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DIREITO TRIBUTÁRIO - Consignação em Pagamento.

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AO JUÍZO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA CIDADE DE MANAUS DO ESTADO DO AMAZONAS 
Ronaldo de Brito Leite, nacionalidade, estado civil, inscrito no CPF sob o nº ___ e RG____, titular do 3º Ofício de Protesto de Letras e Registro de Imóveis da Comarca de Manaus, com sede na rua ___, nº ___, bairro ___, CEP ___, na cidade de Manaus/AM, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado (procuração anexa), com fundamento no art. 164 do Código Tributário Nacional, propor:
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO C/C TUTELA DE URGÊNCIA 
em face do Município de Manaus, pessoa jurídica de direito público interno, com sede administrativa na rua ___, nº __, bairro ___, CEP___, na cidade de Manaus, estado de Amazonas, pelos motivos de fatos e de direitos a seguir expostos.
DOS FATOS
O autor, Sr. Ronaldo de Brito Leite, titular do 3º Ofício do Protesto de Letras e Registro de Imóveis da comarca de Manaus, vem perante este juízo sustentar seus argumentos sobre a inexistência da relação jurídico-tributária, pelo fato da ausência de lei municipal específica que institua o ISS sobre o serviço cartorário no Município de Manaus juntamente com a possibilidade de cobrança do imposto exclusivamente sobre o valor dos emolumentos e não juntamente com as taxas recolhidas dos fundos estaduais, conforme determina a Lei Estadual nº2751/2002 e os administrativos da Corregedoria Geral de justiça.
 Portanto, para excluir da base de cálculo as taxas recolhidas em favor dos fundos estaduais criados por lei.
Afim de que se faça o repasse dos verdadeiros valores devidos, o Consignante vem perante este D. Juízo em busca de efetuar o pagamento indireto ao fisco, sem que sofra qualquer medida restritiva.
TUTELA DE URGÊNCIA 
Ante o exposto e com fundamento no artigo 300 do CPC e 164 do Código Tributário Nacional, roga o autor pela concessão de medida antecipatória da tutela, vez que, encontram-se presentes os requisitos da prova inequívoca da verossimilhança e reversibilidade dos efeitos da decisão, evidenciando-se que o mesmo está sob a ameaça de ser executado pelo município, que, em suma, não aceita que o crédito tributário seja instituído exclusivamente sobre o valor dos emolumentos, mesmo não havendo sequer uma Lei que o ampare; e, ainda, estando em contradição com o que dispõe a Lei Estadual nº 2.751/2002 do Estado do Amazonas, que diz respeito aos emolumentos 
Mesmo sem nenhuma Lei que ampare essa determinação feita por eles no caso específico; e em contradito, a Lei Estadual Nº 2.751/2002 do Estado do Amazonas que versa sobre os emolumentos e entendimento firmado pelo STF, em Ação Direita de Inconstitucionalidade nº 3089-2/DF.
De acordo com o artigo 164, I do Código Tributário Nacional, o crédito tributário poderá ser consignado judicialmente na hipótese da recusa de recebimento do pagamento. 
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
Conforme a narração dos fatos, o depósito foi feito integralmente e ainda assim, o Município se recusa a aceitar, mesmo havendo contradição entre o argumento ora sustentado, perante a Lei Estadual Nº 2.751/2002 do Estado do Amazonas que versa sobre emolumentos e o entendimento firmado pelo STF, em Ação Direita de Inconstitucionalidade nº 3089-2/DF.
 Diante disso, roga o autor, pela antecipação da tutela de urgência, prevista no artigo 300, §3º do CPC que dispõe o seguinte: 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Ao analisar o caso e os requisitos contidos no referido artigo, é notório que o autor faz jus a esta medida, e, por isso, suplica que este douto Juízo determine ao Município que recolha o pagamento e se abstenha de executar o suposto crédito tributário, afim de evitar danos ao autor, bem como, de fazê-lo pagar por algo que não lhe é devido, assim como afastar a futura possibilidade da inscrição de seu nome na CDA (Certidão de Dívida Ativa) injustamente. 
DO DIREITO
3.1 DO CABIMENTO
A ação de consignação em pagamento para o presente caso, encontra-se cabível conforme o inciso I, do artigo 164 do CTN, tendo em vista que, o autor não se exime ao pagamento, mas tão somente deseja efetuá-la de forma honesta e correta nos termos das determinações legais.
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
Desta forma, o autor deseja efetuar o pagamento do ISS ao Município de Manaus, sem que este o rejeite por alegação de valor inferior.
 DA COBRANÇA DO IMPOSTO
Conforme visto dos fatos, o Sr. Ronaldo de Brito Leite sustenta que possui interesse em pagar o débito tributário, desde que este seja instituído exclusivamente sobre o valor dos emolumentos, o que não está sendo aceito pelo Município de Manaus, mesmo sem nenhuma Lei que ampare essa determinação feita por eles no caso específico.
Ocorre, Excelência, que o que está sendo pedido pelo autor da presente ação, é perfeitamente válido, tendo em vista Lei Estadual Nº 2.751/2002 do Estado do Amazonas, que versa sobre os emolumentos.
Art. 1º Emolumentos consistem na remuneração devida aos Tabeliães ou Notários, e aos Oficiais do Registro Público ou Registradores, pelos serviços por eles prestados aos usuários, pessoas físicas ou jurídicas, no exercício de suas atribuições legais, destinados a garantir publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos, sob a chancela da fé pública.
 Diante disto, o próprio STF, em Ação Direita de Inconstitucionalidade nº 3089-2/DF, apreciou a cobrança do referido tributo em cima dos emolumentos produzidos pelos cartórios. Vejamos a argumentação do ministro Gilmar Mendes de Carvalho, proferidos por ocasião do julgamento Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº. 3089-2/DF:
 “Também não me parece que seja de aceitar a tese, muito bem posta pelo Ministro Carlos Britto, de que, aqui, estaríamos tendo a cobrança de um imposto sobre taxa, na verdade é sobre o próprio serviço, usa-se eventualmente, a taxa ou os emolumentos como índice, ou como referência apenas para fins de cobrança.”
Desta forma, a Suprema Corte, não veio a dar procedência a ADIN, porém, reconheceu a possibilidade do ISS incidir sobre os emolumentos cobrados.
No que diz respeito ao ISS (Imposto Sobre Serviços), trata-se de um tributo cobrado pelos municípios e pelo Distrito Federal. Isso significa que todos os valores recolhidos a título de ISS são destinados aos cofres públicos municipais. Sua incidência se dá nos casos em que ocorre uma prestação de serviço, e neste caso, sobre os valores dos emolumentos. D. Juiz(a), o munícipio de Manaus carece de uma lei municipal específica que cobre além dos emolumentos, por isso, apreciação que se faça.
Contudo, só há possibilidade de cobrança do imposto exclusivamente sobre o valor dos emolumentos e não dos valores que o referido consignante recebe dos fundos estaduais, conforme disciplinado na Lei Estadual nº 2.751/2002. Todavia, deve-se excluir da base de cálculo o valor dos fundos estaduais criados por lei, conforme citado abaixo:
Art. 12 da lei estadual n° 2.751/2002: Os Notários e os Registradores de Imóveis, de Protesto de Letras e de Títulos e Documentos da Comarca de Manaus, ficam obrigados a contribuir mensalmente, a partir da vigência desta Lei, com o equivalente a 3% (três por cento) de suas respectivas receitas operacionais, vedado o repasse aos usuários de seus serviços, para a formação de um Fundo, a ser gerido e fiscalizado
pela Corregedoria Geral de Justiça, destinado a compensar os Registradores de Pessoas Naturais desta Capital, pela gratuidade dos registros de nascimento e óbitos, e fornecimento das respectivas primeiras certidões determinados por lei federal.
Os valores recebidos pelo cartório em favor dos fundos estaduais não integram o preço do serviço cartorário e, por isso, não deveriam ser inseridos na base de cálculo do tributo municipal. Neste sentido D. Juiz(a), deverá ser acolhido o pedido para consignar em juízo, efetuando o pagamento do verdadeiro valor, apenas com base nos emolumentos recebidos no Cartório do 3° Oficio de Protesto de Letras e Registro de Imóveis da Comarca de Manaus, sem os acréscimos na cobrança do ISS feita pelo fisco consignado.
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Por meio da presente ação, busca o autor que seja extinto o crédito tributário, visto que a natureza desta está relacionada exclusivamente ao pagamento indireto do tributo. Sendo está uma das formas de extinguir o crédito tributário, bem como excluir os juros e multa que vieram a incidir no montante do crédito, como demonstra o art. 156, VIII, do CTN.
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
Neste sentido, colaciono os seguintes precedentes:
APELAÇÃO - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - CRÉDITO TRIBUTÁRIO - ISSQN - SUJEITO ATIVO - CRITÉRIO MATERIAL E TERRITORIAL - MUNICÍPIO NO QUAL É PRESTADO O SERVIÇO - ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA JURISPRUDÊNCIA - DEPÓSITO - AUSÊNCIA DE CONTROVÉRSIA SOBRE O PERÍODO - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO - RECURSO PRINCIPAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO E RECURSO ADESIVO AO QUAL SE DÁ PROVIMENTO. 1 - A partir da LC 116, de 2003, notadamente o art. 4º, acerca do conceito de estabelecimento, o sujeito ativo apto a exigir o ISSQN é aquele onde o serviço é efetivamente prestado, onde a relação jurídica é formada, assim entendido o local onde se comprove haver unidade econômica ou profissional da empresa prestadora. Critério material e territorial. 2 - Entendimento consolidado no STJ por meio de julgamento de recurso repetitivo. 3 - Incontroverso, em relação ao sujeito ativo apto a exigência do crédito tributário, que o pedido comporta o período afirmado pelo consignante, deve ser julgado procedente o pedido para que na sentença conste a extinção do crédito em relação a todo período alegado pelo autor. (TJ-MG - AC: 10188100092868001 MG, Relator: Marcelo Rodrigues, Data de Julgamento: 20/08/2013, Câmaras Cíveis / 2ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 30/08/2013).
Agravo de instrumento. Execução fiscal. Imposto predial urbano. Taxas de lixo e de expediente. Exercícios de 2014 a 2016. Rejeição de objeção de não executividade. Alegação de extinção dos créditos. Desnecessidade de extensa atividade probatória. Possibilidade de apreciação da matéria na referida objeção. Depósito do valor dos tributos em ação de consignação em pagamento. Acolhimento do pedido. Pagamento a se reputar efetuado com a conversão em renda do montante consignado. Inteligência dos artigos 156, VIII, e 164, § 2º, do Código Tributário Nacional. Extinção da cobrança, com arrimo no artigo 485, VI, do Código de Processo Civil. Recurso provido. (TJ-SP - AI: 20056893020198260000 SP 2005689-30.2019.8.26.0000, Relator: Geraldo Xavier, Data de Julgamento: 09/05/2019, 14ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 14/05/2019).
Como deixado claro tanto pelo artigo 156, VIII do CTN, quanto pelos precedentes ante mencionados, faz jus o autor de ter extinto o crédito tributário devido a consignação do valor total do crédito tributário.
Diante do exposto requer o autor que seja extinto o crédito tributário, bem como a suspensão de sua exigibilidade. 
DOS PEDIDOS
Ex Positis, requer:
Seja concedida a tutela de urgência autorizando o depósito judicial, na quantia de R$ ________, evitando-se a mora e suspendendo-se o crédito tributário;
Seja julgado totalmente procedente a presente ação, reputando-se efetuado o pagamento e convertendo-se a importância consignada em renda, nos termos do art. 156, VIII, do CTN, com a presente extinção do crédito tributário;
Seja citado o Município de Manaus, na pessoa de seu representante legal;
A juntada das guias de depósitos, em conformidade com o artigo 164 do CTN;
A condenação do Município de Manaus, nas custas processuais e nos honorários advocatícios.
Roga o autor provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direto, em especial pelos comprovantes e guias de depósitos anexos.
Dá-se à causa, o valor a ser consignado.
Nesses termos, pede deferimento
Manaus-AM, 29 outubro de 2019
_________________________
Advogado/OAB

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