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3 - Aula Ambiental - Licenciamento Ambiental

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LICENÇA AMBIENTAL E LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
Faculdade Católica de Rondônia
Disciplina: Direito Ambiental
Profª.: Mestre Marta Luiza L Salib
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Em matéria ambiental, o poder de polícia é VINCULADO, uma vez a obrigatoriedade do Poder Público em proteger o Meio ambiente, direito fundamental de terceira geração. 
Não há como falar em caráter discricionário deste exercício pois, pelo Princípio da Natureza Pública da proteção ambiental, o Poder Público é obrigado por lei a proteger a garantir a proteção ao meio ambiente. 
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É importante salientar que a competência para o licenciamento ambiental NÃO SE CONFUNDE com a atribuição de exercer fiscalização ambiental. 
Ex: Se o município de Porto Velho/RO, por meio da SEMA (ente ambiental municipal), licenciar uma atividade poluidora, é possível que o Ente Estadual SEDAM (ente ambiental estadual) ou o IBAMA (ente federal) fiscalizem, apliquem multa e interditem a atividade impactante. 
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STJ, AgRg no Resp 711.405/PR: “Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, pode o IBAMA exercer o seu poder de polícia administrativa, pois não há confundir competência para licenciar com competência para fiscalizar. (...) O pacto federativo atribui competência aos quatro entes da federação para proteger o meio ambiente através da fiscalização. 
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Art. 17, caput, da LC 140/2011:
	“Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada”. 
X
Art. 17, §3º da LC 140/11:
“O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput”. 
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A aplicação de multa pelo IBAMA a uma obra licenciada pelo órgão estadual, como vimos, é possível. 
Caso o IBAMA aplique uma multa e, em seguida, o órgão estadual também aplique, deverá prevalecer a multa aplicada pelo órgão competente para licenciar. 
Caso o IBAMA aplique a multa e o órgão estadual entenda pela ilegalidade da mesma, mantém-se a multa aplicada, pois a competência é comum, restando ao órgão estadual questionar o mérito da 		multa na JF. 
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É um dos instrumentos mais importantes para a consecução da Política Nacional do Meio Ambiente!
A Resolução 237/97 do CONAMA é a norma geral sobre licenciamento ambiental, havendo outras específicas, como a Resolução 05/1988 (obras de saneamento); Resolução 279/2001 (energia elétrica); Resolução 06/1988 (resíduos industriais) etc. 
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Conceito:
 Art. 1º, I da Resolução CONAMA nº. 237/97 : 
	* Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva o potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Art. 2º, I da LC 140/2011: 
	* Licenciamento Ambiental: o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. 
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Conceito Doutrinário: 
* Licenciamento Ambiental
	É o processo administrativo que tramita perante a instância administrativa responsável pela gestão ambiental, a fim de realizar um controle prévio das atividades humanas, estabelecendo condições e exigências para o exercício de atividades potencial ou efetivamente lesivas ao meio ambiente. 
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O Art. 10 da Lei 6.938/81 
			Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento ambiental. 
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ETAPAS do processo de licenciamento ambiental: (Art. 10 da Resolução CONAMA nº. 237/97)
1ª ETAPA
		Definição pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e estudos ambientais necessários ao início do processo de licenciamento. 
		Neste momento, o órgão ambiental listará ao empreendedor a documentação necessária, bem como os estudos ambientais importantes para a concessão da licença requerida. 
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2ª ETAPA: 
		Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando a devida publicidade. 
		Neste momento, o empreendedor fará o requerimento da licença, arcando com custos necessários, podendo o poder público cobrar taxas de licenciamento ambiental e outros serviços desde que guarde proporcionalidade com o custo e complexidade do serviço prestado pelo Ente 			federativo. 
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A presunção de que toda atividade econômica tem impacto ambiental é relativa, cabendo ao empreendedor comprovar que não haverá degradação ambiental com seu ato.
Nesse momento, o empreendedor poderá apresentar o RAIA – Relatório de Ausência de impacto ambiental - para fundamentar eventual celeridade no processo de licenciamento ou o EIA/RIMA, nos casos em que se exige. 
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3ª ETAPA: 
	Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias. 
		
		O órgão ambiental analisará toda a documentação apresentada, inclusive podendo fazer auditorias para comprovação do que foi apresentado. 
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4ª ETAPA: 
		Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não sejam satisfatórios. 
	
		O órgão ambiental poderá requerer estudos complementares para esclarecimento de pontos específicos. 
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5ª ETAPA: 
		Audiência Pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente. 
* Ocorrerá nos casos de exigência de EIA/RIMA.
		A audiência pública é o principal meio de comunicação das decisões com a sociedade diretamente interessada e onde se apresenta o conteúdo do EIA/RIMA. 
		Deverá ser realizada se: 
			* O órgão ambiental competente para a licença 			 	considerar necessário;
			* Solicitação do MP
			* Solicitação de 50 ou mais cidadãos
			* Entidade Civil
- As atas das Audiências servirão de base, junto com o RIMA, para análise e parecer final sobre a Licença requerida. 
		 Previsão Legal: Art. 1º e 2º da Resolução CONAMA 09/1987. 
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6ª ETAPA: 
		Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios. 
		Podem surgir novos fatos durante a audiência pública que necessitem de esclarecimentos. 
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7ª ETAPA: 
		Emissão de Parecer técnico conclusivo, e quando couber, parecer jurídico. 
	Nesta Etapa, é apresentado o parecer conclusivo pelo órgão ambiental e, em caso de dúvidas e/ou questionamentos jurídicos no decorrer do processo, também o parecer
jurídico. 
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8ª ETAPA: 
		Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. 
IMPORTANTE: No processo de licenciamento, deverá constar obrigatoriamente a Certidão da Prefeitura Municipal declarando que o empreendimento e o local estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo. 
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	* O órgão ambiental poderá estipular prazos diferentes para conclusão do processo de licenciamento a depender do tipo de licença requerida: LP, LI ou LO, desde que observado o prazo de 6 meses entre o protocolo do pedido e a concessão ou não do pedido. (Art. 14 da Resolução CONAMA 237/97)
		Este prazo pode ser aumentado para até 12 meses nos casos em que se exige EIA/RIMA e/ou audiências públicas. 
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	- No caso de diligências a serem cumpridas pelo empreendedor, ele terá o prazo máximo de 4 meses para atender, a contar da sua notificação. (Art. 15 da Resolução CONAMA 237/97)
* Em caso de não cumprimento de prazos:
		* Pelo empreendedor: Arquiva-se o processo. 
		* Pelo órgão ambiental: Sujeita o licenciamento à órgão que detenha competência supletiva. 
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IMPORTANTE: ATUAÇÃO SUPLETIVA
	* Órgão ambiental ESTADUAL ou do DF não cumpre esses prazos do processo de licenciamento: O IBAMA poderá atuar supletivamente. 
	* Órgão ambiental MUNICIPAL não cumpre prazos do processo de licenciamento: Órgão ambiental estadual poderá atuar supletivamente; e se o órgão estadual não puder, será o IBAMA. 
	* Contudo, caso o IBAMA não cumpra esses prazos, não há previsão legal de atuação supletiva do Estado ou município – nos parece atentar contra o Princípio da Simetria, mas não há previsão. 
		
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Início 
A obra pode causar poluição ou degradação ambiental? 
Não 
Não há necessidade de licenciamento ambiental 
FIM
SIM
Abertura do licenciamento ambiental
Entrega da Relatório de ausência de impacto ambiental
Entrega do EIA/RIMA, se for o caso
Foi solicitada audiência pública?
Sim
Realização da Audiência Pública
NÃO
Julgamento do EIA/RIMA
Licença Prévia
O projeto foi aprovado?
Licença de Instalação
Licença de Operação
Sim
FIM
Não 
Encerra-se o Processo de Licenciamento Ambiental
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Caso a atividade empreendedora não traga considerável impacto ambiental, poder-se-á dispensar o procedimento trifásico (LP, LI e LO) e adotar o licenciamento unifásico, conforme artigo 12, §2º da Resolução do CONAMA 237/97:
Art. 12 §2º: Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou atividades. 
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A Lei Complementar nº 140/2011, atendendo ao previsto no artigo 23, parágrafo único da CF/88, veio para regulamentar as competências ambientais comuns entre a U, E, DF e M, especialmente no que se refere ao licenciamento ambiental. 
Constitui a norma infraconstitucional mais importante sobre competência para licenciamento ambiental, devendo todos os demais atos relacionados a competência respeitá-la, especialmente a Resolução 237/97 do CONAMA. 
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1ª ideia importante: 
Os empreendimentos e atividades deverão ser licenciados por um único ente federativo. (Art. 13 da LC 140/2011).
		Art. 13. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou 	autorizados, ambientalmente, por um único ente federado, em 	conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta 	Lei Complementar:
		§1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se 	ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não 	vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento 	ambiental. 
* Contudo, para Art. 7º da Resolução CONAMA 237/97: Empreendimentos serão licenciados em um único nível de competência. 
* Prevalece a LC 140/11, mas é um retrocesso, pois um município não pode estabelecer por exemplo, um consórcio com outros municípios para concederem o licenciamento caso não tenham estrutura administrativa para concessão isoladamente.
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2ª ideia importante: 
Existem 3 critérios adotados para definir a competência de licenciamento
* Critério da atuação supletiva
*Critério da dimensão do impacto do dano ambiental;
* Critério da dominialidade do bem público afetado;
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 * Critério da atuação supletiva. (Artigo 15 da LC 140/11) 
	- Entes federativos: Atuam em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
	a) Se o órgão ambiental estadual não possuir capacidade técnica ou não tiver conselho de meio ambiente constituído (além do caso de atraso no processo de licenciamento) a União deverá licenciar até a criação; 
	b) Se o órgão ambiental municipal não possuir capacidade técnica ou não tiver conselho de meio ambiente constituído (além do caso de atraso no processo de licenciamento) o Estado deverá licenciar até a criação; 
 c) Se nem o órgão ambiental estadual e nem o municipal possuírem capacidade técnica ou não tiverem conselho de meio ambiente constituído (além do caso de atraso no processo de licenciamento) a União deverá licenciar até a criação; 
			Como já vimos, o contrário com relação a União não tem previsão legal! 
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* Critério da dimensão do impacto do dano ambiental. 
* Este critério leva em conta a dimensão do impacto, tendo em vista que o equilíbrio ecológico é ubíquo e difuso. 
Ex: Art. 7º, XIV, “e” da LC 140/2011. 
			Art. 7º. São ações administrativas da União: (...)
			XIV – promover o licenciamento ambiental de 			empreendimentos e atividades:
			(...)
			e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou 			mais Estados. 
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* Critério da dominialidade do bem público afetado
	* Este critério leva em conta a titularidade do bem a ser afetado pelo empreendimento licenciado. 
Ex: Ex: Art. 7º, XIV, “b” da LC 140/2011. 
Art. 7º. São ações administrativas da União: (...)
		XIV – promover o licenciamento ambiental de 		empreendimentos e atividades:
		(...)
	 b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na 	plataforma continental ou na zona econômica 	exclusiva. 
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Critério da extensão do dano 
X
 Critério da dominialidade do bem público afetado
Ex: Comunidade indígena requer concessão de licença ambiental para o desmatamento de uma pequena área em sua reserva, que é bem da União, e que gerará um impacto ambiental local. 
Competência Federal ou Competência Municipal? 
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* Há divergência, pois a LC 140 não definiu, mas prevalece na doutrina e jurisprudência o critério da extensão do dano ou impacto em detrimento da dominialidade do bem público. 
ADMINISTRATIVO. CONSTRUÇÃO DE BARRACAS DE PRAIA. ORLA MARÍTIMA. SALVADOR. LICENCIAMENTO AMBIENTAL. COMPETÊNCIA. 1. A competência para condução do licenciamento ambiental deve ser definida de acordo com o potencial dano do empreendimento e não segundo a propriedade da área em que serão realizadas as construções. 2. As obras de construção ou reforma de barracas na orla marítima de Salvador/BA, ainda que estejam localizadas em terreno de marinha, de propriedade da União, não atraem a competência exclusiva do IBAMA para conduzir o correspondente estudo de impacto ambiental, por não estar configurado impacto ambiental nacional ou regional. 3. Agravo de instrumento a que se dá provimento. (TRF da 1ª Região. AI 20070100000782-5)
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TRF da 5ª Região, no Agravo de instrumento nº. 94.343/2009:
(...) Portanto, não basta que a atividade licenciada atinja ou se localize em bem da União para que fique caracterizado a competência do IBAMA para efetuar o licenciamento ambiental. O licenciamento ambiental dá-se em razão da abrangência do impacto ao meio ambiente e não em virtude
da titularidade do bem atingido”. 
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Há decisões divergentes, em especial do TRF da 4ª Região, nos processos 200704000365380 ou 200704010369558. 
Solução hermenêutica: Deve-ser harmonizar os critérios, uma vez que não há manifestação definitiva do STF. 
	* Critério da dominialidade do bem público: Critério Especial
	* Critério da dimensão do dano: Critério Geral. 
		Sempre que a atividade licenciada puder afetar diretamente um bem público, PREVALECERÁ o critério especial SE o referido bem estiver listado em lei como indicador da competência. 
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Então, naquele caso da Comunidade indígena, a competência será da União/IBAMA, pois há previsão legal no artigo 4º, I da Resolução CONAMA 237/97 e no artigo 7º, XIV, “c” da LC 140/2011 de que compete a União licenciar atividades em terras indígenas, prevalecendo o critério especial de dominialidade do bem público afetado, mesmo que o impacto seja local. 
Obs. Art. 4º, §1º da Res. 237/97: De qualquer forma, o IBAMA também leva em consideração exame técnico precedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios em que se localizar o empreendimento! 
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Competência Federal
Previsão Legal: 
Art. 7º, XIV da LC 140/11;
Art. 4º da Resolução CONAMA 237/97, que traz a competência do IBAMA.
Decreto 8.437/2015: Rodovias federais, ferrovias federais, hidrovias federais, sistemas de energia elétrica, portos, etc. 
 
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Competência Municipal
* Previsão Legal: 
	- Art. 9º da LC 140/11. 
 - Art. 6º da Resolução CONAMA 237/97.
			Art. 6º. Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento ou convênio. 
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Competência Estadual - residual
* Previsão Legal: 
	- Art. 8º, XIV da LC 140/11. 
		Art. 8º. São ações administrativas dos Estados:
		(...)
		XIV – promover o licenciamento ambiental de atividades ou 	empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, 	efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob 	qualquer forma, de causar degradação ambiental, 	ressalvado o disposto nos artigos 7º e 9º. 
 - Art. 5º da Resolução CONAMA 237/97. 
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Em direito administrativo, temos dois conceitos:
		* Autorização: Ato administrativo discricionário (conveniência e oportunidade) e precário (revogável a qualquer tempo)
		* Licença: Ato administrativo vinculado e não precário, inexistindo discricionariedade e voluntariedade para a Administração Pública. Preenchidos os requisitos, as licenças administrativas passam a integrar o patrimônio jurídico do titular. 
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O Artigo 19 da Resolução do CONAMA 237/97, que trata do Licenciamento Ambiental, estatui que:
			“O órgão ambiental poderá modificar as condicionantes e 		as medidas de controle e adequação da licença 			ambiental, assim como suspendê-la ou cancelá-la, 			quando ocorrer:
			I – Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes 		ou normas legais;
			III – Omissão ou falsa descrição de informações 			relevantes que subsidiaram a expedição da licença;
			IV – superveniência de graves riscos ambientais e de 		saúde. 
- Portanto, a licença ambiental poderá ter regime 	jurídico idêntico ao da autorização administrativa! 
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ADMINISTRATIVO. MEIO AMBIENTE. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. LICENCIAMENTO ESTADUAL. ATUAÇÃO SUPLETIVA DO IBAMA. 
1. Se o órgão ambiental estadual licenciou a obra de forma indevida, nada impede que o IBAMA intervenha de forma supletiva, para garantir a preservação do meio ambiente. 
2. O interesse privado não pode, de maneira alguma, se sobrepor aos interesses difusos, dentre os quais enquadra-se o meio ambiente. 
3. A licença ambiental tem natureza autorizatória, devido seu caráter precário. 
4. Apelação improvida (TRF 4ª Região. AMS 9804084872)
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Assim, é plenamente possível a revogação da licença ambiental, justificado inclusive pelos Princípios da Precaução e da Prevenção, respeitado O DEVIDO PROCESSO LEGAL. 
	ADMINITRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. LICENÇA AMBIENTAL. REVOGAÇÃO IBAMA. CAMARÕES EXÓTICOS. 
	Ressaltando o princípio da precaução, que deve nortear a autuação do poder público no que se refere a questão ambiental, e que reza não ser necessária a ocorrência do dano para que seja desencadeada a ação estatal, tenho que andou bem a sentença ao concluir não ser ilegal a revogação de licença, bem como não ser possível, em sede de mandado de segurança, o exame das adequações da atividade criatória de camarões exóticos, às disposições regulamentares e ao termo de ajustamento de conduta. (TRF da 4ª Região, AMS 200370000275788 de 2008).
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Em regra, descabe indenização pela revogação da licença ambiental, salvo quando a causa determinante for imputada a própria administração pública que concedeu a licença incompatível com o interesse público.
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Conceito na Resolução CONAMA nº. 237/97:
Art. 1º. Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
Licença Ambiental: Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.”
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Temos 3 espécies de licença ambiental:
1ª) Licença prévia (LP): concedida preliminarmente, apenas por aprovação do projeto, atestando a viabilidade ambiental e respectivos condicionantes e requisitos básicos para a próximas fases. 
		* Prazo de Validade: Até 5 anos, não podendo ter lapso temporal inferior ao necessário para a elaboração de programas técnicos. (Art. 8º, Resolução CONAMA 237/97)
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2ª) Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento, impondo condicionantes para as próximas fases;
		* Prazo de Validade: Não poderá ser superior a 6 anos. (Art. 8º, Resolução CONAMA 237/97)
3ª) Licença de Operação (LO): permite o início das atividades conforme o projeto aprovado, apontando medidas ambientais de controle e condicionantes. 
		* Prazo de Validade: Variam entre 4 e 10 anos, a critério do órgão ambiental. (Art. 8º, Resolução CONAMA 237/97)
		
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Renovação das licenças ambientais: Requerida com antecedência mínima de 120 dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, 
		OBS: Fica a licença anterior automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. (Art. 14, §4º da LC 140/11)
			É um exemplo onde o silêncio da Administração é visto como manifestação de vontade em favor do administrado.
Renovação de licença ambiental é um processo de licenciamento como outro. Isso porque a realidade ambiental que poderia justificar a concessão da licença ambiental pode ter sido alterada, considerando o prazo de 4 a 10 anos que ela pode ser concedida. 
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OBS: Desenvolvimento de atividades poluidoras sujeitas a licenciamento ambiental, que são as listadas no Anexo I da Resolução 237/97 do CONAMA, sem a Licença de Operação: 
		Crime, com pena de detenção de um a 6 meses e multa, além de infração administrativa. (Art. 60 da Lei 9.605/98)
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ANEXO 1 – Atividades ou empreendimentos sujeitas ao licenciamento ambiental: (	ROL NÃO TAXATIVO)
			- Extração e tratamento de minerais
			- Indústria de produtos minerais não metálicos
			- Indústria metalúrgica
			- Indústria Mecânica
			- Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações;
			- Indústria de material de transporte
			- Indústria de madeira
			- Indústria de papel e celulose
			- Indústria de borracha
- Indústria de couros e peles
			- Indústria química
			- Indústria de produtos de matéria plástica
			- Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos
			- Indústria de produtos alimentares e bebidas;
			- Indústria de fumo
			- Usinas de asfalto, usinas de produção de concreto.
			- Obras civis
			- Transporte, terminais e depósitos
			- Turismo (complexos temáticos de lazer e autódromos)
			- Parcelamento do solo, distrito e pólo industrial.
			- Atividades agropecuárias
			- Uso de recursos naturais (Manejo de recursos aquátivos vivos, 				exploração de subprodutos florestais, exploração 				de madeira). 
*
*
OBS: Situações de Dispensa da licença no Novo Código Florestal: 
1) Manejo florestal para consumo: Art. 23 do NCF
		Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros cúbicos. 
	
2) Obras urgentes e segurança nacional: Art. 8º, §3º do NCF: 
		§3º. É dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. 
*
*
3) Permissão de extração de lenha e reflorestamento: Art. 35 e §2º e §3º do NCF
 	§2º. É livre a extração de lenha e demais produtos de florestas plantadas nas áreas não consideradas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal.
	§3º. O corte ou a exploração de espécies nativas plantadas em área de uso alternativo do solo serão permitidos independentemente de autorização prévia, devendo o plantio ou reflorestamento estar previamente cadastrado no órgão ambiental competente e a exploração ser previamente declarada nele para fins de controle de origem. 
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A legislação ambiental pode prever licenças específicas a depender da atividade desenvolvida. 
Ex: A Resolução CONAMA 23/94 instituiu duas licenças prévias para o licenciamento petrolífero: a Licença de Perfuração (LPper) e a de produção para pesquisa (LPpro)

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