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Procedimento nos crimes contra a honra

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PROCEDIMENTO NOS CRIMES CONTRA A HONRA
DOUGLAS DA SILVA ARAÚJO
Mestre em Direito – UFRN
Mestre em Planejamento Urbano e Dinâmicas Territoriais – UERN
Especialista em Criminologia e Segurança Pública – FIP
Graduado em Direito – UFCG
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Crimes contra a honra 
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CALÚNIA
DIFAMAÇÃO
INJÚRIA
Art. 138.
Art. 139.
Art. 140.
Imputa-se fato definido como crime determinado sabidamente falso.
Imputa-se fato desonroso determinado em regra não importando se verdadeiro ou falso.
Atribui-se qualidadenegativa.
FATO
DETERMINADO
CRIMINOSO.
SABIDAMENTE FALSO.
FATO
DETERMINADO
DESONROSO.
QUALIDADE
NEGATIVA
HONRA OBJETIVA
HONRA OBJETIVA
HONRA SUBJETIVA
Crimes contra a honra 
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HONRA OBJETIVA:
HONRA SUBJETIVA:
Conceito que a sociedade possui a respeito do indivíduo.
Reputação pessoal perante terceiros.
Conceito que o indivíduo tem de si próprio.
Dignidade/ Decoro / Autoestima
Éo que a vítima pensa dela mesma.
Calúniaedifamação
Injúria
Pessoa Jurídica: somente pode ser vítima de calúnia e difamação – Tem só honra objetiva (há divergência).
A pessoa jurídica pode ser vítima de calúnia (imputar crime) desde que a falsa imputação se refira a fato definido como crime ambiental (que é a única previsão de imputação de crime a pessoa jurídica).
Inimputável pode ser vítima de injúria?
Sim, dede que possua capacidade de compreender a ofensa. Ex. Ofender uma criança.
Pessoa jurídica pode ser vítima de difamação.
CONSUMAÇÃO(calúnia/ difamação):
CONSUMAÇÃO (injúria):
Consuma-se quando um terceiro toma ciência da imputação.
Consuma-se quando a ofensa chega ao conhecimento do ofendido.
CABE RETRATAÇÃO
#Cuidado com a difamação, pois no caso específico é mais restrita – funcionário público.
NÃO CABE RETRATAÇÃO
Crimes contra a honra 
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CALÚNIA
DIFAMAÇÃO
INJÚRIA
Atribuiçãode fato definido como crime;
Palavras escritas ou faladas, ou mesmo gestos, insinuações (calúnia reflexa);
Imunidade material;
Inimputável pode ser vítima;
Não admitida na forma culposa;
Intenção de caluniar (excluídas as brincadeiras– animusjocandi–narrar os fatos– animusnarrandi);
Autoacusação falsa.
Possível a tentativa.
Ofato NÃO é crime, mas é ofensivo à sua reputação;
Ex.: Roberto espalha na vizinhança que Ricardo anda traindo sua esposa, tendo entrado no motel no dia X, ao meio dia;
Ex.: Beltrana conta que Fulana deixou de pagar suas contas e é devedora.
Não admitido na forma culposa;
A tentativa é possível na forma escrita;
Não se trata da fato, mas a emissão de um conceito depreciativo;
Ex.: Ricardoofende Carol, chamando-a de pobretona, fedorenta;
Ex.: chamar ladrão, velhaco,sem maiores informações;
Ofensa com finalidade da pessoa se sentir inferior;
Não se admite prova da verdade;
INJÚRIA REAL:vontade de humilharatravés do contato físico (Ex.: tapa na cara).
Injúria racial x Racismo
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Injúria racial x Racismo
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EXEMPLOS:
Um exemplo recente de injúria racial ocorreu no episódio em que torcedores do time do Grêmio, de Porto Alegre, insultaram um goleiro de raça negra chamando-o de “macaco” durante o jogo. No caso, o Ministério Público entrou com uma ação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), que aceitou a denúncia por injúria racial, aplicando, na ocasião, medidas cautelares como o impedimento dos acusados de frequentar estádios. 
A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo, por exemplo, recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou às escadas de acesso, negar ou obstar emprego em empresa privada, entre outros. 
Ação penal
Regra: ação penal privada → queixa-crime;
Prazo para propositura da queixa-crime: 06 meses, a contar da data que o ofendido descobre a autoria do delito;
Prazo decadencial
Procuração: nome do querelado e menção específica do fato criminoso (art. 44, CPP);
EXCEÇÕES:
a) ofensa contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro: ação pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça;
b) ofensa contra funcionário público em razão de suas funções: ação pública condicionada à representação.
Interpretação diversa pelo STF, que editou a Súmula n.º 714: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções
Obs.: Uma opção exclui a outra.
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Ação penal
EXCEÇÕES:
c) em caso de crime de injúria racional ou preconceituosa: ação pública condicionada à representação;
b) crimes de injúria real do qual resulta lesão corporal como consequência da violência empregada: ação pública incondicionada.
Porém, tem-se duas situações:
Se injúria real provocar lesão leve (após a Lei n.º 9.099/95): ação pública condicionada a representação do ofendido;
Se a lesão for grave ou gravíssima: ação pública condicionada.
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Procedimento
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AUDIÊNCIA DE RECONCILIAÇÃO (art. 520, CPP):
Art. 520. Antes de receber a queixa, o juiz oferecerá às partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo.
Audiência antes do recebimento da queixa;
Oitiva das partes separadamente, SEM a presença dos advogados e SEM lavrar termo.
Art. 521. Se depois de ouvir o querelante e o querelado, o juiz achar provável a reconciliação, promoverá entendimento entre eles, na sua presença (AGORA JUNTOS).
Caso haja reconciliação, o querelante (ofendido) assinará termo de desistência da ação penal → queixa-crime arquivada (art. 522).
Procedimento
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AUDIÊNCIA DE RECONCILIAÇÃO (art. 520, CPP):
A falta de designação dessa audiência é causa de nulidade absoluta;
Se o crime contra a honra for de ação pública a audiência não deve ser realizada. O MP não pode conciliar em nome do ofendido;
A ausência do querelante (ofendido/vítima) à audiência, deve ser interpretada como ausência de vontade de conciliar com o autor do delito
Não sendo possível a reconciliação, o juiz prosseguirá de acordo com o rito da Lei n.º 9.099/95.
Se o crime de calúnia acontecer nas hipóteses do art. 141 ou no caso de injúria racial, a competência do Juizado Especial Criminal (JECRIM) estará afastada, o procedimento adotado é o ordinário (art. 519, CPP).
Exceção da verdade
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Para fins de tipificação dos crimes de calúnia e difamação (ofendido é funcionário público e a ofensa foi em razão da função) é que o fato imputado seja falso;
É possível ao querelado provar NA MESMA RELAÇÃO PROCESSUAL que a imputação é verdadeira;
A presunção de que o fato é falso é relativa, por isso tal possibilidade;
Caso consiga, será absolvido por atipicidade da conduta;
A exceção deve ser oposta no prazo da defesa preliminar (Lei n.º 9.099/95) ou na resposta à acusação (resposta escrita), no caso de adoção do procedimento ordinário;
O querelado poderá contestar a exceção da verdade no prazo de 02 dias, podendo solicitar a oitiva de testemunhas.
No caso do querelante (Ex.: Prefeito) ter foro especial, a exceção oposta pelo querelado será julgado pelo Tribunal competente. 
Exceção da verdade
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Situações que não se admite exceção da verdade:
Calúnia
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
 II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141 (contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro);
 III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa
é relativa ao exercício de suas funções.
Exceção de notoriedade do fato 
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Art. 523, Código de Processo Penal;
Cabível no casos de calúnia e difamação;
Querelado (autor do fato) visa demonstrar que apenas disse coisas que já eram de domínio público;
Comprovar que sua fala não atingiu a honra da vítima;
Procedimento aplicável da exceção da verdade.
Pedido de explicação em juízo
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Art. 144 do Código Penal;
Admissível em qualquer dos crimes;
Quando a ofensa é velada, não explícita, ambígua, gerou dúvida na pessoa ofendida;
Visa evitar a propositura de ação penal;
É um pedido de explicação da pessoa pretensamente ofendida feito por intermédio do Poder Judiciário;
É uma medida preliminar e facultativa, anterior ao oferecimento da queixa-crime;
A lei não prevê rito específico (notificações avulsas). O juiz pode fixar prazos;
O juiz não julga o pedido de explicação. 
Cabível nas ações penais privadas e pública condicionada à representação.
Não interrompe o prazo prescricional, mas torna o juízo prevento;
Contra a decisão que indefere, cabe apelação. 
Quadro sinótico:
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