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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS COMUNICAÇÃO E ARTE CURSO DE TEATRO LICENCIATURA MARCO AURÉLIO FELÍCIO CAVALCANTE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA COM A LITERATURA DE CORDEL – HISTÓRIA, ESCRITA E ORALIDADE NA ESCOLA MACEIÓ/AL 2018 I MARCO AURÉLIO FELÍCIO CAVALCANTE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA COM A LITERATURA DE CORDEL – HISTÓRIA, ESCRITA E ORALIDADE NA ESCOLA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Teatro Licenciatura, do Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Arte da Universidade Federal de Alagoas como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado em Teatro Licenciatura. Orientador: Prof. Dr. José Acioli da Silva Filho II MACEIÓ/AL 2018 FOLHA DE APROVAÇÃO MARCO AURÉLIO FELÍCIO CAVALCANTE A CRIAÇÃO ARTÍSTICA COM A LITERATURA DE CORDEL – HISTÓRIA, ESCRITA E ORALIDADE NA ESCOLA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Teatro Licenciatura, do Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Arte da Universidade Federal de Alagoas como parte dos requisitos para obtenção do título de Graduado em Teatro Licenciatura. Orientador: Prof. Dr. José Acioli da Silva Filho Banca Examinadora Prof. Dr. José Acioli da Silva Filho (Orientador) Universidade Federal de Alagoas - ICHCA / UFAL Prof. Dr. Sergio da Costa Borba Universidade Federal de Alagoas - ICHCA / UFAL Prof. Esp. José Cristiano Dos Santos Universidade Federal de Alagoas - ICHCA / UFAL III MACEIÓ/AL 2018 Cavalcante, M. A. F. A CRIAÇÃO ARTÍSTICA COM A LITERATURA DE CORDEL – HISTÓRIA, ESCRITA E ORALIDADE NA ESCOLA / Curso de Teatro Licenciatura. Quantidade de páginas do TCC: 2018. Nome do Orientador: Prof. Dr. José Acioli da Silva Filho Trabalho de Conclusão de Curso – TCC no Curso de Teatro Licenciatura – ICHCA/UFAL, 2018. IV Dedico este trabalho a minha família biológica. Meu pai, Manoel Soares Cavalcante; Minha mãe, Margarida Felício Cavalcante; Meu irmão, Moises Felício Cavalcante e Meu filho, Marcos Vinícius Vieira Cavalcante. V AGRADECIMENTOS Agradeço este Trabalho de Conclusão de Curso, a todas as pessoas que conheci durante o processo de graduação. VI “O nordestino é, antes de tudo, um forte”. , Euclides da Cunha, Os Sertões, 1902. VII RESUMO Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como tema A CRIAÇÃO ARTÍSTICA COM A LITERATURA DE CORDEL – HISTÓRIA, ESCRITA E ORALIDADE NA ESCOLA, fazendo assim um processo histórico e artístico a partir da construção do cordel, com o objetivo de inserir esse gênero literário para os estudantes do Ensino Médio. Esse trabalho vem mostrar a Literatura de Cordel enquanto material pedagógico com incentivo nas produções artísticas. Através desta produção foi possível realizar uma pesquisa baseada na história, criação e ilustração do cordel. Durante os três anos trabalhando em colégios particulares foi possível desenvolver com os estudantes, principalmente no Ensino Médio, um trabalho voltado para a cultura Nordestina, usando a Literatura de Cordel, e sobretudo, mostrando o desenvolvimento e aprendizado da leitura e da escrita, assim inserindo o Cordel nas aulas, buscando a criatividade para compor os textos, porém, inicialmente com uma simples poesia de quatro estrofes (Quadra) que são versos simples. Neste trabalho, irei mostrar uma produção em conjunto, buscando desenvolver técnicas de Xilogravura a partir de materiais pós-uso. A Xilogravura é um ponto importante para a ilustração dos livretos de cordel. Com este trabalho foi possível colaborar para que esses estudantes tivessem o conhecimento de uma cultura regional brasileira, e incentivar a criatividade dos trabalhos em grupos, assim podendo trabalhar sobre a história dessa arte, culminando um produto final para ser apresentado, escrevendo e criando seu próprio livro de cordel. Palavras chaves: Cordel, Literatura, Xilogravura, História, Ensino. VIII ABSTRACT This Course Conclusion Paper has as its theme THE ARTISTIC CREATION WITH THE LITERATURE OF CORDEL - HISTORY, WRITING AND ORALITY IN SCHOOL, thus making a historical and artistic process from the construction of the string, with the purpose of inserting this literary genre for the high school students This work shows the Cordel Literature as an educational material with an incentive in artistic productions. Through this production it was possible to carry out a research based on the history, creation and illustration of the cordel. During the three years working in private schools it was possible to develop with students, especially in High School, a work focused on the Northeastern culture, using Cordel Literature, and above all, showing the development and learning of reading and writing, thus inserting the String in classes, seeking creativity to compose the texts, but initially with a simple poetry of four stanzas (Quadra) that is the simple string. In this work, I will show a joint production, seeking to develop techniques of woodcutting from post-use materials. Woodcutting is an important point for illustrating cordel booklets. With this work it was possible to collaborate so that these students had the knowledge of a Brazilian regional culture, and to encourage the creativity of the works in groups, thus being able to work on the history of this art, culminating a final product to be presented, writing and creating its own string book. IX SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11 História e Cordéis......................................................................................................... 13 1º CAPÍTULO: HISTÓRIA E CORDELISTA..................................................... 17 1.1 Com texto Cordel........................................................................................ 21 1.2 Cordelistas alagoanos................................................................................. 22 1.3 Mestre e Xilogravura.................................................................................. 26 2º CAPÍTULO: ESCRITA E OBRAS ....................................................................... 30 2.1 As rimas............................................................................................................. 30 2.2 Métrica............................................................................................................... 31 2.3 Produção de texto e melodia............................................................................ 32 2.4 Cordel e personagens religiosos.......................................................................34 2.4.1 Trabalho escolar..................................................................................... 34 2.4.2 Descrição do local de estudo............................................................... 35 3º CAPÍTULO: PROJETO, PLANO DE AULA E AVALIAÇÃO......................... 36 3.1 Projeto de pesquisa....................................................................................... 36 3.2 Plano de aula..................................................................................................... 37 3.3 Avaliação........................................................................................................ 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 40 REFERÊNCIAS........................................................................................................... 42 ANEXO..................................................................................................................... 43 X LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABLC Academia Brasileira de Literatura de Cordel SEBRE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas EDUFAL Editora da Universidade Federal de Alagoas PCN Parâmetros Curriculares Nacionais UFAL Universidade Federal de Alagoas 1 INTRODUÇÃO A Literatura de Cordel é uma riqueza cultural para o Brasil. Essa literatura aborda variados e infinitos temas, é um texto escrito em forma de poesia rimada, que contam histórias e informações, podendo ser a exemplo: uma cidade, um bairro sentimentos, ideias e emoções. Os cordéis foram trazidos pela tradição portuguesa com o intuito de divulgar notícias e acontecimentos, semelhante a um jornal, sendo os textos não eram criados de maneira harmoniosa e não tinham compromisso com os números de versos. Assim, se expandiu, principalmente pelo nordeste, e nessa expansão ocorreram mudanças, deixando de ser um jornal modelo português com folhetos pequenos e nascendo os versos com métricas e rimas na escrita. Os cordéis tradicionalmente são livros simples feitos de papel, em material fácil de trabalhar em um ambiente escolar. Quando esses livros estão prontos normalmente ficam em exposição em varais de cordões, vendidos em feiras ou bancas de resvista. Por isso recebeu o nome de cordel. Os desenhos criados para ilustrar os livros são chamados de Xilogravura, um tipo de impressão criado a partir de desenhos em madeiras, semelhante a um carimbo, que também é característica da cultura nordestina. Essa técnica também foi responsável pela divulgação e venda dos livros, a partir dos desenhos diferentes que despertavam a curiosidade do povo. Todavia, a criatividade poética da declamação dos cordelistas é o que mais encanta. Esses artistas têm uma capacidade de rimar sobre qualquer tema e assunto, criando improvisos instantaneamente. A Literatura de Cordel tem uma forma poética de escrita, tendo suas regras entre versos e estrofes, é um conjunto de palavras que são trabalhados em questão de rimas, pois assim podem ter a sonoridade das frases, porém as palavras podem ser em uma linguagem coloquial, usando assim gírias ou sotaques, podendo deixar os textos mais tradicionais. Porém existem muitos cordelistas, em outras regiões do país, e cada um tem seu jeito de se expressar. O cordelista por ter a capacidade de improvisar suas rimas, algumas pessoas não entendem o cordel com a sonoridade do repente. O cordel na sua escrita tem uma estrutura para ser seguido, porém existem cordéis diferentes, por ter formas diversas, mas as rimas são normalmente nos finais das frases. O repente tende improvisar tocando e cantando as suas rimas na viola, podem criar suas rimas em todas as frases e versos, podendo ser nas sílabas 2 iniciais ou finais das palavras, contudo o repentista pode sim ser um cordelista quando está seguindo as regras do cordel, mas para o cordel precisa-se apenas do artista, já no repente existe um duelo de rimas. Entretanto também irei diferenciar o Repente do Cordel na forma prática, diferenciando a modalidade musical das demais formas postas nesse trabalho. Entretanto iremos ver em algumas páginas mais a frente outras citações sobre os cordéis, esclarecendo um pouco melhor as diferenças entre os gêneros Cordel e Repente. Veremos a parte escrita dos dois gêneros, assim mostrando semelhanças e vendo as diferenças, o cordel tendo suas regras de criação e o repente sendo um duelo mais livre de regras. Se o Repentista A, não termina a frase com uma rima, mas o desafiante do Repentista A concluir suas frases com rimas perfeitas no final das palavras, então assim entende-se que o mesmo, o Repentista B, foi melhor no duelo. Porém, o repente tem uma codificação cultural, assim qualquer pessoa facilmente saberá reconhecer a improvisação do repente através da sonoridade musical. Em sala de aula todo o processo de criação artística foi sobre o cordel, inserindo a história e a forma escrita, usando as rimas. Todavia, o repentista tem sua importância na história desse gênero literário, pois faz parte da mesma originalidade do povo nordestino. Trabalhar o cordel na sala de aula de Arte: Teatro também permeia o contexto histórico, a trajetória da propagação do cordel, por exemplo, citando que há muito tempo atrás pessoas sem instrução escolar começaram a difundir os textos nas ruas, a grande maioria eram os comerciantes, ambulantes. A escrita vinha naturalmente, pois eram autodidatas, assim criavam suas histórias poéticas, escrevendo e vendendo seus livros, mas antes desses artistas começarem a escrever as rimas, eles passaram sua infância ouvindo o pai contar histórias em cordéis, ou ouvindo vizinhos contarem em rodas de amigos. Contudo tive que despertar nos estudantes o interesse de pesquisar o contexto histórico mostrando as cidades e estados que têm as maiores contribuições para a propagação da literatura de cordel, citando também festivais de cordel que acontecem em outras regiões, como no Centro de Tradições Nordestinas, em SP, por exemplo, com o festival de cordel. A conclusão desse trabalho tem o objetivo da produção dos cordéis através dos estudantes da educação básica, no ensino médio, fazendo com que tenham o incentivo para descobrir essa literatura como expressão artística. Pois num país tão grande, como o Brasil, o 3 indivíduo pode aprender várias culturas em uma mesma região, assim podendo conhecer mais sobre a história e os artistas que influenciaram a arte local. História e Cordéis Ao trabalhar artes nas escolas, o professor irá ser um pouco de historiador, artista e sociólogo para poder entender as mudanças acontecidas na sociedade, entre transformações históricas, artísticas e sociais. Foi assim com a história da Literatura de Cordel. Esta literatura que é tão presente na história da região do nordeste, os folhetos de cordéis são uma representação de modos de vidas, pois são comuns relatos de personagens do nordeste, de como eles viviam, mostrando o modelo de uma cultura regional, vivida pelo sertanejo do campo. Mas a abrangência é bem maior porque essa literatura envolve na essência o romance, a poesia, música, contos e teatro. Existe em sua tradição personagens históricos como Lampião, Padre Cicero, Frei Damião, Barões dono de engenhos, Presidentes da República, entre outros. A prática envolve aspectos narrativos e visuais, além de todos esses personagens na literatura de cordel, são encontrados em livros didáticos de história, artes e sociologia, servindo de base histórica de compreensão da cultura doBrasil, pois o nosso cordel tem procedência de registrar esses fatos. Em Portugal haviam comerciantes que vendiam livros ou jornais com formato de pequeno porte, esse formato menor se perpetua até hoje, mas não existia a narrativa com rimas, pois as rimas foram introduzidas ao chegar no Brasil. Essa forma de rimar os versos foi criada por interioranos da região nordeste. No Brasil é considerado, historicamente, o pai da literatura de cordel, Leandro Gomes de Barros, (nascido em Pombal, Paraíba, 19 de novembro de 1865 —, Recife, Pernambuco, 4 de março de 1918). É considerado como o primeiro escritor brasileiro de literatura de cordel, tendo escrito aproximadamente 240 obras. No seu tempo era chamado de "O Primeiro sem Segundo", e ainda é considerado o maior poeta popular do Brasil de todos os tempos, autor de vários clássicos e campeão absoluto de vendas, com muitos folhetos que ultrapassam a casa dos milhões de exemplares vendidos...Compôs obras-primas que eram utilizadas em obras de outros grandes autores, como por exemplo Ariano Suassuna, que utilizou a história do cavalo que defecava dinheiro no seu Auto da Compadecida. (Wikipédia, a Enciclopédia Livre). Depois de fundar uma pequena gráfica, em 1906, seus folhetos se espalharam pelo Nordeste, sendo considerado por Câmara Cascudo o mais lido dos escritores populares. 4 Segundo Permínio Ásfora, teria sido preso em 1918 porque o chefe de polícia considerou afronta às autoridades alguns dos versos da obra O Punhal e a Palmatória, trama que tratava de um senhor de engenho assassinado por um homem em quem teria dado uma surra e deixado-o sangrando os olhos. Sebastião Nunes Batista, no entanto, em Antologia da Literatura de Cordel (Fundação José Augusto, Natal-RN, 1977) dá como causa da morte do cordelista a gripe espanhola (influenza).”(Wikipédia a inciclopédia livre). Leandro Gomes de Barros é o patrono da cadeira número um da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Vejamos uma poesia criada por esse precursor dessa arte tão enraisada do povo brasileiro: Eu nasci no Pageú Em dias do mez de Maio, Na hora do nascimento Trovejou e cahiu raio; Um curisco perguntou: Quer que eu vá ser seu lacaio...? Leandro Gomes de Barros, O Nascimento de Antonio Silvino, provável publicação do folheto, entre 1910 e 1912. Leandro Gomes de Barros teve muitos personagens da Região Nordeste que marcaram época e estão nos livros de história até hoje. O povo nordestino sempre teve na sua essência a história de resistência e lutas. Vejamos um trecho de outro cordel que relata mais alguns personagens do Nordeste. Os versos abaixo falam do personagem, “Antônio Silvino,(...) 2 de novembro de 1875 - Campina Grande, 30 de julho de 1944)(...) Faleceu em Campina Grande, em casa de uma prima, em 30 de julho de 1944”. (Wikipédia, a enciclopédia livre). O povo me chama grande 5 E como facto eu sou, Nunca governo venceu me Nunca civil me ganhou Atraz de minha existência Não foi um só que cançou... O Nascimento de Antonio Silvino, (provável publicação do folheto, entre 1910 e 1912). O cordel é uma forma tão popular de arte que em muitos livros na Literatura de Cordel não existe uma editora para publicar e às vezes só irá ter o nome do autor e tema proposto, ou uma provável data de publicação. Assim são os versos do texto abaixo, o livro “O mal e o Sofrimento” de Leandro Gomes de Barros: Se eu conversasse com Deus Iria lhe perguntar: Por que é que sofremos tanto Quando viemos pra cá? Que dívida é essa Que a gente tem que morrer pra pagar? Perguntaria também Como é que ele é feito Que não dorme, que não come E assim vive satisfeito. Por que foi que ele não fez 6 A gente do mesmo jeito? Por que existem uns felizes E outros que sofrem tanto? Nascemos do mesmo jeito, Moramos no mesmo canto. Quem foi temperar o choro E acabou salgando o pranto? Leandro Gomes de Barros. O mal e o sofrimento, (provável publicação do folheto, entre 1910 e 1912). No Cordel é muito difundido a história do barbante, em uma época distante onde as feiras tinham seus livros em barracas, esses pequenos livros e folhetos eram pendurados em cordão. Ao chegar ao Brasil, com o tempo, passou por mudanças, deixando de ser exposto nas feiras, para ser vendido em livrarias e lojas diversas. Assim passando a ter uma comercialização maior ao alcance dos leitores. O cordel passa a ser algo a ser pesquisado nas escolas e faculdade como material artístico e literário. 1º CAPÍTULO: HISTÓRIA – CORDELISTAS 7 O interesse em trabalhar Cordel inicial foi através da minha experiência pessoal na infância, lembro-me que em Boca da Mata, cidade no interior de Alagoas, local onde cresci, nesta cidade existem repentistas (cantadores) nos dias de domingo na feira livre, assim tocando e cantando. A minha infância foi vendo estes artistas se apresentar todos os domingos nas praças da cidade. Devido ter vivenciado uma parte da minha vida nesse município do interior alagoano, me motivou de tal forma que decidi estudar esse gênero literário. Agora que estou trabalhando em escola particular, pude desenvolver pesquisas sobre o tema com objetivo de inserir no ambiente escolar. A intenção deste trabalho foi tentar levar a Literatura de Cordel para o ensino médio, assim introduzindo a história do cordel e suas características nas aulas de Artes, tendo o propósito de mostrar como iniciou essa arte no nordeste. O cordel representa uma manifestação tradicional da cultura interiorana da região, que adquiriu força no século XIX. Em toda região nordeste, do sertão ao litoral, tem-se registros de cordelistas que são raízes de família tradicional. Contudo essas famílias foram crescendo e as gerações foram ouvindo contar das histórias em cordel, assim essas histórias foram escritas e propagadas com o passar do tempo. A partir daí mantendo uma relação entre suas formas escrita e oral. Antes de chegar no Brasil o cordel já era comercializado na Europa. O nome cordel vem do significado cordão. Os livros eram comercializados nas barracas que ficavam nas feiras em exposição, sustentados por um cordão. Porém esses livretos, nos países europeus, principalmente em Portugal, só tinham de igual aos de hoje em dia o formato na estrutura física, por serem pequenos livros, com leituras simples, com poucas folhas e cabiam no bolso. No Brasil, tudo começou através da oralidade, pois os primeiros cordelistas contavam suas histórias com rimas poéticas e outros artistas cantavam sua melodia nas praças e feiras. Logo após, tivemos o primeiro artista cordelista que registou no papel as rimas do cordel, o artista que já foi citado anteriormente, Leandro Gomes de Barros, porém essa literatura que é conhecida em todo Brasil, na sua maior parte cordelistas trabalham com projetos independentes, ou seja, as suas publicações não têm influência de editoras ou patrocinadores. Em Alagoas não é diferente, temos atualmente muitos cordelistas como Maria José de Oliveira (Mariquinha), João Gomes de Sá, Cristiano Kriko, Miguel Lins, Jorge Calheiro dentre outros, e nesse trabalho irei citar alguns desses escritores, porém dois deles me 8 chamaram bastante atenção em suas diferenças: Mestre Jorge Calheiros, autodidata, e Cristiano Kriko. Professor especialista. Ambos artistas e escritores cordelistas. Fotografia 01: Livro, O gato no Porão Fotografia 02: Livro João doido na terrados Normais Capas dos livros autor Prof. Esp. Cristiano Kriko. Fonte: Marco Aurélio Existem em Alagoas muitos artistas independentes e na literatura de cordel é comum encontrar livretos sem registro de publicação, mesmo assim sem ajuda econômica os resultados são vastos, os acervos produzidos por esses artistas podem se encontrar em toda região do estado. Esses cordelistas estão sempre presentes em eventos culturais em Alagoas e em outras regiões do país, ganhando prêmios e fazendo sua história na arte. Atualmente, muitos cordéis estão sendo publicados por editoras, criando assim uma aparição maior em bibliotecas e universidades. Porém, os cordéis também têm as cantorias, pelejas ou desafios, que trabalham em conjunto, sendo assim, o cordel cantado, que por sua vez um canta e o outro responde. As pelejas costumam ser de duas pessoas, também praticadas em rodas de violeiros, esses desafios são músicas com aspectos de duelo nas rimas, onde dois cantores fazem as batalhas rimando, também conhecidos como Repente. Repente, Modalidade musical que consiste em um duelo em versos, sobre temas improvisados, com dois ou mais cantadores. Tais duelos são acompanhados de rabecas e violão, no Nordeste, ou violão e sanfona, no Sul. No Nordeste, onde é mais comum, as estrofes são chamadas de repentes e os desafiantes, de repentistas (TELECURSO, 2000, p. 20). 9 O repente não tem a necessidade de trabalhar as métricas nos versos. Métricas são os números de silabas nas frases, mas terá que criar as rimas, criando melodias iguais, em todas as frases ou não. No cordel as métricas são necessárias para ajudar na escrita de cada estrofe e verso criando assim sonoridade ideal. É um gênero derivado do romanceiro europeu, que desenvolve desde o tempo do imperador francês Carlos Magno... os folhetos com versos que relatam acontecimento dramático do cotidiano... os folhetos são impressos em papel barato e ilustrado com xilogravuras (TELECURSO, 2000, p.20). Exemplo de artistas conhecidos pela grande mídia que trabalham criando duelos musicais são os cantores Cajú e Castanha. Mas a forma das rimas musicalmente pode ganhar outros ritmos. Temos outro exemplo Raul Seixas: com a música “Números”, a letra dessa canção é um cordel com suas rimas perfeitas, vejamos: Meus amigos essa noite eu tive uma alucinação Sonhei com um bando de número invadindo o meu sertão E de tanta coincidência que eu fiz essa canção -Falar do número um Falar do número um não é preciso muito estudo, Só se casa uma vez e foi um Deus que criou tudo, Uma vida só se vive, só se usa um sobretudo. -Agora o doze E só de pensar no doze eu então quase desisto, São doze meses do ano, doze apóstolos de Cristo, Doze horas é meio-dia, haja dito e haja visto. 10 -Agora o sete Sete dias da semana, sete notas musicais, Sete cores do arco-íris nas regiões divinais, E se pintar tanto sete, eu já não aguento mais. -Dois E nos dois o homem luta entre coisas diferente, Bem e mal, amor e guerra, preto e branco, bicho e gente Rico e pobre, claro e escuro, noite e dia, corpo e mente. -Agora o quatro E o quatro é importante, quatro ponto cardeal, Quatro estaçãos do ano, quatro pé tem um animal, Quatro perna tem a mesa, quatro dia o carnaval. - Pra encerrar Eu falei de tanto número, talvez esqueci algum, Más as coisas que eu disse não são lá muito comum, Quem souber que conte outra, ou que fique sem nenhum Raul Seixas, Música Números. 1976. 11 A transformação da Literatura de Cordel é claramente nítida, pois o cantor Raul Seixas é mais um nordestino a exaltar a cultura local. O Nordeste é um lugar muito rico em poesia popular, assim servindo de inspiração para muitos outros artistas do país. Exemplos do Rei do Baião, Luiz Gonzaga e o Chico Science, criador do movimento manguebeat, nesse mesmo sentido de mostrar que o cordel é uma arte em evolução e podendo ter várias formas de trabalhar seu uso, por isso posso elaborar diferentes aulas introduzindo o cordel, assim como interpretação de textos de diferentes autores e temas, sabendo que a leitura literária e a escrita são os pontos cruciais da literatura de cordel, mas também tenho a possibilidade de trabalhar a música, transmitindo a melodia para as rimas. Nesse trabalho outro ponto importante é apontar a forma de ensinar estrutura inicial, porém a elaboração e a execução é fundamental nas aulas práticas. Ter um plano de aula faz toda a diferença, pois cada aula é necessariamente diferente em todas as séries, Ex: Aulas de leitura e interpretação dos cordéis, música inserindo um ritmo com (pandeiro e triângulo), feito assim sempre introduzindo a prática para o domínio da leitura e da escrita. 1.1. Contexto Cordel Ao estudar o gênero literário, percebi que podemos ter várias formas de trabalhar o cordel, porém o meio artístico de se trabalhar a Literatura de Cordel é um deles, mesmo tendo variações nas formas de inserir a literatura de cordel, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), vêm classificando essa literatura apenas em um gênero oral. Historicamente, talvez seja pela forma que iniciou no Brasil, vejo que esses mesmos parâmetros do PCN que tratam o cordel apenas com a prática da oralidade, de um certo modo não estão errados, porém o cordel também não pode se classificar dentro de uma única só forma, já que existem várias formas de trabalhar o cordel. A Literatura de Cordel pode ser tanto oral como escrita. Na minha pesquisa encontrei as seguintes características do cordel. Características do Cordel: a). Linguagem: Vocábulo simples; b). Livretos com poucas páginas; c). Histórias contadas em rimas; d). Ilustrações (Xilogravuras) nas capas; e).Podem ser declamadas ou cantadas em voz alta; f). Folhetos podem ser: bibliográfico, didáticos, descritivos. 12 Por esses e outros exemplo que ao elaborar o plano de aula sobre o tema cordel, venho argumentando inicialmente que esse gênero literário e artístico é principalmente descritivo, tanto é verdade que os primeiros cordéis vendidos nas feiras, tinham como intuito contar uma história de um fato social a qual atraía a curiosidade da população. Os inícios da literatura de cordel estão ligados à divulgação de histórias tradicionais, narrativas de velhas épocas, que a memória popular foi conservando e transmitindo; são os chamados romances ou novelas... de amor, de narrativas guerras ou viagens ou conquistas marítimas. (Ciclo Temáticos na Literatura de Cordel, Diégues, Manuel Juniaor, 2013. p, 18) Literatura de Cordel na escola vem sendo inserida como projeto artístico, com o intuito de incentivar o trabalho de leitura e escrita dos estudantes, propondo temas sobre a realidade histórica, social e econômica, principalmente no Nordeste, por ser a região berço dessa cultura. Assim como uma manifestação popular, o cordel tem a facilidade de propagação. Por ter uma prática que reflete a individualidade da língua, propondo variedades linguísticas encontradas no Nordeste brasileiro, a Literatura de Cordel material tem em si uma abordagem de gêneros textuais, podendo ser uma aula de artes bastante criativa em seu processo. Ao trabalhar a montagem literária temos a possibilidade de debater sobre a nossa sociedade, política e economia. 1.2. Cordelistas alagoanos Hoje em Alagoas existem vários artistas que trabalham o cordel. Muitos desses artistas vivem no interior do estado, porém irei apresentar as obras dos autores que tive um maior contatoe vivem na capital, Maceió. A maioria dos escritores populares não tinham nenhuma formação escolar. Hoje temos cordelistas com ensino superior e pós-graduação, no mesmo estado, são transformações nos cordéis, desfazendo o contexto de que o cordel é coisa de matuto do interior, pois a linguagem artística pode ser coloquial com palavras de uma determinada região, podendo ter características de um povo, valorizando uma linguagem como uma identidade regional. Um dos cordelistas mais conhecido e premiado em Maceió é Jorge Calheiros. A biografia desse artista é muito interessante – Jorge Calheiros nasceu na cidade de Pilar, no estado de Alagoas, em 8 de agosto de 1939. Ainda escrevendo histórias em cordel, tem um grande número de publicações, histórias principalmente cômicas, que são as mais publicadas por ele. Nunca frequentou a escola, pois trabalhava na roça para ajudar sua família. Seus 13 primeiros escritos foram no seu ambiente de trabalho, ainda moço. Autor de mais de 40 livros com publicações independentes, viajou para vários estados para apresentar seus trabalhos em eventos culturais e artísticos. Fotografia 03: Imagens de alguns dos livros de Jorge Calheiros. Fonte: Marco Aurélio Um dos livros do Mestre Jorge Calheiros é escrito para os professores, citando sua indignação aos pais que não valorizam a educação e seus profissionais (os professores). Temas como esses direcionam a possibilidade do pensamento crítico, aliás temas como esses que devemos introduzir também em sala de aula, pois é na escola que devemos trabalhar o senso crítico. A escola é o lugar de lançar os temas sobre drogas, sexualidade e violência, fazendo assim um trabalho de educação em sua área de formação utilizando a arte. Vejamos um trecho do livro que destaca o descaso do governo com os professores e a educação do país, com um diálogo caipira de alguém do interior que nunca frequentou a escola faz assim uma crítica mostrando o quanto é importante a escola para a eduçação de uma sociedade. 14 Fotografia 04: trecho do livro, Jorge Calheiros. Fotografia 05: trecho do livro, Jorque Calheiros Fonte: Marco Aurélio Jorge Calheiros, (O professor deveria ser melhor remunerado, Edição Nº79, 2010). Normalmente, os livros escritos por Jorge Calheiros são feitos por cordéis com a estrutura em sextilha. Estes mesmos cordéis pude utilizá-lo em trabalhos em sala de aula, introduzindo essas histórias nas aulas de literatura dramática. Vejamos mais um trecho da obra desse escritor, Edição Nº 90, é uma autêntica Literatura de Cordel em sextilha. Fotografia 06: Trecho do livro, Jorge Calheiros Fonte: Marco Aurélio CALHEIROS, Jorge. (A Discursão de Zé Buchada e o Pastor, nº90, 2011) 15 Outro cordelista que pude conhecer pessoalmente, o Professor Cristiano Kriko, Graduado em Filosofia e Especialista efetivo na rede estadual. Nascido em Maceió. Trabalha com a literatura de cordel há mais de 15 anos, Participou de algumas entrevistas de programas de televisão. Alguns de seus projetos na Literatura de Cordel teve apoio para sua realização do SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, da Prefeitura de Maceió e da Universidade Federal de Alagoas. Ministra oficinas de escrita de Literatura de Cordel em vários espaços de saberes. Cristiano Kriko tem seus Cordéis voltados para contos e histórias da cultura alagoana. Seus livros contam a história de Mestres da cultura popular do estado, em uma das oficinas de Literatura de cordel foi criado o livro Contos dos Pontos aos Mestres. Livro esse que em suas rimas de sextilha, canta a história de Théo Brandão, Joana Gajuru, Pedro Teixeira, Nivaldo Abdias e entre outros. O Professor Cristiano Kriko pesquisando as histórias desses Mestres, conseguiu construir em um único volume um acervo histórico, citando cidades e regiões do estado, assim mostrando a importância da cultura e história de um povo. Observemos alguns Trechos, do livro, Cordel do Ponto aos Mestres: Fotografia 07: Trecho do livro, Cristiano Krico Fotografia 08: Trecho do livro, Cristiano Kriko Fonte: Marco Aurélio Kriko, Cristiano. (Cordel do Ponto aos Mestres, p.01.) 16 Uma caracterização geral dos temas propostos nos cordéis do Prof. Cristiano Kriko sempre são temas que remetem a personagens históricos, como vimos no trecho do cordel acima. Outros temas comuns são temas remetendo a cidadania, ex. Coleta de lixo, preservação da natureza, a prática de esporte e etc. A intenção é deixar registradas obras com o propósito de levar arte e cultura de um jeito simples e fácil de serem lidas, formando assim a característica da literatura popular. 1.3. Mestre e Xilogravura “Xilogravura é uma técnica de pintar muito importante para a Literatura de cordel, por isso não poderia introduzir um assunto sobre esse tipo de literatura sem mostrar a xilogravura, sua história e importância para comercializar os livros vendidos nas feiras livres das cidades dos interiores nordestino, ajudando de uma certa forma na propagação para a literatura popular brasileira. Desde os primórdios, a gravura se faz presente na vida do homem, primeiramente nas cavernas e em seguida sobre superfícies em barro, pedra, metal, etc. Dai surge a xilogravura não propriamente como uma arte e sim como uma necessidade de multiplicação da escrita. Em sua evolução a gravura repercute de forma significante, primeiramente na China. A xilogravura passa também a influência de outros povos e sua utilidade se diversifica, por contribuir nos aspectos importantes da evolução dos fatos históricos... A xilogravura incorporou-se e manteve sua tradição popular no Nordeste do Brasil, ilustrando a literatura de cordel. (HERSKOVIS, Anico, 1987, s/n) Em Maceió temos o Xilógrafo, Enéias Tavares dos Santos, conhecido também como Mestre Pica-Pau, nascido na cidade de Marechal Deodoro, conhecido por ter obras primas, foi premiado com sua arte de pintar quadros em xilografia, vários Cordelistas o procuram para ilustrar os livros com suas técnicas únicas. Teve suas pinturas em exposições em vários estados do Brasil e em países da América Latina. Mestre Pica-Pau atua desde 1940. Nessa época, aprendeu a fazer as cópias de xilogravura. “Eu mesmo fiz a prensa de tirar cópias, fabricou meus próprios instrumentos de xilogravura, que teve sua obra exposta em Maceió - AL, Porto Alegre - RS, Paulo Afonso - Bahia, São Paulo - SP, Brasília - DF e em Santiago, no Chile.” (Alagoas Boreal, 2017). 17 Fotografia 07: Enéias Tavares dos Santos, 1983. Fotografia 08:Enéias Tavares dos Santos, 1975. Fonte: Marco Aurélio Suas técnicas têm traços únicos e detalhes impressionantes, com imagem do cotidiano sertanejo e religioso, as suas obras foram as inspirações para começar inserir este trabalho nas aulas de artes, conhecendo personagens e maneiras de criar as ilustrações, assim podendo levar essa mesma técnica aos alunos do 2ª ano do Ensino médio. Fotografia 09: Obras de Eneas tavares Fonte: Marco Aurélio Álbum de xilogravuras de, Enéias Tavares dos santos/1977 De acordo com o jornalista e xilografo, Antônio Fernando Costella, Segundo antigos relatos de viajantes, foi possível constatar em várias tribos o emprego de matrizes de madeira para imprimir, com tinta, desenhos ritualísticos na pele do corpo humano e, mais raramente, para estampar peçasde indumentária. Mais de duzentas tribos indígenas, comprovadamente, utilizaram-se dessa técnica, destacando-se, pela destreza artesanal e pela variedade de modelos, os canelas, os apinajés e os xavantes. (COSTELLA, 2003 p.50) 18 Essa técnica é usada por diversos artistas plásticos, porém os exemplos usados para esse trabalho são obras do Mestre Pica-Pau. Com tudo sempre que levo um trabalho de criação para uma aula tento produzir com baixos custos, assim podendo diminuir os custos da produção. O resultado é surpreendente, a xilografia pode também ser feita utilizando matérias recicláveis, foi assim que pude inserir a técnica da xilogravura nas aulas de artes, iniciando a produção com os alunos sem custo algum, porém desenvolvendo um trabalho para ilustrar tecidos e os próprios livros produzidos em sala de aula. As etapas básicas da xilogravura: a). desenho na tabua; b). fazer as cavas seguindo o desenho; c). Passar tinta na imagem desenhada; d). Imprimir no papel ou outra superfície. Fotografia 10: Vivências de estudantes com Xilografia. Xilogravura com bandeja de isopor, Fonte: Marco Aurélio 2ª ensino médio. A imagem 03, utilizando bandeja de isopor pós-uso. O isopor como matriz facilita no trabalho tendo uma finalização em menos tempo. Mas a xilogravura na escola esteticamente poderia ser bem elaborado, assim rendendo mais em termos de expressão arte e cultura, porem as aulas artes são uma vez por semana e em um curto tempo 40 a 50 minutos, um processo de longo prazo pois quais quer atividades tem que ser em sala de aula, os estudantes desse Colégio não podem se reunir em outro local, assim foçando os trabalhos continuem sempre nos dias de aulas, norma da instituição. 19 A xilogravura sendo executado na escola vem sendo importante para o referencial de como e registrar algo cultural na escola, pois suas possibilidades são um campo de reflexão com as turmas, e a exposição da arte cria o sentimento de trabalho realizado, e assim proporcionando que outras turmas possam ver e procurar entender que tipo de arte são essas pinturas. Fotografia 11: Vivências de estudantes com Xilografia. Xilogravura de Nossa senhora Aparecida, no tecido, Fonte: Marco Aurélio 2º Ensino médio Por ser um Colégio religioso uma das exigências é que as aulas de artes sejam criativas e envolva um pouco da arte sacra, ou seja ter que introduzir a artes no ambiente religioso, na figura acima é notável a criação da xilogravura estampada de Nossa Senhora Aparecida. Os trabalhos artísticos com as turmas também são utilizados nas festas anuais como Pascoa, Festas Juninas e entre outras, sempre envolvendo personagem religiosos ou histórias bíblicas, mas a ideia central das aulas de artes é despertar a sensibilidade para a criatividade e a percepção que envolvem a leitura dessas obras, passando o conhecimento artístico com experiência teóricas e práticas. 20 Fotografia 12: Vivências de estudantes com Xilografia Processo do desenho da xilogravura Fonte: Marco Aurélio 3º ano do Ensino médio. O processo de criação das xilogravuras, veio após a escrita do cordel, primeiramente os estudantes criavam suas histórias, com os temas livres e continuavam finalizando com as ilustrações mais adequada para cada livro produzido por eles. Com isso, diversas obras foram finalizadas com o intuito de concluir o bimestre escolar, e formando diversos aprendizes na arte da xilografia. 21 Fotografia 13: Vivências de estudantes com Xilografia. Xilogravura usada para capa do cordel do 3ºano. Fonte: Marco Aurélio Criada com isopor pós-uso. A xilogravura na Europa se desenvolveu através das ilustrações nos livros e histórias que foram contadas por desenhos, contudo essa técnica sendo utilizadas por muitos artistas. Além de ilustrar os livros, a xilografia também continuou a ser impressa como obra independente. As imagens criadas nas xilogravuras eram a formas de pessoas que não sabiam ler compreender as histórias em Cordel, assim foram criadas verias histórias bíblicas com textos e imagem para evangelização, sempre sendo imagem simples para facilmente ser compreendido pelos fiéis. 22 2º CAPÍTULO: ESCRITA E OBRAS 2.1 As Rimas Para poder o cordel ser correto teremos que criar uma estrutura, essa estrutura irá mostrar um conjunto de palavras onde poderemos localizar as rimas dentro do texto. A rima é um conjunto de som igual ou semelhante nos versos da poesia ou do cordel, na Literatura de Cordel, as rimas são pontos cruciais, fazendo assim o som proporcionar a sonoridade ideal para uma melodia, porém sabendo em qual verso será construída a rima. O que são versos na linguagem literária? o verso representa cada linha da poesia, que juntas formam a estrofe. A poesia é um tipo de texto que utiliza recursos, por exemplo, a musicalidade, o ritmo e as rimas para dar maior ênfase ao discurso. Estrofe é um grupo de versos. Existem vários tipos de estrofes, no cordel as mais usadas são: quadra, sextilha, setilha e décima. Veja o exemplo abaixo. Fotografia 14: Texto básico para aprender o cordel. A Imagem acima nos mostra a estrutura de um cordel, utilizado nas aulas de artes, contudo podendo ter o primeiro processo da construção de literatura de cordel. Com a simples quadra que são quatro versos com rimas. Podemos aprender a criar uma história usando uma estrutura básica. A intenção é escrever as estrofes, versos e rimas, semelhante a da imagem, deixando pronta uma história com começo, meio e fim. Não fugindo dessas regras irá ter um produto final, um conto, história ou música em cordel. 23 A literatura de cordel sendo ela lida ou cantada é muito exigente em questão da sua estrutura, porém ensinar um cordel que não tenha um seguimento estrutural poderá sair uma falha, um erro nas métricas e nas rimas. As estrofes que não têm uma rima no último verso são chamadas de “versos de pé quebrado”. Iremos notar que o “Verso de pé quebrado” é um erro na métrica do cordel, são versos mais curtos e não finalizam em rimas, criando assim o som diferente do tradicional, finalizado em rimas. “O escritor Luis da Câmara Cascudo, autor de vários livros literários ligados a cultura popular brasileira diz conhecer, nessa acepção… O modelo clássico do Pé-Quebrado é o poema de José de Anchieta, Ao Santíssimo Sacramento’’ OH QUE PÃO, OH QUE COMIDA, OH QUE DIVINO MANJAR, SE NOS DÁ NO SANTO ALTAR CADA DIA FILHO DA VIRGEM MARIA QUE DEUS PADRE CÁ MANDOU, É POR NÓS NA CRUZ PASSOU CRUA NORTE… Padre. José de Anchieta, Ao Santíssimo Sacramento, (provável publicação. 1534 a 1597). 2.2. Métricas A Métrica é a contagem da separação das sílabas no verso, geralmente é comum ver as contagens das métricas em 7 (sete) sílabas. Vejamos uma poesia sendo rimada onde o verso em sete silabas tem o final com as rimas, fazendo a escrita de um cordel perfeito ao som de quem irá ouvir. 24 BA. Ta. TI. NHA. QUAN. DO.NAS. CE 1 2 3 4 5 6 7 8 ES. PAR. RA. MA. PE. LO. CHÁO 1 2 3 4 5 6 7 CAR. RE. GO. PA. PAI. NO. BOL. SO 1 2 3 4 5 6 7 8 E. MA. MÁE. NO. CO. RA. CÂO 1 2 3 4 5 6 7 Essa forma permite ter uma melodia no cordel, podendo ser uma poesia declamada ou um ritmo musical, criando a musicalidade em uma viola ou pandeiro com ritmos diversos, sendo samba, forró e etc. Ao escutar um repente é notável que nas suas rimas tenham medidas maiores, fazendo com que facilite as rimas no final das palavras. Foi utilizado acima para a poesia da Batatinha a heptassilaba, quando tem 7(sete) sílabas, mas os versos podem ter uma medida maior ou menor, a menor é a tretassílaba composta por 4 (quatro silabas), são as métricas mais usadas pelos repentistas. 2.3. Produção de Texto e melodía Logo após ter algumas aulas sobre o assunto, alguns estudantes queriam produzir sua própria história em cordel. O objetivo era incentivar a conhecer por meio da leitura as características e as técnicas de produção dos textos, aprendendo a estrutura da narrativa da Literatura de cordel serviria como base para seguir as regras das rimas e métricas da literatura, porém tivemos todo um processo de pesquisa antes da produção pessoal. Tivemos que desenvolver debates sobre produção de textos que se enquadrem nas características do cordel, para isso utilizamos das obras do Mestre Jorge Calheiros e Cristiano Kriko, esses dois artistas foram citados por que suas obras possuem uma linguagem simples, com expressões 25 populares, crenças e costumes da região alagoana, por isso esses dois grandes Mestres foram as principais fontes de pesquisa para trabalhar as criações dos textos, nas turmas do 1º, 2º e 3º do ensino médio. Como os Cordéis desses artistas têm a forma fácil de ser entendido, o processo, porém foi introduzir uma melodia e um ritmo nesses cordéis, podendo aproveitar o assunto do módulo do 9º ano do fundamental II, (música). A música um arranjo é uma reelaboração ou adaptação de uma composição musical para uma combinação sonora diferente da original (SAE digital, 9ºano, fundamental, livro 2). Nessas aulas de música foram sendo inseridas dois tipos de instrumentos: Pandeiro e Triângulo, assim trabalhando tempo e ritmo nas introduções dos cordéis. Esses ritmos seriam em coco de Roda, Rimas de Repentista e Forró Pé de Serra. Logo após essas aulas, a proposta seria promover um recital de poesias de cordel, com apresentações, com música, exposições das pinturas Xilogravuras das camisas e os livros produzidos por estudantes, porém essa data terá que ser adequada ao calendário escolar, assim provavelmente as apresentações serão no mês de junho quando ocorrerão as festas juninas da escola. Fotografia 15: Triando, Instrumento nas aulas de música. Fotografia 16: Pandeiro instrumentos usados nas aulas de música Fonte: Marco Aurélio. Pandeiro e Triângulo são uns dos instrumentos típicos tocados nas músicas nordestinas. Assim como forró, Baião, Embolada e outros ritmos, o Cordel também tem sua parte musical, criando assim sua melodia para ser rimada, podendo ser um artista ou mais de um trabalhando em conjunto. Normalmente se apresentam nas praças, feiras, festas juninas e em eventos culturais. 26 2.4. Cordel e Personagens Religiosos O Cordel tem na sua história uma ligação com os temas religiosos. No Nordeste existem personagens que marcaram época por sua liderança religiosa, pois muitas pessoas não tiveram a oportunidade de conhecer esses personagens pessoalmente, porém ouviram suas histórias através da Literatura de Cordel, e assim essa literatura foi umas das principais propagações na época nas vidas de Cicero Romão Batista (Padre Cicero), Damião de Bozzano (Frei Damião) e Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro), líder religioso de Canudos. Os folhetos de Cordéis fizeram com que as vidas e histórias desses líderes fossem registradas e conhecidas, pois são centenas de livros em cordéis relatando a vida de cada um desses religiosos. As economias dos lugares de nascimento são muito ricos, pois milhares de pessoas vão até a cidade do Juazeiro do Norte, sertão do Ceará, para conhecer o lugar onde nasceu Padre Cicero. Nessa viagem normalmente encontram-se Romeiros que acreditam que Padre Cicero é um homem de santidade, músicos cantando, violeiros e cordelistas criando seus improvisos sobre a vida do santo de juazeiro e do sertão nordestino. Talvez se possa dizer sem muitas margens de erro ser este - o de religião e, em particular, de vida santo – o tema mais antigoversos nos folhetos populares. A tradição de religiosidade, em época em que os meios de comunicação não eram aperfeiçoados (…) encontrou nos folhetos um intermediário para a difusão das ideias religiosas; e história de Jesus ou vida de santos (…) Dada a pequena difusão, pela carência, dos Evangelhos […] (DIÉGUES. 2012, p. 99) Sendo que grandes clássicos da Literatura de Cordel são com esses e outros personagens religiosos, e assim existem livros sobre histórias fictícias de como seria o céu e inferno, Deus e o Diabo, versões criadas de trechos bíblicos, sendo eles o novo e o antigo testamento. Sabemos que a maior influência do cordel é a região nordeste, terra de uma grande religiosidade e fé católica, e esse mesmo de fé contribuiu para criar e expandir o cordel no país. 27 2.4.1. Trabalho Escolar Os trabalhos para o Ensino Médio foram divididos em grupos e esses grupos receberam cordéis para trabalhar os conteúdos que foram dados em sala de aula. Os estudantes tiveram que pesquisar o cordel e passar as informações sobre o texto e seu específico autor para turma, assim todos puderam ler e apresentar sobre o gênero literário. Depois, os grupos falaram sobre os significados das Xilogravuras de cada Cordel, com as informações de cada livro e dos autores. As esquetes teatrais ficaram para finalizar os trabalhos, sendo apresentações de cinco a oito minutos, o foco era o uso do teatro no cordel, pois os alunos tiveram que escolher uma cena em seu livro e representar. Esse trabalho foi uma tentativa de passar da melhor forma a mensagem escrita na Literatura de Cordel. Assim passando pelo processo da construção desse gênero literário, das pinturas Xilográficas, as apresentações teatrais do cordel, que provaram que podemos aprender conteúdos diversos usando a arte como um apoio pedagógico, além do que tivemos conteúdos e fatores da cultura brasileira que muitas vezes desconhecemos, como a própria literatura de Cordel, mostrando que o Brasil é um pais rico e diversificado na arte e na cultura. As aulas de arte têm como proposta a criatividade de cada aluno, trabalhar o Cordel. Vai ao encontro dessa busca criativa a participação das atividades que influencia diretamente no aprendizado, tanto é que os alunos que tiveram o empenho maior tiveram a maior facilidade para apresentar seus trabalhos, e também obtiveram as maiores notas. 2.4.2. Descrição do local de estudo O local de estudo e de todo o processo das aulas foi o Colégio Nossa Senhora Rosa Mística, um colégio da rede privada de ensino básico, com aulas do ensino infantil ao ensino médio. Localizado no Conjunto Osman Loureiro, Tabuleiro do Martins - Maceió - Alagoas. Este trabalho foi diretamente para os alunos do ensino médio, do 1ª ao 3ª ano. Um colégio Amplo, com salas climatizadas. Colégio Rosa Mistíca tem um salão de festa perto daportaria, cantina, sala dos professores, e também possui o Ensino Infantil e Fundamental I, completando com dois andares, o primeiro andar do lado esquerdo são as turmas do 28 Fundamental II, o lado direito as turmas do ensino médio, uma quadra para a prática de esportes com uma piscina para aulas de natação. 3º. CAPÍTULO: PROJETO, PLANO DE AULA E AVALIAÇÃO 3.1. Projeto de pesquisa Trabalhar esse projeto sobre a Literatura de Cordel foi significativo no aprendizado técnico e estético com os alunos. Na prática o repertório que o Cordel traz é muito amplo, porém a intensão era levar o conhecimento dessa forma literária, criando trabalhos e apresentações sobre o assunto. Esse projeto teve o objetivo de levar o cordel como forma pedagógica, ensinamento e aprendizado, foi praticamente um semestre trabalhando com o Ensino Médio, pois eram as únicas séries que tive a liberdade de trabalhar as aulas de artes, pois as outras turmas que eram do Fundamental II, tinham os assuntos de aulas prontos, pois seguiam o módulo escolar. A Literatura de Cordel no Ensino Médio me auxiliou em vários objetivos para o desenvolvimento, assim como as aulas de música pois os alunos tiveram que pesquisar qual seria o ritmo ou melodia para um cordel, também as composições para as rimas. Historicamente inserir a Literatura de Cordel nas aulas é resgatar e disseminar a cultura literária brasileira, assim trabalhando a arte que nasceu da região Nordeste do Brasil. O projeto geral é inserir o gênero da Literatura nas escolas, mostrando também que é algo importante para a produção artística. A Literatura de Cordel foi uma boa oportunidade e como experiência pude inserir a cultura popular nas aulas, podendo por em prática esse projeto. Pude também apresentar um pouco da riqueza expressiva que existe nesse gênero literário, pois trabalhar o cordel é inserir várias linguagens podendo ser verbal ou não verbal. Exemplos de linguagem que podemos trabalhar no Cordel: a). Verbal oral, declamar a Poesia; b). Verbal escrita, escrever o Cordel; c). Musical, Tocar e Cantar a melodia; d). Visual, Xilogravura as pinturas de composição do Cordel; e). Linguagem Múltipla, Teatro de Cordel. 29 Assim foram estabelecidos os seguintes Objetivos: Objetivo. A • Desenvolver habilidades nos alunos como a: criatividade, criação de textos, produção de rimas, técnicas de pinturas e boa apresentação em público; B • Apresentar a Literatura de Cordel, criada na região Nordeste do Brasil, Associando com geografia cultural da mesma região. Os objetivos alcançados foram os alunos ter conseguido criar produções textuais utilizando rimas, produzindo próprias estampas nas camisas com a xilogravura, usando a criatividade de cada um. C • Focar em trabalhar com a interdisciplinaridade, praticar objetivamente nas produções artísticas dos alunos, e na relação deles com os conhecimentos apresentados nas aulas. A metodologia é o caminho percorrido pelos pesquisadores no processo de elaboração da sua investigação. Dada a existência de vários caminhos, o pesquisador poderá escolher aquele que melhor corresponde à sua problemática e a seus referencial teórico […] ( Orientação metodológicas para produção de trabalhos académicos, 2014, p.27). 3.2. Plano de Aula Plano de Aula 3º Ano – Arte / 2º Bimestre 1. Leitura do Cordel. Tipos de Cordéis (Estrutura) Leitura Dramatizada Identificando as Rimas 30 2. Teatro de Cordel Adaptação para o Teatro Criando Personagem Trabalhando o Espaço 3. A Música no Cordel Instrumentos usados Som / Melodia Tocando as Rimas O Plano de Aula é o indicador para o professor trabalhar suas aulas, com ele podemos especificar o conteúdo que será realizado em sala de sala, buscando com isso ter uma melhor prática pedagógica e também melhorar o aprendizado dos alunos. O plano de aula é um instrumento no qual o professor detalha quais os assuntos e as atividades aplicadas, assim podendo se organizar com os conteúdos de cada série. Dessa maneira pode-se afirmar que o plano de aula é uma previsão do que será feito nas aulas, esses projetos para as aulas ajudam bastante, porém mesmo assim lidar com pessoas é complicado e problemático, principalmente quando são crianças e jovens. 3.3. Avaliação A seguir teremos o exemplo de questão da Avaliação Mensal do 1ª ano do Colégio Rosa Mística, o assunto das aulas foram Literatura de Cordel e Cultura Popular, o mais interessante das aulas do ensino médio é por não possuir os módulos de artes, então tenho toda liberdade de elaborar os conteúdos das aulas, podendo criar as aulas e escolher quais os materiais irei utilizar para trabalhar nas aulas. Os graficos a baixo mostra a prova com quatro questões os acertos serão representados por 1 = C e os erros 2 = E, entre as cores azul e laranja. 31 1º Ano, Ensino Médio. 1) Existe uma forma de escrita literária criada na região do Nordeste, Qual seria essa forma: a. ( ) Expressionismo Nordestino b. ( ) Literatura Futurista c. ( ) Movimento Manguebeat d .( ) Tropicália e. ( ) Literatura de Cordel 1 = C 2 = E ▪ 1 ▪ 2 28 2) É considerado como o primeiro escritor brasileiro da literatura Nordestina. a.( ) Luiz Gonzaga b.( ) Ariano Suassuna 1 = C 2 = E c.( ) Graciliano Ramos d.( ) Leandro Gomes de Barros 6 e.( ) Ledo Ivo 22 ▪ 1 ▪ 2 32 3) As gravuras para ilustrar os livros na Literatura de Cordel, como são chamados: a.( ) Xilogravura 1 = C 2 = E b.( ) Mangá c.( ) Aquarela 8 d.( ) Tinta a óleo e.( ) Todas as alternativas estão erradas 20 ▪ 1 ▪ 2 4) Quando se fala em Cultura Popular, o certo é: a.( ) A cultura Erudita que se propagou pelo Brasil. b.( ) A cultura que representa um conjunto de saberes criada através do povo e região. c.( ) São vários movimentos artístico criado para viajar por todo o pais d.( ) São Artistas e escritores que trabalham para classe média e.( ) É o lugar onde população artística tem o maior numero de seguidores virtuais? 1 = C 2 = E 10 18 ▪ 1 ▪ 2 33 CONCLUSÃO Esse Trabalho de Conclusão de Curso com o tema “A criação Artística com a Literatura de Cordel – história, escrita e oralidade na escola” foi um trabalho exclusivamente com o intuito de trabalhar o cordel no ensino médio, nessas turmas pude inserir outros estilos artríticos que permeiam a própriaLiteratura popular. Nas aulas de artes consegui ao longo do trajeto introduzir histórias da região nordeste, como registros da fé e coragem do povo humilde e simples, mostrando que aprender sobre a cultura é também trabalhar a minoria, a cultura a ser propagada criando os vestígios de uma tradição local. Esse projeto escolar tem muito o que percorrer, pois cada cordel, xilogravuras e livros criados por estudantes, aumenta mais meu aprendizado em relação a trabalho concluído. Ao por em prática essas pesquisas nas escolas, pude perceber a evolução, que com o passar do tempo enriqueceu também as minhas aulas de artes. A ideia de valorizar a Literatura de Cordel nas escolas é a realização da prática da cultura popular, a capacidade de poder introduzir as músicas brasileiras nessas aulas, e o processo de criatividade de escrever e pintar, além de trabalhar a leitura de vários autores do brasil. A utilização do cordel nos trabalhos teve a possibilidade de envolver não só as aulas de artes, mas também percorrer outras matérias como história e sociologia, durante esse processo de pesquisa consegui perceber o quanto a Literatura de Cordel pode me proporcionar interesses artísticos e históricos. O cordel é uma arte tão eclética que permeia também em várias linguagens artísticas, registrando características de um trabalho diversificado, utilizando de uma forma simples e popular. Basicamente a literatura de Cordel são relatos de pessoas que vivenciam e contam suas histórias, produzindo assim seus textos criativos em forma de rimas para o papel, ao contar as histórias de personagens que marcaram sua época, o cordel foi facilmente propagado em outras regiões, levando as notícias e mostrando principalmente como a literatura e os problemas de uma determinada região. Essas histórias são narrações retratando a maneira de viver das famílias sertanejas, contudo ao trabalhar a Literatura de Cordel nas escolas, tive muitas chances de conhecer relatos de alunos que conheceram o cordel através de alguns parentes, muitas dessas histórias contadas por eles falando da pobreza em um determinado período, assim contado pelos seus avós. 34 Com esse trabalho tive o prazer e a oportunidade de conhecer escritores de cordéis como o Mestre Jorge Calheiros e o Prof. Cristiano Kriko, homens simples e com uma grande bagagem histórica e artística. Suas histórias são voltadas aos problemas sociais da região de Alagoas, algumas críticas políticas, dramas e comédias e o melhor: seus livros são acessíveis ao público. O cordel com toda a sua beleza também possui um grande valor na sociedade, hoje a grandeza da literatura de cordel é comparada com histórias e literaturas clássicas, já que escritores que também marcaram épocas e consagrados como Graciliano Ramos, José Lins do Rego, e outros também escreveram sobre a seca do sertão e a miséria do sertanejo, assim podendo criar características da literatura do cordel. 35 REFERÊNCIAS CALHEIROS, Jorge. A Discursão de Zé Buchada e o Pastor, nº90, 2011. CARLHEIRO, Jorge. O professor deveria ser melhor remunerado, Edição Nº79, 2010.
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