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SOCIOLOGIA JURÍDICA Semana Aula: 1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA SOCIOLOGIA JURÍDICA. CASO CONCRETO A função social do direito é o fim comum que a norma jurídica deve atender dentro de um ambiente que viabilize a paz social. O direito sempre teve uma função social. A norma jurídica e criada para reger relações jurídicas, e nisso, a disciplina da norma deve alcançar o fim para o qual foi criada. Se ela não atinge o seu desiderato não há como disciplinar as relações jurídicas, e, portanto, não cumpre sua função, seu objeto. Nisso, há que se ter presente que não há norma jurídica puramente individual, na medida em que ela regula relações humanas, sejam relações puramente de direito privado, relações de ordem pública, coletivas e/ou difusas. Por meio da função social do direito, o legislador objetiva humanizar as relações jurídicas, adotando novos valores que o mundo, em especial, o mundo ocidental, adotou com a evolução dos processos humanos e dos anseios das camadas sociais de alcançar melhores dias, pondo fim aos valores individualistas que presidiram os séculos XVII ao XIX e parte do século XX. Nesse processo de humanização, é vedado ao homem obter vantagens em descompasso com os comandos normativos. (CARVALHO, Francisco José. A função social do Direito e a efetividade das Normas Jurídicas. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/a-funcao-social-dodireito-e-a-efetividade-das- normas-juridicas/7940) a. Como podemos notar, a função social do direito é um tema de grande importância na Sociologia Jurídica. Assim, com base nos ensinamentos de sala de aula, podemos afirmar que a única função do direito na sociedade é a composição de conflitos de interesses que poderiam perturbar o equilíbrio e a ordem social? Justifique sua resposta. Sugestão de gabarito: Não. O direito tem ao menos uma dimensão preventiva e outra compositiva, apesar de as classificações serem variadas, o direito não pode ser pensado como um instrumento unicamente de composição dos conflitos. A classificação de Edna Raquel importa nas seguintes categorias: (i) preventiva, na qual, valendo-se do disciplinamento social, estabelecendo regras de conduta social, direitos e deveres, o direito preocupa-se em evitar ou prevenir o conflito; (ii) função compositiva, isto quer dizer que o direito identifica, arranja e resolve os conflitos que poderiam perturbar o equilíbrio e a ordem social; (ii) controle social, de acordo com a autora, o direito é socializador em última instância. Só é necessário quando a conduta humana já se distanciou da tradição cultural aprendida pela educação, pela moral e religião, e alcançou o nível do ilícito, ou do crime; e (iii) função de regulação social, nesta função, o caráter organizador do direito conduz o comportamento jurídico, influenciando na formação dos hábitos dos sujeitos sociais, seu agir e suas perspectivas, e com isso evitando que venham a surgir conflitos (note-se que as duas últimas têm caráter eminentemente preventivo, o que pode levar o aluno a enfatizar apenas as duas primeiras dimensões). Assim, os comportamentos vão se orientando no sentido recomendado pelos modelos normativos do ordenamento jurídico. A regulação social é possibilitada por meio do caráter persuasivo das normas jurídicas, que trazem o poder de influenciar, condicionar e convencer os membros de um grupo social. Caso contrário, a própria norma estabelece sanções corretivas. O direito é produto da própria sociedade. O direito é um fenômeno cultural. Semana Aula: 2. SOCIOLOGIA JURIDICA COMO CIENCIA SOCIAL. CASO CONCRETO Em ação de arbitragem, AGU evita que cofres públicos percam R$ 6 bi. Decisão colocou fim a nove ações judiciais que poderiam levar ao pagamento de uma indenização ao Grupo Libera, que atua no Porto de Santos. Por Agência Brasil. 9 jan 2019. A Advocacia Geral da União (AGU) obteve uma sentença arbitral para determinar que o Grupo Libra, que atua no Porto de Santos, pague R$ 2 bilhões aos cofres públicos. O valor é referente aos repasses previstos no contrato de exploração da área do porto que deixaram de ser pagos pela empresa em função de discordâncias com o contrato de concessão, assinado em 1998, com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). De acordo com a AGU, foi a primeira vez que o órgão participou voluntariamente de um procedimento arbitral no país, que colocou fim a nove ações judiciais e poderiam levar ao pagamento de uma indenização de aproximadamente R$ 6 bilhões à empresa portuária. Conforme a sentença arbitral, a empresa deixou de pagar a integralidade do contrato durante o período no qual os valores foram questionados. É incontroverso que Libra deixou de realizar o pagamento da integralidade do preço ajustado durante toda a vigência do contrato. Para tanto, invocou, em diversas ações judiciais, os alegados descumprimentos de Codesp e as situações de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato?, diz o texto da sentença. (Disponível em: https://exame.abril.com.br/economia/em-acao-de-arbitragem-agu-evitaque-cofres-publicos- percam-r-6-bi/ ) Na notícia acima, verifica-se a utilização de um dos meios alternativos de resolução de conflitos que existem no direito brasileiro que é a arbitragem. a. Quais são as principais características da arbitragem? Sugestão de gabarito: As principais características podem ser encontradas na lei 9307/93. Forma de composição extrajudicial dos conflitos, considerada por alguns doutrinadores como um equivalente jurisdicional, na medida em que a decisão proferida pelo juiz arbitral vale como uma sentença judicial. A arbitragem tem como traços marcantes a intervenção de um terceiro, fora do poder judiciário para a resolução do conflito; o consenso entre as partes, pois a arbitragem somente será aplicável quando houver livre escolha dos envolvidos; e a disponibilidade dos direitos envolvidos. Além disso, tem o árbitro o poder de solucionar o conflito, aplicando o direito ao caso concreto e sua decisão tem a mesma força de uma sentença judicial. A arbitragem, normalmente, constitui-se num procedimento mais rápido e econômico para as partes, vez que não se prolonga no tempo, como acontece nos processos judiciais. Os árbitros escolhidos normalmente se reputam especialistas nos assuntos pelos quais são chamados a intervir, fazendo com que as suas decisões apresentem um alto grau de qualidade. Além disso, o procedimento arbitral é confidencial, de forma que as questões relacionadas ao litígio permaneçam, tão somente, entre os interessados. Como a impera a liberdade das partes dentro do procedimento arbitral, todas as escolhas efetuadas implicam consequências diretas, que vão desde a escolha do árbitro até a escolha das regras a serem estabelecidas durante o procedimento. Dessa forma, o mais importante é saber utilizar essa liberdade da forma mais eficiente possível, sob pena da arbitragem se tornar um caminho muito mais penoso do que qualquer outra demanda judicial. Assim, é de suma importância que os árbitros sejam devidamente qualificados; que as regras procedimentais sejam claras e precisas e que as partes contem com advogados qualificados que serão responsáveis pela defesa dos interesses das partes no litígio. b. Trata-se de meio autocompositivo ou heterocompositivo de resolução de conflitos? Justifique. Sugestão de gabarito: De acordo com a doutrina majoritária (Fredie Didier Jr.), trata-se de meio heterocompositivo. Na heterocomposição, a decisão é proferida por um terceiro, enquanto na autocomposição o resultado é alcançado pelas próprias partes. c. Na sua cidade possui câmara arbitral? Em caso positivo, cite doisexemplos. Em caso negativo, pesquise a câmara arbitral mais próxima de sua cidade. Sugestão de gabarito: CCMA-RJ, C.A.S.A., FGV, ABRH, CAMES, etc. Semana Aula: 3. O DIREITO ALEM DO ESTADO. CASO CONCRETO 14/07/16 06:00 . Milícia impõe regras à Força Nacional no Rio. Marcos Nunes e Flavia Junqueira. Os agentes da Força Nacional que participarão do esquema de segurança da Olimpíada - um aparato que prevê o combate a ações criminosas e até a terroristas - estão tendo de se submeter às ordens da milícia na Zona Oeste do Rio. Segundo agentes denunciaram ao EXTRA, os 3.500 PMs, policiais civis e bombeiros de vários estados do Brasil não podem circular armados pela Gardênia Azul e foram impedidos até de instalar internet nos apartamentos onde estão alojados, no condomínio Vila Carioca, do "Minha casa, minha vida", no bairro do Anil. Como a milícia explora o sinal a cabo na região e, de acordo com os agentes, as operadoras de internet fixa são impedidas de atuar na área pelos paramilitares, a saída é que cada policial use a própria internet móvel, pagando do próprio bolso. O Ministério da Justiça informou, por meio de nota, que vai apurar as informações e encaminhá-las à Polícia Federal, à Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). O Vila Carioca, ainda não inaugurado, começou a ser ocupado pela Força Nacional em maio. Os agentes que concordaram em conversar com o EXTRA, sob a condição de anonimato, estão no Rio há cerca de 15 dias. Contam ter recebido as orientações sobre as restrições impostas pela milícia de seus coordenadores -policiais militares, policiais civis e bombeiros têm coordenações separadas -dentro do próprio conjunto habitacional, assim que os grupos chegavam ao Vila Carioca. As determinações eram passadas sempre a grupos de poucos agentes por vez. ? A gente já cansou de ver gente armada na Gardênia - contou um dos militares da Força Nacional. Além da arma, a orientação aos agentes é que não andem com a identidade policial. Segundo dizem os agentes, a Gardênia Azul é uma "área branca", ou seja, sem risco para os policiais, já que estão levando lucro para a comunidade ao comprar produtos. [...] O Ministério da Justiça e Cidadania afirmou que "não existe tolerância com atividades criminosas" e que irá apurar a denúncia de que milícias estão interferindo no trabalho da Força Nacional. (disponível em: https://extra.globo.com/casos-de-policia/milicia-impoe-regras-forcanacional-no-rio- 19707975.html). O fato narrado acima evidencia a existência do fenômeno conhecido como pluralismo jurídico. a) Quais as principais diferenças entre o Monismo e o Pluralismo jurídico? Sugestão de gabarito: I) Escola Monista: entende que somente o corpo político está apto a criar as normas de direito. Esta doutrina tem como base a ciência do direito, razão pela qual diverge da ótica da Sociologia Jurídica que entende que mesmo antes de existir o Estado já havia prescrições jurídicas. Para os monistas somente o Estado possui tanto o monopólio da violência legal, quanto o monopólio da produção do direito (direito positivo). Inexistindo outra fonte de produção do direito que não a estatal. Esta é a posição dos positivistas. Hans Kelsen defendia que o Direito é o Estado, e o Estado é o direito. Essa concepção, expoente máximo do monismo jurídico contemporâneo no Ocidente, vai coincidir com um período marcado por duas guerras mundiais, pela depressão econômica, crises, e pelos tremendos avanços da ligação entre a ciência e a técnica que produzirá o crescimento organizado das forças produtivas sob o intervencionismo estatal. Nos fins do século XX, a cultura jurídica, marcada pelos princípios do Monismo entra em um processo de esgotamento. II) Escola Pluralista: o pluralismo jurídico surge com uma alternativa em virtude da insuficiência da crítica jurídica tradicional. Levanta a possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e geográfico. A crítica do Direito de acordo com a tradição se preocupou em mostrar os efeitos do Direito como instrumento de dominação. O pluralismo considera que todo grupo social de certa consistência ou expressão pode criar normas de funcionamento, as quais ultrapassando o caráter de simples regulamentos adquirem o alcance de verdadeiras regras jurídicas. O advento do Direito Alternativo busca resgatar a possibilidade transformadora do jurídico, colocando-a a serviço da libertação, naquelas sociedades marcadas pela desigualdade e pela exclusão social. b) A notícia apresentada estaria mais próxima da ideia de Pluralismo Jurídico desenvolvida por Boaventura de Souza Santos ou Antônio Carlos Wolkmer? Justifique. Sugestão de gabarito: Boaventura trabalha com a ideia que existem esferas sociais nas quais vigem leis alternativas e demonstra o caráter próprio do novo pluralismo jurídico nos resultados de sua pesquisa sobre a relação entre o que chama de "lei da favela" e "lei do asfalto". Nesse estudo, o autor procura explicar a normatização que ocorre dentro de uma favela localizada no Rio de Janeiro (do Jacarezinho) em relação aos mais variados assuntos do dia a dia de seus habitantes. Tais regras podem estar em acordo com os valores sustentados pelo direito oficial (hegemônicas) ou em desacordo (não hegemônicas). Por outro lado, Wolkmer trabalha com a perspectiva segundo a qual a população é que interpreta as categorias abertas da Constituição, como “dignidade da pessoa humana”, “livre iniciativa” e “função social da propriedade”, dando-lhes novos significados com o decorrer do tempo e, assim, alterando o direito. No exemplo acima, estamos diante de um fenômeno de pluralismo jurídico nos moldes apresentados por Boaventura. Semana Aula: 4. REPERCUÇÕES SOCIAIS DA NORMA JURÍDICA FORMALMENTE VÁLIDA. CASO CONCRETO Segundo a Ana Lúcia Sabadell, os fatores de eficácia da norma no direito referentes à situação social são fatores ligados às condições da vida na sociedade em determinado momento. O sistema de relações sociais e a atitude do poder político diante da sociedade civil influenciam as chances de aplicação (quota de eficácia). (SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 37). a. Com base nesta teoria, apresente estes fatores, conceituando-os de forma sucinta, além de citar alguma norma que tenha se tornado eficaz por influência destes fatores. Sugestão de gabarito: Fatores referentes à situação social: são fatores ligados às condições da vida na sociedade, em determinado momento histórico. O sistema de relações sociais e a atitude do poder político frente à sociedade civil influenciam diretamente as chances de aplicação das normas vigentes, tais como: a) Participação dos cidadãos no processo de elaboração e aplicação das normas; (Lei da Ficha Limpa) b) Coesão social: isto é, quanto mais consenso houver entre os cidadãos com relação à política do Estado, mais forte será o grau de eficácia das normas vigentes; (CDC) c) Adequação da norma à situação política e às relações de força dominantes: uma norma que corresponde à realidade política e social possui mais chances de ser cumprida; (Reforma Trabalhista); e d) Contemporaneidade das normas com a sociedade (Lei Carolina Dieckmann). Semana Aula: 5. EFEITOS POSITIVOS E NEGATIVOS DAS NORMAS. CASO CONCRETO 09/11/2010 14h27- Atualizado em 09/11/2010 19h39. CNJ afasta juiz que comparou Lei Maria da Penha a "regras diabólicas". Edílson Rodrigues ficará afastado por ao menos 2 anos, recebendo salário. Em 2009, o juizfoi acusado de preconceito contra a mulher. Débora Santos. Do G1, em Brasília. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou nesta terça-feira (9) o afastamento por pelo menos dois anos do juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, da comarca de Sete Lagoas (MG). Ele foi acusado de usar linguagem discriminatória e preconceituosa em sentenças nas quais considerou inconstitucional a Lei Maria da Penha e de rejeitar pedidos de medidas contra homens que agrediram e ameaçaram suas companheiras. Na época, Rodrigues atacou a lei em algumas sentenças, classificando-a como um "conjunto de regras diabólicas". Ainda segundo o juiz, a "desgraça humana" teria começado por causa da mulher. "A vingar esse conjunto de regras diabólicas, a família estará em perigo (..) Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher. Todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem", segundo trechos de decisões do juiz. Rodrigues responde a processo administrativo no CNJ desde setembro do ano passado. Na época, ele negou que tenha havido "excesso de linguagem" e se defendeu da acusação de preconceito. "Eu não ofendi a parte e nem a quem quer que seja. Eu me insurgi contra uma lei em tese, e mesmo assim, parte dela. Combato um feminismo exagerado, que negligencia a função paterna, que quer igualdade sim, mas fazendo questão de serem mantidas intactas todas as benesses da feminilidade", afirmou o juiz. Por 9 votos a 6, os membros do CNJ decidiram colocar o juiz em disponibilidade, sanção pela qual o magistrado é afastado de suas funções por pelo menos 2 anos, recebendo salário proporcional ao tempo de serviço. Só depois desse período ele pode pedir autorização para voltar a atuar?[...]. (disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/11/cnj-afasta-juiz-que-comparou-lei-maria-dapenha- regras-diabolicas.html). a. Nos primeiros anos de sua vigência a Lei Maria da Penha não era aplicada por alguns Juízes no Brasil, tornando-a , assim, ineficaz. Identifique no texto o efeito negativo provocado pela lei, apresentando, de forma objetiva, os outros efeitos negativos que uma norma pode provocar. Sugestão de gabarito: O caso concreto identifica o efeito negativo de ineficácia pelo comportamento misoneísta do magistrado. Misoneísmo é a aversão às inovações ou transformações do status quo. Velhos hábitos, costumes emperrados, privilégios de grupos, impedem que lei seja aplicada e mesmo elaborada. Quase sempre são grandes interesses de grupos que estão por trás ou mesmo é comodismo da autoridade que não leva a sério a aplicação da lei. Outros efeitos negativos que a norma pode provocar: (i) ineficácia pela desatualização da lei - a lei pode estar em perfeita adequação com a realidade no momento de sua criação, mas, com o passar do tempo, acaba sendo ultrapassada, pois os fatos são dinâmicos, estão sempre evoluindo, enquanto a lei é estática. Logo, com o passar do tempo, a lei se torna ineficaz, desatualizada; (ii) ineficácia pela antecipação da lei à realidade social existente - muitas vezes o legislador vê uma lei que funciona em determinado país e quer implantá-la em seu país. No entanto, nem sempre há correspondência entre as realidades sociais dos países e a lei cai no vazio; (iii) Por omissão da autoridade em aplicá-la - nesse caso a sanção por descumprimento não é aplicada o que pode estimular novas transgressões; (iv) pela falta de estrutura adequada à aplicação da lei: as leis podem ser boas e eficazes, as autoridades competentes e responsáveis, mas a norma não atingirá seus objetivos sociais se não houver uma estrutura para que possa ser aplicada devidamente. Esse é o caso da estrutura do Judiciário em nosso país. Pode-se afirmar que pior que não ter leis é tê-las e não aplicá-las. Montesquieu afirmava que quando vou a determinado país não indago se aí há leis boas, porque leis boas há em toda parte, mas sim se as executam. Semana Aula: 6. SOCIEDADE BRASILEIRA E INSTITUICOES DE DIREITO. CASO CONCRETO O SISTEMA ELEITORAL BRASILEIRO O sistema eleitoral é baseado no voto direto e secreto, ou seja, o eleitor vota diretamente no candidato ao cargo a ser preenchido, de maneira sigilosa, já que seu voto não pode ser divulgado a terceiros. Acontece que as distorções na representação política que atingem os dois atores principais (eleitor e candidato) podem ser assim formuladas: 1. (uma eleição) será ainda mais democrática quanto menores forem as desigualdades prevalecentes no sistema eleitoral que atribuem valor diferente ao voto; no limite, o voto de todos e de cada um deverá ter o mesmo valor. 2. quanto maior a proporcionalidade efetivada pela lei eleitoral, mais democrático será o sistema eleitoral. Primeiro, porque tratará com igualdade os partidos, independentemente de sua força eleitoral; e, segundo, porque será menos excludente, no sentido de não negar representação política às parcelas do eleitorado que tiverem optado por partidos que vierem a se revelar eleitoralmente menores? (Lima Junior, 1997b, p. 84). As distorções em um sistema de representação têm sido reunidas na literatura sob o título geral de desproporcionalidades que atingem o cidadão eleitor, o partido, o sistema partidário como um todo e o próprio Poder Legislativo. Tendo em conta as distorções especificas do processo eleitoral brasileiro mencionadas no texto, em relação a condição dos eleitores e dos candidatos, responda: a. Qual o processo de seleção dos legisladores no Brasil? Quais as principais distorções que este processo apresenta? Sugestão de gabarito: É o processo eleitoral através do voto popular direto. No entanto, à exceção do Senador, a votação não é majoritária, mas proporcional. Isso provoca a inclusão de Deputados Federais, Estaduais e Vereadores que não obtiveram uma quantidade expressiva de votos devido ao seu partido ou coligação (vedada a partir de 2020: EC nº 97). No caso dos Senadores, as distorções se apresentam no caso dos suplentes, que podem assumir o cargo do Senador eleito (em caso de vacância) mesmo sem terem adquirido votos. b. De que maneira a Justiça Eleitoral Brasileira tem contribuído para o aprimoramento do sistema político vigente? Sugestão de gabarito: A Justiça Eleitoral colabora para evitar distorções na principal característica do regime político democrático: o voto. Garante que o voto seja manifestado de modo livre. Como exemplo disso, a Justiça Estadual já analisou que a distribuição de gasolina para carreata configura captação ilícita de votos. Semana Aula: 7. FUNCAO SOCIAL DO JUDICIARIO E FUNÇÕES AUXILIARES A JUSTICA. CASO CONCRETO Luiz Edson Fachin toma posse como novo ministro do Supremo Magistrado substituiu Joaquim Barbosa, que deixou a Corte há dez meses. Jurista, professor e advogado se especializou em direito civil e de família. Em uma cerimônia concorrida, o jurista e advogado Luiz Edson Fachin tomou posse nesta terça-feira (16) como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O novo magistrado ocupará a cadeira deixada vaga, em agosto do ano passado, com a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa. Com a chegada de Fachin, a Suprema Corte volta a ter 11 ministros. (Retirado do site: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/06/, acesso em 26 jun 2015). A notícia acima trata da posse do mais novo ministro do STF. Tendo em conta que também fazem parte do Poder Judiciário juízes e desembargadores, responda: a) Quais são as formas de escolha de magistrados no Brasil? Identifique na Constituição Federal vigente o fundamento legal desse critério. Sugestão de gabarito: Concurso público enomeação do Executivo (quinto constitucional). b) Quais têm sido as principais críticas a este modelo, tomando como base a leitura do Livro Didático? Sugestão de gabarito: Ao Poder Judiciário não há indicação direta ou participação popular no acesso aos cargos de juízes e ministros dos tribunais, o que indica uma menor legitimidade na forma de acesso. O critério de acesso foi opção do constituinte, sendo certo que em outros ordenamentos jurídicos há juízes eleitos pelo povo. Ressalte-se, porém, que a forma de acesso aos cargos do Poder Judiciário, apesar de não haver participação popular, não deixa de guardar um indício de legitimidade, pois se apresenta assim definida no texto constitucional (há uma vontade presumida do povo), sendo, porém, bem menos representativa que a forma de acesso dos membros dos demais poderes. O acesso ao Poder Judiciário nos cargos de primeiro grau se dá mediante concurso público, sendo evidente a opção do constituinte pelo critério do mérito no acesso (art.93, I, da CRFB/88), em vez do critério representação popular. Contudo, o acesso aos Tribunais Judiciários se dá mediante escolha de integrantes por pequenas castas sociais, na forma prevista na Constituição, restando aqui afastados a participação popular e o critério de mérito. Por força do modelo de freios e contrapesos, inerente à separação dos poderes, tem-se que a escolha dos membros do STF se dá por interferência do Executivo e do Legislativo. Os ministros do STF são indicados e nomeados com ampla liberdade pelo Presidente da República, tendo apenas alguns limites prévios definidos na CF/88 para efeito de escolha, tais como, o critério da idade (maior de 35 e menor de 65 anos) e o critério extremamente subjetivo de notável saber jurídico e reputação ilibada. Há previsão de aprovação da escolha presidencial pela maioria absoluta do Senado Federal, o que tem implicado historicamente em verdadeiro ato de chancela, mera homologação. O acesso e a composição do Poder Judiciário resulta, pois, de critérios que fogem à participação popular, sendo certo que nos tribunais, quanto mais alta for a hierarquia da corte (Tribunais, um quinto; STJ, um terço; por exemplo) mais fluido e aberto é o critério de acesso, restando muita liberdade ao Executivo na escolha de tais membros, o que implica em menor legitimidade. Ademais, os membros do Poder Judiciário, diferentemente daqueles mandatários do Executivo e do Legislativo têm vitaliciedade, ou seja, exercitam o poder político de forma mais permanente. Resta, portanto, concluir, que o titular do poder político não tem participação direta no processo de repasse da função jurisdicional aos membros do Poder Judiciário, o que torna o primeiro ciclo poder muito menos legítimo que o referente aos demais poderes do Estado. Além disso, os mecanismos de controle do acesso ao Poder Judiciário por parte do povo são reduzidos, haja vista a ampla liberdade na escolha dos membros dos tribunais, ficando o controle mais voltado à realização dos concursos públicos. O concurso público é passível de críticas à medida que enfatiza o aspecto legalista da formação do juiz (que, em tese, deveria ser uma preocupação maior dos advogados, que aventam as teses jurídicas para a simples apreciação do juízo), isso promove uma estrutura mais preocupada com a sua coerência interna do que com a justiça ou os valores sociais. Como pronunciado pelo juízo americano responsável pelo Caso Sheela: “há casos nos quais a misericórdia supera a justiça”, isso significa que o juiz deve estar atento não apenas à lei, mas aos seus reflexos na sociedade também. c) O que seria necessário para melhorar esse sistema? Sugestão de gabarito: Tendo em conta que o critério de acesso e composição são previstos na Constituição, sendo, pois, válidos, resta apenas a possibilidade de minorar ou mesmo otimizar o acesso em proveito do povo pelo menos quanto à qualificação dos integrantes, o que se daria notadamente mediante duas posturas básicas: a) otimização na seleção através dos concursos públicos para os cargos de juízes de primeiro grau, o que se daria por meio de provas mais coerentes com a realidade da judicatura e com a diminuição no subjetivismo dos critérios de aprovação no certame; b) aperfeiçoamento dos magistrados tanto em sua formação jurídica, como em disciplinas afins à realidade social; c) eleição com voto de juiz para escolha dos juízes dos tribunais. Semana Aula: 8. DEMOCRATIZACAO DOS TRIBUNAIS E ACESSO À JUSTIÇA. CASO CONCRETO A questão do Judiciário é alvo de estudos e debates, não só no Brasil, mas como em outros Estados Democráticos, onde a solução definitiva dos conflitos sociais passa pela decisão judicial. Nessa dimensão, analise o texto a seguir, e após responda: Por sua vez, Palomba obteve resultados curiosamente coincidentes com os de Castellano e Pace, no trabalho em que analisou a administração da justiça na região napolitana, indicando que a litigiosidade na Itália, diminuiu em consequência das condições que desencorajam as partes a ingressar em juízo, entre elas o alto custo dos processos e a lentidão que se observa em seu andamento? (ROSA, Miranda. Sociologia do direito: o fenômeno jurídico como fato social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. P.144) a. O texto aborda o fenômeno conhecido como "fuga dos tribunais que ocorre tanto na Itália, como no Brasil, apesar dos avanços trazidos pelos Juizados Especiais. Comente o texto fazendo uma comparação com a nossa própria realidade no Brasil. Sugestão de gabarito: O aluno deverá perceber os fatores que evidenciam a chamada crise do judiciário, abordando, entre outras: Acesso aos tribunais, custo dos processos, lentidão e morosidade, infraestrutura e eficácia ou justiça das decisões judiciais. Também pode analisar se a criação dos Juizados Especiais trouxe algum avanço. Semana Aula: 9. FATORES DE TRANSFORMAÇÃO DO DIREITO E O PAPEL DA OPINIÃO PUBLICA. CASO CONCRETO Leia o texto abaixo e, a seguir responda ao que se pede: Para ser instrumento eficaz ao bem-estar e progresso social, o Direito deve estar sempre adequado à realidade, refletindo as instituições e a vontade coletiva. A sua evolução deve expressar sempre um esforço do legislador em realizar a adaptação de suas normas ao momento histórico. Os fatores que influenciam a vida social, provocando-lhe mutações, vão produzir igual efeito no setor jurídico, determinando alterações no Direito Positivo. Esses fatores, chamados sociais e também jurídicos, funcionam como motores da vida social e do Direito. Fatores jurídicos são, pois, elementos que condicionam os fenômenos sociais e, em consequência, induzem transformações no Direito .Não obstante ser este o aminho científico, Georges Ripert, impressionado com as distorções que se passam na gênese da lei, declarou: "O Direito nasce na luta e pelo triunfo dos mais fortes"... "O mais forte sai vencedor de um combate cujo prêmio é a lei. Após o que o jurista declara gravemente que a lei é a expressão da vontade geral. Ela não é nunca senão a expressão da vontade de alguns." (Lês Forces Créatrices du Droit, apud Machado Netto e Zahidé Machado Netto, O Direito e a Vida Social, São Paulo: Nacional, 1966, pp. 79 e 81.) a. O texto faz referência aos fatores de transformação sócio-jurídica e apresenta, através das declarações de Georges Ripert a influência de um desses fatores. Indique-o. Sugestão de gabarito: O texto faz referência aos fatores de transformação sócio- jurídica e apresenta, através das declarações de Georges Ripert a influência de um desses fatores. Indique-o. Resposta: Fatorpolítico. b. Forneça um exemplo de fatores econômicos e culturais que tenham determinado alterações no Direito Positivo no Brasil ou em outro país. Sugestão de gabarito: O aluno poderá fornecer qualquer exemplo: a) de lei que seja fruto de pressões econômicas ou que venham a regular a economia do país em questão. Ex: os Planos Cruzado, Real, Collor, o CDC, etc, b) lei que seja reflexo dos valores culturais presentes no determinado país. Ex: Lei da União Estável, Lei francesa sobre o uso do véu, etc.
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