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RESUMO LIVRO METODOLOGIA CIENTIFICA UP

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Capítulo 1 - Conhecimento, ciência e fazer científico
Há duas expressões que tentam, de alguma forma, definir e nomear a crescente complexidade do período no qual vivemos: “sociedade do conhecimento” e “era da informação”. Além da intensa comunicação, hoje dependemos cada vez mais do desenvolvimento de novos medicamentos, de novas técnicas de produção de alimentos, de novos meios para reverter danos causados ao meio ambiente, além de outras explicações e soluções para os problemas que enfrentamos. Nesse contexto, a ciência assume papel de destaque na construção da sociedade e no aperfeiçoamento individual dos seres humanos. Por meio da atividade científica, o conhecimento produzido em diversos locais pode ser compartilhado, testado e reformulado, pois o conhecimento científico é resultado do trabalho de cientistas espalhados ao redor do mundo.
Cientistas ou pesquisadores são pessoas interessadas em investigar aspectos ou elementos que dizem respeito ao mundo e aos seres humanos. Esses indivíduos podem realizar investigações individuais, mas, em geral, estão reunidos em universidades ou em departamentos de pesquisa dentro de empresas.
1.1 Tipos de conhecimento e processo do conhecimento científico
Um dos principais esforços do ser humano tem sido a busca constante pelo aumento do conhecimento a respeito do mundo onde vive e de si mesmo. Uma das razões para essa busca é muito simples: é preciso conhecer para controlar, o resultado de todo esse esforço em busca do conhecimento produz um acúmulo de informações e saberes potencialmente transmissíveis.
Conhecimento é o resultado da relação entre a percepção que temos do mundo por meio de nossos sentidos – visão, audição, tato, olfato, paladar – e os objetos que conseguimos perceber a nossa volta para, então, abstrairmos ideias ou noções.
O conhecimento nem sempre é adquirido mediante contato direto com um objeto, mas pode ser transmitido pelas mais diversas formas de linguagem: fotografias, imagens, vídeos, descrições textuais, gráficos, fórmulas, entre outras ferramentas comunicativas. As ações humanas, em conjunto com fenômenos e eventos naturais, causam efeitos tanto nos objetos do mundo quanto em nós mesmos.
O conhecimento empírico ou do senso comum é produzido no dia a dia, sem a necessidade de comprovação por meio de métodos sistemáticos ou científicos. Por esse motivo, é um tipo de conhecimento superficial e subjetivo.
O conhecimento teológico ou religioso é produzido por meio da aceitação de saberes e de informações considerados divinamente revelados e, como tais, inquestionáveis e infalíveis.
O conhecimento filosófico é produzido por meio da reflexão e, portanto, é sistemático e crítico. Nesse caso, a percepção direta dos objetos concretos não é o mais importante, e sim a construção de ideias e conceitos.
O conhecimento científico, produzido por meio de métodos organizados, racionais, lógicos, verificáveis e refutáveis. Esse conhecimento procura gerar explicações ou leis gerais sobre os elementos que compõem o mundo e suas relações, com base em questionamentos elaborados pela razão, o processo do conhecimento científico, em primeiro lugar, o conhecimento científico deve ser uma resposta a uma pergunta intencional, formulada por meio da inteligência (ou razão) humana.
1.ª etapa: Questionamento sobre algum aspecto da realidade.
2.ª etapa: Desenvolvimento de uma pesquisa científica.
3.ª etapa: Divulgação dos resultados obtidos.
1.2 Problema de pesquisa e desenvolvimento de teorias
O elemento central da atividade científica é a busca por respostas e por soluções para problemas intelectual e intencionalmente formulados. O ser humano transforma percepções e pensamentos em problemas ou perguntas de pesquisa. As respostas para esses e muitos outros problemas de pesquisa são buscados por meio da pesquisa científica e acabam gerando teorias.
Uma teoria é um conjunto de soluções, respostas, descrições ou explicações para responder a uma pergunta ou a um problema proposto por uma ou várias áreas do conhecimento.
O processo de elaboração de teorias: → Pensamento racional com base na observação de algum aspecto da realidade → Elaboração de questionamentos → Pesquisa científica → Soluções ou respostas = elaboração de uma teoria.
As teorias podem sofrer alterações quando alguém descobre uma solução nova e mais adequada para resolver ou explicar determinado problema científico.
Sequência de etapas utilizada por pesquisadores para testar teorias: → Elaboração de questionamentos com base em uma teoria → Pesquisa científica → Aceitação, rejeição ou reelaboração da teoria com base nas soluções ou respostas obtidas.
*Quando uma teoria surge da observação de casos particulares da realidade sensível, e, com isso, chega-se a uma conclusão geral sobre aquilo que é observado, dizemos que foi utilizado um procedimento indutivo.
*Quando uma teoria parte de pressupostos gerais reconhecidos como verdadeiros para, por meio do raciocínio lógico, chegar a uma conclusão particular, dizemos que foi utilizado um procedimento dedutivo.
Enquanto a indução parte da observação, a dedução baseia-se em um raciocínio lógico.
Conceitos são termos ou palavras que expressam determinada ideia ou noção e que formam o vocabulário especializado do cientista.
1.3 A avaliação da produção científica
Os pesquisadores formam comunidades científicas, responsáveis por decidir o que deve ser estudado e como fazê-lo.
Subjetividade é o modo como cada indivíduo percebe o mundo. 
Objetividade é a percepção do mundo de modo imparcial e independente das preferências individuais do sujeito. 
Intersubjetividade é um modo compartilhado de ver o mundo, utilizado pela ciência para decidir o que e como deve ser estudado.
“Todo conhecimento do mundo é afetado, e até distorcido de certa forma, pelas predisposições dos observadores. Quanto mais complexas as observações, mais se afastam da realidade física, e quanto maiores as inferências feitas, maiores as probabilidades de distorção”
1.4 A divulgação da produção científica
É extremamente importante que as teorias desenvolvidas por meio da pesquisa científica sejam divulgadas, de forma que possam ser avaliadas, testadas e, quando necessário, reformuladas. Desse modo, também é possível evitar a duplicação de esforços e de gastos desnecessários de recursos.
Para que essa divulgação aconteça: *Realização de eventos, como seminários e congressos científicos. 
*Publicação de artigos científicos, em periódicos (publicações impressas ou on-line) de cada área do conhecimento.
* Defesa pública e publicação de monografias, de dissertações e de teses em universidades. *Divulgação jornalística de resultados de pesquisas em jornais, revistas, programas de televisão ou de rádio e portais de internet. 
*Publicação de livros técnicos.
1.5 Utilidade e resultados da ciência
Como consequência do aumento de conhecimento a respeito dos objetos de sua percepção, o ser humano é capaz de desenvolver espaçonaves, remédios, vacinas, métodos mais eficazes de produção de alimentos, propostas de organizações sociais, sistemas de comunicação, entre outros produtos derivados da prática científica.
A prática da ciência pode dar origem a dois resultados: teorias e tecnologias. Enquanto as teorias são conjuntos de afirmações que servem para explicar ou descrever os objetos estudados, as tecnologias são aplicações práticas do conhecimento teórico sob a forma de processos ou produtos, a pesquisa científica pode dar origem a teorias ou a modelos que descrevem e explicam a realidade, e que podem ser utilizados para o desenvolvimento de técnicas, produtos e processos.
Tecnologias são aplicações práticas do conhecimento teórico sob a forma de processos ou produtos.
1.6 Limitações e desafios da ciência
Limitações são barreiras ou dificuldades relacionadas ao desenvolvimento das atividades humanas. No caso da ciência, uma das principais limitações encontra-se no próprio cientista. Como ser humano, o cientista possui limitações, dentre essas, por exemplo, a intelectual,
a sensorial, a temporal e a financeira. No entanto, quando observamos algo, seja um objeto, seja um fenômeno, estamos olhando para sua aparência, e não necessariamente para o que está por trás dela, ou seja, para aquilo que explica sua essência ou seu modo de funcionamento. Há, por parte da ciência e das organizações que fazem as leis e normas que regem as atividades científicas, uma preocupação crescente em desenvolver modos de proteger o conhecimento científico de usos prejudiciais à sociedade. Além disso, cada vez mais se reconhece a importância dos comitês de ética em pesquisa e do próprio governo de cada país como responsáveis por realizar esse controle sobre os resultados da ciência e a aplicação dos conhecimentos científicos na área tecnológica. Podemos incluir ainda outro desafio importante da ciência atual: aumentar a cooperação entre empresas e universidades. Se as empresas e as universidades estivessem mais próximas, as pesquisas científicas poderiam atender mais adequadamente às necessidades das empresas.
1.7 Áreas do conhecimento científico
A ciência pura ou básica é constituída por investigações nas quais não existe uma preocupação em encontrar uma utilidade prática imediata para as teorias formuladas. Já a ciência aplicada é constituída por investigações nas quais há uma busca por soluções concretas para problemas reais, o que possibilita a aplicação prática imediata dos resultados da pesquisa científica. As ciências naturais, focadas no estudo da natureza e de seus fenômenos, e ciências sociais, que estudam as pessoas e os agrupamentos humanos.
Ciências Exatas e da Terra: Matemática, Estatística, Computação, Astronomia, Física, Química, Geociências.
Ciências Biológicas: Oceanografia, Biologia, Genética, Botânica, Zoologia, Morfologia, Fisiologia, Bioquímica, Biofísica, Farmacologia, Imunologia, Microbiologia, Parasitologia, Ecologia.
Engenharias: Civil, Sanitária, de Transportes, de Minas, de Materiais e Metalúrgica, Química, Nuclear, Mecânica, de Produção, Naval e Oceânica, Aeroespacial, Elétrica, Biomédica.
Ciências da Saúde: Medicina, Odontologia, Farmácia, Enfermagem, Saúde Coletiva, Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Ciências Agrárias: Agronomia, Recursos Florestais e Engenharia Florestal, Engenharia Agrícola, Zootecnia, Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, Medicina Veterinária, Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Ciências Sociais Aplicadas: Direito, Administração, Turismo, Economia, Arquitetura e Urbanismo, Desenho Industrial, Planejamento Urbano e Regional, Demografia, Ciência da Informação, Museologia, Comunicação, Serviço Social.
Ciências Humanas: Filosofia, Teologia, Sociologia, Antropologia, Arqueologia, História, Geografia, Psicologia, Educação, Ciência Política.
Ciências Linguísticas, Letras e Artes: Linguística, Letras, Artes.
Multidisciplinar: Interdisciplinar, Ensino, Materiais, Biotecnologia e Ciências Ambientais.
1.7.1 Cursos de graduação e de pós-graduação no Brasil: características e diferenças
No Brasil, a graduação é um curso de nível superior, realizado após a conclusão do ensino médio, que busca a formação profissional do estudante em diversas áreas do conhecimento e, em alguns casos, essa formação é obrigatória para o exercício da profissão. Os cursos de graduação são divididos em (1) bacharelado, (2) licenciatura e (3) tecnologia. Os cursos de graduação são regulamentados e avaliados periodicamente por órgãos vinculados ao MEC, como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ou o Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec).
*Tecnologia: de 2 a 3 anos (formação de tecnólogos).
*Bacharelado: de 4 a 6 anos (formação profissional em diversas áreas).
*Licenciatura: de 4 a 6 anos (formação de professores).
A pós-graduação é formada por cursos que podem ser realizados após a conclusão da graduação. Esses cursos dividem-se em dois tipos: lato sensu e stricto sensu.
Lato sensu: são cursos de especialização voltados à atualização profissional nas mais diversas áreas do conhecimento.
Stricto sensu: são cursos voltados à formação científica e acadêmica, ou seja, formam pesquisadores e professores universitários.
Mestrado acadêmico: formação de pesquisadores e profissionais com maior autonomia científica, aptos para atuar tanto como professores quanto em outros setores da sociedade. Ao final do mestrado, que dura cerca de dois anos, o estudante apresenta como trabalho final uma dissertação.
Mestrado profissional: desenvolvimento de um estudo voltado à solução de um problema real de determinado setor ou área. Ao final do curso, o estudante deve apresentar um novo modelo ou uma nova técnica adequada à solução do problema pesquisado.
Doutorado: o principal objetivo é a formação de pesquisadores. Ao final do curso, cuja duração é de cerca de quatro anos, o estudante apresenta como trabalho final uma tese, a qual deve contribuir significativamente para aumentar o conhecimento da área de estudo do aluno. Por isso, um dos principais critérios de avaliação é sua originalidade. doutorado sanduíche, quando o aluno faz apenas uma parte do curso no exterior.
1.8 Metodologia científica
A metodologia científica é o conjunto de procedimentos utilizados para produção de conhecimento científico. Era preciso iniciar a pesquisa com base em uma teoria, da qual seriam extraídas hipóteses, que são respostas provisórias para perguntas ou problemas científicos.
Galileu propôs a construção de um método científico que possibilitou a busca de provas matemáticas ou quantitativas dos fatos observados, produzidas por meio de experimentação, era preciso iniciar a pesquisa com base em uma teoria, da qual seriam extraídas hipóteses, que são respostas provisórias para perguntas ou problemas científicos. As hipóteses podem ser testadas pela experimentação científica e, de acordo com os resultados obtidos, são declaradas verdadeiras ou falsas.
Para Bacon, a observação indutiva e direta dos fenômenos levaria à descoberta de suas causas e efeitos e, portanto, ao conhecimento verdadeiro. De acordo com sua proposta, e ao contrário do que pensava Galileu, não havia necessidade de contar com uma teoria e com a formulação de hipóteses em uma etapa anterior ao próprio experimento.
Isaac Newton propôs um método experimental semelhante ao proposto anteriormente por Bacon. Para Newton, as hipóteses deveriam surgir da observação direta do fenômeno, e não de uma teoria.
Não é possível afirmar que determinada pesquisa científica descobriu a verdade absoluta a respeito de determinado objeto ou fenômeno. Toda verdade científica é uma verdade provisória, a qual pode ser contestada no futuro.
Quando falamos em método científico, devemos entendê-lo como um conjunto de procedimentos que deve seguir algumas regras, mas, ao mesmo tempo, ser adaptável ao problema que está sendo investigado, às condições da pesquisa, à experiência do pesquisador, entre outros elementos, fazer ciência, na prática, é uma atividade que envolve, ao mesmo tempo, conhecimento, imaginação e criatividade.
Todo esse processo é essencial no desenvolvimento da capacidade de raciocínio, da habilidade de organização e da competência para resolver problemas. É o que chamamos de espírito científico.
1.8.1 O planejamento da pesquisa
O primeiro passo para fazer uma pesquisa científica é preparar um projeto de pesquisa. Uma monografia (de graduação ou de especialização), uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado.
Monografia é um trabalho acadêmico realizado ao final da graduação ou da especialização. O nome monografia significa que é um trabalho de pesquisa sobre um único tema. Esse trabalho também pode ser uma etapa teórica anterior a um projeto de intervenção (desenvolvimento de um produto ou processo).
Dissertação é um trabalho acadêmico realizado ao final do curso de mestrado (pós-graduação stricto sensu) e serve para que o aluno demonstre conhecimentos aprofundados sobre determinado tema e metodologia de pesquisa.
Tese é um trabalho acadêmico realizado ao final do curso de doutorado. O estudante deve propor uma nova teoria ou um aperfeiçoamento em uma teoria já existente. Os principais critérios de avaliação de uma tese são a originalidade do estudo e o uso adequado dos procedimentos metodológicos.
1.8.2 A execução da pesquisa
A fase de execução da pesquisa compreende as fases de coleta e de análise de dados. Coletar dados significa “observar”, “documentar”, “anotar”, “gravar’, “filmar” e pode se materializar sob a forma de imagens, filmes, registros textuais, relatos verbais, documentos, tabelas, gráficos, entre outras formas de registro.
A análise dos dados é a etapa na qual o pesquisador estuda as informações coletadas e verifica qual é a resposta para seu problema de pesquisa. Nessa fase, os dados são organizados e interpretados (ou compreendidos) de modo que o pesquisador possa tirar conclusões a respeito da forma como os dados coletados ajudam a responder às questões ou às perguntas de pesquisa. A análise dos dados é importante para que o pesquisador consiga relacionar as informações obtidas com o referencial teórico do trabalho.
1.8.3 A apresentação da pesquisa
A divulgação científica serve para que as pesquisas sejam avaliadas e também para que contribuam com novas investigações a respeito de determinado tema, desenvolveram-se normas científicas de publicação escrita e apresentação oral. O objetivo da padronização é facilitar a localização e a leitura das pesquisas, de maneira que outros pesquisadores não tenham dificuldade de entender o propósito da pesquisa, os métodos utilizados e os resultados alcançados.

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