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3ª AULA DE MARX - fetiche da mercadoria

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3ª AULA DE MARX
Leitura do poema: Eu etiqueta – Carlos Drummond Andrade.
Leitura do livro: Lolo Barnabé – Eva Furnari
A ditadura da imagem e o fetichismo da mercadoria:
Marx em O Capital chamou a atenção para o que ele denominou fetichismo da mercadoria. Grosso modo, fetichismo da mercadoria seria o fato de que as pessoas sob o capitalismo se conhecem e se relacionam através das mercadorias, elemento fundamental da manutenção do modo de produção capitalista. Com exceção de nossos parentes, todas as outras pessoas com quem nos relacionamos são parte do processo de circulação das mercadorias. Podemos conhecer o fulano do açougue em frente, mas primeiramente o conhecemos como vendedor da mercadoria carne. Lembramos do ciclano da padaria da esquina antes de tudo como o vendedor de pão. Quanto a nossos amigos, conhecemos muitos deles porque vendiam ou vendem sua força de trabalho na mesma fábrica, banco, escola etc. em que vendíamos ou vendemos a nossa força de trabalho. Desse modo, se o açougue fechar ou um colega for demitido, as chances de perdemos contatos com quem tínhamos relações de amizade são grandes.
Por outro lado, se as mercadorias é que são as ligações entre nós, são elas que estabelecem relações entre si. Elas é que tem vida social, não nós. Ou seja, as pessoas se relacionam através das mercadorias e as mercadorias através das pessoas. É esta inversão que Marx chama de fetichismo, pois no fetichismo religioso as coisas ganham movimento próprio e dominam a vida dos seres humanos. E esta é a realidade social que vivemos, gostemos ou não. Pelo menos, enquanto durar o capitalismo.
Outra lição de Marx é que mercadorias não trazem lucros se não forem vendidas. Para serem vendidas precisam atrair o consumidor. A lógica da concorrência capitalista leva que os fabricantes produzam mercadorias parecidas, com preços também parecidos. Portanto, a disputa pelo consumidor passa a ser pela propaganda. E para a propaganda capitalista não interessa estimular a reflexão. Interessa vender a mercadoria. O ato de comprar um produto é muito simples. A pessoa entrega a mercadoria dinheiro em troca da mercadoria que vai usar. Como impera o fetichismo da mercadoria, não precisamos estabelecer uma relação social com o vendedor para realizar a compra. O que nos interessa é o que compramos, não de quem compramos. Assim, somos sujeitos ao apelo da imagem do produto desejado e não ao fato de quem vende ser ou não um cara legal, se vota no PT ou no Maluf.
O fetiche da mercadoria opõe-se à idéia de valor de uso (estrita utilidade do produto), mas relaciona-se à fantasia (simbolismo) que paira sobre o produto. 
Portanto, ao capitalismo não interessa, nem é necessário, uma compreensão inteligente para que o consumo se realize. O que impera o imediato. O que chama a atenção. O mais fácil. E o mais fácil é a imagem, não a escrita. As cores de uma foto, não os significados que as palavras representam. Interessa apenas que o consumidor sinta que ao comprar aquele produto, chegará perto de ser aquele artista famoso, aquela garota bonita, que conquistará mais respeito social etc. Produz-se aqui uma grande inversão: o homem, que devia ser senhor soberano do seu produto, passa a ser comandado e dirigido por aquilo que produziu. 
Mas a imagem com movimento e som é um veículo ainda mais poderoso. E aí entram o cinema e a TV. Esta última com a enorme vantagem de estar em quase todos os lares brasileiros e do mundo. Portanto, a TV é um componente fundamental para o capitalismo. Para fazer circular as mercadorias e também para reforçar o tal fetichismo. Afinal, o que faz uma família reunida em frente a uma TV ligada? Conversa? Não! Assiste calada ao desfile de anúncios de produtos. E se sair alguma conversa, será exatamente sobre o sabão mais barato ou aquele carrão da GM. 
Tudo isso acontece porque há uma ditadura da imagem em nosso cotidiano. Em praticamente qualquer cidade, vivemos cercados de cartazes, outdoors, faixas, pôsteres, etc. E nas padarias, restaurantes, lanchonetes e bares a telinha é onipresente. As pessoas sentam-se para comer, beber, conversar e não conversam. Ficam assistindo à televisão. E se conversam, a pauta já esta dada. É o que acabou de passar na tela. E isso só acontece porque a imagem tem maior poder de persuasão que o texto escrito ou a simples conversa.

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