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Relato de experiência grupal segundo a teoria de Pichon-Riviére Bianca Vianna Bruna Ananias Erico Vitti Eliabe Amâncio Giovana Nepomuceno Julia Toledo Maria Paula Peroni “O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA” Anelisa Morais Maia O artigo trata de um relato de experiência sobre um grupo de acompanhamento familiar realizado no CRAS de São Paulo. Neste grupo, a coordenadora utiliza da teoria e metodologia dos grupos operativos de Pichon-Rivière, relacionando esse atendimento com os objetivos do PAIF (Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias) de fortalecimento dos vínculos comunitários, desenvolvimento de potencialidades, autonomia e funções protetivas das famílias e indivíduos. ● A PNAS vem para garantir o mínimo de atendimento às necessidades básicas da sociedade, que visa proteger à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, amparo às crianças e aos adolescentes carentes a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; ● Apesar de se tratar de um marco recente em nossa história, estamos diante de um avanço na garantia dos direitos sociais uma vez que tal política social recoloca o sujeito no lugar de cidadão de direitos e o estado no lugar de quem deve cumprir e garantir o acesso a estes; ● A política também dividiu o serviço em dois tipos: CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) que atua na prevenção de famílias em relação a situações de violação de direitos e de risco, ou seja, são serviços de proteção básica que tem como objetivo tornar acessível os serviços de proteção social. CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) faz parte da assistência especial que atende casos de violação de direitos como abusos, abandono, negligência, entre outros. A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O CRAS A TEORIA DE PICHON-RIVIÉRE SOBRE GRUPOS OPERATIVOS Teoria de Relações Vinculadas • Mundo interno; • O ser humano VIVE em grupo e TEM um grupo; • Esquema Referencial ; • Relação com mundo externo; • Método do Grupo Operativo, "um conjunto de pessoas com objetivo comum" ECROS; • No grupo, tarefa deve vir acompanhada de reflexão; • O trabalho com grupo operativo busca revisar o Esquema Diferencial do sujeito; • Conceito tarefa no grupo. O GRUPO NO CRAS ● Os modelos de grupos no CRAS são no formato de grupos temáticos com o objetivo de discutir temas diversos como: acesso aos direitos sociais, questões de gênero, relações familiares, violência doméstica, trabalho infantil, entre outros; ● Diante dessa proposta, houve a necessidade de se construir espaços diferenciados de vinculação entre os usuários do serviço e a equipe de atendimento e entre os próprios usuários. O GRUPO DE ARTESANATO ● Criação do grupo com as famílias utilizando o artesanato, sendo realizado de forma quinzenal e com duração de 2 horas. O grupo começou com quatro oficinas de artesanato ofertado por uma professora contratada, com o acompanhamento da psicóloga do CRAS. Ao final, o grupo combinou de continuar se reunindo, sendo que as próprias participantes iriam “ensinar” as técnicas artesanais; ● A metodologia do grupo consiste em reunir a aprendizagem do artesanato com um momento reflexivo, realizado com os participantes após a confecção da peça. Nesse momento realiza-se uma conversa sobre suas percepções e sentimentos sobre o processo de fazer uma determinada peça artesanal. ● Criou-se um espaço aberto à aprendizagem, como preconizou Pichon nos grupos operativos: por trás do aprender artesanato está a riqueza do aprendizado de um novo agir no mundo, da reestruturação de novos vínculos internos e externos. Além disso, o grupo operativo se torna um espaço de fortalecimento dos vínculos comunitários, de desenvolvimento de potencialidades, autonomia e de funções protetivas; ● Durante alguns encontros foi possível perceber que esse processo de aprendizagem repetia algumas sensações e vivências das usuárias fora do grupo, como os sentimentos de insegurança ao fazer algo novo, dúvida na própria capacidade de construir algo, dependência de outros para realizar algumas ações, comportamento passivo ou ativo. Tudo isso começou a ser conversado aos finais de cada encontro, também relacionando-os com alguns aspectos da vida “fora” do grupo. SITUAÇÕES VIVENCIADAS NO GRUPO ● Em um dos encontros a Srª Luiza demonstrou receio em utilizar a pistola de cola quente, tendo sido incentivada pela coordenadora do grupo a experimentar. Ela resolveu experimentar e continuou fazendo o artesanato. No final do encontro conversamos sobre isso e relacionamos essa insegurança com outras vivenciadas pelo grupo no dia a dia e na importância de enfrentarmos essas inseguranças para se conquistar o que deseja; ● A Srª Luiza sempre levava para os encontros seu filho Márcio de 11 anos. O menino costumava tomar a frente de seus trabalhos diante da insegurança da mãe e ela sentia-se dependente dele. Conversou-secom ela sobre isso e ela relatou depender dele para sair de casa pois sentia-se insegura para sair sozinha. Foi realizado o encaminhamento para avaliação com o psicólogo da UBS de referência, pois percebeu-se que o rompimento com esse comportamento de sempre sair acompanhada gerava em Luiza muita ansiedade. ● Em um dos encontros em que utilizamos retalhos, uma das participantes, a Srª Nilda, ressaltou que a Srª Sirlene deveria estar com algum problema, pois estava utilizando retalhos de cor escura. Sirlene começou a falar sobre um problema que estava passando com a filha adolescente. O grupo acolheu o relato de Sirlene e conversamos sobre isso. No final do encontro, Sirlene relatou estar sentindo-se mais calma; ● Durante os encontros percebemos que as mulheres se ajudam, sendo umas mais proativas em solicitar ou proporcionar ajuda e outras mais passivas, mas todas se mostram cooperativas. Conversamos sobre como é depender de alguém para alguma coisa, que existem vários tipos de dependência e cada uma fala sobre como sente a dependência em sua vida. CONCLUSÃO ● As oficinas em grupo proporcionam uma relação do sujeito com o coletivo e isso se torna um ambiente provocador de mudanças pois coloca o usuário a refletir sobre a sua realidade, a respeito dos demais que o cercam e configuram as suas relações sociais; ● Diante de tudo o que foi exposto, fica claro que o método de Pichon se mostra eficaz na compreensão do grupo que é um espaço acolhedor, onde se pôde socializar as experiências, propiciar novas vivências, fortalecer vínculos comunitários, desenvolver autonomia e contribuir com a reestruturação vincular, como preconizou Pichon nos grupos operativos: Por trás do aprender artesanato está a riqueza do aprendizado de um novo agir no mundo.
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