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unisc historia do teatro

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TEATRO: um pouco sobre sua história
A origem do teatro está remetida aos primitivos que acreditavam no uso de danças imitativas como propiciadoras de poderes sobrenaturais que controlavam todos os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa, sucesso nas batalhas, etc.). Portanto, o teatro, em suas origens, possuía um caráter ritualístico. Assim, podemos dizer que o teatro é filho da dança. Do homem que dança para seus deuses e que, disfarçados com peles de animais ou pintando o rosto, exorcizavam os maus espíritos.
A MÁSCARA: da idade paleolítica vemos dançarinos cobertos com peles de animais, cuja cabeça sobrepõem à sua. São essas as cenas dramáticas mais antigas de que há conhecimento sobre a origem da máscara: uma astúcia do caçador, uma armadilha destinada a fazer cair nela o sobrenatural. No primeiro momento, trata-se de figurar previamente um acontecimento desejado para forçar sua realização. Após, o ritual é limitado à imitação de uma cena evocando o passado a fim de lhe captar as energias. É neste caso que a imitação se transforma em autêntica “representação”.
TEATRO GREGO: A palavra teatro tem sua origem no vocábulo grego theatron que significa “local de onde se vê”. Com origem na Grécia Antiga, no séc. V a/c, teve a influência ritual centrada em Dionísio, deus da uva, do vinho, da embriaguez e da fertilidade. Os fiéis absorvem a carne e o sangue de seu deus. A vítima imolada, de origem humana (normalmente uma virgem) foi, mais tarde, substituída por um animal simbólico, o bode. E ao poema que evoca o mistério por tal sacrifício, ficará ligado o nome de “canto do bode”, isto é, tragédia. As bacantes dançavam para Dionísio. Estas orgias báquicas transformaram-se em procissões, nas quais encontravam-se três artes: canto, dança e atuação; esta última como encenação dos episódios da vida de Dionísio. Ao mesmo tempo em que se chorava pelos infortúnios do deus, louvavam-se suas delícias, fundindo-se assim a tristeza e a alegria, efeito esse que provocou o surgimento da comédia e da tragédia. Nestas procissões existia o coro e para que pudessem tomar fôlego, introduziram o solo de um recitante. Aparece Téspis, poeta, criador da idéia de ator, o qual interpretava os papeis requeridos pelas perguntas do coro, estabelecendo o conflito ao responde-las. Criador do carro, espécie de teatro ambulante que transportava as peças a outras cidades da Grécia e substituiu a pintura grosseira por máscaras feitas de pano embebidas em gesso. As histórias se desenvolveram tomando por base a luta do herói com fundo musical preparando o clímax. Eram moldadas de acordo com início-meio-fim, regra teorizada por Aristóteles em sua Poética. Ao contrário da máscara dos primitivos, que servia para manifestar o rosto do sobrenatural, a máscara grega deu à tragédia um rosto humano. A tragédia era vista de forma educativa para os gregos, pois tinham a função de ensinar às pessoas a buscar a sua medida ideal, não pendendo para nenhum extremo da sua personalidade. Sua função principal, então, era a da catarse: observar a sua vida de fora.
TEATRO ROMANO: (III a.C.) iniciou com os primeiros contatos entre romanos e gregos e a partir do que teve origem a sátira. Dado o pouco valor que os romanos atribuíam ao teatro, os atores eram desprezados e sua profissão considerada indigna. Em 240 a c., Livio Andronicus traduziu e adaptou para o latim tragédias e comédias gregas. Identificavam-se mais com o teatro como diversão. Na lenta, mas progressiva decadência do Império Romano (séc V d.C.), o teatro tornou-se sempre mais imoral e não é de espantar que com o aparecimento do espírito cristão, a nascedoura igreja condenasse todos os espetáculos teatrais, proibindo aos fiéis que assistissem. 
TEATRO MEDIEVAL (séc. X a XV) Sob forma de levar a religião a um povo iletrado, o teatro reaparece como um dos mais eficazes instrumentos de ensinamento, doutrinação e divulgação da Igreja. As peças eram escritas pelos sacerdotes que tinham como base o material retirado da bíblia como a narração dos feitos do nascimento, morte e ressurreição de Cristo. Surgiram as representações dos primeiros mistérios: peça sobre a história bíblica, particularmente a vida de Cristo. Há uma grande preocupação com o realismo das cenas e aos poucos o público, sem dominar o riso, retornam a uma arte mais popular. As apresentações começam a acontecer nas praças e surgem os milagres: vida e milagre dos santos, sem ligação direta com a vida de Cristo. Cada milagre continha um ensinamento moral. Começam a surgir obras sem conexão direta com o ritual religioso. O público, que não são mais apenas fiéis, busca diversão e por volta do séc. XV a produção dramática se separou da Igreja trazendo novos temas, as moralidades: peças sobre o comportamento humano, com personagens alegóricos (virtude, pecado, morte....) representando o vício e a virtude pela posse da alma. Aconteciam em carros decorados, estilo quadro vivo e com engenhosidade enorme nas montagens. E cada vez mais surgiram formas diferentes na elaboração teatral, mas a especialidade girava em torno do riso que foi crescendo, e assim as festas públicas, carnavalescas, os bufões (personagens da cultura cômica), jovens brincalhões e perfeitos bailarinos, etc. ganharam tradição popular. Com o desejo de uma renovação de espírito, pouco a pouco, conquistado pelo profano, o teatro foi se desligando da liturgia.
RENASCENÇA (séc. XV ao séc. XVII): homem como medida de todas as coisas. Desde o final da Idade Média, as grandes casas senhoriais contratavam seus próprios atores, principalmente em datas festivas e com peças escritas especialmente para a situação. As pessoas interessadas numa ruptura com as idéias medievais buscaram inspiração nas obras greco-romanas para representarem seu próprio mundo, trazendo consigo Maquiavel, Shakespeare, Da Vinci e muitos outros. Ao teocentrismo opuseram o antropocentrismo, a fé - a razão, a religiosidade - o paganismo. Na Itália, a nova cultura artística aflorou mais rapidamente. Em meados do séc. XVI os atores e as companhias se profissionalizaram através da COMÉDIA DELL’ARTE: Os atores tinham ótimo preparo físico e técnico. Representavam por toda a vida um único personagem, trabalhando sua criação e desenvolvimento durante a mesma, tinham os tipos fixos como: arlequim, colombina, pierrot, polichinelo. O ator era juiz supremo da liberdade a que se permitia (improvisação), porém os efeitos usados em cena eram premeditados cuidadosamente. Aproveitaram máscaras e trajes carnavalescos e recursos da pantomima popular. Utilizavam os canevas (roteiro que destacava os fatos principais, dando seqüência para livres improvisações). O principal fator de sua decadência foi a pobreza do texto que provocava desequilíbrio no espetáculo. A comedia dell’arte foi o ponto de partida das diferentes e posteriores formas de teatro do povo que culminariam no drama Shakespereano. A obra de Shakespeare foi produzida no período em que a Inglaterra, governada pela rainha Elisabeth (1558-1603), consolidou sua posição de grande potência política e econômica. Foram inauguradas as primeiras casas de espetáculos. A forma e a estrutura destes palcos, compostos de níveis e espaços múltiplos, permitiam mudanças rápidas e simultâneas de cena. Em 1660, dá-se o apogeu do bailado de corte e nessa altura, vindo da Itália, aclimatou-se a ópera.
Séc. XVIII: nunca o teatro esteve tão próspero. A sociedade européia fizera da arte cênica o mais inteligente dos seus divertimentos. Os atores são extremamente estimados, porém, a criação dos cafés, dos clubes, a imprensa, os livros...farão concorrência quanto a difusão de idéias. O drama torna-se aos poucos obscuro e intelectualizado, afastando-se cada vez mais do povo, distanciando-se do teatro popular, dirigindo-se mais às elites. O teatro elisabetano foi extremamente importante porque refletiu como nenhum outro a sua própria época, objeto que foi de reflexão e expressão do grande tema do renascimento, a do homem que toma consciência de si mesmo.
TEATRO CONTEMPORÂNEO
(séc. XIX – XX) Segundo Olga Reverbel, seria difícil sintetizar as correntes desse período, uma vez que este percorre em um só tempo vários caminhos. Volta o espírito da improvisação em busca de novas linguagens cênicas e misturam-se as mesmas em único espetáculo. Algumas linguagens (ESTILO) cênicas:
Simbolismo: a tônica do movimento é o tédio e o pessimismo. A representação de um universo atormentado é feita através do uso de uma simbologia complexa, por meio de abstrações; como idéia estilizada que faziam de determinada coisa.
Expressionismo: superposição de cenas; cria atmosfera de sonho e pesadelo com sombras; cenário de formas bizarras.
Teatro do absurdo: imagens que correspondem ao absurdo da condição humana; ser humano em constante angústia existencial.
Teatro do silêncio: silêncios preenchidos com movimentos do ator e com recursos de luz e som tornando mais expressivos os sentimentos das personagens que qualquer palavra do texto.
Teatro total: palavras, gestos, sons, luzes, cores, movimentos, ritmos e todas as formas de expressão deviam ser conjugadas para dar ao espectador uma visão absoluta. Jamais o palco necessitaria tanto de um coordenador como neste momento.
A RETEATRALIZAÇÃO: o reinado do DIRETOR (ou encenador)
Desde o final do século XIX o trabalho dos encenadores passou a dominar completamente a cena, influenciando muito mais que a obra dos dramaturgos na evolução do fenômeno teatral. Imprimindo seu estilo pessoal ao espetáculo, os diretores acabam reinventando o teatro. Assim, instituiu-se o teatro assinado, cujo êxito ou fracasso passou a depender primeiramente do nome responsável pela direção. Nomes importantes: Antoine, Stanislavski, Meyerhold, Artaud, Brecht, Bia Lessa, Gabriel Vilela, Gerald Thomas, etc. Dá-se ênfase a criação coletiva, dispensando o texto convencional. O espaço já não é mais importante, pois o espetáculo pode ser realizado tanto entre quatro paredes quanto ao ar livre. Grupos realizam experiências as mais variáveis possíveis. Procurando reinventar um mundo de magias e desnudar a realidade, o teatro tenta encontrar o aspecto ritualístico de sua origem. Apesar das crises que o teatro sempre vivenciou, principalmente com a chegada do cinema, do vídeo e atualmente do computador, sua força e energia continuam acesas. “Nascido com os homens, o teatro morrerá com eles”. Olga Reverbel.
TEATRO BRASILEIRO: o teatro veio para o Brasil trazido pelos portugueses logo após o descobrimento. Os padres jesuítas o utilizaram como meio de catequizar os índios. O padre Anchieta escreveu muitas peças com temas religiosos. Também aqui o teatro viveu um período de longo vazio e só ressurgiu em meados do séc. XVIII. A mais antiga casa de espetáculos construída aqui fica em Ouro Preto (antiga Vila Rica). Muitos artistas vinham da Europa para entreter as pessoas que enriqueciam com o ouro e pedras preciosas em Minas Gerais. É claro que ir ao teatro também era uma boa oportunidade de os ricos desfilarem pela cidade suas belas roupas e jóias. Outras cidades também investiram na construção de teatros, como Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo. Somente por volta de 1940 surgem grupos de artistas brasileiros, dando impulso à arte teatral feita em casa (TBC, Opinião e Oficina), os dois últimos valorizando também os escritores brasileiros. 
Enfim, o teatro faz ou fez parte da vida de todos nós. Há teatro na brincadeira das crianças, na rua, no teatro, nas escolas e até nos hospitais. Teatro diverte e ajuda as pessoas a expressar suas emoções, tentando compreender melhor o papel do ser humano na cultura, suas relações, alegrias, angústias.... O teatro mudou tanto, teve tantas formas diferentes, mas continua sendo o modo das pessoas estarem juntas, imaginando como é ser um rei, um ladrão, um louco, uma bailarina, uma leão, um pássaro....Aproveite, faça teatro ou ao menos assista peças teatrais! 
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Sugestão de leitura: COELHO, Raquel. Teatro. Belo Horizonte: Formato, 1999.
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Segundo Olga Reverbel (1989) há duas correntes de ensino de teatro:
LINHA ESSENCIALISTA: tem o fazer teatral como fim em si mesmo, voltado para o desenvolvimento pessoal do aluno (o observar-se, conhecer-se, relacionar-se com o outro) e como disciplina independente no currículo.
LINHA CONTEXTUALISTA: utilização do fazer teatral na aprendizagem de conteúdos específicos das disciplinas escolares como: história, matemática, geografia, etc.
Segundo Japiassu (2001)
JOGO DRAMÁTICO: situação em que todos são “fazedores” da situação imaginária, todos são “atores”. Equivale ao jogo simbólico (faz-de-conta). Primeiras atividades realizadas em grupo, ligadas a atuação/personagem. 
JOGO TEATRAL: um grupo de “fazedores” (atores) joga para outro grupo que observa (espectadores), ou seja, os participantes se alternam nas funções de ora “jogadores” ora “observadores”, portanto aqui se pressupõem a existência de uma “plateia”. Pode haver o envolvimento do professor ou da platéia durante a realização das situações, acrescentando novos problemas a serem resolvidos pelos jogadores. 
O jogo dramático antecede o jogo teatral. 
A IMPROVISAÇÃO	 está estabelecida em ambos e o seu princípio está na espontaneidade das interações entre sujeitos engajados na solução cênica de um problema de atuação. A improvisação pode ser combinada ou não combinada. Na primeira forma (combinada) os problemas já são pré-estabelecidos, na segunda forma (não combinada) eles vão surgindo conforme as situações vão sendo criadas.
Sistema de jogos teatrais de Viola Spolin:
QUE – relacionado à ação das personagens
ONDE – espaço ou lugar dos acontecimentos
QUEM – papeis/personagens
FOCO: problemas a serem solucionados no decorrer do jogo.
Toda a ação é a execução de uma vontade, de um desejo que nos leva a perseguir nossos objetivos (intenções) em busca de um resultado final. Toda a ação provem da determinação em cumprir uma intenção, uma vontade. Ação de quem quer e faz e recolhe os frutos dos próprios atos. Segundo Hegel, toda a ação dramática deve ser composta por conflitos, sendo o elemento essencial de toda a obra teatral. Há sempre um conflito primordial, o qual será o eixo central para o desenrolar dos acontecimentos. CONFLITO: produção de outros interesses e paixões constituindo o nascedouro de uma outra vontade, oposta à primeira. Colisão entre os objetivos das personagens. É o nó de toda obra. O conflito central é gerador das situações de CLÍMAX. Toda a ação dramática deve ser completa, ou seja, composta por início, meio e fim.
Elementos da estrutura dramática:
Enredo: teia da qual se faz a trama. Equivalente ao tema.
Construção da cena: início – meio - fim
Composição: onde, quem, o quê
Foco (relacionado ao conflito principal)
Construção da personagem: características físicas e psicológicas 
Improvisação: estar pronto para lidar com imprevistos
Tempo de ação e reação: agilidade, verdade
Movimentação ou marcação cênica: relacionado à utilização do espaço
Palavra e gesto: pode ser priorizado um ou outro ou mesmo a utilização dos dois ao mesmo tempo.
Elementos Cênicos:
Recursos plásticos/visuais e acústicos/musicais 
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