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trabalho economia política 3

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TRABALHO DE ECONOMIA POLÍTICA III
Guilherme de Souza Cucco- 18102756
Introdução
 Por mais que o Brasil seja considerado um país novo e que atualmente ainda se encaixa na categoria de países emergentes, o território brasileiro apresenta características únicas e sua formação econômica foi e ainda é marcada pelos interesses de uma minoria detentora de capital que provém tanto da produção, quanto do capital portador de juros (como também capital fictício). Segundo Hilferding no prefácio doe seu livro O Capital Financeiro ,o capital bancário e o capital industrial tendem a se homogeneizar, ou seja, com centralização da propriedade capitalista, os proprietários do capital fictício, que constitui a maior fração do capital dos bancos, e os proprietários do capital industrial são cada vez mais as mesmas pessoas, em adição, além da ascensão de um novo grupo detentor de capital financeiro, percebe-se por meio de medidas econômicas adotadas no Brasil desde o final do século XIX que os políticos brasileiros são as mesmas pessoas que detém a maior porção de capital, podendo afirmar que o Brasil possui um histórico de guerra de interesses, o qual ocasiona em um outro problema que será abordado como tema principal deste trabalho: o falso entendimento e a banalização do termo “Estado” entre as camadas populares brasileiras, porém este tema apenas será aprofundado na parte final deste trabalho.
 Por ora, é necessário fazer uma análise econômica e politica brasileira desde o final do século XIX (depois da República ser proclamada), por mais que os livros de Celso Furtado que serão usados para base de dados e fatos começam a análise desde o período colonial, neste período a economia mundial como também o capitalismo estavam passando por uma fase totalmente diferente do início do século XX, além disso a presença de capital financeiro é bem forte logo após a proclamação da república , como também o capital fictício foi fundamental na era do café no Brasil ( velha república), vindo ao encontro deste fato, nesta época brasileira fica visível a aproximação dos portadores de capital com a política ( o Brasil antes desta época também era comandado por elites, porém estas possuem características divergentes da elite que surgiu na República pois o crescimento industrial do Brasil foi tardio e apenas começou no século XX).
 1.Proclamação da república e a economia cafeeira
 É de suma importância compreender o período da velha república para entender como o uso de políticas econômicas foi de grande importância para evitar que os detentores de capital proveniente da produção de itens primários falissem, portanto, que a economia procurasse por todos os meios manter o seu nível de emprego durante os períodos de depressão. Qualquer que fosse a redução no preço internacional do café, sempre era vantajoso, do ponto de vista do conjunto da coletividade, manter o nível das exportações. Defendia-se, assim, o nível de emprego dentro do país e limitavam-se os efeitos secundários da crise, por mais que uma taxa de emprego alta é um fator para melhorar a condição de vida da população em termos macroeconômicos, o governo apenas fez o uso de tal medida para interesses de minorias, além disso, a velha república foi marcada por um período de depreciação forçada do câmbio para ajudar os exportadores de café. Neste acontecimento pode-se tirar inúmeras conclusões: a primeira é de que como a concentração de renda foi feita neste período, por meio do uso da taxa de câmbio que fez com que as camadas populares recebessem um grande dano social, mostrando desde já o afastamento do real papel de Estado em sua teoria, o qual busca o bem-estar da população como um todo, em adição , a redução do valor em ouro da receita governamental era tanto mais grave quanto o governo tinha importantes compromissos a saldar em ouro. Ao depreciar-se o câmbio, o governo era obrigado a dedicar uma parte muito maior de sua receita em moeda nacional ao serviço da dívida externa. em consequência, para manter os serviços públicos mais indispensáveis, via-se obrigado a emitir moeda-papel, fazendo assim, com que a população sofresse cada vez mais sob o efeito do imposto inflacionário, agravando-se cada vez a concentração de renda.
 A segunda conclusão é de que os capitalistas donos dos meios de produção já apresentavam uma queda na taxa de lucro principalmente no setor de café , entre vários fatores como a concorrência entre os diferentes capitais, estimula por um lado, a concentração de capital, e por outro, a centralização de capital através da absorção de vários capitais dispersos que são centralizados como propriedade de poucos capitalistas , a demanda por trabalhadores começa a diminuir pois se consegue produzir mais unidades de produto com menos trabalhadores. A pressão causada pela taxa de lucro fez com que com a ajuda do Estado brasileiro na época ajudasse os capitalistas brasileiros , porém o “boom” artificial que o Estado brasileiro causou até a grande crise de 29, evidenciou a fraqueza do sistema capitalista: a superprodução, na época em que o Brasil foi atingido pela crise, o país já vivia em uma bolha causada pela superprodução e pelo capital fictício.
 O capital fictício em forma de especulação esteve presente e foi de suma importância para os grandes capitalistas portadores de juros ficassem com cada vez mais capital acumulado, um grande exemplo foram as cartas de café que surgiram do problema de superprodução e acumulação de café que nunca foi usado, ou seja, o problema não era apenas industrial e comercial, e sim especulativo. As grandes empresas estrangeiras compravam grandes estoques de café para assim deixar uma reserva para se controlar os preços, pois caso se vendesse todo café, o preço iria diminuir. Como as grandes multinacionais possuíam um grande estoque, elas faziam leilões de “cartas de café” para grandes capitalistas especuladores comprarem o direito de usufruir do café estocado, para assim os mesmos especuladores venderem para outros a “carta” e assim por diante. O problema é que o café já estava estocado, ninguém mais iria fazer uso dele, e é ai que o capital fictício possui grande importância: gerar um ganho que não equivale ao mercado real de bens, criando -se assim uma larga pirâmide /bolha que se estoura junto com a crise de 29.
 Um outro fato que ocorreu nesse período foi a criação da bolsa de valores de São Paulo, agravando-se mais assim as mazelas que a concentração de renda trouxera. Por meio dos lucros do fundador, vários capitalistas ganhavam uma grande quantidade de capital proveniente dos juros, que segundo Marx, não possuíam uma taxa natural, o mesmo encontra seu limite máximo no tamanho do lucro, na taxa média de lucro, bem como, seu limite mínimo no funcionamento do dinheiro como capital portador de juros. Como as pessoas que compravam as ações de empresas que foram criadas na época focavam apenas na taxa de juro e não no rendimento real da empresa, os donos das grandes empresas ganhavam um valor a mais, e tais donos de grande quantidade de capital na maioria das vezes eram políticos ligados diretamente ao ramo de direito econômico brasileiro. Pode-se perceber tal acontecimento por meio do coronelismo, o qual segundo o site infoescola significa: é uma prática na política brasileira, um comportamento social e político prejudicial e recorrente. Se caracteriza pelo controle da política por um pequeno grupo de privilegiados que definem os rumos políticos de uma cidade ou região, utilizando-se muitas vezes de meios ilegais.”. Pode-se perceber cada vez mais a aproximação do Estado brasileiro como apenas uma ferramenta para reproduzir a vontade de um pequeno grupo que detém capital, Euvaldo Lodi e Valentim Fernandes Bouças são exemplos de como os detentores de capital produtivo e portador de juros estavam presentes na política brasileira.
2.Industrialização do Brasil e época moderna
 Com o intuito de sair da crise do sistema capitalista, entre tantas outras medidas, o Brasil começou a bolar um plano
para uma industrialização, que na época e nos dias de hoje é considerada extremamente tardia, e esta apenas ocorreu pelo longo histórico brasileiro de submissão aos países que exerciam um novo imperialismo. Para Ellen Wood, no imperialismo capitalista a dominação não se dá por meio de coerção direta, pois grande parcela das nações são independentes e soberanas no plano político, mas dependentes no plano econômico ao subordinarem-se aos imperativos do mercado. Tal medida imperialista é observada por parte dos EUA desde a sua ascensão por meio do capitalismo.
 A pressão que exercem as empresas transnacionais no quadro dessas novas formas de mercado, que combinam elementos da "concorrência monopolística" com as estratégias dos oligopólios, no sentido de difundir as formas mais sofisticadas de consumo que engendra a civilização industrial. O rápido desenvolvimento das forças produtivas, ainda que limitado a certos setores ou áreas, e os baixos salários, que uma oferta elástica de mão-de-obra permite pagar ao trabalhador não-especializado, proporcionam considerável excedente de bens. O Estado nesse período possui um grande dever de mitigar as mazelas trazidas pela crise(como por exemplo a de 29), por mais que o mundo capitalista passou por essa grande crise no século XX, os Estados ainda continuaram a exercer o papel de busca principalmente beneficiando a grande maioria das empresas do poder desproporcional dos monopólios sobre produtos e serviços essenciais ou de utilidade pública. Segundo Lênin,” Os bancos, em todo o caso, em todos os países capitalistas, qualquer que seja a diferença entre as legislações bancárias, intensificam e tomam muitas vezes mais rápido o processo de concentração do capital e de constituição de monopólios.” Ou seja, os bancos possuem um papel importante no imperialismo capitalista, ao serem as instituições que fornecem crédito às grandes empresas como também possuir uma quantidade maior de capital bancário, capital na forma de dinheiro, que é transformado em capital industrial, esse capital mantém a forma de capital monetário para seus proprietários ao gerar renda e manter certa mobilidade, fazendo com que as instituições bancárias sejam pilares fortes para a manutenção e reprodução do sistema capitalista. Em adição, é importante ressaltar que os bancos já eram importantes em eras anteriores, pois o capital fictício apenas surge por conta do capital bancário citado anteriormente, para Marx em seu livro O Capital, o capital bancário é composto basicamente de duas formas distintas de representação de capital monetário. A primeira parte do capital bancário apresenta-se na forma de dinheiro em espécie, moedas de ouro e notas de banco. A Segunda parte, apresenta-se na forma de títulos de valor dos mais diversos, e são os títulos segundo Marx que possuem capital fictício, pois títulos são comprovantes de capital que já fora investido ou usado, e como as cartas de café, os títulos podem ser vendidos ou comprados. Após a grande depressão e o surgimento de ideais neokeynesianos, os países passaram a fazer grande uso de emissão de títulos para sair da crise ou para adotar medidas econômicas, tal medida acontece até hoje, e mesmo assim, seguindo a teoria de Marx, bolhas diversas são criadas, configurando-se assim a característica de crises cíclicas do capitalismo.
 As grandes potências necessitam fazer o uso do imperialismo por vários fatores, um dos fatores é a taxa tendencial de lucro descrita por Marx faz com que as empresas busquem o mercado exterior, tal fato ocorreu e ainda se propaga em grande escala no mundo, basta analisar o preço da mão de obra e de materiais primários para produção em grande escala: os países emergentes possuem ambos os fatores descritos em abundância e relativamente mais baratos do que as grandes nações. No século XX surgem nações autoritárias que possuem como objetivo a expansão territorial como saída alternativa para o neoimperialismo capitalista, porém como Sweezy já afirma, o imperialismo capitalista é relativamente melhor, pois é mais lucrativo e mais difícil de se identificar, fazendo com que polarizações e classes descontentes sejam mais difíceis de surgir.
 3.Conclusão e Objetivo final do trabalho
 Os acontecimentos mostrados acima ironicamente são fenômenos que acontecem atualmente, e estes ao longo de décadas causaram uma alienação enorme na população brasileira acerca do significado de Estado. Pode parecer um fenômeno comum e não exclusivo apenas da década atual, entretanto há vários argumentos que mostram a grande alienação causada pelo sistema capitalista. É necessário ressaltar a grande polarização das classes populares causada pelos ideais “direita” e “esquerda”, que em sua essência, causa alienação nas classes que são exploradas, e tal polarização não colabora para o desenvolvimento social e econômico. Em uma visão marxista, as camadas populares e assalariadas deveriam focar em um objetivo maior, pois a briga entre dois compassos políticos não acaba com a mazela real, que no caso é o sistema capitalista. 
 A mídia é um grande instrumento usado pelo Estado brasileiro para continuar a guerra de lados políticos, para assim manter a ordem. Como na época cafeeira do Brasil, os políticos atualmente possuem relação com grandes empresas como também vários são ligados financeiramente com a mídia. Segundo o site intervozes: “Dos 27 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 20 estão representados por políticos como proprietários de veículos de radiodifusão. Os políticos do DEM saem na frente com 58 veículos e representam 24,1% do total da classe sócia de meios de comunicação. Os filiados ao PMDB aparecem em segundo lugar com 48 veículos em seu poder (17% do total), seguido dos políticos do PSDB com 43 canais de TV ou rádios. São 147 prefeitos, 55 deputados estaduais, um governador, 48 deputados federais e 20 senadores com vínculo direto e oficial com os meios de comunicação. Os números fazem parte do projeto “Donos da Mídia”, que reuniu dados públicos e informações para montar um panorama completo da mídia no Brasil. O projeto do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom) mapeou os políticos que são proprietários de empresas de mídia, por meio do cruzamento de dados da Agência Nacional de Telecomunicações com a lista de parlamentares do país.”. Algumas vezes sendo a classe política donos ou sócios de grandes multinacionais, comprovando assim a teoria da homogeneização do portador de capital e Estado(literalmente) fazendo com que o Estado perca o seu objetivo principal de instituição com o objetivo de desenvolver a nação socialmente. Deixando de lado a teoria marxista , muitos países alcançaram a meta de bem estar social coletivo, por meio de políticas sociais e auxílio aos mais necessitados por mais que sejam economias capitalistas.
 O problema do Brasil não é o estado como sua definição, e sim uma instituição que foi sendo criada ao longo da história brasileira como sendo sempre corrupta e que visa o interesse apenas de uma elite. É notável a ascensão de grupos anarquistas no Brasil que defendem o fim do Estado usando o argumento do mal funcionalismo do “Estado” criado no Brasil, ao meu ver, os grupos radicalistas que querem o fim do Estado apenas estão insatisfeitos com apenas a maneira como os órgão estatais se comportam no território. O Estado como definição é necessário e empiricamente já foi comprovado a importância do mesmo, quanto para o nascimento do capitalismo tanto para diminuir mazelas trazidas pelo mesmo, e esse é o objetivo principal deste trabalho: a distorção do termo “Estado” no Brasil feito pela camada popular, e as causas para tal fenômeno citadas acima ao olhar marxista são fruto do capital, e realmente, a distorção da instituição pública no Brasil faz com que a população não foque no fim real do capital e do capitalismo. Pode ser considerado uma forma de defesa que os próprios detentores de capital criaram para deixar as massas alienadas.
 Em uma visão
diferente e um adendo sobre o assunto , Marcos Bezerra comenta que: “Bourdieu retoma o tema da corrupção e o associa à corrosão da confiança no serviço público. A perda de convicção no Estado como promotor do justo e do bem comum favorece as apropriações e usos inadequados de seus poderes. Como evidencia Bourdieu ao longo de toda sua análise, a construção do Estado como espaço público, como lugar do universal é uma obra inacabada e permanente, produto do interesse de distintos agentes e de lutas. Por isso, é também um processo reversível e uma obra passível de ser demolida.”. Em suma, analisando-se o ponto de vista de Bourdieu, o Estado brasileiro apenas atingirá o papel de Estado em sentido literal se a população ter convicção no sistema estatal para trazer melhorias para a população como um geral, entretanto, ao analisar a teoria de Marx como também o livro de Sweezy, é possível afirmar que a única maneira de existir um Estado que beneficie a todos é por meio de uma revolução, pois a única maneira de acabar com o Estado brasileiro atual é dando fim ao sistema em que o mesmo se mantem e possui raízes.
 
Referências bibliográficas:
FURTADO,Celso. Formação econômica do Brasil,1959, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 2005.
MARX, Karl. O Capital. Vol. IV e V Livro III , São Paulo, Nova Cultural, 1986.
HILFERDlNG, Rudolf. 1985.0 capital financeiro. Trad. Reinaldo Mestrinel. São Paulo, Abril. (Col. as Economistas.) [Ed. orig. Das finanzkapltal.]
Sweezy, Paul Marlor, Teoria do desenvolvimento capitalista. Capítulo XVII. São Paulo, Abril,1983.
BOURDIEU, Pierre; BEZERRA, Marcos. Sobre o Estado. São Paulo, Companhia das letras, 2014.
Empresas de deputados e senadores devem R$ 372 milhões à Previdência <https://reporterbrasil.org.br/2017/06/empresas-de-deputados-e-senadores-devem-r-372-milhoes-a-previdencia/>. Acesso em : 23 de outubro de 2019.
271 Políticos são sócios de empresas de comunicação <http://www.intervozes.org.br/direitoacomunicacao/?p=21250>. Acesso em: 20 de outubro de 2019.
Os políticos que controlam (quase) tudo que você sabe<https://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/06/politicos-controlam-tudo-sabe.html>. Acesso em: 20 de outubro de 2019
CHESNAIS, François. O Capital Portador de Juros: acumulação, internacionalização, efeitos econômicos e políticos.

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