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TRABALHO AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	2
1.	HISTÓRICO	3
2.	OBJETIVO	3
3.	SITUAÇÕES DAS QUAIS RESULTAM A OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS	4
4.	LEGITIMIDADE	7
5.	NATUREZA DÚPLICE	9
6.	COMPETÊNCIA	10
7.	PROCEDIMENTO	10
I.	Primeira fase	11
II.	Segunda fase	11
CONCLUSÃO	12
REFERÊNCIAS	13
INTRODUÇÃO
Dentre os diversos temas que regem o Código de Processo Civil Brasileiro de 2015, a ação de exigir contas se encontra na modalidade de procedimentos especiais para ação de prestação de contas.
Tem-se por objeto a liquidação do relacionamento jurídico existente entre as partes consistente em todas as receitas e despesas referentes a uma administração de bens, valores ou interesses, de modo que seja determinado a existência de um saldo com efeito de condenação judicial contra a parte devedora.
Nesse diapasão, importante esclarecer que as exigências respeitam normas legais essenciais para que a condenação não seja objeto de injustiça.
Tendo em vista a legitimidade, o polo ativo da ação é daquele que afirmar que teve seus bens, valores ou interesses administrados.
Por fim, antes de desenvolver melhor o tema, vale dizer que, quanto a natureza dúplice da prestação de contas, faz-se necessário apurar a existência de saldo devedor em favor do autor da ação, na qual o réu será condenado a pagar; porém, se verificado que o credor é o réu, o autor da demanda será condenado a pagar ao réu o saldo devedor.
HISTÓRICO
O antigo Código de Processo Civil previa dois procedimentos especiais para ação de prestação de contas, um para dar contas e outro para exigir contas.
Já o CPC de 2015, de acordo com a política de eliminação de procedimentos especiais desnecessários, submeteu a ação de dar contas ao procedimento comum e manteve no rol de procedimentos especiais apenas a ação de exigir contas, prevista nos artigos 550 a 553, na qual somente o credor de contas poderá utilizar-se do rito especial para exigir sua prestação.
Seguindo o entendimento do Doutrinador THEODORO JÚNIOR, Humberto; sendo a referida ação proposta pela parte ativa, primeiramente deverá ser discutido e solucionado a questão sobre a existência do dever de prestar contas pela parte passiva, sendo positiva a decisão, o procedimento prosseguirá com a condenação do demandado a cumprir uma obrigação de fazer; exibidas as contas, em uma nova fase procedimental, será discutido as verbas e a fixação do saldo final do relacionamento patrimonial existente entre as partes.
OBJETIVO
Objetiva-se a liquidação do relacionamento jurídico existente entre as partes consistente em todas as receitas e despesas referentes a uma administração de bens, valores ou interesses, de modo que seja determinado a existência de um saldo com efeito de condenação judicial contra a parte devedora.
SITUAÇÕES DAS QUAIS RESULTAM A OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, faz menção de alguns exemplos de relações das quais resultam a obrigação de prestar contas. Tais como:
No Código Civil:
A obrigação do tutor, pela gestão de bens e negócios do tutelado;
Art. 1.756. No fim de cada ano de administração, os tutores submeterão ao juiz o balanço respectivo, que, depois de aprovado, se anexará aos autos do inventário.[1: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação do curador, em relação aos bens e negócios do ausente;
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.[2: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação do testamenteiro, dos herdeiros, do cônjuge sobrevivente e do inventariante, por sua gestão à frente do espólio;
Art. 1.980. O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento.[3: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
Art. 2.020. Os herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o inventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, desde a abertura da sucessão; têm direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fizeram, e respondem pelo dano a que, por dolo ou culpa, deram causa.[4: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação do mandatário por sua gerência frente ao mandante.
Art. 668. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja.[5: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
No Código de Processo Civil:
A obrigação do administrador da massa na insolvência;
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
(...)
V - a massa falida, pelo administrador judicial;[6: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação do administrador de empresas, estabelecimentos e outros bens, que tenham sido penhorados;
Art. 862. Quando a penhora recair em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano de administração.[7: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação do responsável do imóvel ou empresa no usufruto executivo;
Art. 863. A penhora de empresa que funcione mediante concessão ou autorização far-se-á, conforme o valor do crédito, sobre a renda, sobre determinados bens ou sobre todo o patrimônio, e o juiz nomeará como depositário, de preferência, um de seus diretores.[8: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação do curador da herança jacente;
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
(...)
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;[9: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
A obrigação, eventualmente, do depositário.
Art. 159. A guarda e a conservação de bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados serão confiadas a depositário ou a administrador, não dispondo a lei de outro modo.[10: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
O Código de Processo Civil dispõe que as contas serão prestadas em apenso aos autos do processo, vejamos:
Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.[11: BRASIL. (16 de
Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
No Direito Comercial:
A obrigação dos sócios de prestarem contas quanto as suas administrações da sociedade;
Art. 1.020. Código Civil. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico.[12: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
nos contratos de comissão e mandato mercantil;
Art. 709. Código Civil. São aplicáveis à comissão, no que couber, as regras sobre mandato.[13: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.]
Art. 668. Código Civil. O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja.[14: BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/ 2019.]
A obrigação do administrador da falência de prestar contas de sua gestão.
A Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, estabelece que:
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe:
(...)
III – na falência:
(...)
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou renunciar ao cargo.[15: BRASIL. (9 de Fevereiro de 2005). LEI No 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm. Acesso em: 05/09/2019.]
LEGITIMIDADE
A legitimidade ativa para propor a ação é daquele que afirmar que teve seus bens, valores ou interesses administrados.
Art. 550. Código de Processo Civil. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.[16: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 05/09/2019.]
Nesse caso, afirma NEVES (2016, p 751), “antes de discutir a legitimidade das contas apresentadas, deverá comprovar o dever do réu em prestá-las. O autor da demanda de exigir as contas deverá demonstrar que houve recusa na prestação extrajudicial das contas, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito por carência de ação (ausência de interesse de agir).”[17: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único / Daniel Amorim Assumpção Neves – 8. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.]
Quando a lei exige a prestação de contas em juízo, como ocorre, com o inventariante, tutor e curador, o interesse de agir normalmente é presumido.
Já os sócios que não têm a administração da sociedade possui legitimidade para propor ação de prestação de contas contra o sócio gerente, exceto quando tiver ocorrida a aprovação das contas pelo órgão interno apontado pelo estatuto ou contrato social, assembleia-geral ou outro órgão assemelhado. O mesmo raciocínio aplica-se na relação entre cooperado e cooperativa, e ao condômino em condomínio de propriedade vertical, quando indica a falta de interesse de agir.
Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o mandato é contrato personalíssimo por excelência, sendo o dever de prestar contas uma das obrigações do mandatário perante o mandante, sendo parte legítima passiva da demanda somente a pessoa a quem incumbia tal encargo por lei ou contrato. Neste sentido a Jurisprudência:
RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS – MORTE DO MANDATÁRIO - TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO AO ESPÓLIO -INVIABILIDADE - AÇÃO DE CUNHO PERSONALÍSSIMO - EXTINÇÃO DA AÇÃO SEM O JULGAMENTO DO MÉRITO - MANUTENÇÃO - NECESSIDADE - ARTS. 1323 E 1324 DO CC/1916 - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 211 DA SÚMULA/STJ - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.
I - O mandato é contrato personalíssimo por excelência, tendo como uma das causas extintivas, nos termos do art. 682, II, do Código Civil de 2002, a morte do mandatário;
II - Sendo o dever de prestar contas uma das obrigações do mandatário perante o mandante e tendo em vista a natureza personalíssima do contrato de mandato, por consectário lógico, a obrigação de prestar contas também tem natureza personalíssima;
III - Desse modo, somente é legitimada passiva na ação de prestação de contas a pessoa a quem incumbia tal encargo, por lei ou contrato, sendo tal obrigação intransmissível ao espólio do mandatário, que constitui, na verdade, uma ficção jurídica;
IV - Considerando-se, ainda, o fato de já ter sido homologada a partilha no inventário em favor dos herdeiros, impõe-se a manutenção da sentença que julgou extinto o feito sem resolução do mérito, por ilegitimidade passiva, ressalvada à recorrente a pretensão de direito material perante as vias ordinárias;
V - As matérias relativas aos arts. 1323 e 1324 do Código Civil de 1916 não foram objeto de prequestionamento, incidindo, na espécie, o teor do Enunciado n. 211 da Súmula/STJ;
V - Recurso especial improvido.[18: STJ. RECURSO ESPECIAL: REsp 1055819 SP 2007/0094448-5. Relator: Ministro Massami Uyeda. DJe: 07/04/2010. Revista Eletrônica da Jurisprudência do STJ, 2019. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=9068100&num_registro=200700944485&data=20100407&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 05/09/2019.]
NATUREZA DÚPLICE
A natureza dúplice da prestação de contas referente à pretensão condenatória a pagar o saldo devedor apurado pelas contas prestadas é reconhecida pela unanimidade da doutrina.
Apurada a existência de saldo devedor em favor do autor da ação, será o réu condenado a pagar; porém, se verificado que o credor é o réu, o autor da demanda será condenado a pagar ao réu o saldo devedor; em resumo, o juiz em sua sentença apenas aprecia o pedido do autor: acolhido, condena o réu ao pagamento; rejeitado, condena o próprio autor.
Parcela da doutrina afirma que, o mero reconhecimento do saldo devedor em favor do réu já constitui em seu favor título executivo apto a ensejar a cobrança do valor pela via executiva.
Neste sentido, o valor fixado no saldo final será conteúdo de título executivo judicial, previsto no artigo 552 do CPC, in verbis:
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial.[19: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 05/09/2019.]
Tal título poderá ser exigido nos próprios autos, conforme o procedimento de cumprimento de sentença, art. 513 e seguintes do mesmo diploma legal.
COMPETÊNCIA
O Código de Processo Civil, determina ser o foro competente o do lugar do ato ou fato para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios. Então vejamos:
Art. 53. É competente o foro:
(...)
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
(...)
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios;[20: BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 05/09/2019.]
Tratando-se de competência relativa, admite-se a sua prorrogação por conexão, ausência de exceção de incompetência e cláusula de eleição de foro.
Em relação a competência absoluta,
determina-se ao juízo que tiver nomeado o administrador (inventariante, tutor, curador ou depositário) para julgar as ações de prestação de contas propostas contra ele.
PROCEDIMENTO
O procedimento da ação para exigir contas está regulamentado no art. 550 do Código de Processo Civil.
Tal procedimento é composto de duas fases com objetivos distintos: a primeira, para que o juiz decida sobre a existência ou não da obrigação de o réu prestar contas. Se o juiz decidir que não, o processo encerra-se nessa fase; mas se decidir que sim, haverá uma segunda, para que o réu preste as contas, e o juiz possa avaliar se o fez corretamente, reconhecendo a existência de saldo credor ou devedor.
Primeira fase
A petição inicial deve preencher os requisitos do art. 319 do CPC, o autor deverá expor com clareza as razões pelas quais tem o direito de exigir contas do réu e anexar os documentos comprobatórios de seu direito. Na inicial, deverá pedir ao juiz que mande citar o réu para, no prazo de 15 dias, apresentar sua defesa.
Citado, o réu poderá ter as seguintes condutas possíveis, tais como: reconhecer a obrigação de prestar contas, e já as apresentar; permanecer inerte; apresentar resposta; e contestar, negando a obrigação de prestar contas, mas, ao mesmo tempo, já apresentá-las;
Segunda fase
Tendo o réu sido condenado a prestar contas, ele será intimado para o fazer, em 15 dias, sob pena de não poder impugnar as que forem apresentadas pelo autor.
Então, o réu poderá: apresentar as contas; e não prestar as contas.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, o procedimento especial para ação de prestação de contas, especificamente a ação de exigir contas, faz-se necessário para ser discutido e solucionado, de acordo com a norma, a questão sobre a existência do dever de prestar contas pela parte devedora.
A ação de exigir contas tem por objeto principal a liquidação do relacionamento jurídico existente entre as partes consistente em todas as receitas e despesas referentes a uma administração de bens, valores ou interesses, de modo que seja determinado a existência de um saldo com efeito de condenação judicial contra a parte ré.
As relações das quais resultam a obrigação de prestar contas são: de acordo com o Código Civil, do tutor, pela gestão de bens e negócios do tutelado; do curador, em relação aos bens e negócios do ausente; do testamenteiro, dos herdeiros, do cônjuge sobrevivente e do inventariante, por sua gestão à frente do espólio; do mandatário por sua gerência frente ao mandante; ainda, de acordo com o Código de Processo Civil, do administrador da massa na insolvência; do administrador de empresas, estabelecimentos e outros bens, que tenham sido penhorados; do responsável do imóvel ou empresa no usufruto executivo; do curador da herança jacente; e eventualmente, do depositário; por fim, conforme o Direito Comercial, dos sócios de prestarem contas quanto as suas administrações da sociedade; nos contratos de comissão e mandato mercantil; e do administrador da falência de prestar contas de sua gestão.
A legitimidade ativa para propor a ação é daquele que afirmar que teve seus bens, valores ou interesses administrados.
Levando em consideração a natureza dúplice da prestação de contas, o juiz em sua sentença apenas aprecia o pedido do autor: acolhido, condena o réu ao pagamento; rejeitado, condena o próprio autor.
REFERÊNCIAS
BRASIL. (16 de Março de 2015). LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 04 e 05/09/2019.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Procedimentos Especiais – vol. II – 50ª ed. rev., atual. e ampl. – Humberto Theodoro Júnior – Rio de Janeiro: Forense, 2016.
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2016.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único / Daniel Amorim Assumpção Neves – 8. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.
BRASIL. (10 de Janeiro de 2002). LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 04/09/2019.
BRASIL. (9 de Fevereiro de 2005). LEI No 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005. Disponível em Planalto: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm. Acesso em: 05/09/2019.
STJ. RECURSO ESPECIAL: REsp 1055819 SP 2007/0094448-5. Relator: Ministro Massami Uyeda. DJe: 07/04/2010. Revista Eletrônica da Jurisprudência do STJ, 2019. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=9068100&num_registro=200700944485&data=20100407&tipo=5&formato=PDF. Acesso em: 05/09/2019.

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