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CONTABILIDADE E ANÁLISE DE BALANÇOS Professora Me. Juliana Moraes da Silva GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SILVA, Juliana Moraes da. Contabilidade e Análise de Balanços. Juliana Moraes da Silva. (Reimpressão) Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 188 p. “Graduação - EaD”. 1. Análise. 2. Contabilidade. 3. Balanços. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0531-8 CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de Conteúdo Silvio César de Castro Lideranças de área Angelita Brandão, Daniel F. Hey, Hellyery Agda Design Educacional Deborha Caroline Batista Rodrigues Arrias, Marcus Vinicius Almeida da Silva Machado Iconografia Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Ellen Jeane da Silva Revisão Textual Kaio Vinicius Cardoso Gomes Erica Fernanda Ortega Ilustração Bruno Cesar Pardinho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis- so, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. A U TO R A Professora Me. Juliana Moraes da Silva Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Possui Bacharelado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (2001). Atualmente, é Perita Contábil nas áreas Civil e Trabalhista, é também Professora e Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis da UNICESUMAR - Centro Universitário Cesumar. Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis. SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Há uma frase bastante popular que diz o seguinte: “Para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve”. É mais ou menos assim que muitas pessoas vivem, não sabem o que querem, seguem por qualquer caminho e por isso, nunca conseguem nada, nem chegam a lugar nenhum. Mas você é diferente, você escolheu o caminho da academia e, para seguir este caminho é preciso traçar uma meta e, para buscá-la, é necessário planejamento, organização, per- severança, conhecer as possibilidades e aproveitar as oportunidades. Tenha calma, você vai chegar lá, mas deve ser um passo de cada vez. No ensino a distância, é a sua discipli- na de cada dia, de cada mês, de cada ano, que lhe mostrará que você está chegando lá. Temos o desejo de contribuir com a construção do seu conhecimento. E é com grande satisfação que este material de Contabilidade e Análise de Balanços foi especialmente elaborado para auxiliar nos passos da sua caminhada. O presente material está estruturado em 5 unidades, nas quais apresentamos uma ex- planação teórica acerca dos temas abordados, exemplos, dicas e sugestões de leituras complementares, exercícios resolvidos, finalizando com uma lista de atividades. A inserção da contabilidade como ciência social e os princípios que norteiam a con- tabilidade financeira estão apresentados na Unidade I. Na Unidade II, constam alguns conceitos básicos para a sistematização do objeto de estudo da contabilidade: o patri- mônio. As demonstrações contábeis, também chamadas de demonstrações financeiras, são apresentadasaos alunos na Unidade III. Finalizada esta etapa de conhecimento da contabilidade, dá-se início à análise destes demonstrativos. Na unidade IV, destacam-se os procedimentos necessários que antecedem a análise e evidenciam duas técnicas de análise: análise vertical e horizontal. Por fim, na última Unidade, é abordado uma impor- tante técnica de análise: os indicadores. Ante todo o exposto, não perca mais tempo, o seu futuro só depende de você. Vamos dar o próximo passo? Bons estudos! APRESENTAÇÃO CONTABILIDADE E ANÁLISE DE BALANÇOS SUMÁRIO 09 UNIDADE I ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE 15 Introdução 16 Ciência Contábil 19 Pessoas Física e Jurídica 24 Objeto, Objetivo e Usuários da Contabilidade 29 Campo de Atuação da Ciência Contábil 32 Princípios de Contabilidade 39 Atributos da Informação Contábil 42 Considerações Finais 50 Referências 51 Gabarito UNIDADE II SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO 55 Introdução 56 Bens e Direitos Econômicos 60 Obrigações 62 Patrimônio 67 Balanço Patrimonial 70 Ativo 74 Passivo SUMÁRIO 10 76 Patrimônio Líquido 80 Origens e Aplicações 81 Balanços Sucessivos 86 Considerações Finais 94 Referências 95 Gabarito UNIDADE III DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 99 Introdução 100 Demonstrações Financeiras 103 Demonstração do Resultado do Exercício 111 Outras Demonstrações Financeiras 129 Considerações Finais 135 Referências 136 Gabarito UNIDADE IV ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL 139 Introdução 140 Introdução à Análise das Demonstrações Financeiras 143 Análise Vertical SUMÁRIO 11 146 Análise Horizontal 151 Considerações Finais 158 Referências 159 Gabarito UNIDADE V ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS 163 Introdução 166 Índice de Liquidez 170 Índice de Endividamento 172 Índice de Lucratividade 176 Índice de Rentabilidade 178 Considerações Finais 185 Referências 187 Gabarito 188 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Me. Juliana Moraes da Silva ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender a inserção da ciência contábil na ciência social. ■ Diferenciar as pessoas físicas das jurídicas. ■ Reconhecer o objeto, objetivo e usuários internos e externos da contabilidade. ■ Identificar os campos de atuação da contabilidade na atualidade. ■ Conhecer os princípios de contabilidade da Resolução CFC n. 750- 1993 e alterações. ■ Verificar os atributos da informação contábil da Resolução CFC n. 185-1995. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Ciência contábil ■ Pessoas física e jurídica ■ Objeto, objetivo e usuários da Contabilidade ■ Campo de atuação da ciência contábil ■ Princípios de Contabilidade ■ Atributos da Informação contábil Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao mundo da contabilidade! Aqui, nem tudo são números e cálculos, mas tudo ocorre de maneira lógica. O conteúdo desta disciplina cumulado com seu conhecimento acerca do mundo à sua volta, em especial o seu conhecimento em relação ao mundo dos negócios, lhe pro- porcionará condições de melhor investir ou negociar. A compreensão da contabilidade amplia o conhecimento acerca dos fatos ocorridos na empresa e a possibilidade de análise. Você perceberá a importância de se compreender o sentido das palavras de acordo com a terminologia con- tábil. Neste estudo, vários termos que são usuais no seu dia a dia são trazidos para análise. São termos que talvez você nunca tenha parado pra analisar o sig- nificado nos termos da lei. A compreensão da estrutura básica da contabilidade trabalhada e possibi- lita o desenvolvimento do aprendizado de forma clara e efetiva, uma vez que alguns termos comuns no uso de nosso dia a dia, bem como Ciências e Pessoas, são definidos à luz da terminologia contábil. A contabilidade surgiu em razão da necessidade do homem. Sua histó- ria confunde-se com a própria história da civilização, totalmente interligada com atividades de interpretação dos fatos ocorridos e propostos pelo homem. Mesmo estando em uma sociedade em constante evolução, o objeto de estudo e o objetivo da contabilidade permanecem praticamente inalterados desde a sua sistematização. O campo de atuação da contabilidade é amplo e diversificado, vai desde aplicações para fins fiscais e controle até a interferência no processo decisório, razões pelas quais as informações geradas pela contabilidade devem ocorrer de forma fidedigna e em tempo real, refletindo a real situação econômica e finan- ceira da empresa. Os principais usuários da informação financeira são credores e investidores em potencial, mas gestores e funcionários também utilizam os dados contábeis evidenciados nas demonstrações. As normas brasileiras de contabilidade são de observância obrigatória. Os pilares que permitem todo o arcabouço teórico contábil consistem nos Princípios de Contabilidade, abordados de forma simplificada. Ótimo estudo! ©shutterstock ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 CIÊNCIA CONTÁBIL Ciência: “conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, his- toricamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão e, estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e, possivelmente, orientar a natureza e as atividades huma- nas” (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2009). Para Lakatos e Marconi (2010), o Método Científico é uma forma de inves- tigação da natureza e pode ser elencado nas seguintes etapas: ■ A identificação do problema ou observação do fenômeno: ato de exami- nar minuciosamente qualquer coisa. ■ Levantamento de hipóteses: o problema deve ser identificado e enunciado de tal maneira que todos entendam do que se trata. ■ Os experimentos científicos: ocorrem quando se realiza todos os expe- rimentos teóricos e práticos em busca de explicações para determinado problema. Ciência Contábil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 ■ A publicação do trabalho: quando já se chegou a uma conclusão e deve- -se expô-lo à crítica da comunidade científica. Desse modo, pode-se levar a tecnologia à todas as partes do mundo. A ciência tem várias divisões, das quais destacam-se: Ciência Exata: qualquer campo da ciência capaz de expressar quantida- des, predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses, especialmente os experimentos reprodutíveis envolvendo predições e medições quantificáveis pela Matemática, Física, Engenharia, Química, Estatística. Ciência Social: ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do ser humano. Propõe conhecer o ser humano enquanto elemento integrante de grupo organizado. A Ciência Contábil ou Contabilidade é uma Ciência Social. Para Franco (1989), a contabilidade é uma ciência social que estuda os fenômenos no patri- mônio das entidades, mediante registro, classificação, demonstração, análise e interpretação dos fatos contábeis, objetivando oferecer informações e orienta- ções para o auxílio na tomada de decisões. Embora a contabilidade utilize métodos quantitativos, não se pode interpre- tar a aplicação como sendo uma ciência exata,pois esta objetiva as quantidades abstratas que independem de ações humanísticas e não as aplicações. A ciência da contabilidade, na condição de ciência humana, tem um relacio- namento estreito com as outras áreas do conhecimento universal. Diante desta interface o estudo da ciência contábil não pode deixar de conhecer os aspectos das outras ciências que se aplicam ao seu estudo, tanto no campo teórico como no prático ou operacional. ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Assim como as casas são feitas de pedras, a ciência é feita de fatos. Mas uma pilha de pedras não é uma casa e uma coleção de fatos não é, necessaria- mente, ciência. (Jules Henri Policare) A Resolução 750/93 (on-line)1 do Conselho Federal de Contabilidade, em seu apêndice, descreve que: Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades – e consis- te em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhan- te às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa de que a Contabilidade é uma Ciência Social com plena fundamentação epistemoló- gica. Por consequência, todas as demais classificações – método, conjunto de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais correntes – referem-se a simples facetas ou aspectos da contabilidade, usualmente concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões concretas. O patrimônio também é objeto de outras ciências sociais – por exemplo, da Economia, da Administração e do Direito – que, entretanto, o estudam por ângulos diversos daquele da contabilidade, que o estuda nos seus aspec- tos quantitativos e qualitativos. A contabilidade busca, primordialmente, aprender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas pelo patrimônio, tendo em vista, muitas vezes, uma visão prospectiva de possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem, quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza sobre o patrimônio. Pessoas Física e Jurídica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 PESSOAS FÍSICA E JURÍDICA Desde os tempos mais remotos o homem procurou se agrupar, viu que sozinho, sem ajuda mútua, não poderia sobreviver. Com o passar dos anos, passou a se juntar, principalmente para a realização de determinados objetivos comuns ou negócios, criando as companhias ou empresas. Hoje, por força de lei, a pessoa natural recebe o nome de pessoa física, e as pessoas físicas, quando identificadas por um número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), são denominadas pessoas jurídicas. ©shutterstock © Shutterstock ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 Figura 1 – Pessoa física e pessoa jurídica. Pessoas de acordo com o código civil brasileiro – lei 10.406, de 10/01/2002 Observamos que no ambiente social muitas forças coexistem e se relacionam umas com as outras, em ambiente de conflito ou harmonia. Destacam-se den- tre estas forças, as pessoas naturais/físicas e jurídicas. Pessoa Natural ou Física a) Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (Art. 1º); b) A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (Art. 2º); A Contabilidade, na condição de Ciência Social, se vincula às pessoas. Pessoa Física Pessoa Jurídica Pessoas Física e Jurídica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 c) A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão defi- nitiva. (Art. 6º); Assim, quando deparamos com qualquer ser humano, estamos deparando com uma pessoa natural ou física. Pessoa Jurídica O código civil classifica as pessoas jurídicas como sendo de direito público (interno ou externo), e de direito privado. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno (Art.41): I - a União; (Ex: República Federativa do Brasil). II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; (Ex: Estado do Pa- raná). III - os Municípios; (Ex: Município de Maringá). IV- as autarquias, inclusive as associações públicas. V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo Consideram-se Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo os Estados estran- geiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público (Art. 42). (Ex: Estados Unidos da América, Portugal, ONU). Pessoas Jurídicas de Direito Privado Correspondem às pessoas que não são públicas. Começa a existência legal das Pessoas Jurídicas de Direito Privado com a inscrição do ato constitutivo (Contrato Social, Estatuto) no respectivo registro, precedida, quando necessário, de auto- rização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos cons- titutivos (Arts. 45, 985 e 1150). ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 Termina a existência da pessoa jurídica com a inscrição do destrato social no respectivo órgão de registro. São Pessoas Jurídicas de Direito Privado (Art. 44): I - as associações. II - as sociedades. III - as fundações. IV - as organizações religiosas. V - os partidos políticos. Pessoas no sentido contábil Para a ciência contábil, fora do contexto do Código Civil Brasileiro, o conceito e classificação das entidades contábeis são os seguintes: Entidade Contábil ou Azienda A Entidade Contábil/Azienda pode ser definida como um patrimônio sob a ação administrativa do homem, que age sobre ele praticando atos de natureza econômica. A pessoa física que exerce qualquer atividade econômica de natureza ci- vil ou comercial, com a finalidade de obtenção de lucro, mediante venda a terceiro de bens ou serviços, é considerada por força de lei como pessoa jurídica, exceto quanto às profissões de que trata o art. 150, § 2º, do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto sobre a Renda – RIR. Fonte: Decreto nº 3.000 (1999)². Pessoas Física e Jurídica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Segundo o Novo Dicionário Aurélio (2009), azienda é: complexo de obrigações, bens materiais e direitos que constituem um patrimônio, representados em valores ou que podem ser objeto de apreciação econômica, considerado juntamente com a pessoa natural ou jurídica que tem sobre ele poderes de administração e disponibili- dade. As entidades contábeis/aziendas, quanto aos fins, classificam-se em: a) Sociais: são aquelas cujo fim é apenas social, ou seja, não visam lucros. Podemos citar como aziendas sociais as associações beneficentes, esportivas, culturais, recreativas etc. b) Econômico-sociais: são aquelas que além de terem finalidades sociais buscam, também, um aumento delas mesmas, com o objetivo de prestar ser- viços, pecúlios, benefícios etc.às pessoas que contribuíram para sua formação. Podemos citar como exemplo desse tipo de azienda os institutos de pensão, apo- sentadoria, pecúlio e previdência. c) Econômicas: são aquelas constituídas com a finalidade de obter lucros que seriam revertidos em seu próprio benefício e no das pessoas que contribuíram para sua formação. Nesse tipo de azienda, podemos classificar todas as socieda- des comerciais, industriais, agrícolas, de serviços, além de outras que tenham lucro como finalidade. No Brasil, essas entidades econômicas são denomina- das sociedades empresariais, empresas, fundos de comércio, estabelecimento. As entidades contábeis/aziendas, quanto aos seus proprietários, classifi- cam-se em: a) Públicas: são as que pertencem à comunidade, mas que podem estar sob a administração do poder público ou privado. Podemos citar, por exemplo, as fundações, os sindicatos, as fundações com fins educacionais, intelectuais, espor- tivos e, o próprio Estado. b) Particulares: são as propriedades particulares pertencentes a uma pessoa ou a um grupo de pessoas, como as sociedades civis ou comerciais ou o próprio patrimônio de uma família. © Shutterstock ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 OBJETO, OBJETIVO E USUÁRIOS DA CONTABILIDADE O estudo de uma nova disciplina é de importância ímpar para composição do conhecimento. O perfeito entendimento dos conceitos básicos envolvidos em cada desafio requer a compreensão de termos e expressões adotadas nas áreas exploradas. Mas afinal, o que é Contabilidade? Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica. A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avalia- ção destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização (Deliberação 29/1986 da Comissão de Valores Mobiliários). A Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio à disposição das azien- das em seus aspectos estáticos e em suas variações, para evidenciar os efeitos da administração sobre a formação e a distribuição dos créditos. Figura 2 – Usuários da contabilidade: credores, financiadores e fornecedores Objeto, Objetivo e Usuários da Contabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Objeto de estudo da contabilidade A contabilidade registra, controla, analisa e relata os fatos que afetam o patri- mônio econômico. Desta forma, pode-se dizer que o objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das entidades contábeis e suas variações. Objetivo da contabilidade A Contabilidade é classificada como ciência social e estuda o Patrimônio com a finalidade de fornecer aos seus usuários informações econômicas, financei- ras e patrimoniais, sendo esse o objetivo e o fim que justifica a existência da Contabilidade. Para Szuster et al. (2013), contabilidade é um sistema de informação e avalia- ção destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade no que tange à entidade objeto da contabilização. Na figura a seguir, observa-se o sistema para processamento de dados: Figura 3 - Processamento de dados Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013). ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 Diante do exposto, pode-se afirmar que os objetivos da contabilidade são: Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como, altera- ções futuras. ■ Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades. ■ Gerar informações para tomada de decisão da administração. ■ Gerar informações para terceiros com vínculo de interesse para com o empreendimento (acionistas, investidores, fornecedores, governo etc.). Silva (2002, on-line)3, afirma que a Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de ativi- dade ou setor da economia). Assim, no estudo da Contabilidade pode-se enfocar, dentre outros, os seguintes ramos: ■ Contabilidade Comercial e de Serviços. ■ Contabilidade Industrial. ■ Contabilidade Bancária. ■ Contabilidade Hospitalar. ■ Contabilidade Pública. ■ Contabilidade Agropecuária. ■ Contabilidade Securitária. ■ Contabilidade de Transporte (rodoviário, marítimo, aéreo). ■ Contabilidade das Pessoas Físicas e Atividade Rural. ■ Contabilidade de Autônomos. Objeto, Objetivo e Usuários da Contabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Usuários da contabilidade Considera-se usuário TODAS as pessoas que se utilizam da Contabilidade. Os usuários da informação contábil podem ser internos e externos, correspondem a todas as entidades contábeis (pessoas físicas e jurídicas) que, direta ou indi- retamente, tenham interesses na avaliação e na situação da entidade contábil. De acordo com o CPC 00 (R1) (2011, on-line)4: as demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas para usuá- rios externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e ne- cessidades diversas. Governos, órgãos reguladores ou autoridades tri- butárias, por exemplo, podem determinar especificamente exigências para atender a seus próprios interesses. A depender do tamanho da empresa e da tecnologia utilizada, a diversidade de informação gerada é extensa, possibilitando atender a uma gama de usuários. Usuários internos como os administradores se valem de informações finan- ceiras e operacionais, como por exemplo, ciclo financeiro, ciclo operacional, fluxo de caixa, tempo de estocagem. Já os empregados, têm interesse em informações quanto à capacidade de pagamento da empresa. De acordo com Castro (2014), o usuário interno principal da informação contábil é a alta administração, que pela proximidade à Contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios e demonstrativos de acordo com suas neces- sidades específicas, auxiliando na gestão do negócio. Os relatórios específicos podem, além de abranger quaisquer áreas de informação (fluxo financeiro, dis- ponibilidades, contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, compra e vendas no dia ou no período e os gastos gerais de funcionamento), ser elabora- dos diariamente ou em curtos períodos de tempo (semana, quinzena, mês etc.), de acordo com as necessidades administrativas. Os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspec- tos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis. ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Para Miranda (2002, on-line)5, os usuários externos são todas as pessoas ou grupos de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como: ■ Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capi- tal emprestado. ■ Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar no mercado. ■ Governo: necessita obter informações sobre as receitas e as despesas, para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne a sua parcela de tributação.■ Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir a garantia de recebimento futuro. ■ Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado. ■ A qualidade da informação fornecida aos usuários deve sempre ser asse- gurada pelos Princípios de Contabilidade. Todos podem utilizar informações financeiras geradas pela contabilidade, desde credores, investidores até mesmo os empregados da empresa. Campo de Atuação da Ciência Contábil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CIÊNCIA CONTÁBIL A contabilidade é aplicada a qualquer tipo de pessoa que exerça atividades para alcançar determinados fins, sejam eles lucrativos ou não. O campo de atuação da Contabilidade no sentido mais amplo é a azienda. Está presente nas empresas públicas e privadas para fornecer diversos tipos de informações. Szuster et al. (2013) afirma que “a atuação segmentada da Contabilidade Gerencial, da Contabilidade Financeira e da Contabilidade Fiscal retrata este processo que fornece, no conjunto, as informações mais utilizadas no mundo dos negócios”. Uma síntese das características dos campos de atuação da contabilidade pode ser verificada no Quadro 1. ©shutterstock ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Quadro 1 – Características dos segmentos da contabilidade CARACTERÍSTICAS CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE FISCAL Adoção e elaboração Facultativa Obrigatória Obrigatória Utilizada para Relações Internas. Relações externas. Relações Tributárias. Vínculo à legislação Não está condicionada às disposições legais. Condicionado às disposições legais. Condicionada às disposições legais e tributárias. Vínculo aos Princí- pios Contábeis Não precisa acompanhar. Deve acompanhar todos os Princípios de Contabilidade. Normalmente o fisco acompanha, mas tem poder de determinar tratamento diferente. Produto Principal Relatórios para planeja- mento e controle. Conjunto completo de demonstrações contábeis. Relatórios específicos exigidos por lei. Visão da empresa Interesse nas partes. Empresa como um todo. Empresa como um todo. A informação é Rápida. Relevante e confi- ável. Precisa (objetiva). A informação busca Utilidade. Essência econômica das transações. Objetividade e lega- lidade. Fonte: adaptado de Szuster et al. (2013). A rapidez de comunicação e informação entre pessoas e países trouxe consequências determinantes para a Entidade Contábil, tornando-a mais competitiva, global, instável e complexa. Em razão desses fatos, as Entidades Contábeis passaram a exigir uma Contabilidade em tempo real, não só das informações patrimoniais até então geradas, mas também de outras de natureza financeira, econômica, social. O usuário da contabilidade não se contenta mais com informações fracionadas, quer uma visão contextualizada, integral de todo o sistema que envolve a entidade contábil. Campo de Atuação da Ciência Contábil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 A barreira que a contabilidade tradicional tinha em transformar a enorme quantidade de dados em informações úteis para a entidade contábil está sendo vencida graças à informática. Atualmente, as informações estão sendo geradas de forma eficaz, gerando maior segurança no controle. Vale ressaltar caro(a) aluno(a), que dentre as principais invenções da huma- nidade, encontra-se a Contabilidade. A Contabilidade nasceu com a civilização e jamais deixará de existir em decorrência dela. Sem a contabilidade, os negó- cios não teriam avançado e a humanidade não teria o grau de progresso hoje alcançado. Enfim, uma vez mais cabe à Contabilidade revolucionar sua estru- tura, para se adaptar ao meio cultural vigente, com geração de informações de forma rápida e transparente. É importante destacar que as práticas contábeis mundiais tendem a se uni- ficarem, a falarem uma só linguagem contábil, de forma que o interessado possa entender e comparar os resultados das informações contábeis em qualquer parte do mundo. Aquele que se enamora da prática, é como o navegante que entra no navio sem timão e bússola, que jamais tem certeza de onde vai. Sempre a prática deve ser edificada sobre uma boa teoria. (Leonardo Da Vinci) ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE Cada ciência estabelece normas, regras, princípios e leis a serem cumpridas. Na Contabilidade, os princípios correspondem às premissas básicas, são as normas resultantes do desenvolvimento da aplicação prática dos princípios técnicos emanados da contabilidade, de uso predominante no meio que se aplicam, pro- porcionando interpretação uniforme das demonstrações contábeis. Os princípios de Contabilidade oficiais no Brasil foram estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução CFC nº 750/1993, que foi e continua sendo referência para outros organismos normativos e reguladores brasileiros. A sua observância é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade. A Resolução CFC n° 1.282/2010 atualiza e consolida os dispositivos da Resolução CFC nº 750/1993, que continua sendo, nesse novo cenário convergido, o alicerce para o julgamento profissional na aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade. De acordo com o Art. 2º da Resolução CFC nº 750/1993, com a redação dada pela Resolução CFC n° 1.282/2010: ©shutterstock Princípios de Contabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimen- to predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciên- cia social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. O Art. 3° da citada norma, consta os seguintes Princípios de Contabilidade: I. Princípio da Entidade. II. Princípio da Continuidade. III. Princípio da Oportunidade. IV. Princípio do Registro pelo Valor Original. V. Princípio da Competência. VI. Princípio da Prudência. I. O princípio da entidade Art. 4º - O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, indepen- dentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 II. O princípio da continuidade Art. 5º - O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componen- tes do patrimônio levam em conta esta circunstância. III. O princípio da oportunidade Art. 6º - O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações ínte- gras e tempestivas. Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. IV. O princípio do registro pelo valor original O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devam ser inicialmente registrados pelos valores originais das tran- sações, expressos em moeda nacional. § 1º. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus dis- tintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registra- dos pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e Princípios de Contabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os com- ponentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equiva- lentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os pas- sivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis. b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalen- tes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obri- gações no curso normal das operações da Entidade. c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade. d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos. e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 § 2º. São resultantes da adoção da atualização monetária: I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não repre- senta unidade constante em termos do poder aquisitivo. II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido. III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aqui- sitivo da moeda nacional em um dado período. V. O princípio da competência Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independen- temente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único: O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. O princípio da competência é um dos mais importantes em termos em relação à verificação do resultado das entidades, nesse sentido, Castro (2014) apresenta os seguintes exemplos, um para gastos e outro para receitas: Exemplo 1: Gastos Suponhamos que a assinatura semestral de um jornal custou $120,00 e esta quan- tia foi paga para a editora em quatro vezes sem juros de $30,00. No regime de caixa, respectivamente no fluxo de caixa, os valores pagos serão considerados Princípios de Contabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 e agendados no momento em que ocorrerá seu pagamento, ou seja, $30,00 por mês. Já no regime de competência, a despesa deverá ser apropriada $20,00 por mês perfazendo um total de $120,00 (período de seis meses de assinatura), inde- pendente de como ela foi paga. Veja como ficaria o lançamento dessa transação pelo regime de caixa: Veja como ficaria o lançamento dessa transação pelo regime de competência: A receita só é considerada no regime de caixa quando for recebida, indepen- dente do momento que esta foi realizada. O que se considera aqui é o momento em que foi recebida e não o momento em que foi efetuado o negócio e emitido a nota fiscal de venda. Lembrando, a contabilidade trabalha com o regime de competência. Havendo a venda de um bem para pagamento futuro, ou seja, uma venda a prazo: no regime de caixa a receita só será considera quando for recebida, ou seja, no dia que a parcela correspondente for quitada pelo cliente. Esse agenda- mento do recebimento da parcela será efetuado junto ao fluxo de caixa. Já no regime de competência a receita é considerada receita ganha no momento da negociação, ou seja, o total da emissão da nota fiscal de venda, independente do momento que será paga. ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 Exemplo 2: Receitas Na venda de mercadorias a prazo no mês de janeiro no valor de $200,00, sendo o recebimento em quatro parcelas iguais de $50,00, sendo uma parcela à vista e as demais três parcelas nos próximos meses, veja como ficaria: Lançamento dessa transação pelo regime de caixa: Lançamento dessa transação pelo regime de competência: Veja que nesse caso da venda, como supostamente a mercadoria sai da empresa no momento da venda, ou seja, ela deixa o patrimônio da empresa, ela é conta- bilizada em sua totalidade no primeiro mês. Resumindo: VI. O princípio da prudência Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmenteválidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Atributos da Informação Contábil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 Parágrafo único: o Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos compo- nentes patrimoniais. ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Como a RESOLUÇÃO Nº 785/95 (on-line)6 do Conselho Federal de Contabilidade que aprova a NBC T 1 (Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas) – Características da Informação Contábil, descreve de forma completa sobre os seus atributos e características, a mesma encontra-se reproduzida em parte a seguir: DOS ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL 1.3.1 – A informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e equitativa, de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberada- mente a nenhum deles, considerado o fato de que os interesses destes nem sempre são coincidentes. 1.3.2 – A informação contábil, em especial aquela contida nas demons- trações contábeis, notadamente as previstas em legislação, deve propi- ciar revelação suficiente sobre a entidade, de modo a facilitar a concre- tização dos propósitos do usuário, revestindo-se de atributos, entre os quais, são indispensáveis os seguintes: ■ confiabilidade. ■ tempestividade. ■ compreensibilidade. ■ comparabilidade. ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 1.4 – DA CONFIABILIDADE 1.4.1 – A confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite a informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando, pois, elemento essencial na relação entre aquele e a própria informa- ção. 1.4.2 – A confiabilidade da informação fundamenta-se na veracidade, completeza e pertinência do seu conteúdo. § 1º A veracidade exige que as informações contábeis não contenham erros ou vieses, e sejam elaboradas em rigorosa consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, na ausência de norma específica, com as técnicas e procedimentos respaldados na ciência da contabilidade, nos limites de certeza e previsão por ela possibilitados. § 2º A completeza diz respeito ao fato de a informação compreender todos os elementos relevantes e significativos sobre o que pretende revelar ou divulgar, como transações, previsões, análises, demonstrações, juízos ou outros elementos. § 3º A pertinência requer que seu conteúdo esteja de acordo com a respectiva denominação ou título. 1.5 – DA TEMPESTIVIDADE 1.5.1 – A tempestividade refere-se ao fato de que a informação contá- bil deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que este possa utilizá-la para seus fins. 1.5.2 – Nas informações preparadas e divulgadas sistematicamente, como as demonstrações contábeis, a periodicidade deve ser mantida. Quando por qualquer motivo, inclusive de natureza legal, a periodi- cidade for alterada o ato e suas razões devem ser divulgados junto à própria informação. 1.6 – DA COMPREENSIBILIDADE 1.6.1 – A informação contábil deve ser exposta da forma mais com- preensível possível ao usuário que se destine. § 1º A compreensibilidade presume que o usuário disponha de conhecimentos de Contabilidade e dos negócios e atividades da entidade, em nível que o habilite ao entendimento das informações colocadas à sua disposição, desde que se proponha a analisá-las, pelo tempo e com a profundidade necessários. Atributos da Informação Contábil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 § 2º A eventual dificuldade ou mesmo a impossibilidade de entendimento suficiente das informações contábeis por algum usuário jamais será motivo para a sua não divulgação. 1.6.2 – A compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que a informação contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal, como a organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de exposição utilizadas. § 1º A organização espacial, os recursos gráficos e as técnicas de exposição devem promover o entendimento integral da informação contábil, sobrepondo-se, pois, a quaisquer outros elementos, inclusive de natureza estética. § 2º As informações contábeis devem ser expressas no idioma nacional, sendo admitido o uso de palavras em língua estrangeira somente no caso de manifesta inexistência de palavra com significado idêntico na língua portuguesa. 1.7 – DA COMPARABILIDADE 1.7.1 – A comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhecimen- to da evolução entre determinada informação ao longo do tempo, numa mesma entidade ou em diversas Entidades, ou a situação destas num momento dado, com vista a possibilitar-se o conhecimento das suas posições relativas. 1.7.2 – A concretização da comparabilidade depende da conservação dos aspectos substantivos e formais das informações. Parágrafo único: a manutenção da comparabilidade não deverá constituir ele- mento impeditivo da evolução qualitativa da informação contábil. ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), ao término desta unidade já é possível diferenciar pessoa física de jurídica. A pessoa física sou eu e você. Quando deparamos com um hos- pital, banco, asilo, loja comercial, indústria, escola, escritório de contabilidade, igreja, prefeitura, oficina mecânica, clube recreativo, creche, hotel, rede de tele- visão, companhia telefônica, empresa individual etc., estamos deparando com pessoas jurídicas. Com essa pequena viagem pela contabilidade foi possível compreender que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio, seja esse da pessoa física ou jurídica. Quanto ao objeto de estudo, ficou evidente que desde os primórdios, continua sendo o mesmo, fornecer informações contábeis úteis aos diversos usu- ários para fins de auxiliar no processo decisório. Vale lembrar que o profissional contábil tem um amplo campo de atua- ção, podendo se relacionar com a contabilidade gerencial, fiscal ou financeira, cada qual com suas características de controle e aplicação. Nesta primeira uni- dade, diferenciamos os campos de atuação da contabilidade. Vale ressaltar que o objetivo desta disciplina consiste em utilizar as informações geradas pela con- tabilidade para auxiliar no processo decisório. Nesta primeira unidade, há informações quanto aos princípios de contabili- dade à luz da resolução 750 do CFC, bem como as suas alterações. O cumprimento das normas é obrigatória na elaboração das informações e na evidenciação dos resultados nas demonstrações financeiras disponibilizadas ao fisco e aos demais usuários. Agora que você já conheceu os principais termos relacionados com a contabi- lidade, podemos avançar nas informações econômicas registradas e demonstradas na contabilidade, possibilitando que você, aluno(a), compreenda quais são as informações geradas. 43 1. Onofre possui uma grande rede de supermercado a mais de 5 (cinco) anos. Mui- tos dados são enviados mensalmenteao contabilista para que a contabilidade possa gerar diversos relatórios. Considerando a diversidade de usuários, dis- corra sobre quais seriam os prováveis usuários de informação contábil. 2. Em contabilidade, não basta conhecer o usuário, mas é preciso compreender o tipo de informação necessária para cada um deles no processo decisório. Utili- zando a relação entre usuário e informação gerada, associe o número de cada usuário da informação contábil com a possível informação utilizada por eles. 1. Acionista em potencial. 2. Banco de empréstimo. 3. Administrador. 4. Empregado. 5. Governo. ( ) Análise do potencial de reajuste de salários. ( ) Exame das Declarações do Imposto de Renda. ( ) Exame da eficácia da atuação dos empregados. ( ) Avaliação da probabilidade de que as dívidas assumidas sejam pagas nos vencimentos. ( ) Confronto da rentabilidade da empresa considerando as diversas opções de investimentos atuais. Marque a alternativa que apresenta a sequência correta: a. ( ) 4 – 5 – 3 – 2 – 1. b. ( ) 5 – 4 – 3 – 1 – 2. c. ( ) 3 – 1 – 2 – 4 – 5. d. ( ) 2 – 4 – 5 – 3 – 1. e. ( ) 4 – 5 – 2 – 1 – 3. 3. Quanto ao conceito, objetivo e objeto da contabilidade, leia as afirmações e assinale a alternativa correta. I. O principal objetivo da contabilidade é identificar os usuários da informação contábil. II. O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio apenas dos bens e direi- tos da entidade. 44 III. A contabilidade se relaciona com várias ciências, como a econômica e a ma- temática. Está correto apenas o que se afirma em: a. I. b. II. c. III. d. I e II. e. I e III. 4. O campo de atuação da contabilidade é constituído pelas pessoas físicas e jurí- dicas. Analisando uma empresa do terceiro setor (associação sem fins lucrativos), pode-se dizer que a contabilidade tem atuação nesse tipo de entidade? Justifi- que. 5. O número de empresas criadas em janeiro de 2016 foi recorde para o mês, aponta Serasa Experian. O primeiro mês do ano registrou 166.613 novos em- preendimentos no Brasil, segundo o Indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas, o mais alto para um mês de janeiro desde o início da série, ini- ciada há seis anos. O número é 10,4% maior do que o registrado em janeiro de 2015 (150.958) e 48,0% superior ao apontado no mês anterior (dezembro/2015), quando 112.590 empresas foram abertas. Juntamente com a abertura das empresas, vem a responsabilidade quanto ao capital da empresa. Diferencie a responsabilidade do capital investido em uma empresa limitada da empresa sociedade anônima. 6. O Conselho Federal de Contabilidade, na Resolução nº 750/1993 com a redação dada pela Resolução CFC nº 1.282/2010, estabelece que os Princípios de Conta- bilidade representam a essência das doutrinas consoante o entendimento pre- dominante nos universos científico e profissional de nosso País. Sobre isso, leia as afirmações e assinale a alternativa correta: I. A constituição das provisões para férias e décimo terceiro salário é uma con- duta profissional que atende ao princípio da competência. II. O pressuposto de que ativos e receitas não sejam superestimados e passivos e despesas não sejam subestimados é estabelecido pelo Princípio da Entida- de. III. O princípio de prudência reconhece o patrimônio como objeto da Contabili- dade e afirma a autonomia patrimonial. 45 IV. Uma sociedade empresária, em 2 de março de 20XX, adquiriu à vista, por R$100 mil, um terreno, mas o bem estava avaliado em R$150 mil. O registro contábil dessa aquisição deve ser feito por R$ 100 mil e não por R$ 150 mil. a. Apenas I está correta. b. Apenas I e IV estão corretas. c. Apenas II e IV estão corretas. d. Apenas III e IV estão corretas. e. Todas estão corretas. 46 A CONTABILIDADE PARA A ECONOMIA Segundo Ludícibus et. al. (1980), a Contabilidade, com o propósito de registrar e inter- pretar os fenômenos que afetam o patrimônio de pessoas físicas ou jurídicas tem tam- bém como usuários de suas informações, os economistas. Aqueles que trabalham na área governamental utilizam as informações oriundas da Contabilidade para tributar e arrecadar impostos. Para aqueles que cuidam de análises globais ou setoriais da eco- nomia, os dados contábeis tratados estatisticamente, irão auxiliar no fornecimento de instrumentos adequados para análises econômicas. Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Sérgio Guimarães Hardy (apud MIRANDA; ALBUQUER- QUE, 2007), os economistas utilizam as informações geradas pelos contabilistas como meio de informação para a elaboração de seus trabalhos econômicos e financeiros, que serão a base para as decisões nos negócios da empresa. Para Martinez (2007), o horizon- te profissional do economista é diversificado. Esse pode desempenhar tarefas como o planejamento econômico, financeiro e administrativo de empresas e outras instituições. Pode também analisar a política econômica e elaborar pesquisas sobre o comporta- mento de variáveis como os salários, os preços, o emprego, o comércio internacional, a dívida pública, a dívida externa. Segundo o presidente do Corecon (apud MIRANDA; ALBUQUERQUE, 2007), o trabalho do economista não é restrito, visto que ele trabalha com projeções e cálculos, buscando levar aspectos positivos no que se refere à utili- zação de recursos naturais e monetários que movem a economia mundial. Conforme Martinez (2007), no curso de graduação de Economia da Universidade Estadual de Cam- pinas (Unicamp), existe economistas que podem se especializar na área de Economia de Empresas. Esses podem atuar no planejamento estratégico, na elaboração de projetos de investimentos e financiamentos e na gestão de empresas. É, principalmente, nes- sa área que o conhecimento dos fenômenos contábeis se torna necessário. Em meio à análise da influência da Contabilidade na Economia, pode-se citar como exemplo uma disciplina de Contabilidade apresentada aos alunos do curso de Economia da Unicamp. De acordo com Martinez (2007), a disciplina de Contabilidade e Análise de Balanços, mi- nistrada na Unicamp aos alunos de graduação em Economia, tem como objetivo dentre outros fornecer base para que se possa entender os métodos contábeis, enquanto ferra- menta de captação, registro, acumulação, resumo e interpretação dos fatos que afetam as situações patrimoniais, econômicas e financeiras das empresas. Assim, os economis- tas passam a ter instrumentos para a percepção e o entendimento das tarefas dentro da empresa, com a intenção de subsidiar empresários e demais gestores com informações reais quanto ao funcionamento da empresa, cujos dados são fornecidos pela Contabili- dade (MARTINEZ, 2007). Martinez (2007) comenta também sobre a área de Custos den- tro de uma empresa, onde propõe-se, então, a estudar dentro da disciplina de Contabi- lidade e Análise de Balanços da Unicamp sobre custos e despesas, estruturas de custos, métodos de custeio, cálculo do lucro e formação do preço de venda. Com essa análise, discute-se acerca de como os demonstrativos contábeis consolidam e trabalham as in- formações e dados numéricos. Martinez (2007) ressalta que a Contabilidade Gerencial 47 também se faz necessária nas atividades internas de uma empresa, para seu bom fun- cionamento. Essa área da Contabilidade também é estudada dentro da disciplina de Contabilidade e Análises de Balanços da Unicamp. A Contabilidade, enquanto registro sistemático e permanente das operações econômicas e financeiras feitas pela empre- sa, pode fazer com que simples registros contábeis se tornem elementos úteis para o processo de tomadas de decisões, assim como contribuir para a boa gestão dos negó- cios da empresa. Diante do assunto tratado, tanto para os economistas governamentais como para aqueles que trabalham com análisesglobais ou setoriais da economia, as informações contábeis auxiliam para a realização de suas tarefas (IUDÍCIBUS et al., 1980). Segundo Martinez (2007), os dados fornecidos pela Contabilidade subsidiam também os economistas que trabalham em empresas, atuando no planejamento estratégico e na gestão das mesmas. Fonte: Carrijo (2009). MATERIAL COMPLEMENTAR Contabilidade geral: Introdução à Contabilidade Societária Natan Szuster, Ricardo Lopes Cardoso, Fortunée Rechtman Szuster, Fernanda Rechtman Szuster e Flávia Rechtman Szuster. Editora: Atlas Ano: 2013 Sinopse: o livro contém os itens que devem ser estudados para se adquirir uma base fundamentada da Contabilidade. Os capítulos estão organizados de forma a apresentarem conceitos teóricos. Embora a obra não tenha por objetivo discutir especifi cidades nem detalhes da legislação tributária nem da Contabilidade Fiscal, ao longo do texto são feitos diversos comentários sobre esse tema, todos destacados em caixas (box) e no Apêndice ao Capítulo 6. De forma complementar, são utilizadas as Demonstrações Contábeis da Companhia Brasileira de Distribuição, efetuando a relação entre a teoria e a prática. Toda a matéria deste livro está atualizada de acordo com as alterações promovidas pela Lei nº 11.638/07 na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações). Buscando tornar a leitura compreensível aos não contadores, são apresentados os temas mais complexos em Apêndices ao longo dos diversos capítulos. Livro-texto para as disciplinas Contabilidade Geral e Contabilidade Introdutória dos cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Contábeis, Administração e Economia. Leitura complementar para as disciplinas Contabilidade para Executivos, Contabilidade Financeira, Gestão Contábil ou Contabilidade e Análise de Balanços. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa Aurélio Buarque de Holanda Ferreira Editora: Positivo/Livros Ano: 2009 Sinopse: o dicionário possui aproximadamente 435.000 verbetes. Apresenta origem, formação e evolução dos elementos de composição das palavras (prefi xos, sufi xos e infi xos); seus verbetes, acepções e locuções acompanham o desenvolvimento da língua; possui a etimologia e formação das palavras, informações gramaticais (classifi cação das palavras, fl exões de gênero, número e grau, conjugação de verbos, predicação verbal com exemplos, sinônimos e antônimos, homógrafos, parônimos etc.), pronúncia (quando necessária), siglas, abreviaturas e símbolos de uso corrente, classifi cação específi ca das defi nições (rubricas). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços Hilário Franco Editora: Atlas Ano: 1989 Sinopse: o livro focaliza as principais noções de Contabilidade, o conceito, a formação e as variações do patrimônio e, examina as normas contábeis da Lei das S.A., além da estrutura do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício. Comentário do professor: muito embora seja antigo, Hilário Franco pode ser considerado um legado para a contabilidade, suas obras muito contribuíram para a evolução da contabilidade no Brasil. REFERÊNCIAS BRASIL. Deliberação CV n° 29 de 05 de fevereiro de 1986. Disponível em: < http:// www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/deli/anexos/0001/deli029.pdf>. Acesso em: 29 set. 2016. BRASIL. Presidência da República, Casa Civil, subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº 10.406, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2002. Disponível em: < http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm> Acesso em: 29 set. 2016. CASTRO, S. C. de. Contabilidade Gerencial. Maringá-PR: Unicesumar, 2014. CARRIJO, B. T. Análise da utilidade da contabilidade no exercício da profissão do ad- ministrador e do economista: Percepção dos discentes dos cursos de administração e economia da universidade federal de Uberlândia. In: Congresso UFSC de Inicia- ção Científica em Contabilidade. p. 5-7, 2009. Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc. br/congresso/anais/3CCF/20090729220119.pdf>. Acesso em: 13 out. 2016. FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 4. ed. Curiti- ba: Positivo-Livros: 2009. FRANCO, H. Estrutura, análise e interpretação de balanços. 15. ed. São Paulo: Atlas, 1989. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SZUSTER, N. et. al. Contabilidade geral: introdução à contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2013. Referências On-Line ¹Em:<http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/resolucaocfc774.htm>. Acesso em: 29 set. 2016. ²Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: 29 set. 2016. ³Em: <http://www.portalprudente.com.br/apostilas/Contabilidade/ManualConta- bilidade.doc.>. Acesso em: 13 mar. 2014. 4Em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pro- nunciamento?Id=80>. Acesso em: 29 set. 2016. 5Em: <http://www.ebah.com.br/content/aBAAABLVKAD/apostila-contabilidade- -basica-miranda>. Acesso em: 13 mar. 2014. 6Em: <http://www.fundata.org.br/legislacao/Normas_Contabeis/ResC- FC_785_1995.htm>. Acesso em: 29 set. 2016. GABARITO 51 1. Administrador e/ou diretor; empregados; fornecedores; governo. 2. A. 3. C. 4. Sim. As entidades sem fins lucrativos são pessoas jurídicas, portanto, a contabili- dade também atua nestas entidades. 5. Enquanto na Sociedade Limitada a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas; na Sociedade Anônima o capital social divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. 6. B. U N ID A D E II Professora Me. Juliana Moraes da Silva SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Objetivos de Aprendizagem ■ Diferenciar os bens móveis e imóveis dos direitos econômicos. ■ Compreender a diferença entre obrigações econômicas e não econômicas. ■ Definir a constituição de um patrimônio. ■ Sistematizar o patrimônio. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Bens e Direitos Econômicos ■ Obrigações ■ Patrimônio ■ Balanço Patrimonial ■ Origens e Aplicações ■ Balanços Sucessivos Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), na natureza, tudo que você tocar ou imaginar, com exceção do ser humano, são coisas. As coisas materiais, corpóreas e tangíveis, são aquelas que conseguimos tocar, pegar. Por outro lado, as coisas imateriais, incorpóreas e intangíveis, são aquelas que não conseguimos tocar, correspondem aos frutos da imaginação. Esta unidade do nosso livro traz a diferença entre as “coisas” e sua relação com a contabilidade. Definições de conceitos básicos na contabilidade como bens, direitos e obrigações, são apresentadas para a sistematização do objeto de estudo da con- tabilidade: o patrimônio. Enquanto os bens e direitos correspondem às coisas úteis ao ser humano, as obrigações correspondem às dívidas presentes, exigíveis ou não. O conjunto desses bens e obrigações constitui o que chamamos de patrimônio. O Frei Luca Pacioli marcou o início da fase moderna da Contabilidade, ele não apenas siste- matizou a Contabilidade, como também abriu precedente para que novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. Da sistematização deste patrimônio originou-se o principal e mais utilizado dos demonstrativos contábeis, o Balanço Patrimonial. Nesse demonstrativo há uma sistematização, classificação e hierarquização das contas que correspon- dem os bens, direitos e obrigações em grupos classificados como ativo, passivo e patrimôniolíquido. Após compreender os conceitos dos elementos que compõe o patrimônio, você estará apto a conhecer a estrutura do balanceamento deste patrimônio. O Balanço Patrimonial é o principal relatório contábil que evidencia a riqueza gerada pela empresa. Nosso propósito é de lhe proporcionar um aprendizado da Contabilidade que ocorra de maneira fácil e tranquila, por isso apresentamos conteúdos teóri- cos e exemplos práticos. Ainda, no final da unidade, disponibilizamos uma série de materiais e literatura complementar. O estudo está apenas começando. Para que o seu aprendizado seja alcançado, será preciso muita leitura e perseverança. Siga em frente, nunca pare de estudar! SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E56 BENS E DIREITOS ECONÔMICOS Bens Bens correspondem a todas as coisas úteis ao ser humano, ou seja, tudo que pode proporcionar utilidade ao homem. Bens econômicos Para a economia, bens econômicos são aquelas coisas que, sendo úteis ao ser humano, são passíveis de avaliação econômica, ou seja, podemos atribuir valor econômico (em dinheiro). São aquelas coisas que, sendo úteis ao homem, exis- tem em quantidade limitada, são úteis e raros, portanto, passíveis de avaliação econômica. Para indicação do grau de utilidade dos bens econômicos criou-se o valor que expressa as relações de quantidade entre bens. Para D’Áuria (1959), valor é a medida mental da utilidade ou eficiência das coisas, são fatores positivos ou negativos do valor dos componentes: o uso, o tempo, a moeda, as leis econômi- cas e as condições da sociedade. ©shutterstock Bens e Direitos Econômicos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 57 Classificação Contábil dos Bens Econômicos Cada ciência tem sua classificação para Bens. A Ciência Contábil classifica os Bens em: tangíveis (corpóreos ou materiais) e intangíveis (incorpóreos ou imateriais). a) Bens Tangíveis Só poderão ser destruídos por uma ação física, e, se destruídos, obviamente, deixam de existir na sua forma física original. São aqueles que podem ser tocados, têm existência tangível, têm corpo ou matéria, subdividindo-se em imóveis e móveis. Imóveis - O solo, e tudo quando lhe incorporar natural ou artificialmente (Art. 79 do Código Civil). Exemplos: terrenos, edificações. Móveis - Os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico-social (Art. 82, Código Civil). Exemplos: máquinas, veículos. Os bens tangíveis podem ser objeto de compra e venda. b) Bens Intangíveis ou Direitos Os Bens Intangíveis também recebem a denominação de Direitos. Não podem ser destruídos por uma ação física, são destruídos por difamação, má qualidade, preços incompatíveis, desrespeito com o consumidor. São aqueles que não podem ser tocados, não têm corpo ou matéria. Esses bens, apesar de não constituídos de matéria, são suscetíveis de valor econômico, ou seja, são avaliados monetariamente. Para Marion (2015), o bem intangível, incorpóreo ou invisível, são bens que não se pode tocar ou pegar. São aqueles que passaram a ter grande relevância a partir das ondas de fusões e incorporações na Europa e nos Estados Unidos. Os bens intangíveis (incorpóreos ou imateriais) ou direitos podem ser objeto de cessão, ou seja, ação de ceder ou transferir a outrem a posse ou propriedade de alguma coisa. Como exemplos de direitos: as duplicatas a receber e créditos a recuperar. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E58 Direitos financeiros ou bens monetários Você resolve guardar no cofre um quilo de ouro e o valor em moeda em circula- ção equivalente a um quilo de ouro. Transcorrido vinte anos você terá, no cofre, um quilo de ouro e as notas da moeda manual de vinte anos atrás. Um quilo de ouro, fisicamente, permanece sendo um quilo de ouro, que poderá ser valorado e trocado por uma moeda atual. E quanto à moeda manual, ou seja, o dinheiro de 20 anos atrás, o que poderá ter acontecido? Quanto você adquiriria de ouro com a quantia? Esta moeda continuaria circulando? Ela perdeu o valor (foi destruída)? De que forma ela foi destruída? Direitos Creditórios ou Créditos São todos os valores que a Entidade Contábil tem a receber de terceiros, repre- sentados por títulos de crédito (duplicatas a receber; nota promissória a receber, cheques a receber etc.). Crédito, no sentido exposto, é um bem passível de avaliação econômica. Se a nota promissória que representa materialmente o crédito ou direito/bem intangí- vel foi danificada pela umidade, o crédito não deixa de existir. O bem intangível não pode ser destruído fisicamente. Operacionalmente, podemos substituir a nota promissória por outra, nas mesmas características. Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido (Cód. Civil art. 887). O título de crédito é apenas uma cártula representativa do direito creditó- rio, não é o direito em si. O conceito de crédito acima é jurídico e corresponde à soma monetária a receber, ou tudo aquilo que alguém nos deve. Neste sentido, crédito é um bem intangível que também recebe a denomi- nação de direito, ou simplesmente de crédito. Portanto, um valor a receber é representado por uma cártula. Exemplo: nota promissória. Bens e Direitos Econômicos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 59 Direito creditório é um bem que a pessoa tem em relação a outra. Este bem é representado normalmente por uma cártula que denominamos títulos de cré- ditos (nota promissória, letra de câmbio, cheque, duplicata). Direito à Marca A Marca identifica e distingue produtos e certifica sua conformidade com nor- mas ou especificações técnicas. Desde que registrada, a marca garante ao seu proprietário o direito de uso exclusivo no território nacional em sua atividade econômica. Para o consumidor, a marca pode resultar em agregação de valor aos produtos. Como a contabilidade atribui valor econômico a uma marca? De acordo com Marion (2015) por não se comprar e vender as marcas constantemente, o seu valor pode ser bastante subjetivo, sem uma forma bem definida de mensuração, mas uma possibilidade de mensurar consiste na com- binação da contabilidade com as avaliações objetivas, com documentos, bens palpáveis e visíveis. Direito à Patente Direito exclusivo de explorar uma invenção. Se você destruir um aparelho celu- lar de marca X que está usando, você destruiu um bem de uso, mas a patente registrada de como se fabrica este celular continua existindo. Outros Bens Intangíveis ou Direitos De acordo com os Arts. 89 a 91 do Código Civil, bens singulares são aqueles que: Art. 89. Embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. Art. 90 Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singula- res que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Art. 91 Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurí- dicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E60 Desta forma, são considerados bens intangíveis/direito o patrimônio econômico, o estabelecimento, o fundo de comércio, aviamentos, clientela, ponto comercial, capital intelectual,mais-valia, goodwill etc. OBRIGAÇÕES Caro(a) aluno(a), para o estudo da Contabilidade, utilizaremos o conceito de Obrigação definido pela Ciência Jurídica (Direito). Obrigações não econômicas São todos os compromissos, deveres ou ações passivas que não envolvam valor econômico, ou seja, não são avaliadas em dinheiro. Obrigação moral (ética). Toda pessoa tem a obrigação de respeitar o direito da outra pessoa. Todo cida- dão tem a obrigação moral de defender a sua honra. No passado, antes da existência do papel, as obrigações eram assumidas da seguinte forma: uma pessoa tomava por empréstimo 10 sacas de trigo e prome- tia devolver, num prazo estabelecido, 12 sacas de trigo. Como visto, a operação ©shutterstock©shutterstock Obrigações Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 61 não envolveu dinheiro na forma hoje conhecida. Por outro lado, como não havia papel para formalizar o compromisso (contrato), era comum a operação ser con- cretizada na presença de testemunhas. Obrigações econômicas São todos os compromissos, deveres ou ações passivas que envolvam valor eco- nômico, ou seja, são avaliadas em dinheiro. A obrigação é um titulo de dívida, ou débito da pessoa (física ou jurídica). É uma operação financeira bilateral, envolve duas ou mais pessoas por meio de uma obrigação contratual. Toda obrigação (débito) gera obrigatoriamente um direito (crédito), para a parte contrária. De acordo do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 00 (R1) (on-line)1, uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou de desem- penhar uma dada tarefa de certa maneira. As obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de contrato ou de exigências es- tatutárias. Esse é normalmente o caso, por exemplo, das contas a pagar por bens e serviços recebidos. Entretanto, obrigações surgem também de práticas usuais do negócio, de usos e costumes e do desejo de manter boas relações comerciais ou agir de maneira equitativa. É a relação jurídica entre duas ou mais pessoas (físicas ou jurídicas), em vir- tude da qual, uma ou algumas delas assiste o direito de exigir da outra, ou das demais, uma prestação econômica certa. A obrigação é fruto de uma ação não material, o contrato não é a obrigação em si, é uma cártula que representa mate- rialmente a obrigação. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E62 Classificação Contábil das Obrigações Econômicas Cada ciência tem sua classificação própria para as Obrigações Econômicas. A Contabilidade classifica as Obrigações Econômicas da seguinte forma: obriga- ções a fornecedores, obrigações trabalhistas, obrigações tributárias, obrigações financeiras etc. A liquidação de uma obrigação contábil geralmente implica a utilização, pela entidade, de recursos incorporados de benefícios econômicos a fim de satisfa- zer a demanda da outra parte. De acordo com o CPC 00 (R1) (on-line)1, a liquidação de uma obrigação pode ocorrer por meio de: (a) pagamento em caixa; transferência de outros ati- vos; prestação de serviços; substituição da obrigação por outra; ou conversão da obrigação em item do patrimônio líquido. PATRIMÔNIO O conceito de patrimônio está ligado à exis- tência do Estado Nacional, mas esta relação não é aparente, principalmente porque o uso em uma variedade de discursos, tais como patrimônio econômico, financeiro, familiar, cultural, arquitetônico, ecológico etc.; naturalizou-o (SILVA, 2010). Na con- cepção antiga, o patrimônio era o conjunto de bens do pai ou chefe de família, herança paterna. ©shutterstock Patrimônio Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 63 Na concepção atual, patrimônio econômico corresponde ao complexo de bens e obrigações, passíveis de avaliação econômica, à disposição de uma pessoa e sujeito a uma administração. Portanto, compreende a soma dos bens econômi- cos e obrigações econômicas de uma pessoa (física ou jurídica). Pela Resolução CFC n° 774-1994 (on-line)2, na contabilidade, o patrimônio é definido como um conjunto de bens, direitos e de obrigações para com ter- ceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natu- reza, independentemente da sua finalidade, que pode, ou não, incluir o lucro. Ainda de acordo com a Resolução 774-1994 (on-line)2, o essencial é que o patri- mônio disponha de autonomia em relação aos demais patrimônios existentes, o que significa que a Entidade dele pode dispor livremente, claro que nos limite estabelecidos pela ordem jurídica e, sob certo aspecto, da racionalidade econô- mica e administrativa. Patrimônio econômico não sistematizado De acordo com a Resolução CFC n° 774-1994 (on-line)2, por aspecto qualita- tivo do patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem como dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, esto- ques de materiais ou de mercadorias etc. A delimitação qualitativa desce, em verdade, até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial. Assim, quando falamos em “máquinas”, ainda esta- mos empregando um substantivo coletivo, cuja expressão poderá ser de muita utilidade, em determinadas análises. Mas a Contabilidade, quando aplicada a um patrimônio particular, não se limitará às “máquinas” como categoria, mas, dependendo das necessidades de controle poderá descer a cada máquina em par- ticular e, mais ainda, aos seus pormenores de forma que sua caracterização evite a confusão com quaisquer outras máquinas, mesmo de tipo idêntico. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E64 O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “Valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados. Quando este emaranhado de valores estão agrupados, mas não organizados, dizemos existir o patrimônio não sistematizado. Equivale a você colocar, avaliados em dinheiro e todos os bens e obrigações de uma pessoa em uma grande caixa e chacoalhar. Este emaranhado de bens e obrigações, desorganizados dentro do conjunto, devidamente avaliados em dinheiro, bem a bem e obrigação a obrigação, denominamos patrimônio não sistematizado. A Figura 1 representa o patrimônio não sistematizado, ou seja, os bens e as obrigações não estão organizados nem sistematizados. Figura 1 - Representação gráfica do patrimônio não sistematizado Fonte: a autora. Patrimônio econômico sistematizado A sistematização do patrimônio consiste na organização dos bens, direitos e obrigações. Não sistematizar o patrimônio (deixar bens e obrigações expostos de forma aleatória) dificulta a sua compreensão e interpretação. Patrimônio Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 65 Os bens e direitos são chamados de ativo. As obrigações com terceiros e com os sócios de passivo. O sistema contábil, atualmente em uso, foi idealizado e sistematizado em 1494 pelo Frei italiano Luca Pacioli, tomando por base as regras estabelecidas pela álgebra (números relativos). Figura 2 – Luca Pacioli Naquela época,pela dificuldade de se ensinar álgebra, Pacioli criou várias figu- ras de linguagem para explicar e exemplificar o sistema por ele idealizado. Diante dos parâmetros estabelecidos por Luca Pacioli pode-se estabelecer algumas relações: ■ + Bens – Obrigações para com terceiros = Sobra (Patrimônio Líquido) ou Falta (Patr. Liquido a Descoberto). ■ Ativo > Passivo, logo: + Ativo = - Obrigações terceiros - Patrimônio Líquido. ■ Ativo < Passivo, logo: + Ativo = - Obrigações terceiros + Patrimônio Líquido a Descoberto (Negativo). ■ Ativo Total = Passivo Total. Por meio do que é apresentado por Castro (2014), podemos visualizar o Patrimônio Economicamente Sistematizado, da seguinte forma: Fonte: wikipedia.org SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E66 Figura 3 – Sistematização do Patrimônio Fonte: Castro (2014). Por meio da figura, se torna evidente que no Ativo são considerados os valores positivos do patrimônio e no Passivo os valores negativos do patrimônio. Situação Líquida Positiva Ocorre quando a soma dos bens são maiores que as somas das obrigações para com terceiros. Essa situação nos proporciona uma situação líquida positiva, pois os valores componentes do Ativo permitem solver as obrigações e ainda apresentam saldo. Exemplo: Ativo: R$ 100.000,00 Exigível: R$ 70.000,00 PL= R$ 100.000- R$ 70.000 = R$ 30.000 Balanço Patrimonial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 67 Situação Líquida Negativa Ocorre quando as obrigações com terceiros são maiores do que os bens. Bens < Obrigações Terceiros. Essa situação nos proporciona uma situação líquida negativa, pois os valores componentes do Ativo NÃO são suficientes para cobrir as obrigações. Quando ocorre essa situação, contabilmente dizemos que a empresa apresenta um Passivo a Descoberto. Exemplo: Ativo: R$ 70.000,00 Passivo Exigível: R$ 90.000,00 PL= R$ 70.000 – R$ 90.000 = R$ (20.000,00) BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial corresponde à apresentação do conjunto ordenado de bens, direitos e obrigações da entidade e seus respectivos saldos em determinada data. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 00, 2011, on-line)1 no Pronunciamento Conceitual Básico, item 16, apresenta as seguintes considera- ções sobre as informações contábeis: A posição patrimonial e financeira da entidade é afetada pelos recursos econômicos que ela controla: sua estrutura financeira, sua liquidez e solvência, e sua capacidade de adaptação às mudanças no ambiente em que opera. As informações sobre os recursos econômicos controlados pela entidade e a sua capacidade, no passado, de modificar esses recur- sos são úteis para prever a capacidade que a entidade tem de gerar caixa e equivalentes de caixa no futuro. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E68 O Balanço Patrimonial evidencia, resumidamente, a situação patrimonial da empresa, em um dado momento no tempo, usualmente a cada 12 meses. Esta demonstração é estática e segundo a Lei 6.404/76 (on-line)3, as contas que com- põem esta demonstração são classificadas conforme os elementos do patrimônio (ativo, passivo e patrimônio líquido) e agrupadas de modo a facilitar o conhe- cimento e a análise da situação financeira da companhia. No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liqui- dez dos elementos nelas registrados e no Passivo por ordem decrescente de exigibilidade. Figura 4 – Estrutura Patrimonial Fonte: A autora. No ativo, os grupos são classificados: a) Ativo Circulante. b) Ativo Não Circulante (este é composto pelo Realizável a Longo Prazo, Investimento, Imobilizado e Intangível). No Passivo, as contas serão classificadas de acordo com seu prazo de exigi- bilidade nos seguintes grupos: a) Passivo Circulante. b) Passivo Não Circulante. d) Patrimônio Líquido (dividido em Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de avaliação patrimonial, Reservas de Lucros, Lucros ou prejuízos acu- mulados e Ações em tesouraria). Na figura 5, os grupos estão estruturados no ativo (lado esquerdo) e pas- sivo (lado direito). Balanço Patrimonial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 69 Figura 5 – Estrutura do Balanço Patrimonial Fonte: a autora. Os relatórios contábeis são excelentes instrumentos de gestão, evidenciam dados sobre aspectos econômicos e financeiros. Fonte: a autora. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E70 Detalhamento dos grupos que compõem o Balanço Patrimonial Objetivando conhecer melhor o balanço patrimonial, segue o detalhamento da divisão do demonstrativo em três grandes grupos: ativo, passivo e patrimônio líquido. ATIVO O Pronunciamento Conceitual Básico, item 49 do CPC (on-line)1 apresenta a seguinte definição de ativo: “(a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”. A partir da definição apresentada, considera-se que um determinado bem ou direito para figurar como ativo deve sempre representar benefícios econômi- cos futuros para quem os utiliza. Caso contrário, haverá a perda da característica essencial que o classifica como um ativo. Deste modo, caso um veículo não tenha mais conserto, ele não representa um ativo do ponto de vista econômico, pois não gera benefício econômico. Essa situação ocorre de modo similar com esto- ques, direito de receber, e outros itens. Portanto, os ativos são reconhecidos no Balanço Patrimonial apenas se representarem benefícios econômicos futuros. Dessa forma, estoques obsoletos, créditos incobráveis ou máquinas que não fun- cionam devem ser eliminados da lista de ativos da empresa. O Ativo está estruturado em ordem decrescente do grau de liquidez, ou seja, dos elementos (grupos, subgrupos, contas) que apresentam maior grau de con- versibilidade em recursos financeiros para os de menor grau. Ativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 71 Ativo Circulante No Ativo Circulante, são apresentados os bens e direitos realizados ou utiliza- dos dentro do ciclo operacional da empresa ou no período de 12 meses da data do balanço, o que for maior. Entende-se por ciclo operacional de uma empresa o período que esta leva para produzir, vender e receber a venda dos produtos. Portanto, o ciclo operacio- nal de uma empresa é o período que decorre entre a compra da matéria-prima ou mercadoria e o recebimento do preço de sua venda no mercado. Castro (2014) apresenta os seguintes exemplos de contas que pertencem ao grupo do ativo circulante: Caixa: destina-se a registrar as entradas e saídas de numerário, bem como cheques em mãos, recebidos e ainda não depositados, pagáveis irrestrita e imediatamente. Bancos Conta Movimento: destina-se a registrar as entradas e saídas de numerários, cheques depósitos, avisos de crédito e de débito relativos às opera- ções do empreendimento. Aplicações Financeiras de Curto Prazo: destina-se a registrar os valores aplicados pela empresa junto às instituições financeiras. Clientes ou Duplicatas a Receber de Clientes:destina-se a registrar as ven- das a prazo relativas às atividades do empreendimento. Estoques: representam ativos (insumos) adquiridos, em processo de elabo- ração e de produtos disponíveis para venda de acordo com a atividade fim do empreendimento. Geralmente, estão subdivididos em: ■ Estoques de Matérias-Primas. ■ Estoques de Produtos em Elaboração. ■ Estoques de Produtos Acabados. ■ Estoques de Materiais Diversos. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E72 ICMS a Recuperar: destina-se a registrar os valores dos créditos relativos ao ICMS constante nas notas fiscais de entrada (compra) de insumos relacionados com a atividade do empreendimento. Ativo Não Circulante O ativo não circulante é divido em alguns subgrupos: Realizável a longo prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. Realizável de Longo Prazo: nesse subgrupo são classificados os bens e direi- tos realizáveis após 12 meses da data do balanço ou em um período maior do que o ciclo operacional da empresa e, os bens e direitos oriundos de negócios não usuais realizados com partes relacionadas. Por partes relacionadas entende-se o conjunto de entidades, físicas ou jurí- dicas que possuam algum vínculo com a empresa de modo que haja uma relação de dependência ou influência entre elas. Isso significa que os negócios existentes entre elas são feitos da mesma maneira que seriam com terceiros (pessoas não relacionadas à empresa). Como exemplo de partes relacionadas pode-se men- cionar: coligadas, controladas, diretores, acionistas ou participantes dos lucros da empresa. Yamamoto, Paccez e Malacrida (2011, p. 13) consideram que os direitos a receber decorrentes de operações não usuais da entidade ou de mero empréstimo de recursos com partes relacionadas devem ser classificados como realizável de longo prazo, independentemente do prazo de vencimento. Isso se caracteriza como uma exceção pre- vista na legislação brasileira, pois contraria os critérios de separação apresentados. Segue alguns exemplos que são apresentados por Castro (2014): ICMS a Recuperar: destina-se a registrar os valores dos créditos relativos ao ICMS constante nas notas fiscais de entrada (compra) de insumos relaciona- dos com a atividade do empreendimento, que serão recuperadas após 360 dias. Ativo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 73 Empréstimos ou adiantamentos: pode ser aos diretores, acionistas ou outros participantes no lucro, o qual o empreendimento receberá após 360 dias. Clientes ou Duplicatas a Receber de Clientes: destina-se a registrar as ven- das a prazo relativas às atividades do empreendimento, o qual o recebimento se dará após 360 dias. Investimentos: neste subgrupo são classificadas as participações permanen- tes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e, que não se destinem à manutenção da atividade da com- panhia ou da empresa. Imobilizado: neste subgrupo são classificados os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de ope- rações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Yamamoto, Paccez e Malacrida (2011) consideram que o grupo do imobilizado é composto pelos ativos que formam a estrutura necessária para que a empresa exerça suas atividades de compra, produção, administração e comercialização. Alguns exemplos podem ser identificados no quadro a seguir: Quadro 1 - Balanço Patrimonial – Imobilizado IMOBILIZADO Edifícios 500.000,00 Veículos 300.000,00 Instalações 150.000,00 Equipamentos 130.000,00 Móveis e Utensílios 28.000,00 Implementos 120.000,00 Maquinários Agrícolas 250.000,00 Terrenos 300.000,00 SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E74 Sistema Aplicativos Software 150.000,00 Ferramentas 45.000,00 Marcas e Patentes 180.000,00 Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 250.000,00 Fonte: Castro (2014). Intangível: neste subgrupo são classificados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. PASSIVO O Pronunciamento Conceitual Básico, item 49 do CPC (on-line)1 apresenta a seguinte definição de passivo: “(b) Passivo é uma obrigação presente da enti- dade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos”. O passivo se refere à relação do conjunto de obrigações existentes para a enti- dade, na data do balanço. Os passivos são decorrentes de eventos ocorridos no passado. Portanto, passivos representam as obrigações que a empresa tem com terceiros e a liquidação de tais obrigações resultará em saída de futuros recur- sos econômicos da empresa, os quais podem ocorrer via recursos financeiros, ou na entrega de produtos ou serviços. No passivo, as contas estão dispostas em ordem decrescente de grau de exi- gibilidade, ou seja, das que têm menor prazo de vencimento para as que têm maior prazo. Passivo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 Passivo Circulante O passivo circulante é constituído pelas obrigações da entidade com vencimento dentro do período de 12 meses contados da data do balanço ou dentro do ciclo operacional. De acordo com Castro (2014), no Passivo Circulante encontraremos as seguintes principais contas: Empréstimos e Financiamentos: destina-se a registrar os valores empres- tados de instituições financeiras, tais como contas garantidas, cheques especiais e empréstimos em geral. Salários e Ordenados a Pagar: representa os valores relativos aos salários devidos pela empresa aos seus funcionários quando o empreendimento não efe- tua o pagamento dentro do próprio mês. ICMS a Recolher: representa os valores relativos às obrigações do empre- endimento com o Governo Estadual no que se refere às vendas efetuadas com incidência desse imposto. Fornecedores: destina-se a registrar as aquisições de matérias-primas, ativo permanente, uso e consumo, serviços adquiridos para pagamentos a prazo. Passivo Não Circulante O passivo não circulante é formado por obrigações da entidade exigíveis em um período posterior a 12 meses da data do balanço ou em período maior do que o ciclo operacional da empresa. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E76 PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Pronunciamento Conceitual Básico, item 49 do CPC (on-line)1 apresenta a seguinte definição de patrimônio líquido: “Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzido todos os seus passivos”. Ou seja, o patrimônio líquido corresponde ao valor residual dos ativos da entidade após a dedução dos seus passivos (Ativo – Passivo = Patrimônio líquido [valor residual]). Portanto, o Patrimônio Líquido representa os valores que esta- riam disponíveis para os acionistas ou proprietários na data do balanço, em função da atividade desempenhada pela empresa até o momento. Representa a riqueza residual que pertence aos seus proprietários. Cabe mencionar que, em alguns casos, o patrimônio líquido (grupo que representa os recursos dos proprietários)é denominado passivo. Nesses casos, é assumido um entendimento mais genérico acerca de passivo, e nessa ótica o passivo representa todas as fontes de recursos da empresa. Porém, em um sen- tido mais restrito, os passivos são apenas os recursos que possam ser exigidos por terceiros (passivo circulante e passivo não circulante), também, denomina- dos Capital de Terceiros. Nessa ótica, o Patrimônio Líquido é entendido como um passivo não exi- gível imediatamente, pois os sócios acionistas não têm a intenção imediata de exigir o retorno financeiro dos recursos alocados no patrimônio líquido. Por isso, é atribuída a denominação Capital Próprio, ao patrimônio líquido. A soma do Capital de Terceiros com o Capital Próprio é conhecida como Capital Total à disposição da empresa. Um resumo da classificação dos grupos que compõem os itens do Balanço Patrimonial pode ser verificado resumidamente no seguinte quadro: Patrimônio Líquido Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 77 Quadro 2 - Grupo do Balanço Patrimonial ATIVO (APLICAÇÕES) PASSIVO (ORIGENS) Circulante Circulante Já é dinheiro disponível (caixa ou banco ou aplicação financeira) recursos para o de- senvolvimento das atividades da empresa (estoques de mercadorias para revenda, matérias-primas, produtos acabados etc.). Ou será recebido em até um ano, os direi- tos (duplicatas e títulos a receber, impostos a recuperar etc.). Obrigações da empresa que serão reclamados até o prazo de um ano. Geralmente corresponde a pagamen- tos a serem efetuados (fornecedores, empréstimos bancários, impostos a pagar etc.). Não Circulante Não Circulante Realizado a longo prazo: será recebido após um ano, os direitos (duplicatas e títu- los a receber, impostos a recuperar e etc.). Ou ainda, os itens que compõem o subgru- po do imobilizado, geralmente não se vende, são os itens que fazem parte da infraestrutura da empresa (imóveis, máqui- nas, equipamentos, veículos etc.). Investimentos e Intangíveis. Obrigações da empresa que serão reclamadas após um ano. Geralmente correspondem a pagamentos a serem efetuados (fornecedores, empréstimos bancários, impostos a pagar etc.). Patrimônio Líquido Não precisa pagar enquanto a empre- sa estiver em continuidade, trata-se dos recursos próprios, consistindo no investimento inicial efetuado pelos sócios e resultados obtidos com as atividades da empresa. Não é exigível, ou seja, não precisa pagar. Com o objetivo de ter uma visão mais abrangente do exposto a respeito do patri- mônio e do Balanço patrimonial, segue o demonstrativo de Souza Cruz ([2016] on-line)4. Fonte: Castro (2014). SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E78 Quadro 3 - Balanço Patrimonial Souza Cruz Ativo 30/09/2015 30/09/2014 30/09/2013 30/09/2012 30/09/2011 - Ativo Total 5.689,2 M 5.634,4 M 5.982,6 M 5.920,2 3.954,7 M - Ativo Circulante 4.329,4 M 4.124,6 M 4.287,1 M 3.738,4 M 2.751,2 M Caixa e Equivalentes de Caixa 1.159,3 M 1.333,3 M 1.187,5 M 1.136,7 M 723,5 M + Aplicações Financeiras 1,1 M 1,4 M 0,0 M 0,0 M 0,0 M + Contas a Receber 764,4 M 637,8 M 582,6 M 634,7 M 465,5 M + Estoques 1.977,9 M 1.726,8 M 1.557,1 M 1.269,4 M 1.235,5 M Ativos Biológicos 0,0 M 0,0 M 0,0 M 0,0 M 0,0 M + Tributos a Recuperar 100,3 M 62,1 M 80,8 M 56,4 M 110,4 M + Despesas Antecipadas 280,1 M 216,9 M 264,4 M 300,7 M 184,5 M + Outros Ativos Circu- lantes 46,3 M 346,4 M 614,7 M 340,5 M 31,8 M - Ativo Não Circulante 1.539,8 M 1.509,9 M 1.695,5 M 2.181,9 M 1.203,5 M + Ativo Realizável a Longo Prazo 494,1 M 525,9 M 742,0 M 1.246,9 M 395,8 M + Investimentos 0,0 M 0,0 M 0,0 M 6,8 M 9,4 M + Imobilizado 938,9 M 938,9 M 923,5 M 881,7 M 739,1 M + Intangível 106,8 M 45,1 M 30,0 M 46,4 M 59,2 M Critério de Consolidação Consolidada Consolidada Consolidada Consolidada Consolidada Critério de Elaboração IFRS IFRS IFRS IFRS IFRS Patrimônio Líquido Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 79 - Passivo e Patrimônio Líquido 30/09/2015 30/09/2014 30/09/2013 30/09/2012 30/09/2011 - Passivo Total 5.869,2 M 5.634,4 M 5.982,6 M 5.920,2 M 3.954,7 M + Passivo Circulante 3.649,6 M 3.140,0 M 3.022,3 M 2.663,6 M 1.659,2 M + Passivo Não Circulante 342,3 M 412,8 M 875,1 M 1.228,9 M 582,8 M + Patrimônio Líquido Consolidado 1.877,3 M 2.081,7 M 2.085,1 M 2.027,8 M 1.712,6 M Critério de Consolidação Consolidada Consolidada Consolidada Consolidada Consolidada Critério de Elaboração IFRS IFRS IFRS IFRS IFRS Fonte: adaptado de Souza Cruz (2013, on-line)4. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E80 ORIGENS E APLICAÇÕES De acordo com Castro (2014), no desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas podem contar com recursos provenientes de duas origens ou fontes: recursos próprios: (capital dos sócios + lucro) = (patrimônio líquido) ou recursos de terceiros: (fornecedores, instituições financeiras, governo) = (passível exigível). De acordo com Ludícibus e Marion, (2000, p. 35): o lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passível Exigível) como Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de re- cursos, toda a origem de capital. Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido. Os resultados positivos apurados nas atividades empresariais também represen- tam recursos próprios, uma vez que não correspondem às obrigações (lucro). Portanto, são recursos próprios os decorrentes de receitas, lucros e ganhos obtidos pela sociedade em transações com terceiros, tais como os rendimentos auferi- dos com aplicações financeiras, aluguéis de imóveis próprios, lucros na venda de mercadorias, produtos e serviços. Ludícibus e Marion (2000) relatam que o lado do Ativo é caracterizado pela aplicação dos recursos originados no Passivo e Patrimônio Líquido. Assim sendo, o lado do ativo deve ser igual a do passivo, ou origens iguais às aplicações. Segundo Castro (2014), o ativo representa as aplicações ou usos dos recur- sos obtidos. A análise do passivo exigível e do patrimônio líquido possibilita a identificação das origens ou fontes. Já a análise do ativo torna possível saber de que maneira os recursos obtidos estão sendo utilizados. Os recursos podem estar aplicados em estoques de mercadorias, bens de uso, disponibilidades financei- ras, contas a receber etc. Desta forma, a pessoa jurídica obtém capital próprio e capital de terceiros e os aplica nos bens e direitos que constituem o ativo. De acordo com Ludícibus e Marion (2000), um dos aspectos mais impor- tantes do passivo é avaliar a estrutura do capital (capital de terceiros e o capital próprio). Quanto maior for o capital de terceiros, mais a empresa estará endivi- dada e ao analisar este item pode-se avaliar e detectar para quem se deve e qual o prazo (circulante ou longo prazo) da dívida e o custo da mesma. Balanços Sucessivos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 81 Figura 6 - Origens e aplicação de recursos Fonte: Adaptado de Castro (2014). BALANÇOS SUCESSIVOS Segundo Silva (2002, p. 85, on-line)5“a Contabilidade por Balanços Sucessivos é bastante simples: a cada operação realizada pela empresa faz-se a alteração em um novo balanço”. Nesse sentido, Castro (2014) afirma que basta averiguar se as modificações evidenciadas no balanço estão corretas ou não, observando: SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E82 ■ Se o total do lado Ativo é igual ao total do lado Passivo + Patrimônio Líquido. ■ Se o valor da operação inserido no balanço no lado do Ativo é igual ao do lado do Passivo + PL. ■ Se a contrapartida de um aumento do lado Ativo foi evidenciada no lado Passivo ou diminuída do próprio lado do Ativo (no caso de operações permutativas do ativo e passivo). Silva (2002, on-line)5 argumenta que a contabilidade por balanços sucessivos, embora seja correta e facilite a visualização do processo contábil, apresenta uma inconveniência no seu aspecto prático: não é recomendável quando a empresa realiza muitas operações (que é o caso de quase todas as empresas). Imaginemos uma empresa com mil operações diárias: teríamos que fazer mil balanços sucessi- vos, o que seria impraticável. Deste modo, sem perder de vista esta metodologia, utiliza-se outro processo mais rápido e prático: o controle individual por con- tas, registrando-se aumentos e diminuições em cada conta isoladamente. Ao final de um período determinado, relacionam-se todas as contas, de forma resumida e ordenada, e chega-se ao Balanço Patrimonial. Segundo Favero et al. (1997, p. 71) “o Balanço Patrimonial nada mais é do que o inventário de todos os bens, direitos e obrigações em determinado momento”. Para o autor, com a evolução do comércio e dos negócios, há necessidade permanente de se ter em mãos informações sobre a situação econômico-finan- ceira da empresa. Por isso é que existem sistemas complexos para obtenção dessas informações, procurando registrar as variações ocorridas no patrimônio, visto que não seria viável a cada mês, semana ou mesmo diariamente efetuar um inventário de todos os bens, direitos e obrigações da empresa. No entanto, trata-se de uma poderosa ferramenta de aprendizagem na Contabilidade, tendo em vista sua facilidade de visualização dos acontecimen- tos ocorridos no balanço patrimonial. Balanços Sucessivos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 83 Apresentação da metodologia Castro (2014) apresenta a seguir, alguns exemplos de como a utilização da meto- dologia de balanços sucessivos pode ser aplicada. 1. Os sócios A e B integralizaram em dinheiro em sua empresa recém aberta o valor de R$10.000,00 cada, quer foi depositado diretamente na conta corrente bancária da empresa. O Balanço ficaria assim: Quadro 4 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Patrimônio Líquido Banco 20.000.00 Capital Social 20.000.00 Total do Ativo 20.000.00 Total do Passivo 20.000.00 Fonte: a autora 2. Compra a prazo de matérias-primas para revenda no valor de R$ 7.000,00 pagamento para 30 dias. Fica o novo balanço da seguinte forma: Quadro 5 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Banco 20.000.00 Fornecedores 7.000.00 Estoques mat. prima 7.000.00 Patrimônio Líquido Capital Social 20.000.00 Total do Ativo 27.000.00 Total do Passivo 27.000.00 Fonte: a autora SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E84 3. Aquisição de um trator para uso na empresa pelo valor de R$ 50.000,00 finan- ciado pelo Banco. O Balanço Patrimonial após a contabilização dessa operação apresenta-se da seguinte forma: Quadro 6 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Banco 20.000.00 Fornecedores 7.000.00 Estoques mat. prima 7.000.00 Exigível a Longo Prazo Ativo Permanente Financiamentos 50.000.00 Trator 50.000.00 Patrimônio Líquido Capital Social 20.000.00 Total do Ativo 77.000.00 Total do Passivo 77.000.00 Fonte: a autora 4. Aquisição a prazo de materiais diversos (ferramentas e lubrificantes) no valor de R$ 1.000,00. O pagamento à vista. Nosso balanço patrimonial, após essa operação, fica estruturado da seguinte forma. Quadro 7 – Balanço Patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Banco 19.000.00 Fornecedores 7.000.00 Estoques mat. prima 7.000.00 Exigível a Longo Prazo Estoques mat. diversos 1.000.00 Ativo Permanente Financiamentos 50.000.00 Trator 50.000.00 Patrimônio Líquido Capital Social 20.000.00 Total do Ativo 77.000.00 Total do Passivo 77.000.00 Fonte: a autora Balanços Sucessivos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 85 Como mencionamos anteriormente, o objetivo da metodologia dos balanços sucessivos é demonstrar como se forma o balanço patrimonial de uma empresa, visto que cada evento, ou fato administrativo, altera a posição dos elementos da estrutura patrimonial. Observe que os eventos apresentados neste exemplo não se referiam a ope- rações que influenciam o resultado da empresa, ou seja, que venham a trazer lucro ou prejuízo. SISTEMATIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E86 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade viajamos um pouco na história para intro- duzirmos o conceito de bens econômicos na nossa vivência. Você compreendeu a diferença entre bens e direitos creditórios. As obrigações, consideradas como deveres para com os sócios e com terceiros, também foram classificadas em eco- nômicas e não econômicas. Em contabilidade, apenas eventos econômicos devem ser evidenciados e analisados nos demonstrativos. Nem sempre os bens e obrigações foram sistematizados. A obra de Luca Pacioli, publicada em 1944, demonstrou a sistematização do patrimônio (orga- nização dos bens, direitos e obrigações), o que possibilitou toda a evolução da contabilidade e estruturação do Balanço Patrimonial. O balanço patrimonial pode ser considerado como uma exposição estrutu- rada do ativo, passivo e patrimônio líquido de uma entidade (física ou jurídica) em uma determinada data. Neste demonstrativo, o objetivo é evidenciar, quali- tativa e quantitativamente, a posição patrimonial e financeira das entidades. A situação patrimonial evidenciada pode ser positiva (quando a soma dos bens e direitos maiores que as obrigações) ou negativa (quando a soma dos bens e direitos são menores que asobrigações). A situação líquida nula ocorre quando a soma dos bens e direitos é igual às obrigações. Nesta unidade caro(a) aluno(a), você foi apresentado ao principal relatório contábil, o Balanço Patrimonial. A sistematização dos bens, direitos e obrigações foi evidenciada neste demonstrativo, rico em informações acerca das origens e aplicações de recursos da entidade, mas existem vários outros demonstrativos utilizados pela contabilidade para controle e análise das informações. Embora seja o relatório mais usual da contabilidade, o Balanço Patrimonial não é o único. Vamos conhecer os outros relatórios interessantes, ricos em infor- mações financeiras passíveis de serem analisadas. 87 1. Várias são as demonstrações financeiras geradas pelos dados processados na contabilidade. O Balanço Patrimonial é um dos demonstrativos mais importan- tes. Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta. I. O Balanço Patrimonial é um relatório que mostra o ativo e o passivo da enti- dade em determinado momento. II. O Balanço Patrimonial é um relatório que mostra o ativo, o passivo e o patri- mônio líquido da entidade em determinado momento. III. Pelo Balanço Patrimonial é possível acompanhar a dedução do lucro consti- tuído em um dado momento. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I está correta. b. Apenas II está correta. c. Apenas III está correta. d. Apenas I e II estão corretas. e. Apenas II e III estão corretas. 2. A compreensão da estrutura das demonstrações contábeis possibilita uma me- lhor compreensão dos valores evidenciados. Leia as afirmações abaixo e assi- nale a alternativa correta. I. No lado esquerdo do Balanço Patrimonial encontramos as contas patrimo- niais de ativo. II. Todos os elementos componentes do passivo acham-se discriminados no lado direito do Balanço Patrimonial. III. Todos os componentes do patrimônio líquido encontram-se discriminados no lado esquerdo do Balanço Patrimonial. IV. A equação patrimonial é representada: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido. a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas III e IV estão corretas. d. Apenas II e IV estão corretas. e. Apenas I, II e IV estão corretas. 88 3. A terminologia inerente à ciência contábil é influenciada pelo direito e outras ciências. A compreensão dos conceitos facilita na compreensão das demonstra- ções e favorece uma análise mais clara dos dados observados. Associe os ter- mos aos respectivos conceitos. Em seguida, escolha a opção com a sequên- cia correta. 1. Bens tangíveis. 2. Bens intangíveis. 3. Direito a patente. ( ) Direito exclusivo de explorar uma invenção. ( ) Só poderão ser destruídos por uma ação física, e, se destruídos, obviamente, deixam de existir na sua forma física original. ( ) Não podem ser destruídos por uma ação física, são destruídos por difamação, má qualidade, preços incompatíveis, desrespeito com o consumidor. a. 1 – 2 – 3. b. 3 – 2 – 1. c. 3 – 1 – 2. d. 2 – 1 – 3. e. 2 – 3 – 1. 4. Para o estudo da Contabilidade, utiliza-se o conceito de Obrigação definido pela Ciência Jurídica (Direito). As obrigações são deveres, mas nem todos os deveres tem valor monetário. Diferencie obrigações não econômicas de obrigações econômicas. 5. O demonstrativo contábil utilizado como base da contabilidade é o Balanço Patrimonial. É neste demonstrativo que a empresa evidencia as transações de permuta e alteração do patrimônio. Identifique as operações que dão origem às situações patrimoniais ilustradas nos quadros abaixo: a) ATIVO PASSIVO Caixa $12.000.00 Estoque de Materiais $12.000.00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital $21.000.00 89 b) ATIVO PASSIVO Caixa $12.000.00 Contas a Pagar Cia A $6.000.00 Estoque de Materiais $12.000.00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Móveis e utensílios $6.000.00 Capital $21.000.00 90 Economistas institucionalistas de vários matizes se referem, constantemente, à impor- tância (para o processo econômico) de os direitos de propriedade serem claramente de- finidos e dotados dos atributos da exclusividade e transferibilidade. Pela sua natureza, o tema dos “direitos de propriedade” remete a questões jurídicas e institucionais e seria um objeto bastante propício ao tratamento interdisciplinar. Raras são as análises que conseguem tratar elementos jurídicos e econômicos de forma integrada (principalmen- te no Brasil). Na maioria das vezes, o máximo a que se chega é uma exposição de duas perspectivas paralelas sobre o mesmo objeto. É importante notar que as distinções no emprego do termo “direitos de propriedade” por advogados e economistas não se res- tringe a países de Civil Cole; Grossman (2001) e Merril; Smith (2001), por exemplo, discu- tem justamente os diferentes empregos dos termos encontrados na literatura jurídica e na literatura econômica, embora ambos reconheçam que o judiciário norte-americano vem, cada vez mais, tendendo alinhar-se com a definição econômica, abandonando a tradicional literatura jurídica. Cole e Grossman (2001) indicam que a definição de direi- tos de propriedade utilizada por economistas, entretanto, por muitas vezes diverge de forma significativa da tradição jurídica, visando a análise econômica. Isto porque mesmo no sistema anglo-saxão, direitos de propriedade indicam a relação entre pessoas e coi- sas, tendo a definição destas relações de propriedade sido a principal preocupação não apenas de juristas, mas também da jurisprudência norte-americana ao longo do tempo. Muitas vezes, economistas em geral “classificam” como direitos de propriedade relações que nem direitos são. Com frequência, o que é denominado pela teoria econômica de direito, na tradição jurídica apresenta-se como um mero privilégio, liberdade ou interes- se por parte de um indivíduo. Hohfeld (1913, 1917, apud Cole; Grossman, 2001) propôs uma correlação entre o que seriam direitos e aquilo que denominou meros deveres, a qual influencia até hoje a maior parte da jurisprudência norte-americana. O Quadro 7, indica a relação entre os distintos níveis de relações sociais e suas correlações. Quadro 1: Elementos distintivos de direitos e deveres ELEMENTO CORRELAÇÃO OPOSTO Direito Dever Não há direito Privilégio ou Identidade Não há direito Dever Poder Responsabilidade Incapacidade Imunidade Incapacidade Responsabilidade Fonte: Cole e Grossman (2001). 91 Segundo Hohfeld (1913), só é possível o estabelecimento de um direito quando há um correspondente dever por parte de outro indivíduo ou grupo de indivíduos, de modo que um direito legalmente garantido presume a existência de uma obrigação de não in- terferência com o exercício daquele direito por parte dos demais membros da socieda- de. Por outro lado, as outras relações apresentadas não implicam deveres por parte dos demais membros da sociedade (o fato de um indivíduo deter um interesse ou liberdade em relação a um bem ou serviço qualquer não implica um dever de não interferência por parte dos demais membros da sociedade). Assim, se faz necessário tornar a utili- zação dos termos direitos e direitos de propriedades mais precisas. Adicionalmente, é necessário investigar relações de causalidade entre elementos jurídicos e econômicos. Afinal, o direito importa? Por que e em que medida? Para responder a essas questões é preciso esclarecer os mecanismos pelos quais o direito afeta variáveis econômicas. No que diz respeito ao nosso objeto do presente estudo – os direitos de propriedade – a questão relevante é saber se e como a existência de determinada configuração de di- reitos afetao comportamento dos agentes econômicos titulares de tais direitos e, por decorrência, variáveis economicamente relevantes. Fonte: Mello e Esteves (2014, on-line)6. MATERIAL COMPLEMENTAR Contabilidade Introdutória Stephen Charles Kanitz, Sérgio de Iudícibus e Eliseu Martins Ano: 2010 Editora: Atlas Sinopse: o livro Contabilidade Introdutória inova o ensino da Contabilidade no Brasil. Permanentemente revisto e atualizado, tem em vista não só sua adaptação aos modernos padrões de ensino da Contabilidade, como ainda as frequentes modi� cações introduzidas na legislação � scal e societária do País. Originou-se de cursos desenvolvidos no Departamento de Contabilidade da FEA/USP, sob a preocupação básica de clareza e de didática na exposição da matéria. Quanto ao conteúdo e ao enfoque operacional, a diretriz central tem sido a de apresentar a Contabilidade como poderoso instrumento de administração. O livro parte de uma visão de conjunto dos relatórios emanados pela Contabilidade, descendo então em nível de detalhes sobre os lançamentos originários. Expõe os signi� cados da função controladora da Contabilidade e das peças contábeis. Traz em apêndices explicações sobre a correção monetária do balanço e análise de demonstrações contábeis. Fundamentos da contabilidade: A nova contabilidade no contexto global Marina Mitiyo Yamamoto, João Domiraci Paccez e Mara Jane Contrera Malacrida Ano: 2011 Editora: Saraiva Sinopse: a ideia deste livro originou-se a partir da experiência vivenciada no desa� o de ensinar contabilidade em cursos de graduação e em programas de treinamentos para diversas empresas. O envolvimento e a participação no desenvolvimento do curso para diversas turmas simultâneas, ora ministrando aulas, ora preparando material ou coordenando as diversas atividades dos participantes, tarefas estas desenvolvidas por mais de dez anos, possibilitaram adquirir uma bagagem substancial para contribuir com um material de suporte para o ensino da Contabilidade no Brasil. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR História da contabilidade: Foco na evolução das escolas do pensamento contábil Paulo Schmidt, Jose Luiz dos Santos Ano: 2008 Editora: Atlas Sinopse: a Contabilidade tem passado, nos últimos anos, por uma revolução em termos de sua história, visto que recentes trabalhos arqueológicos encontraram vestígios da utilização de sistemas contábeis na pré-história, durante o período Mesolítico, compreendido entre 10.000 e 5.000 a.C. O objetivo desta obra é apresentar as principais características do período denominado de arqueologia da contabilidade, identi� car a origem da contabilidade e sua importância para o desenvolvimento da humanidade e entender o cenário histórico desse período e a sua inter-relação com a contabilidade. Essas características abordadas inicialmente são complementadas pelos textos conceituais ao longo da obra. São desenvolvidos temas desde a solidi� cação do sistema contábil de partidas dobradas, até a exposição das principais contribuições das escolas de pensamento contábil que mais se destacaram ao longo do tempo, culminando com a História da Contabilidade no Brasil. REFERÊNCIAS BRASIL. Presidência da República, Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos. LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o código civil. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 30 set. 2016. CASTRO, S. C. de. Contabilidade Gerencial. Maringá-PR: Unicesumar, 2014. D’ÁURIA, F. Primeiros princípios de contabilidade pura. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959. FAVERO, H. et al. Contabilidade Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 1997. IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade para não contadores. 3. ed. São Pau- lo: Atlas, 2000. MARION, J. C. Contabilidade básica. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. NUNES, P. Dicionário de Tecnologia Jurídica. 12. ed. Rio de Janeiro: livraria Freitas Bastos: 1994. SILVA, L. Trajetória de um conceito: patrimônio, entre a memória e a história. Mo- saico-Revista Multidisciplinar de Humanidades, v. 1, n. 1, p. 36-42. jan/jun., 2010. YAMAMOTO, M. M.; PACCEZ, J. D.; MALACRIDA, M. J. C. Fundamentos da contabili- dade: A nova contabilidade no contexto global. São Paulo: Saraiva, 2011. Referências On-Line 1Em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pro- nunciamento?Id=80>. Acesso em: 30 set. 2016. 2Em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/contabil/resolucaocfc774.htm>. Acesso em: 30 set. 2016. 3Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 30 set. 2016. 4Em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLi- ve/DO9UBM4Q/$FILE/medMD9VLPYR.pdf?openelement>. Acesso em: 30 set. 2016. 5Em: <http://www.portalprudente.com.br/apostilas/Contabilidade/ManualConta- bilidade.doc.>. Acesso em: 30 set. 2016. 6Em: <https://ie.ufrj.br/datacenterie/pdfs/seminarios/pesquisa/texto1111.pdf>. Acesso em: 30 set. 2016. GABARITO 95 1. B. 2. E. 3. C. 4. Obrigações não econômicas são todos os compromissos, deveres ou ações passivas que não envolvam valor econômico, ou seja, não são avaliadas em dinheiro. Já as Obrigações econômicas, são todos os compromissos, deveres ou ações passivas que envolvam valor econômico, ou seja, são avaliadas em dinheiro. 5. A) Constituição da empresa onde os sócios colocam dinheiro no caixa e no es- toque. B) a empresa adquire móveis e utensílios a prazo. U N ID A D E III Professora Me. Juliana Moraes da Silva DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Objetivos de Aprendizagem ■ Identificar as demonstrações financeiras que têm divulgação obrigatória. ■ Compreender o processo dedutível da demonstração do resultado do exercício. ■ Conhecer as demonstrações financeiras geradas pela contabilidade. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Demonstrações Financeiras ■ Demonstração do Resultado do Exercício ■ Outras Demonstrações Financeiras INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), nesta unidade você é convocado(a) a conhecer as demons- trações contábeis, também conhecidas como demonstrações financeiras, obtidas através dos dados financeiros registrados e processados pela contabilidade. Essas demonstrações correspondem aos relatórios composto por quadros que podem ser utilizados pelos usuários como auxílio ao processo decisório. De acordo com o CPC 00 (R1) (2011, on-line)1, as demonstrações contá- beis são elaboradas e apresentadas para usuários externos de acordo com suas necessidades, sejam estes representantes dos governos, órgãos reguladores ou autoridades tributárias, pois estes usuários podem determinar especificamente exigências para atender a seus próprios interesses. Essas exigências, no entanto, não devem afetar as demonstrações contábeis elaboradas segundo as normas contábeis. O objetivo das demonstrações é o de fornecer informação sobre a posição patrimonial e financeira e do desempenho e da entidade que seja útil aos usuá- rios em suas análises e tomada de decisões econômicas. Muito embora o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício sejam as demonstrações mais usuais e obrigatórias para empresas de pequeno, médio e grande porte, elas não são as únicas a expor os resultados obti- dos pela empresa em diferentes períodos, objetivando introduzir você, caro(a) aluno(a), no mundo da contabilidade. As análises abordadas neste livro ocorre- rão com base nessas duas demonstrações. Ao abrir um empreendimento, o gestor deve conhecer não apenas o seu pro- duto ou serviço, mas é imprescindível “enxergar” o que as demonstrações contábeis evidenciam de informações, viabilizando o acompanhamento do desempenhoeconômico e financeiro da empresa. Nesta unidade, você não apenas conhecerá as demonstrações contábeis, como também poderá observar a estrutura de cada uma delas e compreender a evolução dos dados ali evidenciados. Que tal conhecer as demonstrações financeiras? Elas estão repletas de infor- mações. Vamos em frente! Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 99 ©shutterstock DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E100 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Caro(a) aluno(a), saiba que o objetivo básico das demonstrações financeiras é fornecer informações para a correta gestão dos negócios e avaliação dos resul- tados operacionais. As demonstrações apresentam elementos que possibilitam aos empresários e administradores o planejamento e o controle do patrimônio da entidade e de suas atividades sociais. O Pronunciamento Conceitual Básico 00 ([2011], on-line)2, complementa que as: demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimoniais e financeiros das transações e outros eventos, agrupando-os em classes de acordo com as suas características econômicas. Essas classes são chamadas de elementos das demonstrações contábeis. Os elementos diretamente re- lacionados à mensuração da posição patrimonial e financeira no balan- ço são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. As informações evidenciadas nos demonstrativos contábeis interessam tam- bém às pessoas que, por qualquer motivo, mantenham relações com a empresa: Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 101 credores, investidores em potencial, o governo e a sociedade. As demonstrações contábeis têm a função de comunicar a situação de uma entidade, mas para que isso aconteça é preciso que o usuário tenha um conhe- cimento mínimo da nomenclatura utilizada na área. As demonstrações contábeis consistem em um conjunto de demonstrativos, previstos em lei, geralmente elaborados ao final do exercício social. A Lei 6.404/76 ([2016], on-line)2, artigo 176 estabelece que, ao fim de cada exercício, a direto- ria da empresa deve elaborar e publicar as seguintes demonstrações financeiras: ■ BP - Balanço Patrimonial. ■ DRE - Demonstração do Resultado do Exercício. ■ DLPA - Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados. Com a Lei 11.638/07 ([2016], on-line)3, deixa de ser exigido a DOAR (Demonstração de Origens e Aplicação de Recursos) e passa a serem exigidas, além das demons- trações já citadas, também as demonstrações: ■ DFC (Demonstração de Fluxos de Caixa). ■ DVA (Demonstração de Valor Adicionado) para companhia de capital aberto. Ainda, caso a organização opte, ela pode ao invés de apresentar a DLPA, apre- sentar a Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL), desde que a DLPA esteja contida dentro da DMPL, de forma transparente. A lei 6.404/76 ([2016], on-line)2 prevê que as demonstrações serão comple- mentadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações necessárias para esclarecer a situação patrimonial e os resultados do exercício. A Lei 11.941/09 ([2016], on-line)4 passa a detalhar os elementos que são eviden- ciados pelas notas explicativas, dentre estes se destacam: ■ Apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas, selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos. ■ Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E102 Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demons- trações financeiras. ■ Fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demons- trações financeiras, consideradas necessárias para uma apresentação adequada, tais como: os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, os investimentos em outras sociedades, quando relevantes, o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações, os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias presta- das a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes, taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações em longo prazo; os ajustes de exercícios anteriores; os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito rele- vante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. A lei 11.638/07 ([2016], on-line)3 prevê que as companhias fechadas com patri- mônio líquido, na data do balanço, inferior a 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração de fluxo de caixa. Uma vez abordados aspectos gerais, quanto às demonstrações financeiras obrigatórias, passa-se a abordar elementos vinculados ao processo de elabora- ção de das seguintes demonstrações obrigatórias: BP - Balanço Patrimonial e As demonstrações financeiras são instrumentos de gestão altamente pode- rosos que possibilitam traçar planos e expansão dos negócios Demonstração do Resultado do Exercício Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 103 DRE - Demonstração do Resultado do Exercício. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO O termo Resultado conduz, de forma genérica, à ideia de desempenho. O CPC 00 (2011, on-line)1, no Pronunciamento Conceitual Básico, apresenta as seguin- tes considerações sobre o desempenho da empresa: as informações referentes ao desempenho da entidade, especialmente sua rentabilidade, são requeridas com a finalidade de avaliar possíveis mudanças necessárias na composição dos recursos econômicos que provavelmente serão controlados pela entidade. As informações sobre as variações nos resultados são importantes nesse sentido. As informações sobre os resultados são úteis para prever a capacidade que a entidade tem de gerar fluxos de caixa a partir dos recursos atual- mente controlados por ela. Também é útil para a avaliação da eficácia com que a entidade poderia usar recursos adicionais. Na contabilidade, o termo Resultado assume também a conotação de medida de desempenho e corresponde à mensuração (aumento ou diminuição) do patri- mônio líquido, caracterizando-se pela confrontação das receitas obtidas pela ©shutterstock DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E104 empresa no desempenho de sua atividade, com as despesas em que incorre para obtê-las, assim, tem-se a seguinte relação: Resultado = Receitas — Despesas No caso de o total de receitas de um período ser superior ao total de despesas necessárias para obtê-las, tem-se resultado positivo, o qual é denominado Lucro (superávit). Quando as despesas são superiores às receitas, tem-se resultado negativo e esse resultado recebe a denominação de Prejuízo. A partir do exposto, pode-se observar que para a determinação do resul- tado, é necessário identificar as receitas (acréscimo de Patrimônio Líquido) e as despesas (diminuição do Patrimônio Líquido) que a empresa incorreu de deter- minado período. Feito isso, é possível avaliar o efeito que tais operações causaram ao Patrimônio Líquido da empresa.Receita O CPC 00 (2011, on-line)2, no Pronunciamento Conceitual Básico, item 70, apre- senta a seguinte definição de receita: receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade. São consideradas receitas, eventos como: vendas à vista e a prazo, venda com recebimento de outro ativo, juros sobre aplicações financeiras (gerados por uma aplicação financeira), liquidação de uma dívida com desconto. Despesa O CPC 00 (2011, on-line)2, no Pronunciamento Conceitual Básico, item 70, apre- senta a seguinte definição de despesa: Demonstração do Resultado do Exercício Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 105 despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio liquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. Uma despesa pode ser entendida como o custo do uso ou o custo de bens ou serviços consumidos nas atividades da empresa, a fim de se obter receita. Ou seja, as despesas representam os sacrifícios de benefícios econômicos e devem ser reconhecidas quando surge decréscimo nos futuros benefícios econômicos provenientes da diminuição do ativo ou do aumento de passivo, desde que possa ser determinada de modo confiável. Portanto, são consideradas despesas, eventos como: consumo de estoque, serviços de terceiros, salários, aluguéis ente outros. A partir dos conceitos apresentados, é possível observar que, se as receitas forem superiores às despesas, como resultado se obtém lucro, o qual provoca o aumento no patrimônio líquido. Mas, se as receitas forem inferiores às despesas, como resultado se obtém prejuízo, o qual provoca redução no patrimônio líquido. Contudo, apenas essa relação não possibilita a efetiva análise do desempe- nho da empresa ao longo do tempo, ou a extração de conclusões, em termos de ações, que sejam úteis para a tomada de decisão. Com relação ao exposto o Pronunciamento Conceitual Básico, item 72 do CPC 00 (2011)2 apresenta o seguinte entendimento: as receitas e despesas podem ser apresentadas na demonstração do resultado de diferentes maneiras, de modo que prestem informações relevantes para a tomada de decisões. Por exemplo, é prática comum distinguir entre receitas e despesas que surgem no curso das atividades usuais da entidade e as demais. Essa distinção é feita porque a fonte de uma receita é relevante na avaliação da capacidade que a entidade tenha de gerar caixa ou equivalentes de caixa no futuro; por exemplo, receitas oriundas de atividades eventuais como a venda de um investi- mento de longo prazo normalmente não se repetem numa base regular. Nessa distinção, deve-se levar em conta a natureza da entidade e suas DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E106 operações. Itens que resultam das atividades ordinárias de uma entida- de podem ser incomuns em outras entidades. Por existir a necessidade de se identificar os efeitos causados no Patrimônio Líquido, quer seja por atividades operacionais ou eventuais, foi estruturado um relatório específico, denominado Demonstração do Resultado do Período. Nesse relatório, todas as contas de receitas e despesas são apresentadas em agrupamentos específicos. Ao final do período, o resultado final obtido na Demonstração do Resultado é incorporado ao Patrimônio Líquido, possibi- litando, assim, refletir no Balanço Patrimonial os efeitos do desempenho da empresa em determinado período. Estrutura da demonstração de resultado Receita Operacional Bruta: é o total bruto vendido no período. Estão inclusos os impostos sobre vendas e não foram subtraídas as devoluções ocorridas no perí- odo. Impostos e taxas sobre vendas são aqueles gerados no momento da venda; variam proporcionalmente à venda. Exemplos: IPI, ICMS, ISS, PIS E COFINS. Devoluções e abatimentos: são mercadorias devolvidas por estarem em desacordo com o pedido. Pode ocorrer da empresa vendedora, na tentativa de evitar devolução, propor um abatimento no preço para compensar o prejuízo ao comprador. Custo das vendas: essa expressão está relacionada com a característica de entidade: ■ Para empresas industriais é denominado custo do produto vendido (CPV). ■ Para empresas comerciais é denominado custo das mercadorias vendi- das (CMV). Demonstração do Resultado do Exercício Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 107 ■ Para empresas prestadoras de serviços é denominado custo dos serviços prestados (CSP). Na indústria, custo significa todos os gastos na fábrica (produção): matéria- -prima, mão de obra, energia elétrica, manutenção, embalagem etc. Na empresa comercial, significa o gasto da aquisição da mercadoria a ser revendida; e em uma empresa prestadora de serviços, a mão de obra aplicada no serviço pres- tado mais o material utilizado nesse serviço. Despesas operacionais: os principais grupos de despesas operacionais são: - Despesas com vendas: abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor (despesas com o pessoal da área de vendas, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, marketing, provisão para devedores duvidosos etc). - Despesas gerais e administrativas: são aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa. Exemplo: honorários administrativos, salários e encargos sociais do pessoal administrativo, aluguel de escritório, materiais de escritório, seguro da área administrativa, depreciação de móveis e utensílios, material de expediente etc. - Despesas financeiras: são as remunerações aos capitais de terceiros, exemplo: juros pagos ou incorridos, despesas bancárias, correção monetária de emprésti- mos, descontos concedidos, juros de mora pagos etc. - Receitas financeiras: são as derivadas de aplicações financeiras, juros de mora recebidos, descontos obtidos etc. O relatório denominado Demonstração do Resultado corresponde à apresen- tação de forma detalhada e ordenada, de todas as contas de receitas e despesas que compõem a Conta Apuração de Resultado. O Pronunciamento Técnico CPC 26 ([2016], on-line)5, item 82, define o detalhamento mínimo das rúbricas a serem apresentadas na demonstração do resultado: ■ Receitas. ■ Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos. ■ Lucro bruto. ■ Despesas com vendas gerais, administrativas e outras despesas e recei- tas operacionais. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E108 ■ Despesas e receitas financeiras. ■ Resultado antes dos tributos sobre o lucro. ■ Despesa com tributos sobre o lucro. ■ Resultado líquido do período. A partir da estrutura mínima apresentada, verifica-se que o resultado obtido pela empresa nas suas atividades principais é evidenciado na parte superior da DRE, pela confrontação das receitas de vendas ou serviços, com as despesas direta- mente associadas a essas receitas (custo dos produtos ou mercadorias venda ou custo dos serviços prestados). Assim, se obtém o “Resultado Bruto”, “Resultado Bruto com Mercadorias”, “Resultado com Serviços” ou “Lucro Bruto”. O Resultado Brutorepresenta uma medida da capacidade da empresa em exercer as atividades a que se propõe. Também fornece uma medida sobre a capacidade da empresa em colocar seus produtos e serviços no mercado, cobrindo os custos de aquisição ou produção e gerando uma margem sobre esses custos. A margem resultante serve para cobrir os demais gastos com a estrutura da empresa e como consequência, se obtém o resultado do período. Assim, as receitas e despesas podem ser apresentadas em determinados gru- pos conforme modelo. Demonstração do Resultado do Exercício Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 109 Quadro 1 - Modelo da Demonstração do Resultado do Exercício CIA GUTAMOC S/A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PERÍODO DE .../.../... A .../.../... RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendas de Produtos. Vendas de Mercadorias. Prestação de Serviços. (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devoluções de Vendas. Abatimentos. Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas. (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CUSTOS DAS VENDAS Custo dos Produtos Vendidos. Custo das Mercadorias. Custo dos Serviços Prestados. (=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas Com Vendas. Despesas Administrativas. (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras. (-) Receitas Financeiras. Variações Monetárias e Cambiais Passivas. (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas. OUTRAS RECEITAS E DESPESAS Resultado da Equivalência Patrimonial. Venda de Bens e Direitos do Ativo não Circulante. (-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo não Circulante. (=) RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro. (=) LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES (-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados. (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte: adaptado do CR 26 (R1) DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E110 Com relação à Demonstração do Resultado do Exercício, a Lei 6.404/76 ([2016], on-line)3, artigo 176, obriga sua elaboração e publicação ao final de cada exercí- cio social, com os valores correspondentes à demonstração do período anterior para fins de comparação. O artigo 177, também, determina a adesão aos princí- pios de contabilidade geralmente aceitos, mencionando a necessidade de registro das mutações patrimoniais segundo o regime de competência. Além disso, a lei estabelece a necessidade de divulgação do lucro ou prejuízo por ação do capi- tal social. A seguir para um melhor entendimento do DRE, segue o demonstrativo da empresa Souza Cruz. Quadro 2 - Souza Cruz: Demonstrativo do Resultado DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 6.264,1 M 6.287,4 M 6.131,1 M Custo dos Bens e/ou Seviços Vendidos -2.274,3 M -2.274,3 M -2.098,4 M Resultado Bruto 3.989,8 M 4.022,2 M 4.032,8 M Despesas Operacionais -1.509,9 M -1.544,8 M -1.658,2 M Despesas com Vendas -877,6 M -913,1 M -914,2 M Despesas Gerais e Administrativas -877,7 M -852,1 M -820,4 M Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos 0,0 M 0,0 M 0,0 M Outras Receitas Operacionais 242,4 M 202,5 M 156,2 M Outras Despesas Operacionais -748,4 M 17,9 M -79,7 M Resultado de Equivalência Patrimonial 0,0 M 0,0 M 0,0 M Resultado Antes do Resultado Financeiro e dos Tributos 2.479,9 M 2.477,4 M 2.374,6 M Resultado Financeiro -17,3 M -32,5 M 11,3 M Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 2.462,6 M 2.445,0 M 2.385,9 M Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -748,4 M -750,7 M -744,5 M Resultado Líquido das Operações Continuadas 1.714,2 M 1.694,3 M 1.641,4 M Resultado Líquido de Operações Descontinuadas 0,0 M 0,0 M 0,0 M Lucro/Prejuízo Consolidado do Período 1.714,2 M 1694,3 M 1.641,4 M Fonte: adaptado de Souza Cruz (2011, on-line)6. Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 111 OUTRAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados Evidencia claramente o lucro do período, sua distribuição e movimentação ocor- rida no saldo da conta, lucros ou prejuízos acumulados. O Art. 186 da Lei 6.404/76 ([2016], on-line)3, em seus incisos I, II, III, determina a seguinte discriminação na Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados: I. o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a corre- ção monetária do saldo inicial. II. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício. III. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incor- porada ao capital e o saldo do período. Quadro 3 - Modelo da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados CIA GUTAMOC S/A DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS PERÍODO DE .../.../... A .../.../... Saldo no início do período (+/-) Ajuste de exercícios anteriores. (=) Saldo ajustado e corrigido. (+/-) Resultado do exercício . ( - ) Transferências para reservas. • Reserva Legal. • Reserva para Contingência. • Reservas Estatutárias. (-) Dividendos a distribuir. (=) Saldo no fim do período. Fonte: adaptado do CPC 26 (R1) (2014, on-line)5. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E112 A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados apresenta os lucros obti- dos em exercícios anteriores devidamente ajustados, incorporando-se o resultado do período e excluindo as transferências de modo a apresentar o saldo acumu- lado dos lucros retidos na entidade. A Lei 6.404/76 (on-line)2 autoriza a substituição da DLPA pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, caso esta seja elaborada pela empresa. Demonstração das mutações do patrimônio líquido Evidencia a mutação do Patrimônio Líquido de forma global (novas integraliza- ções de capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores, dividendos, reavaliações) e também as mutações internas (incorporações de reservas de capi- tal, transferências de lucros acumulados para reservas e vice-versa). A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido - DMPL é obrigató- ria para empresas de capital aberto, conforme exigência da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, em sua instrução nº 59, de 22 de dezembro de 1986. A DMPL fornece informações referentes às diversas movimentações ocor- ridas nas contas do Patrimônio Líquido durante o exercício social. Desta forma, todo acréscimo ou diminuição no Patrimônio Líquido é evidenciado por meio desta demonstração. De acordo com o § 2º do artigo 186 da Lei 6.404/76 (on-line)2 a Demonstra- ção de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) poderá ser incluída na De- monstração das Mutações do Patrimônio Líquido, se elaborada e divulgada pela companhia, pois não inclui somente o movimento da conta de lucros ou prejuízos acumulados, mas também o de todas as demais contas do pa- trimônio líquido. Fonte: Lei 6.404-76 ([2016], on-line)3. Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 113 A DMPL é um instrumento importante para as empresas que tenham seuPatrimônio Líquido formado por diversas contas e mantenham com elas cons- tantes transações. Quadro 4- Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido CIA GUTAMOC S/A HISTÓRICO CAPITAL REALIZADO RESERVAS LUCROS ACUMULADOS TOTAL Saldo em 31.12.____ Ajustes de Exercícios Ante- riores Efeitos de mudança de crité- rios contábeis Retificação de erros de exercí- cios anteriores Aumento de Capital Com lucros e reservas Por subscrição realizada Reversões de Reservas De contingências De lucros a realizar Lucro Líquido do Exercício Proposta da Administração de Destinação do Lucro Transferências para reservas Reserva legal Reserva estatutária Reserva de lucros para ex- pansão Reserva de lucros a realizar Dividendos a distribuir (R$ ... por ação) Saldo em 31.12.____ Fonte: adaptado do CPC 26 (R1) ([2016], on-line)5 (?). DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E114 Fonte: adaptado de Souza Cruz (2011, on-line)7. (R EA IS M IL ) CÓ D IG O D A CO N TA D ES CR IÇ Ã O D A C O N TA C A PI TA L SO CI A L IN TE G RA LI ZA D O RE SE RV A S D E C A PI TA L, O PÇ Õ ES O U TO RG A D A S E A ÇÕ ES E M TE SO U RA RI A RE SE RV A S D E LU CR O LU CR O S O U PR EJ U ÍZ O S A CU M U LA D O S O U TR O S RE SU LT A D O S A BR A N G EN TE S PA TR IM Ô N IO LÍ Q U ID O PA RT IC IP A Ç Ã O D O S N Ã O CO N TR O LA D O RE S PA TR IM Ô N IO LÍ Q U ID O CO N SO LI D A D O 5. 01 Sa ld os In ic ia is 85 4. 75 6 1. 90 9 1. 25 2. 29 3 0 33 1. 41 6 2. 44 0. 37 4 0 2. 44 0. 37 4 5. 03 Sa ld os In ic ia is A ju st ad os 85 4. 75 6 1. 90 9 1. 25 2. 29 3 0 33 1. 41 6 2. 44 0. 37 4 0 2. 44 0. 37 4 5. 04 Tr an sa çõ es d e Ca pi ta l c om o s Só ci os 0 0 -8 19 .2 49 -4 6. 41 9 0 -8 65 .6 68 0 -8 65 .6 68 5. 04 .0 7 Ju ro s so br e Ca pi ta l P ró pr io 0 0 0 -4 6. 41 9 0 -4 6. 41 9 0 -4 6. 41 9 5. 04 .0 9 D iv id en do a pr ov ad o na A G O /E 19 /0 3/ 20 12 0 0 0 0 0 -8 19 .2 49 0 -8 19 .2 49 5. 05 Re su lta do A br an ge nt e To ta l 0 0 0 84 8. 27 4 20 .8 68 86 9. 14 2 0 86 9. 14 2 5. 05 .0 1 Lu cr o Lí qu id o do P er ío do 0 0 0 84 8. 27 4 0 84 8. 27 4 0 84 8. 27 4 5. 05 .0 2 O ut ro s Re su lta do s A br an ge nt es 0 0 0 0 20 .8 68 20 .8 68 0 20 .8 68 5. 05 .0 2. 08 A ju st es p la no d e be ne fíc io s de fin id o- -a tiv os (C PC 33 ) 0 0 0 0 89 1 89 1 0 89 1 5. 05 .0 2. 09 Va ria çã o Ca m bi al so br e In ve st im en to s líq ui do s no e xt er io r ( N ot a 13 ) 0 0 0 0 -1 .3 15 -1 .3 15 0 -1 .3 15 5. 05 .0 2. 11 Va ria çã o Ca m bi al s ob re e m pr és tim os em m oe da e st ra ng ei ra 0 0 0 0 9. 95 1 9. 95 1 0 9. 95 1 5. 05 .0 2. 12 In st ru m en to s D er iv at iv os (N D F - N on D el iv er ab le F ow ar d) 0 0 0 0 22 .6 87 22 .6 87 0 22 .6 87 5. 05 .0 2. 13 Im po st o de R en da e C on tr ib ui çã o So ci al s ob re o s ef ei to s do H ed ge 0 0 0 0 -1 1. 09 6 -1 1. 09 6 0 -1 1. 09 6 5. 05 .0 2. 14 G an ho s e Pe rd as R es ul ta nt es d e C on ve rs ão d e M oe d a Es tr an ge ir a (N ot a 13 ) 0 0 0 0 -2 50 -2 50 0 -2 50 5. 07 Sa ld os F in ai s 85 6. 75 6 1. 90 9 43 3. 04 4 80 1. 85 5 35 2. 28 4 2. 44 3. 84 8 0 2. 44 3. 84 8 Quadro 5 - Souza Cruz Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 2014 Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 115 Demonstração do fluxo de caixa No Brasil, a Demonstração do fluxo de caixa (DFC) passou a ser obrigatória para as sociedades anônimas e empresas de grande porte a partir de 2008. Passou a substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Para as com- panhias fechadas com PL inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) na data do balanço, não serão obrigatórias a elaboração e a publicação da DFC. A DFC é feita pelo regime de caixa, então a DFC deve indicar, no mínimo, as alterações ocorridas durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, três fluxos de atividade: 1) Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades diferentes das de investimento e de financiamento. 2) Atividades de investimento: são referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. 3) Atividades de financiamento: são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no endividamento da entidade, não são classificadas como atividade operacional. Essa demonstração será obtida de forma direta (a partir da movimentação do caixa e equivalentes a caixa) ou de forma indireta (com base no lucro/preju- ízo do exercício). A DFC apresentada pelo Método Direto facilita a visualização e a compreensão do fluxo financeiro, demonstrando recebimentos e pagamentos decorrentes das atividades operacionais da empresa, possibilitando a avaliação do comportamento do seu nível de solvência. Neste método são apresentados os componentes dos fluxos por seus valores brutos, ao menos para os itens mais significativos dos recebimentos e pagamentos. A DFC apresentada pelo Método Indireto se assemelha a DOAR, pois a demonstração de recursos gerados pela empresa é feita por meio da conciliação do Resultado Líquido do Exercício com a efetiva variação do caixa, exigindo do analista um conhecimento de contabilidade. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E116 Quadro 6 - Modelo da Demonstração do Fluxo de Caixa – Método Indireto DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA PERÍODO DE .../.../... A .../.../... FLUXOS OPERACIONAIS Resultado Líquido (+) Depreciação Aumento/Redução de Duplicatas a Receber. Aumento em Duplicatas Descontadas. Aumento em Provisão para Crédito deLiquidação Duvidosa. Aumento/Redução em Estoques. Aumento/Redução em Fornecedores. Redução de Salários a Pagar. Outros. Caixa Líquido das Atividades. FLUXOS DE INVESTIMENTOS Pagamento na Compra de Imobilizado. Recebimento pela Venda de Imobilizado. Outros. Caixa Líquido de Investimentos. FLUXOS DE FINANCIAMENTOS Integralização de Aumento de Capital. Amortização de Empréstimos e Financiamentos. Recebimento/Pagamento de Dividendos. Novas Captações de Empréstimos e Financiamentos. Outros Caixa Líquido de Financiamentos. AUMENTO/REDUÇÃO DE CAIXA SALDO INICIAL DE CAIXA SALDO FINAL DE CAIXA Fonte: adaptado do CPC (R1) (2014,on-line)6 Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 117 A seguir, o Demonstrativo do Fluxo de Caixa da empresa Souza Cruz: Quadro 7 - Souza Cruz: Demonstrativo do Fluxo de Caixa DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA - MÉTODO INDIRETO 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 - Caixa Líquido Atividades Operacionais 2.325,9 M 2.273,8 M 1.871,7 M + Caixa Gerado nas Operações 1.914,6 M 1.925,4 M 2.011,2 M + Variações nos Ativos e Passivos 411,3 M 348,3 M -139,5 M Outros 0,0 M 0,0 M 0,0 M - Caixa Líquido Atividades de Investimento -170,4 M -127,0 M -242,4 M Recursos obtidos na venda de ativo imobili- zado 71,6 M 16,1 M 5,8 M Dividendo recebido de coligada 0,0 M 0,0 M 19,3 M Adições ao imobilizado e intangível -242,0 M -143,1 M -279,2 M - Caixa Líquido Atividades de Financiamento -1.720,4 M -2.056,5 M -1.544,7 M Empréstimos e financiamentos - liquido -185,1 M -459,8 M -111,1 M Dividendos e juros sobre o capital próprio distribuídos -1.535,3 M -1.596,7 M -1.433,6 M Captação líquida de amortizações - - - Dividendos e juros sobre o capital próprio distribuídos - - - Variação Cambial s/ Caixa e Equivalentes 0,0 M 0,0 M 0,0 M - Aumento (redução) de caixa e Equivalentes 435,1 M 90,3 M 84,6 M Saldo Inicial de Caixa e Equivalentes 1.391,7 M 1.301,4 M 1.216,8 M Fonte: adaptado de Souza Cruz (2011, on-line)7. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E118 Demonstração de valor adicionado A Demonstração de valor adicionado (DVA) passou a ser obrigatória para as sociedades anônimas de capital aberto a partir do exercício de 2008. A DVA deve evidenciar o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza distribuída. Em outras palavras, a DVA evidencia o quanto de riqueza uma empresa pro- duziu, ou seja, o quanto ela adicionou de valor aos seus fatores de produção e o quanto dessa riqueza foi distribuída (entre empregados, governo, acionistas, financiadores de capital) ou retida e, de que forma essas transações aconteceram. A sua utilidade é notória do ponto de vista macroeconômico, pois, conceitual- mente, o somatório dos valores adicionados de um país representa seu Produto Interno Bruto (PIB). Em suma, a DVA demonstra ao usuário o quanto cada companhia criou de riqueza e como distribuiu aos agentes econômicos que ajudaram a criar essa riqueza. Então, o objetivo maior da DVA é o de demonstrar o quanto a empresa gerou de riqueza (recursos) e como distribuiu esses recursos aos agentes que contribuíram para tal formação. Segue Demonstração de Valor Adicionado da empresa Souza Cruz: Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 119 Quadro 8 - Souza Cruz: Demonstração de Valor Adicionado Fonte: adaptado de Souza Cruz (2011, on-line)7. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ACIONADO 31/12/2014 31/12/2013 31/12/2012 Receitas 16.892,6 M 16.150,5 M 14.617,6 M Vendas de Mercadorias, Produtos e Serviços 16.752,8 M 16.118,9 M 14.639,5 M Outras Receitas 139,2 M 25,9 M -31,6 M Receitas refs. à Construção de Ativos Próprios 0,0 M 0,0 M 0,0 M Provisão/Reversão de Créds. Liquidação Duvidosa 0,7 M 5,6 M 9,7 M Insumos Adquiridos de Terceiros -3.078,0 M -2.955,2 M -2.870,4 M Custos Prods., Mercs. e Servs. Vendidos -367,6 M -371,2 M -285,2 M Materiais, Energia, Servs. de Terceiros e Outros -2.720,4 M -2.662,1 M -2.598,5 M Perda/Recuperação de Valores Ativos 10,0 M 78,1 M 13,2 M Outros 0,0 M 0,0 M 0,0 M Valor Adicionado Bruto 13.814,6 M 13.195,3 M 11.747,2 M Retenções -156,1 M -157,9 M -171,5 M Depreciação, Amortização e Exaustão -156,1 M -157,9 M -171,5 M Outras 0,0 M 0,0 M 0,0 M Valor Adicionado Líquido Produzido 13.658,5 M 13.037,4 M 11.575,6 M Vir Adicionado Recebido em Transferência 183,4 M 281,2 M 147,1 M Resultado de Equivalência Patrimonial 0,0 M 0,0 M 0,0 M Receitas Financeiras 183,4 M 281,2 M 147,1 M Outros 0,0 M 0,0 M 0,0 M Valor Adicionado Total a Distribuir 13.847,9 M 13.318,6 M 11.722,7 M Distribuição do Valor Adicionado 13.841,9 M 13.318,6 M 11.722,7 M Pessoal 641,2 M 724,0 M 684,7 M Impostos, Taxas e Contribuições 11.248,6 M 10.554,8 M 9.239,6 M Remuneração de Capitais de Terceiros 237,9 M 344,5 M 155,9 M Remuneração de Capitais Próprios 1.714,2 M 1.695,3 M 1.642,6 M DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E120 Demonstração do resultado abrangente O CPC 26 institui a obrigatoriedade da publicação da Demonstração do resultado abrangente (DRA). Essa demonstração evidencia as modificações do Patrimônio Líquido (PL) decorrentes de receitas, despesas e outros eventos que não são reco- nhecidos no resultado imediatamente, ou seja, sua realização ainda contém um grau de incerteza. Perdas não realizadas em investimentos financeiros são exem- plos de despesas que compõem a DRA. Quadro 9 - Modelo da Demonstração do Resultado Abrangente CIA GUTAMOC S/A Fonte: adaptado do CPC 26 (R1) (2014, on-line)6. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PERÍODO DE .../.../... A .../.../... Resultado Líquido do Período (+/-) Outros Resultados Abrangentes. Variação de Reserva de Reavaliação (Quando Existente). Ganhos/Perdas em Planos Previdência Complementar Ou Conversão das Demons- trações Contábeis p/ Exterior. Ajuste de Avaliação Patrimonial. (+/-) Resultados Abrangentes de Empresas Investidas (quando reconhecidas pela Eq. Patrimonial). (=) Resultado Abrangente do Período. Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 121 Quadro 10 – Souza Cruz: Demonstração do Resultado Abrangente (R EA IS M IL ) CÓ D IG O D A CO N TA D ES CR IÇ Ã O D A C O N TA TR IM ES TR A L A N U A L 01 /0 4/ 20 14 A 30 /0 6/ 20 14 A CU M U LA D O D O AT U A L EX ER CÍ CI O 01 /0 1/ 20 14 A 30 /0 6/ 20 14 IG U A L TR EM ES TR E D O E X ER CÍ CI O A N TE RI O R 01 /0 4/ 20 13 A 30 /0 6/ 20 13 A CU M U LA D O D O E X ER CÍ CI O A N TE RI O R 01 /0 1/ 20 13 A 30 /0 6/ 20 13 4. 01 Lucr o Lí qu id o Co ns ol id ad o do P er ío do 39 2. 96 7 84 8. 27 4 43 5. 64 9 88 9. 93 6 4. 02 O ut ro s Re su lta do s A br an - ge nt es 19 2 20 .8 68 -6 27 -2 .4 89 4. 02 .0 3 A ju st e de P la no d e Be ne fíc io de fin id o- at iv os (C PC 33 ) 19 2 89 1 0 0 4. 02 .0 4 Va ria çã o Ca m bi al s ob re In ve st im en to s no E xt er io r (n ot a 13 ) -5 34 -1 .5 65 2. 54 6 2. 21 3 4. 02 .0 6 Va ria çã o Ca m bi al s ob re Em pr ´s tim os e m M oe da Es tr an ge ira 9. 95 1 9. 95 1 -8 .2 81 -8 .2 81 4. 02 .0 7 In st ru m en to s de riv at iv os (N D F - N on D el iv er ab le Fo rw ar d e Tr av a) 3. 11 6 22 .6 87 -3 68 -8 .2 81 4. 02 .0 8 Im po st o de re nd a e co nt ri- bu iç ão s oc ia l s ob re o s ef ei to s de a va lia çã o ca m bi al s ob re em pr és tim os -4 .4 43 -1 1. 09 6 5. 47 6 2. 24 3 4. 03 Re su lta do A br an ge nt e Co n- so lid ad o do P er ío do 40 1. 24 9 86 9. 14 2 43 5. 02 2 88 7. 44 7 4. 03 .0 1 A tr ib uí do a S óc io s da E m pr e- sa C on tr ol ad or a 40 1. 24 9 86 9. 14 2 43 5. 02 2 88 7. 44 7 Fonte: adaptado de Souza Cruz (2011, on-line)7. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E122 Notas explicativas As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis e devem divulgar as informações necessárias à adequada compreensão das respectivas demonstrações. Por determinação legal, as notas devem conter: a. Os principais critérios de avaliação de elementos patrimoniais. b. Os investimentos em outras sociedades, quando relevantes. c. O aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações. d. Os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias pres- tadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes. e. A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações em longo prazo. f. O número, espécies e classes das ações do capital social. g. As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício. h. Ajustes de exercícios anteriores. i. Eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resul- tados futuros da companhia. A seguir um exemplo de Nota Explicativa da Souza Cruz: Quadro 11 – Souza Cruz: Nota Explicativa ITR - Informações Trimestrais - 30/06/2014 - SOUZA CRUZ SA Versão: 1 Notas Explicativas 3.6 Contas a receber As contas a receber correspondem aos valores a receber de clientes pela venda de mercadorias e serviços no decurso normal das atividades da Companhia. As contas a receber são incialmen- te reconhecidas pelo valor justo e, subsequentemente, mensuradas pelo custo amortizado com base no método de taxa de juros efetiva menos a provisão para perdas com créditos, se necessária. Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 123 A provisão para perdas com créditos (impairment) é fundamentada em análise dos créditos pela Administração, que leva em consideração o histórico e os riscos envolvidos em cada ope- ração, e é constituída em montante considerado suficiente para cobrir as prováveis perdas na realização das contas a receber. 3.7 Estoques Os estoques estão demonstrados pelo menor valor entre o valor líquido de realização e o custo médio de produção ou preço médio de aquisição. O custo é determinado pelo método de avaliação dos estoques “custo médio ponderado”. As provisões para perda de estoque de baixa rotatividade ou obsoletos, ou aquelas constituídas para ajustar ao valor de mercado, são con- tabilizadas quando aplicável. 3.8 Outros ativos circulante e não circulante Os demais ativos são apresentados ao valor de custo ou de realização, incluindo, quando apli- cável, os rendimentos, as variações nas taxas de câmbio e as variações monetárias auferidos. 3.9 Imobilizado Demonstrando ao custo combinado com os seguintes aspectos: • A depreciação de bens do imobilizado é calculada peo método linear, que levam em consideração a vida útil-econômica desses bens, com exceção dos terrenos que não são depreciados, considerando um turno de 08 horas através das seguintes taxas: TAXAS ANUAIS DE DEPRECIAÇÃO - % VIDA ÚTIL (EM ANOS) Edifícios 4 25 Máquinas e Equipamentos (a) 10 - 20 10 - 5 Instalações 10 10 Móveis e Utensílios 10 10 Veículos 20 5 Equipamentos de Processamentos de Dados 20 5 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E124 Fonte: adaptado de Souza Cruz (2011, on-line)7. (a) As taxas de depreciação podem ser aceleradas visto a necessidade de operar em tempo superior a um turno de oito horas diárias, principalmente na época de processamento da safra de fumo e aumento na demanda de produção de cigarros, podendo com isso chegar até 20% em determinadas máquinas. Para estas situações são aplicados os coeficientes 1,0 - um turno, coeficiente 1,5 - dois turnos e coeficiente 2,0 - três turnos. Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 125 Relatório da administração O seu objetivo é servir como complemento às demonstrações contábeis, de forma a subsidiar o leitor com informações sobre o contexto operacional da compa- nhia, com fatos relevantes que aconteceram ao longo do exercício e com planos da mesma para os exercícios seguintes. A CVM, por meio do Parecer de Orientação nº 15/87 apresenta a relação de itens que deve conter: a. Descrição dos negócios, produtos e serviços. b. Comentários sobre a conjuntura econômica geral. c. Recursos humanos. d. Investimentos. e. Pesquisa e desenvolvimento. f. Novos produtos e serviços. g. Proteção ao meio ambiente. h. Reformulações administrativas. i. Investimentos em controladas e coligadas. j. Direitos dos acionistas e dados de mercado. k. Perspectivas e planos de exercício em curso e para futuro. Parecer do conselho fiscal O conselho fiscal é órgão fiscalizador do Conselho de Administração das Sociedades Anônimas, conforme os art. 161 a 165 da Lei das Sociedades Anônimas. Assim, compete ao conselho: DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E126 ■ Opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo constar no seu parecer as informações complementares que julgar necessárias ou úteis à deliberação da assembleia geral. ■ Analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela companhia. ■ Examinar as demonstrações financeiras do exercício social e sobre elasopinar. Relatório dos auditores independentes Acompanhando as demonstrações contábeis legais, a publicação do parecer dos auditores independentes é obrigatória para diversas empresas. O parecer basica- mente relata as demonstrações contábeis que foram auditadas e relata também a interpretação dos princípios contábeis em vigor, dando, assim maior represen- tatividade ao conteúdo das informações contábeis publicadas. Os principais tipos de pareceres de auditoria (ou relatório dos auditores) são os seguintes: ■ Parecer sem ressalva. ■ Parecer sem ressalva e com ênfase. ■ Parecer com ressalva (limitação de escopo). ■ Parecer com ressalva. ■ Parecer adverso. ■ Parecer com abstenção de opinião. A seguir segue um exemplo do parecer dos auditores sobre os demonstrativos da Souza Cruz, referente ao primeiro trimestre do ano de 2014. Outras Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 127 ITR - Informações Trimestrais - 30/06/2014 - SOUZA CRUZ SA Versão : 1 Pareceres e Declarações / Relatório da Revisão Especial - Sem Ressalva Relatório dos auditores independentes sobre a revisão das informações trimestrais - ITR Ao Conselho de Administração e Acionistas da Souza Cruz S.A. Rio de Janeiro - RJ Introdução Revisamos as informações contábeis intermediárias, individuais e consolidadas, da Souza Cruz S.A. (“Companhia”), contidas no Formulário de Informações Trimestrais – ITR, referentes ao trimestre findo em 30 de junho de 2014, que compreendem o balanço patrimonial em 30 de junho de 2014 e as respectivas demonstrações do re- sultado e do resultado abrangente para o período de três e seis meses findos naque- la data e das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o período de seis meses findo naquela data, incluindo as notas explicativas. A administração da Companhia é responsável pela elaboração das informações contábeis intermediárias individuais de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 21(R1) – Demonstração Intermediária e das informações contábeis intermediárias consolidadas de acordo com o CPC 21(R1) e com a norma internacional IAS 34 – In- terim Financial Reporting, emitida pelo International Accounting Standards Board – IASB, assim como pela apresentação dessas informações de forma condizente com as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, aplicáveis à elaboração das Informações Trimestrais - ITR. Nossa responsabilidade é a de expressar uma con- clusão sobre essas informações contábeis intermediárias com base em nossa revi- são. Alcance da revisão Conduzimos nossa revisão de acordo com as normas brasileiras e internacionais de revisão de informações intermediárias (NBC TR 2410 - Revisão de Informações In- termediárias Executada pelo Auditor da Entidade e ISRE 2410 - Review of Interim Financial Information Performed by the Independent Auditor of the Entity, respec- tivamente). Uma revisão de informações intermediárias consiste na realização de indagações, principalmente às pessoas responsáveis pelos assuntos financeiros e contábeis e na aplicação de procedimentos analíticos e de outros procedimentos de revisão. O alcance de uma revisão é significativamente menor do que o de uma auditoria conduzida de acordo com as normas de auditoria e, consequentemente, não nos permitiu obter segurança de que tomamos conhecimento de todos os assuntos sig- nificativos que poderiam ser identificados em uma auditoria. Portanto, não expres- samos uma opinião de auditoria. Quadro 12 – Souza Cruz: Parecer dos Auditores DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIIU N I D A D E128 Conclusão sobre as informações intermediárias individuais Com base em nossa revisão, não temos conhecimento de nenhum fato que nos leve a acreditar que as informações contábeis intermediárias individuais incluídas nas informações trimestrais acima referidas não foram elaboradas, em todos os aspec- tos relevantes, de acordo com o CPC 21(R1) aplicável à elaboração de Informações Trimestrais - ITR e apresentadas de forma condizente com as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Conclusão sobre as informações intermediárias consolidadas Com base em nossa revisão, não temos conhecimento de nenhum fato que nos leve a acreditar que as informações contábeis intermediárias consolidadas incluídas nas informações trimestrais acima referidas não foram elaboradas, em todos os aspec- tos relevantes, de acordo com o CPC 21(R1) e o IAS 34 aplicáveis à elaboração de Informações Trimestrais - ITR e apresentadas de forma condizente com as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. Outros assuntos Demonstrações do valor adicionado Revisamos, também, as Demonstrações do valor adicionado (DVA), individuais e consolidadas, referentes ao período de seis meses findo em 30 de junho de 2014, preparadas sob a responsabilidade da administração da Companhia, cuja apresenta- ção nas informações intermediárias é requerida de acordo com as normas expedidas pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários aplicáveis à elaboração de Informações Trimestrais - ITR e considerada informação suplementar pelas IFRS, que não reque- rem a apresentação da DVA. Essas demonstrações foram submetidas aos mesmos procedimentos de revisão descritos anteriormente e, com base em nossa revisão, não temos conhecimento de nenhum fato que nos leve a acreditar que não foram elaboradas, em todos os seus aspectos relevantes, de forma consistente com as in- formações contábeis intermediárias individuais e consolidadas tomadas em conjun- to. Rio de Janeiro, 29 de julho de 2014 KPMG Auditores Independentes CRC SP-014428/O-6 F-RJ Manuel Fernandes Rodrigues de Sousa Contador CRC RJ-052428/O-2 Fonte: adaptado de Souza Cruz (2014, on-line)7. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 129 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade você deve ter observado que as demons- trações financeiras geradas pela contabilidade correspondem aos relatórios que evidenciam a situação econômica e financeira da empresa em determinado tempo. As principais demonstrações citadas nesta unidade e utilizadas para análise nas unidades seguintes correspondem ao Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado, no entanto, várias outras podem ser elaboradas com os dados pro- cessados pela contabilidade. No Balanço Patrimonial, o total do Ativo e o total do Passivo + Patrimônio Líquido são sempre iguais, razão pela qual o nome da demonstração é balanço. Quanto à Demonstração do Resultado do Exercício, resumidamente pode-se dizer que a mesma sintetiza ordenadamente as receitas (representadas pelas vendas) e despesas da empresa (esforços para obtenção da receita) em um determinado período, resultando em um lucro ou prejuízo. A Demonstração das mutações do patrimônio líquido evidenciam as alte- rações ocorridas no grupo de contas que compõe o patrimônio líquido. A demonstração do fluxo de caixa corresponde às transações que envolvem as contas de caixa. Outras demonstrações e relatórios foram abordados nesta unidade com a finalidade de apresentar uma estrutura de dados gerados pela contabilidade. O objetivo desta unidade não foi ensinar a elaborar as demonstrações apre- sentadas, mas sim proporcionar conhecimento acerca da estrutura de cada uma delas de modo a favorecer a aplicação de algumas técnicas de análise que serão abordadasnas próximas unidades deste livro. Ao entender a contabilidade, é possível compreender o objetivo das demons- trações contábeis: oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial) e o desempenho (resultado) que é útil para a tomada de decisão por uma vasta gama de usuários que podem e outros que não podem exigir rela- tórios feitos sob medida para atender suas necessidades (SZUSTER et al., 2013). O objetivo da disciplina não é apenas conhecer as demonstrações, mas tam- bém analisá-las. Vamos em frente! 130 1. A Demonstração do Resultado do Exercício tem como objetivo apresentar a mo- vimentação operacional de uma empresa em um determinado ano. Sobre os elementos que compõem a DRE, leia as afirmações e assinale a alternativa correta: I. Receita Líquida refere-se à soma das vendas ligadas aos equipamentos do imobilizado. II. O CMV equivale ao custo das mercadorias do estoque, baixados no momen- to da venda. III. O lucro líquido do exercício é influenciado por resultado das atividades não relacionadas à atividade principal de uma empresa, como, por exemplo, loca- ção ou venda de ativos imobilizados. IV. Lucro Líquido é o resultado obtido pela equivalência patrimonial de uma empresa em um determinado período. a. Somente II está correta. b. Somente I e II estão corretas. c. Somente II e III estão corretas. d. Somente III e IV estão corretas. e. Somente I, II e IV estão corretas. 2. A contabilidade consolida toda a movimentação patrimonial de uma empresa e a apresenta através dos relatórios contábeis. Os relatórios contábeis são conhe- cidos como demonstrações financeiras. Sobre as demonstrações contábeis assinale a alternativa incorreta. a. As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial, financeira e econômica de uma empresa. b. As principais demonstrações contábeis para tratarmos da análise são: a DMPL (Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido) e o Balanço Patrimonial. c. As demonstrações contábeis objetivam demonstrar informações acerca da situação financeira, patrimonial, do desempenho econômico e dos fluxos de caixa de uma empresa aos mais diversos usuários. d. As notas explicativas que acompanham as demonstrações contábeis são uma importante fonte de informação, pois nelas constam informações mais deta- lhadas e analíticas sobre o desempenho econômico e da posição patrimonial de uma empresa. e. As demonstrações contábeis apresentam a posição patrimonial, financeira e econômica de uma empresa em um determinado período ou data. 131 3. Segundo Carvalho (2015, p. 44) a análise das demonstrações contábeis concei- tua-se em extrair informações sobre a situação econômico-financeira das em- presas através das demonstrações contábeis. Assinale a alternativa incorreta. a. A análise das demonstrações contábeis objetiva extrair informações úteis das demonstrações contábeis. b. A análise das demonstrações contábeis é um instrumento para geração de informações para a tomada de decisões. c. O objetivo de estudo da análise das demonstrações contábeis é o patrimônio das empresas. d. A análise das demonstrações contábeis permite decompor, comparar e inter- pretar as demonstrações contábeis de uma ou mais empresas. e. A análise das demonstrações contábeis é uma ferramenta importante para a geração de informações tomada de decisões. 4. O balanço patrimonial é uma demonstração estática, que demonstra a compo- sição patrimonial de uma empresa em um determinado momento. Leia as afir- mações e assinale a alternativa correta: I. O ativo é a composição de todos os bens e direitos de uma empresa. II. No passivo, estão registrados todas as obrigações das empresas. III. Dentro do patrimônio líquido constam todos os recursos de terceiros de uma empresa. IV. O ativo pode ser considerado como o local das aplicações de recursos da empresa. 132 A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA EVIDEN- CIAR A SITUAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA DAS ORGANIZAÇÕES A análise das demonstrações contábeis tem por objetivo observar e confrontar os ele- mentos patrimoniais e os resultados das operações, visando o conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual, e, também, a servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da empresa. Tanto mais eficiente será a análise quanto melhor for o conhecimento do analista a respeito das operações da em- presa analisada, conhecimento este em que se entende a política administrativa em to- dos seus aspectos, internos e externos. A interpretação dos elementos obtidos nas aná- lises, a partir das Demonstrações Contábeis, faz com que os valores ali contidos deixem de ser apenas um conjunto de dados e passem a ter valor como informação. Conforme afirma Braga: O objetivo da análise das demonstrações contábeis como instrumento de gerência consiste em proporcionar aos administradores da empresa uma melhor visão das tendências dos negócios, com a finalidade de assegurar que os recursos sejam ob- tidos e aplicados, efetiva e eficientemente, na realização das metas da organização. A atividade administrativa deve ser desenvolvida em conexão com as informações contá- beis, com vistas aos aspectos de planejamento, execução, apuração e análise do desem- penho. Braga (1999, p.166) considera que a análise das demonstrações contábeis é uma arte, pois embora existam cálculos razoavelmente formalizados, não existe forma cien- tífica ou metodologicamente comprovada de relacionar os índices de maneira a obter um diagnóstico preciso. Cada analista poderia, com o mesmo conjunto de informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeiras ou até completamente diferenciadas. É provável, todavia, que dois analistas experimentados, conhecendo igualmente bem o ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nunca idênticas) sobre a situação atual da empresa, embora quase sempre apontariam tendên- cias diferentes, pelo menos em grau, para o empreendimento. Fonte: Oliveira (2010, on-line). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Contabilidade Básica José Carlos Marion Editora: Atlas Ano: 2015 Sinopse: a matéria exposta neste livro procura ir além da existente em livros destinados ao ensino de iniciação à Contabilidade. Apresenta uma metodologia moderna, testada em algumas escolas e com resultados considerados satisfatórios, por meio de uma linguagem simples e acessível ao iniciante em contabilidade. Desenvolvido com base em autores da moderna escola de Contabilidade, apresenta a mecânica de escrituração dos lançamentos contábeis a partir de uma visão conjunta dos relatórios Contábeis, com especial ênfase no Balanço Final e na demonstração de resultado do Exercício. A matéria é apresentada numa sequência de exploração gradativa do assunto para despertar o interesse do estudante na aprendizagem da disciplina. Procurou-se também dar um embasamento legal e tributário, possibilitando ao leitor situar-se na realidade em que a empresa atua. No fi nal de cada capítulo, são sugeridas tarefas práticas a serem desenvolvidas, proporcionando uma aprendizagem fora da sala de aula. Demonstrações Contábeis e Financeiras: aspectos essenciais à luz dos novos padrões de contabilidade Wilson Alberto Zappa Hoog Editora: Juruá Ano: 2015 Sinopse: esta obra, que tem lastro no Código Civil e na reforma da Lei 6.404/76, e deliberações do CFC e da CVM, foi criada com o intuito de auxiliar os contadores no processo de interpretação, servindo de livro-texto para o âmbito universitário e profi ssionalizante a partir de um modelo referente às atividades de elaboração das demonstrações contábeis. Esta nova edição encontra-se atualizada e revisada, emdecorrência das novas disposições do CFC e da CVM. MATERIAL COMPLEMENTAR Curso de contabilidade para não contadores Sergio de Iudícibus e José Carlos Marion Editora: Atlas Ano: 2011 Sinopse: esta obra de contabilidade busca evitar termos excessivamente técnicos, simplifi car conceitos considerados complexos e desmistifi car algumas ideias tidas como inacessíveis aos não-contadores. O livro abrange a Contabilidade moderna e aspectos da Lei das Sociedades Anônimas, como Balanço Social, Valor Adicionado, Fluxo de Caixa entre outros. REFERÊNCIAS 135 OLIVEIRA, A. A. de et al. A análise das Demonstrações Contábeis e sua importância para evidenciar a situação econômica e financeira das organizações. Revista Eletrô- nica: Gestão e Negócios, 2010. Disponível em: <http://www.facsaoroque.br/novo/ publicacoes/pdfs/ricardo_alessandro.pdf>. Acesso em: 13 out. 2016. SZUSTER, et. al. Contabilidade geral: uma introdução à contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2013. Referências On-Line 1Em: <www.cpc.org.br>. Acesso em: 13 out. 2016. 2Em: <http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf> Acesso em: 13 out. 2016. 3Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 3 out. 2016. 4Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 3 out. 2016. 5Em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 3 out. 2016 6Em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pro- nunciamento?Id=80>. Acesso em 13 out. 2016. 7Em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLi- ve/DO9UBM4Q/$FILE/medMD9VLPYR.pdf?openelement>. Acesso em: 20 set. 2016. GABARITO 1. C 2. B 3. C 4. E 5. A DLPA apresenta os lucros obtidos em exercícios anteriores devidamente ajus- tados, incorporando-se o resultado do período e excluindo as transferências de modo a apresentar o saldo acumulado dos lucros retidos na entidade. Já a DMPL tem maior volume de evidenciação, uma vez que evidencia a mutação do Patri- mônio Líquido de forma global (novas integralizações de capital, resultado do exercício, ajustes de exercícios anteriores, dividendos, reavaliações) e também as mutações internas (incorporações de reservas de capital, transferências de lu- cros acumulados para reservas e vice-versa). U N ID A D E IV Professora Me. Juliana Moraes da Silva ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Objetivos de Aprendizagem ■ Definir aspectos que devem ser analisados antes da aplicação de técnicas de análises. ■ Aplicar a técnica da análise vertical no Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício. ■ Elaborar a técnica da análise de comparação de valores em diferentes exercícios sociais. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Introdução à análise das demonstrações financeiras ■ Análise vertical ■ Análise horizontal INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), agora que você já conhece as demonstrações contábeis e as informações por elas geradas, podemos começar a analisar os resultados evi- denciados nestas demonstrações financeiras. Nesta unidade IV, iniciaremos as técnicas de análise às demonstrações. A simples leitura dos demonstrativos pode não trazer uma riqueza de infor- mações quanto ao desempenho econômico dos resultados ou quanto à situação financeira da empresa em termos de liquidez, solvência entre outros. Mas a partir de agora, com a aplicação de técnicas de análise, você poderá elaborar um relatório que expressa sua opinião quanto à “saúde financeira” de uma empresa. Para que a análise corresponda necessariamente à situação econô- mica e financeira da empresa, é necessário definir o objetivo da análise, verificar as formas de acesso às demonstrações, a confiabilidade da informação, a fixação de parâmetros de comparação e a apuração dos cálculos. As técnicas apresentadas nesta unidade correspondem à Análise Vertical e Análise Horizontal. A análise vertical possibilita o estudo da estrutura de composição das con- tas de cada demonstração em uma unidade de tempo. Já na Análise Horizontal é possível verificar como está ocorrendo a evolução financeira de cada conta ou grupo de contas evidenciada nas demonstrações no decorrer dos tempos. Com a aplicação das técnicas de Análise Vertical (AV) e Análise Horizontal (AH), você terá percentuais que possibilitam a formação de uma opinião sobre a “saúde financeira” da empresa e poderá expressá-la através da interpretação dos percentuais encontrados. A interpretação da Análise Vertical e Análise Horizontal estão condiciona- das aos parâmetros estipulados e aceitos para comparação em um determinado período de tempo ou em uma sequência temporal. Não perca mais tempo, vamos aprender a analisar as demonstrações finan- ceiras, em especial o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 139 ©shutterstock ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E140 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Caro(a) aluno(a), objetivando realizar uma análise confiável nas demonstra- ções, com geração de resultados claros e fidedignos, alguns aspectos devem ser observados: ■ Definir o objetivo da análise. ■ Obter as Demonstrações Contábeis. ■ Avaliar a confiabilidade da informação. ■ Definir parâmetros para comparação. ■ Elaborar cálculos. ■ Redigir o relatório de opinião. Introdução à Análise das Demonstrações Financeiras Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 141 Definir o objetivo da análise O primeiro aspecto a ser definido é o objetivo da análise. Diversos podem ser os objetivos da análise das demonstrações, dependendo de cada caso (SZUSTER, 2013). Apenas para exemplificar, o objetivo da análise pode ser a mensuração da eficiência ou ineficiências de gestores internos de subunidades de uma empresa. Outro propósito pode ser a análise das demonstrações para disponibilizar cré- ditos ou para definir limite de valor de compra. Outro objetivo relaciona-se ao tipo de informação necessária ou investidor que tem opções de manter, aumen- tar ou até mesmo deixar de investir em uma determinada empresa. Obter as demonstrações contábeis A análise somente faz sentido se estivermos de posse dos demonstrativos. O acesso às demonstrações nem sempre é fácil. Caso queira analisar uma empresa de capital aberto, as demonstrações são publicadas no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e em jornais de grande circulação. Para usuários internos, desde que seja de comum acordo, a empresa disponibiliza as demonstrações. Por outro lado, para análise de concorrentes ou de empresas limitadas (sem obrigato- riedade das demonstrações), a obtenção fica limitada a informações de internet, bancos de dados privados (Serasa). Avaliar a confiabilidade das demonstrações O terceiro aspecto a ser analisado corresponde à confiabilidade da informação evidenciada na demonstração. Há várias possibilidades de verificar a confiança da informação, por exemplo: observar o relatório de auditoria, ler as notas expli- cativas, buscar informações externas à empresa, conhecer o produto, os clientes, ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.IVU N I D A D E142 o processo de produção etc. Para aumentar a confiabilidade, caso a análise ocorra em diferentes exercícios sociais (comparação de vários anos), indica-se a apli- cação do índice da inflação sobre os saldos analisados. Esse procedimento se faz necessário para que os valores comparados estejam em uma única unidade de tempo, evitando distorções. Supondo que em uma análise você observa um aumento de 15% no lucro, mas se a inflação do período foi 10%, seu lucro real foi de apenas 5%. Por fim, há alguns ajustes e reclassificações de contas que devem ser realiza- dos, como: observar se as depreciações e as provisões de férias e décimo terceiro foram registradas. Definir parâmetros de comparação Após conhecer a empresa e confiar nas informações, é necessário conhecer o ramo de atuação da empresa, seu histórico, as estimativas futuras, pois este conheci- mento adicional é necessário para definir os parâmetros com os quais a situação e o desempenho efetivo da empresa serão comparados (SZUSTER, et al., 2013). De acordo com os objetivos da análise, os resultados obtidos podem ser comparados com outros resultados da mesma empresa em diferentes períodos. Utilizar a análise com outras empresas do mesmo segmento econômico também é considerado um bom parâmetro de comparação. Elaborar cálculos Esta é a etapa mais longa. Há diversos métodos de cálculo utilizados para anali- sar as demonstrações. As técnicas aplicadas neste material serão análise vertical, horizontal e indicadores. Análise Vertical Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 143 Redigir o relatório de opinião O relatório de opinião corresponde à interpretação dos cálculos efetuados com a descrição da conclusão extraída dos indicadores apurados. No relatório, o usuário pode exprimir a sua opinião a partir dos resultados obtidos e do conhecimento prévio acerca das características da empresa analisada. ANÁLISE VERTICAL A Análise Vertical (AV) é uma técnica de análise aplicada usualmente no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado. A AV é utilizada para avaliar a relação entre as contas de uma única demonstração contábil em um determinado período contábil. Busca verificar os percentuais associados aos valores de determinado ano assumindo o total deste ano como sendo igual a 100%. A partir daí, todos os demais valores do ano são convertidos em per- centuais do total (BRUNI, 2011). Muito embora a apuração do percentual possa ocorrer com a aplicação de regra de três simples, a equação (1) pode ser utilizada para apurar os percentu- ais da análise vertical. ©shutterstock ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E144 A análise vertical da DRE considera a receita como 100%, afinal, é da receita que todas as despesas são subtraídas até se chegar ao resultado líquido do perí- odo (SZUSTER et. al, 2013). O quadro 1 corresponde a uma aplicação da Análise Vertical em todos os itens de uma demonstração de resultado em um período fixado. Quadro 1 - Demonstração do resultado do exercício. Cia Gutamoc S/A - Período de 01-01-20x1 a 31-12-20x1 DRE 20X1 AV (=) Receitas Vendas 244.800 100% (-) Custo do Produto Vendido - 144.000 (=) Lucro Bruto 100.800 (-) Desp. Operacionais - 50.000 (=) Resultado Antes EncFinanc 50.800 (+/-) Desp-Receita Financeiras - 3.000 1,2% (=) Result. Antes IR e CS 47.800 (-) Impos. de Renda e Contrib. Social - 18.000 7,4% (=) Result. Líquido do Período 29.800 Fonte: a autora. Os cálculos dos percentuais foram: ■ Valor da AV do CPV = (144000 ÷ 244800) x 100 = 58,8% ■ Valor da AV do Lucro Bruto = (100800 ÷ 244800) x 100 = 41,2% ■ Valor da AV das Despesas operacionais = (11000 ÷ 244800) x 100 = 4,5% ■ Valor da AV do Resultado antes Encargos Financeiros = (89800 ÷ 244800) x 100 = 36,7% ■ Valor da AV de Outras Receitas e Despesas = (3000 ÷ 244800) x 100 = 1,2% ■ Valor da AV do Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social = (86800 ÷ 244800) x 100 = 35,5% Análise Vertical Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 145 ■ Valor da AV do Imposto de Renda e Contribuição Social = (26300 ÷ 244800) x 100 = 10,7% ■ Valor da AV do Lucro Líquido do Exercício = (60500 ÷ 244800) x 100 = 24,7% A análise vertical permite analisar a composição percentual das receitas e des- pesas, evidenciando a influência de cada valor na apuração do lucro do período. De acordo com a AV da empresa Gutamoc S/A, é possível afirmar que o custo dos produtos é superior à metade da receita líquida (58,8%) e que as despesas não chegam a 5%. O lucro do período correspondeu a 24,7% da receita líquida. Quando aplicada ao Balanço Patrimonial, a AV possibilita identificar a composição percentual das origens (considerando o passivo total 100%) e das aplicações de recursos que compõem o patrimônio (considerando o ativo total 100%). No quadro 2, é possível verificar a análise vertical do período 20X1 no Balanço Patrimonial de Cia Gutamoc. Quadro 2 - Balanço patrimonial – Cia Gutamoc S/A – Período de 01-01-20x0 a 31-12-20x0 ATIVO 20X1 AV PASSIVO 20X1 AV ATIVO CIRCULANTE 45.000 29% PASSIVO CIRCULANTE 43.000 28% DISPONIBILIDADE 8.000 5% EMPRÉSTIMOS 24.000 16% CLIENTES 12.000 8% FORNECEDORES 15.000 10% ESTOQUES 25.000 16% IMPOSTOS 4.000 3% ATIVO NÃO CIRCULANTE 108.000 71% PASSIVO NÃO CIRCULANTE 10.200 7% REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 7.000 5% EMPRÉSTIMOS 10.200 7% APLICAÇÕES 7.000 5% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 99.800 65% INVESTIMENTOS 12.000 8% CAPITAL SOCIAL 30.000 20% IMOBILIZADO 82.000 54% LUCRO ACUMULADO 69.800 46% TOTAL DO ATIVO 153.000 100% TOTAL PASSIVO+PL 153.000 100% Fonte: a autora. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E146 Os cálculos dos percentuais do Ativo foram: ■ Valor da AV do Ativo Circulante = (45000 ÷ 153000) x 100 = 29% ■ Valor da AV da Disponibilidade = (8000 ÷ 153000) x 100 = 5% ■ Valor da AV dos Clientes = (12000 ÷ 153000) x 100 = 8% ■ Valor da AV dos Estoques = (25000 ÷ 153000) x 100 = 16% ■ Valor da AV do Ativo Não Circulante = (108000 ÷ 153000) x 100 = 71% ■ Valor da AV do Realizável a Longo Prazo = (7000 ÷ 153000) x 100 = 5% ■ Valor da AV das Aplicações = (7000 ÷ 153000) x 100 = 5% ■ Valor da AV dos Investimentos = (12000 ÷ 153000) x 100 = 8% ■ Valor da AV do Imobilizado = (82000 ÷ 153000) x 100 = 54% Os cálculos dos percentuais do Passivo são realizados de forma análoga ao Ativo. ANÁLISE HORIZONTAL A Análise Horizontal (AH) é uma técnica de análise aplicada usualmente no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado. A AH é utilizada para comparar valores de uma mesma conta ou grupo de contas ao longo do tempo. O período mínimo para análise é de dois anos. Vale ressaltar que a utilização de valores de diferentes datas (ano 20X0 e 20X1), por exemplo, requer que o ano mais antigo seja atualizado monetaria- mente para repor o poder aquisitivo antes dos cálculos da análise horizontal. Os valores da Demonstração Contábil de data mais remota são considera- dos como base na relação com o período mais atual (SZUSTER, et al., 2013). Análise Horizontal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 147 Umavez fixada a data utilizada como base, pode-se aplicar a fórmula (2) para apurar o percentual de aumento ou redução de cada uma das contas das demonstrações. Segue a análise horizontal da empresa Gutamoc nos períodos 20X0 e 20X1. No quadro 3, o ano de 20X0 foi considerado como base para aplicação da téc- nica da análise horizontal. Quadro 3 - Demonstração do resultado do exercício - Cia Gutamoc S/A DRE 20X1 AH 20X0 AH (=) Receitas Vendas 244.800 -39% 400.000 100% (-) Custo do Produto Vendido - 144.000 -53% - 305.000 100% (=) Lucro Bruto 100.800 6% 95.000 100% (-) Desp. Operacionais - 50.000 -17% - 60.000 100% (=) Resultado Antes EncFinanc 50.800 45% 35.000 100% (+/-) Desp.-Receita Financeiras - 3.000 -120% 15.000 100% (=) Result. Antes IR e CS 47.800 -4% 50.000 100% A utilização da análise horizontal não está limitada ao Balanço e à Demons- tração de Resultado, mas pode ser aplicada para avaliação e interpretação de outros demonstrativos como o fluxo de caixa em um período de tempo definido. Fonte: a autora. ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E148 (-) Impos. de Renda e Contrib. Social - 18.000 20% - 15.000 100% (=) Resultado Líquido do Período 29.800 -15% 35.000 100% Fonte: a autora. Os cálculos dos percentuais do Ativo foram: ■ Valor da AH da Receita Líquida = [(244800 ÷ 400000) – 1] x 100 = - 39% ■ Valor da AH do CPV = [(144000 ÷ 305000) – 1] x 100 = - 53% ■ Valor da AH do Lucro Bruto = [(100800 ÷ 95000) – 1] x 100 = 6% ■ Valor da AH das Despesas operacionais = [(50800 ÷ 60000) – 1] x 100 = - 17% ■ Valor da AH do Resultado antes Encargos Financeiros = [(50800 ÷ 35000) – 1] x 100 = 45% ■ Valor da AH de Outras Receitas e Despesas = [(3000 ÷ 15000) – 1] x 100 = - 120% ■ Valor da AH do Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social = [(47800 ÷ 50000) – 1] x 100 = - 4% ■ Valor da AH do Imposto de Renda e Contribuição Social = [(18000 ÷ 15000) – 1] x 100 = 20 % ■ Valor da AH do Lucro Líquido do Exercício = [(29800 ÷ 35000) – 1] x 100 = - 15% Além da Demonstração do Resultado do Exercício, a análise horizontal também pode ser aplicada no Balanço Patrimonial. No quadro 4, o ano de 20X0 foi con- siderado como base para a AH das Contas do Ativo, conforme segue: Análise Horizontal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 149 Quadro 4 - Ativo do Balanço Patrimonial - Cia Gutamoc S/A ATIVO 20X1 AH 20X0 AH ATIVO CIRCULANTE 45.000 25% 36.000 100% DISPONIBILIDADE 8.000 -33% 12.000 100% CLIENTES 12.000 0% 12.000 100% ESTOQUES 25.000 108% 12.000 100% ATIVO NÃO CIRCULANTE 108.000 3% 105.000 100% REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO 7.000 -13% 8.000 100% APLICAÇÕES 7.000 40% 5.000 100% INVESTIMENTOS 12.000 0% 12.000 100% IMOBILIZADO 82.000 2% 80.000 100% TOTAL DO ATIVO 153.000 9% 141.000 100% Fonte: a autora Os cálculos dos percentuais do Ativo foram: ■ Valor da AH do Ativo Circulante = [(45000 : 36000) – 1] x 100 = 25% ■ Valor da AH da Disponibilidade = [(8000 : 12000) – 1] x 100 = - 33% ■ Valor da AH dos Clientes = [(12000 : 12000) – 1] x 100 = 0% ■ Valor da AH dos Estoques = [(25000 : 12000) – 1] x 100 = 108% ■ Valor da AH do Ativo Não Circulante = [(108000 : 105000) – 1] x 100 = 3% ■ Valor da AH do Realizável a Longo Prazo = [(7000 : 8000) – 1] x 100 = - 13% ■ Valor da AH das Aplicações = [(7000 : 5000) – 1] x 100 = 40% ■ Valor da AH dos Investimentos = [(12000 : 12000) – 1] x 100 = 0% ■ Valor da AH do Imobilizado = [(82000 : 80000) – 1] x 100 = 2% ■ Valor da AH do Ativo Total = [(153000 : 141000) – 1] x 100 = 9% ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IVU N I D A D E150 No quadro 5, o ano de 20X0 foi considerado como base para a AH das Contas do Passivo, conforme segue: Quadro 5 - Passivo e Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial CIA GUTAMOC S/A PASSIVO 20X1 AH 20X0 AH PASSIVO CIRCULANTE 43.000 -23% 56.000 100% EMPRÉSTIMOS 24.000 -37% 38.000 100% FORNECEDORES 15.000 0% 15.000 100% IMPOSTOS 4.000 33% 3.000 100% PASSIVO NÃO CIRCULANTE 10.200 -32% 15.000 100% EMPRÉSTIMOS 10.200 -32% 15.000 100% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 99.800 43% 70.000 100% CAPITAL SOCIAL 30.000 0% 30.000 100% LUCRO ACUMULADO 69.800 75% 40.000 100% TOTAL PASSIVO+PL 153.000 9% 141.000 100% Fonte: a autora. Os cálculos dos percentuais do Passivo foram realizados de forma análoga ao Ativo. A utilidade da análise horizontal é de informar a modificação percentual de cada verba em relação ao período ou aos períodos anteriores, sem se preo- cupar com o aumento ou redução das outras contas. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 151 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), mais importante que calcular um valor ou percentual é compreender o que significa esse número encontrado. Para maior confiança da análise das demonstrações, faz-se necessário a definição do objetivo da análise, o acesso às demonstrações, a confiabilidade da informação, a fixação de parâmetros de comparação, a apuração dos cálculos e, por fim, a elaboração dos pareceres de opinião do analista. A interpretação do analista é apresentada tomando por base não somente as análises verticais e horizontais das demonstrações financeiras, mas também o conhecimento prévio sobre o produto da empresa, do ramo de atuação, das políticas da empresa etc. Esta unidade lhe proporcionou bastante conhecimento para aplicação das técnicas de análise vertical e análise horizontal. A AV limita-se à análise em um único período de tempo. Quando ela é aplicada no balanço patrimonial, há a possibilidade de detectar a composi- ção percentual dos tipos de aplicações e as origens de recursos que compõem o patrimônio da empresa. No balanço patrimonial, a AV considera o ativo total como sendo 100%, afinal, este corresponde ao patrimônio total da empresa. Na demonstração de resultado, a AV evidencia o percentual das receitas e despesas, destacando aquelas que mais influenciam na formação do lucro ou do prejuízo do período. Por outro lado, a AH possibilita comparar os resultados das contas das demonstrações em diferentes períodos. Vale ressaltar que para comparar valores em diferentes períodos é preciso primeiramente atualizar os saldos mais remo- tos com indicadores obtidos com saldos atualizados monetariamente. Quando a análise horizontal é aplicada ao Balanço Patrimonial, é possível observar o comportamento de cada aplicação de recursos e a origem dos recur- sos que compõem o patrimônio da entidade. 152 1. Os objetivos de análise das demonstrações estão relacionados com o indicativo de desempenho que se pretende evidenciar. Correlacione a coluna da esquer- da com a da direita. Em seguida, escolha a alternativa que apresenta a se- quência correta. 1. Objetivo de analisar a situação de disponibilização de crédito aos clientes. 2. Objetivo de analisar a situação de empresas para investidores que pre- tendem investir. 3. Objetivo de analisar a situação inter- na de subunidades da empresa. ( )identificar o desempenho das diver- sas empresas com o objetivo de decidir sobre a aquisição de suas ações. ( )identificar odesempenho das diversas unidades de negócios de uma mesma entidade. ( )identificar a capacidade de eventual cliente honrar as dívidas a serem assumi- das. a. 3-2-1. b. 2-3-1. c. 1-2-3. d. 3-1-2. e. 2-1-3. 2. A Empresa Gucal Ltda. apresentava em seu Balanço Patrimonial projetado, antes do final do ano de 20X1, os seguintes valores no Passivo Circulante. 20X0 Passivo Circulante = $ 800.000 20X1 Passivo Circulante = $ 600.000 No entanto, o presidente não está contente com a redução de 25% Passivo Circulan- te, ele determinou que o percentual aceitável é de 50%. Tomando por base essas informações, assinale a alternativa correta. 153 ( ) É impossível modificar a análise horizontal, tendo em vista a proximidade do final do ano. ( ) A única alternativa é o contador alterar o Balanço Patrimonial. ( ) Uma solução seria pagar mais $ 200.000 das obrigações de curto prazo. ( ) Não é possível porque a empresa não possui nenhum valor no ativo. ( ) Uma opção seria realizar uma compra a prazo de $ 200.000. Tomando por base os dados apresentados no caso demonstrado, responda às questões de 03 a 06. Passivo da Empresa Gucal Ltda. nos períodos de 20X0, 20X1 e 20X2 31-12-X0 31-12-X1 31-12-X2 PASSIVO 500.000 490.000 440.000 Circulante 200.000 240.000 260.000 Empréstimos 100.000 120.000 140.000 Fornecedores 30.000 50.000 40.000 Contas a pagar 70.000 70.000 80.000 Não Circulante 300.000 250.000 180.000 Financiamento 300.000 250.000 180.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 800.000 1.000.000 1.000.000 Capital Social 100.000 100.000 100.000 Lucro Acumulado 700.000 900.000 900.000 PASSIVO TOTAL 1.300.000 1.490.000 1.440.000 154 03. Faça a análise vertical em cada ano, sabendo que o Passivo Total corresponde a 100%. 04. Considerando as informações ao longo do tempo, faça análise horizontal, sabendo que o período mais remoto de todos corresponde a 100% (base de cál- culo). 05. Compare o Patrimônio Líquido (obrigações não exigíveis) de 20X1 com o de 20X2. Comente. 06. Indique um ponto positivo na evolução das dívidas. 155 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS A análise de balanço é definida por Padoveze e Benedicto (2010) como a aplicação do raciocínio analítico dedutivo sobre os valores patrimoniais e suas inter-relações expressos nas Demonstrações Contábeis de uma entidade, tendo como finalidade realizar uma avaliação econômico-financeira da situação e do andamento das operações da mesma. Dessa forma, seu objeto de estudo são as demonstrações contábeis. Não somente os balanços da empresa, mas sim todas as Demonstrações Contábeis. A análise de balanços tem como objetivo, segundo Matarazzo (2003), extrair informações das demonstrações contábeis para a tomada de decisões, ou seja, transforma os dados monetários das Demonstrações Contábeis em informações que irão auxiliar na tomada de decisão, sendo que quanto melhores informações fornecer, mais eficiente será. Segundo Matarazzo (2003, p. 27), “cada usuário da análise de balanços está interessado em um aspecto particular da empresa”. Os fornecedores, por exemplo, precisam conhecer a capacidade de pagamento de seus clientes, sendo que a profundidade da análise irá depender da importância do cliente. Compradores também fazem a análise de seus fornecedores, porém, como explica Matarazzo (2003), acontece geralmente quando os fornecedores não têm o mesmo porte da empresa ou possam de alguma forma oferecer riscos. Assim, dependendo do propósito da análise das demonstrações contábeis pode- se: a) comparar uma empresa com o índice-padrão do setor que a empresa atua; b) comparar a empresa (hoje) com a empresa no passado; c) comparar a empresa (hoje) com o que havia sido estimado (orçado) (SZUSTER et al., 2010). Para Szuster et al. (2010), a análise das Demonstrações Contábeis é feita, basicamente, por três métodos: a análise Vertical (ou de estrutura), a análise Horizontal (ou de comportamento) e a análise por indicadores. Os indicadores encontrados são comparados com os indicadores padrão do setor de atividade da empresa objeto de análise. Ademais, é elaborado um relatório final de análise chamado de parecer do analista. Segundo Padoveze e Benedicto (2010, p. 199), “a análise horizontal é uma averiguação da evolução, crescimento ou diminuição, que permite identificar a variação positiva ou negativa de um período em relação ao anterior”. Ela é utilizada para avaliar a evolução ao longo do tempo de cada conta da demonstração contábil analisada. Marion (2010) explica que quando comparamos os indicadores de vários períodos, analisamos a tendência dos índices. A análise Vertical, para Szuster et al. (2010, p. 449), “tem por finalidade verificar a estrutura patrimonial e de resultado da entidade. É utilizada para avaliar a relação entre as contas de uma única demonstração contábil”. Segundo Lins e Francisco Filho (2012), essa avaliação serve para o analista apontar as contas mais relevantes das demonstrações contábeis, possibilitando um melhor entendimento da estrutura patrimonial e suas variações significativas de um período para o outro, devendo ser por esse motivo melhor investigadas e explicadas. Quando se realiza a análise econômica e financeira de uma empresa é preciso compará- la com algo que sirva de base para avaliar se a empresa está em situação favorável ou desfavorável em relação às demais do ponto de vista econômico e financeiro. Segundo Marion (2010, p. 255), “quando calculamos índices de demonstrações financeiras de 156 empresas do mesmo ramo de atividade para servir de base de comparação para outras empresas desse mesmo ramo, estamos calculando o índice-padrão”. A comparação com padrões do setor tem relevância no sentido de fornecer uma melhor avaliação da empresa, pois permite compará-la com realidade do mercado. Segundo Padoveze e Benedicto (2010, p. 221), “a utilização de outros dados referenciais, além dos constantes nas demonstrações contábeis, torna-se importante e contribui para uma visão mais abrangente da empresa, principalmente dentro de seu segmento de atuação”. Matarazzo (2010, p. 122) ressalta que “a análise de Balanços através de índices só adquire consistência e objetividade quando os índices são comparados com padrões, pois do contrário, as conclusões se sujeitam á opinião e, não raro, ao humor do analista”. Dessa forma, a comparação com o índice padrão do setor tem grande importância para que a análise seja mais confiável. Para o cálculo dos indicadores, existem diversas fórmulas que podem ser utilizadas nesse contexto, como explica Marion (2010), o cálculo dos índices com base nas fórmulas é a primeira etapa da análise através de indicadores, sendo que a segunda etapa é a interpretação do que significa o índice, ou seja, como explicá-lo, e a terceira etapa é conceituação, isto é, saber se é bom, ruim, razoável etc., dessa forma, não é somente realizar o cálculo dos indicadores, mas interpretá-los de maneira correta. Fonte: Meyer et al. (2012). Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Análise das Demonstrações Contábeis: Contabilidade Empresarial José Carlos Marion Editora: Atlas Ano: 2012 Sinopse: o livro evidencia a utilidade da demonstração contábil como instrumento de tomada de decisão. Destina- se especialmente ao curso de graduação, enfatizando a aplicação dos níveis introdutório e intermediário para analisar a situação econômico-fi nanceira. Estrutura e Análise de Balanços fácil Osni Moura Ribeiro Editora: Saraiva Ano: 2015 Sinopse: a obra foi concebida de modo a tratar do tema de forma didática e gradual, característica comum a todos os livros da Série Fácil. Os temas foram divididos em três partes: Parte I, que traz informações breves sobre o conceito e fi nalidade da análise de balanços, além de revisar conhecimentos contábeis estudadosanteriormente; Parte II, que apresenta o estudo dos componentes de cada uma das demonstrações fi nanceiras; e Parte III, que trata das técnicas de análise de balanços. Estrutura e análise de balanços Alexandre Assaf Neto Editora: Atlas Ano: 2012 Sinopse: o estudo da estrutura de balanços e sua análise têm sofrido evolução conceitual e prática, no sentido de abranger esquemas de interpretação que não se limitem aos indicadores horizontais e verticais, bem como ao cálculo de índices tradicionais. Esta edição considerou os principais avanços que ocorreram no instrumental de avaliação de empresas e buscou atender a uma necessidade crescente de os analistas adquirirem uma visão ampla da matéria. REFERÊNCIAS BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SZUSTER, et. al. Contabilidade geral: uma introdução à contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2013. MEYER, M. et al. Análise Econômica e Financeira: um estudo na empresa Vale S/A do setor de minério. Revista Contabilidade e Amazônia, v. 5, n. 1, 2012. Disponí- vel em: < http://sinop.unemat.br/projetos/revista/index.php/contabilidade/article/ view/1308/pdf>. Acesso em: 14 out. 2016. GABARITO 159 1. B. 2. C. 3. 31-12-X0 31-12-X1 31-12-X2 PASSIVO 500.000 38% 490.000 33% 440.000 31% Circulante 200.000 15% 240.000 16% 260.000 18% Empréstimos 100.000 8% 120.000 8% 140.000 10% Fornecedores 30.000 2% 50.000 3% 40.000 3% Contas a pagar 70.000 5% 70.000 5% 80.000 6% Não Circulante 300.000 23% 250.000 17% 180.000 13% Financiamento 300.000 23% 250.000 17% 180.000 13% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 800.000 62% 1.000.000 67% 1.000.000 69% Capital Social 100.000 8% 100.000 7% 100.000 7% Lucro Acumulado 700.000 54% 900.000 60% 900.000 63% PASSIVO TOTAL 1.300.000 100% 1.490.000 100% 1.440.000 100% 4. 31-12-X0 31-12-X1 31-12-X2 PASSIVO 500.000 100% 490.000 -2% 440.000 -12% Circulante 200.000 100% 240.000 20% 260.000 30% Empréstimos 100.000 100% 120.000 20% 140.000 40% Fornecedores 30.000 100% 50.000 67% 40.000 33% Contas a pagar 70.000 100% 70.000 0% 80.000 14% Não Circulante 300.000 100% 250.000 -17% 180.000 -40% Financiamento 300.000 100% 250.000 -17% 180.000 -40% PATRIMÔNIO LÍQUIDO 800.000 100% 1.000.000 25% 1.000.000 25% Capital Social 100.000 100% 100.000 0% 100.000 0% Lucro Acumulado 700.000 100% 900.000 29% 900.000 29% PASSIVO TOTAL 1.300.000 100% 1.490.000 15% 1.440.000 11% GABARITO 5. Não houve alteração nas obrigações não exigíveis, permaneceram os três anos com $ 1.000.000. Em 20X1 houve um aumento do lucro de $ 200.000, mas de 20X1 a 20X2, não houve alteração nem no lucro, sugerindo a inexistência de lucro em 20X2. 6. As dívidas de longo prazo (Financiamento) têm reduzido de ano pra ano. U N ID A D E V Professora Me. Juliana Moraes da Silva ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o conceito de indicador. ■ Medir a capacidade de pagamento da empresa. ■ Avaliar o grau de endividamento das empresas. ■ Analisar o ganho sobre as vendas realizadas. ■ Apreciar os aspectos econômicos na análise empresarial. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Indicadores financeiros ■ Índice de liquidez ■ Índice de endividamento ■ Índice de lucratividade ■ Índice de rentabilidade INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), a análise visual das demonstrações financeiras nos traz várias informações sobre os saldos finais dos fatos ocorridos na empresa, mas uma compreensão intrínseca dos valores evidenciados nestes demonstrativos possibilita uma melhor compreensão da “saúde financeira” em que a empresa se encontra num determinando momento ou durante um intervalo de tempo. Nesta última unidade, você compreenderá a técnica de análise das demonstra- ções financeiras por meio do cálculo e interpretação de indicativos. Os diversos índices financeiros podem ser utilizados como forma de melhorar a análise da situação da empresa. Mas afinal, o que é um indicador? Para quem já fez uma consulta médica, esta experiência lhe deixa imerso em uma piscina de indicadores. Para iniciar esta comparação, tem-se a temperatura e pressão. Ambos os indicadores possuem parâmetros de comparação, temperatura normal de 36,5°C e pressão padrão de 12x8. Muitos outros indicativos podem ser mencionados, glicemia, colesterol, todos utilizados para atestar a saúde física do corpo humano. No mundo dos negócios, a situação é parecida. As demonstrações financeiras evidenciam os resultados das operações da empresa em números que precisam ser analisados, comparados e interpretados para que se possa atestar a situação econômico-financeira da empresa. Nesta última unidade, você irá conhecer, compreender, calcular, analisar e interpretar, a partir das demonstrações financeiras, os indicadores de liqui- dez, endividamento, lucratividade e rentabilidade. Esse conjunto de indicadores ampliará seu conhecimento sobre a real situação da empresa, lhe possibilitando tomar decisões quanto a investir na empresa A ou na empresa B, manter a quan- tidade de ações investidas ou alterar a sua participação societária. Você já é quase um especialista em contabilidade, que tal utilizá-la a seu favor? Vamos aprender agora mesmo a analisar as demonstrações pelos indica- dores, não perca tempo. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 163 ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E164 INDICADORES FINANCEIROS Caro(a) aluno(a), os indicadores correspondem a um instrumento de análise eco- nômico-financeira de uma empresa por meio do quociente entre duas grandezas. Há inúmeros índices que podem ser utilizados para aferir o desempenho da empresa, o manejo correto dos indicadores viabiliza a extração das melhores conclusões de maneira comparativa, seja relacionando-os com os períodos passa- dos (evolução temporal) ou com os valores apresentados por outras empresas da mesma atividade econômica (comparação interempresarial (ASSAF NETO, 2012). Nesta unidade, a análise da “saúde financeira” da empresa será por meio do cálculo e interpretação dos indicadores de liquidez, endividamento, lucrativi- dade e rentabilidade, conforme segue: ©shutterstock Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 165 Figura 1 – Indicadores financeiros e econômicos Fonte: a autora. Além das técnicas de análise vertical e horizontal, as demonstrações finan- ceiras geram informações por meio de indicadores. Para evidenciar a “saúde financeira” da empresa, faz-se necessário o cálculo e interpretação dos indi- cadores de liquidez, endividamento, lucratividade e rentabilidade. ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E166 ÍNDICE DE LIQUIDEZ Caro(a) aluno(a), os indicadores de liquidez medem a capacidade de pagamento da empresa (indica se os recursos do ativo são suficientes para pagar as dívidas do passivo). Os indicadores de liquidez evidenciam quanto a empresa dispõe de bens e direitos, realizáveis em determinado período, em relação às obrigações exigíveis, no mesmo período (SZUSTER, et al. 2013). Para facilitar a compreensão,considere as demonstrações financeiras de valo- res fictícios da empresa Cia Gutamoc S/A, cujos dados servirão de base para o cálculo e interpretação dos índices. ©shutterstock Índice de Liquidez Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 167 Quadro 1 - Balanço patrimonial - Cia Gutamoc S/A. ATIVO 20X1 PASSIVO 20X1 ATIVO CIRCULANTE 45.000 PASSIVO CIRCULANTE 43.000 DISPONIBILIDADE 8.000 EMPRÉSTIMOS 24.000 CLIENTES 12.000 FORNECEDORES 15.000 ESTOQUES 25.000 IMPOSTOS 4.000 ATIVO NÃO CIRCULANTE 108.000 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 10.200 REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO 7.000 EMPRÉSTIMOS 10.200 APLICAÇÕES 7.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 99.800 INVESTIMENTOS 12.000 CAPITAL SOCIAL 30.000 IMOBILIZADO 82.000 LUCRO ACUMULADO 69.800 TOTAL DO ATIVO 153.000 TOTAL PASSIVO+PL 153.000 Fonte: a autora. Liquidez Corrente (LC) Esse índice mede a capacidade da empresa em pagar as obrigações de curto prazo, por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de dívida, a empresa possui $ 1,05 de bens e direitos para pagamento. ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E168 De acordo com Assaf Neto (2012), quanto maior a liquidez corrente, mais alta é a capacidade da empresa em financiar suas necessidades de capital de giro. Para Marion (2002), o índice de liquidez corrente superior a 1,0, de maneira geral, é uma situação positiva, todavia, sem outros parâmetros, é uma atitude bastante arriscada, por isso, desaconselhável. A observância das contas que compõem este ativo circulante é essencial, uma vez que o grupo pode ser constituído basicamente de estoque, fato que implica- ria em dificuldade de liquidez rápida. Liquidez Seca (LS) Caso a empresa tenha dificuldade em realizar vendas, os estoques não poderão ser utilizados para pagamentos no curto prazo. As despesas antecipadas também são ativos de difícil realização. Esse índice de LC mede a capacidade da empresa em pagar as obrigações de curto prazo, desconsiderando os estoques, as despesas antecipadas e outros ativos circulantes de difícil realização, por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de dívida, a empresa dispõe de $ 0,47 de recursos (sem estoque) para pagamento. Nesse caso, a paralização da venda pode comprometer os pagamentos de curto prazo. Esse indicador determina a capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo mediante a utilização das contas disponíveis e valores a receber, também de curto prazo. Índice de Liquidez Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 169 Liquidez Imediata (LI) O quociente entre as disponibilidades e o passivo circulante corresponde ao indicador que representa a proporção de maior liquidez na empresa. Esse índice mede a capacidade da empresa em pagar as obrigações de curto prazo apenas com recurso do caixa e do equivalente de caixa, por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de dívida, a empresa dispõe de $ 0,19 de recursos na Disponibilidade para pagamento. Em um processo de continuidade, dificilmente aplica-se este indicador. Liquidez Geral (LG) Esse índice mede a capacidade da empresa em pagar as obrigações de curto prazo e longo prazo com recursos de curto e longo prazo, por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de dívida de Curto e Longo Prazo, há $ 0,98 de valores em caixa e em valores a receber de Curto e Longo prazo. ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E170 ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO O endividamento das pessoas, das cidades, dos estados e dos países torna este indicador um dos mais utilizados no meio empresarial. O ativo de uma empresa é financiado pelo capital próprio (Patrimônio Líquido) e por capitais de terceiros (Passivo), para este indicador, quanto maior for a participação do capital de terceiros no financiamento da empresa, maior será o risco que os terceiros estão expostos (SZUSTER, et al., 2013). Endividamento Geral (EG) Este indicador revela a dependência da empresa com relação às suas exigibi- lidades totais. Ele revela a participação de terceiros (passivo circulante e não circulante) no montante de ativos investidos na empresa (ASSAF NETO, 2012). Esse índice corresponde ao quociente entre o passivo e o ativo, por meio da seguinte fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de aplicação no ativo, $ 0,35 é financiado com recursos de terceiros. Os índices de liquidez medem a capacidade de pagamento da empresa. Quanto maior o indicador de liquidez, melhor, pois maior será sua capacida- de de pagar as obrigações. Índice de Endividamento Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 171 O endividamento das empresas podem apresentar as seguintes situações: ■ Se Passivo > Patrimônio Líquido, então, endividamento > 50% ■ Se Passivo = Patrimônio Líquido, então, endividamento = 50% ■ Se Passivo < Patrimônio Líquido, então, endividamento < 50% Quanto maior for este indicador, mais elevada corresponde a dependência finan- ceira da empresa pela utilização de capitais de terceiros. Composição das Exigibilidades (CE) Esse indicador compara as dívidas de curto prazo em relação às obrigações exi- gíveis, por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de obrigações exigíveis, $ 0,81 são de curto prazo. De acordo com este indicador, quanto maior for as obrigações de curto prazo em relação às obrigações exigíveis, maior o risco. Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL) Esse indicador corresponde ao quociente entre o ativo imobilizado e o patri- mônio líquido, por meio da fórmula: ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E172 A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de capital próprio, $ 0,82 é aplicado no imobilizado. Ou seja, todo o imobilizado é coberto pelo capital próprio da empresa que ainda financia $ 0,18 dos outros ativos da empresa. Quanto menor for este indicador, menor também a dependência financeira da empresa na uti- lização de capitais de terceiros para financiar o imobilizado. ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE “Uma importante etapa da análise das demonstrações contábeis diz respeito à compreensão do quanto estamos ganhando.” (BRUNI, 2011, p. 165). A lucratividade é primeiramente observada na Demonstração de Resultados, desta forma, este demonstrativo será utilizado como base para apuração dos indicadores. Quadro 2 - Demonstração do Resultado do Exercício - Cia Gutamoc S/A DRE 20X1 20X0 (=) Receitas Vendas 244.800 400.000 (-) Custo do Produto Vendido - 144.000 - 305.000 (=) Lucro Bruto 100.800 95.000 (-) Desp. Operacionais - 50.000 - 60.000 O indicador de endividamento avalia a proporção de dívidas, desta forma, quanto maior for o indicador de endividamento, maior o risco de se investir na empresa. Índice de Lucratividade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe vere iro d e 19 98 . 173 (=) Resultado Antes EncFinanc 50.800 35.000 (+/-) Desp-Receita Financeiras - 3.000 15.000 (=) Result. Antes IR e CS 47.800 50.000 (-) Impos. de Renda e Contrib. Social - 18.000 - 15.000 (=) Resultado Líquido do Período 29.800 35.000 Depreciação de $ 1.000. Fonte: a autora. Margem bruta (MB) A margem bruta representa o percentual de cada unidade de venda que sobrou, após pagamento dos custos de produção (custo da mercadoria ou custo do ser- viço prestado), por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de venda, sobra 41% (após deduzir cus- tos de produção). De acordo com Bruni (2011), quanto mais alto o percentual do indicador, melhor a situação financeira, sugerindo a existência de custos menores dos pro- dutos vendidos. Os indicadores de lucratividade medem o resultado em relação às vendas efetuadas. Quanto maior o indicador de lucratividade, melhor, pois maior será o resultado obtido. ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E174 Margem de lucro Genuinamente Operacional (MGO) Essa margem representa o percentual de cada unidade de venda que sobrou depois de pago os custos e as despesas operacionais, mas antes dos encargos e receitas financeiros, por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de venda, sobra 21% antes do resultado financeiro. Por corresponder ao ganho relativo após o pagamento dos custos dos pro- dutos e das despesas operacionais, de modo geral, quanto maior o percentual obtido, maior é o ganho gerado. Margem Líquida (ML) A margem líquida representa a percentagem de cada unidade monetária de venda que sobrou, após a empresa ter pago seus produtos, despesas e impostos (BRUNI, 2011). O cálculo do indicador é realizado por meio da fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 de venda, sobra 12% após deduzir cus- tos, despesas e impostos. Índice de Lucratividade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 175 Margem de Ebitda (ME) A análise dos indicadores de lucratividade com base nas demonstrações con- tábeis enfatiza, na margem líquida, o desempenho financeiro entre o lucro e as vendas líquidas. De acordo com Bruni (2011), “Uma alternativa interessante poderia envol- ver a troca de uma medida de ganho contábil (lucro líquido) por uma medida que se aproxime mais da ideia de fluxo de caixa, priorizada na análise da gestão financeira da empresa”. Sob o ponto de vista contábil, uma medida próxima do conceito de fluxo de caixa é o Ebitda, que pode ser apurado pelas seguintes fórmulas: No qual: Lajir = lucro antes dos encargos/ receitas financeiras e imposto de renda Lembrando que, o Ebitda representa mais um indicador de caixa do que um indicador de lucratividade, tendo em vista que para apuração do seu percentual, os gastos não desembolsáveis como depreciação e amortização, foram desprezados. Cálculo Interpretação: para cada $ 1,00 de venda, sobra 37,09% após deduzir custos e despesas operacionais desembolsáveis. ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E176 ÍNDICE DE RENTABILIDADE Quando pretende-se usar as demonstrações contábeis para análise do dinheiro, busca-se na verdade compreender a rentabilidade gerada pelo negócio. Os indicadores de rentabilidade expressa o nível de eficiência e o grau do êxito econômico-financeiro atingido (SZUSTER, et al. 2013). Mas não confunda lucratividade com rentabilidade. Enquanto a rentabilidade mede o ganho sobre investimento, a lucratividade mede o ganho sobre venda. Assim, de acordo com Bruni (2011), muitas pessoas podem achar que um negócio com maior lucro apresenta maior desempenho, mas este raciocínio é perigoso. Retorno sobre Patrimônio Líquido (RPL) Esse indicador é apurado pelo quociente entre lucro líquido e o patrimônio líquido, por meio da seguinte fórmula ©shutterstock Índice de Rentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 177 A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 investido, o retorno líquido é de 30%. O RPL é o principal indicador para o investido, pois ele mede o retorno sobre o capital investido pelos acionistas (BRUNI, 2011). Retorno sobre o Investimento (ROI) É o quociente entre o lucro líquido e o ativo total, por meio da seguinte fórmula: A. Cálculo B. Interpretação: para cada $ 1,00 dos recursos aplicados, o retorno líquido é de 19%. O ROI é, provavelmente, o mais importante indicador de análise finan- ceira contábil, pois ele mede o retorno sobre o capital investido pelos acionistas (BRUNI, 2011). Não há na literatura uma unanimidade em aceitar o denominado dos índi- ces de rentabilidade. Além do patrimônio líquido e do ativo total, muitos analistas utilizam o patrimônio líquido médio e ativo médio para aplicar nas fórmulas dos indicadores de rentabilidade. Fonte: SZUSTER, et al. (2013). ANÁLISE DE INDICADORES FINANCEIROS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. VU N I D A D E178 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado aluno(a), com o término desta unidade você está habilitado a realizar a análise de demonstrações financeiras de toda e qualquer entidade, bem como interpretar e relatar uma opinião quanto à “saúde financeira” da mesma. Os resultados econômicos e financeiros das empresas são evidenciados nas demonstrações financeiras, mas muitas vezes, a simples leitura desses quadros e relatórios não possibilita uma compreensão de capital, ou seja, a análise visual é insuficiente para traçar um panorama da situação atual e as perspectivas da empresa. Então, neste contexto, a utilização de técnicas de análise amplia drastica- mente o poder de evidenciar a posição financeira e econômica da empresa em um dado momento e, ainda, possibilita a comparação da empresa em análise com outras empresas de mesma atividade econômica. Tal fato é de extrema rele- vância, pois permite verificar se o desempenho de uma entidade está de acordo com as demais. É importante lembrar que as técnicas de análise existentes na literatura é bastante vasta, no entanto, neste material foi abordado a técnica de cálculo de indicadores financeiros, cujas fórmulas, parâmetros de comparação e interpre- tação estão descritos detalhadamente. A quantidade de indicadores é vasta e, durante os estudos desta unidade abordamos alguns indicadores relacionados com a liquidez, o endividamento, a lucratividade e a rentabilidade. Para finalizar, caro(a) aluno(a), vale ressaltar que nenhum indicador deve ser utilizado isoladamente. A elaboração de vários indicadores em diferentes anos, comparados com a situação econômica de empresas de mesma atividade econômica, aliados ao conhecimento acerca do produto, processos, ramo eco- nômico, política da empresa e outros dados, possibilita uma análise com maior nível de clareza e confiança na análise realizada. 179 1. No que diz respeito à gestão financeira das empresas, numere a coluna relacio- nando os índices com os respectivos cálculos para se obtê-los: 1. Liquidez imediata. 2. Liquidez seca. 3. Rentabilidade do Patrimônio Líquido. 4. Composição de exigibilidades. ( ) Lucro líquido sobre Patrimônio Líquido médio. ( ) Disponível sobre o Passivo Circulante. ( ) Ativo Circulantemenos estoques sobre Passivo Circulante. ( ) Passivo Circulante sobre capital de terceiros. Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta de cima para baixo. a. 3-1-2-4. b. 1-2-3-4. c. 3-4-2-1. d. 4-1-3-2. e. 1-3-4-2. Considere as demonstrações financeiras da Empresa Gucal Ltda. para responder as questões de 2 a 5. 180 Balanço Patrimonial Gucal Ltda. Períodos de 20X0 e 20X1 ATIVO 20X1 20X0 PASSIVO 20X1 20X0 ATIVO CIRCULANTE 23.000 16.000 PASSIVO CIRCULANTE 19.000 14.000 DISPONIBILIDADE 10.000 1.000 EMPRÉSTIMOS 10.000 10.000 CLIENTES 5.000 8.000 FORNECEDORES 7.000 3.000 ESTOQUES 3.000 5.000 IMPOSTOS 2.000 1.000 DESPESAS ANTECIPADAS 5.000 2.000 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 5.000 9.000 ATIVO NÃO CIRCULANTE 62.000 65.000 FINANCIAMENTOS 5.000 9.000 REALIZÁVEL EM LONGO PRAZO 6.000 5.000 APLICAÇÕES 12.000 14.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 61.000 58.000 INVESTIMENTOS 4.000 4.000 CAPITAL SOCIAL 30.000 30.000 IMOBILIZADO 40.000 42.000 LUCRO ACUMULADO 31.000 28.000 TOTAL DO ATIVO 85.000 81.000 TOTAL DO PASSIVO+PL 85.000 81.000 Fonte: a autora. Demonstração do Resultado do Período Gucal Ltda. Períodos de 20X0 e 20X1 DESCRIÇÃO 20X1 20X0 (=) Receitas Vendas 300.000 280.000 (-) Custo do Produto Vendido - 150.000 - 150.000 (=) Lucro Bruto 150.000 130.000 (-) Despesas Operacionais - 50.000 - 40.000 (=) Resultado Antes Encargos Financeiros 100.000 90.000 (+/-) Despesas e Receitas Financeiras - 10.000 - 8.000 (=) Resultado Antes IR e CS 40.000 42.000 (-) Imposto de Renda e Contrib. Social - 5.000 - 5.200 (=) Resultado Líquido do Período 35.000 36.800 Fonte: a autora 181 02. Calcule e interprete os índices de liquidez. 03. Calcule e interprete os índices de endividamento. 04. Calcule e interprete os índices de lucratividade. 05. Calcule e interprete os índices de rentabilidade. 182 Sobre o conceito de índices, MARION (2012, p. 24) define que: “os índices são relações que se estabelecem entre duas grandezas; facilitam sensivelmente o trabalho do ana- lista, uma vez que a apreciação de certas relações ou percentuais é mais significativa (relevante) que a observação de montantes, por si só”. De acordo com Marion (2012), a análise dos índices, é dividida em três etapas, das quais a primeira é denominada sim- plesmente de cálculo do índice com base em uma fórmula predeterminada, a segunda é a interpretação do índice, ou seja, a explicação do resultado do cálculo e, a terceira etapa é, na visão dele, a mais importante, pois é a conceituação do índice, ou seja, cabe ao analista identificar se o resultado encontrado é bom, razoável ou ruim. Segundo Ma- tarazzo (2010), os principais índices que podem ser utilizados para realização da análise das demonstrações financeiras englobam os índices financeiros e econômicos. São eles, respectivamente: índices de liquidez, índices de estrutura de capital e índices de renta- bilidade. – Índices de Liquidez: Matarazzo(2010) define que por meio dos índices de liquidez, po- de-se verificar a situação financeira da empresa, pois são a partir desses que ocorre o confronto dos ativos circulantes com as dívidas. Para uma empresa ter boas condições de pagar suas dívidas deve-se ter bons índices e quanto maior for este indicador, me- lhor. O grupo de índices de liquidez é subdividido em: liquidez geral; liquidez corrente e liquidez seca. A) Liquidez Geral: tem a finalidade de refletir a capacidade que a empresa tem de pagamento das suas dívidas em longo prazo. Se o resultado do índice for menor do que R$ 1,00, a empresa apresenta problemas financeiros no curto prazo. Porém, se for superior a R$ 1,00, a empresa possui bens e direitos suficientes para liquidar seus compromissos financeiros (HOJI, 2010); B) Liquidez Corrente é considerada como o me- lhor indicador para avaliar a situação líquida da empresa. Pois relaciona quanto de di- nheiro disponível e conversível imediatamente tem a empresa em relação às dívidas de curto prazo (IUDÍCIBUS, 2009); C) Liquidez Seca demonstra a capacidade que a empresa tem de pagar suas dívidas em curto prazo, mesmo que não consiga vender seus esto- ques (BEGALLI; PEREZ JR., 2009). – Índices de Estrutura de Capital Segundo Iudícibus (2009): a análise dos índices de es- trutura de capital é uma fonte geradora de informações sobre investimentos e finan- ciamentos, pois as duas opções geram para empresa retornos e riscos que devem ser analisados de forma cautelosa. Matarazzo (2010) aponta que esse grupo de índices de- monstra grandes segmentos para a linha de decisões financeiras em termos de aplica- ção e obtenção de recursos. De modo geral, quanto menor for este indicador, melhor. O grupo de índice de estrutura de capital é subdividido em: participação de capital de terceiros; composição do endividamento; imobilização do patrimônio líquido e imobi- lização dos recursos não correntes, porém, para o estudo em questão, serão analisados apenas os dois primeiros: A) Participação de Capital de Terceiros representa, em por- centagem, quanto é o endividamento da empresa em relação aos fundos totais. Esse percentual não pode ser muito grande, pois aumenta progressivamente suas despesas financeiras, acabando com a rentabilidade da organização. No caso, se a taxa de des- pesas financeira sobre o endividamento médio continuar menor que a taxa de retorno 183 obtida pelo uso dos empréstimos, a participação de capitais de terceiros será favorável para a organização (IUDÍCIBUS, 2009); B) Composição do Endividamento representa o percentual de obrigações de curto prazo em relação às obrigações totais. Esse indicador deve ficar entre os valores 0 e 1, quanto menor for o quociente, menor é a concentração de dívidas no curto prazo. Quando se tem dificuldades para a captação de recursos em longo prazo, orienta-se então que a aplicação desses recursos deve ser feita em ativos de rápida recuperação (BEGALLI; PEREZ JR., 2009). – Índices de Rentabilidade: a análise dos índices de rentabilidade tem o objetivo de me- dir a capacidade de produzir lucro e de todo o capital investido nos negócios. Não é so- mente o capital próprio que gera lucro, mas também todos os capitais aplicados, sendo de terceiros ou próprios. Matarazzo (2010) define que por meio desse grupo de índice é possível verificar os capitais investidos e, com isso, qual foi o resultado econômico da empresa, quanto maior for este indicador, melhor. O grupo de índice de rentabilidade é subdividido em: giro do ativo; margem líquida; rentabilidade do ativo e rentabilidade do patrimônio líquido. A) Giro do Ativo indica quantas vezes a empresa recuperou o valor do seu ativo por meio de suas vendas, de um determinado período. É um retorno sobre os investimentos (BEGALLI; PEREZ JR, 2009); B) Margem Líquida indica a capacida- de da empresa em gerar lucro em comparação à sua receita líquida de vendas (BEGALLI; PEREZ JR, 2009); C) Rentabilidade sobre o Ativo representa o retorno sobre o total do ativo, independente da procedência, é a rentabilidade total dos recursos administrados pela empresa. Esse índice mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao ativo (MATARAZZO, 2010); D) Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido demonstra quanto rende o capital aplicado na empresa pelos proprietários. O patrimônio médio corresponde ao patrimônio líquido inicial mais o patrimônio líquido final dividido por dois (HOJI, 2010). Fonte: Silva et al. (2016, on-line). MATERIAL COMPLEMENTAR A análise contábil e fi nanceira Adriano Leal Bruni Editora: Atlas Ano: 2011 Sinopse: o livro apresenta a análise dasdemonstrações contábeis de forma simples e didática, com muitos exemplos, casos e exercícios. Revisa conceitos importantes de contabilidade, discutindo os principais aspectos envolvidos no uso das informações contábeis. Tece considerações sobre as diferentes visões das informações contábeis e fi nanceiras. Ao longo dos seus 11 capítulos, discute o uso das análises horizontal e vertical, conceitua e aplica a análise baseada em índices de liquidez, endividamento, lucratividade, giro e rentabilidade. Também apresenta a análise fi nanceira dinâmica e aplica os conceitos no modelo AnaliseFacil.xls, um modelo prático desenvolvido com a planilha Microsoft Excel e que subsidia de forma fácil e rápida a extração de informações contábeis e fi nanceiras. Livro texto para as disciplinas relacionadas ao ensino da análise das demonstrações contábeis. Leitura complementar para as disciplinas relativas a Finanças, Administração Financeira, Análise de Balanço ou Contabilidade. REFERÊNCIAS 185 ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financei- ro. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BRUNI, A. L. A análise contábil e financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. SILVA, M. et al. Análise das demonstrações contábeis como ferramenta de suporte à gestão financeira. Revista Brasileira de Gestão e Engenharia, n. 13, 2016. Dis- ponível em: <http://periodicos.cesg.edu.br/index.php/gestaoeengenharia/article/ view/244>. Acesso em: 14 out. 2016. SZUSTER, et. al. Contabilidade geral: uma introdução à contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2013. GABARITO 1. A 2. Por meio dos indicadores verifica-se que a empresa possui capacidade de pa- gamento, no entanto, há uma dependência muito grande estoques e despesas antecipadas. Liquidez Corrente - 23.000 - 1,21 15.000 Liquidez Seca - 15.000 - 0,79 19.000 Liquidez Imediata - 10.000 - 0,53 15.000 Liquidez Geral - 29.000 - 1,21 24.000 3. O índice baixo sugere uma atenção maior para as dívidas, tendo em vista que as obrigações exigíveis não estão financiando o ativo. Endividamento Geral - 24.000 - 0,28 85.000 Composição das Exigibilidades - 19.000 - 0,79 24.000 Imobilização do Patrimônio Líquido - 40.000 - 0,66 61.000 4. Os indicadores de lucratividade sugerem boa proporção de sobras das vendas, pelo menos o suficiente pra constatar uma lucratividade líquida de 12%. Margem Bruta = 150.000 = 0,50 300.000 Margem de Lucro Genuinamento Operacional = 100.000 = 0,33 300.000 Margem Líquida = 35.000 = 0,12 300.000 GABARITO 187 5. Os indicadores de rentabilidade reflete a boa política adotada pela empresa com excelente taxa de rentabilidade. Retorno sobre Patrimônio Líquido = 35.000 = 0,57 61.000 Retorno sobre Investimentos = 35.000 = 0,41 = 85.000 CONCLUSÃO Prezado(a) aluno(a), na Unidade I, vimos que a contabilidade é uma ciência social, que busca atender à necessidade do homem de controle e apuração de resultados. O objetivo geral é o mesmo desde os primórdios, estudar o patrimônio das organi- zações. Neste livro, nós estudamos o patrimônio por meio de algumas técnicas de análise dos valores evidenciados nas demonstrações contábeis. O principal objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis aos usuários, para auxiliar no processo de tomada de decisão. O objetivo deste livro foi auxiliar você, caro(a) aluno(a), na aplicação de técnicas de análise, que possibilita fornecer informações a diversos usuários: informações aos credores que pretendem analisar o nível de endividamento; aos funcionários para avaliar a capacidade da empresa pagar os seus salários; aos investidores para comparar os retornos sobre o capital investido. A análise das demonstrações contábeis é uma ferramenta de atuação da contabili- dade gerencial, uma vez que a análise permite aos usuários uma visão geral dos ne- gócios com a finalidade de obter uma comparação da empresa com seus resultados anteriores, ou uma comparação dos resultados da empresa com outras empresas do mesmo seguimento. O objetivo geral deste material foi atingido, tendo em vista que termos de contabi- lidade foram explicados e técnicas de análise vertical, horizontal e cálculo de indica- dores foram amplamente abordados, explicados e exemplificados. Com relação aos indicadores trabalhados, se tem que os indicadores de liquidez evidenciaram a capacidade de pagamento, os de endividamento mostram a políti- ca de obtenção de recursos utilizada pela empresa, os indicadores de lucratividade expressam em percentual as sobras (lucro) obtidas sobre as vendas realizadas e, por fim, os indicadores de rentabilidade que demonstraram a proporção dos retornos sobre o valor dos investimentos realizados. Nosso objetivo não foi esgotar todo o assunto de contabilidade e nem todas as pos- sibilidades de análise de demonstrações, mas apresentar a você uma visão geral da contabilidade e algumas das formas que ela pode contribuir para o processo de tomada de decisão dos usuários. Esperamos ter contribuído um pouquinho para o seu conhecimento pessoal e qua- lificação profissional, ampliando e melhorando a sua capacidade de análise das de- monstrações financeiras. Sucesso!