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Psicologia da Educação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE LETRAS
WILLIAM MOREIRA DA SILVA
RESENHA: OS DOIS SENTIMENTOS DA INFÂNCIA E DA FAMÍLIA MEDIEVAL À FAMÍLIA MODERNA
GOIÂNIA
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
FACULDADE DE LETRAS
WILLIAM MOREIRA DA SILVA
RESENHA: OS DOIS SENTIMENTOS DA INFÂNCIA E DA FAMÍLIA MEDIEVAL À FAMÍLIA MODERNA
Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia da Educação 1, do curso de Letras Português, da Universidade Federal de Goiás, sob orientação da Professora. Candice
GOIÂNIA
2016
REFERÊNCIA
ARIÈS PHILLIPE, História social da criança e da família. Tradução de Dora Flaksman, 2ª edição. LTC. Rio de Janeiro, 2011.
CREDENCIAIS DO AUTOR
Philippe Ariès nasceu em 24 de junho de 1914, na França, e concluiu seus estudos de História na Sorbonne. É considerado pela crítica como um dos melhores historiadores contemporâneos no campo de estudo de comportamento e atitudes humanas. A obra resenhada é considerada a mais importante do autor que foi traduzida para o Português por, Dora Flaksman, intitulada História social da criança e da família, publicada em 1960, na qual o autor delineia a história da infância e da família moderna.
OS DOIS SENTIMENTOS DA INFÂNCIA
	Ariès inicia o texto dizendo que na idade média o conceito de infancia não existia, caracterizada pela ausência da consciência da particularidade infantil. O autor prossegue esclarecendo que, por causa dessa falta de sentimento e pela grande taxa de mortalidade infantil, a idade adulta começava aos sete anos de idade. Os que conseguiam romper esta barreira etária estavam prontos a tornar-se partícipes de toda vida social dos adultos, incluindo os trabalhos, os jogos e as brincadeiras. O autor destaca que somente a partir dos séculos XVI e XVII é que começa a aflorar, segundo Ariès, um sentimento em relação às crianças, pelas mães e amas, esse sentimento é chamado de paparicação, caracterizado pelo excesso de cuidados e carinhos. Ariès prossegue indicando a mudança que ocorre inicialmente no seio das famílias burguesas; as crianças que outrora não eram notadas passam a ser o centro das atenções. Tal mudança está intimamente ligação à ascenção do cristianismo donde surge a mística da criança comparada a anjos. Essa imagem da criança associada ao Menino Jesus ou a Virgem Maria, e externada a outras crianças. Esta postura causa consternação e ternura nas pessoas. Phillipe Ariès discorre que, por outro lado, em contrapartida, entre os moralistas e educadores do século XVII forma-se outro sentimento da infância: o início de um sentimento sério e autêntico da infância. Percebe-se então a necessidade de conhecer melhor a criança para assim, poder corrigi-la , busca-se maneiras de enterder-se melhor a mentalidade das crianças para poder adaptar de forma mais eficaz seu nível aos métodos de educação. Esse sentimento provém dos eclesiásticos ou dos homens da lei, raros até o século XVI preocupados com a disciplina e a racionalidade dos costumes. O que esses moralistas percebiam nas crianças eram seres frágeis, criaturas de Deus que necessitavam ser preservadas e disciplinadas. Ariès prossegue dizendo que já no século XVIII estabelece-se a esses dois sentimentos um novo elemento: a preocupação com a higiene e a saúde física, visto que, os moralistas estavam preocupados com o cuidado do corpo, no entanto, somente dos doentes. O autor encerra, mostrando que a criança passa a ter papel central na vida e nas preocupações da família, desde a paparicação até a educação que é extendida até a saúde e higiene. Tudo que diga respeito às crianças e sua família torna-se assunto sério e digno de atenção. A criança, finaliza Ariès, passa a ter papel central na vida da família.
DA FAMÍLIA MEDIEVAL À FAMÍLIA MODERNA
	Ariès, nessa parte da obra, inicia suas ponderações a partir de um texto italiano do fim do século XV para que se tenha uma ideia muito sugestiva da família medieval, nele ele expõe, no período medieval, as famílias tinham como costume mandar seus filhos, com mais ou menos sete anos de idade, para outros lares, fazendo a troca com outras famílias para que a educação fosse finalizada. Eles as colocam, tanto os meninos como as meninas, nas casa de outras pessoas, para aí fazerem o serviço pesado, e as crianças aí permanecem por um período de sete a nove anos (portanto, até entre certe de 14 e 18 anos). Elas são chamadas então de aprendizes. Durante esse tempo, desencumbem-se de todas as tarefas domésticas. Há poucos que evitam esse tratamento, pois todos, qualquer que seja sua fortuna, enviam assim suas crianças para casas alheias, enquanto recebem em seu próprio lar crianças estranhas. A grande maioria, como mostra o autor, não tinha acesso a escola e aprendiam no contato diário. Não havia divisão exata do que era tarefa de adulto e criança. Ariès explana que, a criança dedes muito cedo escapava à sua própria família, mesmo que voltasse a ela mais tarde, depois de adulta, o que nem sempre acontecia. A família não podia portanto, nessa época, alimentar um sentimento existencial profundo entre pais e filhos. Isso não significava que os pais não amassem seus filhos: eles se ocupavam de suas crianças menos por elas mesmas, pelo apego que lhes tinham, do que pela contribuição que essas crianças podiam trazer à obra comum, ao estabelecimento da família. A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental. No caso de famílias muito pobres, ela não correspondia a nada além da instalação material do casal no seio de um meio mais amplo, a aldeia, a fazenda, o pátio ou a “casa” dos amos e dos senhores, onde esses pobres passavam mais tempo do que em sua própria casa.[...] Nos meios mais ricos, a família se confundia com a prosperidade do patrimônio, a honra do nome. A família quase não existia sentimentalmente entre os pobres, e quando havia riqueza e ambição, o sentimento se inspirava no mesmo sentimento provocado pelas antigas relações de linhagem. A partir do século XV a educação passou a ser fornecida cada vez mais pelas escolas. O sentimento de família e infância passou a ser observado uma vez que a família passou a se concentrar em torno da criança. Conforme o autor esclarece, passou a existir a preocupação em isolar cada vez mais a criança do mundo dos adultos. Mesmo nas escolas, uma espécie de pensionato, as crianças ficavam distantes da família, já que havia intervenções para evitar visitas muito frequentes das famílias. Mas o afastamento do escolar não tinha o mesmo caráter e não durava tanto quanto a separação do aprendiz. Conforme relata o autor, entre o fim da Idade Média e os séculos XVI e XVII, a criança havia conquistado um lugar junto de seus pais, lugar este a que não poderia ter aspirado no tempo em que o costume mandava que fosse confiada a estranhos. Essa volta das crianças ao lar foi um grande acontecimento: ela deu à família do século XVII sua principal característica, que a distinguiu das famílias medievais. A criança tornouse um elemento indispensável da vida quotidiana, e os adultos passaram a se preocupar com sua educação, carreira e futuro. Ela não era ainda o pivô de todo o sistema, mas tornara-se uma personagem muito mais consistente. Essa família do século XVII, entretanto, não era a família moderna: distinguia-se desta pela enorme massa de sociabilidade que conservava. Onde ela existia, ou seja, nas grandes casas, ela era um centro de relações sociais, a capital de uma pequena sociedade complexa e hierarquizada, comandada pelo chefe de família. Por fim, Ariès destaca que a família moderna, ao contrário, separa-se do mundo e opõe à sociedade o grupo solitário dos pais e filhos. Toda a energia do grupo é consumida na promoção das crianças, cada uma em particular, e sem nenhuma ambição coletiva: as crianças, mais do que a família. Phillipe Ariès destaca ainda que a evolução da família medieval para a família moderna durante muito tempo limitou-se às
famílias mais abastadas, mas extendeu-se a todas as classes sociais.
COMENTÁRIO
	Em breve entrevista com uma professora do ensino fundamental sobre a questão: Como é a família contemporânea?, ficou constatado, por meio de sua resposta, que a família contemporânea, na realidade é multifacetada. Segundo a entrevistada não se pode pensar numa ideia homogênia sobre família, tampouco aceitar o esteriótipo de família nuclear – com pai, mãe e filhos - como o único modelo vivenciado atualmente.
	De acordo com as informações passadas pela docente, muitos alunos são criados apenas pelas mães, ou por duas mães ( em relacionamento homoafetivo), ou pelos avós, ou seja, há diversas configurações de famílias existentes e não há como não perceber, até mesmo pelas próprias crianças, esssa heterogeneidade.
	
	Percebe-se portanto que, assim como houve uma lenta e gradativa transformação ao longo da história, o conceito de família continua a ser reconfigurado. Através dos tempos nota-se que o conceito de estrutura famíliar não pode ser vislumbrado apenas por questões ideológicas ou religiosas, por exemplo, mas pela própria transformação social. Cabe a quem milita nessas questões perceber como o papel da criança pode sofrer interferências ao compartilhar de todas estas configurações e informações.

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