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DIREITO CIVIL III AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III Introdução à Teoria Contratual CONCEITO DE CONTRATO 1 EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA 3 PRÓXIMOS PASSOS FUNÇÕES DOS CONTRATOS 2 PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 4 Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Teoria contratual A teoria contratual vem sofrendo grandes transformações nos últimos anos. São fatores que influenciam tais modificações: Repersonalização do Direito Privado; Constitucionalização do Direito Privado; Limitações à autonomia privada; Justiça contratual; Novos princípios contratuais; Massificação das relações contratuais; Despersonalização das relações contratuais. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Você consegue perceber a importância dos contratos na vida cotidiana? Não são poucas as relações contratuais que as pessoas realizam diariamente. Pense no seu dia a dia: quantos contratos você realizou hoje? Lembre-se: a maioria dos contratos que fazemos são informais e sequer possuem forma escrita. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III Messineo afirma que o contrato exerce uma função, e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro da vida dos negócios. É instrumento prático que realiza o mister de harmonizar interesses não coincidentes. A instituição jurídica do contrato é um reflexo da instituição jurídica da propriedade. É veículo de circulação de riquezas. Por isso, a preocupação não só em revisar o clássico conceito de contrato, mas também, de estabelecer novas dimensões aos princípios contratuais. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Conceito de contrato Para Carlos Roberto Gonçalves (2013, p. 2) “o contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes. É, portanto, negócio jurídico bilateral ou plurilateral”. Para Caio Mário da Silva Pereira (2012, p. 6, 7) contrato, em sentido estrito, “é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos”. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Conceito de contrato Para Silvio Rodrigues (2011, p. 9, 10) “o contrato representa uma espécie do gênero negócio jurídico que decorre de acordo de mais de uma vontade em vista de produzir efeitos jurídicos. Em sentido estrito, o contrato pode ser limitado ao ajuste de vontade que constitui, regula ou extingue uma relação patrimonial”. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Conceito de contrato Em resumo: classicamente, contrato é definido como o acordo de vontades com finalidade de produzir efeitos jurídicos. É conceito que traduz um monismo valorativo que trata o contrato apenas como uma espécie de negócio jurídico, fruto do pleno exercício da autonomia privada (centrada na vontade). E assim foi o contrato disciplinado no Código Civil Brasileiro de 1916. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Conceito de contrato O contrato não pode mais ser pensado apenas sob o olhar individual e liberal. Precisa, sim, ser pensado e discutido a partir da visão solidarística e funcionalizada estabelecida pela Constituição Federal. Por isso, na atualidade, o contrato deve ser compreendido como um instrumento de realização da pessoa e não exclusivamente como instrumento de mercado. O novo conceito de contrato distancia-se do dogma absoluto da vontade e do individualismo, aproximando-se agora dos sujeitos contratantes. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Conceito de contrato Segundo Paulo Nalin (2002, p. 255) o contrato deve ser compreendido como “uma relação jurídica subjetiva, nucleada pela solidariedade constitucional, destinada à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares da relação, como também perante terceiros”. Frise-se: o novo conceito de contrato não exclui sua função econômica, apenas deixa de tratá-la como absoluta. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Duplo sentido do contrato Plano interno • “O contrato cria um nexo (relação) entre os contratantes. Até nos contratos de execução instantânea é importante tê-lo em conta, porque o contrato só se extingue quando se extinguir o último dos seus efeitos” • (José de O. Ascensão, 2008, p. 103); • O contrato passa a exigir uma relação de lealdade e solidariedade. Plano externo • Reconhecimento dos efeitos dos contratos no meio social; • Imposição da função social dos contratos; • Necessidade do dirigismo contratual; • "O contrato é autônomo, porque a autonomia é essencial para haver vinculação [...]. Mas é heterônomo, porque é integrante d’um conjunto de que participa" (José de O. Ascensão, 2008, p. 105). Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Funções do contrato Função econômica: o contrato é instrumento de circulação de riquezas; Função regulatória: o contrato é materialização da autonomia privada (autorregulação de acordo com as limitações legais); Função ambiental: “os fatores ambientais informam dispositivos legais cuja observância constitui causa justificativa do exercício da liberdade contratual, pois contidos em normas de ordem pública (cogentes), não sendo possível a autorregulamentação da vontade pelas partes derrogá-los” (Lucas Barroso, 2012, p. 63); Função social: reconhece-se que o contrato não apenas gera efeitos entre as partes contratantes, mas também, no meio social; O contrato deve ser pensado como instrumento de conciliação de interesses, de desenvolvimento da personalidade, de desenvolvimento econômico e harmonizador social. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Localizando-se: Os contratos estão previstos no Código Civil de 2002: No Livro I da Parte Especial – Do Direito das Obrigações; Título V – Dos Contratos em Geral – artes. 421 a 480, CC; Título VI – Das Várias Espécies de Contratos – artes. 481 a 853, CC. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Planos de existência, validade e eficácia Contrato é espécie de negócio jurídico. Portanto, seus planos de existência, validade e eficácia já foram estudados dentro da Teoria Geral do Direito Civil. Por isso, neste momento, vamos apenas relembrar: Existência •Vontade; •Juridicidade; •Finalidade Negocial (MARTE). Validade •Art. 104, CC: •Agente capaz; •Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; •Forma prescrita ou não defesa em lei. Eficácia •Efeitos INEXISTÊNCIA INVALIDADE: NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA INEFICÁCIA Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Planos de existência, validade e eficácia Quando se analisa existência do contrato busca-se verificar seus elementos estruturantes (ou essenciais); quando se analisa a validade visa-se a observação dos requisitos de conformidade com a esfera jurídica; e quando se examina a eficácia, evidencia-se a capacidade de produção de efeitos imediatos; Os pressupostos de existência não foram previstos expressamente no Código Civil e se referem a elementos mínimos que garantem o suporte fático dos negócios. São eles: a) vontade, sendo que de sua declaração (exteriorização) surgem os efeitos;b) juridicidade (agente, idoneidade do objeto e forma – sem adjetivos!); c) finalidade negocial ou jurídica (é o propósito, o fim, buscado pela declaração de vontade); Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Planos de existência, validade e eficácia Os pressupostos de validade são: a) agente capaz (trata-se de capacidade de exercício ou de fato – vide sistema de incapacidades nos artes. 3o. e 4o., CC); b) objeto lícito (que não contraria a lei, a moral ou os bons costumes), possível (física e juridicamente) e determinado ou determinável; c) forma prescrita ou não defesa em lei; Os pressupostos de eficácia relacionam-se às consequências desejadas pelas partes contratantes e variam de acordo com cada espécie contratual; com a presença de elementos acidentais (termo, condição e encargo) e com as consequências do inadimplemento (juros, cláusula penal, perdas e danos...). Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Finalidade negocial M • Modificar - muda-se um elemento da estrutura do direito sem alterar sua substância, como, por exemplo, a subrogação e a moratória. A • Adquirir - visa incorporar um direito ao patrimônio do contratante (ex.: toda espécie de transferência). R • Resguardar - visa proteger ou garantir um direito (ex.: constituição de hipoteca). T • Transmitir - provoca a mudança de titular do direito (ex.: toda forma de alienação). E • Extinguir - visa extinguir um direito (ex.: desapropriação). Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais Os princípios representam valores socialmente amadurecidos e reconhecidos pela ordem jurídica e, por isso, acabam por simbolizar o momento histórico em que foram criados ou desenvolvidos. E não é diferente com os princípios contratuais que, analisados em sua origem, representam claramente os valores do Estado liberal (princípios clássicos) e valores do Estado social (princípios contemporâneos), não sendo, no entanto, necessariamente excludentes entre si. Princípios Clássicos Princípios Contemporâneos Boa-fé Objetiva/Probidade Justiça contratual Dirigismo contratual Função Social Autonomia Privada Pacta Sunt Servanda Intangibilidade Relatividade dos efeitos Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais Em virtude da constitucionalização do Direito Privado, a liberdade e a autonomia contratual passaram a ser pensadas a partir da dignidade da pessoa humana, da solidariedade e da função social. Por isso, foi necessária a revisão dos conceitos clássicos contratuais, pensados agora a partir da ótica solidarista e personalista. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais Autonomia privada Autonomia da vontade e autonomia privada não se confundem: A autonomia da vontade decorre da manifestação de liberdade individual, por isso, não exige capacidade de fato. Revela-se na liberdade de contratar; A autonomia privada decorre do poder de autorregulamentação das partes contratantes, ou seja, no poder que as partes possuem de estabelecer os temos contratuais. Exige capacidade de fato e revela-se na liberdade contratual. Foi princípio supervalorizado durante o Estado liberal, mas que no Estado social acabou sendo mitigado pelo dirigismo contratual; A autonomia privada é o fundamento da realização de contratos atípicos previsto no art. 425, CC. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda) Reconhecido pelo brocardo: “o contrato faz lei entre as partes”. Por longo período, foi considerado princípio absoluto o que impedia até as formas mais simples de revisão contratual. Dava amplo reconhecimento à liberdade contratual (autonomia privada), tendo por fundamentos: a liberdade e a igualdade formal, a necessidade de segurança jurídica e a intangibilidade dos contratos, a fim de dar garantia à sua utilidade econômica. É princípio que se justificava no Estado liberal pelo amplo reconhecimento da liberdade contratual. Atualmente, sua força foi mitigada pelos princípios contemporâneos, mas, frise-se que essa relativização não retira a força vinculante dos contratos, apenas à condiciona a observância de outros valores e princípios. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais Força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda) Não se pode afirmar a extinção do princípio a partir da adoção da função social dos contratos, mas sim, seu redimensionamento a fim de garantir a justiça contratual, preocupando-se na conciliação do útil (interesse econômico das partes) e do justo (preocupação com a repercussão social das relações contratuais). Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais Intangibilidade dos contratos É princípio que decorre do reconhecimento da própria força obrigatória dos contratos. O princípio da intangibilidade impedia qualquer forma de intervenção nos contratos, independente de estarem as partes e seu conteúdo equilibrados ou não. Relatividade (subjetiva) dos efeitos dos contratos Classicamente este princípio reconhecia que os contratos apenas geravam efeitos entre as partes contratantes, não atingindo terceiros ou influenciando o meio social. É princípio que se refere à eficácia inter partes do contrato. A partir da massificação das relações contratuais reconheceu-se não só que os contratos podem gerar efeitos sociais, mas que também há formas contratuais que produzem efeitos com relação a terceiros. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos A rigidez dos princípios contratuais clássicos e sua inflexibilidade trouxeram grandes desequilíbrios às relações contratuais contemporâneas. Do reconhecimento que os contratos nem sempre firmam-se entre partes economicamente equilibradas, de que nem sempre seu conteúdo será integralmente e previamente conhecido, ou de que suas cláusulas poderão ser discutidas surgiu um novo leque de princípios que visam assegurar equilíbrio entre as partes contratantes, visando a realização da justiça contratual. Os novos princípios contratuais, somam-se aos princípios clássicos, relativizando-os sob a perspectiva da solidariedade e do personalismo. Os novos princípios buscam “conciliar o novo com o velho, reformar sem destruir, compreendendo que à luz do fenômeno da funcionalização da autonomia negocial às exigências constitucionais, o contrato será um projeto edificado por três atores: as partes, o legislador e o magistrado” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 150). Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Função social (princípio da socialidade) Decorre do princípio constitucional da função social da propriedade. A função social busca legitimar a liberdade contratual a partir de valores constitucionalmente estabelecidos. Busca harmonizar interesses públicos com interesses privados e, por isso, função social do contrato apenas se realiza se: Respeitar a dignidade da pessoa humana; Reconhecendo as vulnerabilidades, admitir a relativização do princípio da igualdade das partes contratantes; Contiver como cláusula implícita a boa-fé objetiva; Respeitar o meio ambiente; Respeitar o valor social do trabalho. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Funçãosocial (princípio da socialidade) O reconhecimento da função social permite redimensionar o contrato a fim de se garantir proteção à pessoa em detrimento da proteção ao patrimônio. Está expressamente prevista no art. 421, CC e demonstra a preocupação com efeitos dos contratos não apenas entre as partes contratantes, mas sim, junto à ordem econômica e social. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Boa-fé objetiva (princípio da eticidade) Ela pode ser: Subjetiva: é forma de conduta (psicológica) que diz respeito ao estado mental subjetivo dos contratantes (estado de ânimo). Cria apenas deveres de conduta moral negativos (não prejudicar o outro) uma vez que de concepção exclusivamente moral. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Boa-fé objetiva (princípio da eticidade) Ela pode ser: Objetiva: é norma de conduta que determina relações de cooperação entre as partes contratantes, que devem se conduzir de forma leal e honesta, agindo com retidão. Cria, portanto, deveres de conduta positiva (cooperação) e negativa (não lesar a outra parte), ou seja, tutela a confiança de quem acreditou no comportamento exteriorizado pela outra parte. É a boa-fé objetiva que está prevista no art. 422, CC ao lado da probidade, ambos os princípios aplicáveis a todas as fases do contrato. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Boa-fé objetiva (princípio da eticidade) A boa-fé objetiva também cria o que a doutrina chama de deveres anexos (laterais, secundários, instrumentais ou acessórios) que, nas palavras de Teresa Negreiros (1998, p. 440), são “deveres que se referem ao exato processamento da relação obrigacional, isto é, à satisfação dos interesses globais envolvidos, em atenção a uma identidade finalística, constituindo o complexo conteúdo da relação que se unifica funcionalmente”. São deveres diretamente decorrentes do princípio da boa fé-objetiva que se destinam ao bom desempenho da relação contratual, como os deveres de informação, cooperação, transparência e sigilo. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Probidade Resulta do confronto entre o comportamento do contratante e o padrão de homem médio leal e honesto e, por isso, só pode ser verificada na análise do caso concreto. Difere da boa-fé objetiva, pois enquanto esta analisa o comportamento entre as partes contratantes; a probidade analisa o comportamento dos sujeitos em relação ao meio social em que o contrato foi firmado. Dirigismo contratual Decorre da intervenção do Estado nas relações privadas por meio de normas de ordem pública, de natureza cogente ou de interesse social. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Normas de ordem pública: disciplinam instituições jurídicas fundamentais e tradicionais com o objetivo de garantir segurança das relações jurídicas. Normas cogentes: estabelecem um único sistema de conduta para tutelar interesse social. Normas de interesse social: disciplinam relações sociais marcadas pela desigualdade entre as partes que se relacionam. O dirigismo revela-se pela regulação do conteúdo do contrato por disposições imperativas. Contrato AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III • Princípios contratuais contemporâneos Justiça contratual “O princípio da justiça contratual é revelado na composição harmoniosa quanto aos conteúdos jurídico e econômico do contrato, com base na equânime proporção entre forças antagônicas e na interação entre elementos contratuais de dimensões diferentes” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 224). Fruto do solidarismo constitucional permite a realização da igualdade substancial entre as partes contratantes. Leitura Complementar AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III ASCENSÃO, J. O. A nova teoria contratual. Disponível em: <http://www.direito.ufmg.br/revista/index.php /revista/article/viewFile/66/62>. Acesso em 18 mar. 2016. FACHIN, L. E.; PIANOVSKI, C. E. A dignidade da pessoa humana no direito contemporâneo: uma contribuição à crítica da raiz dogmática do neopositivismo constitucionalista. Disponível em: <http://www.anima- opet.com.br/pdf/anima5-Conselheiros/Luiz- Edson-Fachin.pdf>. Acesso em 18 mar. 2016. Leitura Complementar AULA 1: INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Direito Civil III LÔBO, P. L. N. A constitucionalização do direito civil. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/ha ndle/id/453/r141-08.pdf?sequence=4>. Acesso em 18 de mar. 2016. LÔBO, Paulo. Princípios contratuais. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/25359/principios- contratuais TEPEDINO, G. As relações de consumo e a nova teoria contratual. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/f iles/anexos/8788-8787-1-PB.pdf>. Acesso em 18 de mar. 2016. CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Interpretação dos contratos; Formação dos contratos; Negociações preliminares; Oferta; Aceitação; Lugar de formação. DIREITO CIVIL III AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Direito Civil III Introdução à Teoria Contratual INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 1 OFERTA 3 PRÓXIMOS PASSOS NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES 2 ACEITAÇÃO 4 Formação dos Contratos Direito Civil III AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS • Formação dos contratos A formação dos contratos estuda o iter contractus, ou seja, o caminho percorrido pelas partes para formação do vínculo contratual. A formação dos contratos é um processo que decorre de uma série de atos e comportamentos das partes que visam à realização de um interesse comum. Considerando a obrigação como um processo, pode-se identificar três grandes fases do processo contratual: fase pré-contratual; fase contratual e fase pós-contratual. São fases (não obrigatórias) da formação dos contratos: Negociações preliminares; Oferta; Aceitação; Contrato preliminar; Contrato definitivo ou conclusão do contrato. Formação dos Contratos Direito Civil III AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS • Formação dos contratos Formação dos Contratos Direito Civil III • Negociações preliminares (puntuação, tractaus, trattative, pourparlers) Configuram-se as negociações preliminares a partir da aproximação das partes, estabelecendo suas primeiras intenções, investigando vantagens e desvantagens e avaliando a conveniência da futura contratação. Trata-se de fase eventual que pode ter início com a inquirição do preço da coisa ou até mesmo a elaboração de uma minuta. Portanto, é fase que antecede à oferta. As tratativas não foram expressamente previstas pelo Código Civil, justamente porque, em regra, não geram vínculo quanto à futura celebração do contrato definitivo. Excepcionalmente, o rompimento das tratativas pode gerar responsabilidade civil pré-contratual (aquiliana) por violação dos deveres anexos de conduta. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Negociações preliminares (puntuação, tractaus, trattative, pourparlers) Enunciado 24, I Jornada de Direito Civil – Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo CC, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. Enunciado 25, I Jornada de Direito Civil – Art. 422: o art. 422 do CC nãoinviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual. Enunciado 170, II Jornada de Direito Civil – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pela partes na fase das negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. As tratativas não se confundem com a proposta! “As tratativas são atos tendentes à análise da viabilidade do contrato. A proposta, por sua vez, é a exteriorização do projeto de contrato, a manifestação de uma vontade definida em todos os seus termos, dependente apenas da concordância da parte contrária para o aperfeiçoamento do contrato” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 75). AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Negociações preliminares (puntuação, tractaus, trattative, pourparlers) Enunciado 24, I Jornada de Direito Civil – Art. 422: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo CC, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. Enunciado 25, I Jornada de Direito Civil – Art. 422: o art. 422 do CC não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual. Enunciado 170, II Jornada de Direito Civil – Art. 422: A boa-fé objetiva deve ser observada pela partes na fase das negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Negociações preliminares (puntuação, tractaus, trattative, pourparlers) As tratativas não se confundem com a proposta! “As tratativas são atos tendentes à análise da viabilidade do contrato. A proposta, por sua vez, é a exteriorização do projeto de contrato, a manifestação de uma vontade definida em todos os seus termos, dependente apenas da concordância da parte contrária para o aperfeiçoamento do contrato” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 75). AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Oferta (proposta, policitação, oblação) “É declaração receptícia de vontade dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a outra parte aceitar” (Carlos Roberto Gonçalves, 2013, p. 51). A oferta traduz uma vontade definitiva de contratar – art. 427, CC. Trata-se de negócio jurídico unilateral (escrito ou verbal) que deve conter todos os elementos essenciais à formação do negócio proposto para ter força obrigatória. • Policitante (ofertante, oferente, proponente, solicitante) – aquele que realiza a proposta; • Oblato (aceitante, policitado, solicitado) – aquele que recebe a proposta. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Oferta (proposta, policitação, oblação) A oferta não terá força obrigatória quando (art. 427, CC): 1. Se o contrário resultar dos termos dela; 2. Dependendo da natureza do negócio (ex.: propostas abertas ao público que limitam à existência de estoque – art. 429, CC); 3. Dependendo das circustâncias do caso – hipóteses do art. 428, CC: a) Se, feita sem prazo a pessoa presente, não for imediatamente aceita; b) Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; c) Se, antes da apresentação da oferta, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Aceitação É negócio jurídico unilateral pelo qual alguém concorda com os termos da oferta. Trata-se de direito potestativo do oblato que vincula o proponente a cumprir o que foi ofertado. A aceitação pura e simples faz com que o contrato seja considerado concluído (formado). A aceitação realizada fora do prazo, com adições, restrições ou modificações será considerada contraproposta (art. 431, CC) e, neste caso, os papeis do oblato e do proponente se inverterão. A aceitação pode ser escrita ou verbal; expressa ou tácita. O silêncio (aceitação tácita) do oblato excepcionalmente será considerado aceitação quando (art. 432, CC): a) O negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa; b) O proponente tiver dispensado a aceitação expressa. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Aceitação Não terá força vinculante quando: a) Embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente (art. 430, CC); b) Antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433, CC). AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Tempo de formação dos contratos Identificar o momento em que o contrato foi formado é importante para se estabelecer a sua força vinculante. Quanto ao tempo de formação dos contratos, o Código Civil diferencia a contratação entre presentes e entre ausentes: a) O contrato entre pessoas presentes reputa-se formado imediatamente ao tempo da aceitação da oferta (art. 428, I, CC), se o policitante não tiver estabelecido prazo para esta manifestação. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Tempo de formação dos contratos b) Entre pessoas ausentes, quatro teorias se destacam: i. Teoria da declaração propriamente dita (agnição): o contrato reputa-se formado quando o oblato escreve a resposta. ii. Teoria da expedição: o contrato reputa-se formado no momento em que o oblato envia sua resposta (art. 434, caput, CC). iii. Teoria da recepção: o contrato reputa-se concluído no momento em que a aceitação é entregue ao proponente. iv. Teoria da informação (cognição): o contrato reputa-se concluído no momento em que o proponente é cientificado da aceitação. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Tempo de formação dos contratos Que teoria deve prevalecer? Veja as exceções contidas no art. 434, CC: “os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I- no caso do artigo antecedente [retratação]; II- se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III- se ela não chegar no prazo convencionado”. Diante dessas exceções é possível afirmar que o Código Civil adotou como regra a teoria da expedição e como exceção a teoria da recepção. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Formação dos Contratos Direito Civil III • Lugar de formação dos contratos Determinar o lugar de formação dos contratos é importante para as situações em que este não coincide com o foro de eleição contratual. O lugar de formação dos contratos é aquele em que se realiza a proposta, conforme disposto no art. 435, CC. A norma contida no art. 435, CC é dispositiva, ou seja, admite previsão em contrário. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Interpretação dos Contratos Direito Civil III • Interpretação dos contratos Toda manifestação de vontade necessita de interpretação para que se identifique o seu alcance e significado, bem como, para que se possa executá-la corretamente. Portanto, interpretar um contrato é determinar seu sentido e alcance, é dar sentido às palavras (escritas ou faladas). Ensina Caio Mário (2010, p. 51) que “a interpretação é, portanto, uma atividade voltada a reconhecer e a reconstruir o significado das fontes de valoração jurídica que constituem o seu objeto”. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Interpretação dos ContratosDireito Civil III • Interpretação dos contratos A interpretação contratual pode ser: • Declaratória: quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato; • Construtiva ou integrativa quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes. O Código Civil não enumerou regras de interpretação de forma sistemática. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Interpretação dos Contratos Direito Civil III • Interpretação dos contratos - Regras de caráter SUBJETIVO: A intenção dos contratantes prevalece sobre o sentido literal da linguagem; A interpretação do contrato não pode jamais colidir com o seu conteúdo; Deve-se interpretar uma cláusula pelas outras contidas no ato; Por mais gerais que sejam as expressões usadas no contrato, ele só compreende coisas que as partes tinham em vista contratar; Quando há referência a um caso a título de esclarecimento, não se presumem excluídos os casos não expressos; O instrumento de contrato contém expressa e clara declaração de vontade, eventual declaração enunciativa existente em papel anexo não altera o sentido da disposição principal; AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Interpretação dos Contratos Direito Civil III AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS • Interpretação dos contratos - Regras de caráter OBJETIVO: Quando o contrato ou cláusula apresenta duplo sentido, deve-se interpretá-lo de maneira que possa gerar algum efeito. As expressões que se apresentam sem sentido nenhum devem ser rejeitadas; As cláusulas ambíguas se interpretam de acordo com o costume do lugar em que foram estipuladas; As expressões com mais de um sentido devem, em caso de dúvida, ser entendidas da maneira que mais se conforme à natureza e ao objeto do contrato; As cláusulas inscritas nas condições gerais do contrato, impressas ou formuladas por um dos contratantes, interpretam-se, na dúvida, em favor do outro; Nos contratos gratuitos a interpretação deve se favorecer o devedor; e nos onerosos, no de se alcançar um equilíbrio equitativo entre os interesses das partes. Interpretação dos Contratos Direito Civil III AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS • Interpretação dos contratos - Regras de caráter OBJETIVO: Quando o objeto da convenção é uma universalidade, compreendem-se nela todas as coisas que a compõem, inclusive as que as partes não tiveram conhecimento; Uma cláusula concebida no plural distribui-se, muitas vezes, em diversas cláusulas singulares; Contratos celebrados na vigência do Código Civil de 1916 – deve-se observar a regra contida no art. 2.035, CC. Interpretação dos Contratos Direito Civil III AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS • Interpretação dos contratos – Princípios Básicos: Art. 111, CC: o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa; Art. 112, CC: nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem; Art. 113, CC: os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar da sua celebração; Art. 114, CC: os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente; Art. 423, CC: quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever- se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente; Art. 424, CC: nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Leitura Complementar Direito Civil III Para conhecer os efeitos da oferta e da aceitação nas relações de consumo (CDC) assista ao vídeo disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/aula-em- video,direito-do-consumidor-diogenes- carvalho-a-oferta-do-cdc-programa-saber- direito-aula-03,50922.html>, acesso em 21/06/2016. ASCENSÃO, José de Oliveira. Cláusulas contratuais gerais, cláusulas abusivas e o novo código civil. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/direito/ar ticle/viewFile/1744/1441>, acesso em 21/06/2016. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS Leitura Complementar Direito Civil III LISBOA, Roberto Senise; BIONI, Bruno Ricardo. A formação e a conclusão dos contratos eletrônicos. Disponível em: <http://www.revistaseletronicas.fmu.br/index.p hp/FMUD/article/download/86/84>, acesso em 21/06/2016. SOUZA, Vinicius Roberto Prioli. Formação, pressupostos e a classificação dos contratos eletrônicos. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=6395>, acesso em 21/06/2016. AULA 2: INTERPRETAÇÃO E FORMAÇÃO DOS CONTRATOS CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Classificação dos contratos; Promessa de fato de terceiro; Estipulação em favor de terceiro; Contrato com pessoa a declarar. DIREITO CIVIL III AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Direito Civil III Introdução à Teoria Contratual CLASSICIAÇÃO DOS CONTRATOS 1 ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE 3º 3 PRÓXIMOS PASSOS PROMESSA DE FATO DE 3º 2 CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR 4 Classificação dos Contratos Direito Civil III • Classificação dos contratos O ato de classificar é um exercício exclusivamente analítico decorrente da lógica da própria pessoa que realiza a taxinomia. Por isso, as classificações variam de autor para autor, cada um tentando impor sua própria lógica conforme variados modelos abstratos. A classificação permite uma ‘arrumação exaustiva da realidade’, afinal as classes de contratos resultam de repartições feitas com base em critérios que têm a ver com a ocorrência ou a verificação de certas qualidades. A recondução de contrato a esta ou àquela classe não significa mais do que a sua repartição do que o seu agrupamento, consoante se tenha esta ou aquela característica. [...]. Esta necessidade de classificação se vincula ao domínio teórico da matéria, hábil em seu tratamento coerente e coeso, atribuindo certeza e segurança jurídica aos critérios de decidibilidade. (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 246) AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Contratos considerados em si mesmos • Quanto aos direitos e deveres das partes (presença de sinalagma) ou quanto à natureza da obrigação Unilateral: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes; Bilateral (sinalagmático ou de prestações correlatas): são os contratos que geram obrigações (recíprocas) para ambos os contratantes, como a compra e venda, a locação, o contrato de transporte. Há dependência recíproca das obrigações (sinalagma); Plurilaterais ou plúrimos: são os contratos que contêm mais de duas partes cuja prestação de cada uma se dirige à realização de um fim comum, como, por exemplo, o contrato de sociedade e o contrato de consórcio, em que cada sócio é uma parte. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto ao sacrifício ou atribuição patrimonial das partes Gratuitos ou benéficos: são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, onerando a outra parte, como sucede na doação pura e no comodato. a) Gratuitos propriamente ditos: acarretam a diminuição patrimonial a uma das partes como ocorre nas doações puras. Ex.: oferecer uma carona a um amigo; b) Desinteressados: não acarretam a diminuição patrimonial a uma das partes, embora beneficiem uma delas. Ex.: comodato e mútuo. Onerosos: são contratos em que ambosos contratantes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício patrimonial. Em geral, todo contrato bilateral é oneroso. Exceção – ex.: mandato (ex. com pagamento a posteriori de despesas necessárias à sua execução). AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato ou quanto à constituição do contrato Consensuais (solo consensu): são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independente da entrega da coisa ou de determinada forma. São exemplos a compra e venda de móveis pura (art. 482, CC); a locação e o mandato; Reais: são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os contratos de depósito, comodato e mútuo. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto aos riscos envolvidos Os contratos onerosos podem ser: Comutativos: as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios que terão, pois não envolvem riscos. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto aos riscos envolvidos Aleatórios (ou de esperança): alea significa sorte, acaso, evento incerto. São contratos em que o objeto é marcado pelo risco. Uma das partes assume o risco do fato acontecer ou não, dando- lhe ou não o retorno patrimonial desejado. Os contratos aleatórios estão previstos nos arts. 458 a 461 do Código Civil e podem ser: a) Aleatórios por natureza: é o contrato bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida; AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto aos riscos envolvidos Aleatórios (ou de esperança): alea significa sorte, acaso, evento incerto. São contratos em que o objeto é marcado pelo risco. Uma das partes assume o risco do fato acontecer ou não, dando- lhe ou não o retorno patrimonial desejado. Os contratos aleatórios estão previstos nos arts. 458 a 461 do Código Civil e podem ser: b) Acidentalmente aleatórios: são contratos tipicamente comutativos que por certas circunstâncias tornam-se aleatórios. 1. Venda de coisas futuras: o risco pode se referir: • à própria existência da coisa – art. 458, CC (com assunção de risco pela existência). Trata-se de hipótese de emptio spei ou venda da esperança, da probabilidade das coisas ou fatos existirem; • à quantidade – art. 459, CC (sem assunção de risco pela existência). Emptio rei speratae ou venda de coisa esperada. O risco assumido concerne à maior ou menor quantidade da coisa. Se nada existir o contrato será nulo, por falta de objeto. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto aos riscos envolvidos Aleatórios (ou de esperança): alea significa sorte, acaso, evento incerto. São contratos em que o objeto é marcado pelo risco. Uma das partes assume o risco do fato acontecer ou não, dando- lhe ou não o retorno patrimonial desejado. Os contratos aleatórios estão previstos nos arts. 458 a 461 do Código Civil e podem ser: b) Acidentalmente aleatórios: são contratos tipicamente comutativos que por certas circunstâncias tornam-se aleatórios. 2. Venda de coisas existentes mas expostas a risco: - arts. 460 e 461, CC. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto à previsão legal Típicos: são os contratos regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado. São exemplos de contratos típicos as vinte e três espécies previstas no Código Civil; Atípicos: são os contratos que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as características e os requisitos definidos na lei. Exemplos: hospedagem; factoring; engineering; Os contratos atípicos podem ser: a) atípicos propriamente ditos: frutos da autonomia privada, constituindo negócio jurídico diferenciado, sem similar no ordenamento jurídico; b) mistos: formados pela conjugação de contratos típicos com elementos de negócios não positivados. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto à designação Nominados (ou confeccionados): aqueles que têm designação própria, abrangendo as espécies contratuais que têm nomen iuris; Inominados (ou sob medida): são contratos que não possuem denominação própria. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto à negociação do conteúdo Paritários: os contratos tradicionais, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em situações de igualdade; De adesão: os que não admitem a liberdade de discussão das cláusulas contratuais; Contratos-tipo ou contratos de massa, em série ou por formulários: aproximam-se dos contratos de adesão, pois também são apresentados em fórmulas pré-redigidas por uma das partes, mas não lhe é essencial a desigualdade econômica entre as partes; Coativo (ditado, imposto, forçado) é o contrato que se realiza sem o pressuposto do livre consentimento de uma das partes. Exemplo: DPVAT AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto às formalidades Solenes ou formais: são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar (a forma é ad solemnitatem, ou seja, elemento de validade do negócio). Há diferença entre contrato solene e contrato formal? Não solenes, não formais ou de forma livre: basta o consentimento das partes para a sua formação, quando a lei não exige nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento (arts. 107 e 109, CC). A forma, neste caso, é ad probationem tantum, ou seja, apenas auxilia na prova do ato. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto ao momento de cumprimento De execução instantânea ou imediata ou de execução única: contratos que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração; De execução diferida ou retardada: os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em momento futuro; De trato sucessivo (de execução periódica; em prestações; débito permanente; ou de execução continuada): são os que se cumprem por meio de atos reiterados, são contratos que se protraem no tempo. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS • Quanto à pessoalidade Personalíssimo (intuitu personae, pessoal): é o contrato celebrado em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes; Impessoal: é o contrato cuja prestação pode ser cumprida indiferentemente pelo obrigado ou por terceiro; Individual: é contrato em que as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas; Coletivo (normativo): trata-se de forma contratual que alcança grupos não individualizados, unidos por uma relação de fato ou jurídica; Autocontrato (contrato consigo mesmo): ocorre quando a pessoa realiza um contrato consigo mesma (ex.: art. 685, CC). Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto à função econômica De troca: os que se caracterizam pela permuta de utilidades econômicas; Associativos: os que se caracterizam pela coincidência de seus fins; De prevenção de riscos: os que se caracterizam pela assunção de riscos por parte de um dos contratantes; De crédito: os que se caracterizam pela obtenção de um bem com intenção de restituição futura; De atividade: os que se caracterizam pela prestação de uma conduta de fato da qual decorre autilidade econômica. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto à definitividade Preliminar ou pré-contrato (pactum de contrahendo): é o contrato por via do qual ambas as partes ou uma delas se compromete a celebrar mais tarde outro contrato, que será o principal; Definitivo: tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada avença, sendo marcado pela definitividade. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Quanto ao tempo de duração Por tempo determinado: vigora durante prazo certo e estipulado pelas partes ou pela lei; Por tempo indeterminado: não possui duração prevista. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Classificação dos Contratos Direito Civil III • Contratos reciprocamente considerados Principal: é o que tem existência própria, autônoma; Acessório ou adjeto: é o contrato cuja existência depende da existência de outros contratos; Derivado ou subcontrato: é o que tem por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal, como por exemplo a sublocação, a subempreitada, a subconcessão. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440, CC) A promessa de fato de terceiro foi prevista no Código Civil de 1916 na Parte Geral do Direito das Obrigações. No Código Civil de 2002 (art. 439, CC) foi corretamente deslocada para a Parte Geral dos Contratos designando o contrato que “produzirá efeitos em relação a terceiro se uma pessoa se comprometer com outra a obter a prestação de fato de um terceiro não participante dele” (DINIZ, 2012, p. 118). O único vinculado é aquele que promete fato de outrem. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Promessa de fato de terceiro (arts. 439 e 440, CC) Lembre-se: o promitente age em nome próprio! São fases da promessa: 1) Formação: os contratantes estabelecem negócio jurídico pelo qual o promitente se compromete a realizar uma obrigação de fazer (infungível) em benefício do credor. Trata-se de uma obrigação de resultado em que a responsabilidade do promitente é objetiva; 2) Execução: surge a terceira pessoa que concorda com a avença. O credor é sempre o mesmo, mas os devedores serão sucessivos! AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Promessa de fato de terceiro A promessa de fato de terceiro tem forma livre e consensual. Exclusão de responsabilidade do promitente: I. Art. 439, parágrafo único, CC: tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens; II. Art. 440, CC: o promitente será exonerado da responsabilidade se o terceiro descumprir a obrigação após ter dado a sua anuência. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Estipulação em favor de terceiros (arts. 436 a 438, CC) No Direito brasileiro a estipulação em favor de terceiros foi inserida no ordenamento pelo Código Civil de 1916 (arts. 1.098 a 1.100) e, atualmente, encontra-se prevista nos arts. 436 a 438, CC/02. A estipulação em favor de terceiros, como exceção ao princípio da relatividade subjetiva dos efeitos dos contratos, ocorre “quando num contrato entre duas pessoas, pactua-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção e nela não representado” (RODRIGUES, 2009, p. 93). AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Estipulação em favor de terceiros (arts. 436 a 438, CC) “Dá-se estipulação em favor de terceiro quando, num contrato entre duas pessoas, pactua-se que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção e nela não representado” (Silvio Rodrigues, v. III, p. 93). Partes: Estipulante ou promissário: aquele que estabelece a obrigação; Promitente ou devedor: aquele que deverá cumprir a obrigação. Atenção: o terceiro (beneficiário) não é parte contratual! AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Estipulação em favor de terceiros (arts. 436 a 438, CC) Não sendo o beneficiário parte contratual, não precisa anuir com a formação do contrato. Bem como, sua substituição pode ser realizada pelo estipulante independente de sua autorização (art. 438, CC). Os beneficiários, embora estranhos ao contrato, tornam-se credores do promitente. Tanto o estipulante quanto o beneficiário poderão exigir o cumprimento da obrigação (art. 436, CC). Art. 437, CC – uma vez estipulado que o beneficiário pode reclamar a execução do contrato, o estipulante perde o direito de exonerar o promitente e a estipulação torna-se irrevogável. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS • Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471, CC) Contrato com pessoa a declarar ou contrato com pessoa a nomear, reserva de nomeação, pro amico eligendo, pro amico electo, electio amici, sibi aut amico vel eligendo. Foi introduzido no Direito brasileiro pelo Código Civil 2002 – art. 467, CC. “Trata-se de contrato em que uma das partes se reserva a faculdade de designar uma outra pessoa que assuma a sua posição na relação contratual, como se o contrato fosse celebrado com esta última” (Antunes Varela). Trata-se de negócio jurídico bilateral que se aperfeiçoa quando a pessoa nomeada toma o lugar na relação contratual. Os seus efeitos, portanto, são ex tunc, projetando-se sobre a pessoa designada. Partes: Promitente: que assume o compromisso de reconhecer o nomeado; Estipulante: que pactua em seu favor a cláusula de substituição; Electus: quem aceita a indicação. Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471, CC) A principal função desse contrato é permitir ao contratante que, por questões pessoais ou econômicas, não quer aparecer, valha-se de um intermediário que estipula em nome próprio, mas reservando-se declarar em favor de quem efetivamente estipulou. Por isso, não é admitida em obrigações personalíssimas. O contrato com pessoa a declarar não pode ser feito em contratos que não admitam a representação ou é indispensável a determinação dos contratantes. Art. 468, CC – a indicação da pessoa nomeada deve ser comunicada à outra parte no prazo estipulado ou, na falta desse, em 05 dias da conclusão do contrato, para que seja considerada como aceita. Se dentro do prazo de cinco dias (se outro não foi estipulado pelas partes) o electus não se manifestar, o estipulante poderá indicar outra pessoa. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471, CC) Até a aceitação do nomeado o contrato produz seus efeitos normalmente entre as partes contratantes. A aceitação do nomeado, para ser eficaz, deve ser feita da mesma forma que as partes utilizaram para o contrato. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Efeitos dos Contratos Direito Civil III • Contrato com pessoa a declarar (arts. 467 a 471, CC) Art. 470 e 471, CC – será o contrato de responsabilidade dos contratantes originários: • Se não houver indicação da pessoa no prazo legal ou no prazo estipulado pelas partes; • Se o nomeado se recusar a aceitar a nomeação; • Se a pessoa nomeada era insolvente ou incapaz, e a outra pessoa o desconhecia o fato no momento da indicaçãoAULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS Leitura Complementar Direito Civil III FROTA, Mário. Os contratos de consumo – realidades sociojurídicas que se perpectivam sob novos influxos. Disponível em: <http://www.revistajustitia.com.br/artigos/59a 2z2.pdf>, acesso em 21/06/2016. TADEUS, Silney Alves. Do contrato com pessoa a declarar. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=3727>, acesso em 21/06/2016. TARTUCE, Flávio. Os contratos coligados e a sua importante função social. Disponível em: <http://www.flaviotartuce.adv.br/artigos/2>, acesso em 21/06/2016. AULA 3: CLASSIFICAÇÃO E EFEITOS DOS CONTRATOS CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Garantias contratuais; Vícios redibitórios; Evicção. DIREITO CIVIL III AULA 4: GARANTIAS AULA 4: GARANTIAS Direito Civil III Introdução à Garantias VÍCIOS REDIBITÓRIOS 1 PRÓXIMOS PASSOS EVICÇÃO 2 Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III “Vícios redibitórios são defeitos ocultos [recônditos ou não aparentes] existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, não comuns às congêneres, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para obter abatimento no preço” (GONÇALVES, 2013, p. 106). É teoria que tem por fundamento: A quebra da sinalagma; O princípio de garantia da utilidade natural da coisa adquirida; O princípio do equilíbrio contratual (equivalência material). AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Requisitos: O defeito deve prejudicar o uso da coisa ou lhe diminuir sensivelmente o valor; O defeito deve ser grave (efetiva inutilidade do objeto); O defeito deve ser oculto ou desconhecido do adquirente; O defeito deve existir no momento da formação do contrato e perdurar até o momento da reclamação (art. 444, CC); O contrato deve ser comutativo; doação onerosa ou doação remuneratória; O contrato deve se referir a obrigação de dar coisa certa. A teoria dos vícios redibitórios não se aplica aos contratos aleatórios. A prova da existência do vício e de sua anterioridade à tradição compete ao adquirente. AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Ações edilícias 1. Ação redibitória – art. 443, CC – destina-se a rejeitar o bem e restitui-lo ao alienante, e pode ser cumulada com perdas e danos; 2. Ação quanti minoris ou estimatória – destina-se a requerer o abatimento proporcional do preço, levando-se em conta a extensão do defeito. A escolha da ação a ser proposta cabe ao adquirente, salvo no caso de perecimento do bem, em virtude do defeito oculto, pois, nesta hipótese, obrigatoriamente, deve-se propor a redibitória. Escolhida a ação, ela é irrevogável. Não cabe ação edilícia: No caso de coisa vendida conjuntamente (art. 503, CC); Em caso de inadimplemento contratual (art. 389, CC); Na hipótese de erro quanto às qualidades essenciais do objeto. AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Prazos para reclamar sobre os vícios: arts. 445 e 446, CC (são prazos decadenciais): a) 30 dias contados da tradição, se a coisa for bem móvel; b) 1 ano da tradição, se a coisa for bem imóvel; c) Se a coisa já estava em poder do adquirente esses prazos serão reduzidos à metade e contados a partir da alienação; d) Se a coisa for bem semovente os prazos serão os previstos em leis especiais e, não havendo, serão os dos usos locais; e) No entanto, se pela natureza do vício ele só foi conhecido mais tarde, o prazo para as ações deve ser contado a partir do momento do seu conhecimento pelo adquirente até no máximo 180 dias para bens móveis e 1 ano para bens imóveis. Enunciado n. 174, III Jornada de Direito Civil: em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para obter a redibição ou abatimento de preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir do conhecimento do defeito. AULA 4: GARANTIAS Vícios Redibitórios (arts. 441 a 446, CC) Direito Civil III Os prazos para exercício das garantias por vícios redibitórios não correm durante a vigência das cláusulas de garantia contratual (art. 446, CC). As partes podem ajustar cláusula excludente de garantia pelos vícios redibitórios ou cláusula aumentativa da garantia (art. 446, CC). O alienante, no entanto, não poderá invocar a excludente da cláusula de garantia se tinha conhecimento do vício e nada comunicou ao adquirente (dolo por omissão, art. 147, CC). AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III Evicção vem do latim, evictione, que significa o ato ou efeito de vencer; e de envicere, ser vencido. Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou ato administrativo que a atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Trata-se de um defeito do direito transmitido (art. 447, CC). Fundamento jurídico: princípio de garantia (opera ex vi legis); boa-fé e equidade contratual. É cláusula de garantia implícita em todo contrato oneroso. Personagens: Alienante: quem transfere o bem; Evicto: adquirente vencido; Evictor: terceiro reivindicante. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III Requisitos: Perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa adquirida; Onerosidade da aquisição; Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa; Anterioridade do direito do evictor; Privação de direitos sobre a coisa determinada por ato judicial ou ato administrativo; Ausência de cláusula excludente de responsabilidade; Denunciação da lida ao alienante (arts. 456, CC e 125, II, CPC). Enunciado n. 29, I Jornada de Direito Civil: Art. 456: a interpretação do art. 456 do novo Código Civil permite ao evicto a denunciação direta de qualquer dos responsáveis pelo vício. Enunciado n. 433, V Jornada de Direito Civil: a ausência de denunciação da lide ao alienante, na evicção, não impede o exercício de pretensão reparatória por meio de via autônoma. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III A evicção pode ser: Total: abrange a integralidade do direito sobre o bem; Parcial: atinge parte do direito sobre o bem ou implica na supressão de uma situação jurídica que precedeu o negócio jurídico. Sendo a evicção total, o evicto terá direito (art. 450, CC): Restituição das quantias pagas, com juros e correção monetária; Indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; Indenização das benfeitorias necessárias e úteis que não tiverem sido pagas pelo reivindicante; Indenização das despesas do contrato e prejuízos decorrentes da perda do direito; Ressarcimento das despesas judiciais e honorários advocatícios. Os direitos do evicto persistem mesmo que a coisa se deteriore (sem dolo) – art. 451, CC. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III Sendo a evicção parcial: Se a perda for de parte considerável da coisa, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato ou o abatimento proporcional do preço – art. 455, CC; Se não for parte considerável, cabe somente o direito à indenização proporcional com a respectiva retenção do bem. A garantia contra a evicção pode ser contratualmente reforçada, diminuída ou até excluída (art. 448, CC). No entanto, a cláusula de exclusão não tem eficácia plena, pois não impede o evicto de propor ação por perdas e danos. AULA 4: GARANTIAS Evicção (arts. 447 a 457, CC) Direito Civil III O adquirentenão pode demandar pela evicção quando faltar algum dos seus pressupostos essenciais, como por exemplo: Se a perda não ocorrer em virtude de sentença, mas se resultar de caso fortuito, força maior, roubo, furto, provimento administrativo, mesmo que o perecimento se dê na pendência da lide; Se o adquirente sabia que a coisa era alheia, porque seria ele cúmplice da apropriação indevida; Se o adquirente sabia que a coisa era litigiosa, estando ciente de que a prestação do outro contratante dependia de acerto judicial que lhe podia ser desfavorável (art. 457, CC); Se foi informado do risco da evicção e o assumiu expressamente, liberando o alienante das respectivas consequências (art. 449, CC). AULA 4: GARANTIAS Leitura Complementar Direito Civil III CARVALHO, José Carlos Maldonado. Garantia legal e garantia contratual: vício oculto e decadência no CDC. Disponível em: <http://cgj.tjrj.jus.br/c/document_library/get_fi le?uuid=1296b43c-e9fd-4905-9632- a6da3616d852&groupId=10136>, acesso em 22/06/2016. BENJAMIM, Antonio Herman de Vasconcellos. Teoria da qualidade. Disponível em: <http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/16 339/Teoria_Qualidade.pdf>, acesso em 22/06/2016. AULA 4: GARANTIAS CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Contrato preliminar; Extinção dos contratos. DIREITO CIVIL III AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Direito Civil III Contrato Preliminar e Extinção dos Contratos CONTRATO PRELIMINAR 1 PRÓXIMOS PASSOS EXTINÇÃO DOS CONTRATOS 2 Contrato Preliminar (arts. 462 a 466, CC – Novidade da Codificação Civil de 2002) Direito Civil III Contrato preliminar, promessa de contratar, compromisso, pactum de contrahendo, antecontrato, contrato-promessa, contrato preparatório ou pré-contrato. É o instrumento pelo qual as partes se obrigam reciprocamente a concluir um contrato com conteúdo determinado. Cria um futuro contrahere, por isso, representa uma obrigação de fazer. “O contrato preliminar é aquele cujo objeto consiste na celebração de outro contrato (o definitivo)” (COELHO, 2016, p. 95). Assim, seu: Objeto imediato: é a obrigação de fazer (manifestação de declaração de vontade); Objeto mediato: é o contrato definitivo. Atenção: o contrato preliminar não precisa observar a mesma forma do contrato definitivo (princípio do consensualismo). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Contrato Preliminar Direito Civil III Contrato preliminar no plano material pode ser: a) Unilateral: quando apenas uma parte promete a realização do contrato definitivo; b) Bilateral: quando ambas as partes se comprometem à realização do contrato definitivo. A promessa de contratar, contida no contrato preliminar, é irrevogável e irretratável, exceto se prevista expressamente cláusula de arrependimento (direito potestativo de retratação, art. 473, CC). O contrato preliminar deve indicar os elementos mínimos do contrato que se pretende realizar (art. 462, CC). Para gerar efeitos inter partes não é preciso levar o contrato preliminar a registro. Para gerar efeitos com relação a terceiros é preciso que o contrato preliminar tenha sido registrado (art. 463, parágrafo único, CC). Enunciado n. 30, I Jornada de Direito Civil. Art. 463: a disposição do parágrafo único do art. 463 do novo CC deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Contrato Preliminar Direito Civil III Contrato preliminar pode ser: a) Oneroso: quando fixa uma contraprestação; b) Gratuito: quando não fixa nenhum tipo de contraprestação. Realizado o contrato preliminar, havendo implemento do termo ou da condição, qualquer das partes poderá exigir a celebração do contrato definitivo (tutela específica), desde que nele não conste cláusula de arrependimento. O contrato definitivo deverá ser realizado em um prazo razoável (art. 463, CC). Esgotado o prazo assinado ao promitente para que efetive o contrato definitivo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser à natureza da obrigação (art. 464, CC). No entanto, caso a execução específica não seja de interesse do credor ou se a isso se opuser a natureza da obrigação, o credor poderá pleitear perdas e danos (art. 465, CC). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) Direito Civil III Extinção é gênero cujas expressões sinônimas são dissolução ou desfazimento do contrato. A extinção caracteriza-se por ser um fato jurídico que coloca fim ao vínculo contratual. Em regra, os contratos se extinguem pelo cumprimento das prestações contratadas. No entanto, excepecionalmente, a extinção decorrerá de outros fatores que podem ser: a) Anteriores ou contemporâneos à celebração do contrato; b) Posteriores (supervenientes) à celebração do contrato. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) Direito Civil III AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção Natural Cumprimento do pactuado Verificação de fato eficacial Causa anterior ou contemporânea Invalidades Nulidades absolutas Nulidades relativas Cláusula resolutiva Cláusula de arrependimento Causa posterior Resilição Unilateral Renúncia Revogação Denúncia Resgate Retratação Bilateral (distrato) Resolução Inadimplemento voluntário Inadimplemento fortuito Onerosidade excessiva Frustração do fim do contrato Rescisão Vícios Vícios redibitórios Evicção Morte do contratante Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Anteriores ou Contemporâneos Direito Civil III A extinção por fatos anteriores ou contemporâneos à extinção dos contratos decorre de: I. Invalidades e Inexistência: a) Nulidades absolutas – arts. 166 e 167, CC – efeitos ex tunc; b) Nulidades relativas – art. 171, CC – efeitos ex nunc; c) Inexistência do negócio jurídico (falta de elementos essenciais). II. Cláusula resolutiva ou resolutória: uma parte não pode exigir o adimplemento contratual da outra sem ter cumprido a própria prestação (art. 474, CC). a) Presente apenas em contratos bilaterais; b) Pode ser expressa (pacto comissório, gera efeitos automáticos e ex tunc) ou tácita (legal ou implícita, depende de interpelação judicial); c) A parte lesada pode requerer: resolução do contrato ou execução específica da prestação, em ambos os casos cumulando com perdas e danos (art. 475, CC). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Anteriores ou Contemporâneos Direito Civil III A extinção por fatos anteriores ou contemporâneos à extinção dos contratos decorre de: III. Direito de arrependimento: quando expressamente previsto autoriza a resilição unilateral (direito potestativo). É direito que deve ser exercido antes da execução do contrato. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III A extinção por fato superveniente à celebração do contrato pode decorrer de: I. Perecimento do objeto; II. Por exigir esforço extraordinário e injustificável de uma das partes contratantes; III. Em razão de impedimentos físicos ou jurídicos. Como são causas supervenientes, serão caracterizadas como causas de inadimplemento contratual. Entre as causas de extinção temos a resolução, a resilição e a rescisão contratual. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Direito Civil III AULA 5: CONTRATO PRELIMINARE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Causas de Extinção dos Contratos Resolução decorre de inadimplemento (descumprimento) fortuito ou voluntário. Resilição decorre de vontade unilateral (resilição unilateral) ou bilateral (resilição bilateral ou distrato). Rescisão decorre de vícios (defeitos) intrínsecos ou extrínsecos do negócio jurídico. Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III I. Resilição é forma de extinção dos contratos por simples declaração de vontade e pode ser: a) Unilateral: decorrer de cláusula expressa no contrato ou autorizada por lei; Atenção: “dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos” (art. 473, parágrafo único, CC). b) Bilateral (ou distrato; mútuo consenso; mútuo dissenso; retratação bilateral): deve ter a mesma forma do contrato, quando este exigir forma especial (art. 472, CC). A dissolução convencional do contrato gera efeitos ex nunc. A resilição é declaração receptícia de vontade e opera efeitos ex nunc – art. 473, CC. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III II. Rescisão: é causa de extinção dos contratos por ineficácia ou invalidade (estudados em Direito Civil I), ou seja, por vícios inerentes ao próprio objeto da relação contratual e, por isso, depende de declaração judicial. Opera efeitos ex nunc. III. Resolução: é a extinção do contrato por: a) Inadimplemento fortuito (involuntário): decorre de caso fortuito ou força maior conforme as regras dos arts. 393 e 399, CC. Em regra gera, efeitos ex tunc. b) Inadimplemento voluntário: decorre de ato voluntário e uma ou de ambas as partes contratantes. Art. 475, CC: a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato ou exigir- lhe o cumprimento, podendo exigir em ambas as hipóteses perdas e danos. Exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): é forma de condição resolutiva tácita prevista no art. 476, CC que pode determinar a extinção do contrato bilateral por mútuo inadimplemento. Tem por fundamento a boa-fé objetiva. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III Inadimplemento antecipado (quebra antecipada do contrato): ocorre quando “as partes avençaram o momento para o adimplemento de suas respectivas obrigações, porém, em instante anterior ao termo pactuado, um dos contratantes já demonstra inequívoca intenção de não cumprir a sua prestação, pois pratica uma conduta concludente no sentido do inadimplemento” (FARIAS; ROSENVALD, 2015, p. 542). Trata-se de violação ao princípio da boa-fé objetiva, pois a conduta revela a falta de interesse da parte em dar cumprimento ao avençado. Enunciado n. 436, V Jornada de Direito Civil: a resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer de inadimplemento antecipado. Enunciado n. 436, V Jornada de Direito Civil: a exceção de inseguridade prevista no art. 477, também pode ser oposta à parte cuja conduta põe manifestamente em risco a execução do programa contratual. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III Resolução por onersosidade excessiva: reconhece que fatos supervenientes à celebração do contrato, qualquer que seja sua natureza, podem interferir diretamente no equilíbrio contratual. Fundamento: princípio da justiça contratual. Aplica-se a contratos comutativos e execução diferida ou trato sucessivo. Exceção: art. 480, CC. Art. 478, CC: “nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”. Para requerer a resolução por onerosidade excessiva é necessário: a) que o fato superveniente seja extraordinário; b) que o fato superveniente seja imprevisível (imprevisibilidade objetiva); c) que o fato superveniente gere extrema vantagem para uma das partes (Enunciado n. 365, IV Jornada de Direito Civil). AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III A resolução por onerosidade excessiva poderá ser evitada se o outro contratante se oferecer para modificar equitativamente as condições do contrato, buscando-se reequilibrá-lo (art. 479, CC) (vide Enunciado n. 367, IV Jornada de Direito Civil). Atenção: o juiz não pode determinar a revisão ex officio, a revisão deverá ser requerida pela parte demandada. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Direito Civil III Resolução por frustração do fim do contrato é hipótese que também decorre do reconhecimento da função social dos contratos e que se caracterizará quando a parte, por fatos alheios à sua esfera de atuação, teve sua pretensão fática frustrada, não podendo ser lhe imposto o cumprimento do contrato pelo inesperado desaparecimento da causa do negócio jurídico. Trata-se de hipótese de impossibilidade relativa do contrato. Morte de um dos contratantes Em regra, o falecimento dos contratantes não extingue o vínculo contratual. No entanto, tratando-se de contrato personalíssimo (intuitu personae) a morte de um dos contratantes gera a extinção automática do contrato (cessação contratual) com efeitos ex nunc. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Extinção dos Contratos (arts. 472 a 480, CC) – Fatos Supervenientes à Celebração do Contrato Leitura Complementar Direito Civil III AZEVEDO, Álvaro Villaça. Inaplicabilidade da teoria da imprevisão e onerosidade excessiva na extinção dos contratos. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=5890>, acesso em 23/06/2016. DUQUE, Bruna Lyra. A revisão contratual no código civil e no código de defesa do consumidor. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_a rtigos_leitura&artigo_id=2216>, acesso em 23/06/2016. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS Leitura Complementar Direito Civil III BORNHOLDT, Rodrigo Meyer; GLITZ, Frederico Eduardo Zenedin. Novo código civil e revisão dos contratos. Disponível em: <http://www.fredericoglitz.adv.br/biblioteca_de talhe/74/novo-codigo-civil-e-revisao-dos- contratos>, acesso em 23/06/2016. ROSENVALD, Nelson. A promessa de compra e venda no código civil de 2002. Disponível em: <https://www.flaviotartuce.adv.br/assets/uploa ds/artigosc/ROSENVALD_COMPRA.doc>, SANTOS, Flaviano Adolfo. Anotações sobre a promessa de compra e venda. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leit ura&artigo_id=13146>, acesso em 23/06/2016. AULA 5: CONTRATO PRELIMINAR E EXTINÇÃO DOS CONTRATOS CONTEÚDO DA PRÓXIMA AULA Do contrato de compra e venda. DIREITO CIVIL III AULA 6: CONTRATO DE COMPRA E VENDA AULA 6: CONTRATO DE COMPRA E VENDA Direito Civil III Introdução à Teoria Contratual CONCEITO 1 PRÓXIMOS PASSOS ELEMENTOS E EFEITOS 2 OBRIGAÇÕES 3 LIMITAÇÕES 4 ESPÉCIES
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