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APOSTILA-HISTORIA-DA-ANATOMIA

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU 
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI 
 
 
 
 
HISTÓRIA DA ANATOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
 
HISTÓRA DA ANATOMIA1 
A “Anatomia” tem os seus primeiros relatos deste o início da civilização, 
a partir do instante em que o homem passa observar em outro homem e em 
outros animais, as várias regiões do corpo das quais eram constituídos (Tavares, 
1999; Silvino, 2001). 
 Ao contrário do que muitos pensam a Anatomia não é uma ciência 
morta, muito menos de apenas cadáveres. Anatomia, além de não ser uma 
ciência morta, é essencial para o conhecimento, pois é através dela que os 
profissionais da área da saúde adquirem conhecimentos dissecando ou 
observando o corpo humano (Chevrel, 2003). 
http://www.obiologo.eco.br/2013/09/historia-da-anatomia.html 
 
Segundo Didio (1974), a Anatomia Humana é a ciência que estuda as 
estruturas do corpo humano sendo considerada como fundamental para as 
ciências médicas e para tal utiliza-se como material de ensino e estudo o cadáver 
 
1 http://www.ibamendes.com/2011/01/um-pouco-da-historia-da-anatomia.html 
 
 
 
humano que, contribui e tem contribuído através dos séculos, com os 
ensinamentos e aprendizagem das maravilhas do corpo humano. 
Um conceito de Anatomia foi proposto em 1981, pela American 
Association of Anatomist: “anatomia é a análise da estrutura biológica, sua 
correlação com a função e com as modulações de estrutura em resposta a 
fatores temporais, genéticos e ambientais” (Spense, 1991; Dângelo e Fattini, 
2003) 
A ciência “Anatomia” começou nos primórdios da história humana. O 
homem pré-histórico já observava à sua volta a existência de seres diferentes de 
seu corpo, os animais. Com isso, passou a gravar nas paredes das cavernas e 
fazer esculturas das formas que via. Com isso passou a notar detalhes, que hoje 
nos permite identificar as espécies animais descritas (Silvino, 2001). 
O termo anatomia deriva do grego anatome (ana = através de; tome = 
corte) que significa através do corte. 
Dissecação deriva do latim dissecare (dis = separar; secare = cortar), a 
Anatomia Humana é uma disciplina ou campo de estudo científico, enquanto 
dissecação é uma técnica usada para estudar as estruturas do corpo (Moore, 
2001). 
Estas representações indicam não somente que a pintura pré-histórica 
nasceu há muito tempo, mas que se desenvolveu em ritmo rápido e atingiu 
admirável grau de satisfação (Knapp, 2004). 
Costa Ferreira (1.915) em sua aula de anatomia transcreve o seguinte 
trecho do mesmo Assis Leite: "Um cadáver é o primeiro livro clássico de 
anatomia. O cadáver é um mestre mudo, porém eloquente. Este mestre instrui 
os vivos antes de baixar à morada dos mortos. Na anatomia estuda-se o homem 
vivo no homem morto. 
A anatomia guia constantemente a mão do cirurgião, indica-lhe o lugar 
das operações, apontar-lhe os perigos e os meios de salva-Ios. A anatomia é a 
base da medicina e cirurgia; quanto mais esta base é sólida e profunda, mais 
este edifício é elevado e majestoso". 
Segundo Valladas et al (2004), a arte do Homo sapiens era bastante 
elaborada, tanto em termos de realismo quanto de traços artísticos, é o que 
 
 
 
revela os animais desenhados nas grutas, os quais tem aparência bastante 
realista. 
O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos 
antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou 
dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola 
hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com 
a dissecação. 
Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos 
paradigma, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. 
No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na 
Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e 
Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo 
sistemático. 
 
http://marceloaviz.blogspot.com.br 
 
A dissecção na área da anatomia humana é o ato de explorar o corpo 
humano, ou seja, através de cortes para possibilitar a visualização anatômica 
dos órgãos e regiões que existem no corpo humano e assim possibilitar o seu 
estudo. (MOORE, 2007). 
 A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por 
razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano 
 
 
 
continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações 
em animais. 
 
A história do uso do cadáver humano retrata que o meio mais antigo, de 
que se tem conhecimento, para conservação de cadáveres, é a mumificação 
ou embalsamento (Chagas, 2001). 
 
Segundo Melo (1989), este método era praticado pelos egípcios com 
finalidade religiosa e não para preparar cadáveres desconhecidos. 
 
 
http://cultura.culturamix.com/curiosidades/mumificacao-no-egito-antigo 
 
Acreditava-se que os mortos continuariam vivos no túmulo, porém era 
uma graça concedida apenas aos nobres e reis, como pode ser observado pela 
cabeça mumificada do Faraó Ramses V. No Egito dos Faraós, a mais de 5.000 
anos, desenvolveu-se esta técnica de embalsamento, permitindo os primeiros 
estudos anatômicos das doenças. 
Moore (2001) relata que a Anatomia é uma ciência descritiva e 
necessariamente requer nomes para as estruturas e os processos do corpo. 
 
 
 
Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões 
práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez 
necessário dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. 
O embalsamento era suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias 
maiores como as Cruzadas introduziram a prática de “cocção dos ossos”. A 
bula pontifica De sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores 
acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta 
prática. 
O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de 
saber a causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar 
o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou 
outra enfermidade infecciosa. 
 
 
 http://www.obiologo.eco.br/2013/09/historia-da-anatomia.html 
 
Os primeiros cientistas Anatomistas e Médicos foram os egípcios. Após 
vieram os Mesopotâmios (Melo, 1989). 
A importância do médico que cuidava dos animais era tão grande para os 
Mesopotâmios, que o exercício da atividade ganhou destaque até no “código de 
Hamurabi”. 
O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação 
cesariana cada vez mais frequente. A tradição manuscrita do período medieval 
não se baseou no mundo natural. 
 
 
 
AS ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a 
capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, 
introduziram pelo menos alguns erros tanto de conceito como de técnica. As 
coisas “eram vistas” tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram 
consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. 
Apesar de todo o progresso em relação aos estudos da anatomia humana, 
a dissecação de cadáveres humanos não só era proibida pela Igreja e 
autoridades governamentais, como era também punido quem fosse apanhado 
dissecando. Mas a ciência não podia parar e, movidos pelo ímpeto e desejo de 
aprender e desmistificar o proibido em prol da ciência, os anatomistas não se 
davam por vencidos (Chagas, 2001). 
E, enquanto a autorização não chegava, eles insistiam em dissecaros 
cadáveres às escondidas, normalmente em calabouços ou subterrâneos 
devidamente escolhidos para este fim. 
 
 
 http://www.ibamendes.com/2011/03/imagens-historicas-da-faculdade-de.html 
 
No passado apenas os cadáveres de criminosos e assassinos enforcados 
eram usados nas dissecações. Isto gerou um grave problema que era a 
quantidade insuficiente de cadáveres para estudo, resultando com isto o 
aparecimento dos chamados “ressuscitadores” que eram pessoas que supriam, 
 
 
 
com cadáveres roubados, os famosos médicos e anatomistas da época (Melo, 
1989; Chagas, 2001). 
A anatomia foi totalmente reformada por Andreas Vesalius, em seu livro 
“De humani corporis fabrica” (Gardner, Gray e O’Rahilly, 1978; Melo, 1989; 
História da Medicina, 2003; Vesalius, 2003). De acordo com Petry (2000) e 
Silvino (2001) nesta época a anatomia deu um grande passo para conquistar 
definitivamente o seu papel fundamental como “Ciência Básica”. 
 Finalmente o cadáver desconhecido não só seria conhecido do público, 
como a partir dessa época passaria a ser, depois do professor, a figura mais 
importante no ensino da anatomia, sem esquecer do corpo discente (Chagas, 
2001). 
A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da 
cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo 
conhecer os pontos apropriados para a sangria. 
Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à 
prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes. 
O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas 
foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein. 
 
 
 https://projetomedicina.com.br 
 
Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460 e suas 
ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad 
 
 
 
Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira 
representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. 
Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza 
e enciclopédias desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são 
dificilmente identificáveis. 
 Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da 
técnica ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o 
primeiro foi o final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos 
desenhos e a conversão da natureza em modelo primário. 
Chegou-se ao convencimento de que o mais apropriado para o homem 
era o mundo natural e não a posteridade. 
O escolasticismo de São Tomás de Aquino havia preparado 
inadvertidamente o caminho através da separação entre o mundo natural e o 
sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. 
O segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica 
para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. 
No começo os editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram 
que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo 
fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que cada ilustração 
fosse idêntica ao original. 
A capacidade para repetir exatamente reproduções pictóricas, daquilo que 
se observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, 
que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, 
que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde. 
Os primeiros registros de estudo e de ensino da anatomia remontam à 
Escola de Alexandria em que, segundo os registros de Galeno, teriam sido 
realizadas as primeiras dissecações públicas de animais e corpos humanos. 
No entanto, as dissecações para fins de estudo sempre geraram 
polêmicas, e pode-se afirmar que foi apenas a partir do século XIV que, na 
Europa, mais especificamente na Universidade de Bolonha, elas se tornaram 
parte do ensino médico sob os auspícios de Mondino de Luzzi (1270-1326). 
 Nesse período, por influência do movimento escolástico, os estudos e 
investigações em anatomia baseavam-se, sobretudo, na tradução de obras e 
 
 
 
tratados anatômicos, sendo a dissecação um método de averiguação de dados 
preexistentes. (Singer;1996). 
 As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição 
manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de 
autores contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas 
edições. Na primeira (1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras 
anatômicas. As ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos 
de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. 
 
 
 http://www.auladeanatomia.com/novosite/generalidades/historia-da-anatomia 
 
As dissecações foram desenhadas de uma forma primitiva e pouco 
realista. Na Segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. 
Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram 
utilizando ilustrações descritivas. 
O período do Renascimento contribuiu para o avanço da Anatomia 
Humana. Leonardo da Vinci (1452 – 1519) traz conhecimentos anatômicos 
significativos, com desenhos precisos na visão de um gênio da Anatomia 
Humana. Há obras que até hoje são vistas por milhões de pessoas, dentre elas: 
 A última ceia, Mona Lisa e o Homem Vitruviano. Michelangelo (1495 – 
1574) travou uma batalha saudável com Leonardo da Vinci, pois ambos 
gostavam de se provocar nos conhecimentos sobre a Anatomia Humana. 
 
 
 
Michelangelo coloca de forma impar seus conhecimentos anatômicos em 
suas esculturas, ficou conhecido por colocar enigmas em suas obras, até hoje 
nunca desvendados como o teto da Capela Sistina no Vaticano. 
Escreveu e desenhou vários ensaios belíssimos sobre a Anatomia 
Humana e chegou a pensar em publicar um tratado anatômico voltado para 
jovens escultores e pintores, mas não o fez. Andreas Versalius (1514 – 1564) foi 
um médico belga, considerado o pai da Medicina Moderna refutou alguns 
conhecimentos de Galeno e somando os conhecimentos incontestáveis de 
Leonardo da Vinci e Michelangelo, publicou em 1543 sua obra prima “De humani 
corporis fabrica” o primeiro atlas de Anatomia Humana que integra texto e 
ilustrações (Barreto et al, 2004). 
 
 
http://www.vermelho.org.br/noticia 
 
Observando a história do conhecimento médico podemos constatar que 
existem dois tipos distintos de análise ou intervenção sobre o corpo e que vão 
resultar em concepções específicas sobre aquilo que se considera como perfeito 
e imperfeito ou normal e patológico: as práticas não-invasivas e as práticas 
invasivas. 
Na antiguidade ocidental predominavam as primeiras, sendo que a 
identificação das doenças ocorria através de diagnósticos clínico-filosóficos. 
Hipócrates, Aristóteles e Galeno podem ser os representantes deste tipo de 
 
 
 
saber, pois considerando os desarranjos do corpo e da alma como fenômenos 
interligados, perceberam que não era possível compreender as paixões da lama 
e as perturbações do espírito (pathos) sem associá-las aos desequilíbrios e 
distúrbios, às dores e doenças do corpo. Somente no Renascimento seriam 
admitidos, ainda que com certa prudência e recato, pois a religião antiga 
impunha o respeito ao cadáver, os procedimentos de invasão do corpo humano 
através de estudo de cadáveres, o que acarretou um atraso incalculável aos 
estudos anatômicos (CHEREM, 2005). 
O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) consiste 
numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravurasde madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas 
posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-
1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas 
inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são 
representadas de modo realista. 
Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos 
estudantes de medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas 
com figuras anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para 
médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por 
exemplo, na concepção e na formação do feto humano. 
O uso frequente da frase “conhece-te a ti mesmo” fala da orientação 
filosófica e essencialmente não médica. A “Dança da Morte” chegou a ser muito 
popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e 
surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia humana 
dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas. 
 Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais 
pelas formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação 
dos artistas jovens, sobretudo no norte da Itália. Leonardo da Vinci (1452-1519) 
foi o primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista 
meramente pictórico. 
Fez preparações que logo desenhou, das quais são conservadas mais de 
750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os vasos. 
 
 
 
As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo 
fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza 
artística permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna 
vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. 
Representou corretamente a posição do fetus in útero e foi o primeiro a 
assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. 
Só uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não 
foram publicados até o final do século passado. 
Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos 
adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava 
pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença 
 
http://www.ibamendes.com/2011/03/imagens-historicas-da-faculdade-de.html 
 
Posteriormente expôs a evolução a que esteve sujeito, ao considerar a 
anatomia pouco útil para o artista até pensar que encerrava um interesse por si 
mesma, ainda que sempre subordinada à arte. Albrecht Dürer (1471-1528) 
escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia. 
Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua 
morte. 
Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, 
derivando em último extremo de um seu interesse pelos cânones clássicos, 
através dos quais podia adquirir-se a beleza. 
 
 
 
Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram 
ao alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era 
anatomista só de maneira secundária. 
Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da 
forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir 
profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos 
exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas. 
 
 
 https://projetomedicina.com.br/artigos/uma-breve-historia-da-anatomia-humana/ 
 
 
A ANATOMIA ARTÍSTICA2 
O termo Anatomia nasceu do latim, porém o seu estudo se inicia bem 
antes da formação do Lácio e dos antigos romanos. 
Data do ano 3.000 a.C. na China o aparecimento da dissecação 
explorativa e já em papiros egípcios de 3000-2500 a.C. notificam-se dados sobre 
a anatomia da cabeça e do cérebro humanos (“Papiro de Edwin Smith”). 
Consta que no antigo Egito tenha-se mumificado cerca de 70 milhões de 
cadáveres, o que sem dúvida alguma gerou um acúmulo de conhecimentos 
anatômicos, embora pouca coisa nos tenha sido transmitida. 
 
2 https://gustavotdiaz.com/2016/04/09/pequeno-historico-da-anatomia-artistica/ 
 
 
 
No período grego, embora dissecações já fossem realizadas, grande 
parte teria se limitado à abertura de corpos de animais; o próprio Aristóteles o 
teria feito. 
Embora registros mencionem em geral o contrário, é de se imaginar que 
a Grécia houvesse aglutinado um vasto repertório de Anatomia Humana, dado o 
domínio técnico de suas produções, sobretudo no período helenístico, aliado a 
um raro nível de elegância formal. Mas esses conhecimentos não teriam, em sua 
maioria, chegado até nós. 
 
 
https://gustavotdiaz.com/2016/04/09/pequeno-historico-da-anatomia-artistica 
 
O primeiro grande momento da história da Anatomia parece ter se dado, 
de fato, na Escola Médica do Museu de Alexandria, fundada em 290 a.C. durante 
a dinastia Tolemaica. Quando Tolomeo Sóter (conhecido como o “Salvador” e 
um dos principais generais de Alexandre, o Grande) assume o reinado do Egito 
entre 305 e 284 a.C., funda junto à Biblioteca de Alexandria, o Museion – ou 
“Templo das Musas”, sediado na Escola Médica, onde se empreenderam 
diversas dissecações, dando um importante passo ao estudo da Anatomia 
Humana. 
 
 
 
Ainda por volta de 300 a.C., na Grécia, aparece a figura 
de Herófilo (nascido na região onde se situa atualmente a Turquia, 335 a.C.? 
280 a.C.), um dos maiores anatomistas gregos, pioneiro na dissecação de 
corpos humanos. 
Conferindo pela primeira vez no Ocidente uma base concreta à Anatomia, 
Herófilo deixou contribuições aos estudos do cérebro, identificando-o como 
centro do sistema nervoso e sede da inteligência, e compreendeu a distinção 
entre nervos motores e sensitivos. 
 
 
https://gustavotdiaz.com/2016/04/09/pequeno-historico-da-anatomia-artistica 
 
Também deste período data Erasístrato de Chio (310 a.C. 250 a.C.), o 
primeiro a afirmar que as veias, à semelhança das artérias, tinham o coração 
como destino, e a descrever as válvulas cardíacas. 
 Após um período de relativa estagnação, aparecem Marino, vivendo em 
Roma no tempo de Nero, e Rufo, oriundo da colônia grega de Éfeso, Marino não 
deixou escritos, mas seus ensinamentos foram preservados pelo 
discípulo Claudius Galeno (Pérgamo, 129 d.C. Roma, 199). 
Galeno, além de haver traduzido as obras de Herófilo (boa parte delas 
destruídas no incêndio da biblioteca de Alexandria), fora um importante médico 
grego, cirurgião oficial dos gladiadores de Marco Aurélio e destacado seguidor 
 
 
 
da medicina de Hipócrates (Cós, Grécia, 460 a.C. Larissa, Tessália, 377). 
Precursor da fisiologia experimental, legou-nos investigações bastante 
completas como a organização dos nervos, veias e artérias, tendo realizado 
inclusive a vivissecção. 
 A maioria de suas dissecações, contudo, limitava-se a corpos de animais, 
em especial do macaco africano, uma vez que a abertura de cadáveres humanos 
era considerada profanação religiosa, rigorosamente proibida por lei. 
Mesmo incorrendo em inúmeros equívocos – seja pela profusão de seus 
apontamentos, seja pela importância associada à sua figura na corte de Marco 
Aurélio, seus escritos transformaram-se em paradigma durante o período 
histórico posterior, constituindo-se efetivamente em dogma para a medicina 
durante a Idade Média, juntamente ao Corpus hippocraticum (tratado que a 
tradição atribui a Hipócrates), e aos Tópicos de Aristóteles. 
Essa cristalização paradigmática medieval paralisou o estudo anatômico 
por alguns séculos. 
A ditatorial tutela que a igreja Católica exerceusobre o conhecimento no 
período escolástico fomentou explicações divinas à origem das doenças, sendo 
uma das maiores causas adversas ao desenvolvimento consciente e sistemático 
dos estudos médicos (e das ciências em geral). 
À quase total retração no período medieval – quando as dissecações 
foram sumariamente proibidas – segue-se o surgimento do estudo anatômico na 
Europa renascentista, cujos avanços, entretanto demandaram desconstruções e 
reinvenções. 
Até então, a concepção clássica (filosófico-religiosa pagã) e a mediação 
mística entre o homem e o mundo (está pressuposta pela escolástica) ofereciam 
todas coordenadas de interpretação acerca do homem e de sua relação com a 
morte; e com o próprio corpo morto. 
Apenas no início de 1400 as dissecações voltam a aparecer, tendo alguns 
eventos atuado sobremaneira neste retorno: o crescente fortalecimento das 
corporações de ofício (ou guildas) medievais – em especial a dos cirurgiões-
barbeiros; as grandes navegações que entraram em contato com novos métodos 
 
 
 
no tratamento de doenças; a disponibilidade de recursos para investimentos em 
técnicas de cura e a descoberta de terapêuticas originadas a partir da apreensão 
da organização interna do corpo – o que estimulou, por fim, estudos mais 
completos e o início da especialização da medicina como disciplina autônoma 
do conhecimento. 
https://gustavotdiaz.com/2016/04/09 
Esses fatores movem-se dialeticamente no processo de ascensão da 
burguesia europeia. O desenvolvimento econômico desta classe associado à 
sistematização da medicina criou imediatamente uma enorme demanda por 
cadáveres, cuja obtenção foi facilitada com a dissecação pública de condenados 
à morte – único meio legal de disponibilização de corpos no período. 
 Este recurso não supria, porém, a exigência das escolas de Medicina, o 
que encetou o tráfico de corpos. A proibição impingida à dissecação e a 
perseguição daqueles que o tentavam gerou efeitos verdadeiramente 
desastrosos. 
Um exemplo prototípico da violência suscitada foi quando da fusão entre 
os grêmios (ou guildas) dos “barbeiros” e dos “cirurgiões” em 1540, sob o reinado 
 
 
 
de Henrique VIII. Embora gerando enorme desenvolvimento à Anatomia, apenas 
corpos de condenados à morte por enforcamento eram destinados aos estudos 
médicos – o que gerou uma onda de execuções. 
Na Inglaterra, notavelmente a abundância de corpos foi produto do afã em 
se ampliar os conhecimentos anatômicos: consta que no primeiro ano da fusão 
referida entre as guildas, a escola recebeu 4 corpos. 
Nos últimos anos do reinado, a média anual de condenados à morte subira 
para 560 por ano. Relatos históricos afirmam que a dissecação pública como 
penalidade, destinada apenas a crimes como assassinato e traição, estendera-
se também a criminosos comuns. (Para termos ideia de quão longe foi a barbárie 
envolvendo as dissecações, já em 1828 se registrou 16 assassinatos com a 
finalidade de venda de corpos para uma escola privada em Edinburgh, na 
Inglaterra). 
O espírito empirista reinante na Renascença advindo de uma atitude 
objetiva diante da natureza e dos fenômenos – sem dúvida associado à iminente 
motivação pelo lucro e necessidade de criação de novos mercados e técnicas – 
derrubou muitos dogmas eclesiásticos. 
No âmbito da Anatomia médica, e também artística, esta nova atitude 
metodológica percebeu e retificou inúmeras incoerências nos escritos de 
Galeno. 
Neste momento, as artes visuais assumiram protagonismo na nova 
conformação do mundo, que se reescrevia sob a batuta científica e artística. 
Conciliando os interesses científicos e estéticos, os artistas do Renascimento 
proporcionaram uma síntese das áreas em produções ainda hoje admiradas. 
O corolário desse interesse emergente foi a publicação do tratado De 
Humani Corporis Fabrica de Andreas Vesalius (Bruxelas, 1514. Zante, Grécia, 
1559), no ano de 1543, em Basiléia, na Suíça. Com abundantes ilustrações 
desenvolvidas por artistas seus contemporâneos, e apresentando um estudo 
 
 
 
sistemático da Anatomia Humana, essa publicação superou definitivamente o 
que até então se conhecia por Anatomia Humana, estabelecendo as bases da 
Anatomia moderna. 
O ensino anteriormente desenvolvido nas cátedras e teatros anatômicos 
(cujo símbolo máximo fora o Teatro Anatômico de Pádua), baseava-se no 
distanciamento entre doutores e discípulos, ancorado por uma divisão mais 
profunda: entre trabalho manual e intelectual. 
O ensino anteriormente desenvolvido nas cátedras e teatros anatômicos 
(cujo símbolo máximo fora o Teatro Anatômico de Pádua), baseava-se no 
distanciamento entre doutores e discípulos, ancorado por uma divisão mais 
profunda: entre trabalho manual e intelectual. 
 
 
https://gustavotdiaz.com/2016/04/09 
Essa separação manteve a “letra” clássica intacta, perpetuando uma 
escala rígida e tradicional de poder. As gravuras realizadas neste período 
 
 
 
demonstram claramente esse distanciamento físico entre o orador doutor (ou 
professor catedrático) e o cadáver. 
Enquanto o primeiro lia em voz alta o tratado de Galeno no púlpito, um 
cirurgião-barbeiro dissecava o corpo, e um assistente apontava com um bastão 
as supostas estruturas orgânicas recitadas (os cirurgiões eram também 
barbeiros, ou vice-versa, pois naquele tempo os profissionais organizavam-se a 
partir de seus instrumentos de trabalho – como as ferramentas para ambos os 
ofícios eram praticamente as mesmas, o mesmo profissional exercia ambas as 
funções). 
 
 
https://gustavotdiaz.com/2016/04/09 
Nesse sistema das cátedras, as incoerências eram enormes, porém 
caladas, uma vez que o mistério do dogma determinava a “verdade” do livro em 
relação à realidade da dissecação. 
 A revolução impetrada por Andreas Vesalius foi a de eliminar a distância 
entre o orador e o corpo, assumindo o papel do cirurgião-barbeiro e realizando 
ele mesmo a dissecação enquanto ministrava suas aulas e registrava suas 
observações. 
 
 
 
Uma tela de Michiel Janszen Mierevelt de 1617 é particularmente 
sintomática da contradição enunciada. Embora ilustre manifestamente as novas 
diretrizes vesalianas indicadas pelo fórceps (ou pinça) na mão do próprio orador 
catedrático, mais do que isso, ela apresenta uma noção profunda da 
incomunicabilidade ainda presente entre o mundo antigo e uma nova era 
emergente – a realidade moderna. 
 Na tela, todas as figuras (à exceção de uma, aparentemente distraída) 
olham diretamente para o espectador, ou para o pintor, como se posassem para 
um retrato – o que de resto fazem – ao passo que o cadáver, aberto e exposto 
em primeiro plano, tem os olhos vendados com um pano. 
Estão ali, o cadáver – que se entrega ao cutelo e à ciência do orador, os 
estudantes e doutores que um segundo antes deviam estar entretidos na 
dissecação. 
Mas eles interrompem sua atividade; em verdade não estão ali presentes; 
nada se comunica na tela. 
Esses personagens, incluindo o cadáver, não se comunicam de forma 
alguma, como se não quisessem, diante do olhar de um terceiro, demonstrar que 
estiveram envolvidos numa atividade ainda carregada da “ignomínia do trabalho 
manual”. 
Fôssemos dar crédito aos olhares de todos (em especial daquele que se 
distrai), diríamos que há um “constrangimento” geral com a situação diante de 
um espectador intruso. Só não sabemos quem se mostra mais constrangido – 
se os viventes, ou o cadáver, com a venda nos olhos. 
Outra tela de ordem semelhante, pintada poucos anos depois, manifesta 
claramente uma atitude já amadurecida em relação a esse “constrangimento” – 
que é o contrangimento da inadequação entre opassado e o presente, entre 
uma tradição de distanciamento da morte, de relações prefixadas no exercício 
do poder; um desconforto em relação a um novo que não se pode compreender 
totalmente, tampouco aceitar. 
Esta tela é a famosa Lição de Anatomia do Dr. Tulp (1632) de Rembrandt 
Van Rijn (Leyden, Holanda, 1606. Hendrickje, 1669). 
Nela, assim como na tela de Mierevelt, nenhum dos oito personagens 
representados miram diretamente o cadáver; mas a atitude deles é a de 
 
 
 
cirurgiões à vontade diante de um estudo que lhes parece sobremodo sério e 
coerente. 
Estão compenetrados no que fazem e não se preocupam em olhar para o 
observador, ou pintor, que se imiscuiu em sua sessão de estudos (a não ser dois 
deles, nos últimos planos, que de fato olham diretamente para o observador; um 
deles aparentemente interroga com o cenho aquela entrada inoportuna, 
segurando um papel onde se pode ver um desenho esquemático da região do 
cadáver naquele momento dissecada – sintomaticamente um braço, junto da 
nominata dos presentes). 
A sombra da cabeça de um dos cavalheiros que assistem a sessão 
projeta-se sobre os olhos do cadáver – uma alternativa sofisticada à “venda de 
pano” nos olhos do cadáver de Mierevelt. Mas os olhos fechados do cadáver na 
tela Rembrandt, mesmo na sombra, permanecem visíveis: aparecem. 
O que se apresenta ali são homens à vontade em seu ofício e em seu 
tempo, mas inconscientes ainda da vanidade das suas ações e da sua ciência 
(está só se dará alguns séculos depois, talvez no vigésimo século, quando os 
cientistas perceberem, como ainda o fazem, que a ciência só pode estudar o que 
já é passado e morto, que necessita exterminar o presente momento da coisa 
para torná-la um seu objeto de estudo – este é um conteúdo subjacente 
importantíssimo que se pode depreender da tela de Rembrandt). 
Se Rembrandt assimila esta nova postura dos médicos ante seu objeto de 
estudo, um sentido de retrocesso, porém, pode ser avaliado na mesma tela. 
Durante séculos de fuligem antes da restauração da obra, num canto 
obscuro à direita, algo permaneceu oculto: um livro aberto. 
Um livro que não está na mão de nenhum dos personagens, um livro que 
indica e instrui o estudo em questão, mas que está abandonado para um canto, 
e não no centro da composição. 
 Esta inversão revolucionária em relação às gravuras e à concepção 
medieval (cuja tutela se devia aos livros, em especial o Tratado de Galeno) não 
é, entretanto, total. 
 O absolutismo da cultura livresca que perpetuou o dogma nos estudos 
anatômicos na Idade Média é aqui indiretamente reafirmado por Rembrandt 
como o espectro de um período anterior. 
 
 
 
 Numa época em que Vesalius triunfava gloriosamente, estabelecendo 
sua hegemonia nas ciências naturais e nas artes livres, período onde qualquer 
constrangimento, inclusive oriundo da esfera oficial, fora superado, a cultura do 
livro e da teoria ainda prevalece. 
Três dos personagens que estudam o cadáver olham atentamente para 
aquele livro no canto inferior da tela, mais preocupados com a teoria do que com 
o corpo que se desvenda e se abre a sua frente. 
O impressionante é o fato de tratar-se justamente do tratado de Vesalius 
– este cientista revolucionário que substituiu a cultura livresca e tutelar da Idade 
Média pelo empirismo e pela observação direta, in vivo, da Anatomia. 
 O professor que figura na tela (novo representante do orador catedrático), 
abandona o púlpito e o livro para se dedicar ele próprio ao trabalho manual da 
dissecação; porém seu olhar é absorto, contempla aparentemente os próprios 
pensamentos, não olha para o cadáver, como se reproduzisse um discurso 
previamente decorado. 
 
 
http://filosofiadodesign.com 
 
Um parêntesis que devemos salientar é em relação a outra obra de 
Rembrandt, realizada vinte e quatro anos após a tela supracitada, 
 
 
 
chamada Lição de Anatomia do Dr. Deyman (1656), onde o cadáver se 
apresenta em escorço direto para o espectador, com a planta dos pés voltada 
para frente, estando o corpo propositalmente reclinado para quem o observa. 
 Desta maneira, Rembrandt nos põe diante dos olhos a cavidade 
abdominal do cadáver aberta, o crânio recém dissecado que o anatomista 
Deyman investiga, e a face inteira do cadáver exposta. 
São sintomáticas a exposição deste corpo e a maneira como Rembrandt 
compõe e organiza os elementos na tela. 
 Ao lado do corpo há um cavalheiro que assiste à dissecação segurando 
com displicência e visível abandono o que parece ser uma tigela de instrumentos 
cirúrgicos, mas que a um olhar mais atento revela-se o osso parietal, quer dizer, 
o tampo do crânio do cadáver, que foi serrado. 
 
 
http://www.sabercultural.com 
 
É um segundo estágio do amadurecimento da atitude científica em 
relação à morte, onde não existe medo, nem terror, nem superstições – é o que 
revela a postura sem-cerimônia dos anatomistas e a exposição quase gratuita 
 
 
 
do cadáver que figura na tela. Interessante notar que Rembrandt recua, 
entretanto, na exposição do sexo do morto, recoberto por planejamentos, tal 
como na primeira tela. O sexo é ainda um tabu quando o corpo se encontrava já 
desvendado e devassado pela ciência. Mas trata-se ainda uma era de trevas. 
A luz imprecisa do racionalismo renascentista fora espanada pela 
Contrarreforma católica e uma nova tensão (talvez um desdobramento farsesco 
da tensão anterior entre a Idade Média e o Renascimento), fora instaurada, 
carregada das sombras do chiaroscuro característico do período Barroco. Volta-
se à imprecisão do desenho e da anatomia, recorre-se à cor e aos contrastes 
para criação de cenas de largo alcance emocional imbuídas de subjetividade, e 
isolamento, à medida da catarse (cf. M. M. Caravaggio). 
Tudo isso, porém, agrega uma nova atitude em seu âmago, move-se com 
naturalidade na aproximação com o cadáver e com o mistério, antes isolado 
numa esfera imponderável. (O tom que completa está paleta é a opção de 
Rembrandt, e de muitos ouros barrocos, de sempre utilizar em sua produção a 
indumentária e os ambientes de seu próprio tempo nas obras em que figuram 
personagens e cenas do mundo bíblico – outro sinal de convergência e 
informalidade diante do mistério). 
A sensibilidade de Rembrandt em identificar (talvez não de todo 
conscientemente) o distanciamento incômodo, mas, liberal, na atitude dos 
anatomistas ante seu objeto de estudo na tela de 1632, expressa-se renovada 
na tela de 1656. Nesta última Rembrandt manifesta a percepção de uma nova 
atitude: a superação do constrangimento da transição, onde o establishment da 
revolução operada por Vesalius (mesmo que abafada pela Contrarreforma) era 
já completa. 
 Isso se comprova à evidência quando se percebe que o personagem que 
Rembrandt coloca impudentemente diante do cadáver é o próprio espectador – 
ou, sob outra perspectiva, o pintor Rembrandt Van Rijn, agora acostumado a 
frequentar e participar de uma sessão de dissecação com desembaraço; 
desembaraço de uma nova época que o artista sentiu no curso dos seus próprios 
estudos: uma época fatal em que o corpo morto, de tabu, transforma-se em 
objeto de estudo, e cujo próximo passo, iminente (e quase um prenúncio) é a 
banalização da morte. 
 
 
 
Mas gostaríamos de abrir um paralelo entre Vesalius e Rembrandt e a 
obra de dois outros artistas anteriores: os estudos anatômicos de Leonardo da 
Vinci realizados entre 1489 e 1510; e o teto da Capela Sistina, de Michelangelo 
Buonarroti (1508-12). A obra e a disposição moral destes últimos puderam 
estabelecer um elo de possibilidades entre Vesalius e Rembrandt, 
impulsionando a ciência do primeiroe possibilitando a arte do segundo. 
Aventa-se que a Michelangelo teriam sido originalmente encomendadas 
as ilustrações do De Humani Corporis Fabrica; e chegou-se a sugerir também 
que as gravuras fossem um plágio de desenhos de da Vinci. Ambas as 
afirmações, mesmo que desmentidas, não são, contudo, completamente 
absurdas. Esses dois artistas estavam por demais engajados no estudo da 
Anatomia, eram contemporâneos de Vesalius e foram, talvez, tanto mais longe 
que ele neste assunto. Dois eventos barraram às gerações ulteriores essa 
consciência. Michelangelo fez questão de destruir seus esboços e estudos 
preparatórios e ocultou cuidadosamente seus conhecimentos num sistema 
codificado. 
 
 
 http://filosofiadodesign.com 
 
Os estudos anatômicos de Da Vinci permaneceram por quase dois 
séculos retidos pela Inquisição católica e só vieram à luz no século XVII, quando 
quase a totalidade das suas inovadoras descobertas já havia sido realizada por 
outros anatomistas dessa época. 
 
 
 
Dos estudos de da Vinci o que prevalece, afora a sofisticada beleza 
artística de sua apresentação (cabe lembrar que se trata de estudos de 
caráter científico), é a “atitude”, a disposição do artista ante do conhecimento. 
Sua ousadia prática – exemplificada pela odisseia por que seguramente 
passou ao recolher cadáveres e estudá-los sob as condições temerárias da 
proibição inquisitória e de insalubridade; e sua ousadia teórica – manifesta pela 
quebra total do protocolo clássico, que não referendava jamais a abertura de um 
corpo, sobretudo na realização de um estudo dirigido autônoma e solitariamente 
para fins artísticos. 
 
 
http://filosofiadodesign.com/da-anatomia-medieval-a-anatomia-moderna-um-pequeno-ensaio-a-partir-de-
rembrandt/ 
 
Da Vinci, assim como Michelangelo, abriu certamente sozinho os seus 
cadáveres, trocando os compêndios de Hipócrates, Marino e Rufo traduzidos por 
Galeno pelo cutelo do cirurgião-barbeiro. 
Esta atitude nova, audaciosa, encorajou o pensamento empírico moderno 
e possibilitou que dois séculos mais tarde Rembrandt pudesse retratar, sem 
cautela e sem nenhum receio, seu Dr. Tulp empunhando um fórceps, que bem 
poderia ser um cutelo. 
 
 
 
Da Vinci é, desta forma, uma síntese entre o pensamento clássico e o 
moderno; entre o distanciamento ideal/espiritual e o destrinçamento da matéria; 
entre a letra e o espírito e, contraditoriamente, entre a arte que revela ao 
simbolizar e a ciência que oculta quando busca a sistematização do real. 
Quanto a Michelangelo, basta a descoberta feita recentemente por dois 
médicos brasileiros (um cirurgião e um patologista), no afresco pintado no teto 
da Sistina – descoberta espelhada em toda a obra do escultor, onde abundam 
“mensagens subliminares”, imagens ocultas sob a silhueta das indumentárias, 
das poses ou dos artefatos dos personagens, pintados ou esculpidos, onde se 
veem estruturas anatômicas do corpo humano ocultas. 
 
 
 http://artemazeh.blogspot.com.br 
 
 A exemplo: a estranha bolsa da sibila Cuméia é uma representação fiel 
do pericárdio, da veia aorta e do diafragma, ao passo que ao redor dela 
 
 
 
inúmeros putti contorcem-se para evidenciar em seus próprios corpos a região 
peitoral; o manto invertido da sibila Líbia é na verdade a cavidade glenóide da 
escápula de onde escapa a cabeça do úmero, tanto mais que ela se cerca de 
anjinhos que apontam descaradamente para o próprio ombro, enquanto ela 
mesma se retorce para mostrar o seu; ou a musculatura da perna da 
escultura Moisés (1515-16), é na verdade a musculatura do braço para onde o 
patriarca aponta, além de outros sinais evidentes que o indicam. Nossos médicos 
descobriram enfim a decodificação, cifrada há 500 anos por Michelangelo para 
esconder o resultado de suas investigações anatômicas (BARRETO & 
OLIVEIRA, 2004). 
As evidências levantadas são tantas que não é necessário 
demonstrarmos novamente. 
Cabe apenas observar que essa descoberta desautoriza análises, e 
relativiza outras de inúmeros teóricos que refletiram sobre a obra do artista 
italiano, entre eles Sigmund Freud, acerca da composição e da função das 
personagens da Sistina, que só agora possuem um sentido coerente. 
O que daí nos interessa assinalar são as mesmas características 
apontadas em relação aos estudos de da Vinci: a mesma ousadia prática e 
teórica, embora que a seu modo, de ir ao fundo e encontrar-lhe a origem, a 
mesma intenção de síntese entre um passado clássico (inclusive de resgate 
técnico e estético do ofício escultórico greco-romano) e a nova ciência empírica 
da dissecação anatômica, possibilitada por uma atitude objetiva e revolucionária 
ante o conhecimento. 
É curioso notar a inversão que Michelangelo faz – Deus se espelha na 
imagem do homem, e não o inverso, onde o homem é feito segundo a “imagem 
e semelhança de Deus”. A inversão parece redundante; mas a redundância se 
cala quando entendemos o complexo sistema de referências no qual está 
codificada a obra do escultor. 
Os versos acima podem ser entendidos como um correlato da Criação do 
Homem, um dos nichos centrais da Capela Sistina. Nele, um indolente Adão 
recém-criado estende majestosamente a mão esquerda a que um Deus se 
esforça, distendido e pressuroso, para alcançar… O quê? Talvez seu filho, 
humano e real, para dele receber a vida; não o contrário. 
 
 
 
O indício anatômico subliminar nesta imagem, levantado há alguns anos 
por um neurologista norte-americano, é que a imagem oculta um corte sagital do 
crânio, com minúcias como sulcus singuli (que separa os lobos parietal e 
temporal), e cuja silhueta é entrevista de forma extraordinariamente nítida na 
concha esvoaçante cercada de querubins onde a figura alegórica de Deus 
encontra-se. 
 
 
 
http://www.quo.es/salud/codigos-ocultos-del-arte 
 
Não é arbitrária esta correlação, onde Deus é associado ao cérebro 
humano: representação da inteligência, causa primeira de tudo… Estará o artista 
inferindo uma sofisticada relação especular entre imagem e semelhança – Deus 
é a origem do Universo assim como a inteligência do homem a origem de sua 
própria criação? Ou, numa visão mais cética, estará ele inferindo que Deus é 
produto da imaginação da criatura? 
As obras abordadas neste pretenso ensaio dizem respeito a artistas 
profundamente engajados numa revolução que se operava em suas devidas 
épocas. 
Nenhum deles fora conivente com a atitude geral de seus 
contemporâneos, tanto na arte quanto na ciência e souberam buscar no passado 
o fundamento da atitude revolucionária, compreendendo que a dialética dos 
 
 
 
movimentos artísticos se opera entre avanços e resgates, rupturas e 
contiguidades. 
Michelangelo e Leonardo da Vinci beberam das lições históricas da Grécia 
e da Roma antigas, tendo de se confrontar com a Idade Média para desconstruir 
o que nela havia de retrógrado e conservador. 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonardo_da_Vinci 
 
Tampouco Vesalius desprezou os tratados de Galeno: superou neles os 
equívocos determinados pelas limitações históricas que lhes deram origem. A 
nova Anatomia era, por assim dizer, um elo entre todos eles, resultante de uma 
nova atitude diante do conhecimento que revolucionou a forma como a morte e 
as possibilidades da ciência passaram a ser compreendidas. 
 Esses artistas não se eximiram dos obstáculos criados pelo senso 
comum de sua época; não tiveram receio de buscar no passado as soluções que 
faltavam ao engenho presente, e assim deflagraram uma revoluçãocultural em 
seu tempo. 
Profundamente afinados com seu meio, no entanto atentos ao passado e 
ao progresso possível – porém longe das modas, e dogmas; e concentrados 
profundamente em suas pesquisas. 
Nem é preciso dizer que a revolução operada na Arte desse período era 
o triunfo da burguesia moderna, cujos agentes haviam se apropriado do 
manancial de cultura disponível. Indicam-nos, porém, hoje, um caminho para 
uma nova apropriação e uma nova atitude revolucionária a serviço de uma 
 
 
 
cultura emancipatória que não se furte ao engajamento e à ruptura; bem além 
dos limites do senso comum contemporâneo, mas corajosamente atenta às 
posturas revolucionárias, e também aos seus limites. 
Daí até então o estudo da Anatomia progrediu imensamente, tendo em 
Charles Darwin (Shropshire, Reino Unido,1809. Down, 1882) um marco 
deflagrador de sua importância ao estudo das ciências, uma vez que Darwin 
baseou a teoria da evolução das espécies em constatações anatômicas. Isso 
descortinou um imenso campo de investigação às Ciências Biológicas 
fundamentadas na Anatomia. 
Hoje, avançadas técnicas facilitam a apreensão da Anatomia como 
softwares 3D, e a “plastinação”, criada pelo alemão Gunter von Hagens; outras 
colocam a possibilidade desse estudo também em corpos vivos, tais como os 
Raios-X, ultra-som, ressonância magnética, tomografia computadorizada, 
cinerradiografia, drogas radioativas, aparelhos elétricos registradores e a 
endoscopia para exame de órgãos cavitários. 
A ANATOMIA NO BRASIL34 
 
http://www.obiologo.eco.br/2013/09/historia-da-anatomia.html 
 
3 Texto adaptado da autora: Natália Contreiras Calazans; 2013 
4 Artigo escrito por: Ana Carolina Biscalquini Talamoni, Claudio Bertolli Filho 
 
 
 
 
Para Gardner et al. (1988) a Anatomia humana “estuda a composição 
corporal no âmbito macro e microscópico e para isso, necessita da manipulação 
de peças provenientes de cadáveres”. 
No Brasil, a Anatomia se iniciou em 1808, com a chegada da família real 
portuguesa e a posterior fundação da Primeira Escola de Medicina do Brasil, em 
Salvador, Bahia. 
 Em 18 de fevereiro de 1808, o príncipe regente D. João VI criou a primeira 
Escola de Cirurgia no Hospital Real de Salvador, no Terreiro de Jesus. O ensino 
médico da Escola de Cirurgia da Bahia foi precário no início; os professores 
tinham que pedir “ferros velhos” emprestados para utilizarem como instrumentos 
cirúrgicos nas aulas de anatomia. Vamos entender um pouco mais da anatomia 
no Brasil. 
 
 
 http://www.wreducacional.com.br/cursos/saude/anatomia-humana 
 
A anatomia em Portugal e no Brasil nos séculos XVIII e XIX no transcorrer 
do século XVIII, a pesquisa e o ensino de anatomia em Portugal apresentavam-
se defasados em relação a outros centros europeus, já que se mostravam, 
sobretudo, teóricos, instruídos ainda pelos ensinamentos contidos nos textos de 
Hipócrates, Galeno, Rhazes e Avicena, como ocorreu na Itália do século XIV. 
Tais iniciativas eram precárias não só por serem raros os especialistas no 
setor, o que impunha a contratação de anatomistas franceses e italianos pelas 
escolas médicas lusitanas, mas também porque o governo português, de tempos 
 
 
 
em tempos, proibia a dissecação de cadáveres humanos para fins de instrução 
dos alunos de medicina, recorrendo aos corpos de animais para o estudo da 
anatomia humana. 
 
 
http://www5.usp.br/16100/pesquisadora-do-icb-quer-desburocratizar-a-doacao-de-corpos-a-ciencia/ 
 
A tradição aristotélico-tomista herdada da Idade Média tinha como 
opositores os intelectuais lusitanos classificados como “estrangeirados”, isto é, 
que buscavam renovar o conhecimento a partir do empirismo e do 
experimentalismo que vigorava na prática e no ensino científico na França e na 
Inglaterra. 
Fruto do empenho desse grupo em “modernizar” a cultura portuguesa 
segundo as propostas da filosofia iluminista, em 1772, com o apoio do rei dom 
José I, foram aprovados os Estatutos da Universidade de Coimbra, que, no 
referente à formação e prática da “medicina empírico-racional”, buscou 
estabelecer pontes entre a “arte de curar” e o “ofício do cirurgião”, cobrando de 
todos os médicos conhecimentos aprofundados da anatomia humana, 
permitindo, aliás, a dissecação de cadáveres, estratégia vista como fundamental 
para o melhor entendimento das doenças e da realização de cirurgias. 
 
 
 
Mesmo contando com oposições que entendiam o ensino de anatomia 
como “inútil e desnecessário”, construiu-se um teatro anatômico em substituição 
às diminutas salas nas quais se dissecavam mais animais do que cadáveres 
humanos, refletindo uma nova postura de relação entre a teoria e a prática no 
processo de conhecimento do corpo humano e também do ensino de medicina 
(Abreu, 2007, p.150). 
 
 
https://de.123rf.com/photo 
 
Acredita-se que, por causa das reticências de modernização da medicina 
portuguesa, as academias e hospitais localizados em lugares distantes do olhar 
metropolitano, mais minucioso, burlavam com certa liberdade a legislação 
vigente, servindo como possíveis centros de pesquisa e ensino de anatomia. Nos 
primeiros anos do século XVIII, Luís Gomes Ferreira, um dos lusitanos que se 
transferiu para o Brasil para atuar como cirurgião da capitania das Minas, 
“realizou dissecação em um escravo com o intuito de descobrir a causa da morte 
do cativo” (Abreu, 2007, p.152). 
 
Apesar disso, a carioca Academia de Seletos tem sido indicada como o 
local onde foram realizados os primeiros estudos de anatomia, cabendo a 
primazia ao cirurgião Maurício da Costa que, em 1752, publicou as primeiras 
memórias relativas às questões anatômicas. 
 
 
 
 No plano do ensino, exemplar mostra-se a trajetória de João Álvares 
Carneiro que, emblematizando um novo tempo no ensino de medicina antes de 
se tornar um dos mais renomados cirurgiões do seu período, em 1790, quando 
contava com 14 anos de vida, ingressou como aprendiz na Santa Casa do Rio 
de Janeiro. 
 Lá, foi aluno do cirurgião Antônio José Pinto, a quem se atribui o 
pioneirismo de lecionar o primeiro curso de anatomia na corte e, provavelmente, 
em todo o Brasil (Santos Filho, 1977, p.294). Ainda no final do século XVIII, há 
notícias de que a anatomia humana era ensinada no Hospital Militar de Vila Rica. 
 A necessidade de assistir os soldados impunha a premência do 
conhecimento dos segredos internos dos corpos para a proteção da própria 
Coroa e, por isso, Antonio José Vieira de Carvalho, cirurgião do Regimento de 
Cavalaria das Minas Gerais foi convocado para ministrar “aulas de anatomia” 
(Aires Neto, 1948, p.78-79). 
 
 
 https://www.revistamilitar 
 
A transferência forçada da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, 
ensejou que, em fevereiro daquele ano, fosse criada a escola médica da Bahia. 
 Fundada como Escola de Cirurgia do Hospital Militar, a instituição foi 
 
 
 
organizada sob a liderança do pernambucano José Ferreira Picanço, o qual fora 
discípulo do anatomista Manuel Pereira Teixeira, tendo-se especializado 
posteriormente em métodos de ensino de anatomia na Universidade de 
Montpellier (Aires Neto, 1948, p.79). 
 
 
 http://www.wreducacional.com.br/cursos/saude/b-sico-det-cnicas-de-necropsia-e-anatomia 
 
Nessa escola, que mais tarde foi renomeada como Faculdade de 
Medicina da Bahia, a primeira lente de anatomia foi o português Soares de 
Castro que, em 1812, publicou uma série de quatro fascículos sobre osteologia, 
miologia, angiologiae nevralgia, os quais contavam com descrições anatômicas. 
Soares de Castro foi sucedido no cargo de professor de anatomia pelo inglês 
Johannes Abbot; ao longo de trinta anos de docência, Abbot introduziu de vez a 
prática de dissecação de cadáveres humanos no ensino médico nacional e 
fundou o primeiro museu anatômico brasileiro (Aires Neto, 1948, p.84). 
No mês seguinte à fundação da escola médica baiana, dom João VI criou 
a escola médica do Hospital Militar do Morro do Castelo, no Rio de Janeiro, 
indicando para lente de anatomia Joaquim da Rocha Mazarém, que mais tarde 
traduziu para o português vários textos assinados por Bichat e por Antelmo 
Richeraud. Alguns anos depois, Mazarém foi substituído por Joaquim José 
Marques, que ocupou a cátedra de “anatomia teórica e prática” e de “fisiologia, 
 
 
 
segundo as partes e sistemas da máquina humana” (Aires Neto, 1948, p.85; 
Santos Filho, 1991, p.44-45). 
Com isso, favoreceu-se o ensino sistemático de anatomia como condição 
para a prática médica em geral e a cirurgia em especial. Nesse âmbito, é preciso 
notar que as duas escolas médicas brasileiras criadas pela corte portuguesa 
foram orientadas pela vertente francesa da medicina, que então priorizava o 
atendimento do paciente “à beira do leito”, dando impulso Ana Carolina 
Biscalquini Talamoni, Claudio Bertolli Filho 1306 História, Ciências, Saúde – 
Manguinhos, Rio de Janeiro a uma formação de médicos destinados ao exercício 
da clínica e auxiliando também na resolução dos desafios propostos pela saúde 
pública (Araújo, 1979, p.32). 
Em âmbito global, a tendência francesa contrapunha-se à abordagem 
anatomoclínica emblematizada pela medicina germânica, fortemente 
influenciada pelas pesquisas laboratoriais, e cuja ascendência no Brasil terá 
como símbolo maior a Faculdade de Medicina de São Paulo, inaugurada na 
segunda década do século XX. 
 
 
 http://www.keyword 
 
No Brasil da segunda metade do Oitocentos, os estudos no campo da 
anatomia mostravam se subordinados a outras áreas, especialmente à patologia 
e à medicina cirúrgica. 
 
 
 
Certamente por isso, em 1854, no decorrer dos debates alimentados pela 
reforma curricular das escolas médicas, advogou-se a supressão do ensino de 
anatomia patológica dos cursos, proposta criticada pela “ala jovem” dos médicos 
cariocas (Torres Homem, 1862, p.51). 
O próprio Torres Homem buscou introduzir na Gazeta Médica do Rio de 
Janeiro, periódico do qual era um dos redatores, notícias sobre a carência de 
equipamentos, materiais e funcionários na cadeira de anatomia da escola 
médica carioca, além de assinar um artigo no qual o autor se contrapunha a 
“certos homens, aliás, ilustrados” que criticavam a continuidade das aulas de 
anatomia, enfatizando a importância do ensino de anatomia geral e patológica 
para os alunos de medicina (Torres Homem, 1862, p.51-52). 
 
 
http://www.anm.org.br/conteudo_view.asp?id=448 
 
Mais do que isso, esse clínico buscou sistematizar os conhecimentos e 
divulgar a prática da anatomia patológica, elaborando um compêndio no qual 
apresentava a descrição de necropsias e suas possíveis contribuições para o 
diagnóstico das doenças (Torres Homem, 1870). 
 
 
 
Nesse período, a anatomia, quer a descritiva quer a patológica, só era 
reconhecida no contexto da formação do médico em termos restritos, isto é, 
como uma “disciplina ponte”, portanto subordinada a outros setores do saber 
médico. 
No introito de uma de suas obras, Torres Homem confidenciou estar 
sendo caluniado por alguns dos seus pares pelo fato de ser favorável à prática 
da necroscopia, que havia sido regulamentada na França nesse mesmo período. 
 Em seguida, explicou por que se mostrava defensor da realização de 
autópsias como estratégia para o ensino de medicina: A quarta parte [do livro] 
reservei para o estudo das autópsias, debaixo do ponto de vista clínico, isto é, 
como fonte de instrução em medicina prática. 
 
 
https://www.acidadeon.com 
 
Esforcei-me por dar ao meu livro todo o cunho prático, fugindo, tanto 
quanto possível, das abstrações teóricas e das discussões especulativas 
estranhas à clínica, e que nada de útil a ela fornecessem (Torres Homem, 1870, 
p.IX). 
 
 
 
Enfim, não havia, no cenário brasileiro, maiores empreendimentos que 
visassem à consagração da anatomia enquanto campo disciplinar autônomo, 
situação que se iria reproduzir no século XX, especialmente entre os 
especialistas formados no Rio de Janeiro e na Bahia, mesmo após terem surgido 
outros cursos universitários que faziam uso do conhecimento anatômico. 
A nossa realidade aqui no Brasil é bastante distinta, contudo. A ausência 
de legislação efetiva a respeito da doação de corpos somada com os obstáculos 
culturais e religiosos da nossa população nos põe em paridade com os EUA de 
dois séculos atrás, no qual somente os corpos não reclamados podiam ser 
utilizados para dissecação. 
Isso demonstra a nossa dificuldade para obter material cadavérico para o 
ensino da Anatomia. 
 
 
 https://nathaliamoncao.wordpress.com/2010/04/12/a-disseccao-na-area-da-anatomia-humana 
 
No Brasil, a dissecação raramente é usada como método de ensino em 
nossas universidades, nem mesmo no ensino médico. 
Na maioria das escolas que possuem cadáveres disponíveis, os alunos 
aprendem através de peças previamente dissecadas e utilizadas por outras 
turmas de anos anteriores e dos mais diversos cursos da área da saúde. Isso 
faz com que o excessivo manuseio do material cadavérico acabe por destruir as 
 
 
 
estruturas anatômicas mais delicadas e degradar as peças mais rapidamente, 
prejudicando o aprendizado. 
O uso dos cadáveres humano como elemento de ensino-aprendizagem 
na antiguidade eram bastante restritas e diminutas, no entanto, com o passar 
dos tempos e devido à necessidade de se conhecer o corpo humano essas 
práticas tornaram-se aceitas. 
Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver 
desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, 
cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o 
agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. 
Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu 
saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por 
ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só 
prece. Seu nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder 
e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou 
indiferente”. (Rokitansky, 1876). 
 
 
 
 http://www.medicospace.com/category/medical-slides 
 
 
Frente às dificuldades hoje apresentadas, a procura de métodos 
alternativos no ensino do corpo humano tem sido incessante. No Brasil existe a 
lei federal nº 8501/1992, que regulamenta a doação dos cadáveres, mas apesar 
da lei, a escassez do mesmo e de peças cadavéricas isoladas e ossos é uma 
constante nos Institutos de Ensino. 
 
 
 
Segundo NETO(2008) é sabido que no início da história da anatomia no 
Brasil não havia uma norma regulamentando a utilização dos cadáveres 
humano, existindo apenas uma tradição verbal sem maiores formalidades de 
utilizar corpos de indigentes e de mortos não reclamados pelas respectivas 
famílias. Em 1980, uma comissão especial, criada a partir da Portaria n. 86 do 
Ministério da Educação (MEC), formulou um relatório, com o título “Uso de 
cadáveres para estudo de Anatomia Humana nas Escolas de Área de Saúde”.http://www.wreducacional.com.br/cursos/saude/b-sico-det-cnicas-de-necropsia-e-anatomia 
 
Na prática, estes cadáveres eram entregues às escolas da área de saúde 
para estudo e ensino de anatomia humana. Este procedimento ocorreu como se 
fosse a lei, entretanto, em 30 de novembro de 1992, foi editada a Lei Federal 
8.501, que regulariza a destinação de cadáver não reclamado junto às 
autoridades públicas, para fins de ensino e pesquisa e dá outras providências. 
Até hoje essa práticas são juridicamente aceitas, desde que estejam 
regulamentadas e de acordo com as normas da República Federativa brasileira, 
pois elas são essenciais para o desenvolvimento da construção do 
conhecimento em aulas práticas de anatomia humana. 
Junto às autoridades públicas é admitido no Brasil o uso de cadáver não 
reclamado para fins de ensino e pesquisa, estando a previsão legal no artigo 2º 
da Lei n. 8.501/92. O único requisito para tanto é que o mesmo não seja 
 
 
 
reclamado dentro do período de 30 (trinta) dias, em que geralmente os gastos 
são custeados pela instituição de ensino interessada. Pela lei em pauta é 
necessário no mínimo dez inserções, nos principais meios de comunicação da 
cidade, com a finalidade de se encontrar indivíduos interessados em reclamar o 
pretendido corpo. Após este prazo, antes ainda de se encaminhar o cadáver para 
fins de estudo, é necessário que se mantenha, sob a responsabilidade da 
autoridade ou instituição responsável, algumas informações referentes ao 
mesmo, como: dados relativos às características gerais, identificação, fotos do 
corpo, ficha datiloscópica, o resultado da necropsia, quando efetuada, e outros 
dados e documentos julgados pertinentes para que ainda possa haver 
reconhecimento do corpo pelos familiares, mesmo depois do seu 
encaminhamento para a instituição. 
 
 http://estudenamelhor.loja2.com.br/6379471-AUXILIAR-DE-NECROPSIA 
 
 Quando houver indício de que a morte foi criminosa, é proibido 
encaminhar o corpo para fins de estudo. Se a morte resultar de causa não 
natural, o corpo será, obrigatoriamente, submetido à necropsia no órgão 
competente. Cumpridas estas exigências, o cadáver poderá ser liberado para 
fins de estudo, sendo claro, assegurado aos familiares ou representantes legais, 
a qualquer tempo, ter acesso aos elementos de que trata a lei (BRASIL, 1992). 
 
 
 
No Brasil, apesar das campanhas para doação de corpos ou partes deles 
para o ensino e pesquisa científica, o tema é bastante questionável. Vários são 
os fatores que influenciam esta concessão, que vão desde a vulnerabilidade do 
assunto, partindo do desalento gerado pela morte, cultura dos povos, falta de 
conhecimento e interesse, crenças religiosas, as quais são demonstradas ao 
longo da história. O uso do cadáver humano a pesar de ser “audacioso” por 
desafiar o sentimento humano, é extremamente necessário, portanto devemos 
sensibilizar a opinião pública mostrando a necessidade incontornável da 
utilização do cadáver no ensino e na pesquisa científica (CHAGAS 2001). 
 
 
http://www.cvdee.org.br/sitedagente/navigation.asp?idcat=011&id=085 
 
A falta de materiais nos laboratórios de Anatomia Humana é uma 
constante. Nesse sentido, diversas técnicas anatômicas são empregadas para 
conservação desse material e possuem a finalidade de preservar a forma, cor, 
aparência, dimensões e relações dos órgãos e estruturas analisadas. Outras 
ainda utilizam látex, gesso (dentes), borracha de silicone, argila, resinas e PVC 
para a confecção de moldes (RODRIGUES, 1973; MIRANDA-NETO, 1990). 
Nos dias atuais o ensino da anatomia é realizado nas universidades tanto 
por processos de dissecação de cadáveres como de peças cadavéricas 
formolizadas, sendo essas práticas consideradas fundamentalmente o alicerce 
 
 
 
para a construção do conhecimento em aulas de anatomia humana, pois fixam 
os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula presentes em cursos 
dentro da área das ciências da saúde. 
 
 http://www.acreaovivo.com/noticia/indiano-morto-acorda-em-hospital-minutos-antes-da-necropsia/7290 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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