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Wallon Estágio da Puberdade e da Adolescência

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Estágio da Puberdade e da Adolescência
	Wallon assinala o estágio da puberdade e adolescência, com seu início por volta dos 11 -12 anos, como um período de crise em que a criança é afetada nas dimensões física, psicológica e social. A intensidade desta crise é relacionada por Wallon ao modo de existência da época ou à classe social à qual a criança pertença.
	As alterações físicas são mais precoces nas meninas e incluem entre outras modificações corporais importantes, a menarca, o alargamento dos quadris e o crescimento dos seios; nos meninos os pelos na face, o aumento do queixo e alteração da voz são um grande acontecimento ao jovem.Tais alterações indicam a aquisição da função reprodutora em ambos que vai se efetivando ao longo do estágio de adolescência.
	Outras transformações físicas e fisiológicas importantes como o aumento das vísceras - o coração entre 12 e 16 anos duplica de volume - e o crescimento acelerado da estatura, fazem com que o jovem seja levado a se reapropriar e reconhecer um novo corpo que o desorienta. Wallon denominou de signo do espelho a necessidade que rapazes e moças têm de se examinar diante do espelho nesta fase. Como consequência, o jovem ou a jovem podem vir a sentirem-se inibidos ou desvalorizados dependendo do surgimento de características como obesidade, uso de óculos, uso de aparelhos dentários e outros.
	Tais mudanças fazem com que o jovem volte-se para dentro de si buscando reorganizar-se (orientação centrípeta). A vida afetiva passa a ter grande papel de preponderância, juntamente com a busca por identidade. Na adolescência é comum atitudes e sentimentos ambivalentes como oposição e conformismo, posse e sacrifício, renúncia e aventura. No comportamento exterior percebe-se reações de vaidade e desejo de atrair o outro. O jovem está no prelúdio de conhecer o amor. Enrubesce por nada e a grande agitação emotiva que vivencia pode também obscurecer a atividade intelectual.
	A realidade e a fantasia mesclam-se com frequência. Sonhos de independência, de conquista e aventuras misturam-se a diários e cartas de amor. Sua busca por satisfação torna-se ações que, neste estágio, podem ser positivas ou negativas dependendo das escolhas de ordem moral e social que o jovem faça nesse momento de vida. Para Wallon, é necessário que os adultos orientem e influenciem o jovem utilizando o gosto pela aventura, o gosto de unir-se a outros para ajudá-lo a fazer escolhas adequadas.
	É importante observar que o gênero de influência não é o mesmo para o jovem de classe operária e classe burguesa. Para Wallon, tanto o contato com o desemprego como a exposição constante a uma sociedade consumista são riscos ao desenvolvimento da personalidade do jovem, riscos que precisam ser trabalhados para que este desenvolva responsabilidade. Porém, não se trata de uma responsabilidade voltada a um grupo fechado mas uma responsabilidade em relação a tarefas sociais pelo exercício da solidariedade.
	A visão de grupo para Wallon é de que não precisam ser necessariamente hostis e conflituosos, principalmente se referindo a grupos de adolescentes em escolas. É possível a organização de grupos juvenis que colaborem com a prática de cidadania. Para tal, o grupo não deve ser orientado para disputar entre seus membros ou contra outros grupos. Também o sucesso de uns não pode significar desprezo e perseguição de outros pois isso faz surgir o sentimento de domínio que gera hostilidades entre os jovens, que estão nesta fase como vimos, totalmente vulneráveis às influências positivas ou negativas.
	O jovem também busca se distinguir do adulto a todo custo. Porém ainda é dependente deste e necessita de orientação para fazer escolhas. Essas atitudes de dependência e oposição ao outro ajudam o jovem a construir sua personalidade e devem ser interpretados como exercícios funcionais da autonomia que será conquistada. O jovem precisa receber atenção, ser ouvido, respeitado e valorizado para desenvolver uma personalidade autônoma. Para isso limites e sanções devem ser estar claros assim como a sua participação na elaboração destes.
	Além do interesse em si próprio por meio de reflexões e questionamentos o jovem sente forte necessidade de estabelecer pares. O grupo apresenta exigências opostas como identificação e diferenciação, fazendo o jovem perceber-se igual e ao mesmo tempo, diferente. Seu desenvolvimento não é uniforme, a identificação e diferenciação colaboram para o surgimento da personalidade na adolescência em um exercício dialético de incorporação e expulsão do outro. Neste "ir e vir" o jovem elabora a tomada de consciência temporal de si, reflete sobre o ser e o não-ser, sobre a ambivalência da vida e dessa crise surge o adulto que opta pela "vida contra a morte".
	O pensamento se organiza alternando a dúvida e a construção, da aventura e da criação. Com a puberdade seus instintos de absorção, de perpetuidade e reprodução, a noção de lei se torna acessível à mente. Marcada pela afetividade que predomina nesse período, a noção de lei implica uma adesão pessoal com diversos sentidos, podendo ser científico, político ou moral. As leis põem à prova a personalidade do jovem e o jovem mostra-se capaz de apreender o mundo exterior como algo coerente e inteligível. 
	Quando o desenvolvimento começa a ser orientado a objetivos precisos no trabalho e estudo, é sinal de que o jovem está deixando para trás a adolescência pela idade adulta.

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