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Apostila_Penal_Semana_2

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1 
 
 
 
 
 
2ª SEMANA 
Direito Penal 
2ª Fase 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
Índice 
 
DIREITO PENAL .................................................................................................................................................... 3 
PRÁTICA PROCESSUAL ....................................................................................................................................38 
PEÇAS DE LIBERDADE ............................................................................................................................ 38 
Direito Penal – 2ª Fase 
3 
 
Típica
Antijurídica
Culpável
DIREITO PENAL 
Teoria do Delito 
 
Definição Analítica de Crime 
O crime é o cerne do Direito Penal e, muitas vezes, é abordado muitas vezes 
de forma superficial, o que impossibilita um estudo detalhado sobre o tema. 
Esse resumo tem como objetivo dissecar de acordo com o exame da OAB a 
teria do delito. Sendo assim, é importante ter em mente que crime é toda ação típica, 
antijurídica e culpável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conceito Material de Delito 
Questiona-se qual é o elemento que aproxima minimamente o 
homicídio do furto ou da evasão de divisas? São condutas 
diversamente diversas entre si. Nesse sentido, podemos dizer 
que crime é tudo aquilo que a lei define como crime. Embora 
este conceito esvazie o significado quanto ao que é crime ao 
mesmo tempo revela o elemento político, remetendo esse 
debate para fora do direito jogando para o parlamento. 
Crime então seria um fruto político das escolhas incriminadoras do país, isto é, cada país 
possui o número de delitos que quis ter (Zaffaroni), porém não esgota o conceito até 
porque existem crimes com núcleo comum (exemplo – homicídio é crime em todos os 
países). 
Direito Penal – 2ª Fase 
4 
 
Então qual seria o conceito material de crime? Chegamos a conclusão que não há um 
conceito material que esvazie o sentido do que vem a ser crime, entretanto deixamos claro 
o seu componente político de que crime seria tudo aquilo que a lei define como crime. 
 
SUJEITOS DE CRIME 
 
Sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados à prática e aos efeitos da 
empreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito passivo. 
 
Sujeito Ativo 
Sujeito ativo é a pessoa que realiza direta ou indiretamente a 
conduta criminosa, seja isoladamente, seja em concurso. 
Autor e coautor realizam o crime de forma direta, ao passo que 
ao partícipe e ao autor mediato faze indiretamente. 
O sujeito ativo pode receber variadas denominação, 
dependendo do momento processual e do critério posto em exame, tais como agente 
(geral), indiciado (no inquérito policial), acusado (com o oferecimento da denúncia ou 
queixa), réus (após o recebimento da inicial acusatória), sentenciado (com a prolação da 
sentença), condenado (após o trânsito em julgado da condenação), reeducando (durante a 
execução penal), egresso (após o cumprimento da pena), criminoso e delinquente (objeto de 
estudo e das ciências penais, como na criminologia). A regra é a que apenas o ser humano 
pode ser sujeito ativo de infrações penais, mas também se discute a possibilidade de 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de crimes? 
A constituição federal admitiu a responsabilidade penal da pessoa jurídica 
nos crimes contra a ordem econômica e financeira, contra a econômica 
popular e contra o meio ambiente, autorizando o legislador ordinário a 
cominar penas compatíveis com sua natureza, independentemente da 
responsabilidade individual dos seus dirigentes (Art.173, §5º e 225, §3, 
CF). 
O posicionamento do STF é pela admissibilidade da responsabilidade 
penal da pessoa jurídica em todos os crimes ambientais, dolosos ou 
culposos: “em crime a envolver pessoa jurídica, a responsabilidade é de 
quem implementa a gerência, não cabendo exigir a narração, da forma em 
que teria, nesse mister, praticado o ato”. (HC-MC 91.591/MG, rel. Min. 
Marco Aurélio, Pleno, j.21.06.2007.) 
Direito Penal – 2ª Fase 
5 
 
Sujeito passivo 
É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal por meio da conduta criminosa. 
OBJETO: É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Pode ser jurídico 
ou material. 
Objeto jurídico – é o bem jurídico, isto é, o interesse ou valor protegido pela lei penal. 
Objeto material – é a pessoa ou a coisa que suporta a conduta criminosa. 
 
Há crime sem objeto? Depende. Depende do quê? Depende de qual 
objeto. Não há crime sem objeto jurídico, uma vez que todo e 
qualquer delito, sem exceção, viola um interesse protegido pela lei 
penal. Deveras, recordando o seu conceito penal, crime é a ação ou 
omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão de bens 
jurídicos legalmente protegidos. E, se não há bem jurídico tutelado 
pela lei penal, não há crime. É possível, entretanto, a existência de 
crime sem objeto material, como se verifica nos crimes de mera 
conduta. Exemplo: ato obsceno, tipificado, pelo artigo 233 do código 
penal. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 
❖ Crimes comum ou gerais: São aqueles que podem ser praticados por qualquer 
pessoa. O tipo penal, não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. 
Exemplos: homicídio, furto, extorsão mediante sequestro, crimes contra a honra, etc. 
❖ Crimes próprios ou especiais: São aqueles em que o tipo penal 
exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito 
ativo. Exemplos: peculato (só pode ser praticados por funcionário 
público) e receptação qualificada pelo exercício de atividade 
comercial ou industrial, delito previsto no artigo.180, §1º, do código 
penal (somente pode ser praticado pelo comerciante ou industrial). 
Admitem coautoria e participação. 
❖ Crimes materiais: São aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta 
e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a 
consumação. É o caso do homicídio (Art.121, CP). A conduta é “matar alguém”, e o 
resultado naturalístico ocorre com o falecimento da vítima, operando-se com ele a 
consumação. 
❖ Crimes formais:São aqueles nos quais o tipo penal em seu bojo uma conduta e uma 
resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Em síntese, 
Direito Penal – 2ª Fase 
6 
 
malgrado possa se produzir o resultado naturalístico, o crime estará consumado com a 
mera prática da conduta. 
❖ Crimes de mera conduta:São aqueles em que o tipo penal se limita a descrever uma 
conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico, razão pela qual ele jamais poderá 
ser verificado. É o caso do ato obsceno (Art.233, CP). 
❖ Crime instantâneos: São aqueles cuja consumação se verifica em um momento 
determinado, sem continuidade no tempo. É o caso do furto (Art.155, CP). 
❖ Crimes permanentes: São aqueles cuja consumação se prolonga no tempo, por 
vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão pela qual a 
prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a situação de 
ilicitude. 
❖ Crimes instantâneos de efeitos permanentes: São aqueles cujos efeito subsistem 
após a consumação, independentemente da vontade do agente, tal como ocorre na 
bigamia (Art.5,§3º, CP). 
❖ Crime de dano:São aqueles cuja consumação somente se produz com a efetiva lesão 
do bem jurídico. Como exemplo podem ser lembrados os crimes de homicídio (art.121, 
CP), lesões corporais (Art.129, CP) e dano (art.163, CP). 
❖ Crime de perigo: São aquelesque se consumam com a mera exposição do bem 
jurídico penalmente tutela a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de 
dano. Se dividem em: 
o Crime de perigo abstrato: consuma-se com a prática da conduta, 
automaticamente. Não se exige a comprovação da produção da situação de 
perigo. Ao contrário, há presunção absoluta de que determinadas condutas 
acarretam perigo a bens jurídicos. É o caso do tráfico de drogas (Art.33, Lei 
11.343/06). Esses crimes estão em sintonia com a constituição federal, mas 
devem ser instituídos pelo legislador com a parcimônia, evitando-se a 
desnecessária inflação legislativa. 
o Crime de perigo concreto: consumam-se com a efetiva comprovação, no caso 
concreto, da ocorrência da situação de perigo. É o caso do crime de perigo 
para a vida ou saúde de outrem (Art.132, CP). 
 
Crimes comissivos, omissivos e de conduta mista 
❖ Crimes comissivos ou de ação: São os praticados mediante uma 
conduta positiva, um fazer, tal como se dá no roubo (Art.157, CP). 
❖ Crimes omissivos ou de omissão: São os cometidos por meio de uma 
conduta negativam de uma inação, de um não fazer. Subdividem-se: 
o Crimes omissivos próprios: A omissão está contida no tipo 
penal, ou seja, a descrição da conduta prevê a realização do crime por meio 
Direito Penal – 2ª Fase 
7 
 
de uma conduta negativa. Não previsão legal do dever de agir, de forma que o 
crime pode ser praticado por qualquer pessoa que se encontre na posição 
indicada pelo tipo penal. Nesses casos, o omitente não responde pelo 
resultado naturalístico eventualmente produzido, mas somente pela sua 
omissão. Exemplo. Art.135, CP (omissão de socorro). 
o Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão: O tipo penal aloja 
em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, 
que descumpre seu dever jurídico de agir, acarreta a produção do resultado 
naturalístico e a sua consequente responsabilização penal. 
Os tipos comissivos por omissão, também são chamados de omissivos 
impróprios, não apresentam um verbo omissivo, mas comissivo, o sujeito 
apenas encontrou um modo omissivo de realizar, logo o verbo é comissivo e o 
meio é omissivo. Matar é um verbo comissivo, o meio omissivo seria deixar de 
fazer a cirurgia na pessoa. Ao passo que os tipos omissivos próprios já nascem 
omissivos, bem como o verbo, não dá para realizar de maneira comissiva. 
Atenção: O garante é quem tem o dever de agir para efeitos dos tipos 
comissivos por omissão. 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir 
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:a) tenha por lei 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
a) Tenho o dever por lei de proteção e cuidado. 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado;Exemplo: babá, cuidador de idoso,etc. 
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
resultado; aqui se cria um risco, a interpretação que se dá a essa linha 
não abrange formas omissivas. Ex: Empregador, dono de uma fábrica 
de lã, tinha o dever de mandar supervisionar as pessoas. 
OBS: quando alguém se coloca na posição de garante, por ter incentivado o outro a praticar 
determinada ação se torna responsável pelas consequências, já que fomentou a conduta. 
Assim, ele não pode ignorar quando houver necessidade de socorro, tem o dever de agir 
para evitar o resultado. 
 
FATO TÍPICO 
 
 
 
 
 
CRIME Ação Nexo Causal Tipicidade Antijuridicidade Culpabilidade
Direito Penal – 2ª Fase 
8 
 
 
Fato típico é um fato humano, que se enquadra com perfeição aos 
elementos descritos pelo tipo penal. A conduta de subtrair dolosamente, 
para si, coisa alheia móvel, caracteriza o crime de furto, uma vez que se 
amolda ao modelo delineado pelo art.155, caput do código penal. 
Em sentido contrário, fato atípico é a conduta que não se enquadra 
correspondência em nenhum tipo penal, por exemplo, ação do pai 
consciente em manter relação sexual consentida com sua filha maior de 
idade plenamente capaz é atípica, pois o incesto, ainda que imoral, não é 
crime. 
Conduta – ação humana 
Para que ter um delito a primeira coisa que tem que ter é ação humana. O que viria a ser 
ação humana? 
a) Causal 
Para a teoria casualista a ação é a modificação no mundo exterior perceptível pelos 
sentidos e produzida por uma manifestação de vontade, isto é, por uma ação ou omissão 
voluntária. Atenção: Só é ação o que muda o mundo o que é perceptível pelos sentidos. 
Alteração: Essa definição de ação era uma primeira tentativa válida, mas bastante 
problemática – Fisicamente perceptível pelos sentidos. Somente o que altera o mundo 
(perceptível) 
Perceptível:Tem que ser perceptível pelos sentidos. 
Vontade: Vontade aqui é simplesmente uma ação desimpedida uma ação não forçada, ou 
não instintiva. É muito menos do que uma atividade dirigida a uma finalidade; ex: 
sonambulismo, estado de inconsciência é um caso bem raro de vontade (ato reflexos, 
sonambulismo, coração irresistível são excluídos). 
b) Final 
O agir humano só merece o nome de ação quando ela é dirigida a uma finalidade sob o 
crivo da razão. Aqui então, excluem-se atos irrelevantes jurídicos (ação de inimputável), 
atos reflexos, coação moral irresistível. 
c)Social 
Ação é o que a sociedade percebe decorrente de uma vontade livre – Teoria que desloca 
para o livre arbítrio no corpo social (funcionalista). 
d) Significativa 
Busca do significado da ação a partir do que aquela ação comunica com o corpo social. Mais 
importante do que agir final, movimento corpóreo, é o que sujeito esta comunicando com 
aquela ação humana. A ação só existe na interação, portanto só e ação cognitiva aquela 
Direito Penal – 2ª Fase 
9 
 
Causas 
Excludentes da 
ação
Estado de 
Inconsciência
Coação Física 
irresistível
Atos Reflexos
Caso Fortuito ou 
Força Maior
ação comunicada na sociedade. Crítica: Não há uma resposta pronta, cada conflito terá uma 
história. 
e) Funcionalista 
Ação é a manifestação da personalidade (definição sintética) – Roxin. OBS: A ação finalista 
é o modelo adotado no Brasil. 
 
Causas excludentes da ação 
São três as causas excludentes da ação: Estado de Inconsciência, Coação Física 
irresistível, Atos Reflexos, Caso fortuito ou força maior. 
 
 
 
 
 
 
 
Estado de Inconsciência 
Não há conduta, por falta de vontade nos comportamentos em completo estado de 
inconsciência. Exemplo: Alguém age sob o efeito de hipnose. 
 
Coação física e coação moral irresistível 
Também chamada de vis absoluta, ocorre quando o coagido não tem liberdade para 
agir. Não lhe resta nenhuma outra opção, a não ser praticar um ato em conformidade com a 
vontade do coator. 
 Imagine a situação em que um homem muito forte obriga fisicamente outra pessoa, 
bastante franzina, a apertar o gatilho de um revolver municiado na direção de seu desafeto. 
Em suma, pressiona o dedo do coagido contra o gatilho. A vítima é atingida e morre. 
 O coagido serviu como instrumento do crime. Não agiu de forma voluntária, 
excluindo-se sua conduta. Nesse caso, não se pode falar, em hipótese algumas, em 
concurso de agentes, por falta do elemento subjetivo (convergência de vontades) exigível 
para tanto. 
Por outro lado, na coação moral irresistível, ou vis compulsiva, o coagido pode escolher o 
caminho a ser seguido: obedecer ou não a ordem do coator. Com a sua vontade existe, 
Direito Penal – 2ª Fase 
10 
 
porém de forma viciada, exclui-se a culpabilidade, em face da inexigibilidade de conduta 
diversa. 
 Em suma, enquanto a coação física irresistível exclui a conduta e, portanto,o fato 
típico, a coação moral irresistível funciona como causa de excludente de culpabilidade, em 
face de inexigibilidade de conduta diversa. 
Atos reflexos 
Consistem em reação motora ou secretora em consequência de uma excitação dos 
sentidos. O movimento corpóreo não se deve ao elemento volitivo, mas sim ao fisiológico. 
Ausente a vontade, estará também a conduta. 
 É o caso do ortopedista que bate o martelinho contra o joelho do paciente. Se, em 
razão do reflexo, seu chute atingir o médico, não se poderá falar em lesões corporais ou na 
contravenção de vias de fato. Não houve penalmente, mas resposta fisiológica à 
provocação médica. 
 
Caso fortuito ou força maior 
São os acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem do domínio da 
vontade do ser humano. E, se não há vontade, não há dolo nem culpa. Consequentemente, 
como dolo e culpa integram a conduta, não se configura esse elemento do fato típico. 
Em que pese a ampla divergência doutrinária, pode-se entender o caso fortuito como 
o acontecimento imprevisível e inevitável provocado pelo homem (ex.: greve de ônibus), e 
por força maior o evento, com iguais predicados, mas decorrente da natureza (ex.: 
inundação provocada por uma tempestade). 
 
Resultado 
Resultado é a consequência provocada pela conduta do agente. Em direito penal, o 
resultado pode ser jurídico ou naturalístico. 
Resultado jurídico: é a lesão ou exposição a perigo de lesão do bem jurídico protegido pela 
lei penal. É, simplesmente, a violação da lei penal, mediante a agressão do valor ou interesse 
por ela tutelado. 
Resultado naturalístico: é a modificação do mundo exterior provocada pela conduta do 
agente. 
 
 
 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relação de Causalidade ou Nexo Causal: 
Emprega-se, comumente, a expressão “nexo causal” para preferir-se à 
ligação entre a conduta e o resultado. O artigo 13 do código penal, 
todavia, preferiu falar em “relação de causalidade”. Essa, portanto, é a 
denominação legal. 
Conceito:Relação de causalidade é o vínculo formado entre a conduta 
praticada por seu autor e o resultado por ele produzido. É por meio 
dela que se conclui se o resultado foi ou não provocado pela conduta, 
autorizando, se presente a tipicidade, a configuração do fato típico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção!Existe crime sem resultado? Depende, não há crime sem resultado jurídico, 
pois todo delito agride bens jurídicos protegidos pelo direito penal. Recorda-se do 
conceito material de crime, segundo o qual não há crime a ação ou omissão humana 
não lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. Entretanto, é 
possível um crime sem resultado naturalístico. O resultado naturalístico estará 
presente somente nos crimes materiais consumados. Se tentado o crime, ainda que 
material, não haverá resultado naturalístico. Nos crimes formais, ainda que possível sua 
ocorrência, é dispensável o resultado naturalístico. E, finalmente, nos crimes de mera 
conduta ou de simples atividade jamais se produzirá tal espécie de resultado. Em 
síntese, todo crime tem resultado jurídico, embora não se possa apresentar igual 
afirmativa em relação ao resultado naturalístico. 
 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe 
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 Superveniência de causa independente 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por 
si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
Relevância da omissão 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
12 
 
Teorias 
Destacam-se três teorias na busca de definir a relação de causalidade: 
a) Teoria Equivalência dos antecedentes:para essa teoria, causa é todo fato humano sem o 
qual o resultado não teria ocorrido, quando ocorreu e como ocorreu. 
b) Teoria da causalidade: A causa está sujeita a uma regra denominada “conditio sinequa non”, 
que diz que se eliminarmos hipoteticamente um fator e o resultado deixar de acontecer, 
aquilo é causa. Porém, se elimino o fator e o resultado continuar ocorrendo, aquilo não é 
causa. Essa definição de causa nos remete ao causalíssimo, e apesar de criar um critério 
objetivo para defini-la, gera inúmeros problemas. É uma regra ampla, que leva a infinitas 
causas para um mesmo fato, além de não distinguir causas principais de causas remotas, 
diretas ou indiretas, importante de desimportantes. 
c) Teoria da imputação objetiva:Para Luís Greco, a imputação objetiva enuncia o conjunto de 
pressupostos genéricos que fazem da causação uma causação objetivamente típica; e estes 
pressupostos são a criação de um risco juridicamente desaprovado e a realização deste risco 
no resultado. Assim, de acordo com a teoria, não basta a relação de causalidade para a 
imputação do resultado, devendo estar presentes: 
➢ Houve incremento de risco não permitido? 
A pergunta não é de quem causa, mas a quem se irá atribuir aquele resultado. Os 
funcionalistas diziam que o critério não poderia ser apenas o nexo de causalidade, o 
critério deve ser normativo. Vincula-se o critério normativo, portanto, a proibição ou 
a não permissão do risco. 
➢ Houve Concretização do risco no Resultado? 
Pode ser que exista, em um determinado caso, um aumento de risco não permitido, 
mas que não seja ele que leve ao resultado. 
Exemplo: dois motoristas dirigindo em alta velocidade na avenida, para desviar do 
primeiro em alta velocidade a vítima seja atingida pelo segundo também em alta 
velocidade. O risco se concretizou no resultado pelo segundo motorista em alta 
velocidade. 
➢ Houve auto-colocação da vítima em risco? 
Exclui-se da atribuição a hipótese em que a vítima se coloca em risco. Ou seja, 
quando a vítima sabe que existe o risco e mesmo assim, conscientemente, se coloca 
sob este. 
Exemplo: Duas pessoas participam de uma Ceita e A visa realizar um rito com B que 
adere a isso. 
Em face do exposto, pode-se concluir que a proposta dos defensores da teoria da 
imputação objetiva é a inclusão de novas elementares no tipo objetivo, criando-se o 
conceito de causalidade normativa, em oposição à causalidade natural na teoria 
finalista. 
Direito Penal – 2ª Fase 
13 
 
A inclusão de tais elementos visa resolver, no âmbito do fato típico, certos casos que 
para as demais teorias seriam solucionados em outros aspectos, como a ilicitude e a 
culpabilidade. 
Rogério Greco faz uma compilação de conclusões acercada teoria em análise, que 
podem ser aproveitadas no presente estudo: 
A imputação objetiva é uma análise que antecede à imputação subjetiva; 
A imputação objetiva pode dizer respeito ao resultado ou ao comportamento do agente; 
a) A expressão mais apropriada seria teoria da não-imputação, uma vez que a teoria visa, com 
as suas vertentes, evitar a imputação objetiva (do resultado ou do comportamento), do tipo 
penal de alguém; 
b) A teoria foi criada, inicialmente, para se contrapor aos dogmas da teoria da equivalência, 
erigindo uma relação de causalidade jurídica ou normativa, ao lado daquela outra de 
natureza material; 
c) Uma vez concluída pela não-imputação objetiva,afasta-se o fato típico. 
Concausas 
Concausa é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, influindo 
na produção do resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu 
comportamento, comissivo ou omissivo. 
Direito Penal – 2ª Fase 
14 
 
 
Concausas absolutamente independentes 
Independente de serem concomitantes, supervenientes ou pré-existentes todas elas 
têm um resultado comum, interrompem o nexo causal, assim entendido como aquele que 
está sendo analisado como causa. 
São aquelas que não se originam da conduta do agente, isto é, são absolutamente 
desvinculadas da sua ação ou omissão ilícita. E, por serem independentes, produzem por si 
só o resultado naturalístico. Constituem a chamada “causalidade antecipadora”, pois 
rompem o nexo causal. 
Dividem-se 
➢ Prexistentes: É aquela que existe anteriormente à prática da conduta. O 
resultado naturalístico teria ocorrido da mesa forma, mesmo sem o 
comportamento ilícito do agente. Exemplo: “A” efetua disparos de arma de fogo 
contra “B”, atingindo-o em regiões vitais. O exame necroscópico, todavia, conclui 
ter sido a morte provocada pelo envenenamento anterior efetuado por “C”. 
Direito Penal – 2ª Fase 
15 
 
➢ Concomitante: É aquela que incide simultaneamente a prática da conduta. Surge 
no mesmo instante em que o agente realiza seu comportamento criminoso. 
Exemplo: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B” no momento em que o 
teto da casa deste último desaba sobre sua cabeça. 
➢ Superveniente: É a que se concretiza posteriormente à conduta praticada pelo 
agente. Exemplo: “A” subministra dose letal de veneno a “B”, mas antes que se 
produzisse o efeito almejado, surge “C”, antigo desafeto de “A”, que nele efetua 
inúmeros disparos de arma de fogo por todo o corpo, matando-o. 
 
Concausas Relativamente Independentes 
Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. Daí serem relativas, pois não 
existiriam sem a atuação criminosa. Como, entretanto, tais causas são independentes, tem 
idoneidades para produzir, por si sós, o resultado, já que não se situam no normal trâmite 
do desenvolvimento casual. Classificam-se em preexistentes, concomitantes e 
supervenientes: 
➢ Preexistentes: Existe previamente à prática da conduta do agente. Antes de seu agir 
ela já estava presente. Exemplo: “A”, com ânimo homicida, efetua disparos de arma 
de fogo contra “B”, atingindo-a de raspão. Os ferimentos, contudo, são agravados 
pela diabete da vítima, que vem a falecer. 
➢ Concomitante: É a que ocorre simultaneamente à prática da conduta. Exemplo: “A” 
aponta uma arma de fogo contra “B”, o qual, assustado, core em direção a 
movimentada via pública. No momento em que é alvejado pelos disparos, é 
atropelado por um caminhão, morrendo. 
➢ Supervenientes: Em face da regra prevista no artigo 13,§1º do código penal, a 
causas supervenientes relativamente independentes podem ser divididas em dois 
grupos: (1) as que produzem por si sós o resultado, (2) as que não produzem por si só 
o resultado. 
(1) As que produzem por si só o resultado: É a situação tratada pelo artigo 13º,§1º, 
CP – “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação 
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, 
imputam-se a quem os praticou” 
A expressão por si só revela autonomia de causa superveniente que, embora relativa, 
não se encontra no mesmo curso do desenvolvimento causal da conduta praticada 
pelo autor. Em outras palavras, depois do rompimento da relação de causalidade, a 
concausa manifesta a sua verdadeira eficácia, produzindo o resultado por sua própria 
força, ou seja, invoca para si a tarefa de concretizar o resultado naturalístico. 
Exemplo: Pessoa atingida por disparos de arma de fogo que, internada em um 
hospital, falece não em razão dos ferimentos, mas sim queimada por um incêndio 
que destrói toda área dos enfermos; 
Direito Penal – 2ª Fase 
16 
 
(2) As que não produzem por si só o resultado: O agente responde pelo resultado 
naturalístico, pois suprimindo-se mentalmente a sua conduta, o resultado não 
teria ocorrido como e quando ocorreu. Exemplo: “A”, com a intenção de mantar, 
efetua disparos de arma de fogo contra “B”. Por má pontaria, atinge-o em uma 
das pernas, não oferecendo risco de vida. Contudo, “B” é conduzido a um 
hospital e, por imperícia médica, vem a morrer. 
 
Relevância da omissão 
A omissão penalmente relevante encontra-se disciplinada pelo artigo 13, §2º, do 
código penal: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir 
para evitar o resultado”. 
O dispositivo é aplicável somente aos crimes omissivos impróprios, espúrios ou 
comissivos por comissão, isto é, aqueles em que o tipo penal descreve uma ação, mas a 
inércia do agente, que podia e devia agir para impedir o resultado naturalístico, conduz à 
sua produção. São crimes materiais, como é o caso do homicídio, cometido em regra por 
ação, mas é possível também de ser praticado por inação, desde que o agente ostende o 
poder e o dever de agir. 
 
Tipicidade 
 
Conceito: Tipicidade é o juízo de subsunção entre a conduta praticada pelo agente no 
mundo real e o modelo descrito pelo tipo penal (“adequação ao catálogo”). 
É a operação pela qual se analisa se o fato praticado pelo agente encontra correspondência 
em uma conduta prevista em lei como crime ou contravenção penal. A conduta de matar 
alguém tem amparo no artigo 121 do Código Penal. Há, portanto, tipicidade entre tal 
conduta e a lei penal. 
 
Estrutura do tipo penal 
O tipo penal, qualquer que seja ele, é composto por um núcleo e elementos. A fórmula do 
tipo incriminador, é, portanto: 
 
 
 
 
Tipo Penal Núcleo (verbo) Elementos
Objetivos Subjetivos Normativos
Tipicidade Antijuridicidade Culpabilidade
Direito Penal – 2ª Fase 
17 
 
Tipicidade Objetiva 
Tipo penal é a descrição abstrata dos elementos do fato, ou do suposto fato, previsto em 
uma norma penal incriminadora.Então, ele está falando em uma descrição abstrata não de 
uma descrição valorativa. O tipo penal ele não faz um juízo de valor sobre aquela conduta. 
OBS: Os ramos do direito têm a vocação de serem completos. No direito penal existe um 
ramo do direito punitivo, ele não tem uma vocação de completude, ao contrário o caráter 
do direito penal é fragmentário (princípio da fragmentariedade). 
A ultima ratio diz que os direitos penais só devem interver quando todos os outros ramos 
do direito falharam. Direito penal como direito de última intervenção ou princípio de 
intervenção mínima. Quanto mais tipos penais a sociedade tiver menor será a liberdade. 
 
Tipicidade Subjetiva 
A tipicidade subjetiva só pode surgir a partir do elemento vontade do sujeito. O 
sujeito quis: 
➢ Cometer o delito 
➢ Quebrar um dever de cuidado (ex: eu quis dirigir acima da velocidade; eu 
quis dirigir embriagado, eu dei uma injeção de glicose sem testar que ela 
diabético) 
OBS: Se o sujeito observou todas as regras de cuidado e mesmo assim o resultado delitivo 
aconteceu isso não é crime. 
OBS: Existe uma norma que proíbe uma conduta e uma norma que estabelece uma exceção 
a essa proibição. 
Exemplo:não é permitido entra com animais em transporte público e podemos encontrar 
num outro diploma legal uma norma dizendo que as pessoas deficientes visuais poderão 
andar com o cão guia. Então haverá situações que no plano da tipicidade haverá situações 
que serão típicas, mas quando eu dou um passo adiante eu vou dizer que essas normas 
colidem com o tipo penal, mas elas estão justificadas pelo ordenamento como um todo, ou 
seja, o ordenamento vai criar hipóteses de exceçãoas proibições típicas. São hipóteses que 
vão justificar as ações típicas. O que seria justificar? Tornar aquela conduta justa, embora 
típica, juridicamente tolerável, aceitável. Nesse sentido não pode ser crime. 
Tipos materiais: Nesses delitos o resultado integra ao tipo – Resultado naturalístico. 
Tipo formal:O crime formal basta a execução, se o resultado acontece ou não é irrelevante. 
Existe uma antecipação punitiva no iter criminis. 
Sobretudo nos delitos formais se nós ficamos adstrito apenas a letra da lei vale dizer 
que eu me contento com a mera realização da conduta nós podemos criar situações 
desproporcionais não em relação a uma posição ideológica EX: portar arma de fogo(formal) 
Direito Penal – 2ª Fase 
18 
 
No delito formal o resultado é irrelevante do ponto de vista típico. A conduta, 
porém, tem que ser idônea, apta a lesionar ou expor a perigo o bem jurídico. Exemplo: arma 
desmuniciada (portar arma de fogo é crime, mas se eu interpretar a conduta descolada do 
bem jurídico, então no caso do porte de arma de fogo o bem protegido é incolumidade 
pública, a arma desmuniciada é tão lesiva quanto um taco de beisebol, então uma 
interpretação que não fosse formalista reconheceria como atípica o porte de arma 
desmuniciada, como entendido no começo pelo supremo; portar munição sem a arma 
também é crime e aí se questiona com é a lesividade sem a arma). O delito tem que 
pressupor a exposição em perigo ao bem juridicamente protegido. 
 
Conduta 
Ação e Omissão 
A conduta é o primeiro elemento do fato típico sendo também elemento 
fundamental da Teoria do Crime. 
 
Mas, antes de entrar na análise da conduta, veremos que essa conduta pode ser por 
Ação, chamada de Conduta Comissiva, ou por Omissão, Conduta Omissiva. 
 
Quando exemplificamos casos de crime e falamos que o sujeito atirou, sequestrou, 
furtou, roubou, estamos tratando de uma Ação, contudo, o agente também pode praticar 
uma Omissão, pois, é possível que haja um bem jurídico cuja proteção seja exatamente um 
agir, mas, como? Uma criança, um bebê, está morrendo afogado na praia, na minha frente. 
O que o agente faz? Nada, ele cruza os braços, o agente tem um dever de solidariedade, o 
Estado quer nesse caso que o agente aja. Exemplo está no artigo 135, CP. Estamos aqui 
diante de crimes em que o legislador exige de nós um agir porque há o dever de 
solidariedade e pune-se a falta dela. 
 
Agora, há também pessoas que têm o dever legal, o dever jurídico e aí elas 
eventualmente podem praticar um Crime Comissivo, um Crime de Ação como o Homicídio 
por Omissão. E o que a mãe, que possui o dever jurídico, faz? Um recém nascido começa a 
chorar de fome e ela cruza os braços, não amamenta e a criança morre. Omissão. Ela se 
omitiu. E com sua omissão ela causou um resultado. Ela quer o resultado Comissivo e ela 
consegue esse resultado se omitindo. Ao invés de estrangular o bebê, ela não o alimenta. É 
uma modalidade de Crime Omissivo que são chamados de Crimes Omissivos Impróprios. 
Por que Omissivos Impróprios? A impropriedade dele neste caso está no fato de que o 
autor do crime vai responder pelo resultado efetivamente ocorrido. Se um estranhosem 
dever de cuidado se omite em relação a essa criança e ela morre, vai responder 
simplesmente pelo crime de Omissão de Socorro, porque se exigia um dever de 
solidariedade, artigo 135, CP. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
19 
 
Mas, a mãe, o salva-vida, a babá, o alpinista que garante que não vai ocorrer o 
resultado porque ele é um exímio alpinista, esses vão responder pelo resultado em morte. 
Onde eu vou encontrar esse crime Omissivo Impróprio? No artigo 13 § 2º, CP. O omitente 
está na posição da inocorrência do resultado, ele é o Agente Garantidor, ele tem que 
garantir que o resultado não vai acontecer. 
 
Mas se não tenho dever jurídico legal em relação a essa criança que está se afogando 
na minha frente, porque não sou pai, mãe, tutor, curador, babá, cuidador, salva-vida, se 
somente tenho um dever de solidariedade, vou responder por isso, e a pena é bem menor 
porque esse será um crime Omissivo Próprio. 
 
Elemento Subjetivo 
A conduta criminosa pode ser Dolosa ou Culposa. Temos que ter em mente que toda 
ação humana está animada com uma finalidade. Nenhum de nós faz nada sem uma 
finalidade. 
 
O criminoso dirige finalisticamente a conduta para o resultado em morte. Então, eu 
tenho já uma solução para aquilo que até então estava sem solução. Devemos observar 
sempre para qual resultado o agente dirige sua conduta. Há um agir ou omitir dirigido 
finalisticamente a um resultado. 
 
O Direito Penal não convive com a Responsabilidade Objetiva. A Responsabilidade 
aqui é Subjetiva. O agente tem que dirigir finalisticamente a conduta dele em direção a um 
resultado que é previsto em lei. 
 
a. Dolo 
 
O Dolo está no artigo 18 – I do CP: 
 
“Diz-se o crime:I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de 
produzi-lo;” 
 
O agente quer, ou seja, ele dirige finalisticamente a conduta dele em direção ao 
resultado, ou ele assume o risco de produzir esse mesmo resultado. Este último caso é o 
Dolo Eventual. É o “dane-se.” 
 
O Dolo é elemento subjetivo da conduta. A doutrina cria vários tipos de dolo, mas o 
dolo é um só, independentemente do dolo que for utilizado na questão, a aplicabilidade 
sempre será feita com base no artigo 18. CP. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
20 
 
Temos que saber para onde o agente dirigiu finalisticamente a conduta dele. Qual foi 
o resultado? Foi resultado morte? Foi resultado patrimonial? Perturbação de sossego? Para 
onde ele dirigiu finalisticamente a conduta dele? E essa finalidade que dirigiu a conduta dele 
é que vai me definir inicialmente qual foi o crime praticado. 
Como que sabemos que o crime vai ser punido por maneira dolosa? Exatamente essa 
é a regra. A regra é que os crimes tenham como elemento subjetivo o dolo. Todos não 
porque toda regra comporta exceção, que é quando ele é culposo e não doloso. Mas a 
exceção tem que estar expressa. Ou seja, o crime culposo, o legislador vai ter que dizer 
expressamente que ele é culposo. 
 
E quais são as modalidades de dolo? São o dolo direto e o dolo eventual (ou indireto, 
ambas previstas no artigo 18, CP. 
 
• Dolo Direto 
Artigo 18, CP: “Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o 
risco de produzi-lo;” 
Quando o agente quis o resultado, temos o dolo direto. 
 
• Dolo Eventual 
Na segunda parte, quando ele assume o risco do resultado, nós temos o Dolo 
Indireto ou Dolo Eventual. Embora o sujeito não queira diretamente o resultado, ele assume 
o risco. É o caso que falamos do “dane-se”. 
 
O agente se coloca numa posição que o resultado pode acontecer 
 
No Dolo Eventual o agente não quer o resultado. Mas, se ele não quer diretamente, 
e ele assume o risco, “dane-se”, ele vai responder por um crime doloso. É o caso de dolo 
eventual. 
 
Exemplo: o agente quer queimar roupas velhas que possui em seu quintal e alguém o 
alerta que isso pode vir a se tornar um grande incêndio, que é punido pelo artigo 250, CP. 
O agente diz não querer o resultado, contudo, diz também não se importar caso ele 
aconteça. Esse é um caso de Dolo Eventual. 
 
b. Culpa 
O crime culposo trabalha com inobservância de regras de cuidado. O agente vai 
responder pelo crime culposamente porque ele não observou uma regra de cuidado exigida 
na sociedade. 
 
Na realidade, no crime culposo o agente dirige finalisticamentea conduta em direção 
de um resultado lícito, no nosso dia a dia, que por conta de inobservância de regra de 
cuidado, ele vai entrar nailicitude. 
Direito Penal – 2ª Fase 
21 
 
 
• Elementos do Fato Típico Culposo 
o Conduta:a conduta inicialmente é lícita, mas por conta de uma inobservância de uma 
regra de cuidado, ela tornar-se-á ilícita; 
o Resultado; 
o Nexo Causal: há um liame entre essa conduta e o resultado, porque ele atropelou 
alguém; 
o Fato Típico:fato tem que estar previsto em lei como crime; 
o Ausência de Previsibilidade/Previsibilidade Objetiva: estou dirigindo num local que 
só tem escolas e creches a 100 km/h, ou numa velocidade incompatível com o local 
e prevejo que uma criança pode sair à rua e eu atropelá-la. Se insisto na conduta, 
estou no Dolo Eventual, estou assumindo o risco. Não podemos prever esse 
resultado. Previsibilidade Objetiva significa simplesmente: um homem prudente, no 
meu lugar poderia evitar esse resultado? Para saber se o crime é culposo ou não, vou 
botar um homem médio, um homem prudente no lugar do agente. Se o homem 
prudente agir exatamente como o agente agiu, não temos crime culposo, não temos 
culpa; 
o Inobservância de Regra de Cuidado – Imprudência, Imperícia e Negligência: 
o Imprudência é o fazer. O sujeito faz, ele não observa a regra de cuidado, 
fazendo, agindo. Exemplo: estou dirigindo um automóvel na Av. Presidente 
Vargas, o sinal ficou amarelo e eu sigo e provoco uma colisão, fui imprudente, 
não observei uma regra de cuidado. Não queria, não assumi risco de nada, 
mas inobservei uma regra de cuidado. 
o Imperícia é a falta de aptidão técnica. É voltada sempre para profissionais. 
Aquele profissional que falta a ele aptidão técnica. Falta aptidão técnica a um 
médico e ele causa uma lesão, causa um dano no paciente. Ele é imperito. A 
imperícia é típica do profissional, mas eu não tenho a habilitação que eu 
deveria ter para aquela função que eu exerço. 
o Negligência é um “não fazer”. Sou policial e a prudência me recomenda que, 
ao chegar em casa, devo colocar munição de um lado e arma de outro, 
especialmente se tenho crianças em casa. E aí negligentemente, deixo de ter o 
cuidado devido, e largo a arma municiada em cima da mesa, a criança vai lá e 
pega e causa um acidente. Deixei de fazer, me omiti na cautela, no dever de 
cuidado que eu tinha que ter. 
 
Artigo 18, CP - Parágrafo único – “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser 
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente” Isso quer dizer que 
o agente vai responder por um crime, como regra, doloso, salvo os casos expressos em lei, 
que são os crimes culposos. Isto é, os crimes culposos têm que estar previstos em lei. 
 
Exemplo: um sujeito sai aqui pelo corredor e acerta o notebook de um aluno, que 
quebra. Tenho aqui um dano. Artigo 163, CP: destruir coisa alheia. Mas o agente não quis 
Direito Penal – 2ª Fase 
22 
 
esse resultado. Como ele o alcançou? Inobservando regra de cuidado, ele foi imprudente. 
Logo, ele cometeu um crime de dano culposo. Mas se observarmos o artigo 163, CP não 
vou encontrar o dano culposo, o que significa dizer que ele não praticou crime, porque só 
há crime culposo se tiver previsto expressamente em lei e o legislador não previu o crime 
de dano culposo. 
Essa culpa que nós estamos tratando até aqui é o que a doutrina chama de Culpa 
Inconsciente. 
 
• Culpa Consciente 
A Culpa Consciente ocorre quando o agente acredita sinceramente na inocorrência 
do resultado. 
 
Qual a diferença entre o Dolo Eventual e a Culpa Consciente? É que na culpa 
consciente, embora o sujeito acredite sinceramente que ele tem a perícia e que não vai 
praticar o resultado, mas ele acaba o causando. 
 
c. Crimes Preterdolosos 
Há situações em que o agente age com dolo e acaba sua ação gerando um resultado 
muito mais gravoso do que ele buscou dolosamente, inicialmente. É o agente que dirige a 
sua ação para um resultado de lesão corporal,ele quer ofender a integridade física de 
alguém, então ele dá neste um soco, que cai batendo a cabeça no meio-fio e morre. Ele não 
quer o resultado morte (dolo), nem assume o risco desse resultado (dolo eventual), mas ele 
alcança esse resultado em morte, apesar deo resultado para o qual ele dirigiu a sua conduta 
foi ofensa à integridade física, resultado em lesão corporal. 
 
Contudo o resultado efetivamente alcançado foi o resultado em morte, que não é o 
querido, mas será que não está na esfera de previsibilidade dele? Nós tratamos de 
previsibilidade quando estudamos o crime culposo. Se estiver na esfera de previsibilidade 
vimos que um homem médio naquela circunstância não chegaria àquele resultado. Então o 
que eu tenho aí? Eu tenho dolo na conduta inicial e tenho culpa no resultado. Na realidade, 
eu vou ter no mesmo crime, no mesmo fato, dolo e culpa. Então, nós estudamos o crime 
doloso, o crime culposo e agora nós temos em que temos um dolo na ação e alcançando um 
estado mais gravoso, com culpa. 
 
O que é isso? São os chamados crimes Preterdolosos. Preter é o que vem antes, o 
pretérito, o passado e o que vem antes? A ação, que é dolosa. Ou seja, tenho dolo na ação, 
antecedente, e culpa na conseqüência. 
 
 
 
 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
23 
 
 
 
 
Crime consumado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a ocorrência do iter criminis diz-se crime consumado. Crime consumado quando 
configura todos os elementos do tipo (art.14, I, CP). 
Todo crime se consuma? Não. Por duas circunstancias seja por circunstancias alheia a 
vontade do agente. 
 
Crime tentado 
Diz-se crime tentado quando iniciado a execução o resultado deixar de acontecer 
por circunstancias alheias a vontade do agente (Art.14, II, CP). 
Como tratar com a tentativa? A tentativa é punida com a pena do crime consumado 
reduzindo de 1/3 a 2/3 (art.14, §único, CP). Quando vou aplicar execução da fração? 
Quando mais próximo se aproximar da lesão ao bem jurídico tutelado. 
O resultado não precisa acontecer nos delitos formais por definição. Se eu tento 
cometer um crime seja ele material ou formal a minha pena será reduzida. 
Tentativa Perfeita: A tentativa está localizada entre a execução e o resultado. A tentativa 
perfeita estaria perfeita próximo do resultado, onde o sujeito esgotou todo o plano delitivo, 
mas o cara não morreu, por exemplo, eu tinha cinco balas e disparei as cinco balas, mas o 
cara não morreu. 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Crime consumado 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição 
legal; 
 Tentativa 
 II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. ( 
 Pena de tentativa 
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a 
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
24 
 
A tentativa imperfeita: eu nem consegui esgotar o meu plano antes, mas não conseguir por 
que fui interrompido, por exemplo, queria matar o sujeito e quando fui atirar a polícia 
chegou e interrompeu a execução delitiva. 
Alguns crimes não podem ser tentados por uma questão lógica: 
1. Nos crimes omissivos não dá para configurar tentativa porque na omissão o que se pune 
é a não ação. 
2. Os crimes unisubsistente não pode ser tentados 
3. Nos crimes culposos também não é possível porque não dá para tentar quebrar um 
dever. 
4. Contravenções (escolha normativa) 
5. Crime habitual – existem alguns crimes que exigem habitualidade, por exemplo, crime 
de curandeirismo, nesse sentido, não admitem tentativo. 
 
Antijuricidade/Ilicitude 
Ilicitude é a contrariedade entre o fato típico praticadopor alguém e o ordenamento 
jurídico, capaz de lesionar ou expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados. 
 Quem vê seu bem juridicamente ameaça e se vê como único material para sanar esse 
bem injusto comete uma conduta que passa a ser tolerada não recebendo uma conduta 
criminosa. 
Causas Excludentes da Ilicitude 
Em face do acolhimento da teoria da tipicidade como indício da ilicitude, uma vez 
praticado o fato típico, isto é, o comportamento humano previsto em lei como crime ou 
contravenção penal, presume-se o seu caráter ilícito. 
Presente uma excludente da ilicitude, estará excluída a infração penal. Crime e 
contravenção penal deixam de existir, pois o fato típico não é contrário ao Direito. Ao 
contrário, a ele se amolda. 
Estado de necessidade 
 
 
 
 
 
 
 Estado de necessidade 
 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que 
não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, 
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
 § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
 § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 
um a dois terços. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
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De acordo com Cleber Masson, estado de necessidade é a causa de exclusão da 
ilicitude que depende de uma situação de perigo, caracterizada pelo conflito de interesses 
lícitos, ou seja, uma colisão entre bens jurídicos pertencentes a pessoas diversas, que se 
soluciona com a autorização conferida pelo ordenamento jurídico para o sacrifício de um 
deles para a preservação do outro. 
As causas justificantes são típicas, não confundir com tipicidade, para que algo esteja 
em estado de necessidade tem que atender a todos os critérios previstos no código penal. 
Art.24, CP – Estado de necessidade que pratica o fato 
• Para salvar 
• De perigo atual 
• Que não provocou por sua vontade 
• Nem poderia de outro modo evitar 
• Direito próprio ou alheio 
• Cujo Sacrifício 
• Não era razoável de exigir 
No estado de necessidade o sujeito se encontra num conflito, o sujeito naquela 
circunstancia não tem como respeitar dois bens jurídicos ao mesmo tempo. No estado de 
necessidade nós temos um conflito de bens jurídico onde um será sacrificado e o outro será 
salvo. Nós não conseguimos ao mesmo tempo salvar um bem jurídico sem salvar o bem 
jurídico. 
Exemplo: furto famélico (sujeito perdido na selva a beira do delírio e encontra uma casa 
que existia pão, para salvar o bem jurídico vida ou saúde ele sacrifica o bem jurídico alheio o 
patrimônio). Nessa situação ele fez para salvar,desde que ele não tenha provocado por sua 
vontade, o perigo tem que ter surgido por uma circunstância externa a sua vontade. 
Não só você precisa estar em perigo, mas tem que ser um perigo atual que eu não 
provoquei e não tinha outro modo de evitar, o sacrifício ao bem jurídico tem que ser o 
único modo para salvar o meu bem jurídico. 
Quanto ao direito próprio ou alheio – o legislador quis dizer que eu também posso agir 
para proteger o bem jurídico de terceiro. 
IMPORTANTE –cujo sacrifício não era razoável exigir- para que haja estado de 
necessidade o bem jurídico que você está preservando, não seria razoável você sacrificasse 
o seu bem jurídico para preservar o patrimônio alheio (você morrer para proteger o 
patrimônio alheio, porém o inverso não é a mesma coisa). 
Direito Penal – 2ª Fase 
26 
 
Exemplo: navio está afundando e numa situação de estado de necessidade para 
preservar o seu barco você vai matar um sujeito. O juízo de razoabilidade é um juízo de 
ponderação em relação ao bem jurídico que eu vou preservar em relação aquele que eu vou 
sacrificar o bem jurídico que será sacrificado deverá ser menos do que o bem jurídico 
preservado. 
Legítima defesa 
 
 
 
 
Age em legítima defesa: 
• Usando moderadamente 
• Dos meios necessários 
• Repele 
• Injusta agressão 
• Atual ou iminente 
• A direito seu ou de outrem 
Qual a diferença entre estado de necessidade e a legitima defesa? No estado de 
necessidade o sujeito não está sendo injustamente colocado numa escolha, ele está 
vivendo um perigo, mas não significa que ele esteja injustamente atingido. 
 Agora na legitima defesa existe alguém de maneira injusta atacando deliberamente o 
seu bem jurídico, é uma defesa. 
 Então a legitima é quem repele injusta (não é uma agressão consequência de seu ato, 
não é um revide) agressão, essa agressão é atual ou iminente, então a legitima defesa não é 
a posteriori. A direito seu ou de outrem. 
 A situação de injusta agressão não é uma carta em branco para você agir do jeito que 
você quiser. Só considerarei legitima essa defesa se usada moderadamente os meios 
necessários para repelir essa injusta agressão. O que é moderadamente? O caso concreto vai 
dizer, o interprete irá dizer no jogo processual. 
Exemplo: Caio vai bater em Tício e Tício para se defender dá uma cadeirada em Caio. Ele 
tinha outros meios de resistir? 
Atenção: O código prevê quem age com uma excludente de antijuridicidade e age por 
excesso ele responderá pelo excesso; Na legitima defesa, há a figura da legitima defesa 
sucessiva, é a legitima que surge do excesso na legitima defesa. 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem 
Direito Penal – 2ª Fase 
27 
 
Exemplo:a mulher agride verbalmente o marido, isso é um crime contra a honra que 
permite a legitima defesa (agressões verbais recíprocas). O que seria um excesso na 
legitima? A mulher agride verbalmente o marido e ele bate na mulher. 
 
Estrito cumprimento do dever legal 
Existem pessoas que ao cometer o que a lei manda comete fatos típicos. EX: 
carcereiro que priva alguém da sua liberdade, sequestro, comete todos os elementos só que 
não só a lei autoriza, a lei manda esse é o trabalho dele; oficial que pega bens do sujeito que 
pega bens para penhora, ela não furta porque ele está agindo em estrito cumprimento do 
dever legal. 
 Caso na hora de executar o carcereiro privar o preso da liberdade ele está em estrito 
cumprimento do dever legal agora caso ele realizar uma lesão corporal o carcereiro 
responderá por este ato. 
 Então estrito cumprimento dever legal são hipóteses que ao cumprir o seu dever 
você realizar um ato típico. 
 
Exercício regular do direito 
Aquele que está autorizado a praticar um ato, reputado pela ordem jurídica como o 
exercício de um direito, age licitamente. 
Exemplo:sujeito que pula no muro da minha casa que estava com cacos de vidro estou 
protegendo meu patrimônio. 
Observação: Utilizando os meios necessários. 
Até agora você já deve estar compreendo que para identificar se 
uma conduta é crime se faz necessário por todas as etapas do crime. 
Façamos um breve resumo para melhor entendimento: 
 
Na Tipicidade nós fazemos uma análise do fato versus a norma e ao 
bem jurídico subjacente. Na Antijuridicidade nós analisamos o fato 
típico versus o ordenamento jurídico como um todo. A busca para 
verificar se existe justificantes. Essas categorias são categorias 
objetivas. Na Culpabilidade nós vamos cuidar da relação entre o fato 
e o sujeito, olhando o sujeito, as circunstâncias. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
28 
 
 
 
 
 
 
Culpabilidade 
 
Introdução 
 
Na tipicidade e na antijuridicidade, analisamos as características do fato. Agora, vamos 
estudar as características dapessoa que praticou fato até então criminoso, com a finalidade 
de verificar se cabe reprovabilidade, por meio de sanção penal. 
Logo, a culpabilidade é um juízo de reprovação, que vai verificar se a pessoa física que 
praticou o fato típico e antijurídico tinha capacidade de autodeterminação, para se 
controlar no sentido de não praticar um fato que sabia ou devia saber ser ilícito, quando lhe 
era exigível uma conduta de acordo com o direito. 
Dentro da Teoria Finalista, temos uma culpabilidade normativa, o que significa que os 
seus elementos de estudo estarão previstos expressamente em lei. O fato típico e 
antijurídico deverá, provavelmente, ser também culpável. Sendo assim, devemos estudar as 
excludentes de culpabilidade, para verificar se o agente se encaixa em alguma situação de 
exclusão. 
 
Vejamos, portanto, os elementos da culpabilidade: 
 
a) Imputabilidade 
b) Potencial Conhecimento da Ilicitude 
c) Exigibilidade de Conduta Diversa 
 
Conceito 
Culpabilidade é o juiz e censura, o juízo de reprovabilidade que incide sobre a formação e a 
exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de 
aferir a necessidade de imposição de pena. Cuida-se, assim do pressuposto de aplicação da 
pena. 
Direito Penal – 2ª Fase 
29 
 
 
Componentes da Culpabilidade 
 
Imputabilidade 
 
O critério adotado pelo legislador foi o critério Bio-Psicológico ou Misto – leva-se em 
conta critérios biológicos e critérios psicológicos. Nesse sentido, os agentes podem se 
encaixar em um dos seguintes grupos podem ser divididas em três grupos: 
 
a) Inimputáveis: isentos de pena 
b) Imputáveis: recebem toda a pena 
c) Semi-imputáveis: sujeitos a uma redução proporcional de pena 
A imputabilidade penal será estudada através da análise dos artigos 26, 27 e 28 do 
Código Penal Brasileiro. Vamos dar início à análise pontual de cada dispositivo: 
 
 
(1) Análise do Art. 26, CP: 
 
1. Inimputáveis (artigo 26, caput, CP): 
 
“É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. 
 
Logo, temos alguns requisitos: 
o No momento da ação ou da omissão (conduta), era inteiramente incapaz de: 
(i) Entender o caráter ilícito do fatoOU 
(ii) Determinar-se de acordo com esse entendimento 
 
o Em razão de: 
(i) Doença MentalOU 
(ii) Desenvolvimento Mental IncompletoOU 
(iii) Desenvolvimento Mental Retardado 
 
Consequência: Caso o juiz se convença da inimputabilidade, ficará isento de 
pena. O juiz deve aplicar medida de segurança. 
 
2. Semi-imputáveis (artigo 26, parágrafo único, CP): 
“A pena pode ser reduzida de 1 (um) a 2/3 (dois terços), se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado 
Direito Penal – 2ª Fase 
30 
 
não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento”. 
 
Logo, temos alguns requisitos: 
o No momento da ação ou da omissão (conduta), não era inteiramente capaz de: 
(i) Entender o caráter ilícito do fato OU 
(ii) Determinar-se de acordo com esse entendimento 
 
o Em razão de: 
(i) Perturbação da Saúde Mental OU 
(ii) Desenvolvimento Mental Incompleto OU 
(iii) Desenvolvimento Mental Retardado 
 
Consequência: Será condenado, porém apena será reduzida de 1/3 a 2/3. 
Cabe ressaltar, que se ele precisar de tratamento especial, o juiz poderá 
substituir a pena por uma medida de segurança. 
 
SAIBA MAIS! MEDIDA DE SEGURANÇA 
Até 1984, era permitida a cumulação da pena com a medida de segurança, 
em virtude do sistema do duplo binário. Ocorre que a partir da Reforma Penal de 
1984, o sistema adotado pelo Código Penal passou a ser o sistema vicariante, o 
qual impede a cumulação da pena com a medida de segurança. Sendo assim, ou 
aplicamos a pena ou aplicamos a medida de segurança. 
 
- Possibilidades de aplicação: 
a) Absolvição imprópria(Artigo 26, caput, CP c/c Artigo 97, caput, CP c/c Artigo 
386, VI, CPP): É a absolvição do agente inimputável, que não será submetido à 
pena, mas ficará sujeito à aplicação de medida de segurança. 
 
b) Substituição da pena por medida de segurança(Artigo 26, parágrafo único, CP c/c 
Artigo 98, caput, CP): Ocorre nas hipóteses em que o agente é semi-imputável, 
porém o juiz se convence de que é melhor a aplicação da medida de segurança, 
ao invés da pena privativa de liberdade, reduzida de 1/3 a 2/3. 
 
c) Superveniência de doença mental(Artigo 41 do CP c/c Artigo 183 da Lei n.º 
7.210/84 (Lei de Execução Penal): O agente era imputável e, durante o 
cumprimento da pena, sobreveio alguma condição geradora da inimputabilidade. 
 
- Espécies de Medida de Segurança: 
a) Internação:Tem constrição de liberdade. 
Direito Penal – 2ª Fase 
31 
 
b) Tratamento ambulatorial:Não tem constrição de liberdade. 
 
Quando devemos aplicar a Internação ou o Tratamento Ambulatorial? (artigo 97 do CP) 
Tratando-se de reclusão, tem que ser Internação. Havendo detenção, pode ser 
internação ou tratamento Ambulatorial. Isso se encontra mitigado, posto que recentemente 
percebeu-se que é muito mais importante que o doente mental esteja no convívio de sua 
família. Sendo assim, as bancas garantistas entendem que a melhor forma de se estabelecer 
o tratamento é o critério clínico/critério médico. 
Sendo assim, o juiz que absolver o agente, aplicando-lhe Medida de Segurança, 
deverá, na sua decisão, optar pelo tratamento que mais se adapte ao caso concreto, na 
forma da Lei de Proteção das Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais (Lei n.º 
10.216/2001. 
 
- Prazo da Medida de Segurança 
O artigo 97, parágrafo primeiro, CP, estabelece o prazo mínimo, seja para a 
internação, seja para o tratamento ambulatorial de 01 a 03 anos. Quanto ao prazo máximo, 
observa-se cinzânia doutrinária. Vejamos: 
PRAZO MÍNIMO 01 a 03 anos 
PRAZO MÁXIMO (LEI) Indeterminado 
PRAZO MÁXIMO (STF) 30 anos 
PRAZO MÁXIMO (STJ – 5ª TURMA) 30 anos 
PRAZO MÁXIMO (STJ – 6ª TURMA) Máximo da pena cominada em abstrato 
PRAZO MÁXIMO (SÚMULA 527 STJ) Máximo da pena cominada em abstrato 
 
Constatamos, portanto, que o prazo máximo gerou ampla divergência na doutrina e 
prevalece atualmente a posição da Súmula 527 do STJ: “o tempo de duração da medida de 
segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito 
praticado”. 
 
(2) Análise do Art. 27, CP: 
 
Critério IMPUTÁVEL INIMPUTÁVEL 
Artigo 27 do CP 
(Critério 
Biológico) 
> de 18 anos < de 18 anos 
 
Obs.: O agente se torna maior de 18 anos a partir do dia em que completa o seu 
aniversário. Sendo assim, pouco importa o horário do nascimento, o que significa que ele 
será maior de idade no primeiro minuto do seu aniversário de 18 anos. 
Direito Penal – 2ª Fase 
32 
 
O artigo 27 do CP trata da imputabilidade do agente, em virtude de sua idade. Sendo 
assim, aqueles que forem maiores de 18 anos serão imputáveis. Por outro lado, aqueles que 
forem menores de 18 anos serão inimputáveis. Dessa forma, os menores de 18 anos não 
praticarão crime e sim “ato infracional análogo a crime”. Eles não serão presos e sim 
“apreendidos” – ficando sujeitos às medidas protetivas e às medidas sócio-educativas 
previstas na Lei n.º 8.069/90. 
Observe que para crianças, de 0 a 12 anos incompletos, aplica-se medidas protetivas e 
para adolescentes (de 12 a 18 anos, aplica-se medidas protetivas ou sócio-educativas). 
 
(3) Análise do Art.28, CP: 
 
Artigo IMPUTÁVEL SEMI-IMPUTÁVEL INIMPUTÁVEL 
 
 
 
 
 
Artigo 28 
Emoção e Paixão 
+ 
Embriaguez Voluntária 
Em Sentido Estrito 
+ 
Embriaguez Voluntária 
Culposa 
+ 
Embriaguez Voluntária 
Pré-Ordenada 
 
 
 
Artigo 28 
Parágrafo Segundo 
Código Penal 
 
 
 
 
Artigo 28 
Parágrafo Primeiro 
Código Penal 
 
- Vamos, primeiro, esclarecer os conceitos abordados pelo artigo: 
a) EMOÇÃO E PAIXÃO: 
De acordo com o artigo 28 do Código Penal, a emoção e a paixão não excluem a 
imputabilidade penal do agente, o que significa que ele será responsabilizado por sua 
conduta. Contudo, vale ressaltar que há a atenuante genérica do artigo 65, inciso III, alínea 
“c”, última parte, do Código Penal, que permite a redução da pena, nas hipóteses em que o 
agente tiver cometido o crime “(...) sob a influência de violenta emoção, provocada por ato 
injusto da vítima”. 
Por fim, podemos perceber que a emoção e a paixão somente poderão gerar a 
absolvição do agente no Tribunal do Júri, ocasião em que o julgamento é feito por seus 
pares, que costumam ser pessoas leigas e tomam a sua decisão com base em sua própria 
natureza, ignorando os conceitos explicitamente previstos no ordenamento jurídico. 
 
b) EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA EM SENTIDO ESTRITO (Teoria da Actio Libera In Causa): 
O agente se colocou no estado de embriaguez porque queria ficar bêbado.Exemplo: 
“hoje eu vou beber até cair”. 
É a ação livre na causa. Sendo assim, quando alguém pratica um fato típico e antijurídico 
em estado de embriaguez voluntária em sentido estrito, não vamos analisar a sua conduta 
Direito Penal – 2ª Fase 
33 
 
pelo momento da prática do ato, mas pelo momento em que ele decidiu beber, tendo em 
vista que,naquele momento, ele era plenamente imputável. 
 
c) EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA CULPOSA (Teoria da Actio Libera In Causa): 
O agente bebeu voluntariamente, mas não queria ficar bêbado. Sendo assim, a 
embriaguez foi decorrente da inobservância de um dever de cuidado.Pode ser por 
descuido, falta de costume ou mesmo por falta de sensibilidade do organismo.Exemplo: o 
agente começa a beber no churrasco e acaba ficando bêbado sem querer.É a ação livre na 
causa. 
Sendo assim, quando alguém pratica um fato típico e antijurídico em estado de 
embriaguez voluntária culposa, não vamos analisar a sua conduta levando em conta 
momento da prática do ato. Nesse sentido, a análise da conduta do agente levará em conta 
o momento em que ele decidiu beber, tendo em vista que, naquele momento, ele era 
plenamente imputável. 
 
d) EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA PRÉ-ORDENADA: 
O agente bebeu para se sentir mais confiante na prática de um determinado crime.A 
embriaguez pré-ordenada é uma espécie de embriaguez voluntária que ainda constitui 
agravante genérica, por aumentar o grau de reprovabilidade da conduta do agente.Está 
prevista no artigo 61, inciso II, “L”, do Código Penal. 
- Vejamos, agora, como se aplica a imputabilidade: 
a)Inimputável (artigo 28, inciso II, parágrafo primeiro, CP): 
“É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. 
São requisitos: 
o No momento da ação ou da omissão (conduta), era inteiramente incapaz de: 
(i) Entender o caráter ilícito do fatoOU 
(ii) Determinar-se de acordo com esse entendimento 
 
o Em razão de: 
(i) Embriaguez Completa proveniente de Caso FortuitoOU 
(ii) Embriaguez Completa proveniente de Força Maior 
 
Consequência: o agente será isento de pena. 
 
b) Semi-Imputável (artigo 28, inciso II, parágrafo segundo, CP): 
Direito Penal – 2ª Fase 
34 
 
 “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente 
de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena 
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento”. 
 
São requisitos: 
o No momento da ação ou da omissão (conduta), não possuía a plena capacidade 
de: 
(i) Entender o caráter ilícito do fatoOU 
(ii) Determinar-se de acordo com esse entendimento 
 
o Em razão de: 
(iii) Embriaguez incompleta proveniente de Caso Fortuito OU 
(iv) Embriaguez incompleta proveniente de Força Maior 
 
Consequência:o agente terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3. 
 
 
 
 
 
 
 
TIPO DE EMBRIAGUEZ ÁLCOOL (Código 
Penal) 
DROGAS (Lei 
11.343/2006) 
Embriaguez Voluntária 
Em Sentido Estrito 
Artigo 28, inciso II, CP Artigo 28, inciso II, CP 
Embriaguez Voluntária 
Culposa 
Artigo 28, inciso II, CP Artigo 28, inciso II, CP 
Embriaguez Patológica Artigo 26, Caput, CP 
Artigo 26, Parágrafo 
Primeiro, CP 
Artigo 45 da Lei n.º 
11.343/2006 
Artigo 46 da Lei n.º 
11.343/2006 
Embriaguez Pré-
Ordenada 
Artigo 61, II, “L”, CP Artigo 61, II, “L”,CP 
Embriaguez Involuntária 
Completa 
Artigo 28, inciso II 
Parágrafo Primeiro CP 
Artigo 45 da Lei n.º 
11.343/2006 
 
Embriaguez Involuntária 
Incompleta 
Artigo 28, inciso II 
Parágrafo Segundo CP 
Artigo 46 da Lei n.º 
11.343/2006 
 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
35 
 
6.3. Potencial Conhecimento da Ilicitude 
A potencial consciência da ilicitude é o elemento da culpabilidade que determina só 
ser possível a punição do agente que, diante das condições fáticas na quais estava inserido, 
tinha a possibilidade de atingir o entendimento sobre o caráter criminoso da conduta que 
perpetrava. 
Importante lembrar que a consciência sobre a ilicitude da conduta para a teoria 
causalista fazia parte do dolo, que era alocado na culpabilidade. É por isso, repisa-se, que a 
partir do finalismo, quando o dolo e a culpa migraram para a conduta, o dolo passou a ser 
natural, já que ficou desprovido do caráter normativo que representava a consciência da 
ilicitude. Foi também o finalismo quem criou a necessidade de punição quando o agente, 
mesmo praticando determinado fato sem a noção acerca da ilicitude, tinha a possibilidade 
de atingir essa conclusão. Por isso fala-se, hoje, em potencial consciência da ilicitude como 
requisito para a culpabilidade. 
O caso de um trabalhador rural de baixa instrução e sem acesso aos meios de 
informação que retira um pedaço de uma planta para uso despretensioso, sendo tal ato 
definido como crime ambiental. Pelas circunstâncias expostas o agente não conhecia a 
ilicitude, mas poderia conhecê-la. 
 
6.4. Exigibilidade de conduta diversa 
Trata-se de um pressuposto da culpabilidade em que só devem ser punidos os 
comportamentos que poderiam ser evitados. Assim, quando não se pode determinar a 
conduta diversa por parte do agente, este é isento de crime, pois, não há reprovabilidade se 
na situação em que se achava não lhe era exigível comportamento diverso. Pode haver a 
conduta típica e antijurídica, porém a culpabilidade (reprovabilidade) é excluída, inexistindo 
crime. 
A exigibilidade de conduta conforme o direito (ou diversa), pode ser definida, pois, 
como a possibilidade, adotada pelo autor, de agir nos ditames do ordenamento jurídico, isto 
vale dizer que poderia ter atuado de maneira diversa da adotada. Tem como principal 
finalidade afastar a censurabilidade do agente (no caso de inexigibilidade). 
Para a análise da exigibilidade dessa conduta nos preceitos legais é necessário, 
todavia, que sejam sopesadas as circunstâncias do momento do fato típico em tese, 
ponderando sobre as condições físicas e psíquicas do sujeito ativo. Mister se faz, então, que 
sejam avaliadas todas as circunstâncias que envolveram o fato para averiguaçãodesse 
elemento da culpabilidade. 
A palavra-chave, como se pode notar, é a normalidade. Deve-se levar em 
consideração a determinação normal das circunstâncias psíquicas e físicas do agente e do 
local dos fatos e que não se pode exigir uma atuação conforme o direito, ou seja, que na 
normalidade, podia ou não se exigir do sujeito ativo um comportamento diferente daquele 
que efetivamente realizou. 
Direito Penal – 2ª Fase 
36 
 
 
Potencial consciência da ilicitude 
A aplicação da pena ao autor de uma infração penal somente é justa e legítima quando 
ele, no momento da conduta, era dotado ao menos da possibilidade de compreender o 
caráter ilícito do fato praticado. Exige-se, pois, tivesse o autor conhecimento, ou, no 
mínimo, a potencialidade de entender o aspecto criminoso do seu comportamento, isto é, 
os aspectos relativos ao tipo penal e a ilicitude. 
Causas de exclusão – erro proibição 
 
 
 
 
 
 
O desconhecimento da lei é dizer que não sabia da existência de uma norma. Agora não 
conhecer a proibição é mais profundo de modo que de acordo com as minhas concepções 
racionais eu não teria condições de entender que aquela conduta seria proibida. De fato, o 
erro de proibição é aquele erro que a diz a absoluta incapacidade daquela pessoa, dadas as 
circunstancias, de entender aquela proibição. 
Exigibilidade de Conduta diversa 
A exigibilidade de conduta diversa é o elemento da culpabilidade consistente na 
expectativa da sociedade acerca da prática de uma conduta diversa daquela que foi 
adotada pelo autor de um fato típico e ilícito. 
 
 
 
 
 
Coação moral irresistível 
 Irresistível quer dizer que a coação é tão forte que não podíamos exigir que o sujeito 
cumprisse o direito naquelas hipóteses. Exclui-se a culpabilidade em face da inexigibilidade 
de conduta diversa. 
 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, 
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um 
terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter 
ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a 
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da 
coação ou da ordem. 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
37 
 
Obediência hierárquica de ordem não manifestamente ilegal 
A obediência hierárquica é a causa de exclusão da culpabilidade, fundada na 
inexigibilidade de conduta diversa, que ocorre quando um funcionário público subalterno 
pratica uma infração penal em decorrência do cumprimento de ordem, não manifestamente 
ilegal, emitida pelo superior hierárquico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal – 2ª Fase 
38 
 
PRÁTICA PROCESSUAL 
 
PEÇAS DE LIBERDADE 
 
Primeiro passo: identificar qual a peça ou instituto o caso concreto 
apresenta ou requer 
 
Vamos estudar? 
Antes de falar propriamente do relaxamento da prisão em flagrante, da liberdade 
provisória ou da revogação da preventiva ou da temporária, é importante fazer uma 
breve análise das peças que podem ser requeridas a qualquer momento da persecução 
criminal e daquelas que podem ser requeridas na fase pré-processual. 
O primeiro passo para o candidato que está se preparando para uma segunda fase da 
OAB é saber identificar qual a peça prática ou instituto jurídico que a questão requer. 
Da mesma forma, a identificação das peças possíveis e aplicáveis a determinado caso 
concreto dependerá, se for essa a hipótese, da identificação da espécie de prisão 
cautelar a que se submete o indiciado ou réu. 
 
Peças práticas que podem ser requeridas a qualquer momento da 
persecução criminal 
 
a) Habeas Corpus 
Pode ser intentado a qualquer tempo: antes ou durante o inquérito policial, durante 
a instrução criminal ou fase recursal ou após o trânsito em julgado da sentença penal. 
O limite para sua utilização será o fim da aplicação da pena privativa de liberdade. 
Fique atento! 
Oshabeas corpus não é uma peça privativa de advogado, sendo esta a razão 
de ele não ser tão cobrado nas peças prático-profissionais da OAB. Entretanto, 
continua sendo um tema de suma importância para as questões dissertativas. 
 
b) Mandado de Segurança 
O mandado de segurança em matéria criminal é outra peça processual cabível em 
qualquer momento da persecução criminal, sendo mecanismo que visa, nos termos do 
Direito Penal – 2ª Fase 
39 
 
art. 5º, inc. LXIX, da CF, proteger direito líquido e certo não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for 
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder 
Público. 
 
Peças práticas que podem ser requeridas na fase pré-processual 
 
 
 
Requerimento ao delegado de 
polícia 
 
É cabível quando se pretende diligências administrativas, 
cuja realização cabe ao delegado de polícia. 
Ex: Instauração de inquérito policial, arbitramento de 
fiança, exame de corpo de delito, realização de 
acareações entre outros. 
 
Relaxamento da prisão em 
flagrante 
 
 
Cabível de prisão em flagrante ilegal. O pedido deve ser 
endereçado ao juiz 
 
Liberdade Provisória 
 
 
Cabível de prisão em flagrante legal. O pedido deve ser 
endereçado ao juiz 
 
Tipos de prisões 
Outro tema de suma importância, que está relacionado com o relaxamento da prisão 
em flagrante, bem como com os demais institutos de liberdade, são os tipos de prisões 
existentes no nosso ordenamento jurídico. 
Ex.: o relaxamento de prisão é cabível quando houver uma prisão em flagrante ilegal. 
a) Prisão pena 
Somente ocorrerá após o trânsito em julgado da sentença condenatória na qual foi 
aplicada uma pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos ao réu. Não tem natureza 
acautelatória, já que visa à satisfação da pretensão executória do Estado. 
Obs.: Quando do cumprimento da pena privativa de liberdade, nos casos em que os 
réus estiveram presos durante o processo, em face da proibição do excesso, haverá o 
abatimento do tempo de prisão processual cumprido, ao que denominamos detração penal. 
Direito Penal – 2ª Fase 
40 
 
b) Prisão cautelar 
Chamamos de prisão cautelar toda e qualquer prisão que anteceda o trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória. Sabemos que a CF/88 garante, no art. 5º, inc. LVII, 
a presunção de inocência. Isto, contudo, não impede que o réu seja, quando extremamente 
necessário, submetido à prisão. 
É, portanto, prisão processual, dependendo, como em qualquer medida cautelar, da 
presença do fumus boni juris e do periculum in mora (no processo penal, fumus comissi delicti 
e periculum libertatis). 
Existem três modalidades de prisão cautelar em nosso ordenamento jurídico: 
▪ Prisão em Flagrante: cabível o pedido de relaxamento da prisão em flagrante 
e de liberdade provisória: o relaxamento da prisão será requerido se houver 
uma prisão em flagrante ilegal, enquanto a liberdade provisória se houver uma 
prisão em flagrante legal. 
▪ Prisão Preventiva: 
o Quando uma prisão preventiva é legalmente decretada, deve-se 
pleitear, no caso do desaparecimento dos motivos que antes a 
autorizaram, a revogação da prisão preventiva. 
o Se a prisão preventiva for ilegal (por ausência de fundamentação ou 
por

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