Buscar

MATÉRIA DE DIREITO CIVIL VII - 2º bim

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 – PROPRIEDADE RESOLÚVEL
Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. 
Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor. 
O direito de propriedade fora concebido, inicialmente, para ser perpétuo. Esta é uma premissa de todo o direito de propriedade, o qual pertencerá ao proprietário enquanto vivo este for.  Contudo, excepcionalmente, a legislação cível conta com a possibilidade de resolubilidade, a qual permite retirar a perpetuidade do sujeito proprietário.
Coadunando-se com o dito, recorda Maria Helena Diniz  que “em regra o domínio tem duração ilimitada. Porém, a própria norma jurídica, excepcionalmente, admite certas situações em que a propriedade da coisa móvel ou imóvel se torna temporária, subordinando-se a uma condição resolutiva ou termo final contido no título constitutivo do direito ou originário de causa a este superveniente”.
Como bem posto por Clóvis Bevilaquá, “propriedade resolúvel ou revogável é aquele que no próprio título de sua constituição encerra o princípio que a tem de extinguir, realizada a condição resolutória, ou vindo o termo extintivo, seja por força da declaração de vontade, seja por determinação da lei”.
É resolúvel a propriedade passível de ser extinta ou por força de uma condição (evento acidental, futuro e incerto) ou pelo termo (evento acidental do negócio jurídico futuro e certo) ou, finalmente, pelo surgimento de uma causa superveniente juridicamente apta à por fim ao direito de propriedade.
Será resolúvel a propriedade com causa originária quando a sua causa extintiva constar do próprio título aquisitivo. Neste caso, o titular já a adquire sabendo que ela irá se extinguir, pois sua causa extintiva consta do título. 
ex: retrovenda (CC, art. 505): ali se tem uma expressa cláusula no contrato de compra e venda prevendo o direito do vendedor de recobrar a coisa no prazo máximo de três anos. Outro bom exemplo é a alienação fiduciária.
Mas o Código Civil avança para também admitir a propriedade resolúvel por causa superveniente. Na propriedade resolúvel com causa derivada, no título não consta a causa extintiva. Neste caso, a propriedade é adquirida para ser perpétua, como em sua regra geral, já que não se tem notícia de nenhuma restrição. Porém surge uma situação superveniente de resolubilidade, posteriormente à aquisição. O proprietário adquiriu propriedade perpétua, mas esta se transformou, supervenientemente, em resolúvel. 
ex: revogação da doação. 
2 – PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA
Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. 
§ 1º - Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro. 
§ 2º - Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa.
§ 3º - A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária.
Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá: 
I - o total da dívida, ou sua estimativa; 
II - o prazo, ou a época do pagamento; 
III - a taxa de juros, se houver; 
IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação. 
Art. 1.363. Antes de vencida a dívida, o devedor, a suas expensas e risco, pode usar a coisa segundo sua destinação, sendo obrigado, como depositário: 
I - a empregar na guarda da coisa a diligência exigida por sua natureza; 
II - a entregá-la ao credor, se a dívida não for paga no vencimento. 
Art. 1.364. Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado a vender, judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor. 
Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento. 
Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta. 
Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante. 
Art. 1.367. Aplica-se à propriedade fiduciária, no que couber, o disposto nos arts. 1.421, 1.425, 1.426, 1.427 e 1.436. Art. 1.367. A propriedade fiduciária em garantia de bens móveis ou imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do Livro III da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à legislação especial pertinente, não se equiparando, para quaisquer efeitos, à propriedade plena de que trata o art. 1.231. 
Art. 1.368. O terceiro, interessado ou não, que pagar a dívida, se sub-rogará de pleno direito no crédito e na propriedade fiduciária. 
Art. 1.368-A. As demais espécies de propriedade fiduciária ou de titularidade fiduciária submetem-se à disciplina específica das respectivas leis especiais, somente se aplicando as disposições deste Código naquilo que não for incompatível com a legislação especial. 
Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor. 
Parágrafo único. O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por efeito de realização da garantia, mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma pela qual lhe tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a responder pelo pagamento dos tributos sobre a propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos, tributários ou não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir da data em que vier a ser imitido na posse direta do bem. 
PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA - tem sido largamente utilizada como instrumento de garantia de financiamentos bancários, principalmente no financiamento de automóveis.
Conceito: trata-se da transferência da propriedade resolúvel de bens móveis pelo devedor ao credor, como garantia de obrigações assumidas por aquele junto a este. Decorre de um contrato de alienação fiduciária. Ela constitui em favor do credor uma propriedade resolúvel ficta sobre bem infungível, móvel ou imóvel, que desaparece ao pagamento da última prestação. Por uma ficção jurídica, o adquirente de um bem financiado “faz-de-conta” que vende a coisa a Instituição Financeira, mas permanece na posse direta e com o direito de usar a coisa, pois o credor também “faz-de-conta” que a devolve na forma de “depósito” com autorização de uso. 
Fiduciária pq decorre de fidúcia/confiança: o credor acredita que o devedor não irá sumir com o bem e o devedor acredita que o credor não irá vendê-lo.
Serve para coisa móvel (art. 1.361 a 1368-B, CC) ou imóvel (Lei 9.514/97).
Com a constituição da propriedade fiduciária ocorre ainda o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa, enquanto o credor permanece com a posse indireta da coisa.
- CREDOR FIDUCIÁRIO: é o proprietário e o possuidor indireto do bem (ele não está com a coisa, mas resguarda direitos posessórios.
- DEVEDOR FIDUCIANTE: é o depositário (coisa
fica com ele em caráter de confiança) e o possuidor direto (possui direitos da posse).
Em caso de inadimplemento:
a – na qualidade de proprietário, o credor fiduciário irá notificar extrajudicialmente o devedor para entregar o bem para ser vendido em hasta pública para quitar a dívida. 
b – se o devedor não entregar o bem, o credor irá ajuizar a ação de busca e apreensão para tomar o bem e vendê-lo em hasta pública para quitar a dívida.
c – como depositário, o devedor é obrigado a entregar a coisa. Se ela não for encontrada, o credor poderá ajuizar a ação de depósito, com objetivo de prender o depositário infiel, contudo a Súmula Vinculante 25 dispõe que ta modalidade de prisão civil não é mais permitida.
d – como a ação de deposito não é mais permitida, utiliza-se a execução. 
Obs: é vedada a cláusula comissória, que autoriza que o credor fique com a coisa caso em caso de inadimplemento. 
Obs 2: no processo de falência são os 2º a receber.
3 - POSSE 
CONCEITO: é o exercício de fato/efetivo de um dos direitos da propriedade. Não verifico se ela é realmente proprietária, isto é outra questão, mas ela esta se relacionando com a coisa como se de fato fosse. Mesmo raciocínio do casamento e da união estável. 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
CLASSIFICAÇÃO:
I – DIRETA E INDIRETA:
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Direta – relaciona-se ao poder físico da coisa (ex: inquilino)
Indireta – resguarda poderes de proteção ao possuidor (ex: proprietário).
Ex: contrato de sublocação: proprietário e locador são possuidores indiretos e sublocador é possuidor direto.
O possuidor indireto tb possui direito a indenizações, benfeitorias e etc. 
II – JUSTA E INJUSTA:
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Justa: é aquela que não é injusta.
Possui direito a indenizações, benfeitorias e etc. 
Injusta: é a violenta ou clandestina ou precária.	
Violenta: há o emprego de força/ameaça (ex: roubo).
Clandestina: não há ameaça, mas há dissimulação 
Precária: pessoa tem obrigação legal ou judicial de restituir e não o faz. Aquela concedida com a promessa de ser devolvida. Por exemplo, se alugo um bem ou empresto um bem para uma outra pessoa, ele me prometeu devolver. Quando acabar o prazo do empréstimo tem que devolver porque a posse foi dada a titulo precário. 
A injusta passa a ser justa se após 1 ano e 1 dia ninguém reclamar. Após esse período, tudo o que foi feito enquanto injusta passa a ser valido (ganha direito a indenizações, benfeitorias e etc). 
III – DE MÁ-FÉ E BOA-FÉ:
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.			
		Boa fé tem direito a indenização, há diferença da usucapião, etc.	
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
Boa fé: pessoa ignora os vícios de que não pode possuir a coisa (possuidor acha que a posse é legítima).
Má fé: pessoa conhece os vícios e mesmo assim extrapola o direito. 
IV – POSSE NOVA X POSSE VELHA: são diferentes o rito processual e a presteza da proteção, conforme se trate de posse nova ou posse velha (CPC, art. 558). 
Nova: está como possuidor há menos de 1 ano e 1 dia.
Velha: já é possuidor há mais de 1 ano e 1 dia.
Se o esbulho ou turbação ocorreu há menos de ano e dia, o possuidor anterior será reintegrado ou mantido liminarmente, independentemente de oitiva da outra parte. Se já houve mais de ano e dia, adotar-se- á o rito ordinário, sem liminar necessária.
Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
V – POSSE “AD INTERDICTA” E “AD USUCAPIONEM”:
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.	
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
“Ad Interdicta” – é aquela que permite você entrar com ações possessórias/interditos possessórios (reintegração de posse, interdicto proibitorium e manutenção de posse). Mas não conduz à usucapião.
 “Ad Usucapionem” – a posse que se prolonga no tempo e por isso dá direito à usucapir. 
JUSTO TÍTULO: é aquele que seria hábil para transmitir a propriedade se não contivesse nenhum vício impeditivo dessa transmissão. É a manifestação de vontade que não atende a forma e por isso não é capaz de produzir efeitos.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
O justo título faz presumir a boa fé.
DETENÇÃO – pessoa exerce a posse em nome de outra, devido a um vínculo de subordinação. Exerce em nome e por conta do interesse do proprietário: o detentor não tem posse em seu próprio nome e nenhum direito como possuidor, porque possuidor não é.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Obs: ATOS DE PERMISSÃO OU TOLERÂNCIA: Neste caso, alguém, por um ato de liberalidade do possuidor ou proprietário de uma coisa, passa a ter o direito de usá-la, sem se tornar o possuidor.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
TRANSMISSÃO DA POSSE: 
É definido como a soma da posse do sucessor com a posse do antecessor. Aqui ocorre a sucessão da posse. Assim, o adquirente recebe do seu antecessor a coisa com a mesma qualidade ou vicissitude com que este detinha, de modo que se a posse do antecessor era justa, a do adquirente também o será e vice-versa, com uma peculiaridade particular, que veremos a seguir. 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
A transmissão pode ser por ato inter vivos ou causa mortis, a título universal ou singular; de forma gratuita ou onerosa.
A sucessão a título universal acontece quando se adquire uma universalidade de bens, isto é, "a primo icto ocule", os bens são indeterminados/não individualizados, pois, não se tem ideia, a princípio, do número de coisas que estar-se adquirindo. Diferentemente, mostra-se configurada a sucessão a título singular quando se adquire coisa(s) determinada(s), ou seja, sua determinação não necessita de nenhum tipo de esforço, tais como prova pericial, inventário, etc., porquanto que a sua determinação é imediata e perceptível por qualquer pessoa de capacidade comum ordinária.
O art. 1.207 do Código Civil prevê: "o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais."
Já o preceituado no art. 1.243 do mesmo diploma legal acima referido, reza: "o possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título
e de boa-fé."
O sucessor a título singular e por ato entre vivos pode optar em somar a posse do seu antecessor à sua, ou, contar a sua da "estaca zero”. Se a posse do seu antecessor tiver sido obtida com um dos vícios legais hábeis a qualificá-la como injusta, este poderá renunciar o tempo de posse de seu antecessor e passar à computar a sua própria, pois, vale lembrar que tal preceito não se aplica ao sucessor a título universal.
AQUISIÇÃO DA POSSE:
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:	
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;	
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
POSSE DE COISAS MÓVEIS QUE SE ENCONTRAM NO IMÓVEL: os móveis dentro de imóvel se presumirão ser do possuidor.
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
EFEITOS DA POSSE
A posse é a aparência do direito de propriedade. Aquele que está na condição de proprietário (ex: inquilino), deve ter o direito de proteção da propriedade.
PROTEÇÃO POSSESSÓRIA: se dá em reação a quem tem a melhor posse e não necessariamente a propriedade da coisa. 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.	
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve. 
Posso ter uma proteção contra: 
TURBAÇÃO – são perturbações ao exercício da posse do possuidor (ex: projetar esgoto para o vizinho. Há uma interferência ao exercício regular o seu direito.
Entra-se com “AÇÃO DE MANUTENÇAO DE POSSE”.
ESBULHO – é a subtração da posse, de boa ou má fé. 	
Entra-se com “AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DA POSSE”.
AMEAÇA – é a possibilidade de turbação ou esbulho.
Entra-se com “INTERTIDO PROIBITÓRIO” para fazer cessar a ameaça.
Nas ações possessórias/interditos possessórios não se pode discutir a propriedade, mas apenas a posse: se for o caso, o proprietário deve ingressar com ação reivindicatória. 
FUNGIBILIDADE – existe entre as ações possessórias. Nesse caso o Juiz irá julgar conforme os fatos se apresentarem no momento do julgamento.
Obs: cabe liminar em caso de posse nova. 
AUTO DEFESA: é possível por previsão legal. É a proteção de uma invasão injusta.
- Turbação: lei chama de legítima defesa.
- Esbulho: lei chama de desforço incontinente.
FRUTOS: são os rendimentos.
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.	
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
- Boa fé: frutos percebidos pertencem a ele e sobre os pendentes possui direito de ressarcimento pelo preparo.
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
- Má fé: não possui direito a nenhum fruto e se já tiver colhido/percebido, será indenizar.
PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA:
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.
- Boa fé: só responde ser tiver culpa (negligência, imprudência ou imperícia). A responsabilidade é subjetiva.
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
- Má fé: responde ainda que não tenha culpa. A responsabilidade é objetiva.
Obs: não responderá se comprovar que o bem iria se perder estando ou não com o proprietário (ex: lotes de Mariana que haviam sido invadidos).
BENFEITORIAS: são melhoramentos na coisa.
Benfeitorias Necessárias: São aquelas que se destinam à conservação do imóvel ou que evitem que ele se deteriore. Exemplos: reparos de um telhado, reparo na parede para evitar a infiltração de água ou a substituição dos sistemas elétricos e hidráulico danificados, portanto todos eles são necessários com característica de uma manutenção ou conserto, simplesmente.
Benfeitorias Úteis: As obras que aumentam ou facilitam o uso do imóvel, como, por exemplo, a construção de uma garagem, a instalação de grades protetora nas janelas ou fechamento de uma varanda, porque tornam o imóvel mais confortável, seguro ou ampliam sua utilidade.
Benfeitorias Voluptuárias: As que não aumentam ou facilitam o uso do imóvel, mas podem torná-lo mais bonito ou mais agradável, tais como obras de jardinagem, de decoração ou alteração meramente estética como cerca viva, Colocação de Coluna Romanas no Hall de Entrada, Construção de Lago para embelezamento do
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
- Boa fé: tem direito a indenização das benfeitorias úteis e necessárias. Pode exercer o direito de retenção enquanto o proprietário não pagar. 
 Obs: possui o direito de reter e não de usar a coisa (o uso dá direito a aluguel ao proprietário, que pode compensar os valores).
- Quanto às voluptuárias, são 3 situações: retirá-las se for possível, proprietário ficar com elas e pagar uma indenização ou perdê-las.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.
- Má fé: não possui direito de retenção de nenhuma só é cabível indenização pelas necessárias.
DIREITO DO PROMITENTE COMPRADOR
Em diversas situações pode instituir-se em favor de alguém o direito de adquirir futuramente a propriedade de certa coisa. Para isso utilizamos o contrato preliminar de promessa de compra e venda.
O compromisso ou promessa de compra e venda de imóveis, celebrado por escritura particular ou contrato particular, desde que sem cláusula de arrependimento, devidamente registrado no Cartório Imoniliário, confere ao comprador o direito real de aquisição, oponível erga omnes (CC, art. 1.417), tornando o bem indisponível pelo vendedor; o que possibilita, ao contrário, seja o bem negociado pelo comprador, através da cessão de seus direitos a terceiros. 
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis,
adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.
Pago o preço, deverá o vendedor outorgar a escritura definitiva de compra e venda, sob pena de ver sua declaração de vontade substituída por sentença judicial, que servirá de título para o registro e consequente transferência da propriedade (CC, art. 1.418). 
Obs: individuo ainda solteiro faz esse contrato e na hora da escritura definitiva está casado: nesse caso o imóvel será só dele, pois o pagamento foi realizado antes do pagamento, sendo o registro ato meramente formal. 
Obs: individuo ainda solteiro faz esse contrato, paga R$ 300 mil enquanto solteiro e R$ 200 mil já casado: nesse caso, o cônjuge terá direito a 50% do valor pago posteriormente.
DIREITO DE SUPERFÍCIE
Mediante escritura pública devidamente registrada junto à matrícula do imóvel, o proprietário, gratuita ou onerosamente, concede a outrem o direito, por tempo determinado, de plantar ou construir em parte ou em todo o seu terreno, o que não autoriza obra no subsolo, salvo se inerente ao objeto da concessão ou houver cláusula expressa. (CC, art. 1.369). Nada impede que quaisquer das partes seja pessoa jurídica de direito público. 
O direito civil extinguiu a enfiteuse e criou o direito de superfície. A única diferença entre eles é que a enfiteuse era eterna e o direito real de superfície, é necessariamente temporário. O que é comum entre eles é que o possuidor direto e titular da enfiteuse pode construir ou plantar sobre coisa alheia. 
Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
Enquanto durar o prazo da concessão, o direito de superfície pode ser transferido causa mortis ou por ato entre vivos, sem que nenhum valor possa ser exigido pelo proprietário (CC, arts. 1.372 e 1.373), que, todavia, tem o direito de preferência em igualdade de condições, assim como o superficiário, em caso de alienação do imóvel. Também pode ser objeto de direito real de garantia ou de fruição, desde que por prazo não superior ao restante da duração da concessão da superfície. 
Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente. 
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.
Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.
Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.
Art. 1.374. Antes do termo final, resolver-se-á a concessão se o superficiário der ao terreno destinação diversa daquela para que foi concedida.
Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário.
Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em consequência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor correspondente ao direito real de cada um.
Art. 1.377. O direito de superfície, constituído por pessoa jurídica de direito público interno, rege-se por este Código, no que não for diversamente disciplinado em lei especial.
Extinto o prazo, ou se o superficiário desviar o uso do terreno, o direito de superfície termina, e as construções e plantações passam ao domínio do proprietário, independentemente de indenização, salvo disposição diversa. (CC, arts. 1.374 e 1.375). Mas se o imóvel for desapropriado, a indenização será repartida entre o proprietário e o superficiário, da forma mais eqüitativa possível, levando-se em consideração o prazo que faltava para o término do contrato e os investimentos feitos pelo superficiário. (CC, art. 1.376). 
DIREITO DE LAJE
Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo. 	
§ 1º - O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base. 	
§ 2º - O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre a sua unidade. 	
§ 3º - Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. 	
§ 4º - A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas. 	
§ 5º - Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje. 	
§ 6º - O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
O proprietário de imóvel tem o direito de construir outros andares sobre a edificação já existente, se as fundações e a estrutura suportarem a nova construção e isto não for proibido por outras normas legais (por exemplo, as posturas municipais que estabelecem altura máxima dos edifícios, destinação uni ou multifamiliar do imóvel etc.). 
Pelo direito de laje o lajeado tem o direito de construir mais um andar. Direito concedido para sempre. Cada laje tem uma matricula. 
Tal construção pode constituir uma unidade independente (caso em que é admissível desdobrar uma matrícula autônoma no Cartório de Registro Imobiliário) ou apenas uma extensão da edificação anterior. 
A Medida Provisória 759/2016 introduziu o inciso XIII no artigo 1.225 e o artigo 1.510-A do Código Civil, permitindo que tal direito seja tornado autônomo em relação à propriedade do terreno e da construção preexistente, de modo que possa ser alienado (transferido a terceiro) separadamente dela, por ato gratuito ou oneroso. 
Obs: uma terceira unidade imobiliária só poderia ser construída com permissão das outras duas.
DIFERENÇA DO DIREITO DE SUPERFÍCIE - O direito de laje é muito semelhante ao de superfície, permitindo que um terceiro, não proprietário, adquira o direito de construir no imóvel; a diferença reside no fato de que não se transfere a propriedade sobre a construção preexistente e tampouco sobre o restante do terreno não edificado, embora implique servidão de passagem, isto é, o direito de passar pelo terreno alheio para realizar a construção e, posteriormente, para ter acesso ao novo imóvel; todavia, salvo disposição expressa em contrário, o titular do direito de laje não tem o direito de usar a área não construída para outros fins. 
Da mesma forma, somente por disposição expressa o titular do direito de laje poderá construir novos andares; como regra, o proprietário do imóvel conserva o direito de construir ou de constituir novos direitos de laje nos andares subsequentes. 
O direito de laje se constitui mediante um desdobramento da matrícula do imóvel, no Cartório de Registro Imobiliário, na qual posteriormente será averbada
a existência da construção; isto implica também um desdobramento da matrícula municipal para efeito de Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU e de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis por ato inter vivos – ITBI.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais