, uma 
solução aceitável e menos prejudicial possível para todos os envolvidos, direta ou 
indiretamente. 
 O negociador deve ser voluntário, preferencialmente um profissional com alto 
preparo técnico e experiência, devendo possuir ainda perfeitas condições físicas e 
mentais. Será este o responsável por buscar que se ganhe tempo visando que seja 
diminuída a ansiedade e o estresse do perpetrador, bem como que se aumente a 
sua racionalidade, cansaço, reduzindo ainda suas expectativas e tentando 
estabelecer a Síndrome de Estolcomo. São ainda características essenciais de um 
bom negociador: maturidade emocional, serenidade, ser bom ouvinte e ter boa 
capacidade persuasiva. 
 Entretanto, cabe salientar que o papel de negociação não se dá por 
intermédio de uma única pessoa, deve haver uma equipe de negociação a qual deve 
ser composta por um conjunto de profissionais devidamente preparados para atuar. 
 A negociação pode ser classificada ainda em: negociação real, cujo objetivo 
principal é convencer os causadores do evento crítico, através do vínculo e da 
confiança, a se renderem e libertarem os reféns, geralmente sendo a mais aceita por 
23 
 
 
 
todos; e negociação tática a qual é desenvolvida com fito de preparar o teatro de 
operações para que venha a ser aplicada outra técnica de resolução de conflitos. 
 
1.6.2 Emprego de Técnicas Não Letais 
 
 Consiste no emprego de equipamentos de baixa letalidade ou mesmo de 
técnicas de defesa pessoal, visando a imobilização, incapacitação ou contenção do 
indivíduo perpetrador. Estas técnicas de emprego operacional consistem na 
utilização de munições químicas (lacrimogênea, por exemplo), de impacto 
controlado (elastômero), aparelhos de eletrochoque, até técnicas de imobilização por 
meio de contato físico entre o agente de segurança pública e o causador da 
ameaça. É o que ensina De Souza e Riani (2007): 
As armas não-letais atuam através de ruído, irritação da pele, 
mucosas e sistema respiratório, privação visual por ação de fumaça 
e luz, limitação de movimentos através de choque elétrico, e impacto 
controlado. Essas armas objetivam inibir ou neutralizar 
temporariamente a agressividade do indivíduo através de debilitação 
ou incapacitação. (DE SOUZA E RIANI, 2007, p. 7). 
 
 Cabe salientar, que o emprego desse tipo de tecnologia visa, sobretudo, a não 
eliminação do criminoso, e sim sua mera incapacitação temporária, com fim de 
respeitar o principal fundamento do gerenciamento da crise, qual seja: a 
preservação da vida. 
 Entretanto, de nada adiantará se estes equipamentos de baixa letalidade forem 
utilizados de maneira irregular, de forma que se faz essencial o respeito às regras de 
segurança correspondentes. 
 
1.6.3 Tiro de Comprometimento 
 
 Consiste em uma importante alternativa tática, entretanto sua utilização 
demanda uma análise minuciosa de todo o contexto da crise, bem como de 
elementos fundamentais para o alcance de um bom resultado, a exemplo: 
treinamento, armamento, munição e equipamento. Para Lucca (2002): 
[...] a aplicação dessa alternativa tática necessita de uma avaliação 
minuciosa de todo o contexto, sobretudo, do polígono formado pelo 
treinamento, armamento, munição e equipamento, que são os 
elementos fundamentais para que o objetivo idealizado seja 
alcançado. Ser um sniper (atirador de elite) transcende ter uma arma 
24 
 
 
 
qualquer e uma luneta de pontaria, para acertar um tiro na cabeça. 
(2002, p. 4). 
 
 Importante frisar que este tiro de comprometimento ocorre a partir da ação de 
um atirador de elite (Sniper), o qual deve possuir amplo conhecimento do 
armamento, bem como de outros fatores determinantes para um disparo satisfatório, 
devendo para tanto este profissional estar dotado de habilidades e conhecimentos 
essenciais à sua atuação no teatro de operações. 
 Destaca-se que a ação do atirador de elite só deve ocorrer a partir da 
autorização do gerente da crise, o qual determinará que o atirador efetue o disparo, 
visando preservar ou não a vida do criminoso. É o que ensina Lucca (2002, p.109) 
“O atirador de elite só atua mediante autorização. [...] quando de ordens expressas 
que lhe autorizem o emprego de armamento, quer preservando a vida do criminoso 
quer atuando para a eliminação total do risco.” 
 Desta forma, entende-se que a decisão quanto à utilização do tiro de 
comprometimento é de grande responsabilidade e deve ser efetuada quando o 
cenário assim a favorecer. 
 
1.6.4 Invasão Tática 
 
 A invasão tática representa a última alternativa a ser empregada em situações 
de crises envolvendo reféns localizados, haja vista trazer sérios riscos à integridade 
física dos envolvidos, sejam eles os reféns, os perpetradores ou os profissionais de 
segurança pública. 
 Além disso, geralmente essa alternativa só é utilizada quando há a existência 
de um risco ameaçador para a vida dos reféns, devendo para tanto, antes de sua 
execução, ser realizado um detalhado estudo de situação e um planejamento 
exaustivo, no intuito de se obter o sucesso esperado. 
 O time tático, composto por profissionais com alto preparo técnico, deve, 
durante o desenvolvimento do evento crítico, permanecer em local específico 
treinando para o caso de ser necessário o seu emprego. 
 
 
 
 
25 
 
 
 
1.7 Primeiro Interventor 
 
 Pode-se definir o primeiro interventor como sendo o primeiro profissional de 
segurança pública a chegar ao local onde está eclodindo uma situação de crise. 
Este tem grande importância no processo de solução de um evento crítico, pois 
possui a delicada missão de estabelecer os primeiros contatos com os causadores 
do fato, bem como acionar as autoridades competentes. 
Ademais, dentre as medidas a serem tomadas pelo primeiro interventor 
encontra-se realizar o isolamento da área, haja vista a imprescindibilidade dessa 
medida para que se tenha um maior controle sobre o ponto crítico. E ainda realizar a 
contenção, que consiste em evitar que haja um alastramento da crise. 
Geralmente, o primeiro interventor na situação crítica é o policial militar que 
realiza o policiamento ostensivo naquela determinada área, ressaltando assim a 
importância do treinamento e da disseminação de conhecimento para esse 
profissional a respeito das medidas a serem adotadas durante este tipo de 
ocorrência. Pois uma ação bem desenvolvida por parte deste policial pode ser 
determinante para o desfecho satisfatório da crise. 
Entretanto, não é o que se verifica na prática, sendo verificada a falta de 
preparo de grande parte dospoliciais para atender esse tipo de situação, fato este 
que parece estar sendo modificado com o passar dos anos, haja vista a inclusão de 
disciplinas voltadas para a disseminação desse conhecimento nos cursos de 
formação de profissionais de segurança pública. 
 
1.8 Síndrome de Estocolmo 
 
 A doutrina de Gerenciamento de Crises da SENASP (2008) ensina que se 
tratar de uma alteração psicológica que se desenvolve em pessoas submetidas à 
situações de vulnerabilidade, a exemplo de pessoas feitas reféns ou vítimas de 
sequestro, as quais passam a se identificar de maneira inconsciente com os 
causadores desse tipo de situação. 
 A situação de sensibilidade e fragilidade leva estas pessoas a desenvolverem 
sentimento de simpatia, apreço e até mesmo amor pelos algozes das situações as 
quais estão sendo colocadas. Isso talvez se explique pelo fato de que uma vez as 
26 
 
 
 
vítimas sendo submetidas a momentos difíceis e de forte tensão emocional, 
visualizando que suas vidas estão em risco, se apegam a qualquer possibilidade que 
se apresente como salvação. 
 A referida nomenclatura se dá em razão de um fato ocorrido na cidade de 
Estocolmo, na Suécia, em 1973, onde durante um assalto a banco funcionários e 
clientes foram feitos reféns por vários dias. Entretanto, curiosamente, durante o 
desenvolvimento das negociações, percebeu-se que os reféns passaram a 
sensibilizar-se com os criminosos, chegando ao ponto de protegê-los das ações da 
polícia. Além disso, no momento em que os reféns eram liberados um fotógrafo 
flagrou o momento em que um dos reféns e um dos perpetradores se beijaram e se 
comprometeram em matrimônio, antes dele ser preso. 
 Tal síndrome pode ser benéfica ao gerenciamento da crise, sobretudo no caso 
de vir a ocorrer naturalmente, pois dessa forma ficará mais fácil para a equipe de 
negociação no local desenvolver de uma melhor forma a conversação com os 
perpetradores, evitando que os mesmos venham a pôr em risco a integridade física 
ou a vida das vítimas. Ainda que não ocorra naturalmente existem técnicas que 
estimulam o desenvolvimento da Síndrome de Estocolmo. 
 
1.9 A Mediação de Conflitos na Atividade Policial 
 
 A mediação de conflitos consiste em um dos métodos alternativos de resolução 
de conflitos, a exemplo da negociação, da conciliação e da arbitragem. 
 Pode ser definida como um método em que um terceiro, independente e 
imparcial, coordena reuniões com as partes conflitantes, de forma separada ou 
conjunta, visando promover o diálogo harmonioso entre elas, possibilitando a 
reflexão por ambas as partes e a construção conjunta de soluções para a situação 
cerne do choque de interesses. 
 É o que ensina Vasconcelos (2008, p.36): 
Mediação é um meio geralmente não hierarquizado de solução de 
conflitos em que duas ou mais pessoas, com a colaboração de um 
terceiro, o mediador, expõem o problema, são escutadas e 
questionadas, dialogam construtivamente e procuram identificar os 
interesses comuns, opções e, eventualmente, firmar um acordo. [...] 
Os mediandos não são adversários, mas corresponsáveis pela 
resolução da disputa. Para o autor os conflitos que melhor se 
prestam à mediação são os familiares, comunitários, escolares e 
27 
 
 
 
corporativos, entre pessoas que habitam, estudam ou convivem nas 
mesmas dependências. 
 
 Nessa modalidade de resolução pacífica de conflitos busca-se a satisfação das 
necessidades dos envolvidos, visando que essa se dê através da construção de 
uma solução pelas partes envolvidas. 
 É uma técnica que vem ganhando espaço dentro das instituições de segurança 
pública, especialmente na Polícia Militar, uma vez que dentre os tantos papéis 
exercidos por essa instituição encontra-se a resolução de conflitos, de forma que as 
instituições de ensino em segurança pública no país têm dado ênfase à construção 
de conhecimentos que possibilitem que esses profissionais tentem resolver de forma 
pacífica as ocorrências com as quais se deparem. 
 Tal prática decorre da implantação da filosofia de polícia comunitária e visa que 
através de um diálogo bem construído e harmonioso quaisquer problemas que 
surjam possam ser solucionados de forma a minimizar ou mesmo evitar qualquer 
efeito danoso a quaisquer dos envolvidos. 
28 
 
 
 
2. REFORMA AGRÁRIA, MOVIMENTOS SOCIAIS, CRIAÇÃO DA COMISSÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS E SURGIMENTO DO CENTRO DE GERENCIAMENTO 
DE CRISES DIREITOS HUMANOS E POLÍCIA COMUNITÁRIA 
 
 Neste capítulo iremos conhecer como funcionam e do que se tratam os 
movimentos sociais e em prol da reforma agrária, a exemplo do Movimento Sem 
Terra (MST) e o Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), estes que frente às 
invasões de terras promovidas, fizeram surgir um alerta à Polícia Militar no tocante a 
necessidade de ser repensada sua forma de atuação diante deste tipo de 
ocorrência, fazendo surgir assim a Comissão Central de Direitos Humanos, que 
posteriormente passaria a ser chamada de Centro de Gerenciamento de Crises 
Direitos Humanos e Polícia Comunitária. 
 Será ainda demonstrado o histórico dos Direitos Humanos no mundo, no Brasil, 
em Alagoas, bem como as estratégias e o trabalho que vem sendo desenvolvido 
pela PMAL para que o serviço possa ser sempre pautado nesses direitos. 
Por fim, será trabalhado neste capítulo o procedimento a ser adotado diante 
de reintegrações de posse de imóveis rurais. 
 
2.1 Reforma Agrária: Conceito, Histórico e Categorias 
 
 A partir de 1530, no Brasil, com a criação das capitanias hereditárias e da 
implantação do sistema das sesmarias pela coroa portuguesa, iniciou-se um 
processo de má distribuição de terras em todo o território nacional, o qual até hoje 
traz fortes consequências, a exemplo da formação de grandes latifúndios. 
 É diante desse cenário de desigualdade no que se refere à propriedade de 
terras em nosso país que surgiu a idealização de se promover uma reforma agrária, 
cuja finalidade é promover a redistribuição das propriedades rurais, para que assim 
essas terras possam realizar a sua função social. (FRANCISCO, 2015). 
 A tentativa de promover a distribuição igualitária de terras no território brasileiro 
ganhou força com a criação do Estatuto da Terra em 1964, o qual preceitua que o 
Estado possui a obrigação de garantir os direitos das pessoas que vivem e 
trabalham na terra. 
 Vejamos como dispõe a lei nº 4.504/64 (Estatuto da Terra): 
29 
 
 
 
Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à 
propriedade da terra, condicionada pela sua função social, na forma 
prevista nesta Lei. 
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função 
social quando, simultaneamente: 
a)favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que 
nela labutam, assim como de suas famílias; 
§ 2° É dever do Poder Público: 
a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à 
propriedade da terra economicamente útil, de preferência nas regiões 
onde habita, ou, quando as circunstâncias regionais, o aconselhem 
em zonas previamente ajustadas na forma do disposto na 
regulamentação desta Lei. (BRASIL, 1964). 
 
 Entretanto, na prática o que se vislumbra é o não cumprimento deste estatuto, 
haja vista, por exemplo, a grande quantidade de famílias camponesas expulsas de 
suas terras diante da aquisição das mesmas por grandes latifundiários. 
 O que se percebe é que a reforma agrária no Brasil caminha a passos lentos, 
encontrando diversas dificuldades para sua implantação de forma mais efetiva, a 
exemplo da resistência dos latifundiários, elevado custo de manutenção das famílias 
assentadas, bem como dificuldades jurídicas. 
 Legalmente as propriedades rurais destinadas à reforma agrária podem ser 
obtidas mediante o que estabelece a lei nº 8.629/93 (expropriação), no caso de não 
cumprimento de sua função social, ou ainda através da compra do imóvelrural por 
parte da União. 
 Conforme ensina Rocha (2013), a Reforma Agrária pode ser classificada em 3 
grandes categorias. A primeira delas é a Estrutural, baseada em mudanças 
estruturais e nas relações de poder decorrente de processos reformistas e 
revolucionários ocorridos naquela determinada sociedade. A segunda categoria é a 
Convencional, na qual a reforma ocorre por meio de negociação entre antigas e 
novas forças sociais, modificando o funcionamento da estrutura agrária, sem no 
entanto causar grandes modificações nas normas institucionais da sociedade 
tradicional. Por fim, a terceira categoria é a Marginal que tem por objetivo principal a 
manutenção do monopólio sobre as estruturas fundiárias e as terras, desenvolvendo 
assim tão somente uma reparação superficial das desigualdades. 
 Sendo assim, percebe-se que a questão da Reforma Agrária no Brasil é um 
assunto bastante complexo e muito a ser debatido. De forma que sem sombra de 
dúvidas acarreta uma série de consequências para diversos ramos da sociedade, 
dentre eles a segurança pública, conforme poderá ser observado mais adiante. 
30 
 
 
 
2.2 Conflitos Agrários 
 
O conflito está presente em todos os meios sociais. Essa palavra deriva do 
latim conflictus e é sinônima às palavras choque, embate, luta. 
No meio agrário não é diferente. É o que expõe Santos (2001): 
Os conflitos pela posse e propriedade da terra, presentes em todas 
as regiões brasileiras, são marcados por inúmeros atos violentos, o 
que significa uma ação generalizada contra as formas de luta pela 
terra das populações rurais brasileiras. (SANTOS, 2001, p.1). 
 
 A violência agrária tem se apresentado cada vez mais no dia a dia, tornando-se 
comum. Entretanto, esta advém desde tempos mais remotos, mais especificamente 
no período escravocrata brasileiro, a partir das relações de dominação classistas 
e/ou de grupos sociais, sendo considerado um artifício na tentativa de controle tanto 
de forma individual como coletivo. 
 Conforme dados alarmantes apresentados no relatório anual da Comissão 
Pastoral da Terra (CPT) no dia 17 de abril 2017 em Brasília, os conflitos no campo 
cresceram 26% de 2015 a 2016, o maior aumento dos últimos 31 anos. Subiu de 
1.217, em 2015, para 1.536, em 2016. Desse total 1.079 resultaram em algum tipo 
de violência. Vejamos representação gráfica. 
 
 Importante frisar que dessa totalidade de conflitos apresentada em 2016, cerca 
de 1.295 relacionam-se à luta pela terra, 172 são referentes a disputas por água e 
69 sobre questões trabalhistas (sendo 68 ocorrências de trabalho escravo). 
 
31 
 
 
 
 
 
Outro dado de destaque foi em relação ao número de assassinatos no campo, 
tendo passado de 50 casos em 2015 para 61 em 2016, configurando um aumento 
de 22% no número de mortes. 
 
 
 
 Além disso, observou-se que o número de pessoas presas decorrentes de 
conflitos ocorridos no campo saltou de 80 para 228, o que representa um aumento 
de 185%. Além das ameaças de prisão de passaram de 49 para 265, 441% a mais 
em relação ao ano anterior. 
 
32 
 
 
 
 
 
 É diante deste cenário preocupante que não se pode negar a importância de se 
dar ênfase no combate a este tipo de violência exacerbada que vem ganhando força 
nos últimos anos. 
Fica exposto diante dos números apresentados que a luta pela terra tem 
causado o desenvolvimento acelerado do processo de dilaceramento da cidadania 
no campo, haja vista o vigor existente nas disputas agrárias, surgindo a 
necessidade, portanto, de ações por parte do Poder Público no sentido não só de 
prevenir, mas de combater esse tipo de criminalidade. 
 
2.3 Movimentos Sociais em Alagoas 
 
Os movimentos sociais caracterizam-se por ser uma expressão da 
organização da sociedade civil, formada por indivíduos que possuem o objetivo 
comum de alcançar mudanças sociais através do debate político dentro de um 
determinado contexto da sociedade na qual estão incluídos. Estes movimentos são 
encontrados nos mais diversos segmentos sociais e com as mais variadas 
nomenclaturas. 
Em Alagoas não é diferente. O Estado possui uma série de movimentos 
sociais que buscam mudanças de ordem social, sobretudo os que tratam de lutas 
pela reforma agrária. Podemos citar a título de exemplo o mais influente deles, o 
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o qual teve seu surgimento 
em 1984. 
33 
 
 
 
Dentre as suas características destaca-se a disciplina e organização em suas 
lutas sociais, as quais têm a premissa de tornar a sociedade mais justa e igualitária 
através da participação dos trabalhadores e da divisão isonômica de terras. É 
movido principalmente por trabalhadores que supostamente perderam espaço 
territorial com a modernização do campo e a introdução de máquinas no plantio e 
colheita de produtos agrícolas. 
Vale salientar que os movimentos sociais que visam a reforma agrária em 
Alagoas afirmam que seu objetivo principal é modificar o panorama de grandes 
concentrações de terras em posse de poucos, bem como a perda do espaço do 
camponês para o maquinário agrícola moderno, principais causas do êxodo rural. 
 Conforme dados atualizados de 31 de dezembro de 2017 do Instituto Nacional 
de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, existem atualmente em Alagoas cerca 
de 178 assentamentos rurais, totalizando 13.002 famílias assentadas em todas as 
meso e microrrerigões do estado. 
 É o que poderemos verificar no mapa divulgado pelo Governo do Estado, o 
qual expõe a divisão dos assentamentos existentes no território alagoano. Vejamos: 
Ilustração 1 – Mapa de assentamentos rurais – Alagoas - 2017 
 
Fonte: http://dados.al.gov.br/dataset/assentamentos-em-alagoas/resource/e7e44edf-5ca3-4276-a029-
95c398f5b99e?inner_span=True 
 
 Se limitarmos o mapa à área de responsabilidade do Comando de Policiamento 
de Área do Interior II, poderemos verificar a presença de assentamentos de terra em 
diversos municípios dessa região, como por exemplo: Quebrangulo, Cacimbinhas, 
Girau do Ponciano, Traipu, Palmeira dos Índios, Penedo, Atalaia, e a maior delas em 
34 
 
 
 
Arapiraca. É o que poderemos observar diante do mapa de assentamentos da 
região e do mapa que expõe a área de policiamento sob responsabilidade do CPAI-II 
no estado. Senão vejamos: 
Ilustração 2 – Mapa de assentamentos rurais – CPAI-II – 2017 
 
Fonte: http://dados.al.gov.br/dataset/assentamentos-em-alagoas/resource/e7e44edf-5ca3-4276-a029-
95c398f5b99e?inner_span=True 
 
Ilustração 3 – Mapa de área de policiamento – CPAI-II – 2018 
 
Fonte: PMAL (2018). 
35 
 
 
 
 Sendo assim, diante destes dados e ilustrações apresentados percebe-se a 
necessidade de que sejam adotadas providências no intuito de prevenir possíveis 
conflitos existentes nesta região decorrentes de disputas de terra e interesses 
conflitantes entre os movimentos sociais presentes nos municípios e os grandes 
proprietários de terra, ou, ainda que estas contendas venham a ocorrer, que sejam 
resolvidas da melhor maneira possível para ambas as partes possivelmente 
envolvidas. 
 
2.4 Direitos Humanos 
 
2.4.1 Evolução Histórica 
 
 Ensina Bellinho (2013) que podemos definir, de forma clara e resumida, os 
Direitos Humanos como um conjunto mínimo de direitos que cada ser humano 
possui baseado na sua dignidade. São, portanto, uma gama de direitos 
indispensáveis para a sociedade e as pessoas que ela compõe. Esse tema veio a se 
desenvolver e ganhar maior relevância ao longo da história, tendo obtido ênfase em 
determinados momentos históricos, haja vista seus pressupostos e princípios terem 
por objetivo a proteção da dignidade humana de forma a abranger todos os seres 
humanos, sem distinção de qualquer natureza. 
 Bellinho (2013) afirma ainda que é ao analisarmos a filosofia de Karl Jaspers 
que percebemosque ainda no período axial (800 a.C – 200 a.C) o ser humano 
passou a ser considerado um ser dotado de razão e liberdade, independente de 
suas particularidades, crenças, costumes, características, etc. 
 Conforme ensina Melina Giradi Fachin (2009) teria sido São Tomás de Aquino, 
o criador da expressão dignitas humana, afirmando que “a dignidade é inerente ao 
homem, como espécie; e ela existe in actu só no homem enquanto indivíduo (...)”. 
 Seguindo ainda o que se encontra registrado no texto de Bellinho (2013, p.7), 
no pensamento do filósofo prussiano Immanuel Kant, têm-se que: 
a dignidade da pessoa humana não consiste apenas no fato de ser 
ela, diferentemente das coisas, um ser considerado e tratado, em si 
mesmo, como um fim em si e nunca como um meio para a 
consecução de determinado resultado. Ela resulta também do fato de 
que, pela sua vontade racional, só a pessoa vive em condições de 
autonomia, isto é, como ser capaz de guiar-se pelas leis que ele 
próprio edita. 
36 
 
 
 
 
 Teorias como esta foram de fundamental importância para a evolução dos 
direitos humanos e os direitos fundamentais, entendendo-se os primeiros como 
aqueles positivados no plano internacional e os subsequentes como aqueles 
positivados no âmbito da constituição de um determinado país. Ou seja, diferenciam-
se basicamente pelo plano em que estão consagrados. 
 No entanto, foi no final do século XVIII que John Locke, interessado em 
proteger os interesses individuais em face dos abusos existentes por parte do 
governo, no período de transição entre do Estado absoluto e o Estado liberal da 
modernidade, passou a ser considerado o precursor no reconhecimento de direitos 
naturais e inalienáveis do ser humano, passando a ser considerado indivíduo 
possuidor de direitos e valor em si mesmo, devendo estar em primeiro lugar face ao 
Estado. 
 Segundo Bobbio (2004, p.30): 
 
os direitos humanos nascem como direitos naturais universais, 
desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando cada 
Constituição incorpora Declaração de Direitos) para finalmente 
encontrar a plena realização como direitos positivos universais. 
 
 Os Direitos Humanos ganharam maior força quando da transição do Estado 
Liberal para o Estado Social, quando passaram do conjunto de direitos de primeira 
geração (civis e políticos), caracterizados por uma ação negativa do Estado, para os 
de segunda geração (econômicos, sociais e culturais), caracterizados pela 
necessidade de ações positivas por parte do Estado para se concretizarem. 
 Entretanto, cabe salientar que para que os mencionados direitos viessem a 
obter consequência universal se fazia necessário uma discussão internacional 
acerca destes para que pudessem alcançar todos os seres humanos. 
 Bellinho (2013) nos ensina que esta discussão surgiu diante das atrocidades 
ocorridas nos eventos históricos da 2ª Guerra Mundial, onde a comunidade 
internacional reconheceu a relevância desta temática, tratando-se, portanto, de 
questão de interesse e preocupação internacional, ou seja, transpondo fronteiras e 
envolvendo todo o mundo. 
 Assim, pode-se perceber que os eventos ocorridos durante a Segunda Guerra 
Mundial representaram o total desrespeito aos direitos humanos e a dignidade 
humana, sendo o momento de pós-guerra essencial para que houvesse a 
37 
 
 
 
reconstrução de um sistema de proteção através do alicerce fático que subsidia a 
criação de um sistema normativo internacional de proteção dos direitos humanos. 
 Foi com a assinatura da Carta das Nações Unidas que se iniciou uma nova 
ordem internacional que instaurou um novo modelo de condutas internacionais, 
incluindo preocupações como a proteção aos direitos humanos. 
 Nesse contexto surgiu o pensamento conteporâneo, o qual resultou na inclusão 
do binômio liberdade-individualismo nas primeiras declarações de direitos da 
América do Norte e na Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
 A partir deste cenário passou a se desenhar o esforço na recontrução dos 
direitos humanos sob a ótica de ser um referencial ético e orientador da ordem 
jurídica internacional contemporânea, visando essa uma proteção enfática destes 
direitos. 
 
2.4.2 Direito Internacional dos Direitos Humanos 
 
 Este ramo do direito surgiu em 1948 após a promulgação da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos. A partir deste fato, o mundo vem assistindo a um 
progressivo desenvolvimento de diversas ferramentas e uma ampla quantidade de 
tratados internacionais visando a composição de um forte sistema internacional de 
proteção dos Direitos Humanos. 
 Ademais, conforme visto anteriormente, o surgimento de um movimento 
internacional em prol desses direitos e garantias e sua posterior materialização com 
a DUDH, os diversos tratados internacionais e o surgimento de instrumentos 
protetores, posteriormente implementados, decorrem da origem histórica de violação 
de direitos humanos e da dignidade humana, a exemplo dos casos ocorridos no 
período da Alemanha nazista. 
 Assim, diante da repugnância pelos fatos ocorridos naquela época e com o 
fortalecimento de uma consciência mundial quanto à necessidade de um sistema 
para tutelar os direitos fundamentais do homem em nível global, percebeu-se a 
pertinência da criação de um ramo específico no Direito para tratar desta temática 
de relevância universal. 
 
 
38 
 
 
 
2.4.3 Criação da ONU 
 
 A Organização das Nações Unidas (ONU), trata-se de uma organização 
internacional formada por diversos países que se reuniram voluntariamente em prol 
da paz, do desenvolvimento mundial e da segurança internacional. 
Foi fundada em 1945, através da Carta das Nações Unidas, seu documento 
constituinte, tendo dentre outros objetivos o alcance de uma cooperação 
internacional no plano econômico, social e cultural, bem como a proteção 
internacional dos direitos humanos. 
 Com a criação da ONU o processo de universalização desses direitos 
consolidou-se ainda mais, haja vista as ações realizadas por essa organização 
intergovernamental buscarem a promoção da defesa dos direitos fundamentais do 
homem, reconhecendo a dignidade e o valor do ser humano, a promoção das 
liberdades fundamentais, a igualdade de direitos entre homens e mulheres, assim 
como entre nações grandes e pequenas, e ainda estabelecendo condições para o 
repeito às obrigações decorrentes de tratados e outras fontes de direito 
internacional, promovendo o progresso social e a melhoria das condições de vida 
das pessoas. 
 
2.4.4 A Declaração Universal dos Direitos Humanos 
 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um diploma legal que foi 
adotado e proclamado durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de 
dezembro de 1948. 
 Foi a DUDH que acabou por inovar o conceito de direitos humanos, 
introduzindo-o em uma concepção contemporânea, sendo marco inicial do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos, passando a considerar todo e qualquer ser 
humano como sujeito de direito internacional. Através desta declaração esses 
direitos passam a ser marcados pela universalidade e indivisibilidade. 
 Cabe registrar o texto do ex-secretário geral das Nações Unidas Kolfi Annan, 
contido na página 70 do livro Fundamentos dos Diretios de Melina Girardi FACHIN 
(2009), o qual enfatiza a importância da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, senão vejamos: 
39 
 
 
 
[...] a Declaração Universal dos Direitos Humanos, reconhecida pela 
comunidade internacional e baseada na dignidade e na igualdade de 
todos os membros da família humana tem o grande mérito de ser o 
primeiro instrumento legal a reunir um conjunto de princípios que 
incorporam os direitos e a liberdade do ser humano. Desde sua 
adoção, a Declaração serve como modelo para instituições 
nacionais, leis, políticas e prática de governos que protegem os 
direitos humanos.Tem instrumentos para prover inúmeros pontos de 
referência a tribunais internacionais, parlamentos, governos, 
advogados e instituições não-governamentais. Muitos desses 
instrumentos tornaram-se parte do direito internacional comum, 
unindo assim todos os Estados, quer sejam signatários de 
convenções multilaterais de direitos humanos. Assim, o que começou 
como uma proclamação, não exatamente de união, de direitos 
humanos e liberdade tem, pelo menos em certos aspectos, adquirido, 
por meio de práticas do Estado, o status de lei universal. (FACHIN, 
2009, P.70). 
 
 Diante disto é notável a relevância da DUDH como instrumento legal norteador 
acerca dos direitos humanos e da necessidade de que estes sejam respeitados e 
elevados ao patamar de Direito Internacional, sendo estes dotados de 
universalidade e indivisibilidade. 
 
2.4.5 Conferência Mundial de Direitos Humanos de Viena 
 
 Inicialmente, antes de tratar da Conferência de Viena, cabe-nos pontuar acerca 
da primeira Conferência Mundial de Direitos Humanos, a qual ocorreu em 1968 em 
Teerã, no Irã. Teve sua importância haja vista a participação na época de 84 
Estados, além da representatividade de organismos internacionais e não 
governamentais. 
 Em 1993, quase 30 anos depois, veio a ocorrer a segunda Conferência Mundial 
de Direitos Humanos, esta que foi presidida pelo Brasil e sediada na cidade de 
Viena, na Áustria. Assim como a primeira, teve grande relevância em decorrência da 
discussão de importantes assuntos globais e de questões relacionadas a direitos 
humanos, buscando a reafirmação da universalidade desses direitos. 
 Em Viena foi definitivamente legitimada a indivisibilidade dos direitos humanos, 
devendo estes serem aplicados nos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e 
culturais, além de enaltecer a necessidade de se disseminar os direitos de 
solidariedade, à paz, ao desenvolvimento e aos direitos ambientais. 
40 
 
 
 
 Foi, portanto, um marco evolutivo em relação à Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948, tendo a participação de mais de 180 Estados-membros 
da ONU. 
 Assim, entende-se que a Declaração de Viena renovou e ampliou a 
universalidade e a indivisibilidade dos Direitos Humanos, iniciada em 1948, por meio 
da proclamação da interdependência existente entre os Direitos Humanos, a 
democracia e o desenvolvimento econômico, indicando assim a democracia como 
regime político mais compatível com a necessária proteção aos Direitos Humanos. 
 
2.4.6 Direitos Humanos no Brasil 
 
 Desde a colonização portuguesa por volta do ano de 1.500 o Brasil passou a 
sofrer diversas consequências no que se refere à desigualdade, tanto do ponto de 
vista econômico como social. Estas desigualdades perduraram ao longo da história 
e existem até os dias atuais. 
Ademais, outros eventos históricos evidenciam momentos de disparidade 
entre pessoas, a exemplo da dizimação da população indígena e a implantação do 
trabalho escravo em solo brasileiro. Momentos estes citados, que somados a tantos 
outros, se analisados atualmente, revelam uma série de violações de direitos 
humanos e de garantias fundamentais. 
Entretanto, apesar da historicidade das violações e desrespeito aos direitos 
humanos no país, foi somente em tempos recentes que as discussões acerca das 
necessidades de desenvolvimento de ações e legislações que busquem a promoção 
desses direitos ganharam força. Freire (2011) ensina que os debates acerca dos 
direitos humanos somente ganharam espaço nas agendas dos movimentos sociais e 
dos governos a partir do século XXI. 
Entende-se que foi somente no final do século XX que, através da 
promulgação da Constituição Federal de 1988, foi restabelecido o Estado 
Democrático de Direito, surgindo assim uma série de prerrogativas constitucionais 
no tocante a garantias individuais e coletivas. 
Foi através da Carta Magna que uma série de direitos humanos foram 
positivados, havendo assim um avanço. No entanto, este progresso não evitou a 
contínua violação desses direitos. 
41 
 
 
 
Entretanto, embora não seja possível medir com exatidão o nível de respeito 
aos direitos humanos que passou a se ter no Brasil, pode-se afirmar, através da 
análise dos debates sobre essa temática, que foi a partir do Programa Nacional de 
Direitos Humanos – PNDH que houve a redução da tolerância à impunidade e às 
violações desses direitos (PINHEIRO, 1998; MESQUITA, 1998). 
 
2.4.7 Programa Nacional de Direitos Humanos 
 
 Foi no governo do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso 
que se criou o Programa Nacional de Direitos Humanos, em maio de 1996. O 
surgimento deste programa veio a ser alavancado pelo ocorrido em El Dourado dos 
Carajás, episódio em que houve um confronto entre polícias e civis, resultando na 
morte de dezenove trabalhadores rurais. 
 Este programa ao ser lançado tinha por objetivo inicial a proteção e promoção 
de direitos humanos na América Latina, através de uma parceria firmada junto à 
sociedade civil. Salienta-se que de fato o PNDH deu resultados satisfatórios, 
passando a ser considerado marco referencial durante o governo de FHC. 
 Dentre os objetivos citados o PNDH tinha como propósito a limitação, o 
controle e a reversão das grandes violações ocorridas no Brasil, implementando-se 
assim as recomendações oriundas da Conferência Mundial de Direitos Humanos de 
Viena. 
 O programa foi, portanto, uma importante medida adotada e que veio a 
fortalecer uma mudança acerca da concepção sobre direitos humanos, passando a 
sua implantação a ser momento marcante de defesa dos direitos humanos no Brasil. 
 A partir do governo de FHC e por meio do PNDH o governo federal, assim 
como os estados-membros da federação, viram-se obrigados a proteger não 
somente os direitos humanos existentes nas constituições, federal e estaduais, mas 
também àqueles definidos em tratados internacionais reconhecidos e seguidos pelo 
Brasil. 
 
 
 
 
42 
 
 
 
 
2.4.8 Direitos Humanos na PMAL 
 
 O ensino sobre Direitos Humanos no país já é uma realidade a alguns anos. É 
o que pode ser vislumbrado nas faculdades e universidades brasileiras, assim como 
nos cursos de formação em segurança pública. 
 Em Alagoas não é diferente, de forma que o ensino sobre essa temática 
tornou-se uma realidade nas bancas acadêmicas dos cursos promovidos pela 
Polícia Militar de Alagoas, sejam os de formação, ou ainda os de especialização, o 
que proporciona uma maior qualificação e preparo dos profissionais para atual 
realidade. 
 Segundo Prado e Nascimento (2011) que foi em 1996 que surgiu o primeiro 
Curso de Direitos Humanos da corporação PMAL, onde foram criadas duas turmas, 
uma para oficiais e outra para subtenentes e sargentos. Inicialmente teve duração 
de um mês, passando no ano seguinte a ser de quatro meses o tempo para 
conclusão, além de exigir a elaboração de uma monografia como requisito para 
aprovação. 
 Momento marcante se deu quando houve a participação dos então alunos do 
curso na II Conferência Nacional de Direitos Humanos, promovido pela Comissão de 
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados em Brasília/DF. 
 Ensina ainda Prado e Nascimento (2011) que em 1997 foi criada a Comissão 
Central de Direitos Humanos - CCDH, através da Portaria Nº 015/97-CG de 30 de 
Abril de 1997, a qual tinha como principal missão assessorar o Comando Geral da 
PMAL em assuntos relacionados à direitos humanos. 
 Cabe registrar ainda que em 2003 a Polícia Militar de Alagoas foi contemplada 
com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos 
Humanos da Presidência da República, na categoria Segurança Pública. Esse 
prêmio foi de grande valia para a corporação, tendo em vista ser uma forma de 
reconhecimento aos investimentos feitos pela instituição no tocante à capacitação e 
educação de seus profissionais no que se refereaos direitos humanos e à sua 
aplicabilidade no serviço desempenhado. 
 Desde então, a corporação tem sido reconhecida como uma polícia cidadã, de 
forma que tem sido dada continuidade à promoção de cursos voltados para essa 
43 
 
 
 
doutrina, assim como busca-se o incentivo aos policiais militares para que 
realizarem cursos em instituições co-irmãs por todo o país, como forma de reforçar o 
preparo desses militares. 
 
2.5 Criação do Centro de Gerenciamento de Crises Direitos Humanos e Polícia 
Comunitária na Polícia Militar de Alagoas 
 
 Conforme visto anteriormente, em 1997 foi criada a Comissão Central de 
Direitos Humanos, com principal função de assessorar o Comando Geral da PMAL 
em assuntos relacionados à direitos humanos. 
 Além disso, essa comissão possuia como missões precípuas a promoção de 
políticas internas de divulgação, conscientização e informação sobre direitos 
humanos, bem como o desenvolvimento de programas de aconselhamento e 
acompanhamento de policiais militares envolvidos em aspectos relacionados à 
violação de direitos humanos. 
 Desde a sua criação trouxe notoriedade à Alagoas no âmbito nacional, 
tornando a Polícia Militar alagoana um sinônimo de polícia cidadã, tendo 
desenvolvido atuações consonantes com o PNDH. 
Ademais, foi esta comissão a responsável por uma série de trabalhos de 
grande importância no cenário estadual, como por exemplo a participação no Fórum 
de Defesa da Criança e do Adolescente, com o propósito de diminuir atos 
infracionais e situações de risco social de meninos e meninas das ruas de Maceió; 
propor formação de agentes sociais para atuar junto a este público; participar do 
processo de transferência de famílias moradoras da favela do Cibrazem, no bairro 
do Jaraguá, buscando que essa mudanças se desse com o mínimo de prejuízos 
possíveis; dentre tantas outras ações. 
Diante desse destaque, em 2001, quando da aprovação da Lei de 
Organização Básica da PMAL, no dia 19 de abril, a Comissão Central de Direitos 
Humanos passou a ser chamada de Centro de Gerenciamento de Direitos Humanos 
e Polícia Cominitária – CGDHPC, passando assim a se tornar de forma oficial órgão 
de assessoria do Comandante Geral. 
Com o advento da Lei nº 6.399 de 2003, o então CGDHPC passa a ser 
denominado de Centro de Gerenciamento de Crises Direitos Humanos e Polícia 
44 
 
 
 
Comunitária - CGCDHPC, sendo acrescentada a expressão “Crise” à nomenclatura, 
haja vista ser esse órgão da PMAL o responsável por lidar com os eventos críticos 
ocorridos no estado. 
Neste cenário, o CGCDHPC passou a possuir diversas atribuições, as quais 
estão devidamente destrinchadas no artigo 84 da lei nº 6.399/03. Vejamos: 
Art. 84 - O Centro de Gerenciamento de crises, Direitos e Humanos e 
Polícia Comunitária (CGDHPC) é o órgão responsável pelo 
assessoramento ao Comandante Geral no desenvolvimento da 
política institucional de direitos humanos, gerenciamento de crises e 
na polícia comunitária, cujos encargos estão distribuídos em cada 
campo de atuação nos seguintes termos: 
I - Direitos Humanos 
a) estabelecer doutrina nas questões de direitos humanos. 
b) desenvolver estudos e programas voltados para a conscientização 
dos direitos humanos nas relações internas e externas da 
Corporação; 
II - Gerenciamento de Crises: 
a)antecipar-se, preventivamente, ao emprego da tropa regular nos 
conflitos urbanos e rurais, sequestros, rebeliões, motins e outras 
formas de manifestações criminosas com presunção de 
desdobramento de violência; 
b)conduzir negociações, de modo a garantir a aplicação da Lei sem o 
emprego da força e sem deformação da dignidade humana. 
III - Polícia Comunitária - Coordenar e apoiar as ações do Comando 
voltadas para o desenvolvimento e aprimoramento da filosofia de 
polícia comunitária na Corporação. 
 
 Quanto à sua composição, é no artigo 85 do referido diploma legal que 
encontramos a constituição deste importante órgão da PMAL. 
 
Art. 85 - O Centro de Gerenciamento de Crise, Direitos Humanos e 
Polícia Comunitária tem a seguinte composição: 
I - Diretor; 
II - Núcleo de Gerenciamento de Crise; 
III - Núcleo de Direitos Humanos; 
IV - Núcleo de Polícia Comunitária; 
V – Grupo de Apoio Administrativo. 
 
 Ademais, conforme o artigo 86, são competências do Diretor do CGCDHPC, 
dentre outras: 
Art. 86 – [...] I - assessorar o Comandante Geral em todos as ações 
da Polícia Militar que tratem especificamente de direitos humanos, 
gerenciamento de crises e polícia comunitária; 
III - representar o Comandante Geral nas reuniões e assembléias do 
Conselho Estadual de Direitos Humanos; 
IV - promover e disseminar conhecimentos, instruções e informações 
sobre direitos humanos na Corporação, em perfeita sintonia com a 
3.ª Seção do Estado Maior Geral e Diretoria de Ensino; 
45 
 
 
 
VII - desenvolver ações preventivas, em parceria com órgãos 
governamentais e não-governamentais, com a finalidade de 
gerenciar a atuação pacífica da Polícia Militar nos diversos tipos de 
conflitos; 
X - desenvolver programa de aconselhamento e acompanhamento 
de policiais militares envolvidos em aspectos relacionados aos 
direitos humanos, em parceria com o Centro de Assistência Social da 
Corporação; 
XI - propor exames psicológicos e profissiográficos, visando uma 
melhor alocação de policiais militares, inclusive sugerindo 
transferências e relocações; 
XV - buscar meios que permitam a participação da comunidade nos 
assuntos de segurança pública. 
 
 Sendo assim, percebe-se diante do que foi apresentado, bem como da 
legislação citada, a grande importância deste órgão, face à sua atuação 
indispensável nas situações envolvendo a garantia e promoção dos direitos 
humanos, eventos críticos e nas ações que dizem respeito ao policiamento 
comunitário, de forma a se consagrar como essencial ao assessoramento do 
Comando Geral da corporação e como importante parceiro da segurança pública. 
 
2.6 Procedimentos Adotados para o Cumprimento de Mandados Judiciais e 
Reintegração de Posse 
 
 De acordo com Lima Neto (2011) as questões que envolvem reintegração e 
manutenção posse, assim como mandados judiciais, vêm ganhando 
aperfeiçoamento dentro da Polícia Militar de Alagoas. É o Núcleo de Gerenciamento 
de Crises do CGCDHPC, previso na Lei de Organização Básica da PMAL no artigo 
85, II, o setor responsável por lidar com essas situações. 
 A atuação da Polícia Militar em assuntos agrários busca a aproximação cada 
vez maior entre as pessoas que lutam em prol de uma Reforma Agrária dentro do 
estado de Alagoas e as instituições de segurança pública, ou seja, do próprio 
Estado. 
 É, portanto, uma estratégia que tem, dentre outras finalidades, evitar que haja 
qualquer tipo de desentendimento que gere uma situação de violação dos direitos 
humanos, de forma a tentar solucionar qualquer tipo de problemática por meio do 
diálogo e das formas mais pacíficas possíveis. 
46 
 
 
 
 No que diz respeito aos procedimentos a serem realizados durante o 
cumprimento de requisição judicial de reintegração de posse, foi criada uma doutrina 
que descreve as ações a serem desenvolvidas, desde o recebimento do mandado 
judicial até o seu efetivo cumprimento. 
 Essa sequência de ações nos é ensinada por Prado e Nascimento (2011, 
p.70). Vejamos: 
a) Recebimento do mandado judicial pelo cmt geral; 
b) Contato com o oficial de justiça para agendamento; 
c) Contato com as autoridades envolvidas; 
d) Contato com os movimentos sociais citados; 
e) Reunião com os movimentos sociais, incra e proprietário; 
f) Visita à área em litígio com o of. De justiça; 
g) Negociação para cumprimento do mandado; 
h) Acompanhamento e segurança da desocupação; 
i) Conclusão atestado em certidão (of. De justiça); 
j) Confecção de relatório (cmt geral, juiz, incra). 
 
Sendo assim, observa-se que a partir

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