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Aula 1 - Corporações

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOVERNANÇA CORPORATIVA 
E COMPLIANCE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Pedro Salanek Filho 
 
 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo desta nossa primeira aula é basicamente apresentar o conceito 
de corporações, dentro da amplitude de negócios, bem como correlacioná-lo com 
todas as partes (sejam internas e externas) que influenciam ou que são 
influenciadas por essas corporações. 
As corporações ganharam muita representatividade no mundo dos negócios 
nas últimas décadas. O uso do termo passou a ser muito comum principalmente 
para expressar empresas de grandes estruturas e que atuam em diversas áreas de 
negócios, bem como com atuação global. São conglomerados que vão se 
agigantando, extrapolando fronteiras e assim gerando impactos positivos e 
negativos por onde desenvolvem suas atividades. Todas essas partes 
(interessados) que vão sendo impactadas correspondem à denominação moderna 
de stakeholders, tópico que trataremos mais profundamente no quinto tema desta 
primeira aula. À medida que essas instituições vão crescendo e evoluindo, as 
estratégias para que continuem vão ficando cada vez mais desafiadoras. 
Antes até de abordarmos governança corporativa, tema central e que dá 
nome a nossa disciplina, teremos obviamente que conceituar o que são de fato as 
corporações. A palavra tem origem latina pela junção dos termos corporis, que 
significa corpo, e actios, cujo significado é ação. Desta forma, em um conceito 
inicial podemos simplificar que as corporações surgem quando um grupo de 
pessoas age como se fosse um corpo só, buscando objetivos e metas 
previamente determinados. Nada muito diferente dos conceitos tradicionais para 
representar empresas ou organizações de negócios. 
CONTEXTUALIZANDO 
As mudanças propiciadas no período da Revolução Industrial, com a 
alteração do trabalho artesanal pelo uso de máquinas, podem ser relatadas como 
um processo inicial da criação das grandes corporações. 
As organizações empresariais eram insignificantes quando comparadas com 
outras entidades da época, como a igreja e a monarquia (por exemplo), que 
exerciam fortes influências e eram consideradas as verdadeiras entidades 
dominantes. 
O documentário The Corporation menciona que durante o século 20 
começou a ocorrer uma mudança nesse processo de representatividade, as 
 
 
03 
entidades religiosas e políticas perderam espaço e as entidades empresariais 
passaram a ter um papel de grande influência na sociedade. 
Essas organizações empresariais, principalmente pelo fato de gerar 
riquezas, dentro de seus interesses obviamente, passaram a exercer fortes 
impactos. O fator econômico passou a ser reconhecido com a principal dimensão 
para representar na efetividade do desenvolvimento. Todos os recursos e os 
modelos de administração eram direcionados para ampliação dos resultados 
econômicos. 
Paralelo ao interesse dessas grandes organizações, o processo de 
globalização e da abertura para mercados internacionais passou a contribuir para 
uma ampliação dos negócios no mercado internacional. 
Visando atrair investimentos, muitos governos (principalmente dos países 
denominados de terceiro mundo) passaram a reduzir barreiras protecionistas e a 
diminuir fatores tarifários permitindo a entrada dessas corporações em diversas 
partes do mundo, nascendo aí as chamadas empresas multinacionais e 
transacionais. 
Muitas dessas corporações começaram a disseminar seus produtos mundo 
afora. Vários produtos passaram a exercer forte influência no desenvolvimento das 
atividades do cotidiano, criando quase que uma obrigatoriedade de consumo. Para 
ganhar amplitude de mercado, essas empresas passaram a adquirir empresas mais 
regionais (através de fusões e aquisições), gerando até concentrações de mercado 
em busca da pulverização de sua marca e de seus produtos/serviços em diversas 
localidades. 
As estratégias de marketing começaram a influenciar o processo de 
consumo de algumas localidades, em comparação com as suas características 
históricas. Alguns valores sociais eram enaltecidos por essas entidades, em suas 
peças publicitárias, demonstrando certa reputação socioambiental, mas também 
correlacionando com a necessidade do constante processo de produção e 
consumo. 
Diante dos vários pontos apresentados, percebemos a grande influência que 
as corporações têm hoje no dia a dia das pessoas, influência que perpassa fatores 
econômicos, políticos, ambientais e principalmente sociais. 
Um fator que passa a ser muito questionado nas estratégias das corporações 
é a busca desenfreada pelo lucro e pelo poder. Podemos até fazer um trocadilho 
financeiro e dizer a busca “do lucro a qualquer custo”. Ocorre também o 
questionamento sobre o retorno dos resultados concentrados para a matriz, sem a 
 
 
04 
devida aplicação na localidade onde ele foi gerado. Existe também o fato do volume 
de demissões que ocorrem em determinados períodos de baixa produção e/ou 
demanda. 
As demissões podem até ser temporárias, mas existe outra situação muito 
mais impactante quando ocorre o encerramento das atividades da corporação em 
uma localidade, quando não é mais interessante para ela a exploração empresarial 
naquele local. Neste momento abandona-se todo um entorno que se desenvolveu 
junto à corporação, sem contar os danos ambientais e sociais causados. 
O documentário The Corporation retrata, com muita propriedade, esse 
aspecto. São consideradas uma espécie de ficção jurídica criada pela legislação e 
que existem para defender os interesses naquele grupo (um corpo só) que 
determinou os objetivos e metas, naquela elementar definição de corporação que 
vimos na abertura da aula. As corporações podem processar e serem processadas. 
Parece até que as pessoas físicas que atuam como gestores nos processos 
decisórios dessas organizações (que de fato tomam as decisões) não têm mais 
responsabilidades perante seus atos. As responsabilidades são das corporações, 
mas que não existem fisicamente. 
Ocorrem ainda as circunstâncias de algumas tragédias (como guerras e 
desastres climáticos) que podem contribuir positivamente para o aumento do valor 
dos produtos de algumas corporações. Esses fatos são, muitas vezes, 
comemorados! 
Diante disso, qual a sua opinião sobre o papel das grandes corporações no 
desenvolvimento da sociedade? Considerando inclusive que elas são apenas 
ficções jurídicas, que não existem fisicamente e que não possuem alma. 
 
Saiba mais 
Assista ao documentário The Corporation, disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=Zx0f_8FKMrY>. 
TEMA 1 – CORPORAÇÕES 
Diante da abordagem, em tom mais crítico, feita na contextualização desta 
aula, você deve estar se perguntando sobre o futuro desse modelo de negócios. 
Essa preocupação, sem dúvidas, também já faz parte do planejamento estratégico 
dessas empresas e geram muitas reflexões para suas decisões. 
Os gestores sabem que muitos fatores são questionados hoje em dia nas 
estratégias adotadas por essas organizações. Eles sabem também que alguns 
 
 
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fatos podem viralizar (principalmente em plataformas digitais de redes sociais) e 
gerar impactos consideráveis nos negócios. O fato de serem grandes corporações 
geram muitas sensibilidades e o mercado fica atento a cada passo que a empresa 
direciona. Da mesma forma que elas são consideradas gigantes e que influenciam 
na sociedade, podem também adotar posições que gerem questões controvérsias 
junto aos seus diversos interessados (stakeholders), levando rapidamente a um 
impacto em sua imagem e consequentemente em seu caixa. 
Emtempos de sustentabilidade empresarial, outro termo muito discutido 
atualmente na pauta estratégica dos negócios é a busca da sua continuidade com 
os menores impactos socioambientais possíveis. A forma que ela produz; o acesso 
a matéria-prima; como se relaciona com seus funcionários e fornecedores; o uso 
de tecnologias que utiliza na fabricação de seus produtos, entre diversos outros 
fatores que podem gerar muitos questionamentos junto a sociedade. Corporações 
vistas como poluidoras e geradoras de impactos e outras externalidades para 
algum stakeholder passam a ser muito questionadas atualmente (Salanek Filho, 
2017). 
Corporações envolvidas em algum escândalo de caráter financeiro ou em 
alguma ação de corrupção também ficam com a sua imagem, no mínimo, 
prejudicada, sem falar de outros casos que podem comprometer 
consideravelmente a continuidade dos negócios. Diante disso, as corporações 
estão focando na criação de um processo mais efetivo, de um processo que possa 
contemplar esses vários riscos que podem (e devem) ser gerenciados e 
fundamentalmente mitigados. Neste contexto, as corporações não desejam apenas 
eliminar riscos diante de uma postura mais proativa, mas sim agregar valor quando 
se antecipam aos fatores críticos para suas atividades empresariais. Buscando-se 
uma efetiva reputação corporativa na condução dos seus negócios. 
Sem antecipar o assunto da nossa segunda aula, esses fatores acima 
descritos, combinados ainda com as boas práticas, a ética empresarial, 
transparência na forma de conduzir os negócios, além de uma postura adequada 
de seus conselheiros, criam a governança corporativa, que é o caminho para a 
sustentabilidade e continuidade dos negócios. 
TEMA 2 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
Já vimos que o conceito básico das corporações são pessoas ligadas a 
determinado objetivo comum. Vimos também que com o processo de globalização, 
muitas corporações passaram a ser organizações internacionais buscando os 
 
 
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melhores resultados possíveis (nas mais diversas localidades), não 
necessariamente gerando desenvolvimento local. 
Podemos mencionar também, como corporações, as empresas de menor 
porte com atuação em mercados mais restritos ou regionais e aquelas empresas 
criadas a partir de uma identidade com uma vocação local. Caso essas empresas 
tenham uma relação forte com a comunidade onde estão inseridas, elas também 
podem (e devem) estruturar um processo de governança, isso ocorre com as 
empresas constituídas na classificação jurídica de cooperativas e empresas 
limitadas, por exemplo. 
As cooperativas apresentam na sua filosofia de negócio uma identificação 
muito forte com a localidade, tanto que a sua criação se origina do desejo mútuo 
de um grupo de pessoas que necessitam de uma organização para comercialização 
de seus produtos e serviços. Uma cooperativa não muda de endereço, geralmente 
permanece na região onde foi criada. Uma empresa limitada, pela sua 
característica jurídica, tem um quadro restrito de proprietários e apresenta 
dificuldade para avançar (como negócio) devido à restrição de recursos, que 
poderiam vir com a adesão de novos sócios ou de recursos de terceiros, geralmente 
junto aos bancos. Tanto as empresas limitadas como as cooperativas podem 
vender seus produtos para outros países, mas não possuem a mesma capilaridade 
das corporações multinacionais. Vale ressaltar que a maioria dessas empresas 
globais é enquadrada como empresas de características jurídicas de sociedade 
anônimas (S/A), ou seja, suas ações são comercializadas nas principais bolsas de 
valores do mundo. O fato de serem empresas S/A possibilita efetuar lançamentos 
de ações, visando captar mais recursos para seus investimentos e expansões 
(Salanek Filho, 2017). 
As empresas multinacionais ou transnacionais têm essa capacidade 
expansiva de realizar operações em várias partes do mundo, muitas vezes através 
de fusões e aquisições com outras empresas locais, como vimos anteriormente. 
Sua filosofia tem um conceito global, mas uma gestão (e principais 
executivos) em seu país de origem, geralmente impossibilitando as decisões nas 
subsidiárias. A base das corporações globais está na avaliação de que a abertura 
de unidades em outros países permite redução de custos de produção e logísticos, 
principalmente em função de fatores tarifários. 
TEMA 3 – OBJETIVOS DAS CORPORAÇÕES 
 
 
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Geralmente essas corporações globais atuam em grandes mercados que 
têm demanda no mundo todo. Produtos relacionados a alimentos, tecnologia, 
vestuários são segmentos oportunos para esse tipo de negócio. 
As empresas procuram estabelecer as fábricas ou suas unidades de serviços 
em localidades de condições mais oportunas para viabilidade das suas atividades. 
As grandes corporações enxergam o mundo como um mercado único e definem 
suas estratégias de investimentos procurando viabilizar a proximidade da matéria-
prima, produção e consumo. O alvo de atuação dessas empresas são os produtos 
e os clientes (Meneguelli, 2008). 
Vale enaltecer novamente a importância dos fatores tecnológicos para essa 
condição de diversificação. Um dos que mais têm influenciado os gestores de 
negócios nos últimos tempos é o fator tecnológico da digitalização ou mesmo 
virtualização do negócio. Essa tendência não é recente, mas é muito crescente. As 
corporações estão cada vez mais investindo em tecnologias para reposicionar o 
negócio em ambiente virtual. Além da gestão interna de seus processos e controles, 
será necessária também a crescente adaptação para os aspectos externos. A 
virtualização tem levado as grandes corporações a direcionarem seus negócios 
para um posicionamento cada vez mais global (Salanek Filho, 2017). 
Como atuam em várias partes do mundo, o monitoramento pela 
competitividade é muito apurado. No período que a produção ainda era direcionada 
pelo padrão, as empresas produziam volumes consideráveis de produtos 
geralmente iguais. Com o foco nas expectativas do mercado consumidor, isso está 
mudando e atualmente as empresas precisam continuar produzindo volumes 
consideráveis, mas com um grau de diversificação expressivo. As considerações 
pelos fatores sociais e culturais estão levando essas empresas a um processo 
expressivo de competitividade, mudando definitivamente da era focada na 
produção para a era focada no conhecimento. 
Esse processo de conhecimento coloca obrigatoriamente as empresas em 
um novo processo de gestão, a aprendizagem e a inovação constante. Têm sido 
muito abordadas, na gestão das corporações, as temáticas de criatividade e 
inovação. Essas práticas estão transformando os negócios e mostrando as 
limitações dos tradicionais modelos de administração. 
Para a consolidação desse processo de criatividade e inovação, Peter Senge 
(2010) destaca a importância estratégica para esse aprendizado. A corporação que 
aprende preocupa-se inicialmente com a geração de conhecimento e se posiciona 
de uma forma holística para aquilo que precisa ser desenvolvido, inclusive sobre a 
 
 
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ótica da governança corporativa e não apenas em relação aos produtos e 
processos. 
Senge (2010) ainda destaca cinco características fundamentais para a 
consolidação do aprendizado corporativo: pensamento sistêmico; visão comum; 
desafios aos modelos mentais; aprendizagem em grupo; e compromisso pessoal. 
Dessa forma, a corporação que aprende tem um investimento muito claro para ser 
feito, o investimento em pessoas. Assim serão dadas condições relevantes para a 
continuidade do negócio, com equipes qualificadas, lideranças fortalecidas e 
decisões de caráter mais participativo e sistêmico. 
 
Saiba mais 
Leia os artigos: 
“A QuintaDisciplina Peter Senge”, de Thayse da Costa Santos, publicado em 4/01/ 
2013 no Portal ADministradores. Disponível 
em:<http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/a-quinta-disciplina-
peter-senge/68133/>. 
 
“As organizações que aprendem, segundo Peter Senge: ‘a quinta disciplina’”, de 
Georges Ayoub Riche e Ricardo Monte Alto. Disponível em: 
<http://www.mettodo.com.br/pdf/Organizacoes%20de%20Aprendizagem.pdf>. 
TEMA 4 – DESAFIOS DAS CORPORAÇÕES 
Além do processo de aprendizagem organizacional, destacado no tema 
anterior, as corporações globais estão considerando outros desafios nesse 
processo de continuidade, que serão aprofundados abaixo. 
Para Meneguelli (2008), os desafios para a continuidade das corporações que 
atuam internacionalmente, passam por fatores como: globalização, pessoas, 
clientes, produtos/serviços; resultados; e tecnologia. 
As corporações estão muito preocupadas também com o fator 
sustentabilidade. Elas estão percebendo que os consumidores vêm se 
caracterizando de forma mais exigentes, não somente com relação à qualidade dos 
produtos e serviços que consomem, mas também através de uma postura 
diferenciada, querendo interagir com organizações que sejam éticas, com boa 
imagem institucional e que atuem de forma socioambiental responsável. 
Neste contexto, a tendência atual dos negócios pressupõe que as empresas, 
de forma geral, sejam rentáveis e gerem resultados econômicos, mais também 
 
 
09 
contribuam efetivamente para o desenvolvimento da sociedade e para a 
conservação do meio ambiente. As empresas estão, cada vez mais, incorporando 
o conceito de sustentabilidade em seus negócios. As estratégias estão voltadas 
para continuidade do negócio de forma responsável, contemplando as 
necessidades da comunidade e a conservação dos aspectos ambientais (Salanek 
Filho, 2017). 
Em relação ao conceito de sustentabilidade empresarial, o Instituto Ethos 
traz a seguinte definição: “Assegurar o sucesso do negócio no longo prazo e ao 
mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da 
comunidade, com um meio ambiente saudável e uma sociedade estável”. 
Algumas empresas já vêm desenvolvendo uma gestão de negócio 
responsável, que contempla os processos produtivos, os projetos ambientais e 
sociais, a tecnologia empregada, a avaliação de impactos ambientais, enfim 
conduzindo o negócio de uma forma ampla e sistêmica. 
O conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável empresarial apoia-
se na integração de questões sociais, ambientais e econômicas, constituindo o tripé 
conhecido como triple bottom line (Fig. 1). Nessa linha, o desenvolvimento 
sustentável apresenta três grandes dimensões principais: crescimento econômico, 
equidade social e equilíbrio ecológico. Em outras palavras, o desenvolvimento 
sustentável equilibra as dimensões econômica, social e ambiental. 
Figura 1 – Tripé da sustentabilidade (triple botton line) 
 
Fonte: Elaborado pelo autor com em SACHS (2004). 
 
Alguns especialistas ampliam a visão da empresa sustentável para outras 
dimensões. Ignacy Sachs (2004), um dos mais respeitados autores de temas 
relacionados à sustentabilidade, abordava inicialmente cinco grandes dimensões 
(econômica, ambiental, social, espacial e cultural). Atualmente, ele já ampliou para 
oito dimensões, incluindo também: a política nacional, a política internacional e a 
 
 
010 
ecológica. Neste nosso tema contemplaremos, de forma mais efetiva, o tripé da 
sustentabilidade. 
O tripé da sustentabilidade é o primeiro modelo aplicado nos negócios, 
descrevendo que as empresas deveriam ser ambientalmente corretas, socialmente 
justas e economicamente viáveis. Após a formação desse modelo foi incluída 
também as dimensões cultural e espacial, conforme já citado. 
Como exemplo, podemos citar que os projetos relacionados a 
reflorestamento têm relação com gestão ambiental. Na amplitude social, os 
projetos relacionados a qualidade de vida e educação fazem relação com a 
dimensão social. Já os projetos de geração de renda têm conotação econômica. 
TEMA 5 – ANÁLISE E PAPEL DOS STAKEHOLDERS 
Conforme mencionado anteriormente, as empresas que continuarão 
existindo no futuro serão aquelas que tratam com responsabilidade o fator humano. 
E aqui não falamos apenas dos funcionários, mas de todos os tipos de 
stakeholders, ou seja, todos os públicos que se relacionam de alguma forma com 
a empresa. Mesmo aquele que não forneça, não trabalhe, não invista nem mesmo 
consuma os produtos daquela empresa. A organização deverá contemplar esse 
público na sua estratégia de negócio, visto que isso levará a um processo de 
governança efetiva da empresa e na melhora da sua imagem institucional e 
principalmente a sua sustentabilidade, como negócio. 
Nessa linha de raciocínio, entra o conceito de teoria dos stakeholders. 
Esse termo é utilizado em gestão para indicar os diferentes grupos importantes que 
se relacionem de algum modo com a organização. Parte-se do princípio de que 
toda organização tem o seu grupo de stakeholders. 
Para Assaf Neto (2010, p. 17) 
a moderna gestão das empresas é estudada no que se convencionou 
denominar de Teoria dos Stakeholders. Em seus objetivos de 
maximização de riquezas dos acionistas, as empresas devem também se 
preocupar com os diversos grupos que participam de suas operações 
também sejam considerados no processo de decisões corporativas. 
A atividade desenvolvida pelo negócio vai determinar as principais 
características desse grupo. Caso a empresa tenha, por exemplo, um processo que 
gera resíduos (qualquer tipo) avaliará grupos de stakeholders que são impactados 
por estes resíduos. 
Para Salanek Filho (2017, p. 20) as principais peculiaridades de cada tipo de 
grupo de stakeholders estão destacadas abaixo: 
 
 
011 
• Acionistas: responsabilidade principal em apresentar rentabilidade do 
capital investido, procurando a melhor taxa de remuneração possível. 
• Governo: responsabilidade em cumprir com as diversas exigências 
governamentais em todas as áreas. 
• Comunidade: atuação com filantropia, responsabilidade social ou projetos 
de valor compartilhado, sendo estes últimos os mais utilizados. São 
considerados atos voluntários ou alinhados com a estratégia da empresa. 
• Colaboradores: responsabilidade em atrair e reter talentos para atuar de no 
quadro funcional da empresa. Adotam-se padrões e acordos de relação de 
trabalho e contemplam a área de gestão de pessoas. 
• Fornecedores e clientes: responsabilidade da empresa envolvendo todas 
as ações na cadeia produtiva, vindo do fornecimento da matéria-prima até a 
venda e consumo dos produtos/serviços. Atua-se geralmente com o conceito 
ética de mercado e com o conceito de comércio justo nesta relação (fair-
trade). 
• Meio ambiente: responsabilidade socioambiental visando a 
sustentabilidade na localidade de atuação da empresa, com a integração 
de fatores como, por exemplo: sistemas de gestão, processos, recursos e 
tecnologia. 
FINALIZANDO 
Inicialmente elencamos os principais aspectos relacionados às corporações 
e os seus desafios juntos aos stakeholders. Essas grandes empresas, muitas 
vezes, colocam os seus interesses acima dos interesses de seus diversos públicos, 
geram impactos consideráveis. Diante disso, essas organizações estão procurando 
melhores formas de desenvolver seus negócios com mais responsabilidade e 
sustentabilidade nas regiões que atuam. 
Nesse contexto, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco sobre o 
conceito e a atuação das grandes corporações. Essas empresas que atuam em 
vários países têm grandes desafios para a sua continuidade, questões relacionadas 
às dimensões da sustentabilidadeempresarial (principalmente na amplitude social, 
econômica e ambiental), combinadas ao respeito aos diversos grupos de 
stakeholders, compõem fatores estratégicos no radar de planejamento dessas 
organizações. 
 
 
012 
Tivemos a oportunidade de avaliar essas condições e compreender a 
importância de se estabelecer um processo de transparência na gestão, ou seja, 
de efetiva governança – tema que aprofundaremos em nossa segunda aula. 
 
 
 
013 
REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
MENEGUELLI, L. O ambiente das organizações na era da globalização. 
Disponível em: <http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev01-03.pdf>. Acesso 
em: 20 maio 2017. 
SACHS, I. Desenvolvimento: includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: 
Garamond, 2004. 
SALANEK FILHO, P. Gestão estratégica de empresas do agronegócio. Apostila 
do MBA em Agronegócio da UFPR. Curitiba. 2017 
SENGE, P. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 26ª 
ed. Best Seller: Rio de Janeiro, 2010.

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