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E19 – MÁQUINAS ELÉTRICAS Prof. Dr. Lucas Teles de Faria Telefone: (18) 3284-9682 E-mail: lucas.teles@rosana.unesp.br 1 Módulo 1 Introdução à teoria da conversão eletromagnética de energia Fotos 2 Fotos 3 Fotos 4 Fotos 5 Cap. 1 Eletromagnetismo Produção de campo magnético a partir de corrente elétrica. Lei circuital de Ampère. Forças Magnetomotriz (FMM) e Eletromotriz (FEM). Fluxo Magnético e Indutância. Curva de magnetização. Ciclo (laço) de histerese. 6 Dispositivos de Conversão Eletromecânica Objetiva-se o estudo dos dispositivos usados na conversão eletromecânica de energia (máquinas elétricas). O transformador, apesar de não ser um dispositivo de conversão eletromecânica de energia, é um importante componente do processo global de conversão de energética. Os transformadores e máquinas elétricas usam material ferromagnético para direcionar e dar forma a campos magnéticos que atuam como meio de transferência e conversão de energia. As técnicas de análise de circuitos magnéticos representam aproximações algébricas da soluções exatas da teoria de campo (equações de Maxwell). 7 Lei de Ampère (Forma Magnética quase Estática) 8 A integral de linha da componente tangencial da intensidade de campo magnético H [A/m] ao longo de um contorno fechado C é igual à corrente total que passa através de qualquer superfície S delimitada por esse contorno. H: Intensidade de Campo Magnético [A/m]; J: Densidade superficial de Corrente [A/m²]. A origem de H é a desnidade de corrente J! Lei de Gauss 9 A densidade de fluxo magnético B é conservada. Então em uma superfície fechada não há entrada nem saída líquida de fluxo. Isso equivale a dizer que cargas magnéticas monopolares de campos magnéticos não existem. B: Densidade de Fluxo Magnético [Wb/m² ou T]. Circuito Magnético Simples 10 Um circuito magnético é uma estrutura composta por material magnético de permeabilidade magnética elevada 𝜇 [𝐻/𝑚]. Um material de alta permeabilidade magnética tende a confinar o fluxo magnético aos caminhos delimitados pela estrutura (similar aos circuitos elétricos onde a corrente é confinada aos condutores). O núcleo magnético é composto por material cuja permeabilidade magnética 𝜇 é muito maior do que a do ar (𝜇 ≫ 𝜇0). 𝜇0 = 4𝜋 × 10 −7𝐻/𝑚 é a permeabilidade magnética no vácuo. Circuito Magnético Simples 11 O núcleo tem seção reta uniforme e é excitado por um enrolamento de N espiras conduzindo uma corrente de i ampères. Esse enrolamento produz um campo magnético H no núcleo. Simplificações: Devido a alta permeabilidade do núcleo magnético, o fluxo magnético 𝜙 [𝑊𝑏] está (quase) inteiramente ao núcleo. As linhas de campo seguem o caminho definido pelo núcleo e a densidade de fluxo B é uniforme em uma seção reta qualquer. pois a área é uniforme. Circuito Magnético Simples 12 A fonte do campo magnético H do núcleo (core) é o produto 𝑁 × 𝑖 em ampère-espira [A.e] . 𝑁 × 𝑖 é a força magnetomotriz (FMM) ℱ que atua no circuito magnético. 𝐹𝑀𝑀 = ℱ = 𝑁 × 𝑖 Circuito Magnético - Equacionamento 13 Relutância e Permeância de Materiais Ferromagnéticos c c B A g g B A c g c c gH l H g 0 gc c BB l g 0 c c g l g A A c g c g 1 c c c g total : Relutância do Núcleo [A esp/Wb]; : Relutância do Entreferro [A esp/Wb]; : Permeância Total do Circuito Magnético. total c g 1 g g 1 total total 14 Analogia entre circuitos elétricos e magnéticos VI 1 2c g 15 Analogia entre grandezas elétricas e magnéticas Circuito Elétrico Circuito magnético = / Resistência Relutância Corrente Fluxo Tensão Força magnetomotriz Condutividade [S/m] Permeabilidade 0 * Condutância Permeância R – Associado a perda de energia - Não está associado a perda de energia ][R S l esp/Wb][A S l [A] R V I [V]R.IV [S] R 1 G [Wb] esp][A NI 1 [Wb / Aesp] 16 Campos de Espraiamento no Entreferro 17 Exemplo 1 O circuito magnético da figura abaixo tem dimensões Ac=Ag=9 cm 2, g=0,05 cm, lc=30 cm e N=500 espiras. Suponha o valor de μr=70.000 para o material do núcleo e que Bc=1,0 T. Pede-se: a) As relutâncias do núcleo e do entreferro; b) O fluxo magnético no núcleo magnético; c) A corrente i necessária para estabelecer o fluxo calculado em (b). 18 Exemplo 2 O ferro do rotor e do estator tem permeabilidade infinita 𝜇 → ∞. Encontre o fluxo 𝜙 do entreferro e a densidade de fluxo magnético 𝐵𝑔. Seja 𝐼 = 10𝐴; N = 1000 espiras; g = 1 cm e Ag = 200 cm². 19 Fluxo Concatenado e Indutância d e N dt FEM variacional Lei de Lenz e Faraday: A FEM induzida em uma bobina depende da variação do fluxo magnético instantâneo e faz circular uma corrente induzida de sentido tal que seu efeito magnético se oponha à variação que a produziu. O sinal negativo indica que a FEM induzida é contrária à variação do fluxo que a produziu. d d e N dt dt N : Fluxo instantâneo variável no tempo [Wb]; : Fluxo concatenado [Wb esp]; 0 0 0 cte e crescente e decrescente e 20 Fluxo Concatenado e Indutância Por definição a Indutância é dada pela seguinte relação: L i A partir do fluxo concatenado podemos fazer: : Indutância do enrolamento/bobina [H]-Henry ou [Wb esp/A]; L 2 total c g N N N L i i i 0 ecc g c g l g A A 21 Fluxo Concatenado e Indutância 1 1 2 2 1 1 2 2 1 2; N i N i N i N i 2 1 1 2 1 1 1 2 1 11 1 12 2 N N N N i i L i L i 2 1 2 2 2 2 1 2 2 21 1 22 2 N N N N i i L i L i Por definição: 1 1 2 2 11 22 1 2 1 2 2 1 12 21 2 1 ; (próprias) ; (mútuas) N N L L i i N N L L i i 12 21L L 1 1 2 2 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2; N i N i N i N i 22 Exemplo 3 O circuito magnético é constituído por uma bobina de N espiras enroladas em um núcleo magnético de permeabilidade infinita 𝜇𝑐 → ∞ com 02 entreferros paralelos de comprimentos g1 e g2 e áreas A1 e A2 respectivamente. Encontre: a) A expressão da indutância do enrolamento; b) A densidade de fluxo magnético B1 no entreferro 1 quando o enrolamento está conduzindo corrente i. Despreze espraiamento no entreferro. 23 Exemplo 4 Assume-se que a permeabilidade relativa do material do núcleo seja 𝜇𝑟 = 70.000 para uma densidade de fluxo de 1,0 T. a) Em um dispositivo real, o núcleo poderia ser construído de aço elétrico como o tipo M-5. Esse material é altamente não linear e sua permeabilidade relativa (razão entre B/H) varia entre um valor de 𝜇𝑟 = 72.300 para uma densidade de fluxo de B = 1,0 𝑇 e um valor de 𝜇𝑟 = 2.900 para B = 1,8 𝑇 . Calcular a indutância supondeque a permeabilidade relativa do aço do núcleo seja 𝜇𝑟 = 72.300. b) Calcule a indutância supondo que a permeabilidade relativa do núcleo seja 𝜇𝑟 = 2.900. 24 Produção de campo magnético Antes do início do século XIX, acreditava-se que não existia relação entre os fenômenos elétricos e magnéticos. Porem, navegadores haviam constatado que durante descargas atmosféricas, as bússolas eram afetadas, sugerindo uma ligação entre eletricidade e magnetismo. Em 1819, Hans Christian Oersted (físico dinamarquês) havia planejado demonstrar em uma aula o aquecimento de um fio devido a passagem de corrente elétrica assim como demonstrar o magnetismo a partir de uma agulha de uma bússula. 25 Produção de campo magnético Contudo, com surpresa, ele observou que a agulha da bússola se movia ao aproximar esta do fio percorrido pela corrente, até se posicionar num plano perpendicular ao fio. Quando a corrente era invertida, a agulha girava 180º, continuando a se manter nesse plano. Esta foi a primeira demonstração de que havia uma relação entre eletricidade e magnetismo. 26 Produção de campo magnético Reprodução do experimento de Oersted Experimento de Oersted (Oersted's experiment) http://www.youtube.com/watch?v=KMf6jjMepcs 27 Dominio magnético Dominio magnético é um seguimento infinitesimal que representa a polaridade (Norte–Sul) do átomo, num material qualquer. 28 Ímã permanente Ímã permanente é um material sólido feito, na maioria das vezes de aço cobalto, que tem seus domínios magnéticos orientados numa direção preferencial definindo assim um par de pólos. 29 Campo magnético Campo magnético H é o espaço que envolve um imã através do qual se observa sua influência. Por convenção, a direção é assumida como saindo do pólo norte e entrando no pólo sul. 30 Produção de campo magnético Lei de Ampère: quando um condutor é percorrido por uma corrente elétrica surge em torno dele um campo magnético. i linhas de campo magnético Obs: As linhas de campo magnético são circunferências concêntricas 𝑯𝒅𝒍 = 𝑱. 𝒅𝒂 𝑆𝐶 31 Produção de campo magnético bússola X bússola i i O sentido do campo magnético pode ser determinado pela regra da mão direita 32 Produção de campo magnético Determinação do sentido das linhas de campo magnético pela regra da mão direita 33 Produção de campo magnético Comprovação em laboratório usando uma bússola 34 Lei circuital de Ampère Embora Hans Christian Oersted tenha comprovado experimentalmente a ligação entre eletricidade e magnetismo, ele não conseguiu explicar fisicamente ou matematicamente essa relação. Em 1820, André-Marie Ampère (físico e matemático francês) comprovou que há uma força atuando sobre condutores situados próximos quando percorridos por correntes elétricas. Ele também comprovou que a força e a intensidade do campo magnético eram proporcionais à magnitude das correntes elétricas. 35 Lei circuital de Ampère A integral de linha da componente tangencial do vetor intensidade de campo magnético H ao longo de um percurso fechado é igual a corrente total (líquida) enlaçada por esta trajetória n k kid 1 lH Obs: Produto escalar Soma algébrica cos..dlHd lH H ld 321 1 iiii n k k 𝑯𝒅𝒍 = 𝑱. 𝒅𝒂 𝑆𝐶 36 Lei circuital de Ampère A lei de Ampère é válida para qualquer configuração de campo magnético, qualquer distribuição de corrente e para qualquer percurso fechado de integração. Conclusão: o campo magnético no espaço em torno de um condutor percorrido por uma corrente elétrica é proporcional à corrente que o cria. A lei circuital de Ampère é extremamente útil para calcular o módulo (magnitude) do vetor intensidade de campo magnético H produzido por um condutor longo H produzido por uma bobina 37 H produzido por um condutor longo As linhas de campo são circunferências concêntricas As linhas de campo são perpendiculares ao condutor H HII 1 n k k d i I H l Obs: - é o ângulo entre H e dl - HII= H cos é o componente de H na direção do elemento de comprimento dl - para um percurso circular, é sempre zero, ou seja: - Para um caminho circular de raio r, a intensidade de campo magnético H é uniforme (H constante) dlHdlHd .cos. lH 2 d Hdl H dl H r I H l fio 2 I r H I 38 H produzido por um condutor longo H é dado em A/m H é diretamente proporcional à corrente H é inversamente proporcional a distância fio 2 I r H 39 Campo magnético de um solenoide Em seu interior as linhas de campo são paralelas (campo praticamente uniforme) No exterior o campo é fraco e divergente Solenóide ideal (distância entre as espiras é zero) As linhas externas são espalhadas, enquanto que as internas são concentradas (juntas) H 40 H no interior de um solenoide Aplicando-se a lei de Ampère ao percurso retangular abcd, tem-se: lHlHlHlHlH ddddd a d d c c b b a hHdlHdlHdlHd b a b a b a b a .0cos lH 090cos dlHd c b c b lH 090cos dlHd a d a d lH 0 lH d d c H é aproximadamente nulo em todos os pontos externos H é perpendicular ao percurso de integração 41 Portanto: Hhd lH A corrente enlaçada (concatenada) pelo percurso de integração é igual a i (corrente do solenóide) vezes o número de espiras envolvidas: comprimento número de espiras L N h X Nh X L Logo: Nh d Hh i L H l H é dado em A.esp/m (ou simplesmente Ae/m) H é diretamente proporcional à corrente e ao número de espiras Em que Ne = N/L = é o número de espiras por unidade de comprimento (ou número efetivo de espiras) solenoide e NI N I L H H no interior de um solenoide 42 Exemplo 5 Considere uma toróide dada na figura abaixo. Encontre a intensidade do campo magnético H a distância r do centro da toróide (pontos médios). Sabe-se que N=18 espiras, a corrente I=5A, a=2cm e b=5cm. 𝐻𝐵𝑜𝑏𝑖𝑛𝑎 = 𝑁 ℓ 𝐼 = 𝑁 2𝜋𝑟 𝐼 43 Generalizando para qualquer solenóide de N espiras podemos escrever: d N I H l definida como a força magnetomotriz (FMM); A FMM é dada em A.esp (ou simplesmente A); A FMM é diretamente proporcional à corrente e ao número de espiras; É a força necessária para criação do campo magnético; Força Magnetomotriz (FMM) e Força Eletromotriz (FEM) A força eletromotriz (FEM) é a “força” que pode produzir a circulação da corrente elétrica (sentido convencional); O símbolo é E; A unidade é Volts (V); E I I 44 Revisão Sobre Eletromagnetismo Lei de Ampère Lei de Faraday Lei de Lenz A indução eletromagnética é o princípio fundamental sobre o qual operam os transformadores, geradores, motores e a maioria das máquinas elétricas. 45 Lei de Faraday Ao se movimentar o imã (aproximar ou afastar) de um solenóide (bobina) ocorre deslocamento do ponteiro do galvanômetro. Quando o ímã está parado, mesmo que esteja muito próximo da bobina não há deslocamento do ponteiro do galvanômetro. 46Lei de Faraday Lei de Faraday: Quando um circuito elétrico é atravessado por um fluxo magnético 𝜙 variável no tempo, surge uma força eletromotriz FEM (ou tensão) induzida atuando sobre o mesmo. A FEM (tensão) induzida no circuito é igual à variação do fluxo que o atravessa. Formas de se obter uma FEM induzida conforme Lei de Faraday Utiliza-se um corrente variável para produzir um campo magnético variável. Exemplo: Transformador. Provoca-se um movimento relativo entre o campo magnético e o circuito do estator. Exemplo: Máquina Síncrona. 𝐹𝐸𝑀 = 𝑒 = 𝑑𝜙 𝑑𝑡 47 Lei de Lenz Lei de Lenz: A tensão induzida por um fluxo magnético variável em um circuito fechado (espira) produzirá uma corrente induzida de forma a se opor à variação do fluxo que a criou. 𝐹𝐶𝐸𝑀 = 𝑒 = − 𝑑𝜙 𝑑𝑡 48 Fluxo magnético Ø / / e 1 .c c c cS B n ds B n n B A B A c cN i d H l H l c cB H Bc depende do meio Hc não depende do meio = r . 0 : é a permeabilidade magnética do material [Wb/A.m]; 0 = 410 -7 [Wb/A.m] é a permeabilidade magnética do vácuo (ar); r é a permeabilidade relativa do material em relação ao vácuo [adimensional]; 2 Wb m 49 Permeabilidade Magnética 0 r HB 0 A permeabilidade relativa do material é responsável pelo efeito multiplicador produzido pelo núcleo de material ferromagnético na densidade de campo resultante. No espaço livre (vácuo), tem-se: É comum empregar a permeabilidade relativa do meio, dada por: De forma grosseira, a permeabilidade relativa indica o quanto o meio em questão “facilita” a produção de campo magnético. Nos materiais utilizados em máquinas elétricas, r usualmente varia de 2.000 a 80.000. 50 Solenóide com núcleo de material ferromagnético Um núcleo de material ferromagnético tem o efeito de multiplicar por centenas ou milhares de vezes a densidade de fluxo magnético de um solenoide comparado com o caso com núcleo de ar. 51 Magnetização e Saturação Magnética (a) Material está desmagnetizado. A magnetização dos domínios é orientada aleatoriamente de modo que a magnetização resultante é nula. (b) Duas situações (interpretações) possíveis: - Em cada domínio o vetor de magnetização sofre uma pequena rotação na direção do campo externo aplicado. - Pode ocorrer um pequeno movimento das “paredes” dos domínios. Os domínios que estão favoravelmente orientados em relação ao campo externo aumentam de tamanho às custas da diminuição daqueles que estão desfavoravelmente orientados Se H é suficientemente pequeno, o processo é reversível ao se remover o campo externo (c) Se o campo externo (H) continua a aumentar as paredes continuam a se mover, mas agora de uma maneira irreversível. O processo somente é reversível com a aplicação de um campo externo contrário. (d) Aumentando-se ainda mais o campo todos os domínios tendem a se alinhar com o campo aplicado. A partir deste ponto ocorre a saturação (i.e., não é possível aumentar o campo produzido pela contribuição dos domínios magnéticos). (a) campo externo nulo H = 0 H (b) campo externo fraco H (c) campo externo moderado H (d) campo externo forte (saturação) 52 Curva de magnetização NIdlH. r NI l NI H n 2 [A.esp/m] HB [Wb/m2] Núcleo toroidal de material ferromagnético NidlH. cl Ni H [A.esp/m] HB [Wb/m2] - Ao aumentar-se a corrente, a intensidade de campo H aumenta. - E a densidade de campo B? nl Núcleo de ferro retangular cl 53 Curva de magnetização cl Ni H HB 54 Curva de magnetização CC A partir de um determinado valor de corrente, a densidade de campo B praticamente não aumenta (saturação) 55 Curva de magnetização de alguns materiais 56 Magnetismo residual Admitindo que o material ferromagnético está “virgem” (nunca fora magnetizado) • I = 0→H = 0→B = 0 • material levado à saturação • I = 0→H = 0 e B ≠ 0 Mesmo com I=0, não conseguimos mais anular a densidade de fluxo ou indução magnética. Este fenômeno é conhecido como magnetismo residual. 57 Ciclo (laço) de histerese - Br densidade de fluxo residual (B para H =0) - Hc força coercitiva (H necessário para desmagnetizar o material) - Bm é o valor máximo de B O laço é simétrico em relação à origem e é denominado laço de histerese. Obs: Histerese em grego significa atraso (a densidade de campo está atrasada em relação a intensidade de campo) 58 Ciclo (laço) de histerese Obs: Substituir M por B segundo a notação utilizada na disciplina 59 Laço de histerese e curva de magnetização Se o processo é repetido mais uma vez, os vértices e os pontos de cruzamento com os eixos x e y são ligeiramente diferentes nos primeiros ciclos de repetição (curva plurívoca). Após alguns ciclos tais pontos convergem para um valor fixo 60 Laço de histerese e curva de magnetização Para vários ciclos de histerese aumentando gradualmente tem-se a curva de magnetização (também conhecida como curva de magnetização CC). Ou seja, a curva de magnetização é um conjunto de vértices de vários ciclos de histerese. 61 Material magnético duro e mole Material magnético mole: este termo é utilizado para definir materiais que são facilmente magnetizados e desmagnetizados na presença de baixos campos (alta permeabilidade). No laço de histerese, a densidade residual Br e a força coercitiva Hc são pequenos. Exemplo: aço doce. Material magnético duro: materiais mais resistentes a magnetização e desmagnetização (baixa permeabilidade). No laço de histerese, a densidade residual Br e a força coercitiva Hc são elevados. Exemplo: ligas de níquel-ferro ou aço-carbono. 62 Laço de histerese e curva de magnetização Quando aplicamos a um material ferromagnético um sinal de tensão alternada, provocamos a inversão de sua polaridade “f” vezes por segundo, correspondente à inversão de seus domínios magnéticos; Esta inversão provoca um atrito entre os átomos do material, que por sua vez, dissipará calor; Pode-se demonstrar que esta energia dissipada, na forma de calor, corresponde à área do laço de histerese, que é denominada perda histerese; A perda histerese é diretamente proporcional à frequência; 63 Perda Histerese 64 Perda Foucault Quando excitamos um circuito magnético com corrente variável no tempo, este induz uma FEM sobre os condutores que o concatena. Como o circuito magnético é um material condutor, fluirá em seu interior um fluxo variável no tempo, provocando assim a circulação de uma corrente elétrica em direção transversal ao fluxo existente. Esta corrente é denominada “Corrente Parasita” ou “Corrente de Foucault”. 65 Perda Foucault A resultante das correntes será. Esta circulação de corrente provoca um aquecimento no núcleo magnético. A perda de energia dissipada em forma de calor é denominada Perda Foucault. Para atenuarmos esta perda, montamos o circuito magnético ou pacote magnético com chapas superpostas e isoladas entre si. Mesmo assim ainda há correntes parasitas. A espessura das chapas deve ser a menor possível, mantendo porém uma certaresistência mecânica. 66 Propriedades do Núcleo Magnético Com uso de materiais magnéticos é possível obter elevada densidade de fluxo magnético B com níveis baixos de força magnetizante H. As forças magnéticas H e a densidade de energia elevam-se com aumento da densidade de fluxo B. Esse efeito tem papel fundamental no desempenho das máquinas (maior rendimento). Materiais Magnéticos São utilizados para delimitar e direcionar os campos magnéticos dentro de caminhos bem definidos. Em transformadores (trafos) são usados para maximizar o acoplamento entre os enrolamentos e para diminuir a corrente de excitação 𝑖𝜙 para operar o transformador. Em máquinas, são usados para dar forma aos campos de modo que seja produzido conjugado desejado e obtidas as características elétricas específicas nos terminais da máquina. 67 𝐻 = 𝑖 × 𝑁 ℓ 𝐴. 𝑒𝑠𝑝 𝑚 Propriedades do Núcleo Magnético: Materiais Ferromagnéticos Materiais Ferromagnéticos São compostos em geral por ferro e ligas de ferro com cobalto; tungstênio; níquel; alumínio e outros metais. Domínios Magnéticos Esse materiais têm elevado número de domínios magnéticos que são regiões onde os momentos magnéticos de todos átomos estão em paralelo dando origem a um momento magnético líquido naquele domínio. Em uma amostra não magnetizada, os momentos magnéticos dos domínios estão orientados aleatoriamente e o fluxo magnético líquido B resultante no material é nulo. No entanto, quando uma força magnetizante externa H é aplicada (corrente excitação 𝑖𝜙 ) os momentos dos domínios magnéticos tendem a se alinharem com o campo magnético H aplicado. 68 𝐹𝑀𝑀 = ℱ = 𝑁𝑖𝜙 = 𝐻ℓ𝑐 𝐻 = 𝑖 × 𝑁 ℓ 𝐴. 𝑒𝑠𝑝 𝑚 Propriedades do Núcleo Magnético: Materiais Ferromagnéticos Domínios Magnéticos O resultado é que os momentos magnéticos dos domínios somam-se ao campo aplicado produzindo um valor ainda mais elevado de densidade de fluxo do que aquele que existia devido apenas à força magnetizante. A permeabilidade efetiva 𝜇 é elevada em comparação à permeabilidade do vácuo 𝜇0. Saturação Magnética À medida que a força magnetizante H aumenta há o alinhamento dos momentos magnéticos dos domínios até o ponto onde todos os momentos magnéticos estão alinhados com o campo externo aplicado. Nesse ponto os momentos magnéticos não podem mais contribuir para aumento da densidade de fluxo magnético. Portanto, o material está saturado! 69 𝜇 = 𝐵 𝐻 Propriedades do Núcleo Magnético: Histerese Magnética Histerese Magnética e a Magnetização Remanescente Na ausência de força magnetizante (externamente aplicada) os momentos magnéticos tendem a se alinhar naturalmente segundo certas direções conforme a estrutura cristalina dos domínios conhecidas como eixos de mais fácil magnetização. Se a força magnetizante H for reduzida, os momentos magnéticos dos domínios relaxam-se indo para direções de mais fácil magnetização próximas à direção do campo aplicado. Se o campo aplicado for reduzido até zero, o momento dos dipolos magnéticos (embora tendendo a relaxar e assumir as orientações iniciais) não são totalmente aleatórios em suas orientações! Eles retêm uma componente de magnetização líquida (magnetização remanescente) na direção do campo aplicado. A magnetização remanescente é responsável pela Histerese Magnética! 70 Propriedades do Núcleo Magnético: Histerese Magnética Histerese Magnética Devido ao efeito da Histerese Magnética, a relação entre B e H em materiais ferromagnéticos é não linear e plurívoca. Logo, as características do material não podem ser descritas de forma analítica. A curva que descreve um material magnético é a curva B –H ou Laço de Histerese. 71 Laços de Histerese B-H Aço Elétrico Tipo M-5 Fig. 1.9 – Laços B-H para aço elétrico de grão orientado tipo M-5 com 0,3 mm de espessura. 72 A Fig. 1.9 mostra um conjunto de laços de histerese para o aço M-5 (aço elétrico de grão orientado) usado em equipamentos elétricos. Cada curva é obtida variando ciclicamente a força magnetizante aplicada entre valores positivos e negativos constantes. Após diversos ciclos as curvas B-H formam laços fechados. Laços de Histerese B-H Aço Elétrico Tipo M-5 Fig. 1.9 – Laços B-H para aço elétrico de grão orientado tipo M-5 com 0,3 mm de espessura. 73 Com valor crescente de H as curvas começam a ficar horizontais à medida que o material tende a saturação. Para 𝐵 = 1,7 𝑇 observa-se que material está muito saturado. Quando H decresce de 𝐻𝑚𝑎𝑥 para 𝐻 = 0, a densidade de fluxo diminui, mas não anula. Quando 𝐻 = 0 uma magnetização remanescente está presente. Curvas de Magnetização CC Aço Elétrico Grão Orientado M-5 Fig. 1.10 – Curvas de magnetização CC para o aço elétrico de grão orientado M-5 de 0,3 mm de espessura. 74 Obtida da plotagem dos lugares de máximo valor da curva B-H nas extremidades do laços de histerese. A curva CC despreze a natureza histerética do material (por que?) mas exibe suas características não linear. Excitação CA: Tensão, Fluxo e Corrente Fig. 1.11 – (a) Tensão, Fluxo e Corrente de Excitação. (b) Laço de histerese. 75 Uma corrente de excitação 𝑖𝜙 corresponde a uma FMM de excitação 𝐹𝑀𝑀 = 𝑁𝑖𝜙(𝑡) que é preciso para produzir fluxo no núcleo 𝜙 𝑡 . Devido às propriedades magnéticas não lineares do núcleo, a corrente de excitação correspondente a um fluxo senoidal no núcleo será não senoidal. Volt-Ampère Eficaz vs Densidade Fluxo Magnético Fig. 1.12 – 𝑉𝐴𝑒𝑓 (Volt-Ampère eficaz) de excitação por Kg a 60 Hz para aço elétrico de grão orientado tipo M-5 de 0,3 mm de espessura. 76 Laço Histerese Fig. 1.13 – Laço de histerese: a perda por histerese é proporcional à área do laço. 77 Exercícios Teóricos 1. Explique de forma simples a lei circuital de Ampère e para que é utilizada. 2. Qual é a diferença entre a intensidade de campo magnético H e a densidade do campo magnético B? 3. Explique o que acontece quando um material ferromagnético é submetido a um campo externo. O que é a saturação? 4. Por que é importante a curva de magnetização dos materiais ferromagnéticos e como é obtida. 5. O que é o ciclo (ou laço) de histerese e como é obtido. Explique a densidade de fluxo residual e a força coercitiva. 78 6. O que são perdas Foucault? Como minimizá-la. 7. O que são perdas por Histerese? Exercícios Teóricos 79 E19 – MÁQUINAS ELÉTRICAS Prof. Dr. Lucas Teles de Faria Telefone: (18) 3284-9682 E-mail: lucas.teles@unesp.br 80 Módulo 1 Introdução à teoria da conversão eletromagnética de energia Primeiro Teste 81
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