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Pós Graduação Estácio – Curitiba Curso de Pós Graduação em Direito Imobiliário ALUNO RICARDO MENEGUSSI PEREIRA Resolução Plano de aula: DIREITO NOTARIAL APLICADO A PROPRIEDADE Questão: O que se entende sobre a expressão corrente “os notários brasileiros são agentes delegados”? Quais as consequências de tal afirmação, notadamente a respeito da polêmica questão da aposentadoria compulsória, tão discutida no Poder Judiciário pátrio? Resposta: O Direito Notarial tem expandido de forma significativa com o surgimento de normas legais e infralegais. A ata notarial é exemplo de uma grande diretriz para construção de provas com fé pública, admitidas pelos ajustes do CPC em 2015. IMPORTANTE: Os notários e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo público efetivo, tampouco ocupam cargo público. OBSERVAÇÃO: Os serviços de registros públicos, cartorários e notariais são exercidos em caráter privado por delegação do poder público (serviço público não privativo). CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. A evolução no DIREITO IMOBILIÁRIO desempenhada pela dinâmica do DIREITO NOTARIAL APLICADO A PROPRIEDADE pode ser observada nas novidades relacionados à atividade notarial, a reboque, também a registral que acompanhando a onda de transformações normativas vem também admitindo e implantando métodos alternativos de solução de conflitos. Um exemplo prático está no CRECI que tem instalado sistemas de mediações extrajudiciais para resolução de conflitos envolvendo litígios relacionados a imóveis. As manifestações evolutivas das esferas jurídicas têm dado passos importantes nas esferas extrajudiciais, maneiras essas que além de criar soluções para burocracia judicial, também conduzem em seu cerne a economia processual. Alguns pontos interessantes observáveis a respeito das demandas históricas para despertar a necessidade de soluções alternativas de litígios está por exemplo na legislação processual de 1973 que enfatizava a lide e a sentença judicial como mecanismo último para a solução de conflitos, sendo, neste último caso, a coisa julgada a maior demonstração de pacificação dessa compreensão. A evolução das dinâmicas das esferas jurídicas frente ao contexto atual, criando esse movimento de buscar “solução alternativa” para o litígio são visíveis consequências da afirmação “os notários brasileiros são agentes delegados” nos sistemas de mediações extrajudiciais para resolução de conflitos envolvendo litígios. A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, em seu artigo 98, consta previsão de criação sistemática de juizados especiais em território nacional, bem como da justiça itinerante, pelos tribunais federais e estaduais, ainda no ano de 1995, aconteceu marco legislativo em que o solução de litígios começa a ser vista fora dos rigores da sentença judicial, abrindo para solução de litígios, “reduzindo” o formalismo e fomentando à conciliação e mediação em os juizados especiais federais. No CPC de 2015 fortalece a desjudicialização da solução de conflitos, inclusão relevante e significativa no corpo positivado do CPC. E após, o CNJ fortalecesse essa perspectiva de desjudicialização inserindo "cartórios" nessa corrente de normas, por força do Provimento 67, de 2018, onde os cartórios foram inseridos nos espaços alternativos para solução de conflitos, momento de destaque do Direito Notarial e Registral. A inclusão dos Cartórios na resolução de conflitos, garante amplitude da função notarial e registral e seu uso facultativo. Outra observação está na atuação do CNJ, onde no parágrafo 4º, do artigo 103-B além de outras competências, compete ao CNJ "III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correcional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa". Abrindo a possibilidade para os serviços notariais e de registro, no âmbito nacional, com amparo constitucional para soluções alternativas para a solução de litígios no texto normativo. “Art. 2º Os procedimentos de conciliação e de mediação nos serviços notariais e de registro serão facultativos e deverão observar os requisitos previstos neste provimento, sem prejuízo do disposto na Lei n. 13.140/2015.” Provimento 67/2018 O Provimento 67/2018 coloca os espaços notariais e de registro na práxis de soluções alternativas de conflitos, claro que não é automática, sendo necessário que requisitos sejam atendidos pelos notários e registradores. No artigo 4° do Provimento: "Art. 4º O processo de autorização dos serviços notariais e de registro para a realização de conciliação e de mediação deverá ser regulamentado pelos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC) e pelas corregedorias-gerais de justiça (CGJ) dos Estados e do Distrito Federal e dos Territórios." O artigo 12 do Provimento apresenta uma regra muito interessante; "Art. 12. Os direitos disponíveis e os indisponíveis que admitam transação poderão ser objeto de conciliação e de mediação, o qual poderá versar sobre todo o conflito ou parte dele." A mediação, conciliação e a arbitragem marcam um momento importante na economia processual, desburocratização das soluções de conflito, e conjunto de esforços para desafogar o sistema judiciário. A consequências notadamente a respeito da polêmica questão da aposentadoria compulsória, tão discutida no Poder Judiciário pátrio podem ser observadas em: - Segundo disposição expressa da Constituição Federal, os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. - Os servidores dos cartórios extrajudiciais, entretanto, admitidos no regime anterior, continuam na condição de servidor em sentido lato, sob o regime especial de trabalho, sujeitando-se à aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade. - Até que nova legislação disponha de forma diferente, regulamentando a matéria, continuam pelo princípio da recepção, vigentes as leis anteriores à nova ordem constitucional que não conflitam com o direito atual. Em acórdãos sobre a aposentadoria compulsória, o eminente relator, Conselheiro Altino Pedrozo, votou pela procedência do pedido para desconstituir o ato da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado do Paraná que determinou a declaração de vacância do cargo ocupado por Gladys Stolz Vendrami na data em que completaria 70 (setenta) anos. Em seu voto, manifestou o entendimento de que a remuneração da requerente se dá tão somente por meio de custas e emolumentos, comparando a sua situação “à dos titulares de serventias extrajudiciais, os quais não estão obrigados à aposentadoria compulsória”. A regra constitucional de aposentadoria compulsória aos setenta anos de idade que, como já exposto, é o limite etário máximo de permanência no cargo de escrivão judicial. Em Decisão recente da 1ª câmara de Direito Público do TJ/SC Servidor de cartório consegue direito de se aposentar pela Previdência estadual. O relator no TJ/SC, desembargador Luiz Fernando Boller, pontuou que, na Corte, "é assente o entendimento de que cartorários extrajudiciais têm direito à aposentadoriapelo regime especial de previdência, desde que investidos no cargo até a entrada em vigor da Lei Federal n. 8.935/94 - ressalvado àqueles que tenham optado pelo RGPS-Regime Geral de Previdência Social". "Como o ingresso no serviço público ocorreu antes da Emenda Constitucional n. 20/98 e os requisitos adquiridos após as inovações constitucionais trazidas, devem ser respeitadas as regras de transição estabelecidas na Emenda Constitucional n. 41/03 e na Emenda Constitucional n. 47/05", completou. O voto foi seguido à unanimidade pelo colegiado no Processo: 0896129-68.2013.8.24.0023.
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