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Paleontologia do Formação Jandaíra Cretáceo Superior da Bacia Potiguar com ênfase na Paleobiologia dos Grastrópodos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
PALEONTOLOGIA DA FORMAÇÃO JANDAÍRA, CRETÁCEO
SUPERIOR DA BACIA POTIGUAR, COM ÊNFASE NA
PALEOBIOLOGIA DOS GASTRÓPODOS
RITA DE CASSIA TARDIN CASSAB
Rio de Janeiro
2003
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
PALEONTOLOGIA DA FORMAÇÃO JANDAÍRA, CRETÁCEO SUPERIOR DA
BACIA POTIGUAR, COM ÊNFASE NA PALEOBIOLOGIA DOS GASTRÓPODOS
RITA DE CASSIA TARDIN CASSAB
Rio de Janeiro
2003
ii
PALEONTOLOGIA DA FORMAÇÃO JANDAÍRA, CRETÁCEO SUPERIOR DA
BACIA POTIGUAR, COM ÊNFASE NA PALEOBIOLOGIA DOS GASTRÓPODOS
Rita de Cassia Tardin Cassab
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO REQUISITO PARCIAL À OBTENÇÃO DO
GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
Área de concentração III: Paleontologia e Estratigrafia
Orientadores: Prof. Dr. Narendra Kumar Srivastava
Dra. Maria Eugênia de Carvalho Marchesini Santos
Orientador Acadêmico: Prof. Dr. Ismar de Souza Carvalho
APROVADA POR
________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Carlos Sequeira Fernandes / Museu Nacional - UFRJ
________________________________________________________
Prof. Dr. Arnaldo Campos dos Santos Coelho / Museu Nacional – UFRJ
________________________________________________________
Profª. Dra. Maria Dolores Wanderley / Instituto de Geociências – UFRJ
________________________________________________________
Prof. Dr. Rodolfo Dino / Faculdade de Geologia da UERJ
________________________________________________________
Profª. Dra. Vera Maria Medina da Fonseca / Museu Nacional – UFRJ
Rio de Janeiro
2003
iii
“Prefiro ser uma metamorfose ambulante,
do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”
(Raul Seixas)
iv
Esta tese é dedicada a meus filhos
Eduardo e Tiago,
meus bens maiores.
E a minha mestra,
Maria Eugênia de Carvalho Marchesini Santos,
pelo muito que me ensinou de geociências e de artes.
v
FICHA CATALOGRÁFICA
CASSAB, RITA DE CASSIA TARDIN
Paleontologia da Formação Jandaíra, Cretáceo Superior da Bacia Potiguar,
com ênfase na paleobiologia dos gastrópodos. [Rio de Janeiro, 2003]
xix, 184 p., 29,7 cm (Instituto de Geociências - UFRJ, D. Sc. Programa de
Pós-Graduação em Geologia, 2003)
Tese, Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizada no Instituto de
Geociências – Programa de Pós-Graduação em Geologia
1. Gastropoda. 2. Formação Jandaíra. 3. Bacia Potiguar. 4. Paleobiologia.
5. Cretáceo. 6. Brasil.
I- IG/UFRJ II - Título (Série)
vi
AGRADECIMENTOS
À Dra. Maria Eugênia de Carvalho Marchesini Santos pela orientação prestada
durante a realização desta tese, que é o resultado de uma parceria iniciada em 1990,
durante os trabalhos do Projeto 242, “Cretáceo da América Latina”, do Programa
Internacional de Correlação Geológica.
Ao Prof. Dr. Narendra K. Srivastava, da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, cujo apoio foi fundamental durante os trabalhos de campo e nas visitas às coleções
paleontológicas de diversas instituições do Estado do Rio Grande do Norte. Agradeço
também à sua esposa Mariceli pela atenção recebida e a acolhida durante nossas
estadas em Natal.
Ao amigo e Prof. Dr. Ismar de Souza Carvalho, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, orientador acadêmico, que não poupou esforços para a conclusão desta tese.
Aos coordenadores do Programa de Pós–Graduação do Departamento de Geologia
do IGEO, Prof. Dr. Claudio Limeira Mello e Prof. Dr. Gerson Cardoso da Silva Jr., e a
secretária Christina Barreto Pinto pelo apoio prestado durante a realização do curso.
Ao chefe do Museu de Ciências da Terra, geólogo Diogenes de Almeida Campos,
pela infra-estrutura proporcionada e pela sempre proveitosa troca de idéias. À Sra. Wilza
Maria de Aguiar, secretária deste Museu, em especial, à amiga e secretária do Setor de
Paleontologia, Jacira Murat da Silva, pela presteza e carinho com que desempenhou as
mais variadas tarefas, facilitando a realização deste trabalho. À geóloga Vanessa
Mamede Cavalcanti, do 10º Ds. do DNPM, de Fortaleza, que nos acompanhou nos
trabalhos de campo realizados naquele estado.
À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de
Janeiro, pelo apoio financeiro fornecido para a realização deste trabalho.
À amiga e paleontóloga Dra. Marise Sardenberg Salgado de Carvalho, da Divisão
de Paleontologia, do Departamento de Geologia da CPRM, pelas infinitas leituras,
discussões e o apoio recebido.
Aos paleontólogos Dr. Rodolfo Dino (Cenpes / Petrobras) e Dra. Maria Dolores
Wanderley (IGEO/UFRJ) pelas análises realizadas para pesquisa de palinomorfos e
nanofósseis e ao geólogo Paulo Tibana (FG/UERJ), pelo exame das lâminas de calcário.
Aos paleontólogos Dra. Vera Maria Medina da Fonseca (MN/UFRJ), Dra. Maria da
Glória Pires de Carvalho (AMNH), Dra. Deusana Maria da Costa Machado (UNI-RIO), Dra.
Maria Célia Elias Senra (UNI-RIO), Dr. Wagner de Souza Lima (E&P-SEAL, Petrobras),
vii
Prof. MSc Maria Helena Zucon (UFS), Dr. Leonardo Borghi de Almeida (IGEO/UFRJ), Dra.
Norma Maria da Costa Cruz (DIPALE/DEGEO/CPRM), Dra. Lílian Paglarelli Bergqvist
(IGEO/UFRJ), Dra. Cibele Schwanke (Dep. Ensino/UERJ) que sempre estiveram
disponíveis, com palavras de carinho, estímulo e companheirismo, colaborando das mais
variadas formas.
Aos estagiários do Setor de Paleontologia, Vanessa Gomes Souza, Diogo Jorge
de Melo, Aline Marise Cardoso Ribeiro, Renata Croner Gicquel da Silva e à MSc
Fernanda Siviero (IGEO/UFRJ), que durante a elaboração da tese colaboraram em várias
atividades.
À Milena Salgado de Carvalho e Flávio Veloso Neves da Silva, que gentilmente
realizaram serviços fotográficos e a Luiz Antônio Sampaio Ferro, responsável pela
confecção gráfica das figuras do trabalho.
Ao Departamento de Geologia do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE,
representado pela Profª Dra Maria Somália Sales Viana e Profª MSc Sonia Maria
Agostinho, que facilitaram o acesso às coleções paleontológicas dessa instituição,
fundamentais para o desenvolvimento dessa tese. Ao Departamento de Geologia e
Paleontologia do Museu Nacional e Instituto de Geociências, da UFRJ, onde também
efetuou-se o exame dos fósseis de seu acervo.
À minha família, cúmplices e incentivadores de todas as minhas atividades, minha
mãe Arleida, meus irmãos Maria Aparecida e Carlos Alberto, meu cunhado Paulo
Roberto, meus queridos sobrinhos Mariana, Clarice, Lucas, Gabriela e André e ao amigo
Paulo Victor.
viii
RESUMO DA TESE APRESENTADA AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA /
UFRJ COMO REQUISITO PARCIAL À OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
Paleontologia da Formação Jandaíra, Cretáceo Superior da Bacia Potiguar,
com ênfase na paleobiologia dos gastrópodos
Rita de Cassia Tardin Cassab
Fevereiro de 2003
Orientadores: Prof. Dr. Narendra Kumar Srivastava
 Dra. Maria Eugênia de Carvalho Marchesini Santos
Orientador Acadêmico: Prof. Dr. Ismar de Souza Carvalho
Área de concentração III: Paleontologia e Estratigrafia
O Cretáceo foi um período de grandes transformações na história da Terra: novos
oceanos se formaram, ocorreram variações do nível do mar, modificações climáticas e
uma redistribuição das áreas marinhas e continentais, propiciando uma intensa evolução
biológica. A Bacia Potiguar, situada na costa Nordeste do Brasil, foi formada sob essas
condições, e os fósseis preservados nos sedimentos da Formação Jandaíra registraram
essas transformações que ocorreram na biosfera. O estudo da paleobiologia dos
gastrópodos mostrou que durante a transgressão ocorrida no Turoniano inferior, houve a
instalaçãoda fauna pertencente ao Domínio Tetiano. A fauna de gastrópodos é
característica do Cretáceo, destacando-se os representantes das famílias Nerineidae,
Naticidae e Aporrhaidae, bem como do gênero Trochactaeon. Os animais carnívoros
predadores estavam em desenvolvimento neste período, entre eles os gastrópodos, que
estão representados na formação pelos naticídeos, destacando-se entre eles o gênero
Tylostoma, pela abundância de exemplares. O conhecimento dos processos tafonômicos
foi fundamental para a identificação das espécies. Os fósseis que ocorrem na fácies de
planície de maré apresentam-se muito deformados, dificultando a identificação das
espécies, enquanto que os da fácies de laguna sofreram destruição dos caracteres
internos. O estudo da paleobiologia dos gastrópodos e da fauna associada permitiu
ix
identificar duas seqüências deposicionais durante o Turoniano inferior. A primeira,
transgressiva, pertencente à um trato de mar alto e a segunda, regressiva,
correspondente a um trato de mar mais baixo, culminando com sedimentos indicadores
de exposição subaérea. A seqüência transgressiva foi datada no Turoniano inferior pela
presença do inoceramídeo Mytiloides submytiloides, (Seitz, 1935), que representa um
evento biológico global de distribuição geográfica ampla e a regressiva, pela continuidade
da fauna. Outras duas seqüências sedimentares transgressivas foram identificadas com
base na ocorrência de cefalópodos e são datadas no Coniaciano superior e no
Campaniano superior.
x
ABSTRACT OF THE THESES PRESENTED TO POST-GRADUATE PROGRAM IN
GEOLOGY / UFRJ AS A PARTIAL REQUIREMENT FOR THE OBTAINING THE
DEGREE OF DOCTOR IN SCIENCES.
PALEONTOLOGY OF UPPER CRETACEOUS FROM JANDAIRA FORMATION OF THE
POTIGUAR BASIN, WITH EMPHASIS AT A PALEOBIOLOGY GASTROPODS
Rita de Cassia Tardin Cassab
February, 2003
Supervisors: Prof. Dr. Narendra Kumar Srivastava
 Dra. Maria Eugênia of Carvalho Marchesini Santos
Academic advisor: Prof. Dr. Ismar of Souza Carvalho
Area of concentration III: Paleontology and Stratigraphy
The Cretaceous was a period of great changes transformations in the of the Earth's
history, new oceans were formed, significant variations of the sea level, climatic
modifications and a redistribution of the sea and continental areas, allowing an intense
biological evolution. The Potiguar Basin, situated on the Northeast coast of Brazil, was
formed under these conditions, and the fossils preserved in the sediments of the Jandaíra
Formation registered such transformations which took place in the biosphere.
The study of the gastropod paleobiology showed that during the Lower Turonian
transgression, a fauna belonging to the Tethyan Domain, a tropical paleobiogeographic
province, was installed. The gastropod fauna is characteristic of that time, signaled by the
representatives of the families Nerineidae, Naticidae and Aporrhaidae, as well as of the
genus Trochactaeon. The carnivorous predators were well established during this time.
The gastropods, which are represented in the formation by the naticids, standing out
among them the genus Tylostoma due to their abundance. The knowledge of the
taphonomic process was fundamental for the identification of the species. The fossils of
the tidal- plain- facies are highly deformed, masking the identification of the species, but
those of the lagoonal -facies suffered destruction of the internal characters. The study of
gastropod paleobiology and of the associated fauna permitted the identification of two
depositional sequences during the Lower Turonian. The first, a transgressive, belonging to
xi
a high sea-level tract and the second a regressive one, corresponding to a lower sea-level
tract, culminating with the sediments indicating a subareal exposure. The transgressive
sequence was dated as belonging to the lower Turonian due to the presence of the
inoceramid Mytiloides submytiloides, which represents a global biological event. Other two
transgressive sedimentary sequences were identified on the basis of the occurrence of
cephalopods and are dated in upper Coniacian and in upper Campanian.
xii
SUMÁRIO
Ficha catalográfica .................................................................................................... v
Agradecimentos ......................................................................................................... vi
Resumo .................................................................................................................... viii
Abstract .................................................................................................................... x
Sumário .................................................................................................................... xii
Índice de figuras ....................................................................................................... xvi
Índice dos quadros ................................................................................................... xix
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ...................................................................... 1
1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 1
1.2 OBJETIVOS......................................................................................... 2
2. MÉTODOS E MATERIAIS ............................................................................ 3
2.1 MÉTODOS ......................................................................................... 3
2. 1. 1 Levantamento de dados ......................................................... 3
Os trabalhos de campo e análises .......................................... 3
2.1.2 Análise e interpretação dos dados ......................................... 4
2.1.3 Síntese ................................................................................... 6
2.2 MATERIAIS ........................................................................................ 6
As coleções ............................................................................ 6
Os mapas ............................................................................... 6
2.3 SIGLA DAS INSTITUIÇÕES .............................................................. 7
3. GEOLOGIA DA BACIA POTIGUAR ............................................................. 8
3.1 EVOLUÇÃO DAS BACIAS DO NORDESTE ...................................... 8
3.1.1 Megasseqüência continental .................................................... 11
a. Fase pré-rifte I sin-rifte I ................................................. 11
b. Fase sin-rifte lI ............................................................... 11
c. Fase sin-rifte III .............................................................. 14
3.1.2 Megasseqüência transicional ................................................... 14
3.1.3 Megasseqüência marinha ....................................................... 14
3.2 EVOLUÇÃO DA BACIA POTIGUAR .................................................. 14
3.2.1 Rifte Potiguar .......................................................................... 16
3.2.2 Estratigrafia da Bacia Potiguar em sua parte emersa ............. 18
xiii
FORMAÇÕES CRETÁCEAS ............................................................. 18
a. Formação Pendência .............................................................. 18
b. Formação Alagamar ............................................................... 18
c. Formação Açu ........................................................................ 20
d. Formação Quebradas ............................................................. 20
e. Formação Jandaíra .................................................................20
FORMAÇÕES PÓS-CRETÁCEAS ..................................................... 20
4. FORMAÇÃO JANDAÍRA .............................................................................. 22
4.1 ESPESSURA E DISTRIBUIÇÃO ........................................................ 22
4.2 CONTATO ENTRE AS FORMAÇÕES AÇU E JANDAÍRA ................. 22
4.3 LITOLOGIA ........................................................................................ 22
4.4 IDADE ................................................................................................ 25
4.5 AMBIENTE DE SEDIMENTAÇÃO ..................................................... 26
5. HISTÓRICO DAS PESQUISAS PALEONTOLÓGICAS NA FORMAÇÃO
JANDAÍRA .................................................................................................... 36
6. MACROFÓSSEIS DA FORMAÇÃO JANDAíRA .......................................... 41
6.1 ASPECTOS TAFONÔMICOS ............................................................ 41
6.2 CONCHOSTRÁCEOS ....................................................................... 42
6.3 ANTOZOÁRIOS ................................................................................. 44
6.4 BRIOZOÁRIOS .................................................................................. 44
6.5 ICNOFÓSSEIS .................................................................................. 44
6.6 VERTEBRADOS ................................................................................ 44
6.6.1 PEIXES .................................................................................. 44
6.6.2 TETRAPODAS ....................................................................... 45
6.7 PLANTAS .......................................................................................... 45
6.8 ALGAS CALCÁRIAS .......................................................................... 45
7. CLASSE BIVALVIA ...................................................................................... 47
7.1 SUPERFAMÍLlA OSTREOIDEA ......................................................... 47
7.2 FAMÍLIA INOCERAMIDAE ................................................................. 47
7.3 FAMÍLIA LIMIDAE .............................................................................. 49
7.4 FAMÍLIA CARDIIDAE ......................................................................... 49
7.5 RELAÇÃO DAS ESPÉCIES ............................................................... 52
7.6 CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA DE BIVALVIA ............................... 52
xiv
8. CLASSE CEPHALOPODA ........................................................................... 66
8.1 CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA DOS CEPHALOPODA ................. 66
9. CLASSE ECHINOIDEA ................................................................................. 71
9.1 CLASSIFICAÇÃO SISTEMÁTICA DOS EQUINÓIDES ...................... 71
10. PALEOBIOLOGIA DOS GASTRÓPODOS DA FORMAÇÃO JANDAÍRA ..... 77
10.1 CONCEITO DE PALEOBIOLOGIA .................................................... 77
10.2 GASTRÓPODOS DO MESOZÓICO .................................................. 78
10.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CLASSE GASTROPODA ............ 79
10.3.1 Aspectos morfológicos ............................................................ 79
10.3.2 Gastrópodos predadores ........................................................ 81
10.4 GASTROPODOS DA FORMAÇAO JANDAIRA ................................. 83
10.4.1 Classificação sistemática ........................................................ 83
Família NERITIDAE Rafinesque, 1815 ................................... 85
Família CERITHIIDAE Férussac, 1819 ................................... 87
Família CASSIOPIDAE Kollmann, 1979 ................................. 88
Família POTAMIDIDAE H. & A. Adams, 1854 ........................ 89
Família TURRITELLlDAE Woodward, 1851 ............................ 90
Família APORRHAIDAE Gray, 1850 ....................................... 94
Família NATICIDAE Forbes, 1838 .......................................... 99
Família CERITHIOPSIDAE H. & A. Adams, 1853 ................... 99
Família VASIDAE H. & A. Adams, 1853 ................................. 100
Família ARCHITECTONICIDAE Gray, 1850 ........................... 101
Família BULLOIDEA Rafinesque, 1815 .................................. 101
10.5 GENERO TYLOSTOMA Sharpe, 1849 .............................................. 103
10.5.1 O gênero Tylostoma na Formação Jandaíra ........................... 104
10.5.2 Descrição das espécies ........................................................... 105
10.6 FAMÍLlA NERINEIDAE ...................................................................... 113
10.6.1 Representantes da família Nerineidae na Formação Jandaíra 116
10.6.2 Descrição das espécies ........................................................... 116
10.7 GENERO TROCHACTAEON Meek, 1863 ......................................... 127
10.7.1 O gênero Trochactaeon na Formação Jandaíra ...................... 128
10.7.2 Descrição das espécies ........................................................... 128
xv
11. SEQÜÊNCIA ESTRATIGRÁFICA E ASSOCIAÇÕES FOSSILÍFERAS DA
FORMAÇAO JANDAÍRA .............................................................................. 134
Estratigrafia de seqüências ................................................................ 134
Eventos biológicos ou bioeventos ............................................. ........ 134
11.1 TRABALHOS ANTERIORES ............................................................. 135
11.2 TRANSGRESSÕES E REGRESSÕES MARINHAS NO CRETÁCEO
SUPERIOR ........................................................................................ 135
11.3 PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO FOSSILÍFERA - TURONIANO INFERIOR 136
11.3.1 Evento biológico 1 ................................................................... 137
11.3.2 Evento biológico 2 ................................................................... 137
11.3.3 Evento biológico 3 ................................................................... 138
11.3.4 Evento sedimentológico – Evaporitos ...................................... 139
11.3.5 Evento biológico 4 ................................................................... 139
11.3.6 Evento biológico 5 ................................................................... 140
11.3.7 Evento sedimentológico – Caliche ............................................ 140
11.3.8 Evento biológico 6 ................................................................... 141
11.4 SEGUNDA ASSOCIAÇÃO FOSSILÍFERA - CONIACIANO SUPERIOR.... 141
11.4.1 Evento biológico 7 ................................................................... 141
11.5 TERCEIRA ASSOCIAÇÃO FOSSILÍFERA - CAMPANIANO SUPERIOR.... 142
11.5.1 Evento biológico 8 ................................................................... 142
12. PALEOGEOGRAFIA .................................................................................... 144
12.1 Correlações entre as bacias brasileiras .............................................. 144
12.2 Correlações com a África, América do Norte e Caribe ........................ 144
12.3 Domínio Tetiano ................................................................................. 145
12.3.1 Fauna do Domínio Tetiano ...................................................... 145 
12.3.2 Limites do Domínio Tetiano ..................................................... 146
13. CONCLUSÕES E RESULTADOS ................................................................ 151
13.1 Conclusões ......................................................................................... 151
13.2 Resultados .........................................................................................153
14. REFERENCIAS BIBLlOGRÁFICAS ............................................................. 155
xvi
ANEXO I - Localidades fossilíferas da Formação Jandaíra e seus respectivos
fósseis ................................................................................................... 164
ANEXO II - Ocorrências das espécies de moluscos e equinóides nas diversas
áreas da Formação Jandaíra .................................................................. 181
INDICE DAS FIGURAS
Figura 1 - Localização dos principais afloramentos visitados .................................... 5
Figura 2 - Mapa geológico da Bacia Potiguar, parte emersa ..................................... 9
Figura 3 - Bacias que compõem o Sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro ............ 10
Figura 4 - Fase sin-rifte I. Formação do Domo Borborema e das depressões Afro-
Brasileira e Araripe-Potiguar na Província Borborema .............................. 13
Figura 5 - Ambiente deposicional da fase sin-rifte 11 - Formação Pendência ........... 13
Figura 6 - Ambiente deposicional da megasseqüência transicional - Formação
Alagamar .................................................................................................... 15
Figura 7 - Ambiente deposicional da megasseqüência marinha. (A) Unidade
Transgressiva. (B) Unidade regressiva ..................................................... 15
Figura 8 - Arcabouço estrutural da Bacia Potiguar .................................................... 17
Figura 9 - Coluna cronoestratigráfica da Bacia Potiguar, parte emersa .................... 19
Figura 10 - Extensão da transgressão do Turoniano - Campaniano na Bacia
Potiguar .................................................................................................. 23
Figura 11 - Mapa de isópacas da Formação Jandaíra .............................................. 23
Figura 12 - Contato entre as formações Açu e Jandaíra na borda sudoeste da
Chapada do Apodi .................................................................................. 24
Figura 13 - Camadas de folhelhos intercalados com calcários, próximas do
contato com a Formação Açu (UP-01) .................................................... 24
Figura 14 - Superfícies de carstificação, na localidade de Lajedo da Soledade
(AP-01) ................................................................................................... 27
Figura 15 - Modelo de paleofisiografia de baía ......................................................... 27
Figura 16 - Fácies de planície de maré. Borda sudoeste da Bacia Potiguar (AÇ-01).
Calcários com birdseyes intercalados com margas ................................ 29
Figura 17 - Margas intensamente bioturbadas (UP-02) ............................................. 29
Figura 18 - Fácies de planície de maré (MO-03). Esquema do perfil ........................ 30
xvii
Figura 19 - Pedreira da fábrica de cimento Nassau (MO-02). Carbonatos com
estruturas sigmóides; da fácies de planície de maré ............................... 31
Figura 20 - Calcários margosos da fácies de planície de maré (MO-02) ................... 31
Figura 21 - Bioturbações encontradas no topo da mesma seqüência (MO-02) ......... 32
Figura 22 - Fácies de laguna, Pedreira Carbomil, município de Limoeiro, Ceará
(LI-01) ..................................................................................................... 32
Figura 23 - Camadas da parte superior da pedreira (LI-01), onde ocorrem
bioturbações, grãos de ferro e sílex ....................................................... 33
Figura 24 - Detalhe dessas bioturbações da parte superior da pedreira (LI-01) ........ 33
Figura 25 - Perfil da localidade LI-01 ........................................................................ 33
Figura 26 - Gastrópodos com deformações pelomórficas ......................................... 43
Figura 27 - Tipos de preservação ............................................................................. 43
Figura 28 - Superfamília Ostreoidea ......................................................................... 48
Figura 29 - Família Inoceramidae ............................................................................. 50
Figura 30 - Plagiostoma laevissima e Anomia barbadinhica ..................................... 51
Figura 31 - Família Cardiidae ..................................................................................... 51
Figura 32 - Pachydiscus sp. ....................................................................................... 67
Figura 33 - Coilopoceras lucianoi Oliveira, 1969 ....................................................... 67
Figura 34 - Phymosoma tinocoi Santos, 1960 ........................................................... 74
Figura 35 - Petalobrissus cubensis (Weisbord, 1934) ............................................... 74
Figura 36 - Rosadosoma riograndensis (Maury, 1925) ............................................. 74
Figura 37 - Caracteres gerais dos gastrópodos ........................................................ 80
Figura 38 - Hábitos desenvolvidos pelos gastrópodos predadores para capturar a
presa ...................................................................................................... 82
Figura 39 - Otostoma assuana e Pseudomesalia (Pseudomesalía) sp. .................... 86
Figura 40 - Família Turritellidae ................................................................................ 86
Figura 41 - Pyrazus rioassuanus .............................................................................. 93
Figura 42 - Cerithium mirimense e Monroea mossoroensis ...................................... 93
Figura 43 - Concha completa de Drepanocheilus sp. e Aporrhaidae sp. c ................ 93
Figura 44 - Aporrhaidae sp. b ................................................................................... 98
Figura 45 - Aporrhais baixaleitensis; Aporrhais sp.; Aporrhaidae sp. d ..................... 98
Figura 46 - Pterocerella ? mossorosensis ................................................................. 98
Figura 47 - Fósseis de Tudicla (Pyropsis) sp. e Cylíchna delícia .............................. 102
xviii
Figura 48 - Molde internos de gastrópodos não identificados ................................... 102
Figura 49 - Tylostoma brasilianum. a) Molde interno deformado. b) Molde interno
não deformado ....................................................................................... 106
Figura 50 - Fósseis de ostreídeos e anomiídeos sobre moldes internos de
Tylostoma sp. ......................................................................................... 106
Figura 51 - Caracteres morfológicos das conchas do gênero Tylostoma .................. 106
Figura 52 - Características dos morfotipos atribuídos ao gênero Tylostoma ............. 107
Figura 53 - Tylostoma brasilianum ............................................................................ 109
Figura 54 - Tylostoma rochai .................................................................................... 111
Figura 55 - Holótipo de Tylostoma mauryae ............................................................. 111
Figura 56 - Características morfológicas das conchas dos nerineóideos .................. 114
Figura 57 - Chave de classificação de Nerineidae sensu latu ................................... 115
Figura 58 - Principais características das espécies de Nerineidae na Formação
Jandaíra ................................................................................................. 117
Figura 59 - a) Diozoptyxis baixado/eitensis; b) Nerinea (Ptygmatis) riograndensis;
c) Diozoptyxis bip/icata; d) Diozoptyxis sp. ..............................................119
Figura 60 - Nerinea coutinhoi; Nerinea sp. a .............................................................. 119
Figura 61 - Nerinea brasiliana ................................................................................... 121
Figura 62 - Plesioptygmatis mossoroensis; P. rosadoi; P. upanemensis;
Plesioptygmatis sp. a ............................................................................... 125
Figura 63 - Caracteres morfológicos das conchas do gênero Trochactaeon ............. 129
Figura 64 - Esquema das espécies de Trochactaeon da Formação Jandaíra . .......... 129
Figura 65 - Trochactaeon burkhardti .......................................................................... 132
Figura 66 - Fósseis da Bacia do Cabo ...................................................................... 132
Figura 67 - Trochactaeon elongatus ......................................................................... 133
Figura 68 - Trochactaeon silvai ................................................................................. 133
Figura 69 - Trochactaeon sp. a ................................................................................. 133
Figura 70 - Seqüência estratigráfica da Formação Jandaíra ..................................... 143
Figura 71 - Áreas de ocorrência das associações fossilíferas da Formação
Jandaíra ................................................................................................... 144
Figura 72 - Domínio Tetiano durante o Cretáceo Superior, O Megatethys ................ 149
Figura 73 - Organização das localidades fossilíferas por área .................................. 166
xix
INDICE DOS QUADROS
Quadro 1 - Etapas da evolução das bacias do Nordeste durante o Cretáceo,
com as respectivas formações da Bacia Potiguar .................................... 12
Quadro 2 - Espécies de biválvios que ocorrem na Formação Jandaíra .................... 53
Quadro 3 - Espécies de cefalópodos que ocorrem na Formação Jandaíra ............... 70
Quadro 4 - Espécies de equinóides que ocorrem na Formação Jandaíra ................... 76
Quadro 5 - Relação das espécies de gastrópodos da Formação Jandaíra ............... 84
Quadro 6 - Famílias de gastrópodos que ocorrem na Formação Jandaíra ................ 147
1
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1 INTRODUÇÃO
O período Cretáceo foi um tempo de grandes transformações na história da Terra.
A abertura de novos oceanos em decorrência da fragmentação do Pangea possibilitou o
surgimento de muitos biótopos, favorecendo a expansão de diversas populações de
organismos marinhos. Ocorreram variações no nível do mar, modificações climáticas e
uma redistribuição das áreas marinhas e continentais, terminando por propiciar uma
intensa evolução biológica.
Essa movimentação das placas tectônicas ocasionou uma mudança nos padrões
de circulação oceânica, alterando as antigas rotas de migração dos organismos,
possibilitando o surgimento de uma fauna moderna, que colonizou os novos territórios.
Além dos gastrópodos, outros grupos como peixes teleósteos, crustáceos braquiúros e
cefalópodos coleóideos, passaram por modificações, que refletiam as mudanças que
estavam ocorrendo na litosfera.
Os depósitos marinhos cretáceos brasileiros possuem muitos elementos que
testemunham essa evolução. No que diz respeito aos invertebrados, os melhores
registros estão na região Nordeste, cujas bacias Potiguar, Sergipe-Alagoas e
Pernambuco-Paraíba são as mais representativas. Os moluscos e equinodermos que
ocorrem nessas bacias são característicos do Cretáceo Superior e apresentam
afinidades com representantes de outras faunas tropicais sincrônicas que viveram dentro
dos limites do Domínio Paleobiogeográfico Tetiano.
Na Formação Jandaíra da Bacia Potiguar, preservou-se uma rica e diversificada
associação fossilífera desse período. Gastrópodos, biválvios e equinóides são os
elementos mais abundantes, com grande diversidade de espécies. Os amonóides são
raros, mas os exemplares encontrados contribuíram de maneira eficaz para a datação
dos sedimentos. Estão presentes também conchostráceos, corais, icnofósseis, alguns
peixes e uma tartaruga, enquanto as algas calcárias informaram sobre as condições
ambientais reinantes durante a deposição dos sedimentos.
Os macrofósseis representados nos calcários aflorantes da Formação Jandaíra
são potencialmente capazes de serem utilizados para obtenção de informações
2
paleobiológicas e cronoestratigráficas. Já os microfósseis que ocorrem com maior
freqüência são foraminíferos bentônicos e ostrácodos, que não fornecem datação.
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos desta pesquisa foram o estudo da paleobiologia dos gastrópodos
preservados nos carbonatos da Formação Jandaíra, Cretáceo Superior da Bacia
Potiguar, a análise das associações fossilíferas e a identificação dos eventos biológicos
ocorridos.
3
2. MÉTODOS E MATERIAIS
 O desenvolvimento do projeto ocorreu em três fases: levantamento de dados,
análise e interpretação dos dados e síntese dos resultados.
 
2.1 MÉTODOS
2.1.1 Levantamento de dados
 Foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre a Geologia e Paleontologia da parte
emersa aflorante da Bacia Potiguar, com ênfase nos trabalhos publicados sobre a
Formação Jandaíra. Tinha como objetivo o conhecimento da evolução da bacia, desde a
deposição dos primeiros sedimentos cretáceos até os holocênicos. Foram identificados
os eventos geológicos mais significativos para compreensão das modificações ocorridas
a nível local, regional e global durante o Cretáceo. Essas informações estão reunidas no
capítulo três.
 Foram levantados também os mapas topográficos e geológicos da área de
ocorrência da Formação Jandaíra nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará para
utilização nos trabalhos de campo e na confecção de modelos explicativos.
 A partir desses levantamentos foram organizadas duas listagens com os fósseis
de invertebrados da Formação Jandaíra. A primeira, por localidade fossilífera, com a
relação das espécies que ocorrem em cada afloramento (ANEXO 1). Na segunda estão
listadas as espécies de moluscos e equinóides e as localidades onde eles ocorrem
(ANEXO 2).
 
Os trabalhos de campo e análises
 Três trabalhos de campo foram efetuados para reconhecimento da geologia
regional, observação e coleta de fósseis. Foram obtidas informações sobre os
afloramentos, a litologia, os aspectos tafonômicos e paleoecológicos, e ainda, foram
descritas duas seções geológicas. Algumas amostras coletadas foram encaminhadas
para análises de palinomorfos e nanofósseis, e sedimentológicas complementares,
visando possíveis reconstituições paleoambientais.
Os trabalhos de campo tiveram como objetivo o reconhecimento da geologia da
bacia e a coleta de material para estudo. São poucos os afloramentos na Chapada do
Apodi em que se podem coletar fósseis e fazer observações mais detalhadas. Os
4
calcários que a capeiam são muito duros e os melhores locais para estudo e coleta estão
em cortes de estradas e pedreiras ativas. Atualmente poucos fósseis são encontrados
nos afloramentos, de modo que grande parte do estudo sistemático só pôde se realizar
com material depositado nas coleções.
Na primeira viagem foram visitados oito afloramentos da Formação Jandaíra.
Parte das amostras coletadas foram entregues ao Prof. Dr. Rodolfo Dino, do Cenpes -
Petrobras, para análises palinológicas. Os resultados das análises foram negativos.
No segundo trabalho de campo outros três novos afloramentos foram visitados.
Procedeu-se a novas coletas, contando-se desta vez com a ajuda dos alunos do curso
de Geologia da UFRN. Nessas duas viagens o orientador da tese, professor Dr.
Narendra Kumar Srivastava, acompanhou o desenvolvimento dos trabalhos.
No terceiro trabalhode campo foram visitadas as pedreiras da região de Limoeiro,
na borda leste da bacia, no Estado do Ceará. As atividades foram orientadas pela
geóloga Vanessa Mamede Cavalcanti, do 10° distrito do DNPM, em Fortaleza, Ceará.
Lâminas de seis amostras de calcários desta pedreira foram examinadas e descritas pelo
Prof. Dr. Paulo Tibana, da Faculdade de Geologia da UERJ.
Onze amostras de pontos variados da formação foram analisados pela Profa. Dra.
Maria Dolores Wanderley, do Instituto de Geociências da UFRJ, para pesquisa de
nanofósseis. Os resultados dessas análises também foram negativos.
Os afloramentos visitados durante os trabalhos de campo estão localizados no
mapa da figura 1, onde cada afloramento recebeu uma sigla de acordo com a região em
que se encontra.
 
 2.1.2 Análise e interpretação dos dados
 Nessa segunda fase de desenvolvimento da pesquisa procedeu-se à análise das
informações obtidas a partir da bibliografia levantada e dos trabalhos de campo. Após o
exame dos dados, foram selecionados os elementos da fauna mais significativos para a
realização de estudos paleobiológicos, cronoestratigráficos e paleobiogeográficos.
Figura 1 - Localização dos principais afloramentos visitados (Modificado de S
& , 1994).
ANTOS
CASSAB
LI
6
 2.1.3 Síntese
 A terceira e última fase foi a da síntese dos resultados obtidos durante as
pesquisas com a integração dos dados paleobiológicos e estratigráficos e a redação final
do texto.
 
 2.2 MATERIAIS
 As coleções
 Toda a pesquisa foi desenvolvida com material fossilífero proveniente de coleções
de várias instituições, principalmente as do Museu de Ciências da Terra do DNPM, do
Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geologia do Centro de Tecnologia e
Geociências da UFPE e de coletas feitas durante os três trabalhos de campo realizados
na Bacia Potiguar nos anos de 1999, 2000 e 2001. Foram examinados ainda, os fósseis
do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional-UFRJ, do
Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFRJ, do Museu Câmara
Cascudo da UFRN e do Museu de Paleontologia da Escola Superior de Agronomia de
Mossoró.
 A Coleção de Invertebrados Fósseis do Museu de Ciências da Terra, do
DNPM/RJ é a mais representativa. Ali estão depositados exemplares coletados no início
do século 20, que hoje são locais inacessíveis, em margens de rios ou dentro do
perímetro urbano. As coleções foram organizadas entre 1909 e 1961, por Roderic
Crandall e L.P. Sigaud, em 1909, Luciano Jacques de Moraes, em 1923 e 1952, William
Kegel, em 1956, Llewellyn Ivor Price, em 1957, Rubens da Silva Santos e Lélia Duarte,
em 1961. É uma coleção com expressivo número de exemplares e contém os fósseis-
tipo utilizados por Carlota Joaquina Maury em sua monografia de 1925.
 Na coleção do Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geologia do
Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE estão depositados os fósseis utilizados por
Karl Beurlen em suas pesquisas sobre a geologia e paleontologia da Formação Jandaíra
(BEURLEN, 1961a; 1964a; 1967).
 
 Os mapas
 Os mapas que forneceram subsídios para este estudo foram:
∗ Mapa Geológico da Bacia Potiguar, elaborado pelo geólogo Fernando Parentes
Fortes, da Petrobrás, escala 1:100.000. São 17 folhas abrangendo toda a parte
emersa da bacia, cuja base utilizada para confecção foi a 1a. edição dos mapas
7
topográficos feitos por Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul, em 1971 (Não
publicado).
∗ Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo Folha Jaguaribe (SA-24) e Folha Fortaleza
(SB-24) (BRASIL, 1974).
∗ Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Norte, com escala 1:500.000 (BRASIL,
1998).
2.3 SIGLA DAS INSTITUIÇÕES
 AMNH American Museum of Natural History
 DGM Divisão de Geologia e Mineralogia do DNPM
 DNPM/RJ Departamento Nacional da Produção Mineral / Rio de Janeiro
 DG – CTG Departamento de Geologia do Centro de Tecnologia e Geociências
 MCTer Museu de Ciências da Terra do DNPM/RJ
 MCT Museu de Ciências da Terra (sigla utilizada para identificação dos
fósseis da coleção)
 MN-UFRJ Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro
 UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
 UFPE Universidade Federal de Pernambuco
 UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
 UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
 USNM United State National Museum
8
3. GEOLOGIA DA BACIA POTIGUAR
A Bacia Potiguar localiza-se na interseção da Margem Continental Equatorial com
a Margem Continental Leste Brasileira, ocupando a metade setentrional do Rio Grande do
Norte e a região nordeste do Ceará. Sua área total está estimada em 60.000 km2, dos
quais 21.000 km2 estão na parte emersa (Figura 2).
É uma bacia de rifte, formada a partir do Neojurássico, durante a separação das
placas sul-americana e africana. Sua origem está ligada à formação do Oceano Atlântico
Sul e está relacionada a uma série de bacias neocomianas, intracontinentais, que
compõem o Sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro, segundo MATOS (1992).
Na Bacia Potiguar já foram perfurados 4.200 poços e realizadas aproximadamente
115.000 km de seções sísmicas de reflexão, pela Petrobras, visando a prospecção de
hidrocarbonetos. Da interpretação destes dados obteve-se a definição da litoestratigrafia
da bacia, possibilitando o reconhecimento da evolução e o modelo deposicional das
diversas formações.
3.1 EVOLUÇÃO DAS BACIAS DO NORDESTE
A Província Tectônica Borborema forma o embasamento da região Nordeste do
Brasil. Subdivide-se em pequenas unidades tectônicas, constituídas por faixas de rochas
de naturezas variadas, separadas entre si por falhas e lineamentos estruturais.
O Sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro, descrito por MATOS (1992), é
composto de várias bacias sedimentares mesozóicas, ilustradas na figura 3. Estas bacias
tiveram a mesma evolução estratigráfica e sedimentológica durante o Cretáceo. O padrão
evolutivo geral dessas bacias é o resultado do estiramento da litosfera associado à
subsidência em dois estágios: rifteamento mecânico seguido de contração térmica. Na
figura 3, estão as principais características geológicas da Província Borborema com os
maciços, as faixas de dobramentos pré-cambrianos, as bacias de riftes neocomianos, de
riftes aptianos e os sedimentos do Cretáceo Superior e Terciário.
Na Bacia Potiguar, os resultados acima foram amplificados pelo empilhamento
flexural dos sedimentos. O clima, as flutuações eustáticas e o suprimento sedimentar
foram outros fatores que também tiveram influência nos diferentes estágios de
desenvolvimento das megasseqüências estratigráficas (CASTRO, 1990).
Figura 2 - Mapa geológico da Bacia Potiguar, parte emersa (Modificado de S , 1994).ANTOS et al.
Figura 3 - Bacias que compõem o Sistema de Riftes do Nordeste Brasileiro
(Modificado de M ,1992). - Ceará. - Potiguar. - Iguatu. - Sousa. -
Araripe. - Recôncavo. - Tucano. - Jatobá. - Sergipe-Alagoas. -
Pernambuco-Paraíba. -Jacuípe. - Cabo.
ATOS C P I S A
R T J SA PP
Ja Ca
Ca
11
Em linhas gerais toda a sedimentação mesozóica pré-aptiana é de origem
continental; os ambientes francamente marinhos instalaram-se somente a partir do
Albiano. O quadro 1 apresenta resumidamente as principais etapas da evolução
ocorrida com as bacias marginais e intracratônicas do Nordeste durante o Cretáceo. Ela
está baseada nos trabalhos de CHANG et al. (1988) e CASTRO (1990). Três
megasseqüências sedimentares caracterizam essa evolução: uma fase continental,
seguida de uma transicional e por fim uma fase marinha, com a formação de uma
plataforma carbonática, com eventos transgressivose regressivos. Foram relacionadas
apenas as formações da Bacia Potiguar.
3.1.1 Megasseqüência continental
Está associada à fase rifte e envolve espessa sedimentação flúvio-eólica, deltaica,
lacustre rasa e lacustre profunda. Formou-se a partir do Neojurássico estendendo-se até
o Neocomiano. CHANG et al. (1988) identificaram três etapas tectônicas nesta
megasseqüência, denominando-as de sin-rifte I, II e III. PONTE & APPI (1990) separam em
duas fase, pré-rifte e rifte.
a. Fase pré-rifte / sin-rifte I
Segundo LIMA FILHO et al. (1999), durante o estágio tafrogênico sin-rifte I (pré-
rifte), a crosta sofreu um processo de arqueamento na parte central da Província da
Borborema e subsidência nas áreas periféricas originando duas depressões isoladas,
paralelas, que seriam a Afro-Brasileira e Araripe-Potiguar (Figura 4).
Desta fase resultaram sedimentos terrígenos, avermelhados, provenientes de
ambientes aluviais ou lacustres, que já foram reconhecidos nas bacias do Recôncavo,
Tucano, Jatobá, Araripe, Sergipe e Alagoas. A idade é atribuída ao Andar Dom João
(Portlandiano, Jurássico Superior). Não há registros desta fase na Bacia Potiguar.
b. Fase sin-rifte II
Nesta etapa ocorreu o estiramento da crosta provocando a formação de riftes com
grabens assimétricos, preenchidos inicialmente por depósitos gravitacionais de lago
profundo e depois por lobos deltaicos progradantes (Figura 5).
Esta fase teria ocorrido durante os andares Rio da Serra a Aratu, cuja idade
corresponde ao Berriasiano-Hauteriviano. Na Bacia Potiguar estão representados pelos
Quadro 1 - Etapas da evolução das bacias do Nordeste durante o Cretácio, com as respectivas formações da Bacia Potiguar.
Figura 5 - Ambiente deposicional da fase sin-rifte II - Formação
Pendência (Segundo B , 1990).ERTANI et al.
Figura 4 - Fase sin-rifte I. Formação do Domo Borborema e das
depressões Afro-Brasileira e Araripe-Potiguar na Província
Borborema. (Segundo L F , 1999).IMA ILHO et al.
14
sedimentos da Formação Pendência e constituem-se em rochas geradoras e bons
reservatórios de petróleo (BERTANI et al., 1990).
c. Fase sin-rifte III
Representa a colmatação final do lago por sedimentos deltaicos e aluviais. A idade
é Buracica-Jiquiá, correspondente ao Barremiano. Na Bacia Potiguar, os sedimentos
desta fase preservaram-se na Formação Pendência, mas somente na parte submersa da
bacia (BERTANI et al., 1990).
3.1.2 Megasseqüência transicional
Esta megasseqüência está limitada na base por uma discordância que
peneplanizou a topografia herdada do rifte continental. São depósitos terrígenos de leque
aluvial, lagos efêmeros ou fan-deltas lacustres na parte inferior, sucedidos pelo estágio
evaporítico na parte superior. Estes evaporitos estão presentes em todas as bacias da
margem leste (Figura 6). A idade é aptiana (Andar Alagoas) e está representada na Bacia
Potiguar pelos sedimentos da Formação Alagamar (BERTANI et al., 1990).
3.1.3 Megasseqüência marinha
Nesta fase se deu o desenvolvimento de extensas plataformas rasas de
sedimentação carbonática. Nas bacias da margem norte e nordeste, as condições salinas
eram normais e favoreceram o desenvolvimento de calcários bioclásticos e
bioconstruídos. Os depósitos terrígenos de retaguarda dos bancos carbonáticos estão
relacionados aos sistemas de fan-deltas, como na Bacia Sergipe-Alagoas ou flúvio-
estuarinos, como na Bacia Potiguar (Figura 7).
Esta megasseqüência marinha apresenta fases transgressivas e regressivas. A
primeira fase está representada na Bacia Potiguar pelos sedimentos das formações Açu,
Jandaíra e Quebradas. A fase regressiva é representada por parte da Formação Jandaíra
e pelas formações Tibau e Guamaré (BERTANI et al., 1990).
3.2 EVOLUÇÃO DA BACIA POTIGUAR
O primeiro pulso tectônico que culminou com a formação do rifte Potiguar ocorreu
durante o Titoniano. Os inúmeros diques alojados nas fraturas E-W (extensão N-S
Figura 6 - Ambiente deposicional da megasseqüência transicional -
Formação Alagamar. (Segundo B , 1990).ERTANI et al.
Figura 7 - Ambiente deposicional da megasseqüência marinha. (A)
Unidade transgressiva (B) Unidade regressiva. (Segundo B
, 1990).
ERTANI et
al.
Fm.
16
contemporânea), datam do período 150-120 Ma e fazem parte do Magmatismo Rio
Ceará-Mirim (BRASIL, 1998).
3.2.1 Rifte Potiguar
O arcabouço estrutural do rifte Potiguar é bem definido para a porção emersa da
bacia. A parte submersa não apresenta o mesmo detalhamento, embora a continuidade
dos elementos estruturais entre as duas partes já tenha sido constatada. Na porção
emersa, o rifte alinha-se segundo a direção ENE-WSW formando grabens assimétricos,
limitados à sudeste por falhas que ultrapassam 5.000 m de rejeito e por flexuras na borda
oposta. São os grabens de Apodi, Umbuzeiro, Boa Vista, Pendências e Guamaré,
separados por cristas alongadas de embasamento, dispostas paralelamente à direção do
eixo principal do rifte, denominados de altos internos. Estas feições estruturais estão
ilustradas na figura 8, onde também estão representados o alto de Quixabá, Canudos,
Macau, Serra do Carmo e Mossoró. Margeando os lados do rifte ocorrem duas
plataformas rasas do embasamento: a de Aracati, à oeste e a de Touros, à leste
(CREMONINI et al., 1996).
O rifte Potiguar formou-se com uma ruptura em rochas do embasamento cristalino
pré-cambriano, pertencentes à Província Borborema. A formação inicia-se no
Neocomiano durante a reativação tectônica desta província, ocasionada pela separação
das placas sul-americana e africana.
Vários modelos tectônicos têm sido propostos para a formação deste rifte. Existe
uma grande controvérsia entre os autores sobre a orientação dos esforços e os
mecanismos que atuaram na época de sua geração. No trabalho sobre as implicações
tectônicas deste rifte, CREMONINI et al. (1996) corroboraram o modelo proposto por
MATOS (1992), descrito a seguir.
A evolução do rifte ocorreu em duas fases. A primeira foi responsável pela
formação da bacia e estaria associada ao seu preenchimento mais expressivo, que
ocorreu entre o Eoberriasiano e o Eobarremiano (andares Rio da Serra e Aratu). Esta
fase, denominada de sin-rifte II, originou-se de esforços distensivos máximos de direção
WNW-ESSE, segundo modelo proposto por FRANÇOLIN & SZATMARI (1987).
A segunda ocorreu do Neobarremiano ao Eoaptiano (andares Buracica e Jiquiá),
através de uma nova fase de rifteamento, denominada de sin-rifte III. Foi causada por
Figura 8 - Arcabouço estrutural da Bacia Potiguar (Segundo C , 1996).REMONINI et al.
G .
B O
A
V I S
T A
G. MESSEJANA
G. JACAÚNA
BAIXO
DE ARACATI
G. APODI
G .
B O
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Ó
A .
C A
N U
D O
S
F. BAIXA GRANDE
PLATAFORMA
DE
ARACATI
PLATAFORMA
DE
TOUROS
0 25 km
G. FORTALEZA
Rifte Rio da Serra-Aratu
Horst
Rifte Buracica-Jiquiá-
Alagoas Inferior
Rifte Buracica-Jiquiá-
Alagoas Inferior
sobreposto ao
Rifte Rio da Serra-Aratu
18
esforços distensivos máximos segundo a direção aproximada E-W, com ruptura
principalmente na porção submersa da bacia (Figura 8).
3.2.2 Estratigrafia da Bacia Potiguar em sua parte emersa
ARARIPE & FEIJÓ (1994a), dividiram a estratigrafia da Bacia Potiguar, em três
grupos: Areia Branca, constituído pelas formações Pendência e Alagamar; Apodi, com as
formações Açu, Quebradas e Jandaíra e o terceiro, Grupo Agulha, reunindo as formações
Ubarana,Guamaré e Tibau. No Mapa Geológico do Estado do Rio Grande do Norte
(BRASIL, 1998), foram utilizados apenas os grupos Areia Branca e Apodi e introduzido o
Grupo Barreiras, uma vez que só trata da área da bacia localizada na parte emersa. Sua
coluna cronoestratigráfica está ilustrada na figura 9, onde a ocorrência da Formação
Jandaíra foi ampliada até o Campaniano Superior, devido à ocorrência de cefalópodos
característicos desse época, estudados por OLIVEIRA (1957).
!!!! FORMAÇÕES CRETÁCEAS
a. Formação Pendência
A idade absoluta do rifteamento foi calculada em 140 Ma (Berriasiano). Os
sedimentos mais antigos depositados no rifte estão associados à parte basal desta
formação e foram datados pela presença de pólens característicos do andar Rio da Serra.
Em sua maior parte está em subsuperfície, só aflorando ao sul da bacia. Estes
sedimentos constituem-se de rochas vulcanoclásticas contemporâneas a rochas
siliciclásticas, passando a arenitos finos, argilosos, intercalados com siltitos e folhelhos
ricos em matéria orgânica. Estes sedimentos foram depositados em ambiente lacustre
associado a deltas progradantes e planícies aluviais (DELLA FÁVERA, 2001).
Essa unidade chega a alcançar 5.000 m junto à falha de Carnaubais. O modelo
deposicional proposto para as seqüências da Formação Pendência, baseia-se no obtido
para os lagos do sistema de riftes da África Oriental. BRASIL (1998), registra pela primeira
vez a ocorrência da formação em superfície, ao sul da Bacia Potiguar.
b. Formação Alagamar
Constitui-se de arenitos finos a grossos, intercalados com folhelhos lagunares
ricos em matéria orgânica, depositados em ambiente transicional. Também ocorrem
Figura 9 - Coluna cronoestratigráfica da Bacia Potiguar, parte emersa.
(Modificada de B , 1998).RASIL
20
camadas de carbonatos fossilíferos, depositados sob influência marinha restrita. Ocorre
somente em subsuperfície (BRASIL, 1998).
c. Formação Açu
São camadas espessas de arenitos finos a grossos, esbranquiçados, intercalados
com folhelhos, argilitos e siltitos, especialmente em direção ao topo. Foram identificados
sedimentos provenientes de leques aluviais e de sistemas fluviais entrelaçados e
meandrantes e ainda uma transgressão estuarina.
As datações com palinomorfos apontam uma idade albiana-cenomaniana para
estes estratos, mas na parte emersa devem atingir também o Eoturoniano (SOUZA, 1982).
d. Formação Quebradas
Outra unidade de subsuperfície, constituída por um folhelho síltico-arenoso, com
finas camadas de carbonatos. Ocorre na faixa norte da Bacia Potiguar e grada
lateralmente para o nível superior da Formação Açu (BRASIL, 1998).
e. Formação Jandaíra
Seção carbonática, sobreposta concordantemente aos arenitos da Formação Açu.
Pelo seu conteúdo fossilífero é datada do Turoniano ao Eocampaniano. É composta por
calcarenitos e calcilutitos bioclásticos, cujas cores variam do cinza claro ao amarelado,
com um nível evaporítico na base.
A ocorrência de foraminíferos bentônicos, de algas verdes, a presença de marcas
de raízes e gretas de contração são características que apontam para um ambiente de
planície de maré, embora em alguns locais predominasse uma plataforma rasa (ARARIPE
& FEIJÓ, 1994a).
!!!! FORMAÇÕES PÓS-CRETÁCEAS
Um contínuo basculamento regional ocorreu no decorrer do Terciário, em
conseqüência da subsidência da bacia causada pelo resfriamento térmico da litosfera e
da carga litostática das seqüências marinhas. Neste tempo depositaram-se os arenitos
continentais da Formação Serra do Martins, que são associados a sistemas fluviais, de
idade eocênica.
21
Acima destas rochas estão os sedimentos do Grupo Barreiras que ocorrem
interdigitados com a Formação Tibau. A primeira associada a sistemas fluviais e a
segunda a leques aluviais costeiros. A Formação Tibau, por sua vez, apresenta-se
interdigitada com a Formação Guamaré, de subsuperfície, composta de calcarenitos
bioclásticos depositados em ambientes de plataforma e talude.
Os sedimentos quaternários ocorrem sob a forma de paleodunas e
paleocascalheiros, datados do Pleistoceno. Do Holoceno são os depósitos de aluvião
associados aos sistemas fluviais atuais e depósitos de planícies e canais de maré, lagoas
e praias. Estas apresentam dunas móveis, arenitos e conglomerados com cimento
carbonático, formando cordões de beach rocks (BRASIL, 1998).
22
4. FORMAÇÃO JANDAÍRA
A Formação Jandaíra é uma seqüência de sedimentação carbonática, de idade
eoturoniana-eocampaniana, que se caracteriza pela predominância de carbonatos
marinhos, de águas rasas e agitadas, tanto em superfície como em subsuperfície. A área
de ocorrência da formação está ilustrada na figura 10 (TIBANA & TERRA, 1981).
4.1 ESPESSURA E DISTRIBUIÇÃO
Em superfície, os afloramentos se estendem na direção W-E, por quase toda a
Chapada do Apodi, com exceção da zona litorânea, onde são cobertos por sedimentos
terciários e por aluviões e dunas quaternárias. Em subsuperfície, vão desde a parte
emersa da bacia até a plataforma continental. A maior espessura desta unidade é
estimada em 600 m e as menores estão localizadas nos extremos leste e oeste da bacia,
como ilustra o mapa de isópacas da figura 11 (TIBANA & TERRA, 1981; SOUZA, 1982).
4.2 CONTATO ENTRE AS FORMAÇÕES AÇU E JANDAÍRA
A entrada do mar na bacia é marcada pela presença de um arenito calcífero,
considerado estratigraficamente como a parte superior da Formação Açu. Representa a
transição entre os arenitos da Formação Açu e os calcários da Formação Jandaíra. Sua
espessura varia muito dependendo do ponto da bacia, podendo apresentar 30 m nas
proximidades da cidade de Upanema ou ser muito reduzido, como na região de Apodi.
O contato entre as formações Jandaíra e Açu pode ser observado nos
afloramentos localizados nos cortes de estradas de rodagem, nos limites meridionais da
bacia. As figuras 12 e 13 mostram esse contato. A ocorrência de camadas de folhelhos
intercaladas com os primeiros sedimentos calcários é também uma característica dessa
fase de transição, como ilustra a figura 13.
4.3 LITOLOGIA
Na área localizada entre o limite ocidental da Formação Jandaíra até o rio Açu,
predominam calcários creme-claros, com textura detrítica, variando de calcarenítica a
oolítica, tanto em afloramento como em poço. Ocorrem também calcários
microcristalinos, às vezes nodulosos ou coquinoidais, com bancos fossilíferos, podendo
Figura 11 Mapa de isópacas da Formação Jandaíra (S , 1982).- OUZA
BACIA POTIGUAR
ISÓPACAS
TOUROS
NATAL
AÇU
MACAU
ARACATI
575 650 750 850 950 km
9350
9400
9500
km
9600
200
600
200
200
400
400
0
0
?
?
?
?
?
??
?
FM. JANDAÍRA
IC = 200m
CONVENÇÕES
POÇO
EMBASAMENTO
0 40 km
Figura 10 Extensão da transgressão do Turoniano-Campaniano na
Bacia Potiguar (Modificado de T & T , 1981).
-
IBANA ERRA
ÁREAS DE OCORRÊNCIA DAS SEQÜÊNCIAS CARBONÁTICAS DA BACIA POTIGUAR
BRASIL
MAPA DE SITUAÇÃO
0 10 20 km
NATAL
TOUROS
4º
5º
AÇU
APODI
MOSSORÓ
ARACATI
38º 37º 36º 35º
MACALI
S. BENTO
DO NORTE
SEQÜÊNCIA TURONIANA /
CAMPANIANA
Figura 12 Contato entre os arenitos da formação Açu e os calcários da
Formação Jandaíra na borda sudoeste da Chapada do Apodi (GD-03).
-
Figura 13 Camadas de folhelhos intercalados com calcário micrítico, próximas
do contato com a Formação Açu (UP-01).
-
25
apresentar intercalações de folhelho preto e carbonoso. Arenitos cinzentos, argilosos,
calcíferos, contendo abundantes fragmentos de conchas de moluscos, são encontrados
na área a leste do rio Açu. Uma fácies dolomítica pode ser observada nos calcários que
afloram na parte central da bacia, na área situada entre o rio Açu e um pouco além da
margem leste do rio Amargoso. Essamesma fácies ocorre abaixo dos sedimentos
cenozóicos, na região próxima à cidade de Macau (SAMPAIO & SCHALLER, 1968).
Ao norte da cidade de Upanema, logo após o topo da cuesta que limita a Chapada
do Apodi, ocorrem bancos calcários com foraminíferos miliolídeos, principalmente
Quinqueloculina, intercalados com calcários compactos, muito recristalizados e espessos.
Os calcários variam de branco ou amarelo até acinzentado. A estratificação não é distinta,
podendo apresentar-se em alguns locais como lajeada ou nodulosa. Tratam-se de
calcários detríticos, onde a presença dos miliolídeos indicam águas quentes e pequenas
profundidades. A presença de calcários oolíticos aponta para uma fácies de águas mais
agitadas, mas esse tipo de calcário é raro na formação (BEURLEN, 1967).
Na região de Soledade, próximo à cidade de Apodi, a análise dos calcários revelou
baixo teor de dolomita e ausência de argila e areia. Essa última característica poderia
indicar que a área próxima ao litoral era plana, sem relevo acidentado ou então
predominava um clima semi-árido, impossibilitando a formação de grandes rios
transportadores de materiais provenientes do intemperismo continental (BEURLEN, 1967).
O calcário dessa região apresenta-se com superfícies de carstificação, como mostra a
figura 14, na localidade de Lajedo da Soledade (AP-01).
4.4 IDADE
MAURY (1925, 1934a), datou os fósseis no Turoniano, após comparar o material
estudado com o de outras faunas sincrônicas da Venezuela, Colômbia e México.
KEGEL (1957) dividiu a Formação Jandaíra em três partes, uma parte inferior, que
teria a idade Turoniano-Coniaciano, uma parte média, datada no Santoniano-Campaniano
e uma parte superior, que considerou como Maastrichtiano.
BEURLEN (1961a, 1964a, 1967) subdividiu a Formação Jandaíra, denominando a
parte inferior de “Formação Sebastianópolis”, de idade turoniana e a parte superior, de
“Formação Jandaíra”, com sedimentos do Campaniano-Maastrichtiano. Considerou a
ocorrência de duas transgressões, uma no Turoniano e outra no Campaniano-Maastrichtiano,
26
com um hiato entre elas, correspondendo à fase regressiva. Restringiu a primeira à
Chapada do Apodi, do vale do rio Açu para oeste, até os seus limites ocidentais no
Ceará, mas ausente à leste de Macau e a transgressão do Campaniano-Maastrichtiano
teria ocorrido pela parte oriental, da faixa litorânea do Rio Grande do Norte até as
proximidades de Natal.
As idades atribuídas pelos autores acima foram baseadas em macrofósseis.
Somente SAMPAIO & SCHALLER (1968) utilizaram-se de microfósseis para fazer uma
datação dos sedimentos da parte emersa da Formação Jandaíra. Segundo eles, a idade
estaria entre o intervalo de tempo Turoniano-Santoniano, devido à ocorrência associada
do foraminífero Syphogenerinoides cf. dentata Chenouad, de Klasz & Meijer e do
ostrácodo Brachycythere (Brachycythere) sapucariensis Krömmelbein, cuja amplitude
conjunta vai do Turoniano ao Santoniano.
TIBANA & TERRA (1981) dataram a seqüência carbonática que compreende a
Formação Jandaíra no Turoniano-Maastrichtiano. SOUZA (1982), considerou como mais
provável o intervalo Turoniano-Campaniano inferior, em virtude do Maastrichtiano
pertencer a uma seqüência sismoestratigráfica superior, em relação àquela concernente
à Formação Jandaíra.
Neste trabalho, os sedimentos da parte aflorante da Formação Jandaíra foram
datados como tendo sido depositados durante o intervalo Turoniano inferior -Campaniano
superior.
4.5 AMBIENTE DE SEDIMENTAÇÃO
Na parte emersa da bacia predominam as fácies de laguna e de planície de maré,
caracterizadas por calcarenitos com bioclastos de moluscos, algas verdes, briozoários e
equinóides, calcarenitos com miliolídeos, calcilutitos bioclásticos e calcilutitos com
birdseyes. Apenas em uma faixa estreita foi encontrada fácies de plataforma rasa aberta,
caracterizada pela presença de algas vermelhas (TIBANA & TERRA, 1981; SOUZA, 1982).
CORDOBA et al. (1996) estudaram os carbonatos da borda sudoeste da bacia, na
região próxima à cidade de Apodi. Estabeleceram um modelo deposicional de um sistema
de planície de maré integrando as zonas de supra-, inter- e inframaré, em uma
paleofisiografia de baía (Figura 15). Segundo os autores, as relações faciológicas e a
baixa diversidade biótica indicam que houve condições de restrição à vida marinha na
BARRAS DE MARÉ DEPÓSITOS DE FUNDO DE
LAGUNA
DEPÓSITOS DE SUPRA
A INTERMARÉ
Figura 14 - Superfícies de carstificação, na localidade de Lajedo da
Soledade (AP-01).
Figura 15 - Modelo de paleofisiografia de baía, segundo C
(1996).
ORDOBA et al.
28
área estudada. Identificaram cinco fácies deposicionais nos carbonatos, sendo três
atribuídas à sedimentação em barras de maré, uma em fácies de planície de maré e uma
em laguna.
Na fácies de planície de maré identificada na localidade AÇ-01 (Figura 16), podem
ser observadas delgadas camadas de calcários com birdseyes alternados com margas,
demonstrando as oscilações do nível do mar no início da fase transgressiva. No
afloramento UP-02, da mesma fácies (Figura 17), encontram-se uma espessa camada de
margas intensamente bioturbadas.
O afloramento MO-03, nos arredores da cidade de Mossoró, também exemplifica a
fácies de planície de maré. Apresenta uma seqüência de calcários biomicríticos, margas e
calcários bioesparitos. Há um banco de ostreídeos preservado in situ, gastrópodos de
grande porte, biválvios fossilizados com as conchas fechadas e duas espécies de
equinóides. Ao lado do banco de ostras registrou-se a presença de uma camada de
caliche, que são crostas calcárias formadas por dissolução e reprecipitação do CaCO3. A
formação do caliche ocorre quando uma superfície fica exposta durante um longo tempo,
em regiões de clima árido e semi-árido, onde os sedimentos sofrem exposição subaérea.
Na figura 18 estão a foto e um esboço do perfil deste afloramento.
A fácies de planície de maré foi observada também na pedreira da Fábrica de
Cimento Nassau, a 7 km do centro de Mossoró (afloramento MO-02). Na figura 19 estão
os carbonatos com estruturas sigmóides, na figura 20 os calcários margosos atribuídos à
planície de maré e na figura 21, bioturbações encontradas no topo da seqüência.
A fácies de laguna ocorre na localidade LI-01, na região de Limoeiro, Ceará, lado
ocidental da bacia. A foto da figura 22 mostra a frente de extração de calcários para
fabricação de cimento e nas figuras 23 e 24, as camadas do topo da formação. Um perfil
deste afloramento é apresentado na figura 25, com a posição das lâminas que foram
examinadas.
A análise das lâminas do perfil da pedreira LI-01 revelou:
Lâmina 02 – Foraminíferos miliolídeos (interior da plataforma) e textulariídeos; presença
de ostrácodos; lama micrítica, com processo de dolomitização incipiente, com muita
matriz; baixa energia.
Lâmina 01 – Calcários com miliolídeos, dentro e fora dos oncólitos, estruturas algálicas;
gastrópodos; sedimentação precoce; ambiente marinho raso, lagunar; mais energia que o
anterior.
Figura 16 - Fácies de planície de maré. Borda sudoeste da Bacia Potiguar
(AÇ-01). Calcários com intercalados com margas.birdseyes
Figura 17 - argas intensamente bioturbadas (UP-02).M
Bioesparito Equinóides
Caliche Inoceramídeo
Margas com ostreídeos Gastrópodos
Biomicrito Biválvios
Figura 18 Fácies de planície de maré (MO-03).-
Figura 19 - Pedreira da fábrica de cimento Nassau (MO - 02).
Carbonatos com estruturas sigmóides, da fácies de planície
de maré.
Figura 20 - Calcários margosos da fácies de
planície de maré (MO-02).
Figura 21 - Bioturbações encontradas no topo da mesma
seqüência (MO-02).
Figura 22 - Fácies de laguna. Pedreira Carbomil, município de Limoeiro, Ceará
(LI-01)
Figura 23 - Camadas da parte superior dapedreira (LI-01), onde ocorrem
bioturbações, grãos de ferro e sílex.
Figura 24 - Detalhe dessas bioturbações da parte superior da pedreira
(LI-01).
Figura 25 - Perfil da localidade LI-01.
estilólitos gastrópodos
níveis de argila bioturbações
solo de massapê
grãos de calcita (Lâmina 05)
pelotas de ferro, sílex (Lâmina 04)
bioturbações com preenchimento de argila
sedimento grosso a conglomerado
calcilutito a calcisiltito, maciço
acamamento de 20 cm, intercalados com níveis milimétricos de argila
fósseis muito recristalizados ( e )Nerinea Trochacteon
Calcirrudito (Lâmina 03)
tempestito e ondulações cruzadas (Lâmina 01)
calcarenito
calcilutitos a calcisiltitos, maciços (Lâmina 02)
LI-01
0,25 m
35
Lâmina 03 – Foraminíferos textulariídeos em maior quantidade do que os miliolídeos;
microgastrópodos; calcirrudito muito bioturbado com matriz e cimento; intraclastos e
rudáceos.
Lâmina 04 – Lamito bioturbado, dismicrito ?, com menos miliolídeos e textulariídeos que
as anteriores; gastrópodos.
Lâmina 05 – Dismicrito com miliolídeos; raros ostrácodos; laguna muito rasa;
ressecamento da bacia.
36
 
 
 5. HISTÓRICO DAS PESQUISAS PALEONTOLÓGICAS NA FORMAÇÃO
JANDAÍRA
 
 A menção mais antiga aos fósseis do Rio Grande do Norte foi feita por Frederico
Burlamaqui, em 1855, quando assinalou a ocorrência de três conchas fósseis coletadas
na Chapada do Apodi, pelo médico francês Jacques Brunet. Esse médico viajou pelo
interior das “províncias” da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará em viagem de
estudos organizada pelo governo da Paraíba e trouxe uma coleção de fósseis, entre os
quais, estavam as três conchas citadas. Em seu trabalho, F. Burlamaqui diz que
examinou o material e destacou que aqueles seriam os primeiros moluscos fósseis
brasileiros a fazer parte da coleção do Museu Nacional (MORAES, 1953).
 As rochas calcárias da Bacia Potiguar foram descobertas em 1886, por João
Martins da Silva Coutinho, naturalista do Museu Nacional do Rio de Janeiro, durante sua
participação em uma expedição ao “Vale do Rio Mossoró”, na “Província do Rio Grande
do Norte” (MORAES, 1953).
 A primeira citação sobre a presença de rochas cretáceas no Rio Grande do
Norte foi feita na Monografia 1, de 1887, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Neste
trabalho, Charles Abiatar White, paleontólogo norte-americano, publicou os resultados
de suas pesquisas sobre os fósseis “cretáceos” da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Pará.
Destacamos o texto abaixo da página 10 da monografia, que mostra as previsões sobre
a provável ocorrência de rochas cretáceas no Rio Grande do Norte.
 “No longo trecho da costa entre a localidade do Rio Piabas (sic) e o cotovelo
setentrional do continente, no Cabo de São Roque, nenhuma rocha cretácea é
definitivamente conhecida, mas é provável que elas apareçam aí”.
 Orville Adelbert Derby, que na época era diretor da Seção de Mineralogia e
Geologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, foi o editor desta monografia de White e
aproveitou a oportunidade para divulgar a descoberta das rochas cretáceas previstas
pelo autor. Na mesma página, em nota de rodapé, ele publicou o seguinte texto:
 “Esta suposição foi confirmada em 1886 pela descoberta do Dr. Silva Coutinho
de uma bacia cretácea na Província do Rio Grande do Norte no Vale do Rio Mossoró”.
 
 
37
 Hermann von Ihering, era diretor do Museu de São Paulo quando recebeu um
molde interno de um grande gastrópodo proveniente da região de Mossoró. O fóssil lhe
foi enviado pelo naturalista Francisco Dias da Rocha, proprietário do “Museu Rocha”, em
Fortaleza, no Ceará. Denominou a nova espécie de Tylostoma rochai em homenagem
ao naturalista cearense, descrevendo formalmente o primeiro fóssil da Formação
Jandaíra (MORAES, 1953).
 Roderic Crandall e Horace E. Williams, geólogos norte-americanos, vieram ao
Brasil a serviço da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas e realizaram uma
viagem, em 1909, para reconhecimento geológico no Estado do Rio Grande do Norte.
Visitaram várias localidades e organizaram uma grande coleção de fósseis, que hoje se
encontra depositada no MCTer / DNPM. No relatório feito por CRANDALL (1910), está a
citação do encontro de rochas fossilíferas nos arredores de Mossoró, com uma fauna
exclusivamente marinha, onde predominavam gastrópodos e biválvios bem
característicos, aparentando ter idade cretácea. Constatou que eles eram diferentes dos
moluscos encontrados em outras bacias do Nordeste, como a do Araripe e de Sergipe-
Alagoas. Os fósseis foram estudados pela paleontológa Carlota Joaquina Maury, da
Universidade de Cornell.
 Em 1911, a Universidade de Stanford, na Califórnia, organizou a “Stanford
Expedition to Brazil” que tinha como principal objetivo a coleta de material zoológico nos
arredores da cidade de Natal. O geólogo Olaff Pitt Jenkins, integrante da expedição,
aproveitou a oportunidade para estudar a geologia da região. Ressaltou a ocorrência de
vários tipos de calcários, alguns com fósseis mal preservados, sob a forma de moldes
internos ou impressões. Identificou 11 espécies de moluscos, uma de crustáceo e
algumas folhas, que foram comparadas com as das palmeiras atuais. Entre as espécies
de gastrópodos estudadas, havia uma que foi considerada como sendo a mesma que
ocorria na Formação Maria Farinha, em Pernambuco, datada na época como eocênica,
o que levou o autor a datar os fósseis de Natal no Terciário Inferior. Uma parte da
coleção foi enviada para ser examinada pelo prof. Gilbert Harris, especialista em
moluscos fósseis da Universidade de Cornell. Após o estudo afirmou que com exceção
dos gastrópodos do gênero Nerinea, característicos do Cretáceo, os outros fósseis
identificados pertenciam a gêneros atuais. Mesmo assim, datou os fósseis como
eocênicos, levando em conta a presença da espécie que Jenkins julgava ser a mesma
que ocorria na Formação Maria Farinha (JENKINS, 1913).
 
38
 Em 1923, Luciano Jacques de Moraes, realizou estudos geológicos na costa do
Rio Grande do Norte e registrou a ocorrência de fósseis de biválvios e gastrópodos nas
camadas calcárias encontradas na base do penhasco da Ponta da Gameleira, ao norte
de Natal. Nesta expedição foram organizadas duas coleções, uma enviada ao Serviço
Geológico e Mineralógico do Brasil, no Rio de Janeiro e outra enviada aos Estados
Unidos, mas ambas se extraviaram (MORAES, 1945).
 As associações fossilíferas da Formação Jandaíra tornaram-se conhecidas
somente a partir dos trabalhos de Carlota Joaquina Maury (MAURY, 1925, 1934a e b). O
trabalho de 1925 foi feito com exemplares das coleções organizadas anteriormente por
Roderic Crandall, procedentes de diversas localidades da bacia. A autora ressaltou que
apesar das diferenças na composição das faunas, havia sempre um fóssil característico
do Cretáceo. Comparando o material estudado com o de outras faunas sincrônicas da
Venezuela, Colômbia e México, concluiu que os calcários deveriam ser datados no
Turoniano. Chamou a atenção para a ausência de espécies em comum com as outras
faunas cretáceas das bacias costeiras do Nordeste. Essa coleção faz parte do acervo
do Museu de Ciências da Terra / DNPM-RJ.
 Em 1934, C.J. Maury publicou um importante trabalho onde identificou 17
espécies de biválvios, 12 de gastrópodos e sete de equinóides, provenientes de sete
localidades de vários pontos da bacia. Os fósseis foram coletados e enviados pelos
geólogos da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (MAURY, 1934a). Nesse
mesmo ano, descreveu um novo gênero de equinóide da formação (MAURY, 1934b). Os
fósseis utilizados nesses dois trabalhos ficaram depositados na coleção do Americam
Museum of Natural History, de Nova York.
 Com relação aos microfósseis, merecem registro dois trabalhos

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